23
Texto extraído do site JUS MILITARIS || www.jusmilitaris.com.br ______________________________________________________________________ Site Jus Militaris || www.jusmilitaris.com;.br O interrogatório por videoconferência conforme a lei 11.900/2009 RONALDO SAUNDERS Monteiro Oficial Assessor Jurídico da Marinha; Mestre em Direito Público e Evolução Social da Universidade Estácio de Sá (UNESA); e professor do curso de especialização em direito militar da UNESA. RESUMO Este estudo tem o objetivo de analisar a utilização da tecnologia da videoconferência, no interrogatório do réu preso, nos termos da Lei nº 11.900, de 8 de janeiro de 2009, que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941(Código de Processo Penal). Esta Lei veio prever a possibilidade de realização de interrogatório e outros atos processuais por sistema de videoconferência. Procura-se demonstrar a consonância do instituto com os princípios que norteiam o Processo Penal, tanto na ótica da garantia dos direitos do réu preso, como na da prestação jurisdicional célere e eficiente por parte do Estado. Os princípios que norteiam teoricamente o estudo são o da efetividade do acesso à justiça, bem como o da celeridade do processo penal, sem desconsiderar as garantias processuais do acusado, como contraditório, ampla defesa, identidade física do juiz, proporcionalidade, publicidade, e presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do poder público, além dos direitos da coletividade no que pertine à segurança pública. Para alcançar este objetivo, foram consultadas fontes de natureza legal, com destaque para o Código de Processo Penal e Constituição Federal de 1988 e também escassa doutrina sobre o assunto, conferindo-se relevo para estudiosos que se dedicaram ao exame do uso da videoconferência no processo penal. Os principais resultados indicam que é constitucional e perfeitamente possível a utilização da videoconferência no processo penal, desde que resquardados os direitos processuais do réu. PALAVRAS-CHAVE: INTERROGATÓRIO; VIDEOCONFERÊNCIA; CELERIDADE PROCESSUAL; RESPEITO; DIREITOS DO RÉU. RESUMEN Este estudio tiene como objetivo examinar el uso de la tecnología de videoconferencia en el interrogatorio de los acusados detenidos en virtud de la Ley N º 11.900 del 8 de enero de 2009, que modifica disposiciones del Decreto-ley n º 3689 de 3 de octubre 1941 (Código de Procedimiento Penal). Esta Ley prevé la posibilidad de realización de los interrogatorios y demás actos procesales por el sistema de videoconferencia. Se trata de demostrar la consonancia de la institución con los principios que guían el proceso penal, tanto desde el punto de vista de garantizar los derechos de la parte demandada condenada, como en la prestación de una revisión judicial rápida y eficaz por parte del Estado. Los principios son el estudio teórico de la efectividad del acceso a la justicia y la celeridad del procedimiento, sin desconocer las garantías procesales de los acusados, por contradictorio, defensa jurídica, la identidad física del juez, la proporcionalidad, la publicidad, y la presunción constitucionalidad de las leyes y los actos de autoridad pública, salvo los derechos de la comunidad en lo que se refiere a la seguridad pública. Para lograr este objetivo, se consultó a las fuentes jurídicas, en especial el Código de Procedimiento Penal y la Constitución Federal de 1988 y la doctrina también es escasa sobre el tema, que da alivio a los estudiosos que se han dedicado al estudio de la utilización de la videoconferencia en el proceso penal. Los principales resultados indican que es constitucional y la mayor claridad posible el uso de la videoconferencia en los procesos penales, siempre que resquardados los derechos procesales del acusado. PALABRAS CLAVE: INTERROGATORIO; VIDEOCONFERENCIA; JUICIO

Texto extraído do site JUS MILITARIS || ...jusmilitaris.com.br/sistema/arquivos/doutrinas/interrogatorio... · relevo para estudiosos que se dedicaram ao exame do uso da videoconferência

  • Upload
    buimien

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei 119002009

RONALDO SAUNDERS Monteiro

Oficial Assessor Juriacutedico da Marinha Mestre em Direito Puacuteblico e Evoluccedilatildeo Social da

Universidade Estaacutecio de Saacute (UNESA) e professor do curso de especializaccedilatildeo em direito

militar da UNESA

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de analisar a utilizaccedilatildeo da tecnologia da videoconferecircncia no

interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 que alterou

dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de outubro de 1941(Coacutedigo de Processo Penal)

Esta Lei veio prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e outros atos processuais

por sistema de videoconferecircncia Procura-se demonstrar a consonacircncia do instituto com os

princiacutepios que norteiam o Processo Penal tanto na oacutetica da garantia dos direitos do reacuteu

preso como na da prestaccedilatildeo jurisdicional ceacutelere e eficiente por parte do Estado Os

princiacutepios que norteiam teoricamente o estudo satildeo o da efetividade do acesso agrave justiccedila bem

como o da celeridade do processo penal sem desconsiderar as garantias processuais do

acusado como contraditoacuterio ampla defesa identidade fiacutesica do juiz proporcionalidade

publicidade e presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do poder puacuteblico aleacutem

dos direitos da coletividade no que pertine agrave seguranccedila puacuteblica Para alcanccedilar este objetivo

foram consultadas fontes de natureza legal com destaque para o Coacutedigo de Processo Penal e

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e tambeacutem escassa doutrina sobre o assunto conferindo-se

relevo para estudiosos que se dedicaram ao exame do uso da videoconferecircncia no processo

penal Os principais resultados indicam que eacute constitucional e perfeitamente possiacutevel a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal desde que resquardados os direitos processuais do reacuteu

PALAVRAS-CHAVE INTERROGATOacuteRIO VIDEOCONFEREcircNCIA

CELERIDADE PROCESSUAL RESPEITO DIREITOS DO REacuteU

RESUMEN

Este estudio tiene como objetivo examinar el uso de la tecnologiacutea de videoconferencia en el

interrogatorio de los acusados detenidos en virtud de la Ley N ordm 11900 del 8 de enero de

2009 que modifica disposiciones del Decreto-ley n ordm 3689 de 3 de octubre 1941 (Coacutedigo de

Procedimiento Penal) Esta Ley preveacute la posibilidad de realizacioacuten de los interrogatorios y

demaacutes actos procesales por el sistema de videoconferencia Se trata de demostrar la

consonancia de la institucioacuten con los principios que guiacutean el proceso penal tanto desde el

punto de vista de garantizar los derechos de la parte demandada condenada como en la

prestacioacuten de una revisioacuten judicial raacutepida y eficaz por parte del Estado Los principios son el

estudio teoacuterico de la efectividad del acceso a la justicia y la celeridad del procedimiento sin

desconocer las garantiacuteas procesales de los acusados por contradictorio defensa juriacutedica la

identidad fiacutesica del juez la proporcionalidad la publicidad y la presuncioacuten

constitucionalidad de las leyes y los actos de autoridad puacuteblica salvo los derechos de la

comunidad en lo que se refiere a la seguridad puacuteblica Para lograr este objetivo se consultoacute a

las fuentes juriacutedicas en especial el Coacutedigo de Procedimiento Penal y la Constitucioacuten Federal

de 1988 y la doctrina tambieacuten es escasa sobre el tema que da alivio a los estudiosos que se

han dedicado al estudio de la utilizacioacuten de la videoconferencia en el proceso penal Los

principales resultados indican que es constitucional y la mayor claridad posible el uso de la

videoconferencia en los procesos penales siempre que resquardados los derechos procesales del acusado

PALABRAS CLAVE INTERROGATORIO VIDEOCONFERENCIA JUICIO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

RAacutePIDO RESPETO DERECHO DEL DEMANDADO

1 A VIDEOCONFEREcircNCIA E A SOCIEDADE DA INFORMACcedilAtildeO

De acordo com Valfredo Joseacute dos Santos[1] citando Maria Juacutelia Giannasi e Marcos Dantas

a definiccedilatildeo de Sociedade da Informaccedilatildeo pode ser apresentada considerando o seguinte

ldquoA definiccedilatildeo mais comum de Sociedade da Informaccedilatildeo enfatiza as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas A

ideacuteia-chave eacute que os avanccedilos no processamento recuperaccedilatildeo e transmissatildeo da informaccedilatildeo

permitiram aplicaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo em todos os cantos da sociedade devido

a reduccedilatildeo dos custos dos computadores seu aumento prodigioso de capacidade de memoacuteria

e sua aplicaccedilatildeo em todo e qualquer lugar a partir da convergecircncia e imbricaccedilatildeo da

computaccedilatildeo e das telecomunicaccedilotildeesrdquo (GIANNASI 1999 p21)

Dantas (1998) esclarece que

A Sociedade da Informaccedilatildeo caracteriza uma etapa alcanccedilada pelo desenvolvimento

capitalista contemporacircneo no qual as atividades humanas determinantes para a vida

econocircmica e social organizam-se em torno da produccedilatildeo processamento e disseminaccedilatildeo da informaccedilatildeo atraveacutes das tecnologias eletrocircnicas

Natildeo haacute um consenso em torno do assunto entre numerosos conceitos elaborados preferimos o seguinte

Sociedade da Informaccedilatildeo eacute um estaacutegio de desenvolvimento social caracterizado pela

capacidade de seus membros (cidadatildeos empresas e administraccedilatildeo puacuteblica) de obter e

compartilhar qualquer informaccedilatildeo instantaneamente de qualquer lugar e da maneira mais adequadardquo (GRUPO TELEFOcircNICA NO BRASIL 2002)rdquo

A sociedade brasileira possui o desenvolvimento nacional como um objetivo fundamental da

Repuacuteblica Federativa do Brasil conforme artigo 3ordm inciso II da Constituiccedilatildeo Federal e

possui no livre acesso agrave informaccedilatildeo pelo meio de comunicaccedilatildeo adequado uma funccedilatildeo

essencial na promoccedilatildeo da riqueza e bem-estar da populaccedilatildeo Para a Sociedade da Informaccedilatildeo

crescer eacute preciso que todos usufruam das Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo que

hoje representam instrumentos essenciais na comuicaccedilatildeo entre as pessoas empresas e instituiccedilotildees as mais variadas

Por outro lado diante de qualquer inovaccedilatildeo eacute natural certa resistecircncia provavelmente

devido ao temor do desconhecido entretanto novos haacutebitos derivados da praacutetica diaacuteria

contribuem para que se reconheccedila suas vantagens o que tende levar agrave mudanccedila de atitude

Nesse processo a resistecircncia eacute superada o que se verifica mediante um novo comportamento

do indiviacuteduo agora receptivo aacutes inovaccedilotildees tecnoloacutegicas Esse ponto de vista encontra

respaldo em Luis Gustavo Grandinetti Castanho[2] quando admite que ldquoeacute inegaacutevel que

estamos passando por uma revoluccedilatildeo nas comunicaccedilotildees Todas as revoluccedilotildees causam

traumas natildeo soacute porque rompem com as relaccedilotildees tradicionais mas tambeacutem porque lanccedilam o homem no desconhecido que ele natildeo tem como conhecer e controlarrdquo

Do ponto de vista da Lei Maior o artigo 218 da Constituiccedilatildeo vigente estabelece que o

Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a pesquisa e a capacitaccedilatildeo

tecnoloacutegicas Assim eacute obrigaccedilatildeo do Estado e da Sociedade garantirem que os benefiacutecios

oriundos da Era da Informaccedilatildeo cheguem a todos sem exceccedilatildeo

A Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil ndash Livro Verde de Tadao Takahashi[3] demonstra que

o avanccedilo das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo resultou no desenvolvimento de

vaacuterias aacutereas bem como a implantaccedilatildeo dessa infra-estrutura eacute estrateacutegica para proporcionar o desenvolvimento

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoO avanccedilo das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo resultou no desenvolvimento de

um grande nuacutemero de aplicaccedilotildees como telemedicina ensino a distacircncia comeacutercio eletrocircnico

etc que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos cidadatildeos e elevar a

competitividade das empresas Em um mundo crescentemente globalizado as transaccedilotildees

econocircmicas entres paiacuteses e as interaccedilotildees entre indiviacuteduos e comunidades tendem a ser

realizadas por uma infra-estrutura global baseada em redes de alta velocidade

A implantaccedilatildeo dessa infra-estrutura eacute hoje estrateacutegica para a maior parte dos paiacuteses e blocos

econocircmicos que percebem um enorme potencial de aplicaccedilotildees para melhorar sua

competitividade e a qualidade de vida de seus cidadatildeos Os paiacuteses que natildeo acompanharem

essa tendecircncia correm o risco de ficar agrave margem do desenvolvimento da nova economia em

se tratando de paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil os desniacuteveis tecnoloacutegicos em

relaccedilatildeo aos paiacuteses avanccedilados podem-se acentuar e as desigualdades sociais e econocircmicas

aprofundarem-se ainda mais Nesse contexto eacute prioritaacuterio o desenvolvimento e a implantaccedilatildeo da Internet de nova geraccedilatildeo no Paiacutes

A viabilizaccedilatildeo desse projeto requer comunicaccedilatildeo avanccedilada e segura a partir da utilizaccedilatildeo de

circuitos de alta velocidade com elevada capacidade de traacutefego Sobre essa infra-estrutura eacute

preciso atribuir ecircnfase especial ao desenvolvimento de serviccedilos e aplicaccedilotildees em aacutereas

sociais comerciais e estrateacutegicas pois o ldquoque fazerrdquo torna-se muito mais importante do que a rede em sirdquo

Como se pode depreender a tecnologia pode ser mais um elemento integrador por reduzir

distacircncia tempo e custos Por seu turno a videoconferecircncia eacute uma ldquonovardquo tecnologia que

permite a vaacuterias pessoas em lugares distintos estabelecer comunicaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo como descreve Fernanda Barbosa Ferrari[4]

ldquoA tecnologia da videoconferecircncia permite que duas ou mais pessoas em lugares diferentes

possam ver e ouvir umas agraves outras ao mesmo tempo agraves vezes compartilhando apresentaccedilotildees

pelo computador ou cacircmara de documentos Eacute um sistema interativo de comunicaccedilatildeo em

aacuteudio e viacutedeo havendo uma interatividade em tempo real ldquotransformando a sala de aula

presencial num grande lugar espalhado geograficamenterdquo

Valfredo Joseacute dos Santos[5] preconiza a participaccedilatildeo do Governo na democratizaccedilatildeo do

acesso aos meios eletrocircnicos como objetivo primordial tendo como foco uma administraccedilatildeo eficiente e transparente e acrescenta

ldquoO Governo deve ser o promotor da democratizaccedilatildeo do amplo acesso aos meios eletrocircnicos

de informaccedilatildeo com o fim de alcanccedilar uma administraccedilatildeo eficiente e transparente Na esfera

do Judiciaacuterio em relaccedilatildeo ao uso das novas tecnologias em prol de uma prestaccedilatildeo judiciaacuteria

ceacutelere e efetiva temos o Processo Judicial Eletrocircnico como uma soluccedilatildeo promissorardquo

O passo decisivo inicial na implantaccedilatildeo do processo eletrocircnico foi a Lei nordm 8245 de

18101991 que dispotildee sobre as locaccedilotildees dos imoacuteveis urbanos e os procedimentos a elas

pertinentes no seu artigo 58 inciso IV ao prever que nas accedilotildees de despejo consignaccedilatildeo em

pagamento de aluguel e acessoacuterio da locaccedilatildeo revisionais de aluguel e renovatoacuterias de

locaccedilatildeo tratando-se de pessoa juriacutedica ou firma individual desde que autorizado no contrato a citaccedilatildeo intimaccedilatildeo ou notificaccedilatildeo far-se-aacute mediante telex ou fac-siacutemile

Outro embriatildeo foi a Lei nordm 9800 de 26051999 que permitiu agraves partes a utilizaccedilatildeo de

sistema de transmissatildeo de dados e imagens tipo fac-siacutemile ou outro similar para a praacutetica de

atos processuais que dependam de peticcedilatildeo escrita Merece ainda destaque a Lei nordm 11280 de

16022006 que alterou o artigo 154 do Coacutedigo de Processo Civil (CPC) autorizando os

tribunais no acircmbito da respectiva jurisdiccedilatildeo a disciplinar a praacutetica e a comunicaccedilatildeo oficial

dos atos processuais por meios eletrocircnicos atendidos os requisitos de autenticidade

integridade validade juriacutedica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Puacuteblicas Brasileira - ICP ndash Brasil

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Outro dispositivo foi a Lei nordm 11382 de 06122006 que alterou o CPC criando a penhora

por meio eletrocircnico

Mas foi a Lei nordm 11419 de 19122006 que dispocircs sobre o uso de meio eletrocircnico na

tramitaccedilatildeo de processos judiciais comunicaccedilatildeo de atos e transmissatildeo de peccedilas processuais

que promoveu avanccedilo significativo Os processos eletrocircnicos satildeo utilizados pelo Supremo

Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiccedila e Juizados Especiais Virtuais por exemplo e

quanto agraves peticcedilotildees eletrocircnicas quase todo oacutergatildeo do Poder Judiciaacuterio disponibiliza na sua paacutegina da internet

O Processo Judicial Digital (PROJUDI)[6] eacute um software de tramitaccedilatildeo eletrocircnica de

processos mantido pelo Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) utilizado hoje na maioria dos

Estados brasileiros e constitui ferramenta essencial para um processo ceacutelere e eficiente

Outro exemplo digno de realce eacute o da Justiccedila Eleitoral[7] que informatizou o registro do

voto agregando mais qualidade agilidade transparecircncia seguranccedila e robustez ao processo eleitoral

