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UMC Universidade de Mogi das Cruzes Campus Villa-Lobos Ciências Biológicas – 7°A - Noturno Ecologia de Ecossistemas Professor Dr. Rodrigo M. L. dos Santos Alunos: Adnádigi Kléo, Douglas Nunes, Juliana Ferrari, Marcelo Marcelino, Mariana Bury, Raquel Raposo. Mata Atlântica: Caracterização e Conservação

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UMCUniversidade de Mogi das CruzesCampus Villa-Lobos

Cincias Biolgicas 7A - Noturno

Ecologia de EcossistemasProfessor Dr. Rodrigo M. L. dos Santos

Alunos:Adndigi Klo, Douglas Nunes, Juliana Ferrari, Marcelo Marcelino, Mariana Bury, Raquel Raposo.

Mata Atlntica: Caracterizao e Conservao

So Paulo, 2014 Introduo A Mata Atlntica um dos biomas com maior diversidade de espcies vegetais e animais do planeta. , tambm, um dos que possui as mais elevadas taxas de endemismo (espcies que so exclusivas de um bioma). A Mata Atlntica, originalmente, cobria uma rea superior a 1,3 milho km.Ela estende-se por 17 Estados, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, acompanhando o litoral brasileiro, com diversos tipos de vegetao, clima, relevo, ecossistemas e fauna. Ocorre tanto na regio litornea como nos planaltos e serras do interior (parte de Minas Gerais, Gois por exemplo). Ao longo de toda a costa brasileira a sua largura varia entre pequenas faixas e grandes extenses, atingindo em mdia 200 km de largura.Calor intenso e chuvas volumosas favorecem o desenvolvimento de plantas e animais em abundncia. Devido ao seu altssimo grau de biodiversidade, endemismo e sua elevada taxa de desmatamento, est entre os cinco principais hotspots do mundo, ou seja, reas que apresentam os biomas mais ricos e ao mesmo tempo mais ameaados do planeta, de acordo com levantamento feito pela ONG Conservation International. Ao longo de todo sua extenso, a Mata Atlntica apresenta uma variedade de formaes, engloba um diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estruturas e composies florsticas bastante diferenciadas, acompanhando as caractersticas climticas da vasta regio onde ocorre, tendo como elemento comum a exposio aos ventos midos que sopram do oceano.A fisionomia da paisagem no reflete apenas a juno dos resultados de contnuas e diferentes mudanas climticas ao longo da histria da formao do planeta, mas tambm representa seus efeitos acumulados no tempo e no espao, inter-relacionando a histria geolgica e a paleogeografia, que a "pr-histria" das mudanas dos relevos em relao ao diferentes climas.

HistricoDesde o descobrimento do Brasil at os dias de hoje a rea de mata foi reduzida a aproximadamente 7% da sua rea original. As cidades campes de desmatamento encontram-se nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia e Paran. No perodo de 2008 a 2010, o desmatamento caiu 55% na taxa mdia anual (de 102,9 mil hectares para 31,1 mil hectares), queda que j veio acompanhada de um novo aumento, segundo estudo recente da ONG SOS Mata Atlntica em parceria com o INPE. Nesse novo estudo, concluiu-se que os ndices de desmatamento aumentaram 9 % entre 2012 e 2013. A princpio, os nativos que aqui estavam devastaram as matas para nelas adentrar e explorar (queimavam trechos de mata para a formao de clareiras). Com a chegada dos portugueses na costa brasileira, tem incio um ciclo de explorao quase que infinito, culminando com a degradao do bioma e extino de muitas espcies. Os primeiros europeus chegaram na regio do Rio de Janeiro e iniciaram os ciclos de explorao com o Pau-Brasil, importante para extrao de tintas para tecido. A explorao crescia ano aps ano, o que preocupou a Coroa Portuguesa, que passou a controlar o corte da madeira em meados do ano de 1605, criando a funo de ''Guarda-florestal' e penalizando a extrao ilegal. De fato, tal controle no ocorria. O contrabando ganhava fora e a Mata Atlntica ia se perdendo dia aps dia. Alm do trfico de Pau-Brasil, eram traficados tambm periquitos, papagaios, felinos, macacos. Dezenas e mais dezenas de navios chegavam em Portugal com fauna e flora brasileira contrabandeada.Aps o ciclo do Pau-Brasil, a explorao da cana-de-acar ganha fora. Principal espcie introduzida no perodo colonial, chegou aqui acompanhada de inhame, banana e gengibre. A mo-de-obra inicial foram os indgenas, e, posteriormente, os africanos que foram escravizados. A adoo de sesmarias contribuiu para o desmatamento, cuja prtica agrcola adotada era a de derrubada e queimada. A implantao de engenhos de cana-de-acar desencadeou na construo de vilas e cidades, e tal atividade econmica teve o seu auge entre os sculos XVI e XVII. A pecuria tambm ganhava fora e muitas terras eram desmatadas para ser possvel a criao do gado e sua alimentao. A mais importante descoberta do sculo XVIII foi a descoberta do ouro. Um novo e sedento ciclo de explorao se inicia novamente. A minerao destri extensas terras de Minas Gerais para retirada do ouro, mais vilas e cidades vo sendo criadas e a populao cresce com o desembarque contnuo de pessoas que vinham trabalhar nessa explorao.O sculo XIX marcado pelo ciclo do caf, acompanhado da construo de ferrovias e contnua devastao. Logo aps, a industrializao se inicia e ganha fora, e junto com ela vem a poluio e a expanso urbana desordenada. No havia leis que limitassem a explorao dos recursos naturais e matas, o primeiro Cdigo Florestal teve origem apenas em 1934, quando a devastao j tinha ultrapassado todos os limites, pois no existia nenhuma ideia de conservao e preservao de recursos, o foco era apenas explorao e deteno de poder. O resultado atual a perda quase total das florestas originais intactas e a contnua devastao e fragmentao dos remanescentes florestais existentes, o que coloca a Mata Atlntica em pssima posio de destaque, como um dos conjuntos de ecossistemas mais ameaados de extino do mundo.

Ecossistemas da Mata Atlntica

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o ecossistema uma comunidade de organismos que interagem entre si e com o meio ambiente ao qual pertencem. Exemplos de meio ambiente so lagos, floresta, savana, tundra, etc. complexo que compe o ecossistema onde ocorre a interao entre seres vivos e os elementos no vivos (biticos e abiticos), havendo a transferncia de energia e matria entre eles. Um domnio pode conter mais de um bioma e de um ecossistema.Os principais ecossistemas brasileiros so: Floresta Amaznica, Mata Atlntica, Cerrado, Caatinga, Campos, Pantanal, Restingas e Manguezais.Os Ecossistemas ou ecorregies da Mata Atlntica definidos pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992 so: Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Aberta, Floresta Ombrfila Mista, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Mangues e Restingas.A proteo do CONAMA se estende no s mata primria, mas tambm aos estgios sucessionais em reas degradadas que se encontram em recuperao. A mata secundria protegida em seus estgios inicial, mdio e avanado de regenerao.Existem diversos projetos de recuperao da Mata Atlntica, que esbarram sempre na urbanizao e o no planejamento do espao, principalmente na regio Sudeste. Existem algumas reas de preservao em alguns trechos em cidades como So Sebastio (litoral norte de So Paulo). A nvel nacional, graas aos inmeros parques e bosques dentro de seu permetro urbano, Curitiba a cidade brasileira onde a mata atlntica est melhor preservada.No Paran, graas reao cultural da populao, criao de APA's (reas de Preservao Ambiental), apoiadas por uma legislao rgida e fiscalizao intensiva dos cidados, aparentemente a derrubada da floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetao preserva um alto nvel de biodiversidade, das quais esto o mico-leo-dourado, as orqudeas e as bromlias.Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de So Paulo mostrou que, neste incio de sculo, a rea com vegetao natural em So Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilmetro quadrado) em relao existente h dez anos. O crescimento, ainda tmido, concentrou-se na faixa de Mata Atlntica, o ecossistema mais extenso do estado.A Constituio Federal de 1988 coloca a Mata Atlntica como patrimnio nacional, junto com a Floresta Amaznica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundria regulamentada por leis posteriores, j a derrubada da mata primria proibida.A Poltica da Mata Atlntica (Diretrizes para a poltica de conservao e desenvolvimento sustentvel da Mata Atlntica), de 1998, contempla a preservao da biodiversidade, o desenvolvimento sustentvel dos recursos naturais e a recuperao das reas degradadas.H milhares de ONGs, rgos governamentais e grupos de cidados espalhados pelo pas que se empenham na preservao e revegetao da Mata Atlntica. A Rede de ONGs Mata Atlntica tem um projeto de monitoramento participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossi da Mata, por municpios do domnio original.

