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TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2, 3, 4 Ao contrário do amor ou da generosidade, que não têm limites intrínsecos nem outra finitude além da nossa, a tolerância é, pois, essencialmente limitada: uma tolerância infinita seria o fim da tolerância! Não dar liberdade aos inimigos da liberdade? Não é tão simples assim. Uma virtude não poderia se isolar na intersubjetividade virtuosa: aquele que só é justo com os justos, generoso com os generosos, misericordioso com os misericordiosos, etc., não é nem justo nem generoso nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele que só o é com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como acredito e como geralmente se aceita, ela vale por si mesma, inclusive para com os que não a praticam. A moral não é nem um mercado nem um espelho. É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles. Mas onde já se viu uma virtude depender do ponto de vista dos que não a têm? O justo deve ser guiado “pelos princípios da justiça, e não pelo fato de que o injusto não pode se queixar”. Do mesmo modo, o tolerante, pelos princípios da tolerância. Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renunciar a toda e qualquer tolerância para com aqueles que não a respeitam. Uma democracia que proibisse todos os partidos não democráticos seria muito pouco democrática, assim como uma democracia que os deixasse fazer tudo e qualquer coisa seria democrática demais, ou antes, mal democrática demais e, por isso, condenada – pois ela renunciaria a defender o direito pela força, quando necessário, e a liberdade pela coerção. O critério não é moral, aqui, mas político. O que deve determinar a tolerabilidade de determinado indivíduo, grupo ou comportamento não é a tolerância de que eles dão mostra (porque então todos os grupos extremistas de nossa juventude deveriam ter sido proibidos, o que só lhes daria razão), mas sua periculosidade efetiva: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser proibidos se, e somente se, ameaçarem efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância. (CONTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 177-178.) 01. (Unievangélica GO/2017) De acordo com a ideia desenvolvida no segundo parágrafo do texto, a tolerância é uma virtude e, como tal, deve ter valor em si mesma. Isso traz como consequência o fato de que tolerância deve ser a) praticada com cautela para que não abra espaço para o abuso dos intolerantes. b) ensinada desde a infância para que possamos construir uma sociedade mais justa. c) estendida a todas as pessoas, independentemente de elas serem ou não tolerantes. d) concebida como a mãe de todas as virtudes, já que ela é uma virtude auto-originada. 02. (Unievangélica GO/2017) No enunciado “É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles”, o item “claro” cumpre a função argumentativa de a) mitigar o tom e o sentido da afirmação. b) enfatizar a evidência da proposição. c) fazer uma objeção à tese proposta. d) sugerir uma interpretação alternativa. 03. (Unievangélica GO/2017) Considere o seguinte período: “Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renunciar a toda e qualquer tolerância para com aqueles que não a respeitam.” A oração intercalada “pois seria destinar a tolerância à sua perda” expressa, em relação à oração anterior, uma hipótese de a) consequência b) contradição c) proporção d) finalidade 04. (Unievangélica GO/2017) No enunciado “O critério não é moral, aqui, mas político”, considerando-se o contexto de ocorrência, o termo “aqui” a) refere-se a uma unidade político-geográfica, isto é, ao país onde o texto foi enunciado pela primeira vez. b) faz uma contraposição velada entre o lugar de fala do autor e o lugar de interpretação do leitor. c) constitui um elemento de coesão sequencial por meio do qual se faz a conexão entre duas orações. d) marca o espaço de fronteira do argumento, referindo-se a uma localidade interna ao próprio texto.

TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2, 3, 4 · No primeiro período “a adversidade não se dá entre as duas orações explícitas (não há nada em “caro” que se oponha à

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Page 1: TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2, 3, 4 · No primeiro período “a adversidade não se dá entre as duas orações explícitas (não há nada em “caro” que se oponha à

TEXTO: 1 - Comuns às questões: 1, 2, 3, 4

Ao contrário do amor ou da generosidade, que não têm limites intrínsecos nem outra finitude além da nossa, a tolerância é, pois, essencialmente limitada: uma tolerância infinita seria o fim da tolerância! Não dar liberdade aos inimigos da liberdade? Não é tão simples assim.

Uma virtude não poderia se isolar na intersubjetividade virtuosa: aquele que só é justo com os justos, generoso com os generosos, misericordioso com os misericordiosos, etc., não é nem justo nem generoso nem misericordioso. Tampouco é tolerante aquele que só o é com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como acredito e como geralmente se aceita, ela vale por si mesma, inclusive para com os que não a praticam. A moral não é nem um mercado nem um espelho.

É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles. Mas onde já se viu uma virtude depender do ponto de vista dos que não a têm? O justo deve ser guiado “pelos princípios da justiça, e não pelo fato de que o injusto não pode se queixar”. Do mesmo modo, o tolerante, pelos princípios da tolerância. Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renunciar a toda e qualquer tolerância para com aqueles que não a respeitam.

Uma democracia que proibisse todos os partidos não democráticos seria muito pouco democrática, assim como uma democracia que os deixasse fazer tudo e qualquer coisa seria democrática demais, ou antes, mal democrática demais e, por isso, condenada – pois ela renunciaria a defender o direito pela força, quando necessário, e a liberdade pela coerção. O critério não é moral, aqui, mas político. O que deve determinar a tolerabilidade de determinado indivíduo, grupo ou comportamento não é a tolerância de que eles dão mostra (porque então todos os grupos extremistas de nossa juventude deveriam ter sido proibidos, o que só lhes daria razão), mas sua periculosidade efetiva: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser proibidos se, e somente se, ameaçarem efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.

(CONTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 177-178.) 01. (Unievangélica GO/2017) De acordo com a ideia desenvolvida no segundo parágrafo do texto, a

tolerância é uma virtude e, como tal, deve ter valor em si mesma. Isso traz como consequência o fato de que tolerância deve ser a) praticada com cautela para que não abra espaço para o abuso dos intolerantes. b) ensinada desde a infância para que possamos construir uma sociedade mais justa. c) estendida a todas as pessoas, independentemente de elas serem ou não tolerantes. d) concebida como a mãe de todas as virtudes, já que ela é uma virtude auto-originada.

02. (Unievangélica GO/2017) No enunciado “É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum

motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles”, o item “claro” cumpre a função argumentativa de a) mitigar o tom e o sentido da afirmação. b) enfatizar a evidência da proposição. c) fazer uma objeção à tese proposta. d) sugerir uma interpretação alternativa.

03. (Unievangélica GO/2017) Considere o seguinte período:

“Se não se deve tolerar tudo, pois seria destinar a tolerância à sua perda, também não se poderia renunciar a toda e qualquer tolerância para com aqueles que não a respeitam.” A oração intercalada “pois seria destinar a tolerância à sua perda” expressa, em relação à oração anterior, uma hipótese de a) consequência b) contradição c) proporção d) finalidade

04. (Unievangélica GO/2017) No enunciado “O critério não é moral, aqui, mas político”, considerando-se

o contexto de ocorrência, o termo “aqui” a) refere-se a uma unidade político-geográfica, isto é, ao país onde o texto foi enunciado pela primeira vez. b) faz uma contraposição velada entre o lugar de fala do autor e o lugar de interpretação do leitor. c) constitui um elemento de coesão sequencial por meio do qual se faz a conexão entre duas orações. d) marca o espaço de fronteira do argumento, referindo-se a uma localidade interna ao próprio texto.

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TEXTO: 2 - Comuns às questões: 6, 7, 5, 8

COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO

1 O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do 2 espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável 3 que nos acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical 4 em nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica 5 depois do transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu 6 cachorro em Amiens, na França.

7 Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de 8 todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado 9 estágio de maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante 10 (ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida 11 inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não. 12 Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto: 13 o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea 14 do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho do espelho, não 15 considera que o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.

16 É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os 17 mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa 18 “identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É 19 que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano, 20 em sua singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz 21 apelo ao outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.

22 A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson 23 Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua 24 identidade e enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um 25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz 26 do estranho, familiar, trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o 27 papel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento 28 degrada sua humanidade.

29 A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que 30 não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos 31 que lhe são próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não 32 encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela 33 continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.

(MARIA RITA KEHL. Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.) 05. (UERJ/2018) É que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um

ser humano, em sua singularidade irrecusável. (Refs. 18-20) Em relação à declaração feita antes dos dois-pontos, o trecho sublinhado possui valor de: a) condição b) conclusão c) explicação d) comparação

06. (UERJ/2018) Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede (Ref. 12)

O fragmento introduzido pelo travessão especifica o sentido de espelho. Além da função de especificar o sentido de uma palavra, esse fragmento também cumpre, no parágrafo, o papel de: a) antecipar emprego diferenciado do termo b) limitar usos atuais do discurso da ciência c) contradizer antiga expectativa do leitor d) indicar opinião implícita da autora

07. (UERJ/2018)

o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante. (Ref. 15)

No trecho, a expressão sublinhada enfatiza uma ideia, tal como se observa em: a) A cultura contemporânea do narcisismo, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho

do espelho, (Refs. 13-14) b) Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outro. (Refs. 20-21) c) A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor. (Ref. 21) d) A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que não

seja a “sua”, (Refs. 29-30)

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Exercícios Complementares

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08. (UERJ/2018) A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. (Ref. 22) No penúltimo parágrafo, a história do personagem citado pela autora reforça a seguinte tese central do texto: a) interferência do progresso sobre as ações individuais b) imposição da imaginação sobre os fatos objetivos c) insuficiência da civilização para o bem-estar geral d) importância do contato para a condição humana

09. (UNIFOR CE/2016) Considere atentamente os enunciados e uma breve explicação sobre eles:

I. “A casa é grande, mas é cara.” II. “Embora seja cara, a casa é grande.” Para a teoria da semântica argumentativa, todo enunciado é um argumento para uma conclusão. No primeiro período “a adversidade não se dá entre as duas orações explícitas (não há nada em “caro” que se oponha à “grande”), mas entre as conclusões que se tiram de “casa grande” e de “casa cara”. O fato de a casa ser cara é um argumento para não “comprar” / “alugar”. A oração sindética adversativa descarta a oração assindética. No segundo período, a oração concessiva enfraquece o argumento da oração principal, mas não o anula, ou seja, “ser grande” domina o argumento de “ser cara.” A construção adversativa é “autoritária”; a concessiva é mais “democrática”.

