Texto- Tecnologias, Comunicação e Educação

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    Moiss de Lemos Martins & Manuel Pinto (Orgs.) (2008)Comunicao e Cidadania - Actas do 5 Congresso da Associao Portuguesa de Cincias da Comunicao6 - 8 Setembro 2007, Braga: Centro de Estudos de Comunicao e Sociedade (Universidade do Minho)ISBN 978-989-95500-1-8

    Tecnologias, Ecologias da Comunicao e ContextosEducacionais

    BENTOD. SILVA Universidade do Minho ~ [email protected]

    Resumo:Nesta comunicao pretende-se analisar a relao entre Tecnologia e Comunicao sobo olhar da Educao, explorando-se a comunicao desde a sua gnese ao digital dohomem sapiens ao homem digital.Partindo de uma seleco dos principais desenvolvimentos operados nas TIC no decursodos tempos para determinar os episdios marcantes dos processos de comunicao,reflecte-se sobre os impactos das tecnologias na formao de ecologias da comunicaoe contextos educacionais, que subintitulamos: "da comunicao interpessoal comunicao em ambiente virtual" e "da educao familiar s comunidades deaprendizagem".

    Palavras-chave:Interface Tecnologias, Comunicao e Educao; Ecologias da comunicao; Contextos

    Educacionais.

    1. Impacto das tecnologias

    Investigadores da antropologia e do processo civilizatrio, como o socilogo Darcy Ribeiro(Ribeiro, 1975), da teoria dos media (Inglis, 1993), da histria da comunicao (Mattelart, 1996), dafilosofia da comunicao (Lvy, 1994; 2000) e da sociologia da comunicao (Castells, 2002),resistindo introduo de qualquer viso determinista, esclarecem-nos que cada poca histrica e

    cada tipo de sociedade possui uma determinada configurao que lhe devida e proporcionada: (a)pelo estado das suas tecnologias, em geral, e dos seus sistemas e tecnologias de comunicao, emparticular; (b) pela reordenao que provocam nas relaes espao-temporais, nas diversas escalasque o homem manteve e mantm com o mundo (local, regional, nacional, global); e (c) pelo estmulo transformao noutros nveis do sistema sociocultural.

    Neste enquadramento, cada poca histrica e cada tipo de sociedade possui uma determinadaecologia comunicacional e educacional que lhe proporcionada pelo estado dos seus media esistemas tecnolgicos de comunicao. Assim, os media de comunicao, constitudos emTecnologias de Informao e Comunicao (a que passaremos a designar por TIC), no so apenasmeios que possibilitam a emisso/recepo deste ou daquele contedo, pois contribuem

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    decisivamente para estruturar a ecologia comunicacional das sociedades, actuando comoinstrumentos de mediao sociocultural. Neste sentido, a abordagem histrica da evoluo das TICfornece-nos um quadro para melhor se compreender o desenvolvimento da relao do homem com a

    comunicao e dos reflexos que as mudanas provocam nas estruturas e contextos educativos. Da aconsiderao de Moderno (1992: 32) que a histria da pedagogia est intimamente ligada histriada comunicao.

    Partindo de uma seleco dos principais desenvolvimentos operados nas TIC no decurso dostempos para determinar os episdios marcantes dos processos de comunicao desde o homosapiens ao homo digitalis (Terceiro, 1996) e adoptando a terminologia de Cloutier (1975) para osepisdios da histria da comunicao, consideramos a ocorrncia de cinco configuraescomunicativas: interpessoal, elite, massa, individual e ambiente virtual. Cada uma reordenou de ummodo particular as relaes do homem com o mundo, estimulando e provocando transformaesnoutros nveis do sistema sociocultural (educativo, econmico, poltico, social, religioso, cultural, etc.).No que respeita ao nvel educativo, consideramos que as mudanas tiveram reflexos nodesenvolvimento dos contextos educacionais, num processo que evoluiu do contexto familiar, escola, escola paralela, auto-educao at s comunidades de aprendizagem, contexto que tende amarcar a era que vivemos.

    So estes dois aspectos que abordaremos nesta comunicao, intitulando-os respectivamente:"da comunicao interpessoal comunicao em ambiente virtual" e "da educao familiar scomunidades de aprendizagem".

    Importa precisar, desde j, que a passagem de uma configurao a outra no se faz por ummero acto de substituio de tecnologias seria demasiado simplista mas que h rupturas econtinuidades no desenvolvimento do processo. Isto , como nos diz Mattelart (1996), cada nova fasede evoluo condiciona a anterior a um nvel de especializao, orientando-a para uma funodeterminante e interveno especfica.

