Texto 1 - Aconselhamento e Poimenica

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  • FACULDADE UNIDA - EAD Pgina 1

    Objetivos da aula:

    1. Entender a

    diferena entre

    aconselhar e dar conselhos;

    2. Distinguir o

    aconselhamento da poimnica.

    Teologia

    Aconselhamento

    Prof. Abdruschin Schaeffer Rocha

    1. Conselho, se fosse bom...

    Voc j deve ter ouvido (ou at usado) o seguinte

    ditado popular: conselho se fosse bom, no seria

    dado e sim, vendido. Muitas coisas poderiam ser

    ditas sobre esse ditado, mas gostaria de refletir com

    voc apenas algumas.

    Algum poderia dizer que esse ditado possui um

    fundo de verdade na medida em que h muitos

    profissionais tais como conselheiros, terapeutas,

    psiclogos e etc., cujo trabalho est relacionado

    com a oferta de conselhos que so remunerados

    por esse trabalho. Ento, os conselhos poderiam

    ser vistos como algo bom, pois, na verdade, so

    vendidos por esses profissionais.

    Mas, quando pensamos esse ditado popular luz

    do que aqui chamamos de aconselhamento,

    outra questo merece nossa ateno: aconselhar

    o mesmo que dar conselhos? A resposta a essa

  • FACULDADE UNIDA - EAD Pgina 2

    Personalidade:

    Sistema dinmico de traos

    psicofisiolgicos

    que determinam o

    pensamento e o

    comportamento

    original do

    indivduo (Allport).

    Teologia

    Aconselhamento

    pergunta um sonoro NO. Se, por um lado, o

    aconselhamento visa a transformao da pessoa,

    sabido que, por outro, a personalidade no se

    transforma pelo mero conselho.

    Portanto, aconselhar no pode ser identificado

    com a prtica de dar conselhos, embora ainda

    seja essa a concepo sustentada por muitos. O

    conselho um processo unilateral, de mo nica,

    por isso muito superficial e pouco eficaz. Quem o d,

    confia demasiadamente em sua correta percepo

    do problema; quem o recebe se isenta do trabalho

    de ter que elaborar a prpria cura. Mas, voltaremos

    a esse tema em outros textos. Por enquanto, gostaria

    que voc apenas tivesse essa distino em mente.

    Bem, se a prtica do aconselhamento no pode se

    identificar com a prtica de dar conselhos, o que,

    Aconselhar Dar

    Conselhos Atividades Distintas

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    Teologia

    Aconselhamento

    ento, o aconselhamento? Gostaria de dar

    algumas definies, mas, ao mesmo tempo, chamar

    sua ateno para o fato de que as definies nos

    ajudam a refletir o tema, mas no o esgotam. Ou

    seja, gostaria de sugerir algumas ideias a fim de

    explorarmos o tema, sem querer afirmar que o

    aconselhamento se reduz a tais definies.

    2. Aconselhamento e Poimnica

    Em primeiro lugar, importante estabelecermos a

    distino entre o aconselhamento e aquilo que, em

    alguns contextos, chamamos de poimnica. A

    palavra poimnica vem do grego poimen, que

    significa pastor de ovelhas. Para Howard Clinebell,

    poimnica o ministrio amplo e inclusivo de cura

    e crescimento mtuos dentro de uma congregao

    e de sua comunidade, durante todo o ciclo da vida

    (CLINEBELL, p. 25). Semelhantemente, C. Schneider-

    Harpprecht a define como o ministrio de ajuda da

    comunidade crist para seus membros e para outras

    pessoas que a procuram na rea da sade atravs

    da convivncia diria no contexto da igreja

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    As pessoas precisam

    de cuidado

    (poimnica) o tempo

    todo.

    Teologia

    Aconselhamento

    (SCHNEIDER-HARPPRECHT, p. 291).

    Portanto, a poimnica compreendida como a arte

    do cuidado pastoral, em que este entendido

    como vocao da comunidade crist no mundo, e

    no como o ministrio de um grupo privilegiado de

    pessoas (pastores), autorizado a cuidar. Alm disso, a

    poimnica pressupe que esse cuidado seja

    contnuo na vida das comunidades eclesiais, que

    seja entendido como um jeito de ser da

    comunidade. Nesse sentido, as pessoas precisam de

    poimnica o tempo todo.

    Diferentemente da poimnica, o aconselhamento

    pastoral constitui-se numa espcie de interveno,

    que ocorre em momentos de crise; caracteriza-se

    por ser de curta durao e tem por objetivo ajudar

    algum a se reorientar na caminhada. Nesse

    sentido, o aconselhamento acontece quando a

    prtica do cuidado (poimnica) foi comprometida,

    de alguma forma. A, exige-se uma interveno

    teraputica, com mtodos e objetivos bem

    definidos. Em geral, esses mtodos baseiam-se na

    conversao e na escuta, metodologicamente

    compreendidas. Nesse sentido, percebe-se que as

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    As pessoas no

    precisam de

    aconselhamento o

    tempo todo.

    Teologia

    Aconselhamento

    pessoas no precisam de aconselhamento o tempo

    todo.

    Para Clinebell, o aconselhamento pastoral constitui

    uma dimenso da poimnica. a utilizao de uma

    variedade de mtodos de cura (teraputicos) para

    ajudar as pessoas a lidar com seus problemas e crises

    de uma forma mais conducente ao crescimento e,

    assim, a experimentar a cura de seu

    quebrantamento (CLINEBELL, p. 25).

    O aconselhamento pastoral, portanto, uma prtica

    reparadora, exigida em situaes onde o

    crescimento saudvel do indivduo foi seriamente

    comprometido. Promove, assim, a libertao de

    percepes distorcidas da realidade, que

    normalmente geram comportamentos doentios.

    Entretanto, como sinalizamos acima, tal libertao

    no o resultado de uma atitude paternalista do

    conselheiro, caracterizada pela oferta de conselhos,

    mas por uma parceria entre conselheiro e

    aconselhando, que no exime este ltimo de sua

    responsabilidade pelo prprio crescimento.

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    Teologia

    Aconselhamento

    CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral:

    modelo centrado em libertao e crescimento. 4.

    ed. So Leopoldo: Sinodal, 1987. p. 24-68.

    CLINEBELL, Howard J. Aconselhamento pastoral:

    modelo centrado em libertao e crescimento. 4.

    ed. So Leopoldo: Sinodal, 1987.

    SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph (Org.). Teologia

    prtica no contexto da Amrica Latina. 2. ed. So

    Leopoldo: Sinodal, 2005.