(Texto baseado em Sírio Possenti. Notas Sobre Semântica Argumentativa) Baseado nesse raciocínio, assinale a alternativa em que haja, argumentativamente, equivalência entre duas orações, isto é, aquela em que o argumento predominante seja o mesmo nos dois enunciados. a) Lauro Maia era um excelente compositor, mas era indisciplinado. Embora fosse um excelente compositor, Lauro Maia era indisciplinado. b) Apesar de o livro ser bom, é muito caro. O livro é muito caro, mas é bom. c) Gostei do filme, mas não o indicaria a você. Gostei do filme, por isso o indico a você. d) Sou fã de Chico Buarque, portanto tenho todos os seus discos e livros. Como sou fã de Chico Buarque, tenho todos os seus discos e livros. e) Os livros são acessíveis, entretanto pouca gente lê. Os livros não são acessíveis e pouca gente lê.

TEXTO: 3 - Comuns às questões: 11, 12, 10, 13

Samurais x ciências humanas

01 Alguém acorda essas pessoas e diz 02 para pararem de inventar termos ridículos 03 que só servem para teses que ninguém vai 04 ler?

05 Dizem por aí que o Japão, a nação samurai, 06 quer acabar com as ciências humanas. Será? 07 Não acho

a ideia toda má, se levarmos em conta 08 alguns dos absurdos que abundam nas ciências 09 humanas. 10 Vejamos algumas pérolas: “A humanidade 11 não se divide em homem e mulher”, “o corpo 12 não existe,

é apenas uma representação social”, 13 “tudo é ideologia, menos Marx e Foucault, esses 14 são para valer”, “as leis de mercado não são naturais, 15 são inventadas pelos opressores”, “governo 16 que gasta mais do que ganha não quebra”[...] 17 Alguém, por favor, acorda essas pessoas e diz 18 para eles pararem de inventar termos ridículos 19 que servem apenas para teses que ninguém vai 20 ler e para seus 15 amigos?!

21 Autores como Thomas Sowell, em livros 22 como “Os Intelectuais e a Sociedade”, traduzido 23 pela editora É Realizações, têm falado desses 24 delírios. Os intelectuais (os “ungidos”, como fala 25 Sowell) acham que entendem o mundo melhor 26 do que as pessoas que o sustentam há milênios. 27 De dentro de seus gabinetes, como dizia Edmund 28 Burke (1729-97), em pleno século 18, produzem 29 suas “teorias de gabinetes” achando que sabem 30 de tudo.

31 Só alguém que delira diz absurdos como 32 os de que a humanidade não está dividida em 33 homem e mulher, mesmo que gêneros minoritários 34 habitem entre nós com todo o direito de assim 35 o ser.

36 Ou que o corpo seja uma representação 37 social, mesmo que dimensões culturais façam 38 parte de nossa percepção dos corpos. Será que, 39 mesmo diante de um câncer, esses gênios do 40 nada dirão que o “corpo é uma representação 41 social”? Qual seria a “representação social” de 42 um câncer? Opressão celular?

43 A proposta samurai se ancoraria na ideia 44 de que as ciências humanas há muito tempo não 45 nos ajudam em muita coisa. Sociólogos como 46 Norbert Elias (1897-1990) já temiam pelas ciências 47 sociais e sua irrelevância, já que não nos 48 ajudam em nada para evitar problemas reais.

49 Outro detalhe que parece sustentar a 50 proposta samurai é a queda vertiginosa na fertilidade 51 das mulheres japonesas: parece que as 52 meninas de lá, como todas as meninas de países 53 ricos, não querem mais ser mães. Querem o 54 sucesso profissional. Esse tema é importante 55 porque impacta diretamente, entre

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outras coisas, 56 o mercado da educação, coisa que por aqui também 57 já sentimos. Faltam jovens para preencher 58 as vagas das escolas e das faculdades.

59 O foco mesmo da proposta samurai, no 60 entanto, seria a inutilidade das ciências humanas 61 para os seres humanos. Temo que a culpa seja 62 nossa.

63 Transformamo-nos em seres alienados, 64 que acreditam que as bobagens que se fala em 65 aula e em teses descrevem a vida das pessoas[...] 66 As ciências humanas se tornaram incapazes 67 de dialogar com a realidade. Criaram um 68 “mundinho bobo de teses emancipatórias”[...] 69 Afirmam que tudo é “construção social”, mesmo 70 que uma pedra lhes caia sobre a cabeça todo 71 dia. O nome disso é surto psicótico. Há um surto 72 correndo solto em muitos departamentos de ciências 73 humanas.

74 Há décadas se detona a família. Detona- 75 se o homem, seus afetos e inseguranças, 76 ensina-se às mulheres que os homens são seus 77 inimigos. Christopher Lasch (1932-94) acertou 78 em cheio quando identificou nesse “ódio ao sexo 79 oposto” uma incapacidade típica da cultura do 80 narcisismo. Narcisistas são pessoas incapazes 81 de se arriscar na vida. Preferem lamber suas próprias 90 imagens no espelho.

91 Quem sabe a espada samurai nos ajude 92 a recobrar a consciência de nosso ridículo. Já 93 passou da hora.

(Texto de Luiz Felipe Pondé, 28, set. 2015. Disponível em: <linkis.com/www1.Folha.uol.com.br/Samurais_x_ciencias_ 1.html>. Acesso em: 30, out. 2015)

10. (Uniube MG/2016) Leia os períodos para responder ao que se pede:

I. De dentro de seus gabinetes, como dizia Edmund Burke (1729-97), em pleno século 18... II. Só alguém que delira diz absurdos como os de que a humanidade não está dividida em homem e

mulher... III. parece que as meninas de lá, como todas as meninas de países ricos, não querem mais ser mães. IV. Os intelectuais (os “ungidos”, como fala Sowell) acham que entendem o mundo melhor do que as

pessoas que o sustentam há milênios. É CORRETO dizer que estabelecem relação de comparação entre as orações, as asserções contidas em: a) I e II, IV, apenas b) I, II e III, apenas c) II e III, apenas d) I e IV, apenas e) III e IV, apenas

11. (Uniube MG/2016) Podemos inferir, a partir da leitura do texto, que o autor

a) usa o termo “pérolas’’ (Ref. 10) para se referir às teorias dos sábios da área de ciências humanas. b) considera que o corpo humano nasce um ser sem gênero definido e que na vida social é que irá

escolher a que gênero quer pertencer. c) faz uma crítica aos gêneros minoritários por considerá-los “teóricos de gabinetes” que acham que

sabem tudo. d) divulga e aprova uma nova teoria desenvolvida por um grupo de samurais que vive no Japão. e) defende que o corpo humano não é uma mera representação social conforme pregam as teses

emancipatórias. 12. (Uniube MG/2016) A respeito dos elementos constitutivos do texto, é correto afirmar que:

a) Em “Dizem por aí que o Japão, a nação samurai, quer acabar com as ciências humanas”, a forma verbal em negrito refere-se a um sujeito determinado que pratica a ação indicada pelo verbo.

b) Em “Transformamo-nos em seres alienados, que acreditam que as bobagens que se fala em aula e em teses descrevem a vida das pessoas”, a forma verbal em negrito teria que ser “acreditamos”, para adequar-se à norma culta.

c) A frase “Temo que a culpa seja nossa” (Ref. 61) revela, de modo implícito, que o autor faz parte da área de ciências humanas.

d) A “proposta samurai” (Ref. 43) , mencionada pelo autor, diz respeito às questões de fertilidade das mulheres japonesas que optam por não ter filhos em detrimento do sucesso profissional.

e) A expressão “espada samurai” (Ref. 91) diz respeito ao corte do número de vagas nas escolas e faculdades do Japão, o que contribui para evitar teses que ninguém vai ler.

13. (Uniube MG/2016) Em: “Alguém, por favor, acorda essas pessoas e diz para eles pararem de inventar

termos ridículos que servem apenas para teses que ninguém vai ler e para seus 15 amigos?!”, as formas verbais em negrito a) fogem às regras da norma culta da língua portuguesa. b) estão, aleatoriamente, empregadas segundo a vontade do autor . c) estão empregadas na terceira pessoa do singular do imperativo afirmativo. d) estão empregadas na segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo. e) estão inadequadas para um texto jornalístico de circulação nacional.

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Exercícios Complementares

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TEXTO: 4 - Comuns às questões: 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23

Não quero ser saudável

Já quis fazer um regime que prometia saúde perfeita e viver tão conservado quanto uma múmia egípcia. Lá pelos meus 20 anos, era a macrobiótica. No início do regime, passei dez dias à base de arroz integral cozido sem temperos. Segundo os macrobióticos, o arroz, superior a qualquer outro alimento, limparia meu corpo das toxinas e impediria doenças futuras. Minha esperança era tanta que perguntei: “Cura miopia e astigmatismo também”?

Não, o arroz integral dedicava-se a enfermidades mais assustadoras. Eu me conformei a continuar de óculos, apesar da primeira pontada de decepção. Depois dos dez dias, já com a pele amarelada e as maçãs salientes, tive o direito a complementar o cardápio com gergelim, bardana e feijão-azuqui. Ai, que tristeza era cada refeição! Lembro até hoje em que sonhei com um hambúrguer-salada voando na minha direção. As folhas de alface batiam que nem asinhas! No dia seguinte, mergulhei na primeira lanchonete que vi. E me esbaldei nos hambúrgueres. Adeus macrobiótica!

Sempre tive o pendor por uma dieta saudável. Ando curioso com os veganos. Trata-se de um vegetarianismo radical, sem a ingestão de nenhum produto de origem animal. Inspirações, sim. Um amigo foi recentemente a um restaurante vegano em São Paulo. O cardápio do dia era feijoada! Uma adaptação vegetariana, claro, brócolis substitui o bacon? “Foi uma das piores experiências da minha vida”, disse ele.