    Comunicao Interpessoal Famlia

    Comunicao de Elite Escola

    Comunicao de Massas Escola Paralela

    Comunicao Individual Auto-Educao

    Comunicao em ComunidadesAmbiente Virtual de Aprendizagem

    Fig. 1 - Evoluo das ecologias comunicativas e dos contextos educacionais

    2. Da Comunicao Interpessoal Comunicao em Ambiente Virtual

    Comunicao Interpessoal

    A primeira configurao inicia-se quando o homem sapiens utiliza os meios apresentativos osgestos e a voz para se expressar ( homo loquens, 50.000 a.C.), considerando Cloutier (1975) que,como a palavra e o gesto se usam de forma integrada, a primeira linguagem do homem aaudiovisual, tanto ao nvel da expresso (gesto e palavra) como ao da percepo (viso e audio).De igual modo se pronuncia Cebrin Herreros (1988:107) ao falar de audiovisual natural quando

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    ressalta a existncia de uma realidade perceptvel audiovisualmente" [atravs da viso e audio], eque tem sido a maneira mais tradicional de conhecer a realidade.

    A pouco e pouco, fruto de uma habilidade intelectual e manual, o homem comeou a

    desenvolver a capacidade de produzir representaes icnicas, dando origem ao homo pictor (22.000anos a.C.). Esta emergncia icnica no se organiza apenas como uma qualquer representaofotogrfica do real, mas responde a um pensamento simbolizante atravs da utilizao de signos queexprimem preferencialmente os ritmos e no as formas. O homo pictor supera a viso analgica efotogrfica da realidade para desenvolver sistemas e formas de representao simblica abstracta(Leroi-Gourhan, 1964: 262).

    Dado que o homem o prprio medium e que a mensagem se limita ao instante e ao meioimediato, torna-se necessria a presena de todos os interlocutores num mesmo espao e nummesmo momento. Deste modo, a comunicao interpessoal constituiu a primeira ecologiacomunicacional.

    Comunicao de Elite

    A primeira verdadeira escrita que conhecemos apareceu apenas entre os sumrios por volta do4.000 a.C., associada a estdios de civilizao de sociedades humanas sedentarizadas, urbanizadas,com uma indstria e comrcio desenvolvidos, necessitando, por conseguinte, de novas formas decomunicao e de novos processos de intelectualizao humana (Cohen, 1961). A escritacondicionou o aparecimento de uma ecologia comunicativa radicalmente nova. A sua linguagemconstitui-se mediante regras gramaticais, exigindo uma aprendizagem especial, um conhecimentoespecializado. um saber que no pertence a todos, j que todos os sistemas pictogrficos eideogrficos requerem um grande nmero de smbolos, exigem muito tempo na elaborao grfica eresultam elitistas (Ong, 1987:89). Estabelece-se, assim, contrariamente oralidade, uma dicotomiaentre os que dominam o seu exerccio e os que no, desigualdade que designa a nova ecologia:comunicao de elite (Cloutier, 1975).

    Seja porque a escrita estava associada a um poder secreto e mgico (sendo considerada umaactividade perigosa para o leitor menos esclarecido) e a um instrumento de poder e controlo dapopulao por parte dos Estados Rgios e das autoridades religiosas, a sua aprendizagemgeneralizada tardou, permanecendo durante muito tempo como uma forma de comunicao elitista.Apenas no decurso do sculo XVIII da nossa era, enquadrado no Movimento das Luzes, seintensificaram os esforos com vista escolarizao universal dos saberes bsicos do ler, escrever econtar.

    Comunicao de Massas

    O aparecimento dos media de amplificao marca a passagem para a ecologia comunicacional

    de massa. Ou seja, passa-se de uma configurao em que o mbito da comunicao estavacircunscrito a um reduzido nmero de receptores para um mbito extremamente elevado. Esteepisdio tem dois momentos histricos: comea no sculo XV com o aparecimento da tipografia deGutenberg e desenvolve-se em meados do sculo XIX com uma srie de invenes no mbito dastelecomunicaes (do telgrafo e do telefone) e do som e da imagem electrnicos (radiofonia, cinemae televiso).

    Sobre a imprensa, inserida na "Galxia de Gutenberg" na expresso de McLuhan (1977),Febvre & Martin (1990) enumeram alguns efeitos da sua fora para a mudana civilizacional: tornoupossvel o humanismo e o renascimento europeu; produziu a reforma protestante e reorientou aprtica religiosa catlica; afectou o desenvolvimento do capitalismo moderno; difundiu o

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    conhecimento; facilitou a unificao e a consolidao das modernas linguagens europeias; deu novasfacetas vida social e intelectual.

    McLuhan (1977), por sua vez, chama a ateno para o modo subtil como o impresso afectou a

    conscincia humana, tanto sociologicamente como psicologicamente, contribuindo para a formaodo que Postman (1991) designa por "mente tipogrfica": "uma habilidade sofisticada para opensamento conceptual, dedutivo e sequencial; uma grande valorizao da razo e da ordem; umagrande capacidade para a imparcialidade, a objectividade e uma tolerncia face resposta dilatada"(idem: 67).