Unidades de Conservao

No domnio da Mata Atlntica existem 131 unidades de conservao federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribudas por dezesseis estados, com exceo de Gois. Entre elas destacam-se, de norte a sul:

Parque das Dunas, estadual, Rio Grande do Norte (uma das maiores unidades de conservao da mata atlntica do Brasil);Jericoacoara, federal, Cear;Chapada do Araripe, Pernambuco, Piau e Cear;Jardim Botnico Benjamim Maranho, Joo Pessoa, Paraba;Reserva Biolgica Guaribas, Mamanguape, Paraba;APA da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Paraba;Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, Bahia;Parque Marinho dos Abrolhos, federal, Bahia;Parque Estadual da Pedra Azul, estadual, Esprito Santo;Parque Estadual Paulo Csar Vinha, estadual, Esprito Santo;Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, Esprito Santo;Parque Nacional do Capara, federal, Esprito Santo e Minas Gerais;Santurio do Caraa, privada, Minas Gerais;Parque Estadual do Rio Doce, estadual, Minas Gerais;Parque Nacional da Serra de Itabaiana, federal, Sergipe;Serra do Cip, federal, Minas Gerais;Serra da Bodoquena, federal, Mato Grosso do Sul;Parque Estadual dos Trs Picos, estadual, Rio de Janeiro;Reserva Natural Vale do Rio Doce, Linhares, Esprito Santo;Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, estadual, Santa Catarina;Serra dos rgos, federal, Rio de Janeiro;Parque da Tijuca, federal, Rio de Janeiro;Parque Estadual da Serra da Tiririca, estadual, Rio de Janeiro;Parque Municipal da Grota, municipal, Mirassol, So Paulo;Parque do Itatiaia, Minas Gerais e Rio de Janeiro;Parque do Sabi,Uberlndia-Minas Gerais;Serra da Bocaina, Rio de Janeiro e So Paulo;Serra da Cantareira, So Paulo, So Paulo;Parque Estadual Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, So Paulo;Serra da Mantiqueira, Rio de Janeiro, Minas Gerais e So Paulo;APA Petrpolis, Parque Natural Municipal da Taquara, Rio de Janeiro;Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, So Paulo;Parque da Cantareira, estadual, So Paulo;Estao Ecolgica da Juria-Itatins, estadual, So Paulo;Ilha Anchieta, estadual, So Paulo;Parque Estadual da Serra do Mar, So Paulo;Parque Estadual de Ilhabela, So Paulo;Parque Iguau, federal, Foz do Iguau, Paran;Ilha do Mel, estadual, Paran;Parque Nacional da Serra do Itaja, federal, Santa Catarina;Serra Geral, estadual, Rio Grande do Sul;RPPN da Unisc, Reserva Particular do Patrimnio Natural Rio Grande do Sul;RPPN Rio das Lontras, Reserva Particular do Patrimnio Natural, Santa Catarina;Parque Municipal de Macei, Alagoas;Estao ecolgica de Murici, Alagoas.

Visto a enorme diversidade de ambientes da Mata Atlntica e de muitas vezes serem necessrias aes mais regionalizadas, a ONG WWF dividiu este bioma em 15 ecorregies. E estas foram citadas na apresentao como segue abaixo:

Florestas tropicais e subtropicais midas

Florestas do Alto ParanA ecorregio das Florestas do Alto Paran compreende a regio que vai desde o Noroeste Paulista no Brasil, at o sudeste do Paraguai e a provncia de Missiones, na Argentina. Abrange uma rea de 471.204 km e um dos ecossistemas mais ameaados do mundo. No Brasil, resta menos de 5% de sua cobertura original e a maior parte dos fragmentos que restam so muito diminutos e so compostos por floresta secundria regenerada aps desmatamento.O clima vai desde o clima tropical com estao seca (Aw), no Noroeste Paulista, at o clima subtropical (Cf), no sul do Brasil e Argentina de acordo com a classificao climtica de Kppen-Geiger.Dos mais de 400.000 km de extenso originais, restam apenas 7,8%, a maior parte na Argentina. No Brasil, restam apenas 2,7% (7.712km), incluindo o Parque Nacional do Iguau, o Parque Estadual Morro do Diabo e o Parque Estadual do Turvo, sendo o restante distribudos em fragmentos bem menores, muito deles com menos de 100 hectares. Essa fragmentao prejudica muito a conservao, seja pelo isolamento dos fragmentos, seja por efeitos associados ao tamanho diminuto, como o efeito de borda. Na Argentina, na provncia de Misiones, restam cerca de 50 % da cobertura original, totalizando 11.230km. Os remanescentes nesta rea formam um imenso corredor verde de 11.000km, sendo de importncia estratgica na conservao das Florestas do Alto Paran. No Paraguai, apesar de ser uma rea significativa de 11.520km, os fragmentos so de menor rea e menos conectados, e representam ao todo, cerca de 13,5% da cobertura original.

Corredor Ecolgico TrinacionalVisto o grau de fragmentao dessa ecorregio e sua enorme biodiversidade, prope-se a criao de um corredor ecolgico, unindo os fragmentos de floresta do Brasil, Argentina e Paraguai. Do lado brasileiro, o corredor vai desde a bacia do rio Aguape (SP) at a bacia do rio Turvo (RS). O corredor abrangeria vrias unidades de conservao ao longo desse trajeto, e descontando as reas de conexo, somariam 570 mil hectares. uma importante iniciativa para a conservao da biodiversidade no Cone Sul, visto que de suma importncia a conexo entre as diversas unidades de conservao da regio.

Floresta de AraucriasFloresta ombrfila mista, tambm Floresta de Araucrias, um ecossistema com chuva durante o ano todo, normalmente em altitudes elevadas, e que contm espcies de angiospermas. Encontrada no Brasil principalmente nos estados de Santa Catarina, Paran e Rio Grande do Sul, faz parte do bioma mata atlntica, e caracterizada pela presena da Araucaria angustifolia que nela imprime um aspecto prprio e nico.O clima da regio subtropical, com chuvas regulares e estaes relativamente bem definidas: o inverno normalmente frio, com geadas frequentes e at neve em alguns municpios do Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e o vero razoavelmente quente. As temperaturas variam de 30C, no vero, at alguns graus negativos, no inverno rigoroso.A umidade relativa do ar est relacionada temperatura, com influncia da altitude. Assim, nas zonas mais elevadas, a temperatura no suficientemente elevada, diminuindo a umidade produzida pelas chuvas. As mdias mais elevadas so resultados da influncia ocenica sobre o clima e da transpirao dos componentes das matas pluviais existentes. Os maiores ndices pluviomtricos so registrados nos planaltos, com chuvas bem distribudas por toda regio.

RestingasAs Restingas da Costa Atlntica caracterizam-se por ocorrerem em reas de solo arenoso variando desde uma vegetao arbustiva at florestas de porte mais baixo medida que se afasta da orla martima.As florestas de restinga so formaes vegetais que ocorrem do Nordeste Brasileiro at o Sul do Brasil, em reas de solo arenoso e pobres em nutrientes do litoral. A vegetao varia desde arbustos at florestas com rvores de 15 m de altura. Tem sido considerada como uma formao pioneira, visto colonizar reas com extremo estresse ambiental. Podem ser distinguidos dois tipos de restingas, que tm sua ocorrncia determinadas pela distncia da orla martima: a floresta de restinga, ou "restinga alta" e os campos de restinga, ou restinga propriamente dita.Mais de 90% da vegetao original j foi alterada pela ao humana: a principal ameaa a expanso urbana. Ademais, as unidades de conservao protegem apenas 298,9 km.

Florestas Costeiras da BahiaAs Florestas Costeiras da Bahia se estendem por toda a costa do sul da Bahia at o norte do Esprito Santo. Trata-se de um centro de endemismo, com inmeras espcies correndo o risco de extino como o pau-brasil, o mico-leo-de-cara-dourada e a preguia-de-coleira. Abrange os ecossistemas mais ameaados do mundo, visto que apenas 5% dele ainda existe. Nesta regio, a fitofisionomia predominante a floresta ombrfila densa, com formaes de restinga e manguezais no litoral. Nas regies florestais, as rvores podem alcanar at 35m de altura. notvel a semelhana de muitos trechos dessa floresta, principalmente no Esprito Santo, com a Floresta Amaznica: tais florestas so conhecidas por "Mata de Tabuleiro", que uma floresta estacional semidecidual com uma grande quantidade de lianas. O clima quente e mido com precipitao anual mdia entre 1200 e 1800 mm, com um eventual perodo seco de maio a setembro na poro sul da ecorregio. A regio, principalmente o sul da Bahia, um dos maiores produtores de cacau, que por ser muitas vezes plantado em meio ao sub-bosque da floresta, no foi to nocivo biodiversidade, pois no convertia grandes trechos de floresta em monoculturas. Mas mesmo assim, entre 2 a 7% da cobertura original ainda persiste, a maior parte em propriedades particulares, o que dificulta a preservao dos remanescentes de floresta: o sul da Bahia possui um mosaico de unidades de conservao que somam cerca de 500km e a Reserva Biolgica de Sooretamae a Reserva Natural Vale somam 440km no Esprito Santo. A importncia biolgica dessa ecorregio somada com seu alto grau de devastao torna prioritria a criao de corredores ecolgicos. De fato, proposto a criao de um corredor que abranger cerca de 86.000km, o Corredor Central da Mata Atlntica, ligando os principais remanescentes de floresta do sul da Bahia e do Esprito Santo.

Florestas do Interior da BahiaAs florestas do Interior da Bahia so uma das ecorregies mais desmatadas da Mata Atlntica, e possui uma biodiversidade pouco conhecida. Existem duas unidades de conservao muito importantes, localizadas em Minas Gerais: o Parque Estadual do Rio Doce e a Reserva Biolgica da Mata Escura. Estende-se desde o interior da Bahia, Esprito Santo at o Rio de Janeiro, cobrindo todo o leste do estado de Minas Gerais. A vegetao que mais caracteriza essa ecorregio a floresta estacional semidecidual, entretanto, existe uma enorme variedade fitofisionomias, com reas mais midas e mais secas, dependendo da regio. Geralmente, existe um perodo mais seco que varia de 3 a 5 meses ao ano. uma das ecorregies mais modificadas pelo homem, com a maior parte dos remanescentes de floresta com menos de 10km.1 Apenas duas unidades de conservao possuem tamanho significativo para estratgias de conservao da biodiversidade: o Parque Estadual do Rio Doce (com cerca de 360km) e a Reserva Biolgica da Mata Escura (com cerca de 540km). Ambas encontram-se relativamente isoladas no leste e nordeste do estado de Minas Gerais, respectivamente.