Nos sites dedicados a produtos veganos, descobri até salsicha vegetariana. Suspeito que é para facilitar a introdução à dieta. Outro amigo, um advogado barrigudo, disse:

– Se comer salada fosse bom, tinha rodízio. É verdade. Existe rodízio de carne, de pizza, de sushi. Alguém pode me indicar um rodízio de berinjela,

espinafre, escarola, alface? Um dos problemas para me tornar vegano, além da minha gulodice, é que dietas alimentares se tornam

uma espécie de religião. Alimentar-se passa a ser um ritual. Um grupo de vegetarianos descobriu o óbvio: vegetais também têm sentimentos. Prova disso: plantas que crescem ao som da música clássica têm um desenvolvimento mais harmonioso que as que ouvem rock. Mas nunca ouvi uma cenoura gritar “ai, ai” ao ser ralada. Não conheço a linguagem das cenouras, talvez se lamentem e eu não perceba, pois tenho consciência de que gritaria que nem louco se me passassem num ralador. Alguns vegetarianos tratam de respeitar aqueles que devoram. O filho de um amigo casou-se com uma vegana radical. Todos os dias, antes de comer, fazem um ato de contrição.

– Desculpe, alface, por eu comer – diz ela. – Você é nossa amiga, e agradecemos por nos alimentar – afirma ele. Esse é um dos motivos pelos quais não me tornei vegano. Imagino estar na mesa com executivo da

televisão ou de editoras, para discutir um contrato. E dar um beijo num rabanete. – Rabanete querido, vou te morder. É a cadeia alimentar que me obriga a isso. Perdoe-me, meu amigo. Como, depois dessas palavras, ser respeitado ao discutir cláusulas de um contrato? Mesmo assim, reconheço que ser vegano tem seu valor. Uma amiga atriz, adepta da dieta, parece uns 20

anos mais jovem. Sem Plástica. Quem sabe, estabelecer um laço de amor com os vegetais traz vantagens. Mais me assustam os crudivoristas. Como o próprio nome diz, são adeptos de comida crua. São

vegetarianos mais radicais que qualquer outro. Sem dúvida, é uma dieta menos onerosa. Na decoração, eliminam-se os fogões. Imagino que congeladores também, mesmo porque verduras cruas ficam péssimas quando descongeladas. Muita gente preconceituosa pode imaginar que fará mal ao organismo, que alimentos crus não oferecem os nutrientes necessários. Feita com cuidado, é uma dieta saudável, sim. Só que a pessoa fica chata. Deixa de sair com os amigos. Passa a viver num círculo de crudivoristas como ela. Uma vez, fui com um amigo a uma churrascaria.

– Só como salada – disse, ao servir-se. – Mas por que veio aqui comigo? – Coma à vontade. O rodízio passava: maminha, alcatra... Você já devorou uma picanha sob o olhar de censura de alguém do

outro lado da mesa? Botando culpa? Ultimamente, apesar do meu namoro com os veganos, me conformei em ser o que sempre fui. Um boi

gordo. Comer de forma saudável deve ser ótimo. Mas a vida vira um tédio. Gosto de reunir os amigos em torno de uma mesa, rir e comer, sem pensar no destino horrível do atum e do salmão. Ser guloso é uma vocação.

(CARRASCO, Walcyr. Revista Época, p. 148, 17 de maio de 2013.) 14. (FCM PB/2015) No texto, o autor afirma categoricamente “Não quero ser saudável”, isso se justifica por

ele: a) não estar preocupado com a saúde, pois não temia as enfermidades. b) não acreditar na eficácia de nenhuma dieta, uma vez que nem sempre elas dão bons resultados. c) preferir viver alegre, ainda que gordo, a seguir uma alimentação saudável, que comprometa o seu

humor. d) saber que as dietas privam as pessoas da ingestão de alimentos que, na verdade, são ricos em

nutrientes necessários à saúde. e) entender que a vida é saudável quando não se seguem imposições estabelecidas pela sociedade.

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15. (FCM PB/2015) Ao longo do texto, o autor faz consideração a respeito da alimentação e das dietas. De acordo com a sua opinião: a) as pessoas que seguem dietas rigorosas apresentam problemas psíquicos irreversíveis. b) a compulsão por comer é o que faz engordar, e não a ingestão de determinados alimentos. c) a privação do ato de comer aquilo de que se gosta transtorna as pessoas, deixando-as chatas. d) a dieta seguida pelos veganos é mais radical do que as dos demais vegetarianos, pois restringe

qualquer produto de origem animal. e) a dieta dos crudivoristas não se mostra saudável, uma vez que alimentos crus não oferecem nutrientes

necessários à saúde. 16. (FCM PB/2015) Com base na leitura do texto, pode-se perceber que o autor:

a) é uma pessoa incoerente, visto que sempre recorre a dietas alimentares, sem, contudo, abrir mão de bons pratos.

b) é um indivíduo ignorante, recusando-se a seguir uma alimentação saudável, apenas pelo prazer de querer ser diferente das demais pessoas.

c) é um indivíduo que, mesmo reconhecendo a importância de uma alimentação saudável, não se furta ao prazer de bons pratos.

d) condena a postura dos veganos ao desconhecerem a importância da proteína animal no desenvolvimento das pessoas.

e) é um homem que não segue princípios religiosos, por isso não aceita regimes que são tratados como uma espécie de ritual religioso.

17. (FCM PB/2015) Leia os fragmentos a seguir:

I. “Nos sites dedicados a produtos veganos, descobri até salsicha vegetariana.” II. “As folhas de alface batiam que nem asinhas!” III. “[...] pois tenho consciência de que gritava que nem louco se me passassem num ralador.” IV. “Ultimamente, apesar de meu namoro com os veganos, me conformei em ser o que sempre fui. Um

boi gordo.” Ocorre a presença de linguagem figurada apenas em: a) II, III e IV. b) I e II. c) II e III. d) III e IV. e) II e IV.

18. (FCM PB/2015) Leia.

“Segundo os macrobióticos, o arroz, superior a qualquer outro alimento, limparia meu corpo das toxinas e impediria doenças futuras.” O fragmento está reescrito mantendo-se o mesmo sentido e a correção gramatical em: a) O arroz, superior a qualquer outro alimento, limparia meu corpo de toxinas e impediria doenças

futuras, segundo os macrobióticos. b) O arroz, superior a qualquer outro alimento, segundo os macrobióticos limparia meu corpo das toxinas

e impediria doenças futuras. c) Superior a qualquer outro alimento, segundo os macrobióticos, o arroz limparia, meu corpo, das

toxinas e impediria doenças futuras. d) Segundo os macrobióticos, superior, a qualquer outro alimento, o arroz limparia meu corpo das

toxinas, e impediria de futuras doenças. e) Doenças futuras impediria, o arroz, superior a qualquer outro alimento, e limparia meu corpo das

toxinas, segundo os macrobióticos. 19. (FCM PB/2015) Considerando a organização sintático-semântica do fragmento “Lembro até hoje a noite

em que sonhei com um hambúrguer-salada voando na minha direção.”, pode-se afirmar:

I. A forma “até” está empregada com sentido semelhante ao expresso em “[...] descobri até salsicha vegetariana.”

II. A locução “em que” pode ser substituída pela forma onde, mantendo-se o mesmo nível de linguagem e o mesmo sentido do fragmento.

III. A oração “voando na minha direção” pode ser reescrita em sua forma desenvolvida por: que voava na minha direção.

IV. Os termos “noite” e “na minha direção” classificam-se como adjuntos adverbiais. Está(ão) correta(s) apenas: a) I. b) II. c) I e III. d) III. e) III e IV.

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Exercícios Complementares

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20. (FCM PB/2015) No fragmento “Feita com cuidado, é uma dieta saudável, sim.”, a relação semântica estabelecida pela oração destacada é observada também em: a) “Minhas esperanças eram tantas que perguntei: Cura miopia [...]?” b) “Mesmo assim reconheço que ser vegano tem seu valor.” c) “– Se comer salada fosse bom, tinha rodízio.” d) “As folhas de alface batiam que nem asinhas!” e) “Ultimamente, apesar do meu namoro com veganos, me conformei [...]”

21. (FCM PB/2015) O conectivo destacado introduz oração de valor restritivo em:

a) “Suspeito que é para facilitar a introdução à dieta.” b) “[...] pois tenho consciência de que gritaria [...]” c) ”São vegetarianos mais radicais que qualquer outro.” d) “No dia seguinte, mergulhei na primeira lanchonete que vi.” e) “Muita gente preconceituosa pode imaginar que fará mal ao organismo, [...]”

22. (FCM PB/2015) Assinale o fragmento cujo verbo se encontra na voz passiva.

a) “Alimentar-se passa a ser um ritual.” b) “[...] é que dietas alimentares se tornam uma espécie de religião.” c) “Passa a viver num círculo de crudivoristas, como ela.” d) “Comer de forma saudável deve ser ótimo.” e) “Na decoração, eliminam-se os fogões.”

23. (FCM PB/2015) No fragmento “É a cadeia alimentar que me obriga a chegar a isso.”, a regência da forma

verbal “obriga” é a mesma do verbo destacado em: a) “Mas me assustam os crudivoristas.” b) “Alguém pode me indicar um rodízio de berinjela, espinafre, escarola, alface?” c) “Mas por que veio aqui.” d) “[...] é que dietas alimentares se tornam uma espécie de religião.” e) “Não conheço a linguagem das cenouras [...]”

24. (ACAFE SC/2017) Assinale a frase em que o(s) verbo(s) concorda(m) com o sujeito em pessoa e

número. a) Assim que se concluiu a apuração dos votos, verificou-se que 2/3 do eleitorado votaram em branco ou

anularam o voto. b) Com toda certeza, algumas coisas erradas haviam, sobretudo diante de algumas indagações que se

fazia diante dos resultados inesperados. c) Para diversas obras importantes em Santa Catarina destinou-se recursos no próximo orçamento, mas

penso que os recursos não deve chegar a tempo de serem concluídas no até 2018. d) Não se faz mais brincadeiras como no meu tempo de guri; hoje em dia, o que mais se vê é crianças

trancadas em casa brincando de videogame, acessando smartphone ou vendo TV. 25. (FPS PE/2017) O uso da norma padrão da gramática portuguesa costuma ser valorizada como marca de

distinção e prestígio social. Identifique a alternativa em que a concordância verbal está inteiramente de acordo com essa norma. a) Os livros já haviam adquirido o formato atual. Nenhuma das sociedades desenvolvidas dispensaram

sua presença. b) Em todas as civilizações, houveram práticas de cultivo à informação ‘escrita’, fosse essas práticas

firmadas em pedra, madeira ou papel. c) Em todas as sociedades, costumam haver práticas de cultivo à informação ‘escrita’, sejam essas

práticas firmadas ou não em papel. d) Sem dúvida, as necessidades da interação verbal cresceram com o advento da Internet. Qual o grupo

de escolarizados que desconhece isso? e) Costuma ser divulgada as transformações da técnica e da circunstância que envolve a produção

impressa de livros. TEXTO: 5 - Comum à questão: 26

TRABALHO ESCRAVO É AINDA UMA REALIDADE NO BRASIL Esse tipo de violação não prende mais o indivíduo a correntes, mas acomete a liberdade do trabalhador e o mantém submisso a uma situação de exploração. (1) O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que persiste no Brasil. A sua existência foi assumida pelo governo federal perante o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995, o que fez com que se tornasse uma das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a escravidão contemporânea em seu território. Daquele ano até 2016, mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de escravidão em atividades econômicas nas zonas rural e urbana.

