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PORTUGUÊS 7º ANO FICHA DE AVALIAÇÃO 2013/2014 Leitura Lê o texto com atenção e, de seguida, responde às questões com frases completas: 1 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 A Dinamarca fica no Norte da Europa. Ali os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do Sul à procura de sol, as árvores perdem as folhas. Só os pinheiros continuam verdes no meio das florestas geladas e despidas. Só eles, com os seus ramos cobertos por finas agulhas duras e brilhantes, parecem vivos no meio do grande silêncio imóvel e branco. Há muitos anos, há dezenas e centenas de anos, havia em certo lugar da Dinamarca, no extremo Norte do país, perto do mar, uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e carvalhos. Nessa floresta morava com a sua família um Cavaleiro. Viviam numa casa construída numa clareira rodeada de bétulas. E em frente da porta da casa havia um grande pinheiro que era a árvore mais alta da floresta. Na Primavera as bétulas cobriam-se de jovens folhas, leves e claras, que estremeciam à menor aragem. Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar noite e dia entre ervas, musgos e pedras. Depois a floresta enchia-se de cogumelos e morangos selvagens. Então os pássaros voltavam do Sul, o chão cobria-se de flores e os esquilos saltavam de árvore em árvore. O ar povoava-se de vozes e de abelhas e a brisa sussurrava nas ramagens. Nas manhãs de Verão verdes e doiradas, as crianças saíam muito cedo, com um cesto de vime enfiado no braço esquerdo e iam colher flores, morangos, amoras e cogumelos. Teciam grinaldas que poisavam nos cabelos ou que punham a flutuar no rio. E dançavam e cantavam nas relvas finas sob a sombra luminosa e trémula dos carvalhos e das tílias. Passado o Verão o vento de Outubro despia os arvoredos, voltava o Inverno, e de novo a floresta ficava imóvel e muda presa em seus vestidos de neve e gelo. No entanto, a maior festa do ano, a maior alegria, era no Inverno, no centro do Inverno, na noite comprida e fria do Natal. Então havia sempre azáfama em casa do Cavaleiro. Juntava-se a família e vinham amigos e parentes, criados da casa e servos da floresta. E muitos dias antes já o cozinheiro amassava os bolos de mel e trigo, os criados varriam os corredores, e as escadas e todas as coisas eram lavadas, enceradas e polidas. Em cima das portas eram penduradas grandes coroas de azevinho e tudo ficava enfeitado e brilhante. As crianças corriam agitadas de quarto em quarto, subiam e desciam a correr as escadas, faziam recados, ajudavam nos preparativos. Ou então ficavam caladas e, cismando, olhavam pelas janelas a floresta enorme e pensavam na história maravilhosa dos três reis do Oriente que vinham a caminho do presépio de Belém. Lá fora havia gelo, vento e neve. Mas em casa do Cavaleiro havia calor e luz, riso e alegria. Página 1

Teste de Português 7º ano

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PORTUGUÊS 7º ANO FICHA DE AVALIAÇÃO 2013/2014

LeituraLê o texto com atenção e, de seguida, responde às questões com frases completas:

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10

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20

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A Dinamarca fica no Norte da Europa. Ali os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados. A neve cobre a terra e os telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do Sul à procura de sol, as árvores perdem as folhas. Só os pinheiros continuam verdes no meio das florestas geladas e despidas. Só eles, com os seus ramos cobertos por finas agulhas duras e brilhantes, parecem vivos no meio do grande silêncio imóvel e branco. Há muitos anos, há dezenas e centenas de anos, havia em certo lugar da Dinamarca, no extremo Norte do país, perto do mar, uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e carvalhos. Nessa floresta morava com a sua família um Cavaleiro. Viviam numa casa construída numa clareira rodeada de bétulas. E em frente da porta da casa havia um grande pinheiro que era a árvore mais alta da floresta. Na Primavera as bétulas cobriam-se de jovens folhas, leves e claras, que estremeciam à menor aragem. Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e cuja corrente recomeçava a cantar noite e dia entre ervas, musgos e pedras. Depois a floresta enchia-se de cogumelos e morangos selvagens. Então os pássaros voltavam do Sul, o chão cobria-se de flores e os esquilos saltavam de árvore em árvore. O ar povoava-se de vozes e de abelhas e a brisa sussurrava nas ramagens. Nas manhãs de Verão verdes e doiradas, as crianças saíam muito cedo, com um cesto de vime enfiado no braço esquerdo e iam colher flores, morangos, amoras e cogumelos. Teciam grinaldas que poisavam nos cabelos ou que punham a flutuar no rio. E dançavam e cantavam nas relvas finas sob a sombra luminosa e trémula dos carvalhos e das tílias. Passado o Verão o vento de Outubro despia os arvoredos, voltava o Inverno, e de novo a floresta ficava imóvel e muda presa em seus vestidos de neve e gelo. No entanto, a maior festa do ano, a maior alegria, era no Inverno, no centro do Inverno, na noite comprida e fria do Natal. Então havia sempre azáfama em casa do Cavaleiro. Juntava-se a família e vinham amigos e parentes, criados da casa e servos da floresta. E muitos dias antes já o cozinheiro amassava os bolos de mel e trigo, os criados varriam os corredores, e as escadas e todas as coisas eram lavadas, enceradas e polidas. Em cima das portas eram penduradas grandes coroas de azevinho e tudo ficava enfeitado e brilhante. As crianças corriam agitadas de quarto em quarto, subiam e desciam a correr as escadas, faziam recados, ajudavam nos preparativos. Ou então ficavam caladas e, cismando, olhavam pelas janelas a floresta enorme e pensavam na história maravilhosa dos três reis do Oriente que vinham a caminho do presépio de Belém. Lá fora havia gelo, vento e neve. Mas em casa do Cavaleiro havia calor e luz, riso e alegria. E na noite de Natal, em frente da enorme lareira, armava-se uma mesa muito comprida onde se sentavam o Cavaleiro, a sua mulher, os seus filhos, os seus parentes e os seus criados. Os moços da cozinha traziam as grandes peças de carne assada e todos comiam, riam e bebiam vinho quente e cerveja com mel. Terminada a ceia começava a narração das histórias. Um contava histórias de lobos e ursos, outro contava histórias de gnomos e anões. Uma mulher contava a lenda de Tristão e Isolda e um velho de barba contava a lenda de Alf, rei da Dinamarca, e de Sigurd. Mas as mais belas histórias eram as histórias do Natal, as histórias dos Reis Magos, dos pastores e dos Anjos. A noite de Natal era igual todos os anos. Sempre a mesma festa, sempre a mesma ceia, sempre as grandes coroas de azevinho penduradas nas portas, sempre as mesmas histórias. Mas as coisas tantas vezes repetidas, e as histórias tantas vezes ouvidas pareciam cada ano mais belas e mais misteriosas. Até que certo Natal aconteceu naquela casa uma coisa que ninguém esperava. Pois terminada a ceia o Cavaleiro voltou-se para a sua família, para os seus amigos e para os seus criados, e disse:

- Temos sempre festejado e celebrado juntos a noite de Natal. E esta festa tem sido para nós cheia de paz e alegria. Mas de hoje a um ano não estarei aqui.- Porquê? – perguntaram os outros todos com grande espanto -.

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PORTUGUÊS 7º ANO FICHA DE AVALIAÇÃO 2013/2014

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- Vou partir – respondeu ele. Vou em peregrinação à Terra Santa e quero passar o próximo Natal na gruta onde Cristo nasceu e onde rezaram os pastores, os Reis Magos e os Anjos. Também eu quero rezar ali. Partirei na próxima Primavera. De hoje a um ano estarei em Belém. Mas passado o Natal regressarei aqui e, de hoje a dois anos estaremos, se Deus quiser, reunidos de novo. Naquele tempo as viagens eram longas, perigosas e difíceis, e ir da Dinamarca à Palestina era uma grande aventura. Quem partia poucas notícias podia mandar e, muitas vezes, não voltava. Por isso a mulher do Cavaleiro ficou aflita e inquieta com a notícia. Mas não tentou convencer o marido a ficar, pois ninguém deve impedir um peregrino de partir.

Sophia de Mello Breyner, O Cavaleiro da Dinamarca

1. A ação inicia-se no Natal.1.1. Quantos Natais se passam ao longo do texto?

2. O Cavaleiro decidiu partir.2.1. Para onde?2.2. Qual o motivo dessa viagem?

3. Consideras o Cavaleiro uma personagem principal ou secundária? Justifica.

4. Achas que o Cavaleiro era corajoso? Justifica a tua resposta e faz a sua caracterização psicológica.

5. Ao longo da viagem, o Cavaleiro ouviu várias histórias.5.1. Refere duas.5.2. Reconta, em poucas linhas, a história que mais te agradou.

6. Como é que o Cavaleiro, finalmente, encontrou o caminho para casa?

7. Classifica o narrador quanto à presença e justifica a tua resposta.

IIIGramática

1. Faz a análise sintática das frases que se seguem:

a) A rapariga pediu um telemóvel aos pais.b) Ela realizou a tarefa impecavelmente.c) A reunião continua amanhã.

2. Agora, refere as subclasses dos verbos das frases do exercício 1.

3. Nas frases que se seguem, distingue os complementos oblíquos dos modificadores do grupo verbal, registando as alíneas correspondentes:

a) Ela veio ontem de manhã.b) Os meus primos moram acolá.c) Acolá houve um acidente.d) O técnico procedeu à reparação do aparelho.e) O escritor renunciou ao prémio.f) Ontem de manhã cheguei atrasada às aulas.

4. Associa os números da coluna da esquerda às letras da coluna da direita de modo a identificar os recursos expressivos:

1. “Ali os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias curtos, pálidos e gelados.” (ll.1-2)

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PORTUGUÊS 7º ANO FICHA DE AVALIAÇÃO 2013/2014

2. “A neve cobre a terra e os telhados, os rios gelam, os pássaros emigram para os países do Sul à procura de sol, as árvores perdem as folhas.” (ll.2-3)

3. “havia em certo lugar da Dinamarca, no extremo Norte do país, perto do mar, uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e carvalhos.” (ll.7-8)

4. “O ar povoava-se de vozes e de abelhas e a brisa sussurrava nas ramagens.” (ll. 16-17)

5. “Sempre a mesma festa, sempre a mesma ceia, sempre as grandes coroas de azevinho penduradas nas portas, sempre as mesmas histórias.” (ll. 43-44)

a. Polissíndetob. Adjetivaçãoc. Enumeraçãod. Personificaçãoe. Metáforaf. Comparação g. Assíndetoh. Paralelismo

5-Assinala os advérbios e identifica as suas sub classes

IVEscrita

Escolhe um dos seguintes tópicos (texto com cerca de 100 palavras):A- Imagina que és o Cavaleiro e estás num dos locais que ele visitou. Escreve uma carta à tua

família, descrevendo o local, o que fazes, etc;B- Imagina que és Vanina. Escreve uma página do teu diário, salientando as tuas emoções no dia

a seguir à fuga de casa do teu tutor.C- Imagina que o Cavaleiro, na Flandres, era assaltado por uns malfeitores, que lhe levaram o

cavalo e o pouco dinheiro que lhe restava. Conta essa peripécia como se fosses a autora, Sophia de Mello Breyner.

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