    O segundo momento da comunicao de massas marcado pela chamada Galxia deMarconi, constituda pelas tecnologias da imagem e do som electrnicos (cinema, rdio e televiso).

    Em finais do sculo XIX, mais precisamente em 28 de Dezembro de 1895, os irmos Lumireinauguram o primeiro meio tecnolgico da comunicao de massa ao produzirem a primeira sessopblica de cinema. Mais tarde (1927), ao integrar o som, o cinema converteu-se no primeiro meiotecnolgico audiovisual.

    A inveno da rdio remete-nos para o ano de 1896 quando Marconi d incio s experinciasde telefonia sem fio (TSF). O estdio da inovao pela difuso de informao pblica arrancoupassados vinte anos. Francis Balle situa o acontecimento em 6 Novembro de 1917 quando docruzador "Aurora" a rdio transmite para todo os distritos da capital russa uma mensagem, nostermos da qual o soviete de Petrogrado toma a cabea da resistncia aos "conspiradores" do governolegal de Kerensky (Balle, 1992:106). Desde ento, a rdio no mais deixou de crescer. Venceu todasas distncias, sejam de mbito fsico ou cultural. Grande parte do seu poder comunicativo advm darestituio da palavra (da oralidade) e dos sons, em geral, ao lugar nobre da comunicao. A relaonica do ouvido com a interioridade, a relao do som com o tempo e a fugacidade, tocam o indivduona sua intimidade fazendo-o imergir profundamente no acontecimento. O som seduz e sugereimaginrios.

    A televiso o ltimo media da configurao comunicativa de massa. O seu aparecimentoremete-nos para a inveno, em 1923, do primeiro tubo de captao de imagem, baptizado com onome de iconoscpio, pelo russo Vladimir Zworykin, emigrante nos Estados Unidos, abrindo ocaminho para uma melhor definio da imagem. Pouco tempo depois, aps algumas sessesexperimentais, surgem em 1936 as emisses regulares na Inglaterra e na Frana, em 1941 nosEstados Unidos e em 1957 em Portugal. A fora comunicacional da TV, capaz de influenciar eorganizar os estilos de vida e hbitos comunitrios (horas das refeies, de deitar e levantar, de sairde casa, de conversar e conviver...), bem como condicionar culturalmente os cidados atravs dadisseminao de ideias e modismos escala planetria (Pinto, 1998), vem da linguagem utilizada (oaudiovisual) projectando o indivduo naquilo que v e ouve, onde a utilizao da palavra ganha umestatuto de autenticidade (acredita-se no que ouve porque se v) e vem da configurao derecepo comunicativa que propicia, pois tem uma penetrao gratuita na casa de qualquer pessoa,

    ocupando, por isso, um lugar estratgico de mbito sociocultural na clula familiar.Ao referirmo-nos s tecnologias da comunicao de massa, tanto no que respeita aos meios

    impressos (livro) e tecnolgicos (cinema, rdio e televiso), interessa constatar a emergncia de umaconfigurao comunicativa global pela amplificao das mensagens para um pblico numeroso eheterogneo, seja por via da sua multiplicao atravs da produo de cpias, seja por via da difusoespalhando-a instantaneamente por todo o lado, convertendo o mundo no que McLuhan designou por"aldeia global".

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    Comunicao Individual

    A par do desenvolvimento da tecnologia dos mass media estava tambm em evoluo umatecnologia que iria propiciar o aparecimento de um novo ambiente de comunicao, mais medida da

    participao do indivduo. A chegada dos transstores (1947), dos circuitos integrados (1959) e dosmicroprocessadores (1971) abriu perspectivas para um nova ecologia baseada na comunicaoindividual que, ao incidir em diversas modalidades discursivas, introduz o "homo communicans" numuniverso comunicativo multidimensional que Abraham Moles apelidou deopulncia comunicacional (Moles, 1988:147).

    No campo visual, a fotografia foi o primeiro self-media a entrar nos hbitos das pessoas. Osprocessos de registo fotogrfico ps-nipciano (1826, data em que se regista a primeira fotografia)evoluram espectacularmente com o aparecimento em 1925 das primeiras mquinas manuaisminiaturizadas (a popular Leica) e a chegada da electrnica na dcada de 60 com a incorporao dasclulas fotoelctricas e da focagem automtica em final dos anos 70. Em virtude destes progressostecnolgicos, a fotografia deixou de ser um assunto reservado a profissionais e a especialistas para

    se tornar tecnicamente acessvel a toda a gente. Popularizando-se, a fotografia passou a constituirno s um meio de registo da memria visual dos acontecimentos vividos, entrando nos hbitosquotidianos e sociais das pessoas, mas tambm num modo de expresso e de arte de cunhoindividual.