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(2) Mas o que é trabalho escravo contemporâneo? O trabalho escravo não é somente uma violação trabalhista, tampouco se trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa violação de direitos humanos não prende mais o indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que acometem a dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm submisso a uma situação extrema de exploração. (3) Qualquer um dos quatro elementos abaixo é suficiente para configurar uma situação de trabalho escravo: TRABALHO FORÇADO: o indivíduo é obrigado a se submeter a condições de trabalho em que é explorado, sem possibilidade de deixar o local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e violências física ou psicológica. JORNADA EXAUSTIVA: expediente penoso que vai além de horas extras e coloca em risco a integridade física do trabalhador, já que o intervalo entre as jornadas é insuficiente para a reposição de energia. Há casos em que o descanso semanal não é respeitado. Assim, o trabalhador também fica impedido de manter vida social e familiar. SERVIDÃO POR DÍVIDA: fabricação de dívidas ilegais referentes a gastos com transporte, alimentação, aluguel e ferramentas de trabalho. Esses itens são cobrados de forma abusiva e descontados do salário do trabalhador, que permanece sempre devendo ao empregador. CONDIÇÕES DEGRADANTES: um conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida sob a qual o trabalhador é submetido, atentando contra a sua dignidade. (4) Quem são os trabalhadores escravos? Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores condições de vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos, que podem incluir a falta de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países latino-americanos – como a Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de trabalho. (5) Tradicionalmente, o trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é verificada em centros urbanos, principalmente na construção civil e na confecção têxtil. (6) No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para as quais esse tipo de mão de obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental. (7) Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho escravo consegue fugir da situação de exploração, colocando a sua vida em risco. Quando tem sucesso em sua empreitada, recorre a órgãos governamentais ou organizações da sociedade civil para denunciar a violação que sofreu. Diante disso, o governo brasileiro tem centrado seus esforços para o combate desse crime, especialmente na fiscalização de propriedades e na repressão por meio da punição administrativa e econômica de empregadores flagrados utilizando mão de obra escrava. (8) Enquanto isso, o trabalhador libertado tende a retornar à sua cidade de origem, onde as condições que o levaram a migrar permanecem as mesmas. Diante dessa situação, o indivíduo pode novamente ser aliciado para outro trabalho em que será explorado, perpetuando uma dinâmica que chamamos de “Ciclo do Trabalho Escravo”. (9) Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são necessárias ações que incidam na vida do trabalhador para além do âmbito da repressão do crime. Por isso, a erradicação do problema passa também pela adoção de políticas públicas de assistência à vítima e prevenção para reverter a situação de pobreza e de vulnerabilidade de comunidades.

(Adaptado.SUZUKI, Natalia; CASTELI, Thiago. Trabalho escravo é ainda uma realidade no Brasil. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/>.

Acesso: 19 mar. 2017.) 26. (IFPE/2017) No que diz respeito à sintaxe de concordância e à de regência, assinale a opção CORRETA.

a) Em “Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são necessárias ações que incidam na vida do trabalhador [...]” (9º parágrafo), o verbo sublinhado está corretamente flexionado em concordância ao sujeito posposto.

b) Em “[…] mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de escravidão[…].” (1º parágrafo), a locução verbal grifada foi pluralizada por concordar o termo “trabalhadores”, mas seria correto flexioná-la no singular em concordância com a expressão de quantidade “mais de”.

c) Em “No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens” (6º parágrafo), o verbo sublinhado foi pluralizado para concordar com o substantivo “pessoas”, mas estaria correto flexioná-lo no singular em concordância com a porcentagem.

d) Em “Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho escravo consegue fugir da situação de exploração [...].” (7º parágrafo), a regência do termo grifado também estaria correta se exercida pela preposição “com”.

e) Em “No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados [...]” (4º parágrafo), houve incorreção no uso da preposição. A fim de respeitar a regência verbal, nesse contexto, deveria ser realizada pela preposição “a”.

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27. (UniRV GO/2017) Analise as proposições no que se refere à concordância verbal, de acordo com a norma culta e coloque (V) verdadeiro ou (F) falso. a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. b) Choveram pedaços de granizo na serra gaúcha. c) Fazem muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. d) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.

28. (FGV /2016) Levando-se em conta a norma-padrão escrita da língua portuguesa, das frases abaixo, a

única correta do ponto de vista da regência verbal é: a) A cidade tem características que a rendem, ao mesmo tempo, críticas e elogios. b) Para você evitar o estresse, é imprescindível seguir o estilo de vida que mais o interesse. c) É importante prezar não só a ordem mas também a liberdade. d) Sua distração acarretou em grandes prejuízos para todo o grupo. e) Alguém precisa se responsabilizar sobre a abertura do prédio na hora combinada.

TEXTO: 6 - Comum à questão: 29 Verão carioca 73 O carro do sol passeia rodas de incêndio sobre os corpos e as mentes, fulminando-os. Restam, sob o massacre, esquírolas1 de consciência, a implorar, sem esperança, um caneco de sombra. As árvores decotadas, alamedas sem árvores. O ar é neutro, fixo, e recusa passagem às viaturas da brisa. O zinir de besouros buzinas ressoa no interior da célula ferida. Sobe do negro chão meloso espedaçado o súlfur2 dos avernos3 em pescoções de fogo. A vida, esse lagarto invisível na loca4, ou essa rocha ardendo onde a verdura ria? O mar abre-se em leque à visita de uns milhares, mas, curvados ao peso dessa carga de chamas, em mil formas de esforço e pobreza e rotina, milhões curtem a maldição do esplêndido verão.

(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco, 2012) 1 esquírolas: lascas, pedacinhos 2 súlfur: enxofre 3 avernos: infernos 4 loca: gruta pequena, local sob algo 29. (FGV /2016) Assinale a alternativa em que os versos da primeira estrofe estão reescritos de acordo com

a norma-padrão de concordância nominal e verbal. a) Passeiam rodas de incêndio do carro do sol / sobre mentes e corpos humanos, fulminando-os. / Acha-

se, sob o massacre, esquírolas de consciência, / que implora, sem esperança, um caneco de sombra. b) Passeia rodas de incêndio do carro do sol / sobre corpos e mentes humanas, fulminando-os. / Estão,

sob o massacre, esquírolas de consciência, / que implora, sem esperança, um caneco de sombra. c) Passeiam rodas de incêndio do carro do sol / sobre humanos corpos e mentes, fulminando-os. / Sobra,

sob o massacre, esquírolas de consciência, / que imploram, sem esperança, um caneco de sombra. d) Passeia rodas de incêndio do carro do sol / sobre humanas mentes e corpos, fulminando-os. / Vê-se,

sob o massacre, esquírolas de consciência, / que implora, sem esperança, um caneco de sombra. e) Passeiam rodas de incêndio do carro do sol / sobre mentes e corpos humanos, fulminando-os. /

Encontram-se, sob o massacre, esquírolas de consciência, / que imploram, sem esperança, um caneco de sombra.

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30. (UNIFESP SP/2013) O Hatha yoga pradipika, sagrada escritura do hatha yoga, escrita no século 15 da era atual, diz que, antes de nos aventurarmos na prática de austeridade e códigos morais, devemos nos preparar. Autocontrole e disciplina sem preparação adequada____________criar mais problemas mentais e de personalidade do que paz de espírito. A beleza dessa escritura é que ela resolve o grande problema que todo iniciante enfrenta: dominar a mente.

Devido___________abordagem corporal, o hatha yoga ficou conhecido – de modo equivocado – como uma categoria de ioga___________trabalha apenas as valências físicas (força, flexibilidade, resistência, equilíbrio e outras), quase como ginástica oriental. Isso não é verdade.

(Ciência Hoje, julho de 2012. Adaptado.)

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com a) pode – a essa – aonde. b) podem – a essa – que. c) pode – à essa – o qual. d) podem – essa – com que. e) pode – essa – onde.

31. (UNITAU SP/2014) Indique a alternativa que apresenta uma incorreção, no que se refere à sintaxe de

concordância verbal. a) É preciso paciência com os jovens de hoje. b) Acredito que 50% da população não consegue bons empregos. c) Compram-se livros usados. d) Os meninos daquela turma não obtiveram boas notas em Língua Portuguesa. e) Tu e teu irmão não sabeis conjugar verbos no subjuntivo.

32. (UEA AM/2014) A alternativa em que são respeitadas as regras de concordância é:

a) A carne ainda está cru, mas a salada já está pronta. b) Basta apenas três pessoas para atarraxar uma lâmpada. c) A filha mais velha daqueles senhores sentados nunca dançaram em um baile. d) Existe, no Brasil, vinte e sete unidades federativas, divididos em cinco regiões. e) Continuaram conversando no centro do campo os dois times e o juiz.

33. (UESPI/2014) Marque a opção em que a concordância não obedece aos preceitos da norma culta.

a) Ainda resta, no meio ambiente, desmatamento, queimadas, enfim, muitos problemas sem solução. b) Alguns dos animais marinhos que circula pelo litoral brasileiro estão em extinção. c) Cada árvore, cada animal, cada rio deve ser preservado pelo homem. d) Todos os homens nascem sem falar e, ao longo do tempo, aprendem. e) As opções a e b são corretas.

34. (IFSP/2014) De acordo com a gramática normativa, assinale a alternativa correta quanto à concordância

verbal. a) Meus irmãos põe os óculos de grau toda vez que precisam dirigir o carro. b) As óticas mantém uma variedade de modelos de óculos à disposição dos clientes. c) Em breve, pode surgir novos equipamentos que se assemelhem ao Google Glass. d) Alguns oftalmologistas alegam que nem sempre a cirurgia convêm aos pacientes. e) Houve muitos voluntários interessados em testar os aplicativos do novo equipamento.