Brejos de AltitudeBrejo de altitude, brejo interiorano ou "Florestas de Serra" ' so denominaes dadas pelos ambientalistas (principalmente gegrafos) para reas situadas no permetro das secas, no interior da Regio Nordeste do Brasil. So marcadas por um clima tropical mido ou submido, em alguns casos at mesmo subtropical. Devido elevada altitude, criam todas as condies necessrias ao desenvolvimento de uma flora que rene tanto caractersticas da Mata Atlntica (floresta Ombrfila Densa) quanto da caatinga (Savana Estpica), contrastando com as reas circundantes, que possuem condies climticas mais secas. Ao contrrio de biomas vizinhos de relevo menos alto, suas temperaturas mdias no inverno ficam entre 10 e 20 graus (nas florestas da costa leste por exemplo a temperatura fica entre 20 e 30 graus e nas estepes beiram os 40 graus no vero), sendo que nos picos destes plats pode durante certas frentes frias somadas a ventos e umidade chegar a poucos graus positivos com sensao trmica que beira o zero grau ou mesmo menos at. Isso obviamente favoreceu a divergncia biomtica via geofsica divergente.Os brejos de altitude so tidos como biomas pouco estudados no que se refere botnica brasileira. Muitos municpios dos estados de Pernambuco e Paraba sobre o Domo da Borborema (agreste e Serto) esto situados em reas de brejo ou prximos a essas regies, devido presena mais abundante de gua do que em seu entorno ocidental semirido e rido, como, por exemplo, em Areia (Paraba) e Garanhuns (Pernambuco). Em ambos os casos h uma elevao atpica no planalto do serto numa longitude menos ocidental gerando uma espcie de ilha climtica entre as mornas florestas costeiras e midas do leste e as quentes estepes, que a oeste so amenizadas as vezes pela altitude, mesmo com umidade reduzida.No caso paraibano ainda mais extrema a variao dos microclimas, pois em poucas dezenas de km de leste a oeste se passa de um clima costeiro mido a um macio cristalino extremamente seco para os padres da estepe nordestina (Cabaceiras) e entre ambos est a longitude do Brejo de Altitude que soma a umidade do leste com a altitude do centro-oeste gerando um clima sem muita amplitude que nem tem o calor do leste e nem a falta de umidade do oeste, mas a combinao de ambos no sentido transitrio. O caso do Araripe na divisa PB-CE no entanto diverge deste padro verificado no Agreste paraibano, pois sua localizao est no serto e em oposio as costas e suas frentes midas. Neste caso o oceano e suas frentes influem menos e a captao da chuva pelo sistema se faz de forma mais direta frente baixa pluviosidade. Outro local que possivelmente segue este mesmo padro se trata da zona planltica nas proximidades de Monteiro.Devido s suas qualidades de solo e clima, os brejos foram alvo de desmatamento durante todo o processo de povoamento e ocupao do interior do Nordeste, levando destruio de todo um ecossistema com espcies endmicas.

Florestas Costeiras de PernambucoAs Florestas Costeiras de Pernambuco so um importante centro de endemismo na Amrica do Sul e tambm uma das ecorregies mais desmatadas do mundo.Localizada em uma faixa de cerca de 80 km ao longo do litoral do Nordeste Brasileiro, como uma precipitao anula de at 2000mm anuais. Existe um perodo mais seco, que vai de outubro a janeiro. A fitofisionomia encontrada a floresta ombrfila densa de terras baixas, com rvores de at 35 m de altura. As florestas de Pernambuco possuem uma longa histria de desmatamento. O primeiro ciclo de desmatamento veio com a extrao do pau-brasil, no incio da colonizao europia. A partir da, at os dias de hoje, o cultivo da cana-de-acar foi o responsvel pelo desmatamento na regio. De fato, os remanescentes de florestas so em sua maioria menores que 10 km, cercados por plantaes de cana-de-acar. H apenas 87 km em unidades de conservao, que representa uma porcentagem muito baixa para a manuteno da biodiversidade e processos ecolgicos chave.

Florestas do Interior de PernambucoAs Florestas do Interior de Pernambuco formam uma ecorregio definida pelo WWF na regio Nordeste do Brasil, localizada no domnio da Mata Atlntica. Trata-se de regio em transio com o bioma da Caatinga, o que confere caractersticas especiais no quesito biodiversidade.Essa ecorregio est situada entre a ecorregio das Florestas Costeiras de Pernambuco e a Caatinga. Possui precipitao entre 1.250 e 1750 mm anuais, com uma estao mais seca entre outubro e maro. O Planalto da Borborema encontra-se dentro desta ecorregio. A vegetao vai desde a floresta estacional semidesidual, floresta ombrfila aberta at reas de transio com a Caatinga.Mais de 95 % da vegetao original foi alterada pela ao do homem: atualmente, existem cerca de 900km da floresta estacional semidecidual (para alguns autores floresta ombrfila aberta) e 420 km de reas de transio com acaatinga.1 A maior parte dos fragmentos so muito diminutos e sujeitos ao efeito de borda, o que causa graves danos na conservao da biodiversidade. Alm disso, existem apenas trs unidades de conservao, sendo a Reserva Biolgica de Pedra Talhada, em Quebrngulo, a mais importante unidade de conservao.

Florestas da Serra do MarAs Florestas da Serra do Mar ou Florestas costeiras da Serra do Mar localizam-se em regies escarpadas do litoral sudeste e sul do Brasil, compreendendo regies dos estados de So Paulo, Paran, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Esprito Santo e Minas Gerais. um dos maiores centros de endemismo da Mata Atlntica e tambm possui os maiores trechos contnuos desse bioma no Brasil.A ecorregio localiza-se na rea tropical, e de acordo com a classificao climtica de Kppen-Geiger, o clima o subtropical hmido (Cfa e Cwa). Isso confere um regime de chuvas durante o ano todo. As escarpas da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira possuem como fitofisionomia principal a floresta ombrfila densa. Por conta da altitude, os tipos de floresta ombrfila densa variam, desde a floresta de terras baixas (at 50m de altitude), com rvores de at 40 m de altura, at as florestas alta montana em altitudes mais elevadas (entre 1000 e 1200m). Nesta ecorregio se encontram os maiores remanescentes contnuos de Mata Atlntica, com destaque ao estado de So Paulo, que possui cerca de 7 mil km em unidades de conservao, como o Parque Estadual da Serra do Mar, com cerca de 3,5 mil km de rea. Estes grandes fragmentos constituem uma rea estratgica na conservao da biodiversidade, com a criao de corredores ecolgicos. De fato, o corredor ecolgico da Serra do Mar o que possui maiores chances de ser implementado, visto no s os grandes blocos de floresta mas a presena de unidades de conservao consolidadas, como o Parque Nacional da Serra da Bocaina. Entretanto, j foram desmatados cerca de 70% das florestas que outrora existiam nesta regio.

Florestas Secas da Mata AtlnticaAs Florestas Secas da Mata Atlntica so umas das menos conhecidas ecorregies da Mata Atlntica, e provavelmente, uma das mais ameaadas tambm. Situada em rea de transio com a Caatinga, provavelmente um importante centro de endemismo.O Parque Nacional da Chapada Diamantina uma das mais importantes unidades de conservao. A fitofisionomia encontrada predominantemente a floresta estacional decidual, e cercada pela Caatinga e o Cerrado, sendo relativamente isolada de outras ecorregies da Mata Atlntica. Existe um perodo seco de 5 meses, e a precipitao anual varia de 850 a 1000 mm. No incomum a presena de trechos de Caatinga e Cerrado entre os trechos de floresta. Cerca de 70% da vegetao original foi altera pelo homem, e existem poucas unidades de conservao. Ademais, muitas espcies ameaadas de extino so encontradas, algumas com ameaa local, como a arara-azul.

Manguezais1. Mangues da BahiaOs Mangues da Bahia compreendem os manguezais que ocorrem do litoral da Bahia at o Esprito Santo, e constituem um dos ecossistemas mais ameaados na Mata Atlntica brasileira. Esses manguezais constituem trechos descontnuos associados ao esturio de rios, como o rio Doce, no Esprito Santo. O clima sempre mido, com nenhum perodo seco, atingindo at 2.115 mm anuais. Os trs gneros demangues ocorrem na regio: Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. Os mangues da Bahia esto sob forte presso antrpica, visto que sua rea ocorrncia coincide com reas densamente populosas do litoral brasileiro.1Poucas unidades de conservao foram criadas e no foram devidamente implantadas.

2. Mangues da Ilha GrandeOs Mangues da Ilha Grande se localizam no litoral sudeste do Brasil, desde os esturios do rio Paraba do Sul at a ilha de Florianpolis, em Santa Catarina. Encontrados nos esturios de rios do litoral sudeste, os "mangues da Ilha Grande" ocorrem desde a foz do rio Paraba do Sul no Rio de Janeiro, at a ilha de Florianpolis. Existem importantes trechos de manguezais por todo o litoral de So Paulo e na baa de Paranagu. regio de clima muito mido, com precipitao anual de at 2.500 mm. As espcies so tpicas, sendo encontradas os trs gneros de manguezais: Rhizophora, Avicennia eLaguncularia.1 Entretanto, a abundncia de cada um desses gnero varia, com algumas espcies predominando em determinadas regies. Essa ecorregio uma das mais densamente povoadas no Brasil, e por conta disso, grande parte da vegetao original foi modificada. Os remanescentes esto sob forte presso antrpica, principalmente por conta da urbanizao e especulao imobiliria. Entretanto, feito grande esforo na conservao e recuperao de muitas reas, com praticamente todo o litoral sul de So Paulo e do Paran constituindo reas de proteo ambiental.

