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ANA LUIZA CAMPOS ALVARENGA VIEIRA PINTO INTERFACES MARKETING E ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: APLICAÇÕES AO ENSINO DE GRADUAÇÃO Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção de Diploma de Engenheiro de Produção. São Paulo 2011

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ANA LUIZA CAMPOS ALVARENGA VIEIRA PINTO

INTERFACES MARKETING E ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO: APLICAÇÕES AO ENSINO DE

GRADUAÇÃO

Trabalho de Formatura apresentado

à Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo para

obtenção de Diploma de

Engenheiro de Produção.

São Paulo

2011

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ANA LUIZA CAMPOS ALVARENGA VIEIRA PINTO

INTERFACES MARKETING E ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO: APLICAÇÕES AO ENSINO DE

GRADUAÇÃO

Trabalho de Formatura apresentado

à Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo para

obtenção de Diploma de

Engenheiro de Produção.

Orientadora:

Profª. Roberta de Castro Souza

São Paulo

2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

Pinto, Ana Luiza Campos Alvarenga Vieira As interfaces marketing e engenharia de produção: a plica -

ções ao ensino de graduação / A.L.C.A.V. Pinto. -- São Paulo, 2011.

82 p.

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produçã o.

1. Marketing 2. Engenharia de produção I. Universid ade de

São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge nharia de Produção II. t.

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AGRADECIMENTOS

À Professora Roberta, pelo suporte e atenção.

Ao Brunno, pela companhia e apoio em todos esses anos, nos bons e nos maus

momentos.

À Marlene, por toda a ajuda e força.

À Flávia, pelos socorros, mas, principalmente, pelas risadas e momentos de

descontração.

Aos professores e colegas que se colocaram à disposição para as entrevistas, um

agradecimento especial por colaborar com este trabalho.

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RESUMO

O conhecimento de um engenheiro no mercado atual não pode se limitar à sua

formação tecnológica. É necessário que seja capaz de atuar em equipes

multidisciplinares, compreendendo as temáticas que vão além de sua especialidade.

A Engenharia de Produção, por sua abordagem sistêmica, é a área da engenharia

em que essa variedade de conhecimentos melhor se articula.

O ensino de graduação vem respondendo a este movimento incorporando ao seu

currículo novas disciplinas, e uma das áreas que mais se destaca nesse contexto é o

Marketing. O Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo, em sua última revisão da estrutura curricular, acrescentou à

grade de ensino uma disciplina dedicada ao tema.

Este trabalho tem por objetivo estabelecer as interfaces entre a Engenharia de

Produção e o Marketing e explorá-las no ensino de graduação. A partir de revisão da

literatura sobre os dois assuntos são definidos os principais pontos de interface. A

consulta ao trabalho desenvolvido em outras universidades e a pesquisa com professores

e ex-alunos do Departamento permitem identificar as oportunidades nesse sentido,

resultando em propostas aplicáveis ao ensino da Engenharia de Produção nesta

instituição.

Palavras-chave: Marketing; Engenharia de Produção.

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ABSTRACT

It is fundamental that engineers cannot limit their knowledge to the

technological background. They must be able to work in multidisciplinary teams,

comprehending different subjects beyond their specialty. Production Engineering, for its

systems approach, may be the field where this various areas best link.

Undergraduate courses have responded to this trend by incorporating new

subjects to their curricula, which happened especially with Marketing. The Production

Engineering Department of Polytechnic Scholl of the University of São Paulo, in the

last review of its program, added to the curriculum a discipline dedicated to this.

The main object of this work is to establish the interfaces between Production

Engineering and Marketing and how to explore them in undergraduate courses. After

literature review about both areas these interfaces are defined. The observation of what

is developed in other universities and the research made with professors and former

students of the Department allowed identify opportunities in this direction, resulting in

proposals suitable for the institution.

Keywords: Marketing; Production Engineering.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa do Departamento .......... 15

Figura 2 - Etapas para elaboração do trabalho ......................................................................... 19

Figura 3 - Os principais conceitos de Marketing ...................................................................... 25

Figura 4 - Exemplos de transações ........................................................................................... 27

Figura 5 - Um sistema de Marketing simples ........................................................................... 28

Figura 6 - Modelo expandido do processo de Marketing ......................................................... 29

Figura 7 - Os 4Ps do mix de Marketing ................................................................................... 30

Figura 8 - Fatores que influenciam a estratégia de Marketing ................................................. 31

Figura 9 - As áreas da Engenharia de Produção ....................................................................... 35

Figura 10 - Modelo de processo de desenvolvimento de produto ............................................ 41

Figura 11 - Processos relacionados ao desenvolvimento de produtos...................................... 42

Figura 12 - etapas do desenvolvimento de novos produtos ...................................................... 42

Figura 13 - vendas e lucros ao longo do ciclo de vida do produto ........................................... 43

Figura 15 - A matriz SWOT ..................................................................................................... 48

Figura 16 - Sistema de gestão estratégica baseado em visão de longo prazo ........................... 49

Figura 17 - As dimensões da responsabilidade social corporativa ........................................... 53

Figura 18 - As dimensões da sustentabilidade ......................................................................... 54

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Qualificação do Corpo Docente do PRO ................................................................ 13

Tabela 2 – Grupos de Pesquisa PRO – Poli/USP ..................................................................... 14

Tabela 3 - Recursos disponíveis nas salas de pesquisa do PRO ............................................... 17

Tabela 4 – As definições de Marketing .................................................................................... 25

Tabela 5 – Os novos 4Cs do mix de Marketing ....................................................................... 32

Tabela 6 - As áreas da Engenharia de Produção ...................................................................... 35

Tabela 7 – Principais interfaces entre Marketing e Engenharia de Produção .......................... 47

Tabela 8 – Linhas de pesquisa do MCD ................................................................................... 56

Tabela 10 – Detalhes do sistema para gestão de relacionamento com clientes ........................ 63

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13

1.1 O DEPARTAMENTO ............................................................................................... 13

1.2 A GRADUAÇÃO ...................................................................................................... 15

1.3 RECURSOS DIDÁTICOS DISPONÍVEIS NO PRO-POLI/USP ............................ 16

1.4 OBJETIVO ................................................................................................................ 17

1.5 ESTRUTURA DESTE TEXTO ................................................................................ 17

2 METODOLOGIA ............................................................................................................. 19

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 19

2.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19

2.3 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES .............................................................. 20

2.4 SISTEMATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E RESULTADOS ............................ 21

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 22

3.1 O MARKETING ........................................................................................................ 22

3.1.1 PRINCIPAIS CONCEITOS .................................................................................................. 25

3.1.2 O PROCESSO DE MARKETING .......................................................................................... 28

3.1.3 A EVOLUÇÃO DO MARKETING ......................................................................................... 31

3.1.4 O MARKETING VERDE ...................................................................................................... 33

3.2 A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO .................................................................................................. 35

3.2.1 Engenharia de Operações e Processos da Produção....................................................... 36

3.2.2 Logística ........................................................................................................................... 36

3.2.3 Pesquisa Operacional ...................................................................................................... 36

3.2.4 Engenharia da Qualidade ................................................................................................ 37

3.2.5 Engenharia do Produto .................................................................................................... 37

3.2.6 Engenharia Organizacional .............................................................................................. 38

3.2.7 Engenharia Econômica .................................................................................................... 38

3.2.8 Engenharia do Trabalho .................................................................................................. 39

3.2.9 Engenharia da Sustentabilidade ...................................................................................... 39

3.2.10 Educação em Engenharia de Produção ....................................................................... 40

3.3 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ................................ 40

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4 AS INTERFACES ENTRE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E MARKETING .......... 44

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ........................................................................ 47

4.2 GESTÃO DE RELACIONAMENTO ....................................................................... 50

4.3 ESTRATÉGIA DE PRODUTO ................................................................................. 51

4.4 GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................. 52

4.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA / SUSTENTABILIDADE .................. 53

5 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES ...................................................................... 55

5.1 BENCHMARK COM OUTRAS INSTITUIÇÕES ................................................... 55

5.1.2 A REALIDADE EM INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS............................................................. 59

5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS – ENTREVISTAS COM

PROFESSORES E EX-ALUNOS ........................................................................................ 60

5.2.1 ENTREVISTAS COM PROFESSORES .................................................................................. 60

5.2.2 ENTREVISTAS COM EX-ALUNOS ...................................................................................... 61

6 PROPOSTAS PARA O PRO – POLI/USP ...................................................................... 62

6.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ........................................................................ 62

6.2 GESTÃO DE RELACIONAMENTO ....................................................................... 62

6.3 ESTRATÉGIA DE PRODUTO ................................................................................. 63

6.4 GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................. 64

6.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA / SUSTENTABILIDADE .................. 64

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 65

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 66

9 ANEXOS ........................................................................................................................... 69

9.1 Estrutura Curricular do curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica

da Universidade de São Paulo (Poli/USP) ............................................................................ 69

9.2 Roteiro de Entrevista com Professores ...................................................................... 73

9.3 Entrevista com Professor 1 ........................................................................................ 74

9.4 Entrevista com Professor 2 ........................................................................................ 75

9.5 Entrevista com Professor 3 ........................................................................................ 76

9.6 Entrevista com Professor 4 ........................................................................................ 77

9.7 Entrevista com Professor 5 ........................................................................................ 78

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9.8 Roteiro de Entrevista com ex-alunos ......................................................................... 79

9.9 Entrevista com ex-aluno 1 ......................................................................................... 80

9.10 Entrevista com ex-aluno 2 ......................................................................................... 81

9.10 Entrevista com ex-aluno 3 ......................................................................................... 82

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1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro capítulo é apresentado o Departamento de Engenharia de Produção

da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PRO – Poli/USP), a estrutura do

curso de graduação e os objetivos do presente trabalho.

1.1 O DEPARTAMENTO

O Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo (PRO – Poli/USP) foi criado em 1963, sendo reconhecido

nesta data como um novo Departamento dentro da USP. No entanto, em 1955 formou-se

a primeira turma neste campo de estudos, em um curso intitulado “Organizações

Administrativas” - nome dado às primeiras iniciativas do ensino na área.

O PRO – Poli/USP é atualmente reconhecido como uma das melhores instituições

de ensino da Engenharia de Produção no Brasil. Recebeu diversas vezes a classificação

“Curso 5 estrelas” do Guia do Estudante, da Editora Abril, inclusive no ano de 2010.

A qualificação de seu corpo docente é apresentada abaixo.

Tabela 1 – Qualificação do Corpo Docente do PRO (Fonte: PRO, 2010)

Há no departamento 7 grupos de pesquisa em torno dos quais se organizam os

professores. A tabela 2 descreve esses agrupamentos.

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Tabela 2 – Grupos de Pesquisa PRO – Poli/USP (Fonte: PRO, 2011)

A distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa apresentados acima é

mostrada na Figura 1.