TEXTO: 7 - Comum à questão: 35

__________ muito desgaste nas últimas décadas, os fados voltam a sorrir para a família real britânica. __________ se comemoravam os 60 anos da coroação de Elizabeth 2.ª quando o nascimento de seu

bisneto George Alexander Louis, filho do duque e da duquesa de Cambridge, permitiu que às pompas do jubileu se sucedesse nova fase, agora de derretimentos e fofuras.

Com uma função afetiva que oscila entre a de símbolo patriótico e a de mascote doméstico, a família real atende às pressões contraditórias de um mundo __________ fronteiras econômicas se dissolvem e barreiras de classe, raça ou nacionalidade permanecem.

As origens familiares de Kate Middleton decerto se encaixam nesse contexto. (Folha de S.Paulo, 28.07.2013. Adaptado.)

35. (Fac. Cultura Inglesa SP/2014) A regra que orienta a concordância verbal da oração – […] fronteiras econômicas se dissolvem […] – também está presente em: a) Depois da Páscoa, iniciaram-se liquidações de ovos. b) A moça e o rapaz amam-se tanto que logo vão casar. c) Orgulham-se os pais da formatura dos filhos tão jovens. d) Após a eleição, os dois grandes oponentes visitaram-se. e) Não se telefonaram os amigos por estarem em países diferentes.

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36. (ACAFE SC/2014) Assinale a frase correta quanto à concordância verbal. a) Gostaria também que fosse marcado nas plantas encaminhadas os espaços que foram inventariados

pelo Patrimônio da União. b) Passou pela minha cabeça as estradas de terra, as viagens de barcos pelos rios do Pará, as entrevistas

com as pessoas humildes, as histórias de vida (verdadeiras lições que não se aprende na escola). c) Peço que seja mandado para mim, o mais breve possível, as informações que combinamos. d) Se vocês virem todos os detalhes do projeto com mais atenção, hão de concluir que ele não será

ecologicamente sustentável, nem será tampouco viável economicamente. 37. (IFSP/2016) Concordância é o mecanismo pelo qual as palavras alteram suas terminações para se

adequarem harmonicamente na frase. Considerando o conceito de concordância e a norma padrão da Língua Portuguesa, associe as colunas indicando a alternativa que ordena corretamente as frases e a avaliação dos eventos de concordância: I. Haviam muitos problemas. II. Existiam muitos problemas. III. A garota e o menino simpáticas. IV. A garota e o menino bonitos. ( ) a concordância verbal está correta. ( ) há um erro de concordância verbal. ( ) há um erro de concordância nominal. ( ) a concordância nominal está correta. a) I, II, III, IV. b) II, III, I, IV. c) IV, III, II, I. d) II, I, III, IV. e) III, IV, I, II.

38. (UNIFOR CE/2013) Em relação à frase da placa “PROIBIDA ENTRADA DE ESTRANHOS”, identifique a

opção que apresenta o mesmo erro de concordância nominal.

a) Água é bom para saúde. b) É preciso cautela. c) Caminhada é boa para a saúde. d) Dias alegres é necessário. e) Alguns dias alegres são necessários.

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39. (ACAFE SC/2013) Assinale a frase correta quanto à concordância verbal e nominal. a) Segue, anexo, ata da reunião ordinária do Conselho Superior de 02 de maio de 2012 da Fundação

Coelho Pitanga a ser analisada e após fazer todas as considerações pelos membros do conselho que acharem necessárias irei em busca das respectivas assinaturas dos conselheiros presentes.

b) Esse profissional deve ficar responsável pela elaboração das escalas de trabalho semanais e sua manutenção, comunicação interna e externa, agendamento de compromissos da coordenação e da equipe em geral, registro e acompanhamento de assiduidade e demais tarefas que envolvam questões administrativas.

c) Não será esquecido estes dois dias para quem pode estar nos dois encontros ou reencontros. d) No elenco, chamam a atenção também a presença de modelos, de uma bailarina e de uma dançarina.

40. (Unifev SP/2013) Leia as frases extraídas da entrevista do médico Raul Cutait à revista Veja, com

algumas alterações, e assinale a alternativa cuja construção segue as normas gramaticais quanto à regência verbal/nominal. a) “Prefiro mais morrer do que fazer colostomia” – disse-me, em uma ocasião, um paciente. b) Depois da cirurgia, o paciente me agradeceu por eu ter cumprido o que havíamos combinado. c) Quanto melhor o anestesista faz seu trabalho, mais condições proporciona ao cirurgião se concentrar

no ato cirúrgico. d) As decisões na medicina devem obedecer um novo componente ético – a vontade do doente. e) Apesar dos avanços da medicina, uma cirurgia, independentemente de sua complexidade, ainda

implica com risco de vida. 41. (ESPM SP/2013) Em um dos itens abaixo há falta de paralelismo na construção da frase. Assinale-o:

a) Bebida alcoólica caseira causa intoxicação e mata 51 pessoas na Líbia. b) Três policiais são acusados de desviar drogas e ligação com traficantes internacionais. c) Plano de saúde muda de nome e escapa de punição da Agência Nacional de Saúde. d) Problema técnico na PF afetou não só emissão de passaportes, como também retirada. e) Exposição marca Dia Mundial da Água e incentiva consumo consciente.

TEXTO: 8 - Comum à questão: 42

Álbum de colégio

1 Um antigo colega criou e organizou um site sobre 2 nossos anos de colégio, que já vão longe. Visitei ontem 3 as páginas virtuais de uma experiência real, vivida 4 longamente numa velha escola, sólida tanto na construção 5 como no ensino. A pesquisa do meu colega é 6 bastante rica: documenta com detalhes pessoas e espaços 7 que nos foram muito familiares. Detive-me logo 8 na sequência dos professores, como se de novo estivesse 9 a ouvir suas vozes e a ver seus gestos, projetados 10 do tablado em que ficava a mesa, junto ao 11 quadro-negro.

12 Dona Alzira, de matemática. Óculos grossos, de 13 aro escuro, contrastando com a pele clara. Paciente, 14 repetia o que fosse necessário de uma lição de álgebra 15 ou geometria. Eu me divertia com as palavras novas, 16 que logo transformava em apelidos dos colegas: 17 Maria Clara ficou sendo a Hipotenusa, por ser comprida 18 e magra, e o Zé Roberto passou a ser Cateto, por 19 conta do nariz comprido. As palavras prestam-se a associações 20 estranhas, talvez arbitrárias. O frequente 21 vestido de folhas vermelhas de Dona Alzira me parecia 22 bandeira vistosa das minhas dificuldades com as 23 equações e os teoremas.

24 Dava-me melhor em Português. Não tanto com a 25 Gramática das regras severas e nomenclatura difícil, 26 mas com os textos bonitos que nos levavam para fora 27 da escola, na viagem da imaginação. Descobri com 28 seu Alex, professor grandalhão de voz grave e dicção 29 perfeita, o encantamento de versos ou frases em 30 prosa ditos com muita expressão, valorizados em cada 31 sílaba. E me iniciei em alguns autores que acabaram 32 ficando, como Fernando Pessoa.

33 A História, ao que me lembro, dividia-se em Geral, 34 da América e do Brasil. Tive mais de um professor, o 35 mais entusiasmado e entusiasmante era o seu Euclides, 36 quase nunca imparcial, admirador dos gregos, não tanto 37 dos romanos, capaz de descrever as viagens marítimas 38 dos portugueses e espanhóis como se fosse um tripulante. 39 Não deixava de admirar Napoleão, acentuando 40 a incomensurável diferença entre o tio e o sobrinho. Na 41 História do Brasil, enfatizava as insurreições populares 42 e censurava o Estado Novo.

43 Clicando aqui e ali (quem diria que havíamos de 44 conhecer e usar esse tal de computador?) chego a outros 45 mestres, a outras aulas inesquecíveis. As meninas 46 torciam o nariz nas de Química: o professor fazianos 47 usar o laboratório e praticar reações (com sulfato? 48 com sulfeto?) que não cheiravam nada bem. As mais 49 frágeis simulavam desmaios... Havia as salas-ambiente, 50 destinadas e aparelhadas para disciplinas específicas. 51 Na de Geografia, grandes mapas, projetor 52 de slides, maquetes e figuras em alto relevo; na de 53 Biologia, acreditem: um esqueleto completo, de verdade, 54 apelidado de Toninho (dizia-se que de um indigente, 55 morto há várias décadas); na de Física, armários 56 com instrumentos que lembravam ilustrações

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Exercícios Complementares

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de 57 Da Vinci. O professor Geraldo não era exatamente 58 uma grande vocação de pedagogo: com ele a Física ficava 59 mais difícil do que já é. Dividia o curso em três 60 partes: Cinemática, Estática e Dinâmica, mas não sobrava 61 quase nada de nenhuma. Como ficava ao lado 62 da sala de Música, distraía-nos o piano de Dona 63 Mariinha, que punha seus alunos para cantar peças do 64 folclore nacional, das cirandas e emboladas do nordeste 65 às danças gauchescas.

66 E havia, é claro, os pátios de recreio, movimentados 67 nos intervalos. A moralidade da época recomendava 68 dois pátios: um para os meninos, outro para as 69 meninas. As turmas eram mistas, mas o convívio evitado 70 tanto quanto possível. Regulava-se o comprimento 71 das saias, que algumas colegas enrolavam sorrateiramente 72 na cintura. Afinal, a moda era a míni... 73 Discos recém-lançados de Roberto Carlos e dos 74 Beatles animavam o intervalo maior, colocados na vitrola 75 reivindicada e conseguida pelo centro estudantil.76 77 Volta e meia aparecia um jornalzinho dos estudantes, 78 de corpo editorial instável e de vida curta.

79 Como esquecer, ainda, as figuras dos nossos inspetores 80 de alunos? Seu Alípio, baixinho e bravo, vociferando 81 por nada; dona Gladyr, apelidada de Arco-íris 82 por conta das roupas multicoloridas; dona Gervásia, a 83 mais velha funcionária da escola, contadora de 84 “causos”; Albertina, moça vigilante e de poucas palavras, 85 encarregada do portão de entrada das meninas. 86 Na cantina, os três irmãos proprietários (“os três mosqueteiros 87 ou os três patetas?”, brincávamos) atendiam 88 a todos com desenvoltura e bom humor. E, por todo 89 lado, as criaturas mais antigas e veneráveis: os 90 flamboyants copados, os plátanos, as duas figueiras. 91 Provavelmente ainda todas vivas, florescendo.