3. Mangues do Rio PiranhasOs Mangues do Rio Piranhas esto localizados no litoral do Nordeste Brasileiro, ao redor de esturios, desde o rio Tinto na Paraba, at Macei, em Alagoas, passando por toda a costa de Pernambuco.Ocupa os esturios na foz de rios do Nordeste Brasileiro, com importantes trechos em Mamanguape e Pernambuco. O clima mido, com um perodo seco que varia de 1 a 2 meses e precipitao anual mdia de 1.800 a 2.100 mm. A vegetao tem em mdia 9 a 20 m de altura, e contm os trs gneros tpicos dos manguezais: Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. O status de conservao dos ecossistemas dos mangues dorio Piranhas varia ao longo de sua distribuio: existem inmeras unidades de conservao bem consolidadas como a APA da Barra do Rio Mamanguape e os trechos na ilha de Itamarac, em Pernambuco. Entretanto, as reas fora de reservas encontram-se sob forte presso antrpica, principalmente por conta de crescente urbanizao.

4. Mangues do Rio So FranciscoOs Mangues do Rio So Francisco so mangues que ocorrem desde Macei at a baa de Salvador. So ecossistemas associados aos esturios dos rio So Francisco, Sergipe, Paraguau e Vaza-Barris.Localizada no Nordeste Brasileiro, esta ecorregio se localiza entre os estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Possuem notvel beleza cnica, visto serem reas cercadas por praias e florestas de restinga. O clima varia, desde um clima com estao seca de at 5 meses em Alagoas, at um clima sempre mido na Bahia. A precipitao anual varia de 1.250 a 1.500mm. A flora composta basicamente por trs espcies: Rhizophora mangle, Avicennia schaueriana e Laguncularia racemosa. um ecorregio que possui um bom status de conservao, com inmeras unidades de conservao em reas crticas: a Reserva Biolgica de Santa Isabel (com 27km) e Mangue Seco (com 34km) so bons exemplos. A Reserva Biolgica de Santa Isabel um importante stio de nidificao da Lepidochelys olivacea.Pastagens, savanas e matagais tropicais e subtropicais

Campos rupestresOs campos rupestres so ecossistemas encontrados sobre topos de serras e chapadas de altitudes superiores a 900 m com afloramentos rochosos onde predominam ervas e arbustos, podendo ter arvoretas pouco desenvolvidas.Em geral, ocorre em mosaicos, no ocupando trechos contnuos. Apresenta topografia acidentada e grandes blocos de rochas com pouco solo, geralmente raso, cido e pobre em nutrientes orgnicos. Em campos rupestres alta a ocorrncia de espcies vegetais restritas geograficamente quelas condies ambientais (endmicas), principalmente na camada herbcea-subarbustiva.Desse campo, existe tambm o cerrado rupestre, que um subtipo de cerrado com vegetao arbreo-arbustiva que ocorre em ambientes rupestres (litlicos ou rochosos) e terrenos bem drenados. Possui cobertura arbrea entre 5% a 20%, altura mdia de 2 a 4 metros e estrato arbustivo-herbceo tambm destacado. As espcies arbreas-arbustivas concentram-se nas fendas das rochas, sendo muitas, endmicas.

A Flora

O conjunto de fitofisionomias que forma a Mata Atlntica propiciou uma diversificao ambiental, criando as condies adequadas para a evoluo da natureza vegetal e animal. por este motivo que a Mata Atlntica considerada tualmente como um dos biomas mais ricos em termos de diversidade biolgica do Planeta.No h dados precisos sobre a diversidade total de plantas da Mata Atlntica, porm, considerando-se apenas o grupo das plantas vasculares, acredita-se que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espcies, ou seja, de 22% a 24% do total que se estima existir no mundo. Desse total, as projees so de que a Mata Atlntica possua cerca de 20.000 espcies, ou seja, entre 33% e 36% das existentes no Pas. Em 1993, o Jardim Botnico de Nova York realizou um levantamento na rea de Parque Estadual da Serra do Conduru, no Sul da Bahia onde foram catalogadas 458 espcies de rvores por hectare de floresta, superando o recorde, em 1986, de 300 espcies registradas numa rea da Amaznia Peruana, o que pode significar, de fato, que a Mata Atlntica possua a maior diversidade vegetal do mundo.Para se ter uma ideia da grandeza desses nmeros, basta compar-los s estimativas de diversidade de angiospermas de alguns continentes: 17.000 espcies na Amrica do Norte, 12.500 na Europa e entre 40.000 e 45.000 na frica. Apenas em So Paulo, estado que possua cerca de 80% de seu territrio originalmente ocupado por Mata Atlntica, estima-se existirem 9.000 espcies de fanergamas (plantas com sementes, incluindo as gimnospermas e angiospermas), 16% do total existente no Pas e cerca de 3,6% do que se estima existir em todo o mundo. No caso das pteridfitas (plantas vasculares sem sementes como samambaias e avencas), as estimativas apontam para uma diversidade entre 800 e 950 espcies, que corresponde a 73% do que existe no Brasil e 8% do mundo.Ojequitib-rosa(Cariniana legalis(Mart.) Kuntze), a rvore-smbolo deSo Paulo e do Esprito Santo. Seu porte e beleza fizeram com que seu nome fosse dado a cidades, ruas e palcios. considerada a maior rvore nativa do Brasil, porque pode atingir at 50 metros de altura e um tronco com dimetro de at sete metros. O maior e mais antigo espcime vivo do jequitib-rosa se encontra noParque Estadual do Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro, SP, e estima-se que tenha mais de 3.000 anos de idade, estando entre os seres mais antigos do planeta, e a mais velha rvore do Brasil, com 40 m de altura e 3 m de dimetro. O Parque Estadual de Vassununga preserva grande nmero dejequitibs. importante ressaltar que das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlntica 50% so endmicas, e o endemismo se acentua quando as espcies da flora so divididas em grupos, chegando a ndices de 53,5% para rvores, 64% para palmeiras e 74,4% para bromlias.Muitas dessas espcies endmicas so frutas conhecidas, como o caso da jabuticaba, que cresce grudada ao tronco e aos galhos da jabuticabeira (Myrciaria trunciflora), da seu nome iapoti-kaba, que significa frutas em boto em tupi. Outras frutas tpicas da Mata Atlntica so a goiaba, o ara, a pitanga, o caju e as menos conhecidas Cambuci e uvaia. Outra espcie endmica do bioma a erva mate, matria-prima do chimarro, bebida bastante popular na regio Sul.Muitas dessas espcies, porm, esto ameaadas de extino. Comeando pelo pau-brasil, vrias espcies foram consumidas exausto ou simplesmente eliminadas para limpar terreno para culturas e criao de gado. Atualmente, alm do desmatamento, outros fatores concorrem para o desaparecimento de espcies vegetais, como o comrcio ilegal. Um exemplo o palmito juara (Euterpe edulis), espcie tpica da Mata Atlntica, cuja explorao intensa a partir da dcada de 1970 quase levou extino. Apesar da retirada sem a realizao e aprovao de plano de manejo ser proibida por lei, a explorao clandestina continua forte no Pas. O mesmo vem acontecendo com o Pinheiro-do-paran ou Araucria (Araucaria angustifolia), espcie que chegou a responder por mais de 40% das rvores existentes na floresta ombrfila mista, hoje reduzida a menos de 3% de sua rea original. Orqudeas e bromlias tambm so extradas para serem vendidas e utilizadas em decorao, alm de muitas plantas medicinais que so retiradas sem qualquer critrio de garantia de sustentabilidade.Em um bioma onde as espcies esto muito entrelaadas em uma rede complexa de interdependncia, o desaparecimento de uma planta ou animal compromete as condies de vida de vrias outras espcies. Um exemplo o jatob (Hymenaea courbarail). A disperso de suas sementes depende que seu fruto seja consumido por roedores mdios e grandes capazes de romper a sua casca. Como as populaes desses roedores esto diminuindo muito, os frutos apodrecem no cho sem permitir a germinao das sementes. Com isso, j so raros os indivduos jovens da espcie. medida que os indivduos adultos forem morrendo, faltar alimentos para os morcegos, que se alimentam do nctar das flores de jatob.

Estratos florestais A Floresta Atlntica pode ser divida em estratos. O estrato superior chamado de dossel (20-30m), e composto pelas rvores mais altas, adultas, que recebem toda a intensidade da luz solar que chega superfcie. O tronco das rvores normalmente liso, e s se ramifica bem no alto para formar a copa, que nas rvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando um mosaico, devido diversidade de espcies, e como tm uma distribuio escalonada, no formam um dossel contnuo, como normalmente acontece na Floresta Amaznica. Nesse estrato esto as canelas, as leguminosas, como jacarands (muito derrubadas para extrao de madeira), as quaresmeiras, os Ips-amarelos (rvore smbolo do Brasil), o guapuruv, que ocorre na floresta primria, mas comum na vegetao secundria que pode formar grupamentos densos em grandes clareiras florestais, vivendo aproximadamente 60 anos, alm de espcies de bromlias e orqudeas epfitas que necessitam receber uma maior quantidade de luz. O estrato intermedirio o Arbreo/Arbustivo, Formado por espcies arbreas que vivem toda a sua vida sombreadas pelas rvores do dossel, alm de lianas e muitas epfitas. No interior da floresta comum depararmos com vrias espcies de Helicnia. Entre as espcies que ocupam esse estrato esto as jabuticabeiras e o palmito Juara, por exemplo. O estrato inferior, chamado de herbceo formado por plantas de pequeno porte adaptadas a viver com pouca luz prximo ao solo, como o caso de arbustos, gramneas, musgos, selaginellas, begnias, e plantas jovens que iro compor os outros extratos quando atingirem a fase adulta.