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Figura 1 – Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa do Departamento (Fonte: PRO, 2011)

1.2 A GRADUAÇÃO

A cada ano são oferecidas 70 vagas para o curso de Engenharia de Produção da

Poli/USP. A forma de ingresso é através de vestibular, realizado em conjunto com os

demais cursos da Universidade.

A estrutura curricular desta graduação teve sua última alteração no ano de 2010. A

grade completa é apresentada nos anexos, item 9.1.

Uma das principais mudanças ocorridas foi a inclusão de uma disciplina de

Marketing, área em que se torna cada vez mais comum a atuação de engenheiros.

“PRO2614 – Princípios de Marketing para a Engenharia de Produção” passa a ser

oferecida no 9º semestre, ou seja, no último ano da graduação. É cada vez mais

importante a formação de um profissional que entenda e desenvolva as interfaces entre as

diversas atividades dentro da organização. O estudo de Marketing é fundamental para o

Engenheiro de Produção, para que entenda melhor o mercado consumidor em que a

empresa atua e os recursos utilizados pela área para entender este contexto.

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No 7º semestre os alunos devem cursar “PRO2715 – Projeto do Produto e do

Processo”, disciplina que prevê a criação de um Laboratório de Desenvolvimento de

Produto no Departamento, de acordo com trabalho de Araújo (2010). Um dos objetivos

deste trabalho, melhor detalhado em tópico a seguir, é aproveitar a estrutura oferecida por

esse Laboratório também para o ensino de Marketing.

1.3 RECURSOS DIDÁTICOS DISPONÍVEIS NO PRO-POLI/USP

O departamento dispõe de 12 salas de aula, com capacidades entre 60 e 100

alunos.

Além do formato tradicional, com mesas e cadeiras voltadas para a direção da

lousa, há também em cada sala um computador, um projetor e uma tela para projeção.

Estes três últimos recursos são usados basicamente pelos professores como auxílio na

exposição do conteúdo, sendo raramente utilizados pelos alunos durante as aulas.

Há também dois laboratórios de informática, com estruturas bastante semelhantes,

disponíveis apenas para utilização durante algumas aulas (à exceção dos horários de

monitoria em determinadas disciplinas). Um laboratório dispõe de 25 computadores,

incluindo o do professor, enquanto o outro conta com 29 máquinas no total. Nos

laboratórios também há lousa, projetor e tela para projeção. Entretanto, no caso dos

laboratórios, são duas telas, uma à frente de toda a sala, outra no meio, para permitir uma

perfeita visualização de todos os lugares das bancadas.

O departamento possui ainda 5 salas de pesquisa, cada uma dedicada a um grupo

de estudos dentre os mencionados acima. No âmbito da graduação, estas salas são

utilizadas pelos alunos que fazem iniciação científica.

A descrição de cada uma e seus recursos disponíveis são apresentados na tabela a

seguir.

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Tabela 3 - Recursos disponíveis nas salas de pesquisa do PRO

1.4 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é estudar as interfaces entre Engenharia de

Produção e Marketing, área esta que foi recentemente incorporada ao currículo daquela.

Procura-se, através da identificação dessas interfaces, compreender como o Marketing

pode auxiliar a Engenharia de Produção, buscando principalmente oportunidades para se

explorar o ensino do primeiro durante o curso de graduação oferecido pelo PRO –

Poli/USP.

Um enfoque especial é dado ao que se refere ao Desenvolvimento de Produtos,

visando, assim, a identificar as possíveis aplicações a um Laboratório de

Desenvolvimento de Produtos para o ensino de Marketing em um curso de Engenharia de

Produção.

Será também feito benchmark com outras universidades do mundo e nacionais,

que são referência no estudo do Marketing, procurando-se especialmente aquelas que já

relacionam de alguma forma Marketing e Engenharia de Produção.

1.5 ESTRUTURA DESTE TEXTO

Este primeiro capítulo foi dedicado à apresentação do departamento PRO –

Poli/USP. Foi mostrado seu contexto atual, sua estrutura organizacional e curricular para

o curso de Engenharia de Produção, bem como os recursos disponíveis para o ensino no

momento.

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No próximo capítulo é exposta a metodologia utilizada no desenvolvimento deste

trabalho, seguida pela revisão bibliográfica. Nesta parte são explorados os conceitos de

Marketing, Engenharia de Produção – com uma sessão detalhando especialmente o

processo de desenvolvimento de produtos (PDP) – e, finalmente, a interface existente

entre essas áreas, foco do presente trabalho.

Posteriormente é apresentada a realidade em outras instituições, tanto brasileiras

quanto estrangeiras, no ensino de Marketing. Procura-se identificar, assim, as

oportunidades aplicáveis ao PRO – Poli/USP, inclusive através de pontos levantados em

entrevistas feitas com professores e ex-alunos.

Com este embasamento, é então apresentada uma proposta para o departamento,

fechando com as considerações finais acerca do trabalho.

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2 METODOLOGIA

A realização deste trabalho foi organizada em 3 grandes fases, detalhadas nos

tópicos do presente capítulo. A figura abaixo ilustra o fluxo dessas etapas ao longo da

execução do trabalho.

Figura 2 - Etapas para elaboração do trabalho

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Nesta fase inicial, representada pelo primeiro capítulo deste trabalho, foi feita a

contextualização do ambiente no qual ele será desenvolvido. Foi apresentado o PRO –

Poli/USP, considerando sua história e a origem do departamento dentro da Universidade

de São Paulo.

Foram detalhados sua estrutura organizacional, os recursos didáticos disponíveis e

a grade curricular da graduação.

2.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A segunda fase é a etapa de revisão bibliográfica. Foram estudados os

fundamentos do Marketing, sua evolução, principais conceitos e processos.

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Algo semelhante foi feito com o estudo da Engenharia de Produção, outro tema

central deste trabalho. Procurou-se compreender o que é este ramo da Engenharia e quais

são suas principais áreas de atuação.

Com o objetivo de encontrar as interfaces entre Marketing e Engenharia de

Produção, foram explorados ainda na revisão bibliográfica alguns temas em que haja essa

relação, em especial o processo de desenvolvimento de produtos (PDP) e o Marketing

Verde. Para este último assunto, inclusive, foram utilizas das fontes secundárias como

journals, de forma que o tema fosse abordado com discussões mais recentes.

Ao final dessa segunda fase, então, foram apresentados os pontos de interface

encontrados entre as duas áreas, os quais darão embasamento para explorar aspectos na

fase seguinte, de levantamento de informações.

2.3 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES

A fase de levantamento de informações contou com dois processos em paralelo.

Um deles foi o benchmark com outras instituições de ensino, seja de Engenharia

de Produção, seja de Marketing. O objetivo era encontrar o que já é feito relacionando as

duas áreas e buscar oportunidades que possam ser aplicadas ao PRO – Poli/USP, de

forma que Marketing seja melhor explorado durante a graduação também como

ferramenta da Engenharia de Produção.

Além disso, foram feitas entrevistas com professores e ex-alunos. Através do

contato com os primeiros, procurou-se compreender qual a visão dos acadêmicos de

diversos ramos de estudo da Engenharia de Produção sobre as interfaces com o

Marketing. Entre as interfaces mencionadas, buscou-se identificar oportunidades por eles

apontadas sobre aquilo que poderia ser feito envolvendo suas respectivas áreas (ou a

Engenharia de Produção em geral) e o Marketing.

Nas entrevistas com ex-alunos, por outro lado, além de visar à compreensão das

interfaces por eles percebidas, procurou-se encontrar quais os principais conceitos de

Marketing que utilizavam e eram importantes em suas atividades profissionais, e que

ficaram carentes de atenção durante a graduação.

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2.4 SISTEMATIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E RESULTADOS

Tendo em mãos os dados de benchmark com outras instituições e as

oportunidades apontadas por professores e ex-alunos, as informações foram consolidadas

de forma a se obter um panorama do que poderia ser desenvolvido no PRO – Poli/USP.

A partir disso, foi definida uma proposta para se explorar o ensino de Marketing

no departamento, voltada principalmente para a graduação.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 O MARKETING

Apesar de sua origem estar relacionada aos primórdios das transações comerciais,

Marketing foi reconhecido como campo acadêmico e oferecido como curso pela primeira

vez em 1905, na Universidade da Pennsylvania, EUA, intitulado “Marketing de

produtos”.

No início a concepção de Marketing estava muito relacionada à questão de

distribuição, visando a facilitar o acesso do consumidor ao produto e reduzir os custos.

Um marco desse período é o lançamento de sua definição pela American Marketing

Association (AMA), em 1960, que definiu Marketing como “a realização de atividades

empresariais que dirigem o fluxo de bens e serviços desde o produtor até o consumidor ou

usuário”. Dois aspectos se destacam nessa definição (COBRA; BREZZO, 2010):

1. O escopo do Marketing se restringe às empresas, deixando de fora

organizações governamentais ou sem fins lucrativos;

2. O foco é a distribuição, dando pouco valor a áreas como pesquisa de

mercados, concepção do produto, preço e comunicação.

Por trás dessa definição está, assim, a premissa de que a demanda era maior que a

oferta naquele momento, bastando tornar o produto disponível ao menor custo e da

forma mais rápida.

Uma visão mais ampla é apresentada por Jerome McCarthy, em 1964, em sua

obra que popularizou o modelo dos 4Ps. Apontando que Marketing vai além do âmbito

empresarial apenas, o autor afirma que seria o “resultado da atividade das empresas que

dirige o fluxo de bens e serviços desde o produtor até o consumidor ou usuário, com a

pretensão de satisfazer os consumidores e permitir atingir os objetivos da empresa”

(McCARTHY1,1964 apud COBRA; BREZZO, 2010, p. 6).

1 McCARTHY, Basic Marketing. Irwin, 1964

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Stanton2 (1969 apud COBRA; BREZZO, 2010, p. 6), por sua vez, já se utiliza de

uma definição que incorpora o conceito de serviço ao escopo de Marketing.

Por muito tempo as áreas de Marketing e Vendas não tiveram seus limites muito

bem estabelecidos, uma vez que ambas são compreendidas pela área comercial das

empresas. Foi Theodore Levitt quem, pela primeira vez, marcou com clareza o conceito

de Marketing, distinguindo-o do papel de Vendas.

Levitt3 (1960 apud COBRA; BREZZO, 2010) afirma que

a venda se concentra nas necessidades do vendedor; o marketing, nas

necessidades do comprador. A venda se preocupa com a necessidade que

o vendedor tem de converter seu produto em dinheiro; o marketing, com

a idéia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto e

todo conjunto de coisas associadas à sua elaboração, entrega e consumo

final.