92 De clique em clique armou-se na tela do monitor, 93 em grande angular, a imagem da preciosa e velha 94 biblioteca da escola. Sim, tinha bibliotecária: uma 95 senhora idosa e prestativa, sempre perfumada, rigorosa 96 na disciplina: dona Augusta, de hábitos e gosto 97 conservadores. Na “sua” biblioteca não entrava “esse 98 tal de Sartre, francês ateu e comunista que desencaminha 99 a juventude”. Recomendava-nos Coelho 100 Netto e Olavo Bilac, Machado de Assis e Euclides da 101 Cunha, e parava por aí: nenhum entusiasmo pelos 102 modernos. Mas lá estavam Bandeira, Drummond, 103 Clarice, Graciliano, Guimarães Rosa, que íamos descobrindo 104 aos poucos. A biblioteca tinha algumas preciosidades 105 do século XIX, encadernadas e dispostas 106 nas prateleiras mais altas.

107 Ah, a educação física... Luxos dos luxos: um ginásio 108 de esportes, com boa quadra e pequena arquibancada, 109 e um campo gramado de futebol, com traves 110 oficiais e rede, instalada apenas nos jogos importantes. 111 Lembro-me quando a seleção da escola recebeu 112 o time do Seminário Presbiteriano, uns jovens educadíssimos, 113 diante dos quais parecíamos uns trogloditas. 114 Pois nos deram uma goleada, com todo o respeito. 115 Nosso comentário ressentido: − Mas também esses 116 caras vivem concentrados...

117 Velha escola. Por ironia, a tecnologia moderna 118 me leva ao passado e materializa reminiscências que 119 pareciam condenadas à pura e desmaiada memória. 120 Ao som das músicas daquela época, as jovens colegas 121 continuam moças e bonitas, e os rapazes ensaiam 122 seus flertes... Palavras antigas. Mas está tudo 123 lá: no site do colégio, aberto à participação de moços 124 e velhos, história organizada de uma década perdida 125 no século XX. Lembrei-me agora de uma cena do filme 126 Sociedade dos poetas mortos. O professor leva 127 seus corados alunos a um saguão da escola, onde 128 estão fotos amareladas de alunos de outrora, que já 129 nem estão neste mundo. Aos moços atentos àquelas 130 imagens pergunta o professor: − Sabe o que dizem 131 esses jovens das fotos? Dizem: carpe diem, em latim. 132 Ou: aproveita bem o dia que passa.

(Rinaldo Antero da Cruz, inédito) 42. (PUCCamp SP/2014) Um antigo colega criou e organizou um site sobre nossos anos de colégio...

A formulação acima, com verbos que têm o mesmo objeto, está correta, pois a regência foi respeitada, tal como se nota na frase: a) De fato, conheço muito e respeito bastante aquele rapaz. b) O livro coube e então comprei a caixa. c) Sempre acreditei e sempre sigo os conselhos do meu pai. d) Realmente, precisei e chamei a secretária. e) Com essa atitude, incidiu e acumulou mais uma falta em seu histórico.

43. (ITA SP/2004) Assinale a opção em que o uso do pronome relativo NÃO está de acordo com a norma

padrão escrita. (Excertos extraídos e adaptados de "Folha de S. Paulo", 1/11/1993.)

a) O cineasta sofreu um derrame, do qual não iria se recuperar mais. b) O rosto e a voz do cineasta são aqueles os quais estamos acostumados, talvez um pouco mais cansados. c) Estar doente era uma realidade sobre a qual o cineasta não sabia nada, sobre a qual jamais havia

pensado. d) Com ele, o cinema não é mais um meio; torna-se um fim, no qual o autor é a principal referência. e) Depois das três cirurgias às quais se submetera, teve um ataque cardíaco.

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44. (ITA SP/2005) Considere o texto a seguir.

VOCÊ SE ENCONTRA DENTRO DE UM PARQUE NACIONAL, POR ISSO EVITE: – FAZER - fogo e fogueiras; barulho, buzinar e som alto; não saia das trilhas ou dos pontos de visitação; pichar, escrever, riscar, danificar imóveis, placas, pedras e árvores; lavar utensílios e roupas nos rios.

(Folheto do Parque Nacional de Itatiaia)

a) Identifique a inadequação sintática. b) Rescreva o texto, eliminando tal inadequação. Faça as modificações necessárias.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 45

Medicina dos Humores e Símbolos

01Assim como as outras ciências, a Medicina não escapou ao mito da estagnação medieval. Nas obras que 02ainda alimentam esse clichê, lê-se que a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, entre a Antigüidade e 03o Renascimento. Os indícios que sustentam essa conclusão convergem em alguns aspectos: a ausência de invenções 04espetaculares e de médicos excepcionais, a feitiçaria onipresente e a influência da Igreja sobre as ciências. A 05Medicina era domínio de monges, filósofos e charlatães.

06Ainda hoje, nossa visão da Idade Média permanece impregnada dessas idéias, que se baseiam, no 07entanto, num ponto de vista moderno: em vez de serem colocadas na perspectiva da época, as ciências são avaliadas 08tomando como parâmetro os critérios atuais. Assim a crítica segundo a qual a Igreja teria exercido uma 09dominação aniquiladora do progresso é típica de uma sociedade laica. Para os cristãos da Idade Média, ao contrário, não 10existia alternativa: eles acreditavam que os judeus, os pagãos e os hereges estavam condenados às penas do 11inferno. A Medicina medieval era praticada na base de uma fé jamais colocada em questão e encontrava seu lugar 12numa visão de mundo inteiramente religiosa. A Medicina era mais uma filosofia da Natureza que uma ciência da 13Natureza, no sentido moderno do termo.

14Ora, sem as bibliotecas monásticas, o trabalho dos monges copistas e o interesse que os eruditos 15eclesiásticos demonstravam pela terapêutica, os escritos antigos de famosos médicos romanos, gregos ou árabes estariam 16perdidos. Depois da queda do Império Romano, apenas os religiosos sabiam ler e escrever e dominavam a 17língua erudita européia, o latim. Dessa forma, a Igreja permitia a continuidade da cultura e a sobrevivência da filosofia 18antiga e pagã.

19Para o cristão devoto, a saúde e a salvação estavam alegoricamente ligadas: a Medicina cuidava do 20corpo que perecia, e a religião, da alma imortal. O médico tinha de reconhecer as doenças e buscar tratá-las pelos 21meios terrestres. Só se ele atingisse seus limites é que deveria ceder lugar _____ ajuda religiosa.

22Os autores religiosos davam, assim, um grande valor _____ saúde do corpo, pois a “carne fraca” do 23ditado era particularmente vulnerável à influência do Maligno. A representação mais popular do Cristo médico mostra 24as curas milagrosas do Novo Testamento e legitima assim a intervenção dos médicos em caso de doença (quando 25ela não era um ato divino irreversível). A existência de plantas medicinais provava, ao crente, que o Criador tinha 26previsto sua utilização para o alívio e a cura. Ao contrário de um preconceito bastante difundido, uma fé inabalável 27não impedia que se adotasse uma conduta ativa e pragmática para resolver os problemas que surgiam: como hoje, 28os homens da Idade Média tentavam fazer tudo o que estava _____ seu alcance para facilitar a vida aqui na Terra e 29preservar a saúde.

(Texto adaptado de RIHA, Ortrun. Scientific American Brasil. Especial História, n.1.) 45. (FFFCMPA RS/2006) Assinale a preposição ou a combinação de preposição com artigo que, no texto, é

regida por uma forma verbal. a) de (linha 03) b) sobre (linha 04) c) do (linha 09) d) pela (linha 15) e) da (linha 20)

TEXTO: 10 - Comum à questão: 46

TERRAS PARA TODOS

Atraídos pela propaganda oficial, brasileiros de todas as partes tentaram a sorte na Amazônia, no início da ditadura, mas em vez de prosperidade encontraram um território controlado pela violência e trabalho escravo.

Consequência de vários projetos de colonização aprovados pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), tanto oficiais quanto da iniciativa privada, a década de 1970 ficou marcada pela derrubada sem precedentes da floresta amazônica. Grandes clareiras deram lugar, da noite para o dia, a cidades. O barulho das máquinas e de pequenos aviões se somava ao burburinho de homens e mulheres de diversas regiões do Brasil, sobretudo do Sul, 5que chegavam a lugares tão distantes quanto Rondônia e Mato Grosso seguindo as precárias estradas abertas na mata. Os jornais e as propagandas do governo e das empresas privadas estimulavam esse novo bandeirantismo. Faziam alarde das riquezas da região, da abundância de terras e das inúmeras oportunidades de trabalho que iam surgindo. O que se chamou de “colonização” pelos

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governos militares se encaixava numa narrativa majestosa sobre a grandeza do Brasil. Era a versão moderna do mito do Eldorado amazônico.

10Esses projetos de colonização passaram a ser um instrumento de poder do Estado para direcionar o deslocamento, sobretudo de pequenos proprietários, do Sul para o Norte. Para a ditadura militar, era prioritário controlar os movimentos sociais no campo. A “questão da terra” era um problema de segurança nacional. Por isso, as empresas de colonização se beneficiaram dos incentivos financeiros do Estado, através da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência do Desenvolvimento Sustentável do Centro-Oeste (Sudeco) e outros programas ou projetos 15governamentais, como o Polocentro, o Proterra, o Polonoroeste e o Prodeagro. Programas desenvolvidos com recursos obtidos pelo governo federal junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ou ao Banco Mundial.

(NETO, Regina Beatriz Guimarães. Revista Nossa História, maio 2005, ano 2, nº. 19.) 46. (UFCG PB/2006) Assinale a alternativa cujo fragmento destacado NÃO corresponde à mesma regência

entre os termos: a) .... pelos governos militares se encaixava numa narrativa majestosa... (linha 8). b) Grandes clareiras deram lugar, da noite para o dia, a cidades ... (linha 3). c) O que se chamou de “colonização” pelos governos militares... (linhas 7-8). d) As empresas de colonização se beneficiaram dos incentivos financeiros do Estado (linhas 12-13). e) A “questão da terra” era um problema de segurança nacional ... (linha 12).