O SoloO solo, em geral, bastante raso, com pH cido, pouco ventilado, sempre mido e extremamente pobre, recebendo pouca luz. Essas condies favorecem o desbarrancamento e a eroso, eventos bastante comuns na floresta atlntica. O ciclo de deslizamentos e de eroses no solo promove a renovao do solo, retirando a vegetao das encostas, formando clareiras e dando espao para o incio de novas associaes. A vegetao de grande porte consegue sustentar-se porque possuem razes tabulares e razes escora, formando uma espcie de "manta de razes". A serrapilheira o habitat para animais (minhocas, colepteros, entre outros) que desenvolvem atividades que revolvem o solo, facilitando a absoro de gua e sais minerais, alm de auxiliar na formao do hmus, material rico em nutrientes. A serapilheira tem tambm uma importante funo de proteger o solo da floresta: evita a eroso e mantm a umidade. O solo mido absorve melhor a gua das chuvas, o que torna possvel a recarga do lenol fretico, evitando que as nascentes sequem.

A guaO Bioma apresenta um alto ndice pluviomtrico e, em mdia, estes valores variam entre 1.800 e 3.600 mm/ano, podendo chegar 4.000 mm/ano, como o caso de Paranapiacaba (SP). Esta caracterstica consequncia da condensao da brisa ocenica carregada de vapor que empurrada para as regies continentais chegando s escarpas das serras. Quando estes ventos atingem determinada altura e grau de condensao, encontram correntes de ar com diferentes temperaturas fazendo com que o excesso de vapor dgua se precipite em forma de chuva ou nevoeiro (serrao), tornando o ambiente muito mido. Ao cair sobre a floresta, acelera o processo de decomposio e ao atingir o solo infiltra-se alimentando o lenol fretico at aflorar na superfcie, atravs dos "olhos dgua" ou nascentes.Existem alguns mecanismos desenvolvidos pelas plantas para adaptarem-se quantidade de gua disponvel. Em locais muito midos, a eliminao de gua pelas bordas das folhas (gutao) um deles. Plantas epfitas ou que vivem sobre as rochas, onde a disponibilidade de gua muito menor do que no solo, possuem estruturas de armazenamento de gua e podem at comportar-se como plantas de deserto, se necessrio. As folhas das plantas dos diversos estratos (arbreo, arbustivo e herbceo) tm o papel importante de diminuir a intensidade com que a gua chega ao solo, prevenindo a eroso e protegendo plantas muito jovens. Ao percorrer este caminho vertical, a gua vai sendo enriquecida com sais minerais e substncias orgnicas que sero incorporadas ao solo. Assim, disponibilizada para as razes, sendo utilizada na hidratao das clulas e na fotossntese.A gua contribui tambm para a determinao da fisionomia da floresta, a chuva carrega o material superficial do solo das regies mais ngremes, expondo as rochas e tornando o solo raso. No meio das encostas, deposita parte do material vindo de cima, mas tambm transporta mais sedimento para baixo, no s atravs da chuva, mas escava fundos de rios e riachos. O sop da serra uma rea mais plana, que acaba recebendo sedimentos de diferentes origens vindos das regies mais altas. A maioria dos rios perene, e so constantemente alimentados pela gua da chuva que, com maior intensidade, contribui para a mudana de curso destes rios, resultando na eroso de suas margens externas e acmulo de sedimento nas margens internas.

A FaunaApesar de ser um dos ecossistemas mais degradados do Brasil, a mata atlntica considerada como um dos pontos mais ricos em biodiversidade de espcies no mundo, alm tambm de ser uma das regies com o maior nmero de espcies endmicas. Entretanto, segundo um levantamento feito pelo ((o)) eco com base no banco de dados do Ministrio do Meio Ambiente (MMA), a maior parte da fauna brasileira em risco de extino est na mata atlntica, seguido pelo cerrado, zonas costeiras, Amaznia e os Pampas na ordem de biomas com mais espcies em perigo.De acordo com os dados obtidos do Livro Vermelho da Fauna Brasileira, disponibilizado no site do MMA, dentre os vertebrados, por exemplo, as aves ocupam o topo no nmero total de espcies que ocorrem na mata atlntica, seguido pelos peixes e anfbios. O nmero de espcies endmicas desses grupos tambm so bem expressivos nesse bioma, entretanto, esses nmeros podem variar bastante devido as constantes descries de novas espcies.Um exemplo disso o mais atualizado e completo levantam ento da diversidade de aves da mata atlntica, recm-concludo e publicado na edio de maro de 2014 da revista Pesquisa FAPESP. Produzido pelo ornitlogo Luciano Lima, do museu de Zoologia da USP, o trabalho consumiu cinco anos de reviso da literatura cientfica e visitas a quase todos os estados brasileiros com trechos de mata atlntica, listando todas as espcies de aves conhecidas do bioma, fornecendo um resumo das principais caractersticas e de seus locais de ocorrncia e atualiza seu status de conservao. De acordo com o levantamento, a mata atlntica ainda apresenta 1.035 subespcies de aves, sendo 351 endmicas desse bioma, sendo a primeira vez que dados sobre a ocorrncia de subespcies de aves desse bioma so apresentados em um estudo. Alm disso, esse levantamento resultou tambm na descoberta da primeira ave endmica do estado de So Paulo, o bicudinho-do-brejo-paulista (nome popular), que ocorre somente nos brejos da regio de Mogi das Cruzes.Bicudinho-do-brejo-paulista (Formicivora paludicola)

A origem dessa diversidade biolgica da mata atlntica comeou a se diversificar a milhares de anos, a partir de rotas migratrias bastante distintas. O bilogo Andr Freitas do Instituto de Biologia da Unicamp observa que, existe uma ntida diviso norte-sul da mata atlntica no que diz respeito origem dessa diversidade. Ele explica que elementos tpicos de fauna dos Andes esto mais presentes na poro sul da mata atlntica, enquanto que a poro norte da mata atlntica possui mais similaridade com a Amaznia. Essa diviso se deu ainda no perodo Mioceno, quando a placa tectnica de Nazca, no Pacfico, se chocou com a da Amrica do Sul, dando origem aos Andes.As distribuies das espcies no passado foram essenciais para o alto ndice de diferenciao entre as espcies. Variaes climticas do passado fizeram com que a floresta aumentasse e diminusse de tamanho em determinas pocas, causando certo isolamento entre as espcies. Esse isolamento favoreceu processos de diferenciao regional entre espcies do mesmo gnero. Hoje, tais regies so conhecidas como centros de endemismo, onde os trs mais evidentes esto localizados nos estados de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Em resumo, a grande diversidade e o alto grau de endemismo ao longo de toda a extenso da mata atlntica se devem interao entre as tolerncias ambientais dos diferentes grupos animais, a heterogeneidade de habitats e aos processos histricos.

Impactos AmbientaisAtualmente este ecossistema est reduzido a menos de 7% de sua extenso original, dispostos de forma fragmentada. De toda a informao biolgica perdida, pouco se conheceu, milhares, ou talvez milhes de espcies no puderam ser conhecidas. Das espcies vegetais, muitas correm risco de extino por terem seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercializao ilegal ou serem extradas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e, atualmente, ocorre com o palmito juara (Euterpe edulis), entre muitas outras espcies.Para a fauna, observa-se um nmero elevado de espcies ameaadas de extino, sendo a fragmentao deste ecossistema, uma das principais causas. Para mamferos de mdio e grande porte, esta fragmentao faz com que as populaes remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um nmero consideravelmente pequeno de indivduos, o que pode aumentar o risco de serem extintos.Apesar de toda a destruio que o ecossistema vem sofrendo, aproximadamente 100 milhes de brasileiros dependem desta floresta para a produo de gua, manuteno do equilbrio climtico e controle da eroso e enchentes. Em 1985, em Cubato, no litoral do estado de So Paulo, devido poluio intensa das indstrias da cidade (conhecida, no passado, como Vale da Morte) e s chuvas fortes do ms de fevereiro, houve um enorme deslizamento da Serra do Mar sobre esta cidade, gerando uma situao de calamidade pblica. Comunidades tradicionais que habitam reas costeiras vm sendo "empurradas" para o interior ou para as grandes capitais por conta do avano imobilirio nestas regies.As principais agresses a esse ambiente so: Extrao de madeira, moradia irregular, o adensamento de cidades, agricultura, industrializao e, consequentemente a poluio, alm da construo de rodovias e outras obras de infra-estrutura.A pesca predatria em seus rios, turismo desordenado, comrcio ilegal de plantas e animais (em especial as aves), exportao ilegal de material gentico, fragmentao das reas preservadas, entre outros, so problemas enfrentados pela floresta atlntica em toda sua extenso.Conservao e SustentabilidadeMovimentos conservacionistas comearam no Brasil na dcada de 1930. A primeira rea protegida, o Parque Nacional de Itatiaia (RJ), foi estabelecida em 1937. No nvel governamental, as primeiras leis importantes, foram aprovadas em 1934, regulando a utilizao da gua, explorao da floresta, caa e pesca.No mbito mundial em 1968, a UNESCO sugeriu que fosse estabelecida uma rede mundial de proteo para reas especiais do planeta. Em 1971, foi criado o programa MaB (Man and Biosphere), o Homem e a Biosfera, com o objetivo de conciliar a proteo do ambiente ao desenvolvimento humano. Nesta mesma dcada, 1977, foi criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que justaposto ao Parque da Serra da Bocaina, formou com ele o maior corredor de proteo do bioma Mata Atlntica, at ento. Entre as organizaes no governamentais houve um aumento na sua participao nas ltimas dcadas, com a atividade de organizaes mais antigas como a Fundao Brasileira de Conservao da Natureza (FBCN), mais novas, como a Fundao SOS Mata Atlntica e ONGs internacionais como a WWF e a Conservation International, que atuam na preservao da Mata Atlntica de diversas formas: colaborando na definio de um mtodo e sua aplicao, possibilitando a identificao de prioridades para a proteo da Mata Atlntica, apoiando movimentos contra agresses ao ecossistema e desenvolvendo projetos de educao ambiental.Muitos j perceberam que a nica forma de enfrentar o enorme desafio da civilizao de nossos dias construindo uma nova concepo de desenvolvimento, que no destrua a natureza, que atenda s necessidades do presente sem comprometer as geraes futuras.Com a defesa da mata e a criao de Unidades de Conservao um novo problema surgiu: as populaes tradicionais que vivem nas reas destinadas conservao. H muitas geraes, utilizam seus recursos, originalmente em harmonia com o ambiente. Estes povos foram, em muitos casos, vtimas de uma poltica ambiental restritiva e sem a devida viso social, que os tratava como intrusos de suas prprias terras. Atualmente, os programas de gerenciamento das Unidades de Conservao contemplam a participao da comunidade local, envolvendo-a no seu gerenciamento e dando abertura para a utilizao de seus recursos. Atualmente, vivem na Mata Atlntica mais de 62% da populao brasileira, de acordo com o Censo Populacional 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).Algumas prticas podem ser desenvolvidas de tal forma que causem um mnimo impacto e permitam a utilizao da mata, como o caso do ecoturismo, respeitando os limites naturais das reas visitadas, os costumes e tradies locais. O manejo sustentvel dos recursos florestais, como o caso do palmito Jussara (em risco de extino) e da fauna local, projetos de agricultura orgnica, de apicultura, a utilizao de energias alternativas (elica e solar), a criao das Reservas Particulares de Patrimnio Natural (RPPN), a implantao daAgenda 21 local, o ICMS ecolgico, que destina recursos de impostos de circulao de mercadorias aos municpios que abrigam parques e reas protegidas, so alguns dos exemplos dos mecanismos de conservao existentes atualmente. Mas ainda existem lacunas a serem preenchidas no campo do desenvolvimento sustentvel at que se alcance uma relao equilibrada e sadia entre as atividades econmicas e sociais e a Mata Atlntica.