Peter Drucker foi outro autor a esclarecer os limites entre as diferentes áreas,

talvez com maior clareza. Segundo Drucker4 (1973 apud COBRA; BREZZO, 2010),

o propósito do marketing é conhecer e entender o cliente tão bem que o

produto ou serviço se ajuste perfeitamente a ele e se venda sozinho. Em

teoria, o resultado do marketing tem de ser um cliente que está pronto

para comprar. A única coisa necessária, então, é colocar à sua disposição

o produto ou serviço.

Diversas outras definições seguiram a de Drucker, principalmente explorando uma

ampliação no alcance do Marketing. Tal assunto será melhor discutido em sessão

dedicada à evolução do âmbito do Marketing. Pode-se dizer, entretanto, que os pioneiros

foram Kotler e Levy, que em 1969 expandem a atuação de Marketing, propondo uma

definição que abrange também as organizações sem fins lucrativos e não governamentais.

2 STANTON; ETZEL; WALKER, Fundamentos de Marketing. McGraw Hill, 2001. 3 LEVITT, Marketing Myopia. Harvard Business Review, 1960 4 DRUCKER, Management: Tasks, Responsabilities, Practices. Harper & Row, 1973.

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A AMA, então, seguindo essa nova tendência para o conceito de Marketing, em

1985 estabelece que o marketing trata-se do “processo de planificação e execução da

concepção, preço, comunicação e distribuição de ideias, produtos e serviços, para criar

intercâmbios que satisfaçam os indivíduos e os objetivos da organização” (AMA,1985).

Contudo, a constante mudança no escopo deste ramo de estudos leva a instituição

a redefini-lo, em 2004. Motivada principalmente pelas novas aplicações das ferramentas

da tecnologia da informação e da comunicação, a nova concepção propõe que o

Marketing é “uma função organizacional e um conjunto de processos para criar,

comunicar e entregar valor para os clientes e para administrar o relacionamento com os

clientes de forma a beneficiar a organização e seus públicos de interesse” (AMA, 2004).

Cobra e Brezzo (2010, p. 10) destacam os seguintes pontos nessa nova definição,

que inovam em relação àquela de 1985:

• O centro da atividade de Marketing está localizado em dois aspectos: criar

valor para o cliente e administrar o relacionamento com eles;

• Em vez de falar dos objetivos da organização, refere-se a obter benefícios para

a organização, e incorpora seus públicos de interesse (stakeholders).

Por outro lado, apontam que algumas limitações ainda são mantidas:

• Não é incorporado o impacto que o Marketing tem na sociedade e vice-versa;

• Não é considerada a natureza competitiva do sistema de Marketing;

• Não se levam em conta os diversos novos enfoques do Marketing que o

enriquecem.

Os enfoques acima citados, como dito anteriormente, serão melhor discutidos em

sessão seguinte deste trabalho.

A tabela abaixo resume essa discussão acerca das diferentes definições de

Marketing ao longo do tempo.

Page 25: TF Ana Luiza - PRO | Departamento de …pro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2012/pubs/interfaces...LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa

Tabela 4 – As definições de

3.1.1 PRINCIPAIS CONCEITOS

Considerando as diferentes definições acima apresentadas,

principais conceitos sobre os quais o Marketing se apóia.

podem ser resumidos em: necessidades, desejos e demanda;

satisfação; troca, transações e relacionamento; mercados; marketing e homens de

marketing.

A figura abaixo sintetiza esses conceitos

Figura 3 - Os principais conceitos de Marketing (adaptado de Kotler, 199

s definições de Marketing (adaptado de Cobra e Brezzo, 2010)

PRINCIPAIS CONCEITOS

Considerando as diferentes definições acima apresentadas, é possível encontrar os

principais conceitos sobre os quais o Marketing se apóia. Para Kotler (199

: necessidades, desejos e demanda; produtos; utilidade, valor e

satisfação; troca, transações e relacionamento; mercados; marketing e homens de

sintetiza esses conceitos, os quais serão detalhados em seguida

Os principais conceitos de Marketing (adaptado de Kotler, 199

25

arketing (adaptado de Cobra e Brezzo, 2010)

é possível encontrar os

Kotler (1993, p.32), eles

produtos; utilidade, valor e

satisfação; troca, transações e relacionamento; mercados; marketing e homens de

, os quais serão detalhados em seguida.

Os principais conceitos de Marketing (adaptado de Kotler, 1993)

Page 26: TF Ana Luiza - PRO | Departamento de …pro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2012/pubs/interfaces...LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa

26

Necessidades e desejos comportam ideias diferentes. “Uma necessidade humana é

um estado de privação de alguma satisfação básica”, ao passo que “desejos são vontades

para satisfações específicas das necessidades mais profundas” (KOTLER, 1993). A

demanda, por sua vez, “são desejos de produtos específicos, apoiada na habilidade e

vontade de comprá-los”.

Antecipando brevemente o uso do termo “homem de marketing” sem ainda tê-lo

exposto, vale aqui destacar que os homens de marketing, portanto, não criam

necessidades, dado que sua existência é anterior a eles. O que fazem, pois, é buscar

influenciar a demanda, mostrando como um determinado produto pode satisfazer

determinada necessidade ou desejos, tornando-o acessível.

Por produto, então, entenda-se qualquer veículo por meio do qual desejos e

necessidades são satisfeitos. Apesar disso, produto, não implica um bem tangível.

Considerem-se aqui os bens tangíveis, sim, além dos serviços.

É importante ressaltar que o valor não está em possuir o produto, mas, na verdade,

em usá-lo para satisfazer desejos. Kotler (1993, p. 33) sintetiza que “assim, produtos

físicos são realmente veículos que prestam serviços a nós”.

Abrindo uma rápida discussão sobre o que é serviço, Zarifian (2001) afirma que

trata-se de “uma organização e uma mobilização, o mais eficiente possível, de recursos

para interpretar, compreender e gerar a mudança perseguida nas condições de atividade

do destinatário do serviço, o cliente-usuário”.

Retomando, utilidade representa “a estimativa do cliente da capacidade total dos

produtos em satisfazer suas necessidades” (KOTLER, 1993). Valor, por sua vez,

relaciona os benefícios de diferentes produtos quanto a um determinado critério, como o

valor monetário, o dólar, por exemplo, na busca pela maior utilidade. No caso citado, o

critério seria a razão utilidade por dólar.

Troca é o conceito que define Marketing. Ainda segundo Kotler (1993, p. 35), “a

troca é o ato de obter um produto desejado de alguém, oferecendo alguma coisa em

troca”. Trata-se de um processo de negociação, o qual, ao atingir um acordo entre as

partes, consolida-se através de uma transação. As transações, portanto, são o elemento

básico da troca, e “consiste na troca de valores entre duas partes” (KOTLER, 1993).

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27

Transações podem ser monetárias, religiosas, de emprego, cívicas, de caridade,

entre outros. A figura a seguir exemplifica alguns tipos de transação.

Figura 4 - Exemplos de transações (adaptado de Kotler, 1993)

O conceito de troca nos leva então ao conceito de mercado. Para Kotler (1993, p.

38), “um mercado é composto por clientes potenciais que partilham de uma mesma

necessidade ou desejo e estão aptos a engajar-se num processo de troca para satisfazer

aquela necessidade ou desejo”.

Finalmente, homem de marketing é aquele que “busca um recurso de outrem e

quer oferecer algo de valor em troca” (KOTLER, 1993).

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28

Assim, tendo claros os principais conceitos de Marketing, além de sua própria

definição, é possível montar um sistema de Marketing, ilustrando todos os elementos e

relações envolvidas.

Figura 5 - Um sistema de Marketing simples (adaptado de Kotler, 1993)

3.1.2 O PROCESSO DE MARKETING

Considerando toda a discussão feita anteriormente, ficamos aqui com a definição

de que Marketing, em resumo, pode ser compreendido como a construção de

relacionamentos lucrativos com os clientes (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). A partir

desse conceito, surgem então dois desafios: conquistar novos clientes, agregando-lhes

valor, e fidelizar os atuais clientes, proporcionando-lhes satisfação.

Trata-se, pois, de uma ciência que busca compreender as necessidades dos clientes

e, consequentemente, satisfazê-las.

O processo de Marketing é esquematizado pela figura a seguir.

Page 29: TF Ana Luiza - PRO | Departamento de …pro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2012/pubs/interfaces...LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa

29

Figura 6 – Modelo expandido do processo de Marketing (adaptado de Kotler e Armstrong, 2007)

As 4 primeiras etapas do processo compreendem a criação de valor para o cliente.

A etapa final, por sua vez, permite que a empresa capture esse valor criado.

Permeando todo este processo existem fatores que não podem deixar de ser

considerados: a tecnologia disponível, o comportamento dos mercados globais e a ética e

a responsabilidade social.

Uma vez definida a estratégia de Marketing da empresa, o desdobramento é a

definição de seu mix de Marketing. Trata-se do “conjunto de ferramentas de Marketing

táticas e controláveis que a empresa combina para produzir a resposta que deseja no

mercado-alvo” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Essas ferramentas podem ser

classificadas em 4 categorias: produto, preço, praça e promoção – que ficou popularizado

como “os 4Ps de Marketing”.

Capturar valor dos clientes para criar lucros e valor do

cliente

Elaborar uma estratégia de

marketing orientada para o

cliente

Entender o mercado e as

necessidades e os desejos dos

clientes

Construir relacionamentos

lucrativos e criar o encantamento do

cliente

Desenvolver um programa

integrado de marketing que

proporcione valor superior

Criar clientes satisfeitos e fiéis

Capturar valor do clientes ao longo

do tempo

Aumentar a participação de

mercado e participação de

cliente

Pesquisar clientes e o mercado

Administrar informações de

marketing e dados dos clientes

Selecionar clientes aos quais servir: segmentação de

mercado e definição do alvo

do marketing

Determinar uma proposição de

valor: diferenciação e posicionamento

Concepção do produto e serviço: construir marcas

fortes

Determinação de preços: criar valor

real

Distribuição: gerenciar cadeias de suprimento e

demanda

Promoção: comunicar a

proposição de valor

Gestão de relacionamento com o cliente:

construir relacionamentos

fortes com os clientes escolhidos

Administração de relacionamento de parceria: construir relacionamentos

fortes com parceiros de

marketing

Dominar a tecnologia de

marketing

Administrar mercados globais

Garantir ética e responsabilidade

social

Criar valor para os clientes e construir relacionam entos com os clientes

Capturar valor dos clientes em troca

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30

Figura 7 – Os 4Ps do mix de Marketing (adaptado de Kotler e Armstrong, 2007)

A figura abaixo sintetiza e integra o processo da administração de Marketing e as

forças que influenciam a estratégia de Marketing das empresas, mostrando o que contexto

em que acontecem as decisões de Marketing, conforme as discussões anteriores.

