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 Ciclo de Estudos 2008/2011 O mecânico Joaquim Cabeleira, um dos bons exemplos do desenrascanço português Curso Profissional de Técnico de Multimédia Teste Modelo de Português - Módulo 3 – Textos dos Media I Formador: Paulo Fernando Mota Gaspar  GRUPO I Texto A Site elenca as "10 palavras estrangeiras mais fixes" Desenrascanço, a palavra que os ingleses queriam ter Um site norte-americano fez uma lista das 10 palavras estrangeiras que mais falta fazem à língua inglesa. A palavra portuguesa "desenrascanço" é a que lidera. "Bakku -s han" é a palavra usada pelos ja poneses quando se querem referir a uma rapariga bonita, vista de costas. “Nunchi” é outra das palavr as escolhidas. É coreana e é usada para falar de alguém que fala sempre do assunto errado, um género de desbocado ou inconveniente. "Tingo" é uma expressão usada na Ilha da Páscoa, Chile, e significa pedir emprestado a um amigo até o deixar sem nada. A lista das "10 palavras estr angei ras mais fixes que a ngua ingl esa devi a ter" é liderada pe la palavra por tuguesa "desenrascanço". Es ta é a expr essão que, segundo os autores do site norte-americano, mais falta faz ao vocabulário inglês, segundo a versão norte-americana o "desenrascanco”. Depois de percorrer duas páginas com ex pl ic ões das nove palavras estr angeiras mais fixes, chega-se ao número 1. A falta da cedilha não importa para se perceber que estamos a falar do "desenrascanço", tão típico da nossa cultura. "Desenrascanço: a arte de encontrar a solução para um problema no último minuto, sem planeamento e sem meios", explica o site dando como exemplo a célebre personagem de uma série de televisão “MacGyver”. "O que é interessante sobre o desenrascanço - a palavra portuguesa para estas soluções de último minuto - é o que ela revela sobre essa cultura". "Enquanto a maioria de nós [norte- americanos] crescemos sob o lema dos escu teiros 'sempr e pr eparados', os port ugueses fazem exac tament e o contrário", prosseguem os autores. "Con seg uir uma improvisação de última hora qu e, não se sabe bem como, mas funciona, é o que eles 1

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O mecânico Joaquim Cabeleira, um dos bonsexemplos do desenrascanço português

Curso Profissional de Técnico de

Multimédia Teste Modelo de Português - Módulo 3 – Textos dos Media I

Formador: Paulo Fernando Mota Gaspar GRUPO I

Texto A

Site elenca as "10 palavras estrangeiras mais

fixes"

Desenrascanço,a palavra que os ingleses

queriam ter

Um site norte-americano fez umalista das 10 palavras estrangeiras quemais falta fazem à língua inglesa. A

palavra portuguesa "desenrascanço" éa que lidera.

"Bakku-shan" é a palavra usadapelos japoneses quando se queremreferir a uma rapariga bonita, vista decostas.

“Nunchi” é outra das palavrasescolhidas. É coreana e é usada parafalar de alguém que fala sempre doassunto errado, um género dedesbocado ou inconveniente.

"Tingo" é uma expressão usada naIlha da Páscoa, Chile, e significa pediremprestado a um amigo até o deixarsem nada.

A lista das "10 palavras estrangeiras mais fixes que a língua inglesa devia ter" é liderada pelapalavra portuguesa "desenrascanço".Esta é a expressão que, segundo osautores do site norte-americano, maisfalta faz ao vocabulário inglês, segundoa versão norte-americana o

"desenrascanco”.

Depois de percorrer duas páginascom explicações das nove palavrasestrangeiras mais fixes, chega-se ao

número 1. A falta da cedilha nãoimporta para se perceber que estamosa falar do "desenrascanço", tão típicoda nossa cultura.

"Desenrascanço: a arte deencontrar a solução para um problemano último minuto,

sem planeamento e sem meios",explica o site dando como exemplo acélebre personagem de uma série de

televisão “MacGyver”."O que é interessante sobre odesenrascanço - a palavra portuguesapara estas soluções de último minuto -é o que ela revela sobre essa cultura"."Enquanto a maioria de nós [norte-americanos] crescemos sob o lema dosescuteiros 'sempre preparados', osportugueses fazem exactamente ocontrário", prosseguem os autores.

"Conseguir uma improvisação deúltima hora que, não se sabe bemcomo, mas funciona, é o que eles

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[portugueses] consideram como umadas aptidões mais valiosas: até aensinam na universidade e nas forçasarmadas. Eles acreditam que estacapacidade tem sido a chave da suasobrevivência durante séculos".

"E não se ria: a uma dada alturaeles conseguiram construir um império

que se estendeu do Brasil às Filipinas" àcusta do desenrascanço, sublinham osautores, terminando o texto:

"Que se lixe a preparação. Elestêm desenrascanco", termina o artigo.

20-4-2009 / SIC Online

Texto B

Contra a saudade

A palavra "saudade" - leio naspáginas do Público - foi considerada osétimo vocábulo mais complexo de

traduzir, segundo uma votaçãorealizada por mil linguistas duranteuma iniciativa promovida pelaagência londrina de tradução einterpretação, Today Translations. Anotícia não me surpreendeu. Emtodos os idiomas encontramospalavras assim, cuja tradução seconsidera difícil, se não mesmo

impossível; porém, quando asolhamos mais de perto, quase semprenos apercebemos de que essadificuldade não é real.Invariavelmente são os própriosutentes da língua quem cria o mito deque para esta ou aquela palavra nãoexiste tradução possível. Trata-se -suspeito - de uma atitude mágica: écomo se as pessoas receassem que

ao traduzir aquela palavra o tradutorestivesse também a traduzir, isto é,a capturar, a alma que a criou. Umpouco à semelhança do que aconteceainda em certas culturas arcaicas, nasquais as pessoas têm um nomepúblico, profano, e um nome secreto,sagrado, cujo conhecimento implica asubjugação do nomeado. Estaspalavras supostamente intraduzíveisrevelam, afinal, se não a natureza de

um povo, porque não existe tal coisa,pelo menos a natureza que esse povoacredita ser a sua.