A Lei da Mata Atlntica

A Constituio Federal de 1988 d proteo especial s reas representativas dos ecossistemas atravs do art. 225, 1, inc. III, que determina ao Poder Pblico o dever de definir em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo. A finalidade desta proteo a promoo da biodiversidade e a manuteno dos ecossistemas.Alm de tratar a Mata Atlntica como patrimnio nacional, o art. 225, 4 da Constituio Federal, determina que este bioma deva ser utilizado na forma prevista em lei. Tal norma atualmente a Lei 11.428/2006.A primeira definio importante trazida pela Lei 11.428/2006 a de que floresta ombrfila mista mata de araucria; outro pequeno acrscimo foi a referncia explcita vegetao nativa como objeto da lei. Entende-se que esta lei no protege espcies exticas ao bioma da Mata Atlntica, mesmo que situadas dentro de seus limites. Alm disso, o Decreto 750/1993 no protegia vegetao secundria em estgio inicial de regenerao, enquanto que a nova lei regula seu uso e conservao.A Lei traz os seguintes conceitos: pequeno produtor rural; populao tradicional; pousio; prtica preservacionista; explorao sustentvel; enriquecimento ecolgico; utilidade pblica; e interesse social. Merecem destaque os conceitos de utilidade pblica e interesse social. O primeiro engloba atividades de segurana nacional e proteo sanitria e as obras essenciais de infraestrutura de interesse nacional destinadas aos servios pblicos de transporte, saneamento e energia, declarados pelo poder pblico federal ou dos Estados, como previsto, respectivamente, nas alneas a e b do inciso VII do artigo 3. Este conceito d ampla discricionariedade ao governo, o que poder causar srias implicaes ambientais se tal prerrogativa no for usada de forma restritiva.J interesse social trata de atividades imprescindveis proteo de integridade da vegetao nativa, tais como: preveno, combate e controle de fogo, controle da eroso, erradicao de invasoras e proteo de plantios com espcies nativas, as atividades de manejo agro florestal sustentvel praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar que no descaracterizem a cobertura vegetal e no prejudiquem a funo ambiental da rea e demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente, determinadas, respectivamente, nas alneas a, b e c do inciso VIII do artigo 3. O inciso a aparenta ser exemplificativo devido ao uso do termo tais como. O inciso b uma amostra inicial da proteo dada pela lei aos pequenos proprietrios e s populaes tradicionais. O inciso c d ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) o poder de determinar, atravs de suas resolues, quais as hipteses excepcionais que caracterizaro interesse social, alm das estabelecidas pela Lei. A Lei probe terminantemente a supresso de vegetao primria para loteamento ou edificao urbana60, impe diferentes restries quando ela for secundria em estgio avanado ou mdio de regenerao, e nenhuma quando o mesmo for inicial. Estando a vegetao secundria em estgio avanado, s possvel a supresso se o permetro urbano tiver sido aprovado at o incio da vigncia da lei, e desde que o projeto garanta a preservao de 50% da vegetao nativa existente neste estgio de conservao.Permite-se a minerao em reas com vegetao secundria avanada e mdia desde que haja licenciamento ambiental, EIA/RIMA e seja demonstrada a inexistncia de alternativa tcnica e locacional.O art. 33, caput determina que o poder pblico incentive economicamente a proteo e o uso sustentvel da Mata Atlntica, mas em momento algum a lei diz de onde sairo fundos para isso. O art. 33, 1, lista seis caractersticas que devem ser observadas nas reas que se beneficiaro deste incentivo econmico. Ei-las: a importncia e a representatividade ambientais do ecossistema e da gleba; a existncia de espcies da fauna e flora ameaadas de extino; a relevncia dos recursos hdricos; o valor paisagstico, esttico e turstico; o respeito s obrigaes impostas pela legislao ambiental; e a capacidade de uso real e a sua produtividade atual.A lei criou o Fundo de Restaurao do Bioma da Mata Atlntica com o intuito de financiar projetos de restaurao ambiental e pesquisas cientficas. Os projetos prioritrios so os que envolverem APP, reserva legal, reserva particular do patrimnio natural (RPPN) e entorno de unidades de conservao76. Os projetos podem beneficiar tanto reas pblicas como privadas e devem ser executados por rgos pblicos, por instituies acadmicas pblicas, e pela sociedade civil organizada envolvida nas questes da Mata Atlntica.O art. 42 determina que toda ao ou omisso que gere dano por desrespeito a esta lei ser punida penalmente, em especial pelas normas da lei 9.605/1998, a Lei de Crimes Ambientais. A penalidade pode ser deteno que varia de 1 a 3 anos, multa, ou a aplicao de ambas simultaneamente. Quando o crime for culposo, a pena ser reduzida metade.

Esforos de proteo

Uma iniciativa que tem como objetivo ampliar a conectividade entre os fragmentos de mata para preservar a biodiversidade, o projeto dos Corredores de Biodiversidade da Mata Atlntica. Os corredores no so unidades polticas ou administrativas, mas sim extensas reas geogrficas definidas a partir de critrios biolgicos para fins de planejamento e conservao. Um dos requerimentos dessa abordagem que os corredores sejam implantados em reas importantes para conservao da biodiversidade, considerando a riqueza de espcies, a ocorrncia de espcies endmicas e ameaadas de extino, comunidades e fenmenos naturais nicos, o nmero e tamanho das unidades de conservao etc.Na Mata Atlntica j foram identificados alguns corredores de biodiversidade, tais como, o Corredor do Nordeste (entre o Rio Grande do Norte e Alagoas); o Corredor Central da Mata Atlntica (sul da Bahia e Esprito Santo); o Corredor da Serra do Mar (Rio de Janeiro, Serra da Mantiqueira no sudeste de Minas Gerais; a Floresta Ombrfila Densa do Estado de So Paulo; e a regio de Guaraqueaba no norte do Paran) e outros. Todas essas regies so especiais e possuem elevada riqueza da fauna e flora e grande nmero de espcies endmicas.O planejamento dos corredores devem incorporar intervenes em diferentes escalas espaciais (de uma unidade de conservao a uma bacia hidrogrfica e todo um estado) e temporais (aes imediatas, de mdio prazo e aes previstas para durarem dezenas de anos), buscando-se alternativas para uma forma mais abrangente, gradual, descentralizada e participativa de conservao da biodiversidade.

Corredor do NordesteO Corredor do Nordeste equivale a 5,6 milhes de hectares ecobre as regies de Alagoas, Pernambuco, Paraba e Rio Grande do Norte e abriga quase 68% de todas as espcies e subespcies de aves que ocorrem nesta floresta e cerca de 8% da flora de plantas vasculares. surpreendente a riqueza dos diferentes grupos biolgicos: Abelhas Euglossini (32); Brifitas (400); Pteridfitas (350); Bromlias (86); Aves (484); Mamferos (124); Borboletas (185); Rpteis e anfbios (96), Plantas vasculares (1.500).O nmero de endemismos alto, porm h um alto percentual de espcies ameaadas, como o Macaco-prego-galego (Cebus flavius), o Pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa) e o Limpa-folhas-do-nordeste (Philydor novaesi).