PRODUTO

VariedadeQualidadeDesingCaracterísticasNome de marcaEmbalagemServiços

PROMOÇÃO

PropagandaVenda pessoalPromoção de vendasRelações Públicas

PRAÇA

CanaisCoberturaVariedadeLocaisEstoqueTransporteLogística

PREÇO

Preço de tabelaDescontosConcessõesPrazo de pagamentoCondições de financiamento

Clientes-alvo

Posicionamento pretendido

PRODUTO

VariedadeQualidadeDesingCaracterísticasNome de marcaEmbalagemServiços

PROMOÇÃO

PropagandaVenda pessoalPromoção de vendasRelações Públicas

PRAÇA

CanaisCoberturaVariedadeLocaisEstoqueTransporteLogística

PREÇO

Preço de tabelaDescontosConcessõesPrazo de pagamentoCondições de financiamento

Clientes-alvo

Posicionamento pretendido

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31

Figura 8 - Fatores que influenciam a estratégia de Marketing (adaptado de Kotler, 1993)

3.1.3 A EVOLUÇÃO DO MARKETING

Apesar de sua grande difusão, existem críticas de que os 4Ps satisfazem apenas o

lado vendedor, sem atentar-se devidamente para o lado comprador. Se a própria definição

de Marketing, acima descrita, dá papel relevante ao cliente, faz sentido uma proposta

alternativa que siga esta lógica: os novos 4Cs – cliente, custo, conveniência e

comunicação.

4Ps 4Cs Produto Cliente (solução para o) Preço Custo (para o cliente) Praça Conveniência Promoção Comunicação

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32

Tabela 5 – Os novos 4Cs do mix de Marketing (adaptado de Kotler e Armstrong, 2007)

Esse novo modelo reflete, segundo Kotler (2007, p. 43), que

os clientes se vêem como compradores de valor ou de uma solução para seus problemas. [...] não estão interessados apenas em preços; estão interessados também nos custos totais para obter, utilizar e descartar um produto. Querem que o produto ou serviço esteja disponível da forma mais conveniente possível. Para completar, querem comunicação bilateral.

As causas dessa transformação nos paradigmas do Marketing podem ser

resumidas, segundo Cobra e Brezzo (2010, p. 37), em quatro pilares: a globalização, o

desenvolvimento da sociedade da informação, as mudanças nas organizações e as

mudanças no consumidor.

Figura 9 – Fatores que levaram às mudanças nos paradigmas do Marketing (adaptado de Cobra e Brezzo,

2010)

Essas mudanças foram refletidas, então, na ampliação dos limites do Marketing, o

que pode-se dizer que aconteceu em um duplo sentido. Primeiramente, em direção ao

macro e ao social, processo no qual “o interesse particular das organizações se submete

ao interesse da sociedade, aparecendo uma ordem ética hierarquicamente superior que

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33

deve zelar pelos interesses da sociedade diante das atividades de Marketing das

empresas” (COBRA; BREZZO, 2010). Uma das vertentes de maior destaque neste

contexto é o Green Marketing, ou Marketing Verde, tema que será melhor explorado no

tópico a seguir.

Por outro lado, houve uma extensão da atuação do Marketing a outros tipos de

organizações, como as instituições sem fins lucrativos, surgindo assim o conceito de

Marketing Social. O principal diferencial deste conceito é ter o público como o maior

beneficiário da mudança de comportamento, e não o executor do Marketing.

3.1.4 O MARKETING VERDE

A preocupação com questões ambientais no mundo dos negócios é reflexo desta

nova preocupação da sociedade com o tema (POLONSKY, 1994). O autor aponta que

Marketing Verde não se refere apenas a promoção e propaganda de produtos com

características ambientais, mas destaca que o conceito é muito mais amplo, abrangendo

alterações no produto, nos processos, nas embalagens, além, claro, de provocar mudanças

na publicidade desses produtos.

Marketing Verde, então, para Polonsky (1994, p.2, tradução livre),

consiste de todas as atividades projetadas para gerar e facilitar quaisquer

trocas cuja intenção seja satisfazer as necessidades e desejos humanos,

de forma que a satisfação dessas necessidades e desejos ocorra com o

mínimo de impacto danoso ao ambiente natural.

Essa definição enfoca, além dos conceitos clássicos de Marketing (satisfação de

desejos e necessidades), o benefício mútuo entre comprador e vendedor, e também a

preocupação com o ambiente natural, de forma a minimizar os impactos danosos que são

inerentes ao consumo.

A crescente relevância do Marketing Verde vem da definição básica de economia,

que seria, para McTaggart, Findlay e Parking5 (1992 apud POLONSKY, 1994, p.2,

5 McTAGGART; FINDLAY; PAKIN. Economics. Addison Wesley, 1992.

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34

tradução livre), o “estudo do modo como as pessoas usam seus recursos limitados na

tentativa de satisfazer seus desejos ilimitados”.

E, dentre as razões pelas quais as empresas vêm se utilizando cada vez mais dessa

ferramenta pode-se destacar:

• Oportunidades: com o surgimento de uma demanda por produtos

sustentáveis, empresas que se utilizam do Marketing Verde têm vantagem

sobre aquelas não demonstram preocupação ambiental;

• Responsabilidade social: consciência do macro, conforme citado

anteriormente, que proporciona uma visão de pertinência a uma

comunidade muito maior, levando a uma conduta ambientalmente

responsável (que pode ser promovida ou não);

• Pressão governamental: regulações que buscam proporcionar ao

consumidor um real entendimento sobre o apelo ambiental dos produtos;

• Pressões competitivas: resposta aos movimentos dos concorrentes;

• Questões relativas a custos e lucratividade: surgimento de dois novos

tipos de segmento nas indústrias: aquelas voltadas à criação de

mecanismos que reduzam a produção de resíduos de outras, e aquelas cuja

atividade se baseia na reutilização de resíduos de terceiros.

O Marketing Verde, entretanto, não pode apenas ser publicitário, vendendo uma

falsa imagem sobre a empresa. É necessário que reflita uma realidade sobre as atividades

da indústria. É preciso cuidado também pois, dadas as limitações do conhecimento

científico, a tecnologia que hoje se mostra benéfica, futuramente pode mostrar-se ruim.

Por esse motivo diversas empresas preferem não fazer publicidade de sua

responsabilidade ambiental, de forma a se proteger de possíveis reviravoltas no futuro

(POLONSKY, 1994).

Uma última questão a ser levantada acerca do Marketing Verde é a importância da

pressão que a indústria pode exercer sobre seus fornecedores, exigindo que estes últimos

modifiquem suas atividades no sentido de se tornarem também “verdes”.

Page 35: TF Ana Luiza - PRO | Departamento de …pro.poli.usp.br/wp-content/uploads/2012/pubs/interfaces...LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distribuição dos professores entre os grupos de pesquisa

35

3.2 A ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Entre as muitas definições sobre o que é a Engenharia de Produção, pode-se dizer

que é aquela que se dedica ao projeto e gerência de sistemas que envolvem pessoas,

materiais, equipamentos e o ambiente (NAVEIRO, 2000). Por outro lado, Fleury (2008,

p. 3) vai um pouco mais além ao afirmar que

entendendo a natureza e as características dos elementos constituintes, o

engenheiro de produção projeta, implanta e aperfeiçoa sistemas

integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia,

para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando

os preceitos éticos e culturais.

Ambas as definições mostram o caráter sistêmico da formação do engenheiro de

produção. As principais áreas de conhecimento dessa formação, segundo a Associação

Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO (2008), são listadas a seguir.

Tabela 6 - As áreas da Engenharia de Produção (Fonte: ABEPRO, 2008)

Observando a grade curricular da graduação do PRO/Poli-USP (ANEXO A),

pode-se perceber que todos os temas acima citados são contemplados pelo currículo.

Explorando melhor cada uma deles, abaixo é apresentado um detalhamento sobre os

estudos de cada área (ABREPRO, 2011).

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36

3.2.1 Engenharia de Operações e Processos da Produção

Projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos

(bens ou serviços) primários da empresa.

- Gestão de Sistemas de Produção e Operações

- Planejamento, Programação e Controle da Produção

- Gestão da Manutenção

- Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização industrial,

layout/arranjo físico

- Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e

seqüências

- Engenharia de Métodos

3.2.2 Logística

Técnicas para o tratamento das principais questões envolvendo o transporte, a

movimentação, o estoque e o armazenamento de insumos e produtos, visando à redução

de custos, à garantia da disponibilidade do produto, bem como ao atendimento dos níveis

de exigências dos clientes.

- Gestão da Cadeia de Suprimentos

- Gestão de Estoques

- Projeto e Análise de Sistemas Logísticos

- Logística Empresarial

- Transporte e Distribuição Física

- Logística Reversa

3.2.3 Pesquisa Operacional

Resolução de problemas reais envolvendo situações de tomada de decisão, através

de modelos matemáticos habitualmente processados computacionalmente. Aplica

conceitos e métodos de outras disciplinas científicas na concepção, no planejamento ou

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37

na operação de sistemas para atingir seus objetivos. Procura, assim, introduzir elementos

de objetividade e racionalidade nos processos de tomada de decisão, sem descuidar dos

elementos subjetivos e de enquadramento organizacional que caracterizam os problemas.

- Modelagem, Simulação e Otimização

- Programação Matemática

- Processos Decisórios

- Processos Estocásticos

- Teoria dos Jogos

- Análise de Demanda

- Inteligência Computacional

3.2.4 Engenharia da Qualidade

Planejamento, projeto e controle de sistemas de gestão da qualidade que

considerem o gerenciamento por processos, a abordagem factual para a tomada de

decisão e a utilização de ferramentas da qualidade.

- Gestão de Sistemas da Qualidade

- Planejamento e Controle da Qualidade

- Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade

- Organização Metrológica da Qualidade

- Confiabilidade de Processos e Produtos

3.2.5 Engenharia do Produto

Conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e

execução envolvidas nas atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de

novos produtos, compreendendo desde a concepção até o lançamento do produto e sua

retirada do mercado com a participação das diversas áreas funcionais da empresa.

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38

- Gestão do Desenvolvimento de Produto

- Processo de Desenvolvimento do Produto

- Planejamento e Projeto do Produto

3.2.6 Engenharia Organizacional

Conjunto de conhecimentos relacionados à gestão das organizações, englobando

em seus tópicos o planejamento estratégico e operacional, as estratégias de produção, a

gestão empreendedora, a propriedade intelectual, a avaliação de desempenho

organizacional, os sistemas de informação e sua gestão e os arranjos produtivos.

- Gestão Estratégica e Organizacional

- Gestão de Projetos

- Gestão do Desempenho Organizacional

- Gestão da Informação

- Redes de Empresas

- Gestão da Inovação

- Gestão da Tecnologia

- Gestão do Conhecimento

3.2.7 Engenharia Econômica

Formulação, estimação e avaliação de resultados econômicos para avaliar

alternativas para a tomada de decisão, consistindo em um conjunto de técnicas

matemáticas que simplificam a comparação econômica.