Assim, os portuguesesacreditam que a saudade faz parte dasua natureza, ao passo que osingleses julgam ser o fair play , osespanhóis a fiesta, e os cabo-verdianos a morabeza. É claro quenão existem dois ingleses idênticos, ese há muitos com autêntico fair play ,outros há, e são infelizmente

bastantes, com inegável mau perder.Ainda assim parece-me mais saudávelum povo rever-se na ideia de festa, nade morabeza (tranquilidade, bem-estar), ou na de fair play do que na desaudade. A saudade não constrói. Nãoé possível avançar enquanto se olhapara trás. O saudosista chora, nopresente, por aquilo que riu no

passado. Nunca está feliz. Eu prefiroser sonhadora e gozar hoje com o solque fará amanhã - ou não fará, masentretanto eu já o gozei. Prefiro,sobretudo, aproveitar o sol que brilhaneste exacto instante. O sol de hoje,por muito fraco, há-de ser sempremais brilhante do que o de ontem.

Mito por mito prefiro o que

defende a propensão dos portuguesespara a mestiçagem e para as grandes

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viagens. É mais fácil, talvez, defendera ideia de que apalavra saudade nãopode ser traduzida do que a palavramestiçagem ou errância - ainda assimopto por estas.

 Já agora a palavra mais votadapelos linguistas que participaram nainiciativa da Today Translations foiilunga, de uma língua falada naRepública Democrática do Congo,

antigo Zaire, que define "aquelegénero de pessoas que estãodispostas a perdoar qualquer abusopela primeira vez, a tolerá-lo umasegunda, mas nunca uma terceira."Enquanto carácter nacional não meparece de todo mau. E, além disso, érealmente mais difícil de traduzir doque saudade.

 Texto adaptado - Faíza Hayat, in XIS,03-07-2004

Após uma leitura atenta e cuidada do texto A, responda às questões

seguintes:

1. Classifique este texto jornalístico.  Justifique a sua resposta, apresentando a

respectiva estrutura e as características específicas desta tipologia textual.

2. Identifique a contradição ou a falta de coerência que existe entre o título e o lead.

3. O lead deste texto está incompleto.

3.1. Prove que esta afirmação é verdadeira.

4. Seleccione uma das palavras estrangeiras, referidas no texto, que adoptaria para

a língua portuguesa. Justifique a sua resposta.

5. Indique um dos possíveis motivos pelo qual não existe a palavra desenrascanço na

cultura norte-americana.

6. Para os autores americanos, o desenrascanço é uma qualidade que povo português

preza e que ao longo da sua história foi fundamental.

6.1. Refira o exemplo apresentado no artigo que confirma a afirmação anterior.

Após uma leitura atenta e cuidada do texto B, responda às questões

seguintes:

7. Identifique o facto que esteve na origem desta crónica.

8. Faça o levantamento de marcas linguísticas que remetem explicitamente para a

presença da autora no texto.

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9. Diga se as afirmações que se seguem são verdadei

 

ras ou falsas, tendo em conta a

crónica que leu:

a) No primeiro parágrafo, defende-se que as palavras intraduzíveis são uma espécie

de mito.

b) A cronista utiliza a expressão "isto é" (sublinhada no texto) para clarificar a

afirmação anterior.

c) As frases "A saudade não constrói. Não é possível avançar enquanto se olha para

trás." são argumentos que a cronista utiliza para mostrar como aprecia

particularmente o sentimento de saudade.

d) A metáfora "O sol de hoje, por muito fraco, há-de ser sempre mais brilhante do que

o de ontem" pode ser parafraseada pelo provérbio" Mais vale um pássaro na mão que

dois a voar."

e) No segundo período do terceiro parágrafo, através do advérbio "talvez", introduz-se

um tom de certeza no discurso.

10. “É claro que não existem dois ingleses idênticos, e se há muitos com autêntico fair 

 play , outros há (...) com inegável mau perder”

10.1. Identifique, neste excerto, duas palavras que evitam a repetição do nome

“ingleses”.

Grupo II

11. Escolha uma das seguintes propostas de produção escrita, respeitando a

estrutura de cada tipologia textual:

A) Com os elementos factuais que encontra na crónica e aqueles que, a seguir, lhe

fornecemos, redija a notícia (150-200 palavras) que teria estado na base da crónica

apresentada:

• Resultado da votação:

- 2.° lugar – “shlimazl" - iídiche (língua falada por algumas comunidades de

 judeus oriundos da Europa central e oriental) - "pessoa cronicamente sem sorte";

- 3.° lugar - "Naa" - japonês da área Kansai - "enfatizar declarações" ou

"concordar com alguém";

• Comentário de Jurga Zilinkiene (presidente da Today Translations,

coordenadora da sondagem): "Apesar de as definições parecerem bastante

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precisas, o problema é tentar transmitir as referências locais associadas a tais

palavras. "

B) A partir da frase seguinte, elabore uma crónica (150-200 palavras):

O português é naturalmente desenrascado e está sempre pronto a desenrascaralguma enrascada.

 

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