Apesar de a tecnologia ser empregada com bastante proveito pelo Poder Judiciaacuterio brasileiro

a maioria dos processualistas resiste ao processo eletrocircnico muitos ainda apegados agrave visatildeo

burocraacutetica e conservadora que considera a utilizaccedilatildeo do papel como uacutenico meio confiaacutevel

de armazenar a informaccedilatildeo Essa visatildeo eacute expressa com clareza por Alexandre Vidigal de Oliveira[8]

ldquoNos ldquoautos fiacutesicosrdquo eacute possiacutevel a percepccedilatildeo do conjunto do todo natildeo eacute preciso ler peccedila por

peccedila para se chegar aonde se quer E aonde se quer chegar com o manuseio de peccedilas obteacutem-

se informaccedilatildeo ceacutelere como placas a sinalizarem os caminhos A gama de subinformaccedilotildees

disponiacuteveis pelas mais distintas caracteriacutesticas das folhas de papel em razatildeo da cor da

gramatura da formataccedilatildeo do tamanho do seu estado de conservaccedilatildeo da sua posiccedilatildeo nos

autos etc facilita o processo de assimilaccedilatildeo mental do todo e a seletividade do conteuacutedo da

informaccedilatildeo desejada Vai-se de peccedila a peccedila de monte em monte de frente para traacutes de traacutes

para frente com uma agilidade e desenvoltura quase que involuntaacuteria automaacutetica ateacute mesmo

intuitiva e com uma rapidez de fazer inveja aos mais avanccedilados recursos informaacuteticos frise-

se apenas vendo como um esquema neuroloacutegico previamente formatado para uma interaccedilatildeo cognitiva com aquele ambienterdquo

ldquoJaacute nos ldquoautos eletrocircnicosrdquo natildeo As peccedilas processuais virtualizadas desmaterializadas e

padronizadas que satildeo em meio eletrocircnico sem as distinccedilotildees fiacutesicas do papel onde as

paacuteginas em imagens aparecem isoladas do todo impossibilitam selecionar a informaccedilatildeo

desejada apenas vendo-se Tudo eacute aparentemente igual A falta de subinformaccedilotildees como as

oferecidas pelo papel mdash cores tamanhos gramaturas estado de conservaccedilatildeo mdash afunila as

opccedilotildees do ceacuterebro em distinguir o que eacute o quecirc exigindo como atalho o recurso da leitura

Para se identificar uma informaccedilatildeo interessada de regra eacute necessaacuterio ler apenas o ver jaacute natildeo

leva a lugar algum E a leitura constante permanente como uacutenica fonte de informaccedilatildeo do

acesso e do conteuacutedo fundindo sinalizaccedilatildeo e caminho em uma coisa soacute eacute tarefa exaustiva a comprometer no dia-a-dia de labuta a disposiccedilatildeo mental do corpo para produzirrdquo

A adesatildeo agrave tecnologia moderna eacute processo gradual e diferente entre os diversos ramos do

Direito alguns aceitam de forma mais veloz do que outros Nesse sentido a observaccedilatildeo de

Marco Antocircnio de Barros e Ceacutesar Eduardo Lavoura Romatildeo[9]

ldquoEmbora bem aceita nas relaccedilotildees sociais comuns do indiviacuteduo a tecnologia moderna ainda

natildeo sedimentou com a velocidade que a caracteriza suas raiacutezes simplificadoras e uacuteteis no

procesos criminal Enquanto em outras aacutereas da Justiccedila tornou-se comum a adoccedilatildeo de um

processo virtual como por exemplo nas varas judiciais federais que julgam benefiacutecios

previdenciaacuterios realizando-se ali a praacutetica de atos em ambiente virtual por meio da internet

e de outros meios de comunicaccedilatildeo no processo criminal existe uma barreira intectual que oferece significativa resistecircncia a esse tipo de progresso

Vivemos na sociedade da informaccedilatildeo Isto eacute um fato e natildeo haacute escapatoacuteria Ou adaptamos os

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

nossos instrumentos de realizaccedilatildeo da Justiccedila ou esta se tornaraacute inoperante e apenas um

siacutembolo distante e abstrato Os anais da ciecircncia juriacutedica nos ensinam que a adoccedilatildeo de novas

tecnologias sempre eacute marcada e precedida de periacuteodos traumaacuteticos repletos de acalourados

debates que num primeiro momento podem encontrar eco na doutrina mas logo se tornam superados pelo bom senso e pelo predomiacutenio de uma nova e irresistiacutevel realidade socialrdquo

Os profissionais do Direito como integrantes da Sociedade da Informaccedilatildeo natildeo podem

esquivar-se indefinidamente do avanccedilo tecnoloacutegico tanto na esfera material quanto

processual sendo cediccedilo que tal medida contribui para reparar grande deficiecircncia quanto agrave

morosidade processual Natildeo eacute de hoje que o Estado vem incluindo as novas tecnologias nos serviccedilos puacuteblicos prestados ao cidadatildeo

A principal razatildeo para o processo civil seguir na frente do processo penal quanto a sua

informatizaccedilatildeo seria o bem juriacutedico protegido por aquele constituir o patrimocircnio da pessoa

(disponiacuteveis) enquanto que no processo penal estaria em discussatildeo a preservaccedilatildeo da

liberdade de locomoccedilatildeo do indiviacuteduo (indisponiacutevel) Considerando que o segundo eacute de

natureza distinta do primeiro e o seu erro acarretaria conseguecircncias mais prejudiciais assim o processo civil pocircde se desenvolver eletronicamente na frente do processo penal

A maioria da populaccedilatildeo brasileira natildeo dispotildee ainda de situaccedilatildeo financeira suficiente para

garantir acesso as novas tecnologias principalmente quanto agrave internet poreacutem o Estado

atraveacutes das suas Universidades e Centros Tecnoloacutegicos possui meios para desenvolver

tambeacutem descobertas no mundo virtual ateacute por forccedila do artigo 218 da Constituiccedilatildeo Federal o

qual preceitua que o Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a

pesquisa e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegicas Assim torna-se responsabilidade indubitaacutevel do Poder

Puacuteblico disponibilizar ao cidadatildeo acesso as novas tecnologias onde a videoconferecircncia estaacute inserida principalmente para contribuir diretamente na celeridade processual

A Lei nordm 11900 de 08012009 que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de

outubro de 1941 - Coacutedigo de Processo Penal para prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e outros atos processuais por sistema de videoconferecircncia trouxe a todo e

qualquer cidadatildeo que venha a ser reacuteu preso em accedilatildeo penal a previsatildeo excepcional de o juiz

por decisatildeo fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o

interrogatoacuterio do reacuteu preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de

transmissatildeo de sons e imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para

atender a uma das finalidades previstas na lei

A videoconferecircncia no processo penal jaacute eacute realidade na Justiccedila Brasileira mais

especificamente na Justiccedila Estadual de Satildeo Paulo cujo Tribunal de Justiccedila[10] vem

expandindo as salas de audiecircncia por videoconferecircncia Essa medida natildeo deixa de ser

benefiacutecio trazido pela Sociedade da Informaccedilatildeo e aplicado pelo Estado ao universo das

pessoas que se submetem ao processo penal

Armanda Mattelart[11] esclarece melhor esse aspecto nos seguintes termos

ldquoA noccedilatildeo de sociedade da informaccedilatildeo que se popularizou refere-se a um projeto concreto

que [ ] natildeo beneficia a maioria mas que estaacute construindo precisamente sobre o mito de

que vai beneficiar a grande maioria Eacute uma crenccedila que desde o seu comeccedilo acompanha as tecnologias de comunicaccedilatildeo a distacircnciardquo

O processo de globalizaccedilatildeo das sociedades onde estatildeo inseridos os avanccedilos tecnoloacutegicos natildeo

se reveste de mero caraacuteter econocircmico pois traz como principal caracteriacutestica um novo modelo de organizaccedilatildeo da sociedade contemporacircnea como elucida Giddens[12]

ldquoA comunicaccedilatildeo eletrocircnica instantacircnea natildeo eacute apenas um meio pelo qual notiacutecias ou

informaccedilotildees satildeo transmitidas mais rapidamente Sua existecircncia altera a proacutepria estrutura de

nossas vidas quer sejamos ricos ou pobres Quando a imagem de Nelson Mandela pode ser

mais familiar para noacutes que o rosto do nosso vizinho de porta alguma coisa mudou na

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

RAacutePIDO RESPETO DERECHO DEL DEMANDADO

1 A VIDEOCONFEREcircNCIA E A SOCIEDADE DA INFORMACcedilAtildeO

De acordo com Valfredo Joseacute dos Santos[1] citando Maria Juacutelia Giannasi e Marcos Dantas

a definiccedilatildeo de Sociedade da Informaccedilatildeo pode ser apresentada considerando o seguinte

ldquoA definiccedilatildeo mais comum de Sociedade da Informaccedilatildeo enfatiza as inovaccedilotildees tecnoloacutegicas A

ideacuteia-chave eacute que os avanccedilos no processamento recuperaccedilatildeo e transmissatildeo da informaccedilatildeo

permitiram aplicaccedilatildeo das tecnologias de informaccedilatildeo em todos os cantos da sociedade devido

a reduccedilatildeo dos custos dos computadores seu aumento prodigioso de capacidade de memoacuteria

e sua aplicaccedilatildeo em todo e qualquer lugar a partir da convergecircncia e imbricaccedilatildeo da

computaccedilatildeo e das telecomunicaccedilotildeesrdquo (GIANNASI 1999 p21)

Dantas (1998) esclarece que

A Sociedade da Informaccedilatildeo caracteriza uma etapa alcanccedilada pelo desenvolvimento

capitalista contemporacircneo no qual as atividades humanas determinantes para a vida

econocircmica e social organizam-se em torno da produccedilatildeo processamento e disseminaccedilatildeo da informaccedilatildeo atraveacutes das tecnologias eletrocircnicas

Natildeo haacute um consenso em torno do assunto entre numerosos conceitos elaborados preferimos o seguinte

Sociedade da Informaccedilatildeo eacute um estaacutegio de desenvolvimento social caracterizado pela

capacidade de seus membros (cidadatildeos empresas e administraccedilatildeo puacuteblica) de obter e

compartilhar qualquer informaccedilatildeo instantaneamente de qualquer lugar e da maneira mais adequadardquo (GRUPO TELEFOcircNICA NO BRASIL 2002)rdquo

A sociedade brasileira possui o desenvolvimento nacional como um objetivo fundamental da

Repuacuteblica Federativa do Brasil conforme artigo 3ordm inciso II da Constituiccedilatildeo Federal e

possui no livre acesso agrave informaccedilatildeo pelo meio de comunicaccedilatildeo adequado uma funccedilatildeo

essencial na promoccedilatildeo da riqueza e bem-estar da populaccedilatildeo Para a Sociedade da Informaccedilatildeo

crescer eacute preciso que todos usufruam das Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo que

hoje representam instrumentos essenciais na comuicaccedilatildeo entre as pessoas empresas e instituiccedilotildees as mais variadas

Por outro lado diante de qualquer inovaccedilatildeo eacute natural certa resistecircncia provavelmente

devido ao temor do desconhecido entretanto novos haacutebitos derivados da praacutetica diaacuteria

contribuem para que se reconheccedila suas vantagens o que tende levar agrave mudanccedila de atitude

Nesse processo a resistecircncia eacute superada o que se verifica mediante um novo comportamento

do indiviacuteduo agora receptivo aacutes inovaccedilotildees tecnoloacutegicas Esse ponto de vista encontra

respaldo em Luis Gustavo Grandinetti Castanho[2] quando admite que ldquoeacute inegaacutevel que

estamos passando por uma revoluccedilatildeo nas comunicaccedilotildees Todas as revoluccedilotildees causam

traumas natildeo soacute porque rompem com as relaccedilotildees tradicionais mas tambeacutem porque lanccedilam o homem no desconhecido que ele natildeo tem como conhecer e controlarrdquo

Do ponto de vista da Lei Maior o artigo 218 da Constituiccedilatildeo vigente estabelece que o

Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a pesquisa e a capacitaccedilatildeo

tecnoloacutegicas Assim eacute obrigaccedilatildeo do Estado e da Sociedade garantirem que os benefiacutecios

oriundos da Era da Informaccedilatildeo cheguem a todos sem exceccedilatildeo

A Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil ndash Livro Verde de Tadao Takahashi[3] demonstra que

o avanccedilo das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo resultou no desenvolvimento de

vaacuterias aacutereas bem como a implantaccedilatildeo dessa infra-estrutura eacute estrateacutegica para proporcionar o desenvolvimento

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoO avanccedilo das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo resultou no desenvolvimento de

um grande nuacutemero de aplicaccedilotildees como telemedicina ensino a distacircncia comeacutercio eletrocircnico

etc que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos cidadatildeos e elevar a

competitividade das empresas Em um mundo crescentemente globalizado as transaccedilotildees

econocircmicas entres paiacuteses e as interaccedilotildees entre indiviacuteduos e comunidades tendem a ser

realizadas por uma infra-estrutura global baseada em redes de alta velocidade

A implantaccedilatildeo dessa infra-estrutura eacute hoje estrateacutegica para a maior parte dos paiacuteses e blocos

econocircmicos que percebem um enorme potencial de aplicaccedilotildees para melhorar sua

competitividade e a qualidade de vida de seus cidadatildeos Os paiacuteses que natildeo acompanharem

essa tendecircncia correm o risco de ficar agrave margem do desenvolvimento da nova economia em

se tratando de paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil os desniacuteveis tecnoloacutegicos em

relaccedilatildeo aos paiacuteses avanccedilados podem-se acentuar e as desigualdades sociais e econocircmicas

aprofundarem-se ainda mais Nesse contexto eacute prioritaacuterio o desenvolvimento e a implantaccedilatildeo da Internet de nova geraccedilatildeo no Paiacutes

A viabilizaccedilatildeo desse projeto requer comunicaccedilatildeo avanccedilada e segura a partir da utilizaccedilatildeo de

circuitos de alta velocidade com elevada capacidade de traacutefego Sobre essa infra-estrutura eacute

preciso atribuir ecircnfase especial ao desenvolvimento de serviccedilos e aplicaccedilotildees em aacutereas

sociais comerciais e estrateacutegicas pois o ldquoque fazerrdquo torna-se muito mais importante do que a rede em sirdquo

Como se pode depreender a tecnologia pode ser mais um elemento integrador por reduzir

distacircncia tempo e custos Por seu turno a videoconferecircncia eacute uma ldquonovardquo tecnologia que

permite a vaacuterias pessoas em lugares distintos estabelecer comunicaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo como descreve Fernanda Barbosa Ferrari[4]

ldquoA tecnologia da videoconferecircncia permite que duas ou mais pessoas em lugares diferentes

possam ver e ouvir umas agraves outras ao mesmo tempo agraves vezes compartilhando apresentaccedilotildees

pelo computador ou cacircmara de documentos Eacute um sistema interativo de comunicaccedilatildeo em

aacuteudio e viacutedeo havendo uma interatividade em tempo real ldquotransformando a sala de aula

presencial num grande lugar espalhado geograficamenterdquo

Valfredo Joseacute dos Santos[5] preconiza a participaccedilatildeo do Governo na democratizaccedilatildeo do

acesso aos meios eletrocircnicos como objetivo primordial tendo como foco uma administraccedilatildeo eficiente e transparente e acrescenta

ldquoO Governo deve ser o promotor da democratizaccedilatildeo do amplo acesso aos meios eletrocircnicos

de informaccedilatildeo com o fim de alcanccedilar uma administraccedilatildeo eficiente e transparente Na esfera

do Judiciaacuterio em relaccedilatildeo ao uso das novas tecnologias em prol de uma prestaccedilatildeo judiciaacuteria

ceacutelere e efetiva temos o Processo Judicial Eletrocircnico como uma soluccedilatildeo promissorardquo

O passo decisivo inicial na implantaccedilatildeo do processo eletrocircnico foi a Lei nordm 8245 de

18101991 que dispotildee sobre as locaccedilotildees dos imoacuteveis urbanos e os procedimentos a elas

pertinentes no seu artigo 58 inciso IV ao prever que nas accedilotildees de despejo consignaccedilatildeo em

pagamento de aluguel e acessoacuterio da locaccedilatildeo revisionais de aluguel e renovatoacuterias de

locaccedilatildeo tratando-se de pessoa juriacutedica ou firma individual desde que autorizado no contrato a citaccedilatildeo intimaccedilatildeo ou notificaccedilatildeo far-se-aacute mediante telex ou fac-siacutemile

Outro embriatildeo foi a Lei nordm 9800 de 26051999 que permitiu agraves partes a utilizaccedilatildeo de

sistema de transmissatildeo de dados e imagens tipo fac-siacutemile ou outro similar para a praacutetica de

atos processuais que dependam de peticcedilatildeo escrita Merece ainda destaque a Lei nordm 11280 de

16022006 que alterou o artigo 154 do Coacutedigo de Processo Civil (CPC) autorizando os

tribunais no acircmbito da respectiva jurisdiccedilatildeo a disciplinar a praacutetica e a comunicaccedilatildeo oficial

dos atos processuais por meios eletrocircnicos atendidos os requisitos de autenticidade

integridade validade juriacutedica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Puacuteblicas Brasileira - ICP ndash Brasil

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Outro dispositivo foi a Lei nordm 11382 de 06122006 que alterou o CPC criando a penhora

por meio eletrocircnico

Mas foi a Lei nordm 11419 de 19122006 que dispocircs sobre o uso de meio eletrocircnico na

tramitaccedilatildeo de processos judiciais comunicaccedilatildeo de atos e transmissatildeo de peccedilas processuais

que promoveu avanccedilo significativo Os processos eletrocircnicos satildeo utilizados pelo Supremo

Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiccedila e Juizados Especiais Virtuais por exemplo e

quanto agraves peticcedilotildees eletrocircnicas quase todo oacutergatildeo do Poder Judiciaacuterio disponibiliza na sua paacutegina da internet

O Processo Judicial Digital (PROJUDI)[6] eacute um software de tramitaccedilatildeo eletrocircnica de

processos mantido pelo Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) utilizado hoje na maioria dos