- Gestão Econômica

- Gestão de Custos

- Gestão de Investimentos

- Gestão de Riscos

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39

3.2.8 Engenharia do Trabalho

Projeto, aperfeiçoamento, implantação e avaliação de tarefas, sistemas de trabalho,

produtos, ambientes e sistemas para fazê-los compatíveis com as necessidades,

habilidades e capacidades das pessoas visando a melhor qualidade e produtividade,

preservando a saúde e integridade física. Seus conhecimentos são usados na compreensão

das interações entre os humanos e outros elementos de um sistema. Pode-se também

afirmar que esta área trata da tecnologia da interface máquina - ambiente - homem -

organização.

- Projeto e Organização do Trabalho

- Ergonomia

- Sistemas de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho

- Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho

3.2.9 Engenharia da Sustentabilidade

Planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos

diversos, da destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas, bem como

da implantação de sistema de gestão ambiental e responsabilidade social.

- Gestão Ambiental

- Sistemas de Gestão Ambiental e Certificação

- Gestão de Recursos Naturais e Energéticos

- Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais

- Produção mais Limpa e Ecoeficiência

- Responsabilidade Social

- Desenvolvimento Sustentável

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40

3.2.10 Educação em Engenharia de Produção

Universo de inserção da educação superior em engenharia (graduação, pós-

graduação, pesquisa e extensão) e suas áreas afins, a partir de uma abordagem sistêmica

englobando a gestão dos sistemas educacionais em todos os seus aspectos: a formação de

pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização didático-pedagógica,

especialmente o projeto pedagógico de curso; as metodologias e os meios de

ensino/aprendizagem. Pode-se considerar, pelas características encerradas nesta

especialidade como uma "Engenharia Pedagógica", que busca consolidar estas questões,

assim como, visa apresentar como resultados concretos das atividades desenvolvidas,

alternativas viáveis de organização de cursos para o aprimoramento da atividade docente,

campo em que o professor já se envolve intensamente sem encontrar estrutura adequada

para o aprofundamento de suas reflexões e investigações.

- Estudo da Formação do Engenheiro de Produção

- Estudo do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa e da Extensão em

Engenharia de Produção

- Estudo da Ética e da Prática Profissional em Engenharia de Produção

- Práticas Pedagógicas e Avaliação Processo de Ensino-Aprendizagem em

Engenharia de Produção

- Gestão e Avaliação de Sistemas Educacionais de Cursos de Engenharia de

Produção

3.3 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Como apresentado acima, a Engenharia do Produto é uma das grandes áreas de

estudo da Engenharia de Produção.

Explorando mais a fundo o processo de desenvolvimento de produtos (PDP),

segundo o modelo de Rozenfeld et al (2006), este processo pode ser dividido em 3

macrofases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento. Cada

macrofase compreende diversas fases que, para serem completadas, devem entregar um

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41

conjunto de resultados. A transição entre fases é feita de modo formalizado, o que

também é chamado de gates.

A macrofase de pré-desenvolvimento compreende o planejamento estratégico dos

produtos e o planejamento do projeto. A macrofase de desenvolvimento, por sua vez, tem

um caráter mais tecnológico, sendo composta pelo projeto informacional, projeto

conceitual, projeto detalhado, preparação da produção e lançamento do produto.

Finalmente, o pós-desenvolvimento é representado pelo acompanhamento do

produto/processo e a descontinuidade do produto.

Figura 10 – Modelo de processo de desenvolvimento de produto (retirado de http://www.pdp.org.br)

Dentre todas as fases propostas por este modelo, a atuação do Marketing é sem

dúvida bastante evidente no lançamento do produto. Entretanto, diversas outras etapas são

abordadas pelo processo de Marketing.

Uma exploração mais a fundo das relações entre essas áreas será feita em tópico

dedicado neste trabalho.

Portanto, muito além desta interface com Marketing, o desenvolvimento de

produtos compreende uma atuação integrada de diversas áreas.

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42

Figura 11 – Processos relacionados ao desenvolvimento de produtos (adaptado de Rozenfeld et al, 2006)

O processo de desenvolvimento de novos produtos apresentado por Rozenfeld et

al (2006) mostra-se bastante prescritivo, com uma metodologia clara das etapas a serem

seguidas. Kotler e Armstrong (2007), por outro lado, propõem um modelo alternativo,

mais descritivo, baseado em 8 estágios.

Figura 12 – etapas do desenvolvimento de novos produtos (adaptado de Kotler e Armstrong, 2007)

Os autores reforçam que este processo requer um esforço centrado no cliente, em

equipe e sistemático, o que se assemelha à proposta de Rozenfeld et al (2006).

Na gestão do produto ao longo de seu ciclo de vida, Kotler e Armstrong (2007)

propõem que seja adotada a estratégia de ciclo de vida dos produtos, em resposta a

mudanças no mercado, como tecnologia, concorrência e tendências.

O ciclo de vida de um produto seria composto por 5 fases:

Processo de Desenvolvimento de Produto

Planejamento Estratégico

Monitorar Mercado

Vender

Atender Cliente

Assistência Técnica

Produção

SuprimentosDistribuição

Pesquisa e Desenvolvimento

Processo de Desenvolvimento de Produto

Planejamento Estratégico

Monitorar Mercado

Vender

Atender Cliente

Assistência Técnica

Produção

SuprimentosDistribuição

Pesquisa e Desenvolvimento

Desenvolvimento da estratégia de marketing

Comercialização

Desenvolvimento e teste do conceito

Seleção de ideiasGeração de ideias

Análise do negócio Teste de marketingDesenvolvimento do

produto

Desenvolvimento da estratégia de marketing

Comercialização

Desenvolvimento e teste do conceito

Seleção de ideiasGeração de ideias

Análise do negócio Teste de marketingDesenvolvimento do

produto

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43

I. Desenvolvimento do produto;

II. Introdução;

III. Crescimento;

IV. Maturidade;

V. Declínio.

Entretanto, vale ressaltar que nem todos os produtos seguem exatamente este

modelo, passando obrigatoriamente pelas 5 fases, e as durações das fases eventualmente

diferem entre si.

A figura abaixo mostra a relação entre lucros e vendas ao longo do ciclo de vida

de um produto. Observa-se que as fases de crescimento e maturidade são aquelas que

registram os maiores lucros.

Figura 13 – vendas e lucros ao longo do ciclo de vida do produto (adaptado de Kotler e Armstrong, 2007)

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44

4 AS INTERFACES ENTRE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

MARKETING

Considerando toda a abordagem feita até aqui sobre o que é o Marketing, percebe-

se que engloba uma enorme gama de atividades e decisões, que variam em complexidade

e escopo.

As principais atividades e decisões de Marketing, segundo Ferrel e Hartline

(2005), são:

• Planejamento Estratégico

• Pesquisa e Análise

• Desenvolvimento de Metas e Objetivos

• Desenvolvimento e Manutenção do Relacionamento com o Consumidor

• Decisões em Estratégia de Marketing

• Segmentação de Mercado e Marketing Direcionado

• Decisões de Produto

• Decisões de Preço

• Decisões de Distribuição e Cadeia de Suprimentos

• Decisões de Promoção

• Implementação e Controle

• Responsabilidade Social e Ética

O planejamento estratégico desenvolve o plano de competição da empresa, de

forma a atingir suas metas e objetivos. Neste processo é desenvolvido o plano de

marketing, o qual “fornece um esboço de como a organização combinará decisões sobre

produto, preço, distribuição e promoção para criar uma oferta que os consumidores

considerem atraentes” (FERREL; HARTLINE, 2005).

O planejamento estratégico, por sua vez, depende de informações, especialmente

no que se refere às necessidades, opiniões e atitudes dos consumidores. Este é o papel da

pesquisa e análise. Além disso, outros três tipos de informação são cruciais para a

empresa: análise interna, análise competitiva e análise ambiental. A primeira, para

fornecer um panorama acerca da atual estratégia e desempenho da empresa, bem como a

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disponibilidade de recursos. A segunda, para que se possa compreender as capacidades,

vulnerabilidades e intenções de negócios concorrentes. A terceira, por fim, “envolve a

análise de eventos econômicos, políticos, legais, tecnológicos e culturais e tendências que

podem afetar o futuro da organização e seus esforços de Marketing” (FERREL;

HARTLINE, 2005).

Metas e objetivos devem ser estabelecidos para medir o sucesso em cumprir a

estratégia de marketing. Essas metas e objetivos devem estar alinhados com a estratégia

corporativa, e são melhor estabelecidos após o entendimento fornecido pelas pesquisas e

análises.

Compreender cada vez mais sobre como e por que acontece o consumo é um dos

objetivos do Marketing, de forma a aumentar os lucros e maximizar as vendas. Esta

última visão representa o olhar do marketing transacional, que visa à conclusão do maior

número de trocas. Entretanto, sob um olhar de longo prazo, buscando manter e

desenvolver acordos mutuamente satisfatórios, há o marketing de relacionamento. Para

Ferrel e Hartline (2005, p. 14), “os princípios e vantagens do marketing de

relacionamento são os mesmos tanto no mercado business-to-business quanto no mercado

de consumidores”.

As decisões em estratégia de marketing envolvem principalmente escolhas

pertinentes aos mercados-alvo que a empresa busca atingir e o composto de marketing

(4Ps) que irá utilizar para criar vantagem competitiva.

A segmentação de mercado identifica grupos menores nos mercados-alvo, os

quais compartilham necessidades, desejos e características semelhantes, facilitando assim

o direcionamento dos esforços de Marketing.

As decisões de produto dizem respeito principalmente à sintonia entre o que é

oferecido através do produto/serviço e as necessidades dos clientes. Entretanto, vão muito

além do projeto, estilo ou características do produto. Compreendem também decisões de

projeto de embalagem, gerenciamento da marca, novos desenvolvimentos e

posicionamento do produto.

As decisões de preço têm quatro aspectos bastante relevantes. Em primeiro lugar,

o preço é o único elemento entre os 4Ps que resulta diretamente em receita e lucro. Em

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segundo lugar, pela forte relação entre preço e demanda. Em terceiro lugar, por ser o

elemento mais fácil de se mudar no composto de marketing. Por fim, em quarto lugar, o

preço é um importante indicador de qualidade, sob o ponto de vista dos consumidores.

“Na ausência de outras informações, o consumidor tende a identificar preços mais altos

com melhor qualidade” (FERREL; HARTLINE, 2005).

Não é surpreendente, portanto, que o preço seja o elemento mais manipulado do

composto de marketing.