    No campo udio, os primrdios remontam a finais do sculo XIX com a inveno do fongrafo(por Edison em 1878), mas a inovao decisiva que iria transformar o gravador de som numdispositivo de registo individual aconteceu apenas na dcada de 60 do sculo XX com a inveno dogravador de cassete . Porttil, ligeiro e barato, este meio tornou-se o equivalente sonoro da fotografia,possibilitando o hbito de registar e reconstruir uma realidade sonora integrando palavras, msica esons ambientais provenientes de diversas e mltiplas fontes.

    No campo scripto, a reprografia (expresso que descreve o conjunto dos processos simples dereproduo grfica) libertou o homo communicans da indstria de impresso. Graas aos processosde composio iniciando pela mquina de escrever e sistemas de fotocomposio at aoprocessamento de texto pelo computador e edio electrnica a pessoa ganha cada vez maisliberdade na arte de compor e imprimir.

    No campo audiovisual, a videografia ofereceu a possibilidade de captar, reproduzir, armazenare manipular uma realidade dinmica e sonora. O desenvolvimento desta tecnologia foi motivado pelanecessidade imperiosa das cadeias televisivas em se libertarem do "directo" e de conservarem asimagens das suas emisses. Apareceu, assim, em 1956, na Califrnia, o primeiro gravador vdeoutilizado na gravao de programas televisivos. Na dcada de setenta assistiu-se comercializaopopular dos primeiros equipamentos de vdeo ligeiro (ou domstico), portteis e autnomos, dando-seincio ao fenmeno da comercializao popular de videocassetes e jogos de vdeo, e aplicao dovdeo nos mais variados campos socioculturais.

    No campo da multigrafia, o computador ofereceu a possibilidade de integrar diversaslinguagens (texto, imagem e som) oriundas de diversas fontes num nico media.

    Entendemos que o computador caracteriza o esprito desta nova era comunicativa. Tal comofizemos para as outras "galxias" comunicativas (de Gutenberg e de Marconi), arriscamos adesignao de Turing, em evocao ao matemtico de formao que em 1937 desenvolveu e aplicouos princpios da computao na chamada "Mquina Universal", concebida para desempenharclculos, desenvolver capacidades de armazenamento e simular qualquer computao, incluindocomportamentos humanos. A par de Turing, tambm Claude Shannon e John von Neumannprestaram um valioso contributo para a criao do computador moderno. De Shannon veio ademonstrao que se uma mquina era capaz de executar instrues lgicas tambm poderia

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    manipular informao, utilizando para o efeito o "sistema binrio" de codificao. De John vonNeumann veio o estabelecimento dos cinco componentes bsicos do computador moderno,conhecida por "arquitectura von Neumann", modelo que ainda seguido por todos os computadores

    digitais: uma unidade central aritmtico-lgica, um controle central para harmonizar as operaes,uma memria, uma unidade de entrada e uma unidade de sada.Fruto deste desenvolvimento surgiu em 1945 o ENIAC (Electronic Numeral Integrator And

    Calculator), considerado como o primeiro verdadeiro computador. Era uma mquina pesada (30toneladas de peso) que enchia uma sala de grandes dimenses (media 24 metros de comprimentopor 5 de altura) e que continha mais de 17.000 vlvulas. Porm, nos incios da dcada de sessentacom a utilizao dos transstores e na de setenta com os microprocessadores, o computador tornar-se- mais pequeno e mais poderoso (mais rpido, com mais memria e mais fivel) e mais barato,entrando no domnio de utilizao pessoal e domstica, simbolizado na criao do PC (P ersonalC omputer) pela IBM em 1981 que se tornou no padro de hardware .

    Concluindo este momento, podemos afirmar que os self-media , ao facultarem ao indivduo apossibilidade de acesso a mensagens sempre disponveis e a capacidade de expresso emlinguagens diversificadas, transformaram radicalmente a ecologia comunicativa dos mass media ,dando ao homo comunnicans a possibilidade de assumir-se como verdadeiro EMEREC (Cloutier,1995), simultaneamente emissor e receptor. De um mundo comunicativo em que a bagagemintelectual estava apenas preservada sob a forma escrita e grfica, e em que nas restanteslinguagens o indivduo comum conhecia apenas a possibilidade de recepo, de ora em diante, nos a bagagem intelectual passa a estar conservada em diversas linguagens, como qualquer indivduoadquire a capacidade de expressar-se no s atravs da palavra falada ou da escrita mas tambm daimagem e do som. A imerso neste ambiente contribui para a formao de um homem "audiovisual einformtico" (Pierre Babin & Marie-France Kouloumdjian, 1983), com caractersticas psicolgicaspeculiares que o diferenciam do "homem tipogrfico" da gerao passada, com rasgos psicolgicosmarcados pela sensitividade e pela intelectualidade intuitiva (Santos Guerra, 1984).