Estados brasileiros e constitui ferramenta essencial para um processo ceacutelere e eficiente

Outro exemplo digno de realce eacute o da Justiccedila Eleitoral[7] que informatizou o registro do

voto agregando mais qualidade agilidade transparecircncia seguranccedila e robustez ao processo eleitoral

Apesar de a tecnologia ser empregada com bastante proveito pelo Poder Judiciaacuterio brasileiro

a maioria dos processualistas resiste ao processo eletrocircnico muitos ainda apegados agrave visatildeo

burocraacutetica e conservadora que considera a utilizaccedilatildeo do papel como uacutenico meio confiaacutevel

de armazenar a informaccedilatildeo Essa visatildeo eacute expressa com clareza por Alexandre Vidigal de Oliveira[8]

ldquoNos ldquoautos fiacutesicosrdquo eacute possiacutevel a percepccedilatildeo do conjunto do todo natildeo eacute preciso ler peccedila por

peccedila para se chegar aonde se quer E aonde se quer chegar com o manuseio de peccedilas obteacutem-

se informaccedilatildeo ceacutelere como placas a sinalizarem os caminhos A gama de subinformaccedilotildees

disponiacuteveis pelas mais distintas caracteriacutesticas das folhas de papel em razatildeo da cor da

gramatura da formataccedilatildeo do tamanho do seu estado de conservaccedilatildeo da sua posiccedilatildeo nos

autos etc facilita o processo de assimilaccedilatildeo mental do todo e a seletividade do conteuacutedo da

informaccedilatildeo desejada Vai-se de peccedila a peccedila de monte em monte de frente para traacutes de traacutes

para frente com uma agilidade e desenvoltura quase que involuntaacuteria automaacutetica ateacute mesmo

intuitiva e com uma rapidez de fazer inveja aos mais avanccedilados recursos informaacuteticos frise-

se apenas vendo como um esquema neuroloacutegico previamente formatado para uma interaccedilatildeo cognitiva com aquele ambienterdquo

ldquoJaacute nos ldquoautos eletrocircnicosrdquo natildeo As peccedilas processuais virtualizadas desmaterializadas e

padronizadas que satildeo em meio eletrocircnico sem as distinccedilotildees fiacutesicas do papel onde as

paacuteginas em imagens aparecem isoladas do todo impossibilitam selecionar a informaccedilatildeo

desejada apenas vendo-se Tudo eacute aparentemente igual A falta de subinformaccedilotildees como as

oferecidas pelo papel mdash cores tamanhos gramaturas estado de conservaccedilatildeo mdash afunila as

opccedilotildees do ceacuterebro em distinguir o que eacute o quecirc exigindo como atalho o recurso da leitura

Para se identificar uma informaccedilatildeo interessada de regra eacute necessaacuterio ler apenas o ver jaacute natildeo

leva a lugar algum E a leitura constante permanente como uacutenica fonte de informaccedilatildeo do

acesso e do conteuacutedo fundindo sinalizaccedilatildeo e caminho em uma coisa soacute eacute tarefa exaustiva a comprometer no dia-a-dia de labuta a disposiccedilatildeo mental do corpo para produzirrdquo

A adesatildeo agrave tecnologia moderna eacute processo gradual e diferente entre os diversos ramos do

Direito alguns aceitam de forma mais veloz do que outros Nesse sentido a observaccedilatildeo de

Marco Antocircnio de Barros e Ceacutesar Eduardo Lavoura Romatildeo[9]

ldquoEmbora bem aceita nas relaccedilotildees sociais comuns do indiviacuteduo a tecnologia moderna ainda

natildeo sedimentou com a velocidade que a caracteriza suas raiacutezes simplificadoras e uacuteteis no

procesos criminal Enquanto em outras aacutereas da Justiccedila tornou-se comum a adoccedilatildeo de um

processo virtual como por exemplo nas varas judiciais federais que julgam benefiacutecios

previdenciaacuterios realizando-se ali a praacutetica de atos em ambiente virtual por meio da internet

e de outros meios de comunicaccedilatildeo no processo criminal existe uma barreira intectual que oferece significativa resistecircncia a esse tipo de progresso

Vivemos na sociedade da informaccedilatildeo Isto eacute um fato e natildeo haacute escapatoacuteria Ou adaptamos os

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

nossos instrumentos de realizaccedilatildeo da Justiccedila ou esta se tornaraacute inoperante e apenas um

siacutembolo distante e abstrato Os anais da ciecircncia juriacutedica nos ensinam que a adoccedilatildeo de novas

tecnologias sempre eacute marcada e precedida de periacuteodos traumaacuteticos repletos de acalourados

debates que num primeiro momento podem encontrar eco na doutrina mas logo se tornam superados pelo bom senso e pelo predomiacutenio de uma nova e irresistiacutevel realidade socialrdquo

Os profissionais do Direito como integrantes da Sociedade da Informaccedilatildeo natildeo podem

esquivar-se indefinidamente do avanccedilo tecnoloacutegico tanto na esfera material quanto

processual sendo cediccedilo que tal medida contribui para reparar grande deficiecircncia quanto agrave

morosidade processual Natildeo eacute de hoje que o Estado vem incluindo as novas tecnologias nos serviccedilos puacuteblicos prestados ao cidadatildeo

A principal razatildeo para o processo civil seguir na frente do processo penal quanto a sua

informatizaccedilatildeo seria o bem juriacutedico protegido por aquele constituir o patrimocircnio da pessoa

(disponiacuteveis) enquanto que no processo penal estaria em discussatildeo a preservaccedilatildeo da

liberdade de locomoccedilatildeo do indiviacuteduo (indisponiacutevel) Considerando que o segundo eacute de

natureza distinta do primeiro e o seu erro acarretaria conseguecircncias mais prejudiciais assim o processo civil pocircde se desenvolver eletronicamente na frente do processo penal

A maioria da populaccedilatildeo brasileira natildeo dispotildee ainda de situaccedilatildeo financeira suficiente para

garantir acesso as novas tecnologias principalmente quanto agrave internet poreacutem o Estado

atraveacutes das suas Universidades e Centros Tecnoloacutegicos possui meios para desenvolver

tambeacutem descobertas no mundo virtual ateacute por forccedila do artigo 218 da Constituiccedilatildeo Federal o

qual preceitua que o Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a

pesquisa e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegicas Assim torna-se responsabilidade indubitaacutevel do Poder

Puacuteblico disponibilizar ao cidadatildeo acesso as novas tecnologias onde a videoconferecircncia estaacute inserida principalmente para contribuir diretamente na celeridade processual

A Lei nordm 11900 de 08012009 que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de

outubro de 1941 - Coacutedigo de Processo Penal para prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e outros atos processuais por sistema de videoconferecircncia trouxe a todo e

qualquer cidadatildeo que venha a ser reacuteu preso em accedilatildeo penal a previsatildeo excepcional de o juiz

por decisatildeo fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o

interrogatoacuterio do reacuteu preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de

transmissatildeo de sons e imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para

atender a uma das finalidades previstas na lei

A videoconferecircncia no processo penal jaacute eacute realidade na Justiccedila Brasileira mais

especificamente na Justiccedila Estadual de Satildeo Paulo cujo Tribunal de Justiccedila[10] vem

expandindo as salas de audiecircncia por videoconferecircncia Essa medida natildeo deixa de ser

benefiacutecio trazido pela Sociedade da Informaccedilatildeo e aplicado pelo Estado ao universo das

pessoas que se submetem ao processo penal

Armanda Mattelart[11] esclarece melhor esse aspecto nos seguintes termos

ldquoA noccedilatildeo de sociedade da informaccedilatildeo que se popularizou refere-se a um projeto concreto

que [ ] natildeo beneficia a maioria mas que estaacute construindo precisamente sobre o mito de

que vai beneficiar a grande maioria Eacute uma crenccedila que desde o seu comeccedilo acompanha as tecnologias de comunicaccedilatildeo a distacircnciardquo

O processo de globalizaccedilatildeo das sociedades onde estatildeo inseridos os avanccedilos tecnoloacutegicos natildeo

se reveste de mero caraacuteter econocircmico pois traz como principal caracteriacutestica um novo modelo de organizaccedilatildeo da sociedade contemporacircnea como elucida Giddens[12]

ldquoA comunicaccedilatildeo eletrocircnica instantacircnea natildeo eacute apenas um meio pelo qual notiacutecias ou

informaccedilotildees satildeo transmitidas mais rapidamente Sua existecircncia altera a proacutepria estrutura de

nossas vidas quer sejamos ricos ou pobres Quando a imagem de Nelson Mandela pode ser

mais familiar para noacutes que o rosto do nosso vizinho de porta alguma coisa mudou na

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoO avanccedilo das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo resultou no desenvolvimento de

um grande nuacutemero de aplicaccedilotildees como telemedicina ensino a distacircncia comeacutercio eletrocircnico

etc que podem melhorar significativamente a qualidade de vida dos cidadatildeos e elevar a

competitividade das empresas Em um mundo crescentemente globalizado as transaccedilotildees

econocircmicas entres paiacuteses e as interaccedilotildees entre indiviacuteduos e comunidades tendem a ser

realizadas por uma infra-estrutura global baseada em redes de alta velocidade

A implantaccedilatildeo dessa infra-estrutura eacute hoje estrateacutegica para a maior parte dos paiacuteses e blocos

econocircmicos que percebem um enorme potencial de aplicaccedilotildees para melhorar sua

competitividade e a qualidade de vida de seus cidadatildeos Os paiacuteses que natildeo acompanharem

essa tendecircncia correm o risco de ficar agrave margem do desenvolvimento da nova economia em

se tratando de paiacuteses em desenvolvimento como o Brasil os desniacuteveis tecnoloacutegicos em

relaccedilatildeo aos paiacuteses avanccedilados podem-se acentuar e as desigualdades sociais e econocircmicas

aprofundarem-se ainda mais Nesse contexto eacute prioritaacuterio o desenvolvimento e a implantaccedilatildeo da Internet de nova geraccedilatildeo no Paiacutes

A viabilizaccedilatildeo desse projeto requer comunicaccedilatildeo avanccedilada e segura a partir da utilizaccedilatildeo de

circuitos de alta velocidade com elevada capacidade de traacutefego Sobre essa infra-estrutura eacute

preciso atribuir ecircnfase especial ao desenvolvimento de serviccedilos e aplicaccedilotildees em aacutereas

sociais comerciais e estrateacutegicas pois o ldquoque fazerrdquo torna-se muito mais importante do que a rede em sirdquo

Como se pode depreender a tecnologia pode ser mais um elemento integrador por reduzir

distacircncia tempo e custos Por seu turno a videoconferecircncia eacute uma ldquonovardquo tecnologia que

permite a vaacuterias pessoas em lugares distintos estabelecer comunicaccedilatildeo em aacuteudio e viacutedeo como descreve Fernanda Barbosa Ferrari[4]

ldquoA tecnologia da videoconferecircncia permite que duas ou mais pessoas em lugares diferentes

possam ver e ouvir umas agraves outras ao mesmo tempo agraves vezes compartilhando apresentaccedilotildees

pelo computador ou cacircmara de documentos Eacute um sistema interativo de comunicaccedilatildeo em

aacuteudio e viacutedeo havendo uma interatividade em tempo real ldquotransformando a sala de aula

presencial num grande lugar espalhado geograficamenterdquo

Valfredo Joseacute dos Santos[5] preconiza a participaccedilatildeo do Governo na democratizaccedilatildeo do

acesso aos meios eletrocircnicos como objetivo primordial tendo como foco uma administraccedilatildeo eficiente e transparente e acrescenta

ldquoO Governo deve ser o promotor da democratizaccedilatildeo do amplo acesso aos meios eletrocircnicos

de informaccedilatildeo com o fim de alcanccedilar uma administraccedilatildeo eficiente e transparente Na esfera

do Judiciaacuterio em relaccedilatildeo ao uso das novas tecnologias em prol de uma prestaccedilatildeo judiciaacuteria

ceacutelere e efetiva temos o Processo Judicial Eletrocircnico como uma soluccedilatildeo promissorardquo

O passo decisivo inicial na implantaccedilatildeo do processo eletrocircnico foi a Lei nordm 8245 de

18101991 que dispotildee sobre as locaccedilotildees dos imoacuteveis urbanos e os procedimentos a elas

pertinentes no seu artigo 58 inciso IV ao prever que nas accedilotildees de despejo consignaccedilatildeo em

pagamento de aluguel e acessoacuterio da locaccedilatildeo revisionais de aluguel e renovatoacuterias de

locaccedilatildeo tratando-se de pessoa juriacutedica ou firma individual desde que autorizado no contrato a citaccedilatildeo intimaccedilatildeo ou notificaccedilatildeo far-se-aacute mediante telex ou fac-siacutemile

Outro embriatildeo foi a Lei nordm 9800 de 26051999 que permitiu agraves partes a utilizaccedilatildeo de

sistema de transmissatildeo de dados e imagens tipo fac-siacutemile ou outro similar para a praacutetica de

atos processuais que dependam de peticcedilatildeo escrita Merece ainda destaque a Lei nordm 11280 de

16022006 que alterou o artigo 154 do Coacutedigo de Processo Civil (CPC) autorizando os

tribunais no acircmbito da respectiva jurisdiccedilatildeo a disciplinar a praacutetica e a comunicaccedilatildeo oficial

dos atos processuais por meios eletrocircnicos atendidos os requisitos de autenticidade

integridade validade juriacutedica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Puacuteblicas Brasileira - ICP ndash Brasil

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Outro dispositivo foi a Lei nordm 11382 de 06122006 que alterou o CPC criando a penhora

por meio eletrocircnico

Mas foi a Lei nordm 11419 de 19122006 que dispocircs sobre o uso de meio eletrocircnico na

tramitaccedilatildeo de processos judiciais comunicaccedilatildeo de atos e transmissatildeo de peccedilas processuais

que promoveu avanccedilo significativo Os processos eletrocircnicos satildeo utilizados pelo Supremo

Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiccedila e Juizados Especiais Virtuais por exemplo e

quanto agraves peticcedilotildees eletrocircnicas quase todo oacutergatildeo do Poder Judiciaacuterio disponibiliza na sua paacutegina da internet

O Processo Judicial Digital (PROJUDI)[6] eacute um software de tramitaccedilatildeo eletrocircnica de

processos mantido pelo Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) utilizado hoje na maioria dos

Estados brasileiros e constitui ferramenta essencial para um processo ceacutelere e eficiente

Outro exemplo digno de realce eacute o da Justiccedila Eleitoral[7] que informatizou o registro do

voto agregando mais qualidade agilidade transparecircncia seguranccedila e robustez ao processo eleitoral

Apesar de a tecnologia ser empregada com bastante proveito pelo Poder Judiciaacuterio brasileiro

a maioria dos processualistas resiste ao processo eletrocircnico muitos ainda apegados agrave visatildeo

burocraacutetica e conservadora que considera a utilizaccedilatildeo do papel como uacutenico meio confiaacutevel

de armazenar a informaccedilatildeo Essa visatildeo eacute expressa com clareza por Alexandre Vidigal de Oliveira[8]

ldquoNos ldquoautos fiacutesicosrdquo eacute possiacutevel a percepccedilatildeo do conjunto do todo natildeo eacute preciso ler peccedila por

peccedila para se chegar aonde se quer E aonde se quer chegar com o manuseio de peccedilas obteacutem-

se informaccedilatildeo ceacutelere como placas a sinalizarem os caminhos A gama de subinformaccedilotildees

disponiacuteveis pelas mais distintas caracteriacutesticas das folhas de papel em razatildeo da cor da

gramatura da formataccedilatildeo do tamanho do seu estado de conservaccedilatildeo da sua posiccedilatildeo nos

autos etc facilita o processo de assimilaccedilatildeo mental do todo e a seletividade do conteuacutedo da

informaccedilatildeo desejada Vai-se de peccedila a peccedila de monte em monte de frente para traacutes de traacutes

para frente com uma agilidade e desenvoltura quase que involuntaacuteria automaacutetica ateacute mesmo

intuitiva e com uma rapidez de fazer inveja aos mais avanccedilados recursos informaacuteticos frise-

se apenas vendo como um esquema neuroloacutegico previamente formatado para uma interaccedilatildeo cognitiva com aquele ambienterdquo

ldquoJaacute nos ldquoautos eletrocircnicosrdquo natildeo As peccedilas processuais virtualizadas desmaterializadas e

padronizadas que satildeo em meio eletrocircnico sem as distinccedilotildees fiacutesicas do papel onde as

paacuteginas em imagens aparecem isoladas do todo impossibilitam selecionar a informaccedilatildeo

desejada apenas vendo-se Tudo eacute aparentemente igual A falta de subinformaccedilotildees como as

oferecidas pelo papel mdash cores tamanhos gramaturas estado de conservaccedilatildeo mdash afunila as

opccedilotildees do ceacuterebro em distinguir o que eacute o quecirc exigindo como atalho o recurso da leitura

Para se identificar uma informaccedilatildeo interessada de regra eacute necessaacuterio ler apenas o ver jaacute natildeo

leva a lugar algum E a leitura constante permanente como uacutenica fonte de informaccedilatildeo do

acesso e do conteuacutedo fundindo sinalizaccedilatildeo e caminho em uma coisa soacute eacute tarefa exaustiva a comprometer no dia-a-dia de labuta a disposiccedilatildeo mental do corpo para produzirrdquo

A adesatildeo agrave tecnologia moderna eacute processo gradual e diferente entre os diversos ramos do

Direito alguns aceitam de forma mais veloz do que outros Nesse sentido a observaccedilatildeo de