TEXTO: 11 - Comum à questão: 47

1“O Custódio Damião era um pescador que, nos tempos memoráveis de antanho, residia na bela Praia do Matadeiro da Armação de Sant’Ana do Pântano do Sul.

Certa ocasião, ele sugeriu aos seus camaradas rendeiros fazerem uma pescaria nos mares 4da Lagoinha do Leste. Equipou sua canoa bordada com todos os apetrechos necessários e partiram para lá. Chegaram naquela praia por volta das nove horas da noite, embicaram a canoa, desembarcaram e, junto da relva praieira, acenderam um fogo “pra mo’de” ferver a água e fazer um café cabeludo na chocolateira de folha-de-flandres, para tomá-lo com beiju e 8rosca de massa que haviam levado. Ao pé do fogo, conversa veio, conversa foi, até que o assunto chegou ao mundo sobrenatural da bruxaria.”

(O fantástico na Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC. 5. ed, 2003, p. 79.) 47. (UDESC SC/2006) O autor apresenta duas regências para o verbo chegar: em Chegaram naquela praia

(linha 5) e chegou ao mundo (linha 9). No primeiro caso ele é fiel à linguagem oral de quem lhe narrou a história; no segundo, obedece à norma culta padrão da língua. Assinale a alternativa em que a regência da forma verbal apresentada não atende à norma padrão da língua. a) Esqueci o livro em casa. b) Esqueci-me do livro em casa. c) Preferimos as histórias bruxólicas às novelas. d) O motorista consciente obedece os sinais de trânsito. e) Ontem pagamos o 13º salário à secretária.

48. (UFMT/2006)

I. Certifiquei-o ____ que uma pessoa muito querida aniversaria neste mês II. Lembre-se ____ que, baseada em caprichos, não obterá bons resultados. III. Certificaram-lhe ____ que aquela imagem refletia a alvura de seu mundo interno. De acordo com a regência verbal, a preposição de cabe: a) nos períodos I e II; b) apenas no período II; c) nos períodos I e III; d) em nenhum dos três períodos; e) nos três períodos.

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TEXTO: 12 - Comum à questão: 49

(Folha de São Paulo [sinapse], p.24, 26/04/2005.)

49. (UFMT/2006) No texto, os desvios relativos à norma padrão fazem parte da intenção que sustenta a

construção do depoimento. Em relação à Regência, marque F para os trechos que apresentam desvios e V para os que obedecem à norma padrão.

( ) Eu nunca gostei de ir na escola. ( ) Passei a ter orgulho daquilo que eu não gostava. ( ) Parei de faltar às aulas, afinal eu também tinha que dar o exemplo. ( ) Eu tava certo que eu queria largar a escola para sempre.

Assinale a sequência correta. a) FVFF b) VVVF c) FFVV d) VFFV e) FFVF

50. (UFAM/2006) Assinale a alternativa em que, substituindo o verbo grifado pelo que se acha entre

parênteses, o a deverá ser acentuado. a) O devedor resgatou mensal e religiosamente as prestações (pagar). b) O jogador cumpria rigidamente as instruções do técnico (observar). c) Faz mal à saúde inalar a fumaça que, ao tragar o cigarro, o fumante vizinho emite (aspirar). d) Aterrorizadas, as crianças testemunhavam as frequentes brigas dos pais (presenciar). e) O secretário realizará a leitura da ata (proceder).

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51. (UFAM/2006) Assinale a alternativa correspondente ao par de frases em que o verbo, mesmo mudando de regência, não sofre alteração de sentido: a) Aquela sardenta de tranças implica com todos os colegas.

- As tão esperadas nomeações foram adiadas, por implicarem em despesas. b) Amarildo sempre procedeu como um homem de caráter.

- Quem procederá, na concentração de amanhã, à leitura do memorial? c) O empresário investia muito em ações.

- Investiram o empregado nas funções de gerente. d) Doa a quem doer, cumpriremos à risca o nosso dever... com rima e tudo.

- Entendemos que é falta de hombridade não cumprir com a palavra. e) Sabemos que aspiravas a cargo mais elevado.

- Para desintoxicar o organismo, é bom aspirar o ar em amplas áreas verdes. 52. (UEPB/2006) “Se não houver um basta nesta desenfreada corrupção, vamos dar razão a quem afirmou

um dia que este país cresce quando a grande maioria dos gestores públicos e políticos dormem”. (Correio da Paraíba, 24/05/05)

Analise a flexão número/pessoal do verbo DORMIR nesse excerto, e, em seguida, assinale a alternativa que justifica corretamente a concordância nas construções partitivas: a) De acordo com a norma gramatical, a única possibilidade de concordância nas construções partitivas é

a flexão do verbo com o adjunto adnominal, de forma que a estrutura citada está correta. b) De acordo com a norma gramatical, a única possibilidade de concordância nas construções partitivas é

a flexão do verbo com o núcleo do sujeito, de forma que a estrutura citada está errada. c) De acordo com a norma gramatical, o verbo nas construções partitivas tanto pode concordar com o

adjunto como com o núcleo do sujeito, de forma que a estrutura citada está correta. d) A norma gramatical estabelece que nas construções partitivas o verbo deve permanecer sempre no

singular, de forma que a estrutura citada está errada. e) A norma gramatical estabelece que nas construções partitivas o verbo sempre, por atração, concorda

com o adjunto, de forma que a estrutura citada está correta. TEXTO: 13 - Comum à questão: 53

As leis, no meu entender de leigo, são limites que a sociedade impõe à conduta das pessoas com o propósito de possibilitar a eqüidade e a paz entre elas. A existência das leis pressupõe, portanto, um conflito entre o comportamento do indivíduo e as normas sociais. Se elas são fruto do consenso, como em tese o são, isso não significa que todos a elas obedecem todo o tempo. A lei é, por definição, coercitiva e punitiva. Ela nos obriga a 5fazer, por sua força, o que não fazemos por vontade própria.

Mas nem por isso é ela contrária à natureza humana, o que seria um despropósito: o conflito entre a lei e a conduta ocorre, quando ocorre, porque ela expressa um comportamento correto “ideal”, mas que corresponde ao que é comum às pessoas. Melhor dizendo, “ideal” não é o comportamento que a lei determina, mas sua constância, a sua inalterabilidade.

10Por isso mesmo, para que seja aplicável e eficaz, a lei deve ajustar-se à natureza humana e às condições objetivas da vida social. Não adianta criar uma lei que proíba as pessoas de morrer, como fez outro dia um prefeito, usando de ironia, nem que as proíba de engordar ou de se gripar. Não obstante, há legisladores que quase chegam a esse exagero.

A existência de leis pressupõe ter o legislador o direito de limitar a liberdade dos cidadãos, de proibi-los ou 20obrigá-los a agir desta ou daquela maneira. Em momentos críticos, esse direito pode ser usado para favorecer o poder do Estado em detrimento das liberdades individuais.

Foi o que ocorreu no Brasil, em 1964, quando os militares depuseram o presidente eleito pelo povo e impuseram ao país normas que lhes permitiram perpetuar-se no poder por mais de 20 anos. Há, portanto, leis justas e injustas, leis legítimas e ilegítimas, o que deixa evidente que o aperfeiçoamento das leis é uma tarefa 25permanente da cidadania.

E há também leis bem intencionadas, que nem por isso são boas e muitas vezes até provocam efeitos contrários à intenção do legislador. São leis quase sempre motivadas pela presunção de que basta mudar as normas para mudar a realidade. Exemplo desse equívoco é a lei que determina a reserva de vagas, na universidade, para pessoas que se declarem negras, pardas ou índias.

À primeira vista, nada mais justo do que dar àquelas pessoas a oportunidade de fazer um curso superior, mas, quando paramos para examinar a questão, vemos que não se trata de uma medida tão justa quanto parece. Ao tentar corrigir a injustiça social que, historicamente, marcou negros, índios e seus descendentes, no Brasil, criar-se-á um tipo de universitário de segunda classe, que não terá chegado ali por seus méritos; além disso, ao privilegiar etnias, a lei discrimina outros jovens brasileiros pobres por serem brancos.

30Tudo isso porque se tenta, usando de um artifício legal, ignorar o verdadeiro problema e sua verdadeira solução, já que a dificuldade para os estudantes pobres - tenham a cor que tenham - chegarem à universidade decorre da baixa qualidade dos ensinos fundamental e médio que lhes são oferecidos. A solução do problema, portanto, está na melhoria do ensino que prepara o jovem para a universidade, e não numa lei feita para atalhar o caminho.

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35Esse é um aspecto do problema, mas há outros, e um deles é o seguinte: será mesmo uma injustiça se nem todos os jovens do Brasil cursarem a universidade? Será mesmo que só seremos um país justo se, no futuro, nos tornarmos uma nação de 200 milhões de doutores?

Claro que não; o que também não quer dizer que a pobreza e a qualidade do ensino pré-universitário devam continuar a impedir que cheguem à universidade jovens brasileiros pobres, detentores das qualidades que a 40formação universitária requer. Não se trata, apenas, neste caso, de fazer justiça, mas também de elevar o nível cultural do país e contribuir, desse modo, para o crescimento econômico e a redução das desigualdades.

Outro exemplo este, gaiato, da mania de usar a lei para a “cura” da realidade está sendo votada no Congresso e pretende impedir os pais de darem palmadas nos filhos. Sancionada essa lei, a palmada passará a ser crime, no Brasil. Com isso, o legislador pretende proteger os filhos contra os pais que, como se sabe, são todos sádicos. 45Pois, de minha parte, confesso que, em determinados momentos, não só as crianças, mas alguns deputados fazem por merecer umas boas palmadas.

As leis podem, sim, contribuir para melhorar a sociedade, mas quando vão às causas reais dos problemas, e não quando procuram mascará-los.