No que se refere à gestão de distribuição e cadeia de suprimentos, Ferrel e

Hartline (2005, p. 17) ainda afirmam que sua meta é “essencialmente levar o produto para

o lugar certo, na hora certa, nas quantidades certas, ao menor custo possível”.

As metas da promoção, por sua vez, são informar, persuadir e lembrar os

consumidores (entenda-se aqui todos os stakeholders também) da organização e de seus

produtos, buscando influenciar seus comportamentos.

A implementação de marketing se ocupa da execução da estratégia estabelecida,

incluindo revisões ao longo do percurso, de modo a garantir o foco nas metas e objetivos

propostos, papel este partilhado com o controle de marketing.

Finalmente, porém não menos importante, vem a responsabilidade social e ética.

Esses aspectos se tornaram na realidade o primeiro plano da estratégia de marketing na

atualidade. A responsabilidade social “diz respeito ao efeito total das atividades de

marketing de uma organização na sociedade”, enquanto a ética compreende “os princípios

e padrões que definem a conduta aceitável nas atividades de marketing” (FERREL;

HARTLINE, 2005).

Tendo em mente esse cenário construído sobre as funções do Marketing, vamos,

então, explorar aqui os principais desdobramentos da atuação dessa área nos quais é

possível identificar uma interface com a Engenharia de Produção, apresentados

resumidamente na tabela a seguir.

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Tabela 7 – Principais interfaces entre Marketing e Engenharia de Produção

4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

A interface aqui é bem clara com a Engenharia Organizacional, apresentada na

seção 3.2.6, principalmente no que se refere à gestão estratégica. A figura abaixo mostra o

processo de planejamento estratégico, permitindo visualizar as atividades em comum com

a Engenharia de Produção.

Figura 14 - O processo de planejamento estratégico (adaptado de Ferrel e Hartline, 2005)

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São englobados aqui os tópicos descritos como planejamento estratégico, pesquisa

e análise e desenvolvimento de metas e objetivos.

Desde o início do processo, o engenheiro de produção pode ser ator nas etapas de

análise da situação e definição da missão, metas e objetivos.

Uma ferramenta dominada pelos engenheiros de produção e que se aplica a esta

interface é a análise SWOT .

A análise SWOT vem dos termos em inglês: Strengths, Weaknesses,

Opportunities e Threats, ou seja, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. É uma

ferramenta que busca “conectar os resultados das análises da situação com as metas e

objetivos estabelecidos” (FERREL; HARTLINE, 2005). Permite identificar as

capacidades internas que podem ser alavancadas a fim de criar vantagens competitivas.

Um de seus principais produtos é a matriz SWOT, na qual são representadas cada

uma das categorias, permitindo uma visualização sobre as medidas que devem ser

tomadas em relação às questões apontadas.

Figura 15 - A matriz SWOT (adaptado de Ferrel e Hartline, 2005)

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Nas etapas finais de avaliação e controle, sugerimos a utilização do Balanced

Scorecard – BSC. Em uma explicação sucinta, o BSC busca focar e alinhar as equipes de

executivos, as unidades de negócio, os recursos humanos, a tecnologia de informação e os

recursos financeiros com a estratégia da organização (KAPLAN; NORTON, 2001).

Os princípios básicos são listados a seguir:

• Traduzir a estratégia em termos operacionais;

• Alinhar a organização com a estratégia;

• Tornar a estratégia uma questão pertinente ao trabalho cotidiano de todos;

• Fazer da estratégia um processo contínuo;

• Mobilizar uma mudança na liderança executiva.

Com esta visão integrativa e de longo prazo, propõe que sejam utilizados

indicadores não apenas financeiros, mas também indicadores sob a perspectiva dos

clientes, processos de negócios internos e a perspectiva de crescimento e aprendizagem.

Figura 16 – Sistema de gestão estratégica baseado em visão de longo prazo (adaptado de Kaplan; Norton,

2001)

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4.2 GESTÃO DE RELACIONAMENTO

Conforme mencionado no início deste capítulo, é interessante para as

organizações criar relacionamentos de longo prazo com seus clientes, relação esta que

beneficia ambas as partes. Uma das principais ferramentas neste processo é o

gerenciamento do relacionamento com o cliente, ou CRM (Customer Relationship

Marketing – marketing de relacionamento).

Para Stone, Woodcock e Machtynger (2002, p. 20), trata-se da

utilização de uma ampla gama de abordagens de marketing, vendas,

comunicação, serviço e atendimento ao cliente para: identificar os

clientes individuais de uma empresa; criar um relacionamento duradouro

e vantajoso entre a empresa e os clientes que ela possui; gerenciar esse

relacionamento para beneficiar os clientes e a própria empresa.

O CRM é sigla também para Customer Relationship Management, que engloba

todas as ferramentas da Gestão de Relacionamento com Clientes, além da perspectiva do

Marketing.

Em ambos os casos, o CRM representa outra interface com a Engenharia de

Produção, em diversos aspectos. Podemos citar pelo menos três pontos de convergência:

• Gestão da Tecnologia

• Gestão da Informação

• Engenharia da Qualidade

Deve-se considerar aqui principalmente a abordagem da qualidade baseada no

valor, a qual mistura os conceitos excelência e valor (este último, longamente discutido

com um dos principais conceitos do Marketing).

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4.3 ESTRATÉGIA DE PRODUTO

Este talvez seja o ponto em que a Engenharia de Produção e o Marketing mais

conversem entre si. Vale relembrar aqui que esta abordagem se refere não somente a

produtos tangíveis, mas também a serviços.

Principalmente advindas da Engenharia da Qualidade, o engenheiro de produção

possui diversas ferramentas para trabalhar principalmente na compreensão das

necessidades dos clientes. Possui um papel crucial na tradução dessas necessidades em

requisitos do produto, por exemplo através do QFD – Quality Function Deployment. O

QFD é um “método para transformar as demandas do usuário em qualidade do projeto,

para desdobrar as funções formando a qualidade, para desdobrar métodos atingindo a

qualidade do projeto em subsistemas e componentes e, por fim, para especificar

elementos do processo de manufatura” (AKAO, 1994).

Além disso, no desenvolvimento de novos produtos a atuação do engenheiro de

produção é bastante intensa, não apenas pelo que foi dito acima.

Retomando o processo de desenvolvimento de novos produtos proposto por

Rozenfeld et al (2006), é possível identificar interfaces entre as atividades da engenharia

de produção e do marketing em diversas etapas:

• Planejamento Estratégico dos Produtos: análise do portfólio de produtos da

empresa; revisão do plano estratégico de negócios - PEN.

• Projeto Informacional: levantamento de requisitos; análise do ciclo de vida

do produto.

• Lançamento do Produto: processo de distribuição; atendimento ao cliente.

• Acompanhar Produto e Processo: avaliar satisfação do cliente; monitorar

desempenho do produto.

• Descontinuar Produto: analisar, aprovar e planejar a descontinuidade do

produto.

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No que se refere ao gerenciamento de marca, o papel do engenheiro de produção

se destaca principalmente nas questões de embalagem, envolvendo o design e aspectos

funcionais (novamente, no levantamento de requisitos). Sem dúvida, um desdobramento

das questões de embalagem se dará nas questões de distribuição e logística, em que

também existe a interface entre as áreas.

Entra na estratégia de produto também a atuação do engenheiro de produção com

seus conhecimentos sobre a gestão da inovação.

4.4 GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO E DA CADEIA DE SUPRIMENT OS

Duas questões se destacam na gestão da distribuição e da cadeia de suprimentos:

escolhas de canal e decisões de distribuição física.

Entre as atividades em comum, nas quais a atuação do engenheiro de produção é

mais intensa, pode-se listar:

• determinação do nível de serviço: entram aqui os conhecimentos

estatísticos, principalmente envolvendo a Engenharia da Qualidade.

• determinação do custo do serviço: conhecimentos de Gestão de Custos;

• escolhas na estratégia de distribuição física/localização: conhecimentos de

logística e pesquisa operacional/modelagem e otimização.

• decisões de estoque: conhecimentos em planejamento, programação e

controle da produção – PPCP e logística (gestão de estoques);

• definição e escolha dos canais de distribuição: conhecimentos em

estratégia e supply chain.

É possível encaixar também neste tópico as decisões referentes a mensuração e

previsão de demanda, partilhadas pelo Marketing e a Engenharia de Produção. Estes

últimos possuem o ferramental da Pesquisa Operacional e PPCP para suportá-los.

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4.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA / SUSTENTABILID ADE

Observa-se aqui a interface com a Engenharia da Sustentabilidade e a Educação

em Engenharia de Produção. Responsabilidade social e ética permeiam todas as

atividades desenvolvidas tanto pelo Marketing quanto pela Engenharia de Produção.

Permeiam, na realidade, toda a organização. Segundo Carroll6 (1979 apud QUELHAS,

FILHO, MEIRIÑO, 2008, p. 278), “a responsabilidade social engloba a totalidade de

obrigações empresariais junto à sociedade”.

Figura 17 - As dimensões da responsabilidade social corporativa (adaptado de Carroll, 1979)

Conforme abordado no terceiro capítulo deste trabalho, existem áreas do

Marketing que lançam luz sobre essas questões: o Marketing Social e o Marketing Verde.

Este último, em especial, está diretamente ligado à questão da Sustentabilidade.

A consultoria inglesa Sustain Ability foi responsável pela difusão do tripé sobre o

qual a Sustentabilidade estaria apoiada (também chamado Triple Bottom Line – TBL).

Segundo esse modelo, a Sustentabilidade está associada às dimensões econômica, social e

ambiental.

6 CARROL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate social performance. Academy of Management Review. v.4, p. 497-505, 1979.

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Figura 18 - As dimensões da sustentabilidade (adaptado de Quelhas, Filho e Meiriño, 2008)

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5 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES

Neste capítulo serão apresentadas as informações levantadas através de

benchmark com outras instituições de ensino e levantamento de dados primários, em

entrevistas com professores do PRO – Poli/USP e ex-alunos do departamento.

5.1 BENCHMARK COM OUTRAS INSTITUIÇÕES

Nesta primeira etapa são apresentados os dados coletados referentes ao que já

existe em outras universidades do Brasil e do mundo no que tange ao estudo de

Marketing.

5.1.1 A REALIDADE BRASILEIRA

Quatro instituições brasileiras foram investigadas sobre as atividades que

desenvolvem na área de Marketing: Fundação Getúlio Vargas – FGV, Escola Superior de

Propaganda e Marketing – ESPM, Pontifícia Universidade Católica – PUC e Faculdade

de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP.

Os tópicos a seguir detalham o que é realizado em cada uma delas.

� Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio

Vargas (EASP/FGV)

A Escola conta com um Departamento de Mercadologia (MCD), formado por 37

professores. Suas linhas de pesquisa são apresentadas na tabela a seguir.