Marco Antocircnio de Barros e Ceacutesar Eduardo Lavoura Romatildeo[9]

ldquoEmbora bem aceita nas relaccedilotildees sociais comuns do indiviacuteduo a tecnologia moderna ainda

natildeo sedimentou com a velocidade que a caracteriza suas raiacutezes simplificadoras e uacuteteis no

procesos criminal Enquanto em outras aacutereas da Justiccedila tornou-se comum a adoccedilatildeo de um

processo virtual como por exemplo nas varas judiciais federais que julgam benefiacutecios

previdenciaacuterios realizando-se ali a praacutetica de atos em ambiente virtual por meio da internet

e de outros meios de comunicaccedilatildeo no processo criminal existe uma barreira intectual que oferece significativa resistecircncia a esse tipo de progresso

Vivemos na sociedade da informaccedilatildeo Isto eacute um fato e natildeo haacute escapatoacuteria Ou adaptamos os

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

nossos instrumentos de realizaccedilatildeo da Justiccedila ou esta se tornaraacute inoperante e apenas um

siacutembolo distante e abstrato Os anais da ciecircncia juriacutedica nos ensinam que a adoccedilatildeo de novas

tecnologias sempre eacute marcada e precedida de periacuteodos traumaacuteticos repletos de acalourados

debates que num primeiro momento podem encontrar eco na doutrina mas logo se tornam superados pelo bom senso e pelo predomiacutenio de uma nova e irresistiacutevel realidade socialrdquo

Os profissionais do Direito como integrantes da Sociedade da Informaccedilatildeo natildeo podem

esquivar-se indefinidamente do avanccedilo tecnoloacutegico tanto na esfera material quanto

processual sendo cediccedilo que tal medida contribui para reparar grande deficiecircncia quanto agrave

morosidade processual Natildeo eacute de hoje que o Estado vem incluindo as novas tecnologias nos serviccedilos puacuteblicos prestados ao cidadatildeo

A principal razatildeo para o processo civil seguir na frente do processo penal quanto a sua

informatizaccedilatildeo seria o bem juriacutedico protegido por aquele constituir o patrimocircnio da pessoa

(disponiacuteveis) enquanto que no processo penal estaria em discussatildeo a preservaccedilatildeo da

liberdade de locomoccedilatildeo do indiviacuteduo (indisponiacutevel) Considerando que o segundo eacute de

natureza distinta do primeiro e o seu erro acarretaria conseguecircncias mais prejudiciais assim o processo civil pocircde se desenvolver eletronicamente na frente do processo penal

A maioria da populaccedilatildeo brasileira natildeo dispotildee ainda de situaccedilatildeo financeira suficiente para

garantir acesso as novas tecnologias principalmente quanto agrave internet poreacutem o Estado

atraveacutes das suas Universidades e Centros Tecnoloacutegicos possui meios para desenvolver

tambeacutem descobertas no mundo virtual ateacute por forccedila do artigo 218 da Constituiccedilatildeo Federal o

qual preceitua que o Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a

pesquisa e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegicas Assim torna-se responsabilidade indubitaacutevel do Poder

Puacuteblico disponibilizar ao cidadatildeo acesso as novas tecnologias onde a videoconferecircncia estaacute inserida principalmente para contribuir diretamente na celeridade processual

A Lei nordm 11900 de 08012009 que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de

outubro de 1941 - Coacutedigo de Processo Penal para prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e outros atos processuais por sistema de videoconferecircncia trouxe a todo e

qualquer cidadatildeo que venha a ser reacuteu preso em accedilatildeo penal a previsatildeo excepcional de o juiz

por decisatildeo fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o

interrogatoacuterio do reacuteu preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de

transmissatildeo de sons e imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para

atender a uma das finalidades previstas na lei

A videoconferecircncia no processo penal jaacute eacute realidade na Justiccedila Brasileira mais

especificamente na Justiccedila Estadual de Satildeo Paulo cujo Tribunal de Justiccedila[10] vem

expandindo as salas de audiecircncia por videoconferecircncia Essa medida natildeo deixa de ser

benefiacutecio trazido pela Sociedade da Informaccedilatildeo e aplicado pelo Estado ao universo das

pessoas que se submetem ao processo penal

Armanda Mattelart[11] esclarece melhor esse aspecto nos seguintes termos

ldquoA noccedilatildeo de sociedade da informaccedilatildeo que se popularizou refere-se a um projeto concreto

que [ ] natildeo beneficia a maioria mas que estaacute construindo precisamente sobre o mito de

que vai beneficiar a grande maioria Eacute uma crenccedila que desde o seu comeccedilo acompanha as tecnologias de comunicaccedilatildeo a distacircnciardquo

O processo de globalizaccedilatildeo das sociedades onde estatildeo inseridos os avanccedilos tecnoloacutegicos natildeo

se reveste de mero caraacuteter econocircmico pois traz como principal caracteriacutestica um novo modelo de organizaccedilatildeo da sociedade contemporacircnea como elucida Giddens[12]

ldquoA comunicaccedilatildeo eletrocircnica instantacircnea natildeo eacute apenas um meio pelo qual notiacutecias ou

informaccedilotildees satildeo transmitidas mais rapidamente Sua existecircncia altera a proacutepria estrutura de

nossas vidas quer sejamos ricos ou pobres Quando a imagem de Nelson Mandela pode ser

mais familiar para noacutes que o rosto do nosso vizinho de porta alguma coisa mudou na

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Outro dispositivo foi a Lei nordm 11382 de 06122006 que alterou o CPC criando a penhora

por meio eletrocircnico

Mas foi a Lei nordm 11419 de 19122006 que dispocircs sobre o uso de meio eletrocircnico na

tramitaccedilatildeo de processos judiciais comunicaccedilatildeo de atos e transmissatildeo de peccedilas processuais

que promoveu avanccedilo significativo Os processos eletrocircnicos satildeo utilizados pelo Supremo

Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiccedila e Juizados Especiais Virtuais por exemplo e

quanto agraves peticcedilotildees eletrocircnicas quase todo oacutergatildeo do Poder Judiciaacuterio disponibiliza na sua paacutegina da internet

O Processo Judicial Digital (PROJUDI)[6] eacute um software de tramitaccedilatildeo eletrocircnica de

processos mantido pelo Conselho Nacional de Justiccedila (CNJ) utilizado hoje na maioria dos

Estados brasileiros e constitui ferramenta essencial para um processo ceacutelere e eficiente

Outro exemplo digno de realce eacute o da Justiccedila Eleitoral[7] que informatizou o registro do

voto agregando mais qualidade agilidade transparecircncia seguranccedila e robustez ao processo eleitoral

Apesar de a tecnologia ser empregada com bastante proveito pelo Poder Judiciaacuterio brasileiro

a maioria dos processualistas resiste ao processo eletrocircnico muitos ainda apegados agrave visatildeo

burocraacutetica e conservadora que considera a utilizaccedilatildeo do papel como uacutenico meio confiaacutevel

de armazenar a informaccedilatildeo Essa visatildeo eacute expressa com clareza por Alexandre Vidigal de Oliveira[8]

ldquoNos ldquoautos fiacutesicosrdquo eacute possiacutevel a percepccedilatildeo do conjunto do todo natildeo eacute preciso ler peccedila por

peccedila para se chegar aonde se quer E aonde se quer chegar com o manuseio de peccedilas obteacutem-

se informaccedilatildeo ceacutelere como placas a sinalizarem os caminhos A gama de subinformaccedilotildees

disponiacuteveis pelas mais distintas caracteriacutesticas das folhas de papel em razatildeo da cor da

gramatura da formataccedilatildeo do tamanho do seu estado de conservaccedilatildeo da sua posiccedilatildeo nos

autos etc facilita o processo de assimilaccedilatildeo mental do todo e a seletividade do conteuacutedo da

informaccedilatildeo desejada Vai-se de peccedila a peccedila de monte em monte de frente para traacutes de traacutes

para frente com uma agilidade e desenvoltura quase que involuntaacuteria automaacutetica ateacute mesmo

intuitiva e com uma rapidez de fazer inveja aos mais avanccedilados recursos informaacuteticos frise-

se apenas vendo como um esquema neuroloacutegico previamente formatado para uma interaccedilatildeo cognitiva com aquele ambienterdquo

ldquoJaacute nos ldquoautos eletrocircnicosrdquo natildeo As peccedilas processuais virtualizadas desmaterializadas e

padronizadas que satildeo em meio eletrocircnico sem as distinccedilotildees fiacutesicas do papel onde as

paacuteginas em imagens aparecem isoladas do todo impossibilitam selecionar a informaccedilatildeo

desejada apenas vendo-se Tudo eacute aparentemente igual A falta de subinformaccedilotildees como as

oferecidas pelo papel mdash cores tamanhos gramaturas estado de conservaccedilatildeo mdash afunila as

opccedilotildees do ceacuterebro em distinguir o que eacute o quecirc exigindo como atalho o recurso da leitura

Para se identificar uma informaccedilatildeo interessada de regra eacute necessaacuterio ler apenas o ver jaacute natildeo

leva a lugar algum E a leitura constante permanente como uacutenica fonte de informaccedilatildeo do

acesso e do conteuacutedo fundindo sinalizaccedilatildeo e caminho em uma coisa soacute eacute tarefa exaustiva a comprometer no dia-a-dia de labuta a disposiccedilatildeo mental do corpo para produzirrdquo

A adesatildeo agrave tecnologia moderna eacute processo gradual e diferente entre os diversos ramos do

Direito alguns aceitam de forma mais veloz do que outros Nesse sentido a observaccedilatildeo de

Marco Antocircnio de Barros e Ceacutesar Eduardo Lavoura Romatildeo[9]

ldquoEmbora bem aceita nas relaccedilotildees sociais comuns do indiviacuteduo a tecnologia moderna ainda

natildeo sedimentou com a velocidade que a caracteriza suas raiacutezes simplificadoras e uacuteteis no

procesos criminal Enquanto em outras aacutereas da Justiccedila tornou-se comum a adoccedilatildeo de um

processo virtual como por exemplo nas varas judiciais federais que julgam benefiacutecios

previdenciaacuterios realizando-se ali a praacutetica de atos em ambiente virtual por meio da internet

e de outros meios de comunicaccedilatildeo no processo criminal existe uma barreira intectual que oferece significativa resistecircncia a esse tipo de progresso

Vivemos na sociedade da informaccedilatildeo Isto eacute um fato e natildeo haacute escapatoacuteria Ou adaptamos os

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

nossos instrumentos de realizaccedilatildeo da Justiccedila ou esta se tornaraacute inoperante e apenas um

siacutembolo distante e abstrato Os anais da ciecircncia juriacutedica nos ensinam que a adoccedilatildeo de novas

tecnologias sempre eacute marcada e precedida de periacuteodos traumaacuteticos repletos de acalourados

debates que num primeiro momento podem encontrar eco na doutrina mas logo se tornam superados pelo bom senso e pelo predomiacutenio de uma nova e irresistiacutevel realidade socialrdquo

Os profissionais do Direito como integrantes da Sociedade da Informaccedilatildeo natildeo podem

esquivar-se indefinidamente do avanccedilo tecnoloacutegico tanto na esfera material quanto

processual sendo cediccedilo que tal medida contribui para reparar grande deficiecircncia quanto agrave

morosidade processual Natildeo eacute de hoje que o Estado vem incluindo as novas tecnologias nos serviccedilos puacuteblicos prestados ao cidadatildeo

A principal razatildeo para o processo civil seguir na frente do processo penal quanto a sua

informatizaccedilatildeo seria o bem juriacutedico protegido por aquele constituir o patrimocircnio da pessoa

(disponiacuteveis) enquanto que no processo penal estaria em discussatildeo a preservaccedilatildeo da

liberdade de locomoccedilatildeo do indiviacuteduo (indisponiacutevel) Considerando que o segundo eacute de

natureza distinta do primeiro e o seu erro acarretaria conseguecircncias mais prejudiciais assim o processo civil pocircde se desenvolver eletronicamente na frente do processo penal

A maioria da populaccedilatildeo brasileira natildeo dispotildee ainda de situaccedilatildeo financeira suficiente para

garantir acesso as novas tecnologias principalmente quanto agrave internet poreacutem o Estado

atraveacutes das suas Universidades e Centros Tecnoloacutegicos possui meios para desenvolver

tambeacutem descobertas no mundo virtual ateacute por forccedila do artigo 218 da Constituiccedilatildeo Federal o

qual preceitua que o Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a

pesquisa e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegicas Assim torna-se responsabilidade indubitaacutevel do Poder

Puacuteblico disponibilizar ao cidadatildeo acesso as novas tecnologias onde a videoconferecircncia estaacute inserida principalmente para contribuir diretamente na celeridade processual

A Lei nordm 11900 de 08012009 que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de

outubro de 1941 - Coacutedigo de Processo Penal para prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e outros atos processuais por sistema de videoconferecircncia trouxe a todo e

qualquer cidadatildeo que venha a ser reacuteu preso em accedilatildeo penal a previsatildeo excepcional de o juiz

por decisatildeo fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o

interrogatoacuterio do reacuteu preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de

transmissatildeo de sons e imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para

atender a uma das finalidades previstas na lei

A videoconferecircncia no processo penal jaacute eacute realidade na Justiccedila Brasileira mais

especificamente na Justiccedila Estadual de Satildeo Paulo cujo Tribunal de Justiccedila[10] vem

expandindo as salas de audiecircncia por videoconferecircncia Essa medida natildeo deixa de ser

benefiacutecio trazido pela Sociedade da Informaccedilatildeo e aplicado pelo Estado ao universo das

pessoas que se submetem ao processo penal

Armanda Mattelart[11] esclarece melhor esse aspecto nos seguintes termos

ldquoA noccedilatildeo de sociedade da informaccedilatildeo que se popularizou refere-se a um projeto concreto

que [ ] natildeo beneficia a maioria mas que estaacute construindo precisamente sobre o mito de

que vai beneficiar a grande maioria Eacute uma crenccedila que desde o seu comeccedilo acompanha as tecnologias de comunicaccedilatildeo a distacircnciardquo

O processo de globalizaccedilatildeo das sociedades onde estatildeo inseridos os avanccedilos tecnoloacutegicos natildeo

se reveste de mero caraacuteter econocircmico pois traz como principal caracteriacutestica um novo modelo de organizaccedilatildeo da sociedade contemporacircnea como elucida Giddens[12]

ldquoA comunicaccedilatildeo eletrocircnica instantacircnea natildeo eacute apenas um meio pelo qual notiacutecias ou

informaccedilotildees satildeo transmitidas mais rapidamente Sua existecircncia altera a proacutepria estrutura de

nossas vidas quer sejamos ricos ou pobres Quando a imagem de Nelson Mandela pode ser

mais familiar para noacutes que o rosto do nosso vizinho de porta alguma coisa mudou na

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

nossos instrumentos de realizaccedilatildeo da Justiccedila ou esta se tornaraacute inoperante e apenas um

siacutembolo distante e abstrato Os anais da ciecircncia juriacutedica nos ensinam que a adoccedilatildeo de novas

tecnologias sempre eacute marcada e precedida de periacuteodos traumaacuteticos repletos de acalourados

debates que num primeiro momento podem encontrar eco na doutrina mas logo se tornam superados pelo bom senso e pelo predomiacutenio de uma nova e irresistiacutevel realidade socialrdquo

Os profissionais do Direito como integrantes da Sociedade da Informaccedilatildeo natildeo podem

esquivar-se indefinidamente do avanccedilo tecnoloacutegico tanto na esfera material quanto

processual sendo cediccedilo que tal medida contribui para reparar grande deficiecircncia quanto agrave

morosidade processual Natildeo eacute de hoje que o Estado vem incluindo as novas tecnologias nos serviccedilos puacuteblicos prestados ao cidadatildeo

A principal razatildeo para o processo civil seguir na frente do processo penal quanto a sua

informatizaccedilatildeo seria o bem juriacutedico protegido por aquele constituir o patrimocircnio da pessoa

(disponiacuteveis) enquanto que no processo penal estaria em discussatildeo a preservaccedilatildeo da

liberdade de locomoccedilatildeo do indiviacuteduo (indisponiacutevel) Considerando que o segundo eacute de

natureza distinta do primeiro e o seu erro acarretaria conseguecircncias mais prejudiciais assim o processo civil pocircde se desenvolver eletronicamente na frente do processo penal

A maioria da populaccedilatildeo brasileira natildeo dispotildee ainda de situaccedilatildeo financeira suficiente para

garantir acesso as novas tecnologias principalmente quanto agrave internet poreacutem o Estado

atraveacutes das suas Universidades e Centros Tecnoloacutegicos possui meios para desenvolver

tambeacutem descobertas no mundo virtual ateacute por forccedila do artigo 218 da Constituiccedilatildeo Federal o

qual preceitua que o Estado promoveraacute e incentivaraacute o desenvolvimento cientiacutefico a

pesquisa e a capacitaccedilatildeo tecnoloacutegicas Assim torna-se responsabilidade indubitaacutevel do Poder

Puacuteblico disponibilizar ao cidadatildeo acesso as novas tecnologias onde a videoconferecircncia estaacute inserida principalmente para contribuir diretamente na celeridade processual

A Lei nordm 11900 de 08012009 que alterou dispositivos do Decreto-Lei no 3689 de 3 de

outubro de 1941 - Coacutedigo de Processo Penal para prever a possibilidade de realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e outros atos processuais por sistema de videoconferecircncia trouxe a todo e

qualquer cidadatildeo que venha a ser reacuteu preso em accedilatildeo penal a previsatildeo excepcional de o juiz

por decisatildeo fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o

interrogatoacuterio do reacuteu preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de

transmissatildeo de sons e imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para

atender a uma das finalidades previstas na lei

A videoconferecircncia no processo penal jaacute eacute realidade na Justiccedila Brasileira mais

especificamente na Justiccedila Estadual de Satildeo Paulo cujo Tribunal de Justiccedila[10] vem

expandindo as salas de audiecircncia por videoconferecircncia Essa medida natildeo deixa de ser

benefiacutecio trazido pela Sociedade da Informaccedilatildeo e aplicado pelo Estado ao universo das

pessoas que se submetem ao processo penal

Armanda Mattelart[11] esclarece melhor esse aspecto nos seguintes termos

ldquoA noccedilatildeo de sociedade da informaccedilatildeo que se popularizou refere-se a um projeto concreto

que [ ] natildeo beneficia a maioria mas que estaacute construindo precisamente sobre o mito de

que vai beneficiar a grande maioria Eacute uma crenccedila que desde o seu comeccedilo acompanha as tecnologias de comunicaccedilatildeo a distacircnciardquo