Corredor CentralO Corredor Central da Mata Atlntica abrange o sul da Bahia, quase totalidade doEsprito Santo e pequenas reas do leste de Minas Gerais. Cobrindo cerca de 12 milhes de hectares com aproximadamente 12% de sua reacoberta por floresta nativa.O Corredor Central da Mata Atlntica apresenta extrema riqueza biolgica e abriga muitas espcies de distribuio restrita e ameaadas de extino. Em estudo realizado pelo herbrio da Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e pelo Jardim Botnico de Nova York em uma reserva privada no municpio de Uruuca (BA), foram encontradas 458 espcies de rvores em um hectare de floresta, recorde mundial de riqueza de plantas lenhosas. A regio entre os estados da Bahia e Esprito Santo destaca-se ainda pela presena de diversos txons tipicamente amaznicos associados costa atlntica.A grande diversidade de espcies revela-se tambm na fauna de vertebrados, j que as 12 espcies de primatas que ocorrem no Corredor representam 60% das espcies de primatas endmicos da Mata Atlntica, alm de possuir mais de 50% das espcies de aves endmicas do bioma. O Corredor Central possui 83 unidades de conservao.Uma aliana entre a Conservao Internacional, o Banco Mundial, o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), a Fundao MacArthur e o governo do Japo para apoiar projetos de conservao dos hotspots de biodiversidade mundiais deu origem ao Fundo de Parceria para Ecossistemas Crticos (CEPF), que procura favorecer o engajamento da sociedade civil nesses projetos e promover alianas de trabalho entre grupos comunitrios, ONGs, Instituies de ensino e pesquisa e o setor privado, e destinou 8 milhes de dlares Mata Atlntica.O Programa de Espcies Ameaadas, coordenado pela Fundao Biodiversitas juntamente com Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), contribui para a conservao de 15 espcies ameaadas de extinocom ocorrncia no Corredor Central, como o pau-brasil (Caesalpinia echinata) e bromlias do gnero Lymania; os invertebrados Leptagrion acutum (liblula) e Heliconius nattereri (borboleta); os peixes peracuca (Kalyptodoras bahensis), andir (Henochilus wetlandii), surubim-do-doce (Steindachneridion doceana) e mero (Epinephelus itajara); as aves mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e papagaio-chau (Amazona rhodocorytha); e os mamferos rato-da-rvore (Phyllomys unicollor), preguia-de-coleira (Bradypus torquatus), muriqui (Brachyteles hypoxanthus), bugio-marrom (Alouatta guariba guariba) e macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos).

Corredor da Serra do MarO Corredor da Serra do Mar abrange 112 mil quilmetros quadrados e 12 milhes de hectares. Com uma populao de 37,5 milhes de habitantes, ou 21% da populao brasileira, morando nas regies do Corredor da Serra do Mar, ela uma das regies que mais consome recursos naturais. compreendido pela bacia hidrogrfica do rio Paran e Paraba do Sul,no estado de So Paulo, parte da Serra da Mantiqueira em Minas Gerias e o Estado do Rio de Janeiro possui um dos principais trechos preservados de Mata Atlntica, graasa sua cadeia de montanhas muito ngremes, desfavorveis agricultura.O Corredor da Serra do Mar uma das reas mais ricas em diversidade biolgica da Mata Atlntica. Apesar dessas florestas estarem situadas perto das duas maiores metrpoles do Brasil (So Paulo e Rio de Janeiro), elas possuem um dos principais trechos de Mata Atlntica do hotspot.Nessa regio, muitos remanescentes de mata compem unidades de conservao, o que os tornam propcios para aes e investimentos em conservao a longo prazo particularmente para a implementao de corredores destinados a aumentar a conectividade entre fragmentos. O Corredor tambm j conta com 100 Reservas Particulares do Patrimnio Natural (RPPN). Essas iniciativas so extremamente importantes j que 50% da rea coberta por floresta na regio esto nas mos de proprietrios privados.Sua rea engloba 499 municpios, onde h mais de 100 espcies de vertebrados ameaados de extino. Originalmente, mais de 95% da regio era coberta por floresta ombrfila densa, manguezais e restingas. O Corredor da Serra do Mar abrange as maiores reas contnuas de remanescentes do ecossistema floresta ombrfila densa, distribudas pelas encostas e topos da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira e nas terras baixas adjacentes.

Projeto Conservao da Mata Atlntica no Rio Grande do Sul PCMARSA Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, desde 2004, gerencia e executa o Projeto de Conservao da Mata Atlntica no Rio Grande do Sul - PCMARS, cooperao financeira Brasil-Alemanha, viabilizado por contrato firmado entre o Estado e o KfW Entwicklungsbank (Banco de Desenvolvimento Alemo).Tem como principal objetivo contribuir para a proteo dos remanescentes e recuperao de reas degradadas do bioma Mata Atlntica no Estado, numa rea de 13.000 km em 28 municpios da regio nordeste do Estado. As suas aes prioritrias so a implementao de unidades de conservao existentes, estaduais, federais e municipais; monitoramento da cobertura vegetal; licenciamento e fiscalizao na rea de abrangncia do Projeto, criando assim condies para a reduo da taxa de desmatamento. Recursos na ordem de 10,6 milhes de euros, destes 6,1 milhes recebidos fundo perdido e 4,5 milhes como contrapartida do Estado, em custeio e pessoal, foram aplicados na construo de sedes para as UC's e Polcia Ambiental, na aquisio de veculos e equipamentos de informtica, medio, cine, foto e som; na elaborao de Instrumentos de Gesto; treinamento de 1450 participantes em 43 atividades; divulgao das aes em 20 reunies regionais, vdeo, folderes das UC's, mostra fotogrfica e 48 exposies itinerantes.

Pacto pela Restaurao da Mata AtlnticaA restaurao florestal fundamental para recuperar a Mata Atlntica e assegurar maior cobertura e conectividade dessa floresta. Em abril de 2009 foi lanado o Pacto pela Restaurao da Mata Atlntica, um esforo de mais de 40 organizaes, entre elas a Conservao Internacional e a Fundao SOS Mata Atlntica, para reverter a atual situao de fragmentao em que a floresta se encontra.O Pacto tem como meta restaurar 15 milhes de hectares at 2050 e estimular a discusso e a melhor aplicao de polticas de restaurao florestal no Bioma. Para atingir as metas necessrias, fundamental que as aes sejam integradas e coletivas, e que exista uma mobilizao geral da sociedade em sua defesa.

Projetos e Programas em andamentoA Mata Atlntica Aqui Exposio Itinerante do Cidado AtuanteEm 2009, a Fundao SOS Mata Atlntica lanou o projeto A Mata Atlntica Aqui Exposio Itinerante do Cidado Atuante. O programa percorre diversas cidades da Mata Atlntica em todo o pas durante todo o ano, levando educao e conscientizao populao local e regional. Trata-se de um caminho adaptado pela SOS Mata Atlntica para servir de palco exposio. O veculo permanece em cada cidade de uma a duas semanas, perodo em que a equipe de bilogos e educadores ambientais da ONG promove atividades gratuitas e destinadas ao pblico de todas as idades. Algumas dessas atraes so organizadas pela prpria SOS Mata Atlntica, e outras por meio de parcerias locais. Dentre elas, destacam-se: palestras, oficinas, jogos educativos, exposies, apresentaes artsticas, exibies de vdeos e maquetes interativas, anlise de gua de rios da regio, etc. Qualquer pessoa pode participar e o projeto conta com uma estrutura prpria para receber deficientes fsicos.

PromataA partir de um acordo de cooperao bilateral entre o Brasil e a Alemanha, o Governo de Minas Gerais, atravs da seMAD e do IeF, adotou uma iniciativa inovadora para apoiar a conservao da Mata Atlntica no estado: o Promata. em seus quatro anos de vida, o Projeto contribuiu para implantao de novas estratgias e aes, disponibilizando recursos financeiros e suporte tcnico.Uma reestruturao administrativa e legislativa da poltica estadual mineira, denominada Choque de Gesto, promovida desde ento, propiciou o marco institucional, financeiro e legal favorvel para iniciativas de proteo do meio ambiente. A nova estrutura de gesto implementada na rea ambiental, permitiu ao IEF assumir um papel mais eficaz no cumprimento das suas responsabilidades institucionais. O Projeto de Proteo da Mata Atlntica em Minas Gerais - Promata encontrou assim, um cenrio mais para se desenvolver. Coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel de Minas Gerais - SEMAD e executado pelo Instituto Estadual de Florestas IEF, o Promata resulta de um acordo com a Cooperao Financeira Brasil-Alemanha. Encarregado pelo Ministrio Federal da Cooperao Econmica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ), o KfW Entwicklungsbank (Banco Alemo de Desenvolvimento), dono de uma longa tradio em apoio financeiro a projetos de desenvolvimento regional sustentvel, co-financiou o Promata.O Promata beneficia 15 reas protegidas, das quais 13 estaduais e 2 federais, com um total de 566.615 hectares de matas preservadas. Isso sem falar nas Reservas Particulares do Patrimnio Natural. Das 102 RPPNs mineiras, que totalizam 64.408 hectares protegidos, 7.012 hectares (77 unidades) se encontram em reas de Mata Atlntica.Extremamente importantes para a conservao e uso sustentvel das reas de Mata Atlntica em Minas, so o monitoramento da cobertura vegetal, bem como a fiscalizao e o controle da explorao florestal e do uso sustentvel do solo. Na prtica, o Promata nestas reas, agiu no fortalecimento das bases materiais e como facilitador nos processos de aprimoramento tcnico dos profissionais do IEF, para uma atuao planejada, monitorada e avaliada em seus resultados. Melhor aparelhamento e capacitao contriburam com o surgimento de uma abordagem integrada das aes, entre o Instituto, a SEMAD, a Polcia Militar Ambiental, o Corpo de Bombeiros e o Ministrio Pblico. Esta integrao tem ensejado decises mais geis e transparentes da fiscalizao, controle e licenciamento.