(Ferreira Gullar, Folha de S. Paulo, 16 de julho de 2006.) 53. (UFU MG/2007) Marque a ÚNICA alternativa em que a expressão em destaque pode ser substituída por

LHE(S). a) “[...] a lei deve ajustar-se à natureza humana e às condições objetivas da vida social”. (linhas 10-11) b) “[...] o conflito entre a lei e a conduta ocorre, quando ocorre, porque ela expressa um comportamento

correto “ideal”, mas que corresponde ao que é comum às pessoas”. (linhas 6-8) c) “[...] a pobreza e a qualidade do ensino pré-universitário devam continuar a impedir que cheguem à

universidade jovens brasileiros pobres [...]”. (linhas 38-39) d) “À primeira vista, nada mais justo do que dar àquelas pessoas a oportunidade de fazer um curso

superior [...]”. (linha 25) 54. (FFFCMPA RS/2007) Observe os textos abaixo:

I. Quem ficou encantado com a atuação de Regina Casé foi Pedro Almodóvar. O cineasta já conhecia a

atriz das festas, mas nunca a viu atuar. II. Quem ficou encantado com a atuação de Regina Casé foi Pedro Almodóvar. O cineasta já conhecia a

atriz das festas, mas nunca a tinha visto atuar. III. Este medicamento possui rápida ação antitérmica e analgésica. Informe o seu médico a persistência da

febre e dor. IV. Este medicamento possui rápida ação antitérmica e analgésica. Informe ao seu médico a persistência

da febre e dor. V. Chamamoslhe de inteligente. VI. Chamamoslhe inteligente. Há algumas inadequações relacionadas ao uso de tempos verbais e à regência verbal. Assinale a alternativa que representa os textos corretamente escritos. a) I – III – IV – V. b) II – IV – V – VI. c) I – II – V – VI. d) II – III – IV – VI. e) I – II – IV – VI.

55. (UNIPAR PR/2007) Analise as proposições abaixo:

I. Quanto mais pessoas houverem a desenvolver a prática da coleta seletiva de resíduos, mais chances

de preservar o meio ambiente. II. No que diz respeito à promoção de oportunidades para a maioria da sociedade, o capitalismo está à

frente de todas as outras formas de organização social. III. A política favorece aqueles que conseguem parecer bons, mesmo que não o sejam. Podemos afirmar que, gramaticalmente: a) as proposições I, II e III estão corretas. b) somente as proposições I e II estão corretas. c) somente as proposições I e III estão corretas. d) somente as proposições II e III estão corretas. e) as proposições I, II e III estão erradas.

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56. (UFRR/2007) Marque o item cuja frase se apresenta redigida da forma mais adequada, considerando-se clareza, elegância, precisão e correção. a) O TSE procedeu à investigação na vida dos candidatos até hoje à tarde. b) O TSE procedeu a uma verdadeira investigação na vida dos candidatos até hoje a tarde. c) O TSE procedeu a uma investigação na vida dos candidatos até hoje à tarde. d) O TSE procedeu a uma verdadeira investigação na vida dos candidatos até hoje à tarde. e) O TSE procedeu à uma investigação na vida dos candidatos até hoje à tarde.

57. (PUC RS/2004)

TEXTO

Vamos admitir que o estudante se encontre diante da "página em branco", de lápis e papel em punho, a esperar que as idéias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade. É um momento de transe _______ estão sujeitos todos os que ainda não adquiriram o desembaraço natural advindo da prática diuturna de escrever (transe e aflição traduzidos em mordiscar a ponta do lápis). O assunto sobre o qual se propõe a escrever é vago, não depende de pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências. E agora?

Vejamos como resolver isso, mediante a sábia lição do Professor Júlio Nogueira: "O assunto é um desses temas abstratos, que nos parecem áridos, avaros de idéias: a amizade, por exemplo".

Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formando períodos sobre períodos, se as idéias ¦nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que nos pareça digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Antes de tudo, se nosso estado de espírito é de perplexidade, se £nos domina essa preocupação pungente, esse desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o que devemos fazer é não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel, devemos refletir, devemos nos concentrar. Uma quarta parte do tempo _________ dispomos deve ser destinada a metodizar o assunto, a dividi-lo nos pontos que comporta.

(GARCIA, Othon. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1996, p. 340. Adaptação) As palavras que completam corretamente as lacunas do texto, na ordem em que se encontram, são a) em que / de que b) a que / de que c) ao qual / o qual d) no qual / do qual e) a que / que

58. (ITA SP/2004) Assinale a opção em que o uso do pronome relativo NÃO está de acordo com a norma

padrão escrita. a) O cineasta sofreu um derrame, do qual não iria se recuperar mais. b) O rosto e a voz do cineasta são aqueles os quais estamos acostumados, talvez um pouco mais

cansados. c) Estar doente era uma realidade sobre a qual o cineasta não sabia nada, sobre a qual jamais havia

pensado. d) Com ele, o cinema não é mais um meio; torna-se um fim, no qual o autor é a principal referência. e) Depois das três cirurgias às quais se submetera, teve um ataque cardíaco.

TEXTO: 14 - Comum à questão: 59 FANATISMO, FANATISMOS

Fanático por caipirinha. Fanático por samba. Fanático por viagens. Há fanáticos para tudo. Ou melhor, há fanáticos e fanáticos. O problema é que, por ser empregada tão à vontade (aliás, como tantas outras), a palavra fanatismo banalizou-se, perdendo em força e conteúdo. Entretanto, parece óbvio que um “fanático por novela” é algo bem diferente (e bem 5menos perigoso) que um “nazista fanático”.

Fanático é um termo cunhado no século XVIII para denominar pessoas que seriam partidárias extremistas, exaltadas e acríticas de uma causa religiosa ou política. O grande perigo do fanático consiste exatamente na certeza absoluta e incontestável que ele tem a respeito de suas verdades. Detentor de uma verdade supostamente revelada especialmente 10para ele pelo seu deus (portanto não uma verdade qualquer, mas A Verdade), o fanático não tem como aceitar discussões ou questionamentos racionais com relação àquilo que apresenta como sendo seu conhecimento: a origem divina de suas certezas não permite que argumentos apresentados por simples mortais se contraponham a elas: afinal, como colocar, lado a lado, dogmas divinos e argumentos humanos?

15Pode-se argumentar que as palavras de Hitler ou as de Mao mobilizaram fanáticos tão convictos como os religiosos e não tinham origem divina. Ora, de certa forma, eles eram cultuados como deuses e suas palavras não podiam ser objeto de contestação, do mesmo modo que ocorre com qualquer conhecimento de origem dogmática. É condição do fanático a irracionalidade. Veja-se o que aconteceu com o povo alemão, por exemplo.

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Acreditar que o 20mais imbecil dos “arianos puros” pudesse ser superior a Einstein, como pregava a cartilha hitlerista, não decorre de uma apreensão racional da realidade, mas de uma verdade revelada pela propaganda nazista. Aceitar e agir como se grandes cientistas e intelectuais, só pelo fato de terem origem judaica, pudessem pertencer a uma suposta raça inferior não é, decididamente, uma abordagem racional e sim uma verdade revelada, da mesma categoria, 25portanto, das verdades religiosas. Um dogma da fé.

[...] O assunto é preocupante. Qualquer pessoa de bom senso sabe que o fanatismo já provocou muito estrago.

É mais que hora de ser identificado, compreendido, combatido. Para tanto, é preciso saber reconhecê-lo em suas diversas manifestações. Saber até onde foi para 30ter uma idéia de até onde poderá ir, se não for detido.

Ou ter o seu conceito definitivamente transformado, num mundo menos louco. Que tal fanático por livros? Ou fanático por chocolate? E, que Mozart nos perdoe, fanático por Beethoven?

(Jaime Pinsky, Carla Pinsky, In: Norma Discini, Comunicação nos textos (2005)) 59. (UFPA/2006) O único trecho em que a preposição de não estabelece uma relação de regência nominal é:

a) “...a origem divina de suas certezas não permite que...” (ref. 12) b) “Pode-se argumentar que as palavras de Hitler ou as de Mao...” (ref. 15) c) “... e suas palavras não podiam ser objeto de contestação,...” (ref. 17) d) “...do mesmo modo que ocorre com qualquer conhecimento de origem dogmática....” (ref. 17 e 18) e) “...não decorre de uma apreensão racional da realidade,...” (ref. 21)

TEXTO: 15 - Comum à questão: 60

Mentira e verdade

Alguns estudiosos afirmam que a mercadoria mais importante do mundo moderno é a informação. Pensando bem, foi sempre mais ou menos assim. Quem detinha a informação era poderoso – daí que a mídia foi elevada a quarto poder, tese contra a qual sempre me manifestei, achando que a mídia é uma força, mas não o poder.

Com a chegada da internet, suas imensas e inesperadas oportunidades, o monopólio da informação pulverizou-se. Os jornais, creio eu, foram os primeiros a sentir o golpe, os livros logo em seguida, havendo até a previsão de que ele acabará na medida em que se limitar ao seu atual desenho gráfico, que vem de Gutenberg.

Acontece que, mais cedo ou mais tarde, a mídia impressa ficará dependente não dos seus quadros profissionais, de sua estrutura de captação das informações. Qualquer pessoa, a qualquer hora do dia ou da noite, acessando blogs e sites individualizados, ficará por dentro do que acontece ou acontecerá.

Na atual crise que o país atravessa, a imprensa em muitas ocasiões foi caudatária do que os blogs informavam duas, três vezes ao dia. Em termos de amplidão, eles sempre ganharão de goleada da imprensa escrita e falada.

O gigantismo da internet tem, porém, pés de barro. Se ganha no alcance, perde no poder de concentração e análise. Qualquer pessoa, medianamente informada ou sem informação alguma, pode manter uma fonte de notícias ou comentários com responsabilidade zero, credibilidade zero, coerência zero.

O mercado da informação, que formaria o poder no mundo moderno, em breve estará tão poluído que dificilmente saberemos o que ainda não sabemos: o que é mentira e o que é verdade.

(Carlos Heitor Cony. In: <www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult505u241.shtml>. Acesso em 12/10/2009.) 60. (UFAL/2010) Assinale a alternativa na qual a regência nominal segue as regras da Norma Padrão.

a) A tese de que a mídia é um quarto poder não é compatível ao pensamento do autor. b) Algumas informações que são postas à disposição aos usuários da Internet nem sempre são confiáveis. c) O gigantismo da internet perde no poder de concentração e análise, devido ao acúmulo de informações. d) Pesquisas indicam que a mídia impressa ainda é preferível do que a Internet. e) Há sites não-confiáveis, que são propensos em darem informações apressadas.