O processo de globalizaccedilatildeo das sociedades onde estatildeo inseridos os avanccedilos tecnoloacutegicos natildeo

se reveste de mero caraacuteter econocircmico pois traz como principal caracteriacutestica um novo modelo de organizaccedilatildeo da sociedade contemporacircnea como elucida Giddens[12]

ldquoA comunicaccedilatildeo eletrocircnica instantacircnea natildeo eacute apenas um meio pelo qual notiacutecias ou

informaccedilotildees satildeo transmitidas mais rapidamente Sua existecircncia altera a proacutepria estrutura de

nossas vidas quer sejamos ricos ou pobres Quando a imagem de Nelson Mandela pode ser

mais familiar para noacutes que o rosto do nosso vizinho de porta alguma coisa mudou na

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

natureza da experiecircncia cotidianardquo

O ingresso da videoconferecircncia no processo penal propicia ao Direito potencial importante

de reflexos diretos na celeridade processual com garantia dos direitos dos interessados no

processo Natildeo se trata de simples ferramenta em benefiacutecio do reacuteu preso pois alcanccedila tambeacutem ao Ministeacuterio Puacuteblico Juiz testemunhas e servidores da Justiccedila por exemplo

Cumpre notar que nem uma Justiccedila lenta se torna ineficaz ou a velocidade por si natildeo

garante o melhor julgamento mas um processo penal que venha realizar a uniatildeo perfeita entre a celeridade e as garantias processuais das partes

2 PRESENCcedilA FIacuteSICA X PRESENCcedilA VIRTUAL

O nuacutecleo da discussatildeo do uso da videoconferecircncia para o interrogatoacuterio eacute quanto ao direito

de presenccedila que envolve o comparecimento do acusado perante o juiz Argumenta-se que

quando o juiz o recebe na sala de audiecircncia para a sua oitiva ele pode contemplar

diretamente a imagem do rosto do indiviacuteduo o que supostamente facilita o entendimento do que estaacute sendo falado bem como se fazer compreender

Pierre Leacutevy[13] explica que

ldquoA palavra virtual vem do latim medieval virtualis derivado por sua vez de virtus forccedila

potecircncia Na filosofia escolaacutestica eacute virtual o que existe em potecircncia e natildeo em ato O virtual

tende a atualizar-se sem ter passado no entanto agrave concretizaccedilatildeo efetiva ou formal A aacutervore

estaacute virtualmente presente na semente Em termos rigorosamente filosoacutefico o virtual natildeo se

opotildee ao real mas ao atual virtualidade e atualidade satildeo apenas duas maneiras de ser diferentesrdquo

No avanccedilo tecnoloacutegico atual a presenccedila corporal do homem natildeo pode ser fisicamente

substituiacuteda na sua integralidade Seria possiacutevel se o teletransporte - que um dia poderaacute tornar

a videoconferecircncia obsoleta ndash fosse realidade mas ainda natildeo eacute

Todavia a realidade virtual trazida pelas novas tecnologias atende aos fins almejados pelo

processo penal principalmente quanto ao interrogatoacuterio do reacuteu preso pois o necessaacuterio do

seu corpo seraacute ldquotransmitidordquo agrave sala de audiecircncia Pierre Levy[14] afirmou que podemos

perceber as sensaccedilotildees de outras pessoas em lugares e momentos distintos conforme abaixo

transcrito

ldquoGraccedilas agraves maacutequinas fotograacuteficas agrave cacircmeras e aos gravadores podemos perceber as

sensaccedilotildees de outra pessoa em outro momento e outro lugar Os sistemas ditos de realidade

virtual nos permitem experimentar aleacutem disso uma integraccedilatildeo dinacircmica de diferentes

modalidades perceptivas Podemos quase reviver a experiecircncia sensorial completa de outra pessoardquo

Os sistemas de realidade virtual transmitem mais que imagens uma quase presenccedila Pois os

clones agentes visiacuteveis ou marionetes virtuais que comandamos por nossos gestos podem

afetar ou modificar outras marionetes ou agentes visiacuteveis e inclusive acionar agrave distacircncia

aparelhos ldquoreaisrdquo e agir no mundo ordinaacuterio Certas funccedilotildees do corpo como a capacidade de

manipulaccedilatildeo ligada agrave retroaccedilatildeo sensoacuterio-motora em tempo real satildeo assim claramente

transferidas agrave distacircncia ao longo de uma cadeia teacutecnica complexa cada vez mais bem

controlada em determinados ambientes industriaisrdquo

A interpretaccedilatildeo teleoloacutegica a ser feita do instituto do interrogatoacuterio repousa na garantia para

que o acusado possa expor de forma oralverbal espontacircnea e sem interferecircncias externas

sobre a sua pessoa e a sua versatildeo dos fatos A presenccedila do reacuteu mediante a videoconferecircncia

eacute efetivada para fins de interrogatoacuterio na medida em que equipamentos eletrocircnicos tornam

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

viaacutevel a realizaccedilatildeo do interrogatoacuterio como se o reacuteu estivesse fisicamente na frente do juiz

Para isto natildeo soacute o reacuteu como todos que participam do interrogatoacuterio utilizam trecircs sentidos

baacutesicos voz audiccedilatildeo e visatildeo Partindo do pressuposto de que tanto na sala de audiecircncia

onde estaratildeo presentes juiz promotor defensor servidor da Justiccedila e demais interessados

quanto no estabelecimento prisional onde estaratildeo reacuteu defensor e servidores do presiacutedio

dispondo dos equipamentos que proporcionem a devida comunicaccedilatildeo com aacuteudio e viacutedeo

entre todos a presenccedila virtual para o ato processual penal substituiraacute perfeitamente a presenccedila fiacutesica dos envolvidos inclusive do reacuteu preso

Aury Lopes Juacutenior[15] ao citar Virilio reconhece a presenccedila virtual mas demonstra preocupaccedilatildeo

ldquoO mundo aponta Virilio tornou-se o da presenccedila virtual da tele-presenccedila Natildeo soacute tele-

comunicaccedilatildeo mas tambeacutem tele-accedilatildeo (trabalho e compra a distacircncia) a te em tele-sensaccedilatildeo

(sentir e tocar a distacircncia) Sob o enfoque econocircmico o ldquodeus mercadordquo tambeacutem tem muita

pressa pois o chavatildeo popular de que ldquotempo eacute dinheirordquo nunca esteve tatildeo em voga O

ldquocassino planetaacuteriordquo eacute formado pelas bolsas de valores que funcionam 24h por dia em tempo

real com uma imensa velocidade de circulaccedilatildeo de capital especulativo gerando uma economia virtual transnacional e imprevisiacutevel ndash liberta do presente e do concretordquo

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Poliacuteticos adotado pela Resoluccedilatildeo n 2200 A

(XXI) da Assembleacuteia Geral das Naccedilotildees Unidas em 16 de dezembro de 1966 e ratificado

pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992 prevecirc no seu artigo 14 sect3ordm nordm 4 que ldquotoda pessoa

acusada de um delito teraacute direito em plena igualdade agrave garantia miacutenima de estar presente no julgamento e a defender-se pessoalmente ou por intermeacutedio de defensor de sua escolhardquo

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San Joseacute) adotada e aberta agrave

assinatura na Conferecircncia Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em San

Joseacute de Costa Rica em 22 de novembro de 1969 no Brasil tendo sido promulgada pelo

Decreto nordm 678 de 6 de novembro de 1992 prevecirc garantias judiciais no seu artigo 8ordm nordm 2 d) e f) como se transcreve a seguir

ldquod) onde durante o processo toda pessoa tem direito em plena igualdade agraves seguintes

garantias miacutenimas respectivamente direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se livremente e em particular

com seu defensor (grifo nosso)

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o

comparecimento como testemunhas ou peritos de outras pessoas que possam lanccedilar luz sobre os fatosrdquo (grifo nosso)

Eacute pertinente lembrar que os Pactos acima citados foram celebrados em um momento

histoacuterico da humanidade em que a internet e nem mesmo a tecnologia da videoconferecircncia

existiam Entatildeo o termo ldquopresenccedilardquo usado no contexto daquela eacutepoca natildeo pode ser aplicado

da mesma forma nos dias atuais O mesmo raciociacutenio pode ser aplicado ao termo

ldquodatilografarrdquo hoje quando ouvimos este termo entendemos que estejam querendo falar de

digitar por meio de computador jaacute que a maacutequina de escrever ficou obsoleta frente ao

computador Pierre Levy[16] afirma a propagaccedilatildeo da sensibilidade do corpo pelo virtual

quando ldquopela telepresenccedila e pelos sistemas de comunicaccedilatildeo os corpos visiacuteveis audiacuteveis e

sensiacuteveis se multiplicam e se dispersam no exterior Como no universo de Lucreacutecio uma quantidade de peles ou de espectros dermatoacuteides emanam de nosso corpo os simulacrosrdquo

Nos termos do art187 sect1ordm do CPP na primeira parte do interrogatoacuterio o reacuteu seraacute perguntado

sobre a residecircncia meios de vida ou profissatildeo oportunidades sociais lugar onde exerce a

sua atividade vida pregressa notadamente se foi preso ou processado alguma vez e em caso

afirmativo qual o juiacutezo do processo se houve suspensatildeo condicional ou condenaccedilatildeo qual a

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

pena imposta se a cumpriu e outros dados familiares e sociais

Refletindo sobre essa circunstacircncia parece evidente que o acusado natildeo eacute condenado ou

absolvido pelo magistrado por natildeo lhe ter exposto pessoalmente sobre o seu meio de vida e

oportunidades sociais ou melhor por natildeo ter sido condenado depois de fazer em audiecircncia

pessoal ldquocara feiardquo tremido mostrado inseguranccedila ou outra caracteriacutestica nos termos do

ldquocriminoso natordquo defendido por Cesare Lombroso Muito menos seraacute absolvido se chorar

demonstrar arrependimento demonstrar ldquocarinha de santordquo ou qualquer outra boa expressatildeo subjetiva ao juiz

Apesar do contido no artigo 59 do Coacutedigo Penal quando da fixaccedilatildeo da pena o juiz deveraacute

atender agrave conduta social e personalidade do agente natildeo podendo ser insensiacutevel a essa

exigecircncia legal Como se sabe ele somente poderaacute determinar o seu juiacutezo de valor na

sentenccedila no caminho escolhido e contido pelo conjunto probatoacuterio em harmonia com as

provas produzidas no processo e natildeo simplesmente pela ldquoimpressatildeordquo que ele teve do reacuteu

Pelo artigo 217 do CPP se o juiz verificar que a presenccedila do reacuteu pode causar humilhaccedilatildeo

temor ou seacuterio constrangimento agrave testemunha ou ao ofendido de modo que prejudique a

verdade do depoimento faraacute a inquiriccedilatildeo por videoconferecircncia e somente na

impossibilidade dessa forma determinaraacute a retirada do reacuteu prosseguindo na inquiriccedilatildeo com

a presenccedila do seu defensor A adoccedilatildeo de qualquer das medidas previstas no caput do artigo

217 do CPP deveraacute constar do termo assim como os motivos que a determinaram (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 116902008)

Ora pode-se inferir que a necessidade de presenccedila fiacutesica do reacuteu natildeo eacute absoluta quando

devidamente justificada eacute possiacutevel ateacute a sua retirada da sala quanto mais poder acompanhar

e ser ouvido por videoconferecircncia Decorre daiacute que sempre que a tecnologia proporcionar a

transmissatildeo da imagem som e dados em tempo real com nitidez implacaacutevel e de forma

segura a presenccedila virtual do preso na sala de audiecircncia certamente substitui a sua presenccedila fiacutesica sem esquecer que se trata de medida excepcional e natildeo de uma regra

3 PRINCIPIOLOGIA DA LEI 119002009

31 CONTRADITOacuteRIO E AMPLA DEFESA

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[17] presta interessantes esclarecimentos sobre a noccedilatildeo de contraditoacuterio e ampla defesa quando afirma que

ldquoA noccedilatildeo de contraditoacuterio envolve trecircs elementos fundamentais segundo J C Mendes de

Almeida autor de interessante monografia sobre o contraditoacuterio embasada em obra de

Carnelutti a faculdade de alegar a faculdade de demonstrar e o direito de ser cientificado dos atos processuais

A noccedilatildeo do direito de defesa eacute extraiacuteda do significado do contraditoacuterio comporta as noccedilotildees

de alegaccedilatildeo e demonstraccedilatildeo inseparavelmente Para exercecirc-lo a contento indispensaacutevel o

direito de ser informado de todos os atos processuais decorrecircncia do princiacutepio do Estado de

Direito que ao facultar aos cidadatildeos a tomada de opccedilotildees obriga-se ao dever de informar

especialmente acerca dos direitos e das possiacuteveis restriccedilotildees a tais direitosrdquo

Egrave ainda oportuno recordar que a doutrina divide o direito agrave ampla defesa (art5ordm LV da CF)

em direito agrave defesa teacutecnica (o reacuteu eacute representado por advogado) e direito agrave autodefesa (feita

pelo proacuteprio acusado) A autodefesa eacute composta do direito de audiecircncia e de presenccedila

Traduz-se a primeira pela possibilidade do interrogado influir sobre o convencimento do

magistrado mediante o seu depoimento ao passo que o segundo exterioriza-se pela

oportunidade de o reacuteu tomar conhecimento e posiccedilatildeo a todo instante diante das alegaccedilotildees e provas que seratildeo produzidas no processo

A defesa teacutecnica promovida pelo advogado do reacuteu seria comprometida na circunstacircncia de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que seu cliente estivesse no presiacutedio e o advogado na sala de audiecircncia do Foacuterum sem falar

da ausecircncia de previsatildeo razoaacutevel de prazo para intimaccedilatildeo preacutevia da audiecircncia Outro ponto

bastante discutido encontra alicerce no argumento de inviabilidade de manuseio dos autos pelo advogado a natildeo ser que existisse outro defensor no presiacutedio ao lado do reacuteu

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 119002009 a defesa teacutecnica natildeo eacute mais comprometida jaacute

que por forccedila do art185 sect5ordm do CPP em qualquer modalidade de interrogatoacuterio o juiz

garantiraacute ao reacuteu o direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor e se realizado

por videoconferecircncia fica tambeacutem garantido o acesso a canais telefocircnicos reservados para

comunicaccedilatildeo entre o defensor que esteja no presiacutedio e o advogado presente na sala de audiecircncia do Foacuterum e entre este e o preso

Ainda quanto agrave defesa teacutecnica a lei foi cautelosa quando garantiu ao reacuteu a presenccedila de um

advogado ou defensor no presiacutedio e outro na sala de audiecircncia existindo o devido canal

telefocircnico reservado para comunicaccedilatildeo entre os trecircs E quanto ao tratamento diferenciado

aos reacuteus que tenham maior poder aquisitivo podendo constituir vaacuterios advogados para

acompanharem tanto no Foacuterum onde ocorre fisicamente a audiecircncia e outro advogado na

sala do presiacutedio onde o reacuteu estaraacute depondo e os reacuteus realmente pobres na forma da lei

Certamente a Defensoria Puacuteblica supriria

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[18] defende a constitucionalidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia e acrescenta que

ldquoO interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional pois ressalvou os seguintes

requisitos constitucionais a entrevista preacutevia e reservada do preso e seu defensor dois

defensores (um no estabelecimento e outro na sede do juiacutezo) e canais de comunicaccedilatildeo

reservados entre o preso e o defensor que com ele estiver no estabelecimento prisional e o

defensor que estiver na sede do juiacutezo Assim a lei natildeo pode ser arguumlida de inconstitucionalrdquo

Seja pessoalmente perante o juiz ou mesmo considerando que o Estado disponha dos

recursos teacutecnicos baacutesicos para o funcionamento do sistema de videoconferecircncia existiraacute

mesmo que remota a possibilidade de falha ou vulnerabilidade quanto ao ato processual

pessoal ou virtual Hipoteticamente pode ocorrer falta de energia ausecircncia do servidor

promotor advogado ou mesmo da apresentaccedilatildeo do reacuteu Na concretizaccedilatildeo de qualquer das

hipoacuteteses aventadas a audiecircncia esta seria remarcada acarretando transtornos e gastos dela decorrentes

O princiacutepio do contraditoacuterio e ampla defesa em nada foi ou seraacute maculado pela

videoconferecircncia pelo contraacuterio trata-se de ferramenta auxiliar na dinamizaccedilatildeo e funcionalizaccedilatildeo do Processo Penal sem prejuiacutezo das garantias do acusado

32 CELERIDADE

O artigo 5ordm inciso LXXVIII da Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica assegura a todos no acircmbito

judicial e administrativo a razoaacutevel duraccedilatildeo do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitaccedilatildeo incluiacutedo pela Emenda Constitucional nordm 45 de 2004 O

principal reflexo da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal seraacute mesmo na celeridade processual

A Convenccedilatildeo Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de Satildeo Joseacute da Costa Rica) no seu

artigo 7ordm nordm 5 e a Declaraccedilatildeo Americana dos Direitos e Deveres do Homem no seu artigo