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Tabela 8 – Linhas de pesquisa do MCD (retirado de http://easp.fgv.br)

Segundo descrição do próprio departamento (MCD – EASP/FGV, 2011),

procurando cumprir seus objetivos de ensino e pesquisa em Marketing,

três são as estratégias que norteiam as atividades do MCD. A primeira é

acompanhar e assimilar criticamente o estado-da-arte do Marketing. A

segunda é contribuir na geração de conhecimento, considerando a

realidade e prioridades do mercado brasileiro. A terceira é transmitir o

conhecimento de Marketing visando otimizar o aprendizado dos alunos

de competências para analisar situações de mercado complexas, avaliar

alternativas e criar soluções inteligentes voltadas a satisfazer não só os

objetivos econômicos da empresa, mas também considerando o seu

impacto social e ambiental na sociedade.

Entre as linhas de pesquisa mostradas na tabela acima, percebe-se que muitas

delas se relacionam com a Engenharia de Produção, especialmente as áreas de interface

exploradas no quinto capítulo deste trabalho.

Marketing Estratégico

Varejo, Atacado e Canais de Distribuição

Marketing de Serviços Pesquisa de Marketing

Gestão de Vendas

Comportamento do Consumidor

Gestão de Marketing Marketing de Relacionamento

Ensino de Marketing Gestão de Marcas

Macromarketing Marketing Internacional

Comunicações de Marketing

Marketing de Empresa para Empresa

Marketing Experiencial Preços e Marketing

Mercados de Baixa Renda Empreendedorismo

Gestão de Produto Negociação

Novos Produtos Aspectos Sociais e Éticos do Marketing

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� Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM - SP)

A instituição desenvolve diversas atividades voltadas à área de Marketing. Uma

delas é o Centro de Altos Estudos da ESPM (CAEPM). A tabela a seguir mostra as

temáticas priorizadas pelo CAEPM.

Áreas de Conhecimento Linhas de Pesquisa e Ementas

Comunicação, Propaganda e Marketing

Mídia, Tecnologia e Linguagens Abrange investigações acerca de cenários multimidiáticos contemporâneos e envolve a compreensão das inovações tecnológicas, sua relação com novos hábitos de consumo de mídia, novas formas e espaços de apropriação das mensagens, geração de novas formas de sociabilidade bem como os seus impactos e repercussões no espaço público, na subjetividade das pessoas e nos negócios.

Gestão, Organizações e Mercados

Mudança e Inovação Abrange investigações sobre processos, práticas e políticas relacionados à inovação, criatividade, aprendizado e mudança no contexto das transformações tecnológicas, políticas e sócio-culturais contemporâneas. Inclui a exploração teórico-metodológica destes processos, suas relações mútuas e os mecanismos cognitivos e simbólicos envolvidos. Relações e Negócios Internacionais Aprofunda questões relativas à internacionalização, competição e formas de atuação de empresas em diferentes mercados e no mercado global. Inclui desde estudos que permitam a compreensão ampla da conjuntura internacional e suas implicações mercadológicas até análises mais pontuais, tais como: estratégias empresariais; estruturas organizacionais; teorias, práticas e políticas gerenciais; administração de marketing e dimensões socioculturais destes processos no âmbito das empresas no contexto das relações internacionais.

Consumo, Cultura e Sociedade

Cartografia das Representações, Práticas e Padrões de Consumo, na Sociedade Brasileira. Abrange investigações de caráter empírico e sociológico (lato sensu) que envolvem o mapeamento, interpretação e/ou análise das lógicas, representações simbólicas e práticas de consumo, de grupos e segmentos sociais no Brasil, acerca de diferentes bens, produtos e serviços explorando sempre que possível uma perspectiva comparativa intra e inter sociedades, de forma a construir cartografias do mercado consumidor brasileiro.

Tabela 9 – Linhas de Pesquisa do CAEPM (Fonte: ESPM, 2011)

Além disso, existem núcleos de estudos voltados a temas específicos, entre os

quais é possível identificar interfaces com a Engenharia de Produção, conforme discussão

feita no capítulo anterior:

• Núcleo de Estudos e Negócios de Embalagem

• Núcleo de Estudos e Negócios de Varejo

• Núcleo de Estudos e Negócios de Mercados de Alta Tecnologia

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Os três temas possuem relação com a Engenharia de Produção, nas áreas de

desenvolvimento de produtos, canais de distribuição e inovação, respectivamente.

� Pontifícia Universidade Católica – PUC/SP

Duas iniciativas se destacam no campo do Marketing: o Núcleo de Pesquisa em

Marketing e Comunicação (MARCO) e o Grupo de Estudos da Marca (GEMA). O

primeiro está voltado ao estudo de Estratégia Empresarial e Administração de Marketing,

enquanto o segundo possui duas linhas de pesquisa: Gestão de Marcas e Patrimônio de

Marcas.

Os temas abordados em ambas as iniciativas estão em linha com o que foi

apresentado como possibilidades de atuação do engenheiro de produção, no caso

envolvendo as áreas de estratégia e brand equity.

� Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de

São Paulo – FEA/USP

Existe na instituição uma entidade chamada FEA Marketing Club, criada no ano

de 2008, “inspirada nos clubes das universidades americanas e similar às ligas de

medicina” (FEAUSP, 2011).

Surgiu de uma iniciativa de alunos e ex-alunos da faculdade, buscando

complementar a formação na área de Marketing. A entidade organiza eventos, grupos de

estudos, oferece treinamentos e é capaz de captar recursos para a própria entidade. O

clube também aproximou a instituição a diversas empresas.

É interessante observar os diferentes enfoques dados pelas instituições. Enquanto

FGV e ESPM possuem núcleos de estudos bastante abrangentes, compreendendo quase a

totalidade das temáticas do Marketing, a PUC se mostra mais voltada a alguns

determinados assuntos. A iniciativa da FEA, por outro lado, embora também abrangente,

possui uma ênfase no estreitamento da relação entre a instituição e diversas empresas.

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5.1.2 A REALIDADE EM INSTITUIÇÕES ESTRANGEIRAS

A seguir são apresentadas as estruturas oferecidas por duas instituições fora do

Brasil voltadas ao estudo de Marketing.

� University of Wisconsin-Madison – Wisconsin School of Business (EUA)

Três iniciativas chamam a atenção nesta instituição:

i. Centro A.C. Nielsen para Pesquisa em Marketing

ii. Centro de Gestão de Marcas e Produtos

iii. Centro Grainger para Gestão de Cadeia de Suprimentos

As iniciativas voltadas à gestão de marcas e produtos e à gestão de cadeia de

suprimentos se mostram interessantes pelas interfaces já apontadas com a Engenharia de

Produção. Entretanto, a parceria com A.C. Nielsen se diferencia por ser reproduzível no

Brasil. A empresa também atua no país e é uma das líderes em estudos de mercado.

� Duke University – The Fuqua School of Business (EUA)

Em uma parceria semelhante à citada anteriormente, a Duke University possui a

“The IRI Marketing Data Set”, uma base de dados oferecida pelo SymphonyIRI Group,

empresa que também trabalha com estudos de mercado. As informações disponíveis se

referem a 30 categorias de produtos, 47 mercados e 5 anos de dados semanais (DUKE,

2011). Tal parceria, no entanto, não seria possível no Brasil, uma vez que o SymphonyIRI

Group não atua no mercado brasileiro.

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5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS – ENTREVISTAS C OM

PROFESSORES E EX-ALUNOS

Foram realizadas entrevistas com 5 professores e 3 ex-alunos, entre o final de

outubro e o início de novembro, buscando compreender qual a percepção que possuem

sobre as interfaces entre Marketing e Engenharia de Produção. Além disso, os professores

foram questionados sobre as oportunidades que viam para explorar essas interfaces no

âmbito do ensino de graduação. No caso dos ex-alunos, outro questionamento era feito,

acerca dos conceitos de Marketing que utilizavam em sua atividade profissional e que

poderiam ter sido abordados durante sua formação. Os modelos dos questionários podem

ser encontrados anexos deste trabalho, itens 9.2 e 9.8.

5.2.1 ENTREVISTAS COM PROFESSORES

Foram realizadas entrevistas com 5 professores da graduação envolvidos nas

disciplinas relativas às áreas apresentadas anteriormente como interface entre Engenharia

de Produção e Marketing. A saber, disciplinas de desenvolvimento de produtos,

sustentabilidade, inovação, qualidade e estratégia.

Questionados sobre o modo como enxergavam a interface entre essas áreas, o

assunto que apareceu com maior frequência foi o desenvolvimento de produtos.

Apontaram que o papel do engenheiro de produção é especialmente relevante na tradução

das necessidades dos clientes e levantamento de requisitos. Entretanto, enfatizaram que

sua visão deve ir além dos aspectos técnicos, mas que seja capaz também de compreender

o mercado e dimensioná-lo. Ainda, citaram as interfaces nas questões de sustentabilidade,

inovação, estratégia e distribuição/supply chain.

Entre as sugestões de como explorar essas interfaces no ensino de graduação,

surgiram ideias como a participação na criação de um Observatório de Sustentabilidade,

utilização de bases de dados para quantificar mercados e promoção de debates em aula

para confrontar estratégias de marketing, especialmente contando com a participação de

executivos dessas empresas.

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5.2.2 ENTREVISTAS COM EX-ALUNOS

Três ex-alunos do departamento foram entrevistados, os quais não tiveram em sua

formação nenhuma disciplina dedicada ao Marketing, apesar de suas atuações como

profissionais exigirem conhecimentos sobre a área.

Os ex-alunos mencionaram como interfaces entre a Engenharia de Produção e o

Marketing as análises quantitativas, como formação de preços e determinação de valor da

marca (brand equity). Sugeriram que esses temas, além dos próprios fundamentos do

Marketing, fossem abordados no ensino de graduação, especialmente pela forte

capacidade de modelagem matemática que possuem os engenheiros de produção.

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6 PROPOSTAS PARA O PRO – POLI/USP

Tendo em vista as principais interfaces entre a Engenharia de Produção e o

Marketing, discutidas no quarto capítulo do presente trabalho, e as informações

levantadas no capítulo anterior a este, pode-se listar uma série de oportunidades

aplicáveis ao ensino de graduação do PRO – Poli/USP. Essas oportunidades serão

exploradas em tópicos separados de acordo com as áreas de interface apresentadas no

quarto capítulo.

6.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

As principais ferramentas apontadas como interface nessa área – a análise SWOT

e o BSC – já são exploradas no ensino de outras disciplinas além do Marketing durante a

graduação no departamento. A disciplina PRO2421 – Técnicas de Gerenciamento de

Operações Industriais aborda o modelo do BSC, enquanto a análise SWOT é tratada em

PRO2803 – Gestão Estratégica da Produção.

6.2 GESTÃO DE RELACIONAMENTO

Embora seja temática partilhada com a disciplina PRO2513 – Gestão da

Tecnologia da Informação, é interessante explorar também sob o ponto de vista do

Marketing a abordagem do CRM.