    Comunicao em Ambiente Virtual

    A capacidade de interligao dos equipamentos entre si, dando origem s redes informticas,permitiu a sua utilizao colaborativa. Esta ampliao do uso individual para o social (Barret, 1992),favorecendo a construo social do conhecimento, "a reunio e classificao de textos, a reviso edesconstruo desses textos, a troca de textos entre colegas, a autorizao do indivduo para criarzonas marginais (que podem tomar o lugar central)" (idem :9) marca a passagem para uma novaconfigurao comunicativa: a comunicao em ambiente virtual.

    Desde meados da dcada de 80 do sculo XX num processo que se acelerou na de 90 quese desenvolveram as bases de uma revoluo, uma mudana de paradigma sociocultural, designadade Sociedade da Informao por diversos cientistas sociais, termo que tambm passou a fazer parteda linguagem do cidado comum (Lyon, 1992; Lvy, 1994; Castells, 2002).

    A Internet o exemplo da rede de base colaborativa que interpreta o sentido desta novagalxia comunicativa, cujo preldio ainda estamos a viver. A adeso Internet deve-se ao engenho esonho do britnico Tim Berners-Lee em criar (em 1989) o sistema de informao Worl Wide Web ,popularizado pelas expresses Web ou WWW, caracterizado pelo prprio como um mundointeractivo de partilha de informao, atravs do qual as pessoas podiam comunicar com outraspessoas e com mquinas (Berners-Lee, 1996:1).

    A noo de rede o conceito chave para caracterizar a nova configurao comunicativa. Emtermos sociais, este conceito significa que estamos perante um universo comunicativo em que tudoest ligado, em que o valor dado pelo estabelecimento de uma conexo, de uma relao. E na

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    medida em que a conectividade efectuada atravs da interfacialidade do ecr, denominmos estanova configurao por comunicao em ambiente virtual (Silva, 1998).

    Vrios filsofos e socilogos contemporneos tm reflectido sobre a evoluo das relaes

    sociais na sociedade moderna e do papel que os actuais sistemas tecnolgicos desempenham naconstituio destas comunidades virtuais. Maffesoli (1990) fala-nos num retorno ao tempo das tribos,no como as de outrora baseadas no territrio fsico, mas tribos do conhecimento, do afectivo e dosocial s quais os indivduos se agregam voluntariamente para partilhar saberes, necessidades,desejos e interesses da mais variada ordem. Howard Rheingold, com o seu influente livro AComunidade Virtual , estabeleceu o tom do debate em torno desta questo ao defender um novo tipode comunidade que reuniria pessoas on-line em torno de uma srie de valores e interessespartilhados, criando laos de apoio e amizade que poderiam por sua vez estender-se interacocara a cara (Rheingold, 1993). Tambm Castells (2004) considera que os indivduos constroem assuas redes, on-line e off-line , sobre a base dos seus interesses, valores, afinidades e projectos, eque a interaco social on-line desempenha um papel cada vez mais importante na organizaosocial, no seu conjunto, podendo constituir comunidades, ou seja, comunidades virtuais, diferentesdas comunidades fsicas, mas no necessariamente menos intensas ou menos eficazes em unir emobilizar (idem: 161).

    Na Internet, no transitam, portanto, simples informaes, mas actos de comunicao onde omundo privado da experincia pessoal daqueles que os praticam projectado no interior do mundointerpessoal e grupal das interaces.

    3. Da Famlia s Comunidades Virtuais de Aprendizagem

    Famlia

    Numa ecologia comunicacional marcada na relao espao-tempo pela necessidade da co-

    presena dos interlocutores e pelo instantneo da mensagem, em que a nica mediao possvel temorigem no prprio homem, atravs da manifestao da fala e do gesto, a famlia emerge como ocontexto educativo por excelncia. Num universo de economia de subsistncia, de sociedade de tipofamiliar, mais ou menos ampla, aprender significa alcanar uma identidade comunitria. Tudo eraocasio de aprendizagem para assegurar a subsistncia (o saber fazer: o pai que ensinava o filho acaar, a pescar, a semear) e para assegurar a herana cultural, o conhecimento dos mitos, dasgestas dos antepassados e a sua imitao atravs de ritos de iniciao que alimentavam a existnciae a continuidade da tribo.

    Escola

    Associado ao progressivo uso da linguagem escrita surgiu o contexto educativo da escola,

    desenvolvido para facilitar a transmisso dos contedos requeridos pela crescente complexidade dassociedades (Kramer, 1963; Faure et al., 1977). A escrita representa uma tecnologia da palavra enecessita para a sua aprendizagem de pessoal especializado, de um local, preparao, instrumentos,suportes adequados, tintas, etc., fazendo aparecer uma instituio e estrutura criada para o efeito: aescola. O termo "escola" deriva do conceito grego de cio (schol), significando que s aqueles quedispunham de tempo livre (de cio) que tinham possibilidade de dedicar-se s actividadesintelectuais e aprendizagem da expresso cultural pela escrita, ou seja, a escola era uma estruturadestinada elite da sociedade. Pelo significado do termo, fica desde logo explicada a associao daescola ecologia comunicacional de elite.