XVIII jaacute previa a garantia da celeridade processual

Alexia A Rodrigues Brotto[19] em trabalho apresentado no XVIII Congresso Nacional do

CONPEDI trouxe alguns dados legais e estatiacutesticos que reforccedilam a necessidade de tornar o Judiciaacuterio mais ceacutelere e eficaz

ldquoEm relatoacuterio do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo sob a coordenaccedilatildeo do Juiz Federal

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Seacutergio Tejada Garcia a respeito dos processos eletrocircnicos constatou-se que em 2005 o

tempo meacutedio da duraccedilatildeo dos processos entre as datas de distribuiccedilatildeo e sentenccedila de 1ordf

Instacircncia na justiccedila constituiacuteda apenas por processos de autos comuns (papel) era de

aproximadamente 78951 dias sendo que na justiccedila constituiacuteda apenas por processos virtuais

o tempo foi de 3783 dias Nas justiccedilas mistas (processo de papel e virtual) o tempo meacutedio de

tramitaccedilatildeo ficou em torno de 23923 e 52560 dias o que demonstra que a transformaccedilatildeo de

apenas parcela dos processos comuns para a esfera digital jaacute agiliza o procedimento e a manifestaccedilatildeo judicial diminuindo os 2 grandes vilotildees do processo o custo e o tempo

Atento a essa nova proposta se solidificam os sistemas judiciais de processos virtuais bem

como as manifestaccedilotildees favoraacuteveis ao processo eletrocircnico no sentido da diminuiccedilatildeo de

custos aleacutem de outras vantagens Em relatoacuterio da lavra do Tribunal Regional Federal da 4ordf

Regiatildeo repassado pela Justiccedila Federal com o apoio do XI Congresso de Informaacutetica Puacuteblica

em 2005 o gasto total com a ldquoinstalaccedilatildeordquo do processo eletrocircnico na 4ordf Regiatildeo com

aquisiccedilatildeo de equipamentos e treinamento dos servidores foi de aproximadamente R$

80000000 (oitocentos mil reais) e afirma o relatoacuterio que em cada novo juizado eletrocircnico

se gasta o equivalente a R$ 2000000 Num primeiro momento pode-se ateacute pensar que esses

valores satildeo um tanto elevados no entanto na comparaccedilatildeo do custo com os valores dos autos

comuns (em papel) verifica-se que o processo eletrocircnico eacute muito mais vantajoso O proacuteprio

relatoacuterio analisado expotildee que para cada processo em autos comuns satildeo gastos com cartolina

grampos impressora etiqueta aproximadamente R$ 2000 (vinte reais) e soacute no caderno processual

Como no Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo jaacute foram distribuiacutedos mais de 210000

processos virtuais ateacute 2005 foi economizado com papel e outros insumos o equivalente a

R$ 420000000 (quatro milhotildees e duzentos mil reais) ou seja recuperando todo o

investimento feito na implantaccedilatildeo dos processos eletrocircnicos e auferindo um superaacutevit de R$

340000000 (trecircs milhotildees e quatrocentos mil) que pode ser investido na implantaccedilatildeo de

novos juizados virtuais bem como modernizaccedilatildeo dos equipamentos e dos proacuteprios sistemas e-proc e e-cint ndash sistemas tecnoloacutegicos aplicados pela Poder Judiciaacuteriordquo

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[20] alerta para o fato de que ldquosabe-se que a

investigaccedilatildeo criminal e o processo penal representam restriccedilotildees necessaacuterias ao estado de

dignidade do investigado e do reacuteu bem como agrave sua intimidade e agrave sua vida privadardquo

Somente conhece de perto a instabilidade emocional e a sensaccedilatildeo de vulnerabilidade quem eacute

reacuteu em alguma accedilatildeo penal ou mesmo respondendo como indiciado em Inqueacuterito Policial

desconsiderando claro o criminoso contumaz Enquanto o procedimento policial ou processo

judicial perdurar o equiliacutebrio do imputado ficaraacute vulneraacutevel Mesmo que apoacutes fique provada

a sua inocecircncia a maacutecula contra a sua pessoa persiste ao longo de sua vida Entatildeo para o

acusado quanto mais raacutepido o processo penal for sempre garantindo seus direitos fundamentais melhor para ele

Ademais o Poder Judiciaacuterio brasileiro natildeo pode continuar com um processo penal moroso e

afrontoso aos direitos do reacuteu preso principalmente quando jaacute se dispotildee de tecnologia que

viabiliza a realizaccedilatildeo de determinados atos processuais por meio eletrocircnico agilizando a

resposta estatal frente ao crime praticado Sob esse acircngulo a videoconferecircncia eacute valioso instrumento de celeridade processual

Conforme artigo 185 sect4ordm do CPP antes do interrogatoacuterio por videoconferecircncia o preso

poderaacute acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de todos os atos da

audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os artigos 400 411 e 531 do CPP

Ainda conforme artigo 185 sect8ordm do CPP aplica-se o disposto nos sectsect 2o 3o 4o e 5o deste

artigo no que couber agrave realizaccedilatildeo de outros atos processuais que dependam da participaccedilatildeo

de pessoa que esteja presa como acareaccedilatildeo reconhecimento de pessoas e coisas e inquiriccedilatildeo de testemunha ou tomada de declaraccedilotildees do ofendido

Conforme a Proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ contida como Anexo VIII do Plano de Gestatildeo

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[21] aprovado no dia

03032010 quando a testemunha arrolada natildeo residir na sede do juiacutezo em que tramita o

processo deve-se dar preferecircncia em decorrecircncia do princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz agrave

expediccedilatildeo da carta precatoacuteria para a inquiriccedilatildeo pelo sistema de videoconferecircncia O

testemunho por videoconferecircncia deve ser prestado na audiecircncia una realizada no juiacutezo

deprecante observada a ordem estabelecida no art 400 caput do CPP A direccedilatildeo da inquiriccedilatildeo de testemunha realizada por sistema de videoconferecircncia seraacute do juiz deprecante

Ainda a carta precatoacuteria deveraacute conter a data hora e local de realizaccedilatildeo da audiecircncia una no

juiacutezo deprecante a solicitaccedilatildeo para que a testemunha seja ouvida durante a audiecircncia una

realizada no juiacutezo deprecante e a ressalva de que natildeo sendo possiacutevel o cumprimento da

carta precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia que o juiz deprecado procede agrave inquiriccedilatildeo

da testemunha em data anterior ao designado para a realizaccedilatildeo no juiacutezo deprecante da audiecircncia una

Atualmente pelo artigo 222 do CPP a testemunha que morar fora da jurisdiccedilatildeo do juiz seraacute

inquirida pelo juiz do lugar de sua residecircncia expedindo-se para esse fim carta precatoacuteria

com prazo razoaacutevel intimadas as partes E mais pelo sect2ordm do mesmo artigo findo o prazo

marcado poderaacute realizar-se o julgamento mas a todo tempo a precatoacuteria uma vez devolvida seraacute junta aos autos

Cumpre ressaltar que o julgamento poderaacute ser feito sem o devido conhecimento e prova

testemunhal oriunda da precatoacuteria podendo configurar um comprometimento ao direito de

defesa ou da acusaccedilatildeo com a ausecircncia do depoimento contido na carta precatoacuteria a ser

devolvida Entretanto se o depoimento fosse feito por meio de videoconferecircncia natildeo

existiria esse problema praacutetico e comum no processo penal Sabe-se ainda que a oitiva de

testemunha por carta precatoacuteria que nada acrescenta agrave tese da defesa eacute artifiacutecio comum para protelar a accedilatildeo penal

A acareaccedilatildeo seraacute admitida entre acusados entre acusado e testemunha entre testemunhas

entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida e entre as pessoas ofendidas sempre que

divergirem em suas declaraccedilotildees sobre fatos ou circunstacircncias relevantes Se ausente alguma

testemunha cujas declaraccedilotildees divirjam das de outra que esteja presente a esta se daratildeo a conhecer os pontos da divergecircncia consignando-se no auto o que explicar ou observar

Se subsistir a discordacircncia expedir-se-aacute precatoacuteria agrave autoridade do lugar onde resida a

testemunha ausente transcrevendo-se as declaraccedilotildees desta e as da testemunha presente nos

pontos em que divergirem bem como o texto do referido auto a fim de que se complete a

diligecircncia ouvindo-se a testemunha ausente pela mesma forma estabelecida para a

testemunha presente Tal diligecircncia soacute se realizaraacute quando natildeo importe demora prejudicial ao

processo e o juiz a entenda conveniente Certamente se a acareaccedilatildeo for feita por

videoconferecircncia natildeo ocorreraacute ldquodemora prejudicial ao processordquo ao contraacuterio o que se teraacute eacute rapidez no feito

Quanto agraves declaraccedilotildees do ofendido ou viacutetima quando se tratar de crianccedila ou adolescente ou

em casos de crimes sexuais por exemplo a videoconferecircncia seria o meio propiacutecio agrave tomada

do depoimento sem a presenccedila fiacutesica do acusado garantindo-se maior tranquilidade e proteccedilatildeo agrave seguranccedila emocional da viacutetima na hora de depor

O efeito mais contundente e direto da Lei nordm 119002009 foi no princiacutepio da celeridade sem

prejuiacutezo dos direitos do reacuteu preso

33 IDENTIDADE FIacuteSICA DO JUIZ

O princiacutepio da identidade fiacutesica do juiz no processo penal era reconhecido amplamente como

necessidade frente ao princiacutepio da oralidade bem como algo recente mas necessaacuterio na

persecuccedilatildeo penal como conclui Gustavo Henrique Righi Ivahy Badaroacute[22] ao salientar

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

que

ldquoA identidade fiacutesica do juiz eacute um dos corolaacuterios do sistema da oralidade Sua adoccedilatildeo isolada

sem que se preveja um procedimento concentrado com instruccedilatildeo em audiecircncia una ou em

poucas audiecircncias realizadas em momentos proacuteximos e imediatidade na produccedilatildeo da prova seraacute de pouca ou nenhuma serventia

Ateacute a ediccedilatildeo da Lei n 117192008 natildeo vigorava no processo penal brasileiro a regra da

identidade fiacutesica do juiz Mais do que a ausecircncia de uma previsatildeo expressa a natildeo adoccedilatildeo da

identidade fiacutesica do juiz decorria da estrutura do procedimento ateacute entatildeo adotada Com a Lei

n 117192008 o novo sect 2o do art 399 do CPP passou a prever a identidade fiacutesica do juiz A

mesma Lei tambeacutem reformou o procedimento comum ordinaacuterio e sumaacuterio que passaram a

se desenvolver em audiecircncia una de instruccedilatildeo debates e julgamento (CPP art 400 caput e

art 531) e portanto com concentraccedilatildeo Aleacutem disso a nova redaccedilatildeo do art 155 caput dada

pela Lei n 116902008 deixou claro que a prova a ser valorada pelo juiz eacute aquela produzida em contraditoacuterio o que fortalece a regra da imediatidaderdquo

Atualmente com a utilizaccedilatildeo da carta precatoacuteria seja para a oitiva de testemunhas do

acusado viacutetima ou mesmo outra diligecircncia que requeira precatoacuteria para instruir o processo

apesar dos quesitos serem elaborados com antecedecircncia pelo juiz e partes quem presidiu a

instruccedilatildeo desses atos foi o juiz deprecado e natildeo o deprecante competindo a este fazecirc-los

pelo novo sect 2ordm do art 399 do CPP Ao inveacutes de o juiz deprecado tomar o depoimento da

testemunha acusado ou viacutetima o deprecante poderaacute fazecirc-lo diretamente por videoconferecircncia gerando maior fidelidade e celeridade na colheita da prova

34 PROPORCIONALIDADE

Rosimeire Ventura Leite[23] aborda o princiacutepio da proporcionalidade nos seguintes termos

ldquoDeste modo o princiacutepio da proporcionalidade pode ser considerado um princiacutepio

hermenecircutico sendo utilizado quando surge um conflito entre direitos fundamentais a fim

de harmonizaacute-los ou nas palavras de Bonavides (1998 p 387) uma das aplicaccedilotildees mais

proveitosas contidas potencialmente no princiacutepio da proporcionalidade eacute aquela que o faz

instrumento de interpretaccedilatildeo toda vez que ocorre antagonismo entre direitos fundamentais e

se busca desde aiacute soluccedilatildeo conciliatoacuteria para a qual o princiacutepio eacute indubitavelmente apropriado

Assim no Direito Penal a ideacuteia de proporcionalidade tambeacutem se faz presente revelando-se

como um instrumento de equiliacutebrio e obtenccedilatildeo da justa medida entre a gravidade da lesatildeo ao

bem juriacutedico e a resposta do Estado de modo que os interesses da sociedade e os direitos do autor da infraccedilatildeo possam ser compatibilizadosrdquo

Eduardo CB Bittar[24] estuda a Justiccedila em Aristoacuteteles e vislumbra claramente que a Justiccedila estaacute assentada no meio termo

ldquoA Justiccedila corretiva eacute o meio-termo entre o ganho e a perda Ganho eacute mais quantidade do

bem e menos quantidade do mal enquanto que a perda eacute menos quantidade do bem e mais

quantidade do mal O meio termo eacute a justiccedila e os extremos eacute a injusticcedila

O juiz restabelece a igualdade Justo eacute um meio termo jaacute que o juiz o eacute Justo eacute intermediaacuterio

entre uma espeacutecie de ganho e uma espeacutecie de perda nas transaccedilotildees que natildeo satildeo voluntaacuterias e consiste em ter uma quantidade igual antes e depois da transaccedilatildeordquo

Trazendo o raciociacutenio para o interrogatoacuterio do reacuteu preso nos termos da Lei nordm 119002009 eacute

premente elencar trecircs ldquotiposrdquo de reacuteus presos O primeiro seria aquele de ldquobaixa

periculosidaderdquo que devido agraves circunstacircncias do seu ato criminoso e repercussatildeo social

inexista fundada suspeita de que integre organizaccedilatildeo criminosa ou de que por outra razatildeo

possa fugir durante o deslocamento natildeo haja influecircncia do reacuteu no acircnimo de testemunha ou

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

da viacutetima desde que natildeo seja possiacutevel colher o depoimento destas por videoconferecircncia e

cujo deslocamento natildeo acarretaraacute comprometimento agrave ordem puacuteblica Na praacutetica forense

atual esse reacuteu hoje eacute conduzido agrave audiecircncia pessoalmente para a participaccedilatildeo integral na

instruccedilatildeo processual O segundo seria aquele de ldquoalta periculosidaderdquo cujo deslocamento ao

Foacuterum devido agraves circunstacircncias do ato criminoso e repercussatildeo social pode trazer risco agrave

seguranccedila puacuteblica quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizaccedilatildeo

criminosa ou de que por outra razatildeo possa fugir durante o deslocamento ocorrer influecircncia

do reacuteu no acircnimo de testemunha ou da viacutetima ou comprometimento agrave graviacutessima questatildeo de

ordem puacuteblica O terceiro seria aquele que iria ser interrogado pela videoconferecircncia para

viabilizar a sua participaccedilatildeo no referido ato processual quando haja relevante dificuldade

para seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra circunstacircncia pessoal Natildeo teria assim qualquer ligaccedilatildeo com a problemaacutetica da inseguranccedila da sociedade

De um lado tem-se o direito de presenccedila do reacuteu preso perante o juiz e do outro o interesse

da coletividade em resguardar a sua seguranccedila Com o deslocamento de reacuteu preso de ldquoalta

periculosidaderdquo apesar do aparato policial para a devida escolta existe grande risco de

ocorrer tentativa de resgate trazendo inseguranccedila e comprometimento da integridade fiacutesica e

material da coletividade Incumbe ao juiz buscar um meio termo entre as partes neste

aparente conflito restabelecendo a situaccedilatildeo de paridade ou igualdade absoluta conseguindo

realizar a audiecircncia criminal com garantia dos direitos do reacuteu preso e preservaccedilatildeo da

seguranccedila da coletividade

Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[25] daacute suporte a essa inferecircncia ao ressaltar que ldquoo

interesse puacuteblico sinaliza a prevalecircncia do bem comum a superlatividade do interesse da

sociedade ainda que para sua afirmaccedilatildeo seja necessaacuterio restringir interesses exclusivamente individuaisrdquo

Apesar da prevalecircncia do interesse coletivo sobre o individual a videoconferecircncia eacute o meio

termo adequado para atender aos dois direitos tanto do reacuteu preso exercer a sua defesa quanto agrave garantia da seguranccedila puacuteblica da coletividade

35 PUBLICIDADE

Em consonacircncia com o artigo 5ordm inciso LX da Constituiccedilatildeo Federal nos termos do artigo

792 do CPP as audiecircncias sessotildees e os atos processuais seratildeo em regra puacuteblicos e se

realizaratildeo nas sedes dos juiacutezos e tribunais com assistecircncia dos escrivatildees do secretaacuterio do oficial de justiccedila que servir de porteiro em dia e hora certos ou previamente designados

Se da publicidade da audiecircncia da sessatildeo ou do ato processual puder resultar escacircndalo

inconveniente grave ou perigo de perturbaccedilatildeo da ordem o juiz ou o tribunal cacircmara ou

turma poderaacute de ofiacutecio ou a requerimento da parte ou do Ministeacuterio Puacuteblico determinar que

o ato seja realizado a portas fechadas limitando o nuacutemero de pessoas que possam estar presentes

O final do sect1ordm do artigo 185 do CPP prevecirc explicitamente que deve ser garantida a

publicidade do interrogatoacuterio do reacuteu preso ao mesmo tempo o sect3ordm do mesmo artigo da

decisatildeo que determinar a realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio por videoconferecircncia as partes seratildeo

intimadas com 10 (dez) dias de antecedecircncia Pode-se concluir que a publicidade ficou

garantida para o ato processual Acontece que o modo como o estabelecimento prisional iraacute

garantir a entrada do puacuteblico interessado em assistir ao interrogatoacuterio no presiacutedio eacute

prerrogativa da Administraccedilatildeo Penitenciaacuteria

36 PRESUNCcedilAtildeO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO

PODER PUacuteBLICO

Faacutebio de Oliveira[26] leciona sobre o princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das Leis e dos atos normativos do Poder Puacuteblico nos seguintes termos