Programa Amigo da FlorestaA Iniciativa Verde uma organizao do terceiro setor que busca contribuir para a melhoria dos servios ambientais como biodiversidade, gua e qualidade do ar. O Programa Amigo da Floresta promove o plantio de rvores nativas da Mata Atlntica. Todos, pessoas e instituies, podem participar do programa e, consequentemente, ajudar a recompor a degradada floresta e estimular o respeito ao meio ambiente.Para participar do Amigo da Floresta, basta financiar uma quantidade livre de rvores.Cada rvore custa R$17,00. possvel acompanhar o crescimento e o desenvolvimento das rvores no site da Iniciativa Verde, por meio de um nmero de registro fornecido pela instituio.Uma parte dos recursos destinada a programas de educao ambiental em rea rural como projeto Amigos do Ribeiro Feijo, localizado em So Carlos (SP).

Fundao Grupo BoticrioA Fundao Grupo Boticrio de Proteo Natureza uma organizao sem fins lucrativos que visa promover e realizar aes de conservao da natureza. Criada em 1990 como uma das primeiras instituies ligadas iniciativa privada voltada a proteo de reas naturais, apoio a projetos de outras instituies e disseminao de conhecimento. Em 23 anos de histria, somaram mais de 1.300 iniciativas apoiadas, de 445 diferentes instituies.A Reserva Natural Salto Morato uma unidade de conservao criada e mantida pela Fundao Grupo Boticrio e, embora seja uma RPPN, sua gesto segue a concepo de parque nacional como categoria de manejo. Seus principais objetivos so: conservar a biodiversidade e os processos ecolgicos, incentivar a pesquisa cientfica, propiciar o uso pblico e incentivar educao para a conservao. A rica biodiversidade da Reserva atrai pesquisadores, que tm a sua disposio centro de pesquisa e alojamento. Ao todo, foram mais de 90 estudos realizados em Salto Morato, que promoveram a descoberta e descrio de trs novas espcies (dois peixes e um anfbio). Alm de pesquisadores e turistas, toda a regio de Guaraqueaba beneficiada pela existncia da Reserva Natural Salto Morato. H programas de educao ambiental voltados para escolas da regio e os moradores do municpio tm entrada gratuita para apreciar os atrativos tursticos da Reserva. Ao longo dos anos, a Reserva foi consolidada e efetivada como unidade de conservao no contexto municipal, regional, nacional e internacional. Assim, contribui para o fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC) e tambm para a gerao de conhecimento relacionado ao manejo de unidades de conservao.Projeto Juara: Meio ambiente e desenvolvimento comunitrioA palmeira Juara (Euterpe eduli) uma espcie de extrema importncia para a biodiversidade da Mata Atlntica. Seus frutos servem de alimento para mais de 70 espcies de animais e aves, sendo considerada espcie chave para a conservao de florestas no Bioma. O alto valor comercial do palmito faz dele um dos produtos florestais mais explorados h sculos,e para sua obteno necessrio o corte da palmeira. Devido ao extrativismo predatrio e ilegal do palmito, a planta cortada antes mesmo de se reproduzir, causando um grande impacto na regenerao natural. Hoje, a espcie passa por um momento crtico pela expressiva reduo de suas populaes naturais e est includa na lista oficial de espcies ameaadas de extino.A preservao da Palmeira, a disperso das sementes, a presena de avifauna e condies especficas (umidade, sombra e calor) para sua ocorrncia, promove tambm a preservao e ampliao de seu habitat natural, a Mata Atlntica, assegurando o seu papel ecolgico de regulao do fluxo dos mananciais, manuteno da fertilidade do solo, fixao de carbono, proteo das encostas das serras e alta variabilidade gentica.O Projeto Juara, proposto pelo IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlntica) em parceria com AKARUI Associao para Cultura, Cidadania e Meio Ambiente, realizado nos municpios de Ubatuba, So Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra, que integram reas do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), nos Ncleos Picinguaba e Santa Virgnia, propondo a divulgao e expanso do uso dos frutos da palmeira juara para produo de polpa alimentar usada na culinria, a consolidao de sua cadeia produtiva, por meio do manejo sustentvel da juara para gerao de renda, associada a atividades de recuperao da espcie e da Mata Atlntica e a contribuio com a fixao de carbono pelo bioma.Fruto da construo conjunta entre instituies locais, as comunidades rurais e tradicionais e parceiros, o projeto tem objetivos de consolidao, recuperao e monitoramento da espcie, utilizando metodologias participativas, e articulao em rede que envolve outras instituies em diversos estados brasileiros, alm de diversas aes de divulgao e comunicao do projeto e seus resultados. A metodologia proposta procura estimular a participao das comunidades e agricultores em todas as etapas dos projetos e dos empreendimentos, proporcionando cursos de agrofloresta e processamento da polpa e sementes, alm da sensibilizao para o manejo sustentvel e educao ambiental nas escolas, para que possuam uma viso completa de todas as fases da cadeia, procurando garantir as atividades produtivas e extrativistas tradicionais problematizando as realidades de conservao dos recursos naturais, dos mercados, do planejamento, das formas de organizao e de associativismo e da contabilidade das atividades e dos resultados. Na regio do Ncleo Picinguaba os participantes so predominantemente comunidades tradicionais (quilombolas e caiaras). Na rea do Ncleo Santa Virginia os participantes so predominantemente proprietrios rurais (agricultores familiares, propriedades de veraneio, fazendas produtivas). Para a concretizao das aes propostas, alm da parceria estreita com as comunidades, tem como parceiros: a Fundao Florestal, atravs da UC do Parque Estadual Serra do Mar; da Universidade de Taubat (UNITAU), na pesquisa de fixao de carbono da espcie; das Prefeituras de Ubatuba e So Luiz do Paraitinga, entre outros que de diversas formas contribuem para o sucesso da iniciativa.O manejo dos frutos da juara para obteno da polpa alimentar e de sementes pode ser considerado uma importante estratgia de conservao desta espcie e das florestas nativas, alm de do potencial scio-econmico da segurana alimentar e gerao de renda das comunidades na Mata Atlntica. O estmulo para manejo dos frutos, ao invs do palmito, pode contribuir consideravelmente para reduzir a presso sobre esta espcie e contribuir na resoluo de conflitos socioambientais relacionados ao uso de recursos naturais por comunidades em reas de interesse para conservao.O manejo sustentvel da palmeira juara na Mata Atlntica vem sendo desenvolvido de forma que a colheita dos frutos no interfira negativamente no estoque de alimento para fauna, produzindo assim polpa alimentar, sementes e mudas destinadas ao repovoamento da espcie, hoje ameaada de extino. Os locais de colheita so quintais, fragmentos florestais em diferentes estgios de regenerao (Capoeiras), floresta primria e reas de cultivo agrcola como bananais tradicionais, roas e agroflorestas. A retirada dos cachos sempre realizada de forma a deixar no mnimo um cacho na palmeira, para garantir sua reproduo, alimento para as espcies e produo de sementes.A colheita realizada por duas pessoas ou mais, mas geralmente uma atividade praticada de forma comunitria, ou seja, diversas pessoas se renem em momentos que se tornam bastante prazerosos. A retirada dos frutos do cacho deve ser feita, sempre que possvel, ainda no local da colheita. Aps a debulha, o cacho pode ser descartado, e os frutos acondicionados em balaio, saca ou caixa. O processamento dos frutos ocorre tanto nas casas dos produtores, para consumo prprio, como em local adequado segundo as exigncias sanitrias, destinados comercializao e entrada em mercados institucionais (utilizao na merenda, por exemplo).Atualmente o projeto vem trabalhando na implementao de uma unidade para beneficiamento dos frutos da juara, em uma das comunidades tradicionais, que atenda as exigncias do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) e da Vigilncia Sanitria de Ubatuba. Alm disso, todas as reas envolvidas na produo devero ter um Plano de Manejo, aprovado pela Unidade de Conservao.As sementes recolhidas aps o processo de despolpa so lavadas para a retirada total do bagao e colocadas para secar lentamente sombra, e classificadas como comuns e matrizes. As primeiras so retiradas de palmeiras sem caractersticas especiais. J matrizes so colhidas em palmeiras que esto visualmente livres de doenas, possuem estipe reta e vigorosa, muitos cachos grandes e frutos bem carnosos. Alm disso, as matrizes devem se distanciar no mnimo 30 metros de outras matrizes. Seguindo este processo, as sementes so consideradas um importante produto do manejo dos frutos, podendo ser utilizadas na produo de mudas ou semeadas diretamente no local definitivo, podendo ser lanadas ou enterradas, dependendo da finalidade. Por exemplo, a semeadura a lano a tcnica mais aconselhada para se fazer o repovoamento para fins Ecolgicos em Zonas de Recuperao e trilhas de acesso em Unidades de Conservao e capoeiras, manejadas ou no, proporcionando a oferta de alimentos para a fauna e a conservao do bioma. A insero da palmeira Juara em bananais tradicionais e agroflorestas e o consrcio com outras frutferas como cambuci, bacupari, ara, cambuc, grumixama, pitanga, pupunha e jambo, so propostas de manejo que se mostram altamente produtivas em comparao com o manejo em capoeiras. Assim as sementes representam uma importante ferramenta para o planejamento da propriedade familiar, alm de garantir o uso do territrio e agregar valor cadeia de produo da polpa da juara.

Referncias BibliogrficasLivros

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