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    Embora no seja objectivo desta comunicao abordar a evoluo da ideia de escola,esclarecem-nos Clausse (1976) e Ribeiro Dias (1979) que o sistema escolar do Ocidente seestruturou numa base elitista, incorporando como seus traos intrnsecos o formalismo e o

    intelectualismo, e que a gesto cientfica do currculo da escola moderna fez-se numa lgica deobsesso de produtividade e eficcia, oriunda do mundo industrial (Fino & Sousa, 2005). Taisorientaes originaram um profundo mal-estar, levando a contestao escala mundial na dcada de60 do sculo XX, em anos da tomada de conscincia do Choque do Futuro (Toffler, 1970). Na poca,exigiam-se reformas, transformaes estruturais ou at mesmo a erradicao da escola, de tal modoque Ribeiro Dias afirmava que a A escola ter que mudar, sob a ameaa de desaparecer, e,interrogando-se de seguida, lanava a questo: Mas qual ser a fora capaz de marcar o rumopositivo dessa transformao? (Ribeiro Dias, 1979:16).

    Ora, a nossa tese que a emergncia de novas tecnologias pode contribuir para dar umsentido decisivo transformao da escola, permitindo redesenhar as fronteiras da escola e docurrculo (Fino & Sousa, 2005), desde logo, por fazerem emergir outras instncias educativas que vopr em causa a hegemonia da escola.

    Escola Paralela

    Com os meios de comunicao de massa, junta-se famlia e escola um novo agentetransmissor de conhecimentos e de atitudes, revestido de um novo estilo, ao qual se convencionouatribuir a designao de "escola paralela" (Friedmann, 1962). Em termos educacionais, a hegemoniada escola, como nica fonte de transmisso do saber, foi posta em causa, pois a educao podiaocorrer fora da escola (Trilla, 1985). A presena incontestvel e poderosa dos meios decomunicao de massa, instituindo-se em escola paralela , gerou, pelo menos, trs movimentosdiferentes sobre a sua relao com a escola: de substituio, de concorrncia e decomplementaridade.

    O movimento de substituio foi defendido essencialmente por Ivan Illich. Partindo de umacrtica severa educao "institucionalizada", considerando-a como um factor directo dascontradies sociais e da ligao de foras a que a escola est submetida, servindo basicamentepara suprir as necessidades da ordem social, Illich (1977) defende uma "sociedade sem escolas" porestas no servirem para realizar o projecto de uma verdadeira educao ao servio do homem, nempara promover a convivialidade. Preconizando que preciso terminar esta dependncia, atribui stecnologias (objectos educacionais) um papel importante, no sentido que proporcionariam a cadahomem a possibilidade de aceder livremente s coisas, aos lugares, aos mtodos, aosacontecimentos e aos documentos (idem: 133).

    O movimento de concorrncia foi protagonizado por Louis Porcher atravs da divulgao doconceito de Escola Paralela, representada na informao veiculada pelos mass media. SegundoPorcher (1977), a escola tem permanecido imvel face existncia de outras culturas, para alm daque constitui o seu objecto de estudo tradicional (a cultura clssica), fechando-lhe as suas portas emvirtude dos juzos normativos dos defensores da cultura clssica. Devido a tais juzos, considera queexistem resistncias psicolgicas e sociolgicas para que a cultura de massas entre na escola.Constata que os alunos frequentam assiduamente a escola paralela (vendo televiso, ouvindo rdio eindo ao cinema), mas que na escola institucional se pratica um verdadeiro ostracismo em relao aosmass media. H, portanto, em seu entender, uma ideia de concorrncia entre a Escola e os Media,representada por duas culturas diferentes e dois espaos de cultura diferenciados.

    O movimento de complementaridade foi protagonizado por La Borderie (1979). Consideralamentvel a expresso Escola Paralela, ainda que tenha sido pertinente num dado momento, poisparece indicar que h algumas informaes que so mensagens da escola e outras da no-escola

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    (por parte dos media, da famlia, do meio ambiente), que h uma concorrncia entre uma escolaintra-muros e uma escola extra-muros. O autor entende que o papel da escola deve ser analisadosegundo uma perspectiva de educao permanente, isto , em funo dos vrios processos de

    aprendizagem a que cada indivduo est sujeito, seja por parte da famlia, do meio ambiente ou dosmedia. Neste sentido, a escola institucional no pode viver em concorrncia com a no-escola, masem complementaridade. A escola seria ento o lugar de encontro das diferentes formas de interpretaro mundo.