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

ldquoMilita em favor dos atos do Poder Puacuteblico uma presunccedilatildeo de conformidade com a

Constituiccedilatildeo Esta presunccedilatildeo eacute relativa iuris tantum pois pode ser derrubada por

pronunciamento em contraacuterio do Judiciaacuterio Em termos diretos os atos estatais satildeo

constitucionais ateacute que se prove o contraacuterio Esta presunccedilatildeo no Estado Constitucional engloba tanto a legalidade quanto a legitimidade

O princiacutepio da presunccedilatildeo de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Puacuteblico eacute

impliacutecito agrave Constituiccedilatildeo Trata-se de uma suposiccedilatildeo atraveacutes da qual se imagina que os

agentes puacuteblicos exerccedilam as suas funccedilotildees em respeito aos comandos formais e materiais da Norma Magna Vigora para os trecircs Poderesrdquo

Nesse passo alegar a inconstitucionalidade da Lei 119002009 sem preacutevio pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto eacute no miacutenimo leviano

Antes da promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo juriacutedica era bastante

intensa pois natildeo existia previsatildeo legal para tal Foi promulgada em Satildeo Paulo a Lei Estadual

nordm 118192005 prevendo a possibilidade de ldquonos procedimentos judiciais destinados ao

interrogatoacuterio e agrave audiecircncia de presos poderatildeo ser utilizados aparelhos de videoconferecircncia

com o objetivo de tornar mais ceacutelere o tracircmite processual observadas as garantias constitucionaisrdquo

Acontece que o Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal por maioria de votos no

Habeas Corpus nordm 90900-1SP em 30102008 declarou que a Lei Estadual padecia de

inconstitucionalidade formal jaacute que a Uniatildeo deteacutem a competecircncia exclusiva para legislar

sobre mateacuteria processual nos termos do art22 I da Constituiccedilatildeo Federal Consideraram

assim que o interrogatoacuterio por meio de videoconferecircncia tratava-se de processo e natildeo

procedimento penal Tambeacutem foi este o entendimento da Primeira Turma do STF no Habeas

Corpus nordm 91859-0SP em 04112008 e nordm 99609SP em 02022010 e da Segunda Turma nos Habeas Corpus nordm 86634-4RJ em 18122006 e nordm 88914-0SP em 14082007

Com a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 11900 de 08012009 a discussatildeo quanto agrave

inconstitucionalidade formal de leis estaduais legislando sobre videoconferecircncia natildeo mais se

sustenta jaacute que a competecircncia privativa da Uniatildeo foi atendida nos termos do art22 inciso I

da Constituiccedilatildeo Federal

Recente pronunciamento da Corte Constitucional foi no HC nordm 99609SP julgado em

02022010 pela Primeira Turma ratificou o entendimento do STF de que a realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio por videoconferecircncia com base em legislaccedilatildeo estadual ou provimento de

Tribunal eacute formalmente inconstitucional Apoacutes consulta no site ltwwwstfjusbrgt ateacute o dia

28032010 natildeo se encontrou notiacutecia de Accedilatildeo Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei nordm

119002009

Primeiramente esse diploma legal repetiu o texto dado pela lei 107922003 onde a regra do

interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute realizado em sala proacutepria no estabelecimento em que

estiver recolhido desde que estejam garantidas a seguranccedila do juiz do membro do

Ministeacuterio Puacuteblico e dos auxiliares bem como a presenccedila do defensor e a publicidade do ato

A excepcionalidade foi acrescentada por ela quando permite ao juiz por decisatildeo

fundamentada de ofiacutecio ou a requerimento das partes poder realizar o interrogatoacuterio do reacuteu

preso por sistema de videoconferecircncia ou outro recurso tecnoloacutegico de transmissatildeo de sons e

imagens em tempo real desde que a medida seja necessaacuteria para atender a uma das

finalidades elencadas na lei

A previsatildeo legal do deslocamento do juiz do membro do Ministeacuterio Puacuteblico auxiliares e

defensores para o estabelecimento prisional a fim de tomarem o interrogatoacuterio do reacuteu preso

fazem parte de texto legal que ficou na ldquoutopiardquo do legislador na hora da sua feitura jaacute que

natildeo eacute aplicado na praacutetica forense A audiecircncia agora eacute una de instruccedilatildeo e julgamento (AIJ)

natildeo eacute posto em praacutetica por alguns motivos plausiacuteveis e coerentes com a realidade conforme

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

se comenta a seguir

Primeiro eacute muito mais faacutecil deslocar uma pessoa (reacuteu) do presiacutedio ao Foacuterum do que

deslocar o juiz o promotor o defensor testemunhas servidores dentre outros do Foacuterum ao

presiacutedio no mesmo dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo de vaacuterias audiecircncias sem falar do aparato

material que o presiacutedio teria que dispor para a realizaccedilatildeo da audiecircncia Apesar da essecircncia

condicionante do texto legal quanto ao procedimentoregra eacute desde que estejam garantidas a

seguranccedila dos integrantes do Poder Judiciaacuterio responsaacuteveis pelo interrogatoacuterio e da defesa

seria muito mais oneroso ao Estado e prejudicial ao processo penal jaacute que ocorreriam muitas

remarcaccedilotildees de audiecircncias devido agraves possiacuteveis ausecircncias ou atrasos quanto ao comparecimento dos envolvidos

Segundo devido agrave quantidade de processos e audiecircncias realizadas diariamente pelos juiacutezes

criminais seriam totalmente inviaacuteveis esses deslocamentos do Foacuterum ao presiacutedio Por isso

durante o processo legislativo da lei 119002009 perdeu-se a oportunidade de retificar e

aproximar o CPP da praacutetica forense ou seja quando a regra eacute a apresentaccedilatildeo do reacuteu preso

para assistir e participar dos atos processuais e natildeo como estaacute previsto no quimeacuterico art185 sect1ordm do CPP

Assim atualmente o interrogatoacuterio do reacuteu preso em regra eacute tomado com a sua apresentaccedilatildeo

em juiacutezo e a exceccedilatildeo por videoconferecircncia nos casos previstos no art185 sect2ordm do CPP quando no juiacutezo e no presiacutedio jaacute dispotildeem da tecnologia

O Estado providenciou a possibilidade do interrogatoacuterio por videoconferecircncia aleacutem de

tambeacutem proporcionar ao preso acompanhar pelo mesmo sistema tecnoloacutegico a realizaccedilatildeo de

todos os atos da audiecircncia uacutenica de instruccedilatildeo e julgamento de que tratam os arts 400(AIJ) 411(Instruccedilatildeo preliminar no Tribunal do Juacuteri) e 531(AIJ do processo sumaacuterio) do CPP

Acredita-se que os dois principais motivos para a sua implantaccedilatildeo foram primeiro com o

intuito em diminuir os gastos puacuteblicos nos deslocamentos presiacutedio-Foacuterum-presiacutedio dos reacuteus

e em segundo tambeacutem diminuir a morosidade gerando a tatildeo sonhada e esperada celeridade processual

Conclui-se entatildeo que o interrogatoacuterio por videoconferecircncia eacute constitucional e perfeitamente aplicaacutevel hoje no processo penal

4 RESPONDER Agrave GRAVIacuteSSIMA QUESTAtildeO DE ORDEM PUacuteBLICA

O texto do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP introduzido pela Lei nordm 119002009 apesar de outras palavras com teor subjetivo eacute o mais ldquoatacadordquo pela doutrina

Aury Lopes Juacutenior[27] insatisfeito com a falta de clareza de certas expressotildees que por meio da discricionariedade podem correr o risco de abuso assim se manifesta

ldquoA utilizaccedilatildeo de expressotildees como ldquorisco agrave seguranccedila puacuteblicardquo fundada suspeitardquo ldquorelevante

dificuldaderdquo e ldquograviacutessima questatildeo de ordem puacuteblicardquo cria indevidos espaccedilos para o

decisionismo e a abusiva discricionariedade judicial por serem expressotildees despidas de um

referencial semacircntico claro Seratildeo portanto aquilo que o juiz quiser que sejam O risco de abuso eacute evidenterdquo

Todavia tal entendimento parece guardar resquiacutecios da eacutepoca ditatorial onde o termo

ldquoordem puacuteblicardquo principalmente foi utilizado para respaldar violaccedilotildees de direito humanos

Acontece que se vive momento histoacuterico diferente ndash democraacutetico ndash que isnstiga a conceber a

ldquoquestatildeo de ordem puacuteblicardquo por meio de interpretaccedilatildeo coerente com a atual Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica

Vale refletir sobre as consideraccedilotildees de Luiz Gustavo Grandinetti de Carvalho[28] quando

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

afirma a possibilidade do uso do termo ldquoordem puacuteblicardquo com conotaccedilatildeo democraacutetica

enfatizando sua importacircncia como valor contido na Carta Magna o que traz a lume a constitucionalidade de cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

ldquoEntatildeo eacute preciso desmistificar o conceito de ordem puacuteblica espancar dele qualquer ranccedilo

que possa fazer lembrar seu uso nocivo e construir uma noccedilatildeo democraacutetica progressista e o

maacuteximo possiacutevel imune a manipulaccedilotildees Sem duacutevida esta valoraccedilatildeo positiva pode ser

extraiacuteda da Constituiccedilatildeo e redunda na convicccedilatildeo de que a ordem puacuteblica eacute a afirmaccedilatildeo da

proteccedilatildeo de direitos fundamentais que incumbe aos poderes puacuteblicos como dever constitucional

Sendo a ordem puacuteblica um valor constitucional de inegaacutevel e insuspeitada importacircncia as

leis infraconstitucionais que a elas se referem natildeo podem ser consideradas inconstitucionais

Na verdade as claacuteusulas gerais ou leis gerais constitucionais como a ordem puacuteblica a moral

puacuteblica os bons costumes a paz puacuteblica a sauacutede puacuteblica o interesse puacuteblico podem servir

efetivamente ateacute mesmo para a contenccedilatildeo de direitos fundamentais em dada situaccedilatildeo faacutetica

em que se exija uma ponderaccedilatildeo de bens

Assim natildeo eacute inconstitucional cometer a funccedilatildeo residual de seguranccedila puacuteblica ao Judiciaacuterio

quando ela for consequumlecircncia de uma regular funccedilatildeo jurisdicional No entanto essa funccedilatildeo

residual soacute se legitima se a decisatildeo for produzida como produto de uma adequada

ponderaccedilatildeo de bens utilizando-se o princiacutepio da proporcionalidade para proteger bens

constitucionais concretamente ameaccedilados ndash nunca genericamente Para isso eacute preciso

decompor a ordem puacuteblica para se constatar quais bens estatildeo concretamente ameaccedilados e

somente assim proceder-se agrave ponderaccedilatildeordquo

Eacute ainda conveniente assinalar que o Direito natildeo eacute ciecircncia exata nessa linha de

argumentaccedilatildeo o conceito de ldquoordem puacuteblicardquo natildeo eacute consensual e portanto eacute admissiacutevel que

natildeo seja coerente entre os juizes na hora de aplicar o referido instituto nos vaacuterios casos

concretos que se deparam Obviamente que por ser conceito indeterminado eacute passiacutevel de abusos como em muitos outros casos

O iniacutecio do sect2ordm do artigo 185 do CPP preceitua que o interrogatoacuterio do reacuteu preso seraacute por

videoconferecircncia em casos excepcionais devendo o juiz por decisatildeo fundamentada justificar

a sua aplicaccedilatildeo Ora como a decisatildeo deve ser fundamentada tanto com esteio nos fatos processuais provados e com base legal a margem de ldquoabusordquoeacute mais difiacutecil de comprovar

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nordm 1562009 que trata da reforma do Coacutedigo de Processo

Penal (CPP) manteacutem a possibilidade do interrogatoacuterio e da inquiriccedilatildeo de testemunhas por

videoconferecircncia naquelas situaccedilotildees de excepcionalidade consagradas pela Lei nordm

119002009 com exceccedilatildeo do inciso IV sect2ordm do artigo 185 do CPP que propotildee sua supressatildeo

pelo atual texto do PLS nordm 1562009 Assim entendido o interrogatoacuterio do reacuteu preso por

videoconferecircncia para atender a finalidade de responder agrave graviacutessima questatildeo de ordem puacuteblica foi retirada do atual texto do PLS que trata da reforma do CPP

Trata-se de retrocesso no sentido de garantir a devida celeridade do processo penal com

garantia dos direitos fundamentais do reacuteu preso

Por fim eacute pertinente destacar que natildeo haveraacute ldquosacrifiacuteciordquo do direito de defesa do reacuteu em prol

da seguranccedila da coletividade porque a videoconferecircncia permite o seu exerciacutecio de forma

plena tendo apenas utilizado a fundamentaccedilatildeo acima para respaldar o uso do brocardo

juriacutedico diz quem ldquopode mais pode menosrdquo ou seja se eacute possiacutevel restringir um direito

fundamental de um indiviacuteduo em benefiacutecio da coletividade o que falar quando se trata da

garantia da seguranccedila puacuteblica em confronto com o direito fundamental de uma minoria

5 A VIDEOCONFEREcircNCIA E O CONSELHO NACIONAL DE JUSTICcedilA (CNJ)

O CNJ iniciou a elaboraccedilatildeo em 2009 e aprovou no dia 03032010 o Plano de Gestatildeo para o

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal[29] abordando na Parte IV o

Plano de Gestatildeo relativo agrave Tecnologia de Informaccedilatildeo para as Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal o qual traz no seu iniacutecio

ldquoA informatizaccedilatildeo do processo jurisdicional eacute uma realidade cada vez mais proacutexima e isso

decorre de sua inevitabilidade natildeo haacute como se pensar numa Justiccedila alheia agrave utilizaccedilatildeo dos recursos tecnoloacutegicos proporcionados sobretudo pela informaacutetica

Cada vez mais a sociedade exige do Judiciaacuterio celeridade e eficiecircncia na prestaccedilatildeo

jurisdicional haacute paracircmetros constitucionalmente fixados no sentido do devido processo legal

e da garantia da razoaacutevel duraccedilatildeo do processo

Num cenaacuterio de globalizaccedilatildeo a eficiecircncia do Poder Judiciaacuterio no Brasil chega ateacute mesmo a

ser observada e considerada na realizaccedilatildeo de investimentos externos algumas mudanccedilas jaacute

introduzidas em nosso sistema de distribuiccedilatildeo de Justiccedila com a utilizaccedilatildeo de novas

tecnologias e informaacutetica (Juizados Especiais Federais) injetaram bilhotildees de reais nas bases

da economia e com isso promoveram inequiacutevoco desenvolvimento econocircmico social

portanto natildeo haacute como se escapar agrave mudanccedila de paradigmas no exerciacutecio da jurisdiccedilatildeo como um todo e agora eacute chegado o momento da Justiccedila Criminalrdquo

O Plano de Gestatildeo para o Funcionamento de Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal prevecirc a

utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas inclusive

integrando como Anexo VIII uma proposta de Resoluccedilatildeo sobre o assunto bem como a

elaboraccedilatildeo do Manual Praacutetico de Rotinas das Varas Criminais e de Execuccedilatildeo Penal

Nos termos do art 405 sect1ordm do CPP sempre que possiacutevel com a finalidade de obter maior

fidelidade das informaccedilotildees dentre as formas possiacuteveis de documentaccedilatildeo dos depoimentos

deve-se dar preferecircncia ao sistema audiovisual Tambeacutem estaacute previsto no art 405 sect2ordm do

CPP quando documentados os depoimentos pelo sistema audiovisual dispense a transcriccedilatildeo

Acontece que haacute registro de casos em que se determina a devoluccedilatildeo dos autos aos juiacutezes para

fins de de gravaccedilatildeo Esta eacute a realidade na Justiccedila Federal do Rio de Janeiro por exemplo onde os depoimentos satildeo gravados

A esse respeito cumpre recordar que cada minuto de gravaccedilatildeo demanda em meacutedia 10 (dez)

minutos para a sua degravaccedilatildeo o que inviabiliza a adoccedilatildeo dessa moderna teacutecnica de

documentaccedilatildeo dos depoimentos como instrumento de agilizaccedilatildeo dos processos bem como

caracteriza ofensa agrave independecircncia funcional do juiz a determinaccedilatildeo por magistrado integrante de tribunal da transcriccedilatildeo de depoimentos tomados pelo sistema audiovisual

Com esses fundamentos o CNJ formulou a Proposta de Resoluccedilatildeo que dispotildee sobre a

documentaccedilatildeo dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realizaccedilatildeo de

interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de testemunhas por videoconferecircncia conforme Anexo VIII

acima citado

No seu artigo 1ordm o CNJ desenvolveraacute e disponibilizaraacute a todos os tribunais sistemas

eletrocircnicos de gravaccedilatildeo dos depoimentos e de realizaccedilatildeo de interrogatoacuterio e inquiriccedilatildeo de

testemunhas por videoconferecircncia Os tribunais deveratildeo desenvolver sistema eletrocircnico para o armazenamento dos depoimentos documentados pelo sistema eletrocircnico audiovisual

Eacute de fundamental importacircncia este procedimento principalmente com o intuito de evitar

gastos puacuteblico desnecessaacuterio jaacute que a diferenccedila de tecnologia poderaacute inviabilizar o seu uso

Por exemplo o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro se adianta e realiza licitaccedilatildeo e instala a

videoconferecircncia Acontece que natildeo existiraacute garantia que no futuro quando o CNJ aprovar e

executar esta Resoluccedilatildeo podendo ocorrer ldquochoquerdquo de equipamentos e inviabilizar a operacionalizaccedilatildeo

No Foacuterum deveraacute ser organizada sala equipada com equipamento de informaacutetica conectado

com a rede mundial de computadores (internet) destinada ao cumprimento de carta

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

precatoacuteria pelo sistema de videoconferecircncia assim como para ouvir a testemunha presente agrave

audiecircncia una na hipoacutetese do art 217 do CPP De regra o interrogatoacuterio ainda que de reacuteu

preso deveraacute ser feito pela forma presencial salvo decisatildeo devidamente fundamentada nas hipoacuteteses do art 185 sect2ordm do CPP

Na hipoacutetese em que o acusado estando solto quiser prestar o interrogatoacuterio mas haja

relevante dificuldade de seu comparecimento em juiacutezo por enfermidade ou outra

circunstacircncia pessoal o ato deveraacute se possiacutevel para fins de preservaccedilatildeo da identidade fiacutesica

do juiz ser realizado pelo sistema de videoconferecircncia mediante a expediccedilatildeo de carta precatoacuteria

A proposta de Resoluccedilatildeo do CNJ aumenta a previsatildeo do uso da videoconferecircncia tambeacutem

para o reacuteu solto Certamente tal possibilidade nos casos acima citados atende e fica em consonacircncia com o princiacutepio da igualdade

O interrogatoacuterio por videoconferecircncia deveraacute ser prestado na audiecircncia una realizada no

juiacutezo deprecante adotado no que couber o disposto na Resoluccedilatildeo para a inquiriccedilatildeo de

testemunha asseguradas ao acusado as seguintes garantias a) direito de assistir pelo sistema

de videoconferecircncia a audiecircncia una realizada no juiacutezo deprecante b) direito de presenccedila de

seu advogado ou de defensor na sala onde for prestado o seu interrogatoacuterio c) direito de

presenccedila de seu advogado ou de defensor na sala onde for realizada a audiecircncia una de

instruccedilatildeo e julgamento d) direito de entrevista preacutevia e reservada com o seu defensor o que

compreende o acesso a canais telefocircnicos reservados para comunicaccedilatildeo entre o defensor ou

advogado que esteja no presiacutedio e o defensor ou advogado presente na sala de audiecircncia do

foacuterum e entre este e o preso

6 OUTRAS CONSIDERACcedilOtildeES

Os gastos de implementaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do sistema sofreratildeo alteraccedilatildeo significativa jaacute

que a meacutedio prazo a instalaccedilatildeo do aparelhamento de videoconferecircncia tende a compensar e

muito os cofres puacuteblicos na hora de substituir o aparato estatal (material e pessoal) se

comparado com os recursos necessaacuterios ao deslocamento de reacuteus de alta periculosidade Eacute

importante lembrar que apesar da economia estatal natildeo interessa ao processo penal se o

Estado gasta muito ou pouco para o deslocamento do reacuteu preso pois isto eacute assunto

governamental ou poliacutetico e natildeo juriacutedico Eacute dever do Estado providenciar o transporte mas

sempre procurando no desempenho das suas funccedilotildees e obrigaccedilotildees utilizar a ldquomaacutequina puacuteblicardquo da forma mais eficiente possiacutevel

Dentre outras vantagens com o uso da videoconferecircncia no processo penal pode-se citar

celeridade processual direitos fundamentais do reacuteu preservados seguranccedila nas salas de

audiecircncias evitar fugas dos presos no trajeto Presiacutedio-Foacuterum-Presiacutedio proteccedilatildeo efetiva das

testemunhas e viacutetima com a ausecircncia do contato com o acusado seus familiares o puacuteblico e

os meios de comunicaccedilatildeo depoimento mais calmo e tranquumlilo do depoente diminuiccedilatildeo dos gastos puacuteblicos dentre outros

Vladimir Aras[30] fez um levantamento da utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia no mundo

constatando que a grande maioria dos paiacuteses e Organizaccedilotildees Internacionais adotam a videoconferecircncia no direito processual da seguinte forma

ldquoNos uacuteltimos cinco anos vaacuterios paiacuteses inseriram em suas legislaccedilotildees dispositivos que

permitem a utilizaccedilatildeo de sistemas de videoconferecircncia para a produccedilatildeo de provas judiciais tanto em accedilotildees civis como em accedilotildees penais

Nos Estados Unidos da Ameacuterica tanto a legislaccedilatildeo processual federal quanto as de muitos dos 50 estados-federados permitem a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em accedilotildees criminais

No Reino Unido desde 2003 a Lei Geral sobre Cooperaccedilatildeo Internacional em Mateacuteria Penal

(7) ampliou as hipoacuteteses de coleta de provas por via remota jaacute previstas no art 32 da Lei de

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Justiccedila Criminal (Criminal Justice Act) de 1998 e no art 273 da Lei Processual Penal da

Escoacutecia (Criminal Procedure Scotland Act) de 1995 (8)

Na Espanha a Lei de Proteccedilatildeo a Testemunhas (Ley de Proteccioacuten a Testigos) a Lei

Orgacircnica do Poder Judiciaacuterio (Ley Orgaacutenica del Poder Judicial) e o Coacutedigo de Processo

Penal (Ley de Enjuiciamiento Criminal) permitem a tomada de depoimentos por

videoconferecircncia na jurisdiccedilatildeo criminal especialmente para garantir que viacutetimas protegidas

natildeo sejam vistas eou ameaccediladas pelos acusados

Na Franccedila o art 706-71 do Coacutedigo de Processo Penal (Code de Procedure Penale)

introduzido pela Lei n 1062 de 15 de novembro de 2001 dispotildee sobre a utilizaccedilatildeo de meios

de telecomunicaccedilatildeo no curso do procedimento criminal para a coleta de depoimentos de

testemunhas o interrogatoacuterio de acusados a acareaccedilatildeo de pessoas e a concretizaccedilatildeo de medidas de cooperaccedilatildeo internacional

No acircmbito das Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas (ONU) natildeo haacute duacutevida dos benefiacutecios que a

adoccedilatildeo do sistema de videoconferecircncia pode trazer para a produccedilatildeo de provas processuais penais em todo o mundo especialmente para o combate agrave criminalidade transnacional

A Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra a Corrupccedilatildeo de dezembro de 2003 (Convenccedilatildeo de

Meacuterida) prevecirc a utilizaccedilatildeo da videoconferecircncia para tomada de depoimentos de reacuteus

colaboradores testemunhas e viacutetimas De fato nos artigos 32 sect2ordm e 46 sect18 da Convenccedilatildeo

de Meacuterida haacute previsatildeo expressado uso de videoconferecircncia para coleta de depoimentos de

reacuteus colaboradores viacutetimas testemunhas e peritos assim como para a produccedilatildeo de prova processual penal em procedimentos de cooperaccedilatildeo juriacutedica internacional

Outro tratado internacional recente a Convenccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas contra o Crime

Organizado Transnacional (Convenccedilatildeo de Palermo) que entrou em vigor em setembro de

2003 jaacute previa a utilizaccedilatildeo de videoconferecircncia em hipoacuteteses semelhantes Eacute o caso do art

24 sect2ordm lsquobrsquo

Na Uniatildeo Europeacuteia o Tratado de Assistecircncia Judicial em Mateacuteria Penal (9) assinado em

Bruxelas em 29 de maio de 2000 autoriza a realizaccedilatildeo de audiecircncias criminais para a ouvida

de reacuteus (mediante seu consentimento) testemunhas e peritos por sistemas de comunicaccedilatildeo

audiovisual agrave distacircncia A convenccedilatildeo aplica-se no espaccedilo juriacutedico europeu que hoje

congrega vinte e cinco Estados-membros O artigo 10 dessa convenccedilatildeo dispotildee sobre o

tema (10)

O Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslaacutevia com sede em Haia na Holanda

desde sua instalaccedilatildeo vem admitindo a oitiva de testemunhas e peritos por videoconferecircncia

Tal se deu no julgamento do boacutesnio de origem seacutervia Dusko Tadic O viacutedeo-link para ouvida

de oito testemunhas da defesa transmitiu os depoimentos a partir de Banja Luka na Boacutesnia

de 15 a 18 de outubro de 2002 A inquiriccedilatildeo foi realizada pelo advogado Michail

Wladimiroff e pelos promotores Grant Niemann e Brenda Hollis (11) Anteriormente o sistema havia sido utilizado no mesmo casordquo

O artigo 3ordm aliacutenea a) do Coacutedigo de Processo Penal Militar (CPPM) prevecirc que os casos

omissos nesse diploma legal seratildeo supridos pela legislaccedilatildeo de processo penal comum

quando aplicaacutevel ao caso concreto e sem prejuiacutezo da iacutendole do processo penal militar o que

sugere a conclusatildeo da possiacutevel aplicaccedilatildeo do interrogatoacuterio por videoconferecircncia no processo

penal militar Mesmo considerando o artigo 390 sect5ordm tambeacutem do CPPM que literalmente

preceitua que o interrogatoacuterio do acusado ocorreraacute na sede da Auditoria bem como do

art403 do CPPM que determina que o acusado preso assistiraacute a todos os termos do

processo inclusive ao sorteio do Conselho de Justiccedila quando Especial eacute a mesma interpretaccedilatildeo histoacuterica devido tratar-se de um dispositivo de 1969

7 CONCLUSAtildeO

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

A videoconferecircncia nova tecnologia inserida no contexto da praacutetica do Direito enfrenta

como esperada alta resistecircncia ao novo justificada em funccedilatildeo de receio do desconhecido

No presente artigo tenta-se demonstrar que a videoconferecircncia ao inveacutes de macular direitos

do reacuteu preso se bem aproveitada tende a aproximar o interrogatoacuterio aos princiacutepios que norteiam o processo penal

Por mais que alguns argumentos da doutrina tentem mostrar afronta a qualquer princiacutepio a

sua fundamentaccedilatildeo fica apenas na especulaccedilatildeo mesmo porque na maior parte dos Estados

da Federaccedilatildeo natildeo foi ainda implantada a tecnologia no Judiciaacuterio Como em outras

inovaccedilotildees apenas com a praacutetica e mudanccedila de mentalidade poder-se-aacute aperfeiccediloar o seu uso

e corrigir algum empecilho para o seu regular desempenho mas daiacute afirmar que a videoconferecircncia natildeo pode ou deve ser usada eacute bem diferente

Negar a aplicaccedilatildeo da videoconferecircncia no processo penal eacute resistir ao desenvolvimento e

incorporaccedilatildeo da tecnologia como recurso ao alcance de finalidades favoraacuteveis aos direitos do

homem Como se ressaltou toda mudanccedila requer um periacuteodo de adaptaccedilatildeo o que natildeo seraacute diferente com o emprego da nova tecnologia no processo penal

A despeito dessa premissa o presente estudo demonstra que existem suficientes

fundamentos legais e praacuteticos que permitam considerar a possibilidade de que a viacutedeo conferecircncia contribua para a celeridade do processo sem ofensa aos direitos do acusado

BIBLIOGRAFIA

ARISTOacuteTELES Eacutetica a Nicocircmaco (Coleccedilatildeo a Obra-Prima de cada autor) Traduccedilatildeo Pietro Nassetti 4ordf ed Satildeo Paulo Martin Claret 2008

BRASIL Constituiccedilatildeo (1988) Disponiacutevel em lthttpwww planaltogovbrccivil_03ConstituicaoConstituiccedilaohtmgt Acesso em 02032010

BRASIL Decreto-Lei nordm 3689 de 3 de outubro de 1941 (Coacutedigo de Processo Penal)

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbr ccivil_03Decreto-LeiDel3689htmgt Acesso em 02032010

BRASIL Lei nordm 11900 de 8 de janeiro de 2009 Disponiacutevel emlt

httpwwwplanaltogovbrccivil_03_Ato2007-20102009 LeiL11900htmgt Acesso em 02032010

BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitaacuteria 1991

CARVALHO Luiz Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo 5ordf ed Rio de

Janeiro Editora Lumen Juris 2009

___________ Liberdade de Informaccedilatildeo e o Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2ordf

ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003

FIOREZE Juliana Videoconferecircncia no Processo Penal Brasileiro Interrogatoacuterio On-

Line Curitiba Juruaacute Editora 2008

GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005

LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

Vol I 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

________ Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Vol II 4ordf ed

Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2009

LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009

MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006

OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O Princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2007

PRADO Geraldo Luiz Mascarenhas(Coordenador) Acesso agrave Justiccedila Efetividade do

Processo Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

_______ Sistema Acusatoacuterio 4ordf ed Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2006

_______ (Coordenador) O Interrogatoacuterio Criminal como Instrumento de Acesso agrave

Justiccedila Penal Desafios e Perspectivas Rio de Janeiro Editora Lumen Juris 2005

TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde

Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000

TRISTAtildeO Adauto Dias O interrogatoacuterio como Meio de Defesa Rio de Janeiro Editora

Lumen Juris 2009

NOTAS

[1] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[2] CARVALHO Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Liberdade de Informaccedilatildeo e o

Direito Difuso agrave Informaccedilatildeo Verdadeira 2Ed Rio de JaneiroSatildeo Paulo Renovar 2003 p205

[3] TAKAHASHI Tadao et al (Org) Sociedade da Informaccedilatildeo no Brasil Livro Verde Brasiacutelia Ministeacuterio da Ciecircncia e Tecnologia 2000 p9

[4] FERRARI Fernanda Barbosa Utilizando a videoconferecircncia como meio didaacutetico na

educaccedilatildeo agrave distacircncia Disponiacutevel em lthttpwwwabedorgbrseminario2003texto05htmgt Acesso em 03022010

[5] SANTOS Valfredo Joseacute dos O Direito e a Sociedade da Informaccedilatildeo In Acircmbito

Juriacutedico Rio Grande 59 30112008 [Internet] Disponiacutevel em lthttpwwwambito-

juridicocombr

pdfsGeradosartigos5334pdfgt Acesso em 03022010

[6] Disponiacutevel em lthttpwwwcnjjusbrindexphpoption=

com_contentampview=articleampid=5782processo-judicial-digital-projudiampcatid=277projudigt Acesso em 03022010

[7] Disponiacutevel em lthttpwwwtsegovbrinterneteleicoes

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

votoeletronicovoto_elhtmgt Acesso em 03022010

[8] OLIVEIRA Alexandre Vidigal de Processo virtual Mal do Poder Judiciaacuterio estaacute no

atraso em julgar Consultor Juriacutedico [sl] n p1-1 12 mar 2008 Disponiacutevel em

lthttpconjurestadaocombrstatic text646021gt Acesso em 03022010

[9] BARROS Marco Antocircnio de ROMAtildeO Ceacutesar Eduardo Lavoura Internet e

videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel emlt httpwww2cjfjusbrojs2indexphpcejarticleviewFile707887gt Acesso em 10022010

[10] Disponiacutevel em lthttpwwwgestaopublicaspgovbrconteudo

MostraNotiasppar=1080gt Acesso em 01032010

[11] MATTELART Armand Histoacuteria da Sociedade da Informaccedilatildeo Traduccedilatildeo Nicolas

Nyimi Campanaacuterio 2 ed Revista e atualizada Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 p160-163

[12] GIDDENS Anthony Mundo em descontrole o que a globalizaccedilatildeo estaacute fazendo de

noacutes Trad Maria Luiza X De A Borges 4 ed Rio de Janeiro Record 2005 p22

[13] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p15

[14] Ibidem p28-29

[15] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p631

[16] LEacuteVY Pierre O que eacute o virtual Traduccedilatildeo de Paulo Neves Satildeo Paulo Editora 34 2009 p30

[17] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p146

[18] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de

Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p155

[19] BROTTO Alexia A Rodrigues Transformaccedilatildeo de Paradigmas no Poder

Judiciaacuterio AUtilizaccedilatildeo de Meios Eletrocircnicos como Meio de Efetividade do Processo

In Congresso Nacional do CONPEDI XVIII 2008 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwconpediorg manausarquivosanaisbrasiliaintegrapdfgt Acesso em 23032010

[20] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p234

[21] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[22] BADAROacute Gustavo Henrique Righi Ivahy A regra da identidade fiacutesica do juiz na

reforma do coacutedigo de processo penal Boletim IBCCRIM Satildeo Paulo ano 17 n 200 p 12-13 julho 2009

[23] LEITE Rosimeire Ventura Princiacutepio da proporcionalidade no Direito penal Disponiacutevel emltwwwibccrimorgbrgt Acesso em 04032010

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt

Texto extraiacutedo do site JUS MILITARIS || wwwjusmilitariscombr

______________________________________________________________________

Site Jus Militaris || wwwjusmilitariscombr

[24] BITTAR Eduardo CB A Justiccedila em Aristoacuteteles 2 ed Rio de Janeiro Forense

Universitaacuteria 1991 p98-101

[25] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226

[26] OLIVEIRA Faacutebio de Por uma Teoria dos Princiacutepios O princiacutepio Constitucional da

Razoabilidade 2ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2007 p257

[27] LOPES JUacuteNIOR Aury Direito Processual Penal e sua Conformidade

Constitucional Vol I 4ordf Ediccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p630

[28] CARVALHO L G Grandinetti Castanho de Processo Penal e Constituiccedilatildeo Rio de Janeiro Lumen Juris Editora 2009 p226-227230

[29] Disponiacutevel em httpwwwcnjjusbrimagesimprensa consultapublicaplano_de_gestao_varas_criminais_cnj_v1pdf Acesso em 08032010

[30] ARAS Vladimir Videoconferecircncia no processo penal Disponiacutevel em

httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=6311gt Acesso em 04032010

MONTEIRO Ronaldo SaundersO interrogatoacuterio por videoconferecircncia conforme a lei

119002009 Disponiacutevel em ltwwwibccrimorgbrgt