    Em qualquer um dos movimentos apresentados h uma ideia comum: face aos mass media aescola deixou de ser a nica fonte de transmisso do saber e, devido forma e ao contedo das suasmensagens, passou a necessitar de uma urgente transformao e em profundidade.

    Auto-educao

    A configurao comunicativa de cariz individual, no acesso e na expresso deveria ter reflexosprofundos nas estruturas educativas. O aluno j no apenas um mero estudante que frequenta

    cursos durante alguns anos da sua vida, recebendo de uma forma mais ou menos passiva o sabertransmitido pelo professor, mas fundamentalmente um "auto-educando", num amplo quadro deeducao permanente e aprendizagem autnoma, reforado pela expresso aprender a aprender . E,na medida em que a informao passa a estar cada vez mais disponvel fora da escola, atravs dedocumentos audiovisuais e multimdia, refora-se a necessidade da complementaridade entre asdiversas "escolas", expressa por La Borderie. Com a tipologia e funcionalidades dos self-media , asTIC abrem possibilidades para redesenhar as fronteiras de uma nova escola, de um novo currculo ede uma nova relao pedaggica.

    Uma das principais transformaes diz respeito mudana de relao entre o professor e osalunos. O professor, como assinala Belloni (2001:86), continua sendo essencial para o processoeducativo em todos os nveis, especialmente na escola primria e secundria, mas j no ocupasozinho o centro do palco. neste contexto que Marco Silva, socilogo da educao, em livrointitulado Sala de Aula Interactiva (2002), nos fala das possibilidades das tecnologias interactivascontriburem para a mudana paradigmtica no ensino e na aprendizagem, facilitando as condiespara a prtica de uma pedagogia interactiva, afirmando que a disponibilizao da interactividade dasTICs vem potenciar uma nova competncia comunicacional na sala de aula e um novo desafio para oprofessor: modificar a comunicao no sentido da participao-interveno, da bidirecionalidade-hibridao e da permutabilidade-potencialidade. No mais a prevalncia do falar-ditar, mas daresposta autnoma, criativa e no prevista dos alunos, o rompimento de barreiras entre estes e oprofessor, e a disponibilidade de redes de conexes no tratamento dos contedos de aprendizagem(Silva, 2002, p.185).

    Estes desafios e investimentos a efectuar pela escola e pelo professor pronunciam a chegadade uma nova configurao comunicacional: as comunidades de aprendizagem.

    Comunidades de Aprendizagem

    A comunicao em ambiente virtual abre um amplo caminho de renovao s estruturaseducativas. No que concerne organizao escolar e curricular, esta configurao permite pensar aescola como uma comunidade de aprendizagem , no s numa perspectiva auto-centrada, mas comocomunidade de aprendizagem aberta comunidade . Em rigor, deveramos designar este momentoeducacional por comunidades virtuais de aprendizagem , no entanto, devido utilizao que fazemosdo termo virtual uma forma potencial de mediao interfacial que no se ope ao real preferimosutilizar a expresso comunidades de aprendizagem , sem mais adjectivao. Propomo-nos adoptar oque Castells (2004:240) chama de cultura da virtualidade real. Ou seja, virtual porque est

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    construda principalmente atravs de processos virtuais de comunicao de base electrnica. real(e no imaginria) porque a nossa realidade fundamental, a base material com que vivemos anossa existncia, construmos os nossos sistemas de representao, fazemos o nosso trabalho, nos

    relacionamos com os outros, obtemos informao, formamos a nossa opinio, actuamospoliticamente e alimentamos os nossos sonhos. Esta virtualidade a nossa realidade.Entendemos que a formao da ideia de comunidade o sentimento do ns , como lhe

    chama Gurvitch (1979) no passa necessariamente por factores territoriais fsicos, mas pelodesenvolvimento do sentimento subjectivo dos participantes de construir um todo . Na linha dasociologia contempornea h mltiplas maneiras de estar ligado pelo todo e no todo, sendo que aideia de comunidade hoje entendida como um espao de construo (um territrio simblico)marcado pela extenso e pela profundidade da interaco entre os indivduos em construir esse todo.

    Ora, a comunicao em ambiente virtual permite no s que se criem as condies para queprofessores e alunos desenvolvam interaces satisfatrias entre si, mas tambm que cada escolae/ou cada um dos seus membros (professores e alunos) possa estabelecer facilmente relaesplurais e colaborativas com outras escolas, com colegas, com peritos ou instituies diversas,potenciando-se a formao de territrios educativos. A constituio destes "territrios educativos"move-se na partilha de motivaes comuns, tendo por base os projectos autnomos e diferenciadosde cada escola. As comunidades de aprendizagem surgiriam em funo desta dimenso colaborativa,nas relaes e interaces sociais entre escolas e outras instituies comunitrias, entre autores eleitores, constituindo-se grupos de interesse na partilha de projectos e de aces educacionais tendoem vista a construo do conhecimento.

    A investigao efectuada por Harasim et al. (2000) sobre a aprendizagem em rede diz-nos quea comunidade que se forma entre os usurios de rede pode ser muito enriquecedora tanto a nveleducativo como a nvel pessoal (p.53), assinalando que as redes favorecem um processo de ensino-aprendizagem activo e colaborativo.

    Da que no seja utpico pensar-se que a Web possa constituir uma interface educacional pararenovar a escola, adequada para suportar os processos da aprendizagem colaborativa (Dias, 2004),proporcionando que professores e alunos exercitem a capacidade criadora dentro de um ambiente deaprendizagem hipertextual, interactivo e plural: pela interaco directa com os contedos, atravs do acesso a numerosas bases de dados e

    outras fontes de conhecimento diversificado e actualizado; pela participao activa na pesquisa e explorao de informao; pelo estabelecimento de uma relao directa com os criadores do conhecimento, sem esquecer

    que cada comunidade em particular representa, ela prpria, um potencial informativo peloconhecimento que disponibiliza aos utilizadores da rede, pela importncia da conversaodesenvolvida em torno do jogo da comunicao e da negociao do seu sentido;

    pelo confronto e repartio da diversidade de interpretaes na comunidade do saber; pelo apoio tutorial facultado ao aluno no desempenho de uma tarefa cognitiva complexa, papel que

    passa a constituir o principal desempenho do professor, a par da maior envolvncia nos aspectosde natureza formativa (pessoal-afectivo-social).

    Concluso

    Nesta comunicao vincamos a relao entre tecnologias, comunicao e educao,considerando-se que cada uma das tecnologias favoreceu o aparecimento de uma determinadaecologia comunicacional e um contexto educacional.

    Em forma de concluso, pretendemos destacar a questo da acelerao do tempo histricocomunicacional e a tomada de posio dos professores. Conforme se pode verificar na linha de

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    desenvolvimento das configuraes comunicativas (figura 2), j no se trata do tempo longo dahistria (das primeiras configuraes comunicacionais, a interpessoal e a de elite com a escrita, comos seus 45.000 anos e 5.500 anos de durao, nem mesmo do primeiro momento da comunicao de

    massas com a inveno da imprensa que durou cerca de 500 anos), mas de um tempo curto, emmovimento veloz, que nos interpela constantemente, e que, por paradoxal que parea, vem-nostambm do futuro.

    C. Interpessoal

    Homo loquenshomo pictor

    Escrita

    50.000 (a.C.) 4.000 (a.C.) 1456/1837(d.D.)

    C. Elite

    ImprensaTelgrafo

    1971/1981

    Microprocessador PC (Personal Computer)

    C. Massas C. Individual

    (45.000 anos) (5.500 anos) (500 anosImprensa)

    1989...

    Internet

    C. AmbienteVirtual

    (18 anos) (17 anos...)

    Linha do desenvolvimento das ecologias comunicativas

    durao

    Fig. 2 - Desenvolvimento das ecologias comunicativas

    No processo de passagem de uma configurao a outra sempre houve fases de rupturas e decontinuidades. Basta lembrar a polmica entre o oral e o escrito suscitada na Grcia Clssica comPlato (em Fedro) a insurgir-se contra a escrita, considerando-a como no natural e uma violentaoda conscincia humana. A dupla face do deus romano Janus ocorre-nos sempre que pretendemosassinalar as tendncias contraditrias sobre as atitudes relacionadas com a integrao das TIC nasociedade, questionando os posicionamentos da tecnofobia versus tecnolatria (Silva, 1999).

    Perante este choque tecnolgico, tambm reforado pela acelerao, entendem-se osreceios naturais dos professores, em especial os da gerao formada no universo comunicacionalgutenberguiano (mente tipogrfica), face chegada de novas tecnologias que configuram uma novaecologia comunicacional e um novo contexto educacional.

    Como os processos de navegao pelos oceanos virtuais requerem uma intermediao atentae cuidada por parte dos professores, como reconhece Dominique Wolton (2000:124), a tomada de

    uma atitude de maioridade passa por reconhecer que as TIC podem proporcionar um espao deprofunda renovao s estruturas educativas e em particular escola, sendo que o ponto essencial a mudana qualitativa nos processos de ensino e aprendizagem.

    Para o sistema educativo e seus agentes o grande desafio consiste em compreender achegada do tempo de tecnologias que do oportunidade de redesenhar as fronteiras de uma escolaaberta aos contextos sociais e culturais, diversidade dos alunos, aos seus conhecimentos,experimentaes e interesses, enfim, em instituir-se como uma verdadeira comunidade deaprendizagem.

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    1920 Tecnologias, Ecologias da Comunicao e Contextos Educacionais

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