É proposta aqui a aquisição de software de CRM e sua utilização em especial para

data mining, que permite identificar padrões de consumo e comportamento. Como foi

apontado no levantamento de informações, o engenheiro de produção deve aproveitar-se

de sua habilidade com ferramentas quantitativas na interface com o Marketing.

Uma das opções disponíveis no mercado e aqui sugerida é o Microsoft Dynamics

CRM, especialmente por sua compatibilidade com o sistema Microsoft Office, muito

difundido e utilizado nas empresas.

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Tabela 10 – Detalhes do sistema para gestão de relacionamento com clientes

6.3 ESTRATÉGIA DE PRODUTO

No que se refere à interface com o desenvolvimento de produtos, procurou-se ligar

as oportunidades identificadas ao que foi proposto por Araújo (2010) na criação de um

laboratório de desenvolvimento de produtos.

O QFD é abordado pela disciplina PRO2713 – Gestão da Qualidade de Produtos e

Processos, entretanto a idéia aqui é explorar na disciplina de Marketing as ferramentas

práticas oferecidas pelo laboratório, como os softwares disponíveis sobre o assunto. No

caso, Araújo (2010) propôs a utilização do Neweco PathMaker.

A mesma abordagem é feita para a análise de ciclo de vida do produto. Através de

sistemas de PLM – Product Lifecycle Management é possível fazer a gestão das etapas do

ciclo de vida dos produtos. São sugeridos os softwares Windchill e Siemens TeamCenter

(ARAÚJO, 2010).

Para uma simulação de dimensionamento de mercado, é proposto o uso dos

laboratórios de informática já existentes no departamento, utilizando as bases de dados

disponíveis pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No site do

instituto encontram-se informações sobre indicadores de trabalho, indústria, comércio,

preços e dados demográficos, entre outros.

Com relação à questão da inovação, o departamento apóia o LGI – Laboratório de

Gestão da Inovação. Muito embora a inovação não esteja restrita ao desenvolvimento de

novos produtos, cabe aqui pontuar essa interface. Uma oportunidade é aproximar os

alunos do trabalho desenvolvido pelo laboratório, o que é favorecido pelo fato das

disciplinas de marketing e inovação serem ministradas em paralelo durante a graduação.

Software SiteLicença

acadêmicaPreço

Microsoft Dynamics CRM

Workgroup Serverhttp://crm.dynamics.com Não

US$ 317 (licença única) +

US$ 2.641 (até 5 usuários)

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64

6.4 GESTÃO DA DISTRIBUIÇÃO E DA CADEIA DE SUPRIMENT OS

A interface existente nessa área já é também explorada por outras disciplinas da

graduação. Questões de localização, por exemplo, são abordadas em PRO2416 –

Logística e Cadeias de Suprimento. Ademais, decisões de estoque são abordadas em

PRO2415 – Planejamento, Programação e Controle da Produção.

Entretanto, questões referentes às escolhas de canais de distribuição são uma

oportunidade no ensino de Marketing. Cabe aqui a possibilidade de uma parceria com um

instituto de pesquisa de mercado, como a Nielsen, que foi observada em instituições

estrangeiras.

A Nielsen já disponibiliza em seu site algumas informações voltadas aos

estudantes, referentes a 15 categorias auditadas por ela. Entretanto, uma parceria iria

oferecer maiores informações sobre os canais de distribuição, no caso.

Além disso, o departamento é parceiro do CORS – Center for Organization

Studies, ou Centro de Estudos das Organizações. Através deste veículo, é possível

trabalhar na compreensão das estratégias das empresas, como as escolhas acerca da

quantidade de níveis nos canais de distribuição ou o porquê da adoção de diferentes

estratégias junto aos clientes, com diferentes canais. Essa iniciativa está em linha com o

que foi levantado em outras instituições brasileiras, que possuem núcleos de estudos em

canais de distribuição.

6.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA / SUSTENTABILID ADE

Está também entre as novas disciplinas da graduação, além do Marketing, a

PRO2814 – Produção e Sustentabilidade. Conforme o levantamento de informações deste

trabalho, uma oportunidade para se explorar a interface com Sustentabilidade é a criação

de um Observatório de Sustentabilidade. A participação neste observatório seria

interessante pelo assunto permear diversas áreas do Marketing, especialmente o

Marketing Verde e as inovações sustentáveis. Seria possível abordar assuntos como a

mensuração do mercado verde e a questão da distribuição/supply chain em mercados

sustentáveis e suas especificidades.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve um caráter essencialmente exploratório, buscando identificar as

interfaces entre duas áreas cuja relação ainda não era muito bem estabelecida no ensino

de graduação.

Por ser uma disciplina nova no currículo do PRO – Poli/USP, procurou-se

compreender quais eram exatamente os pontos de interface entre o Marketing e a

Engenharia de Produção, através de um longo embasamento sobre os dois temas. Foram

identificadas como as principais interfaces cinco questões, a saber: planejamento

estratégico, gestão de relacionamento, estratégia do produto, gestão da distribuição e

cadeia de suprimentos e responsabilidade social e ética/sustentabilidade.

Com isso, foi possível apontar quais desses assuntos de alguma forma já eram

tratados por outras disciplinas da graduação e direcionar os esforços de ensino do

Marketing nos principais pontos que ainda não fossem explorados.

Entre as oportunidades identificadas foram encontradas ferramentas já dominadas

pelos engenheiros de produção, como análise SWOT, BSC e QFD. Contudo, outras

iniciativas surgiram como oportunidades para o PRO – Poli/USP, como aquisição de

software de CRM, aproximação da graduação dos núcleos de pesquisa apoiados pelo

departamento (CORS e LGI) e parceria com instituições de pesquisa de mercado, como a

Nielsen, por exemplo.

Vale ressaltar que, entre essas proposições do sexto capítulo, algumas pressupõem

a criação de um Laboratório de Desenvolvimento de Produtos no departamento, de

acordo com o trabalho de Araújo (2010).

Em suma, buscou-se esclarecer o relacionamento entre a Engenharia de Produção

e o Marketing, de forma a proporcionar na graduação uma abordagem adequada sobre

este último tema, e melhor capacitando os engenheiros formados pelo PRO – Poli/USP.

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66

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AKAO, Y. QFD: The customer-driven approach to quality planning and

deployment. Tokyo: Asian Productivity Organization, 1994

ARAÚJO, R. F. Determinação de requisitos para a implantação de um laboratório de

produtos no departamento de engenharia de produção. São Paulo: Universidade de

São Paulo, 2010

ARMSTRONG, G.; KOTLER, P. Princípios de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2007

BATALHA, M.O. et al Introdução à Engenharia de Produção. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2008. 3 p.

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disponível em 6 de novembro de 2011

COBRA, M.; BREZZO, R. O novo marketing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010

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usp.com/cors>, disponível em 6 de novembro de 2011

DRUCKER, Management: Tasks, Responsabilities, Practices. Harper & Row, 1973

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disponível em 2 de maio de 2011

EAESP/FGV, <eaesp.fgvsp.br/ensinoeconhecimento/departamentos/Mercadologia>,

disponível em 2 de maio de 2011

ESPM, <http://www.espm.br/ConhecaAESPM/CAEPM>, disponível em 2 de maio de

2011

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67

FEAPUCSP, <http://www.fea.pucsp.br/nucleos/nucleos_GEMA.html>, disponível em 6

de novembro de 2011

FEAUSP, <http://www.fea.usp.br/conteudo.php?i=519>, disponível em 6 de novembro

de 2011

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novembro de 2011

FERREL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de Marketing. São Paulo: Pioneira

Thomsom Learning, 2005

GUIA DO ESTUDANTE, <http://guiadoestudante.abril.com.br>, disponível em 7 de

junho de 2011

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica>, disponível em 6de novembro de 2011

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. The strategy-focused organization: how balanced

scorecard companies thrive in the new business environment. Boston: Harvard

Business School Press, 2001.

KOTLER, P. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e

Controle. São Paulo: Atlas, 1993

KOTLER, P. Marketing . São Paulo: Atlas, 1980

LEVITT, T. Marketing Myopia, Harvard Business Review, 1960

LGI – LABORATÓRIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO,

<http://www.pro.poli.usp.br/lgi>, disponível em 6 de novembro de 2011.

McCARTHY, J. Basic Marketing. Irwin, 1964

MILES CONSULTING, <http://www.milesconsultingcorp.com/Microsoft-Dynamics-

CRM-Discount-Server-User-License-Price-Rates.aspx>, disponível em 6 de novembro de

2011

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68

NIELSEN, <http://br.nielsen.com>, disponível em 6 de novembro de 2011

PDPNET, <http://www.pdp.org.br>, disponível em 8 de junho de 2011

POLONSKY, M. J. An introduction to green marketing. Electronic Green Journal,

UCLA Library, UC Los Angeles, 1994

PRO - POLI/USP, <http://www.pro.poli.usp.br>, disponível em 7 de junho de 2011

PUC/SP, <http://www3.pucsp.br/cursos/1/pesquisas>, disponível em 6 de novembro de

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ROZENFELD, H.; FORCELLINI, F.A.; AMARAL, D.C.;TOLEDO, J.C.; SILVA, S.L.;

ALLIPRANDINI, D.H.; SCALICE, R.K. Gestão de Desenvolvimento de Produtos. São

Paulo: Saraiva, 2006

SISTEMA JUPITERWEB, < https://sistemas.usp.br/jupiterweb >, disponível em 6 de

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STANTON; ETZEL; WALKER, Fundamentos de Marketing. McGraw Hill, 2001

STONE, M.; WOODCOCK, N.; MACHTYNGER, L. CRM – Marketing de

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UW – MADISON, <http://www.bus.wisc.edu/marketing>, disponível em 2 de maio de

2011

ZARIFIAN, P. Valor, organização e competência na produção de serviço: esboço de um

modelo de produção de serviço. In: SALERNO, M. S. (Org.). Relação de serviço:

produção e avaliação. São Paulo: SENAC, 2001b. p. 97-149

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9 ANEXOS

9.1 Estrutura Curricular do curso de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP)

Escola Politécnica

Curso: Engenharia

Curso: Habilitação: Engenharia de Produção

Observações:

Informações Básicas do Currículo

Data de Início: 01/01/2011 Duração Ideal 10 semestres Mínima 8 semestres

Máxima 18 semestres

Carga Horária Aula Trabalho Subtotal Obrigatória 3435 810 4245 Optativa Livre 120 0 120 Optativa Eletiva 60 0 60 Total 3615 810 4425

Informações Específicas

Os alunos matriculados no Curso de Engenharia de Produção (3082) deverão cursar obrigatoriamente no 4º semestre, a disciplina PRO2722 - Probabilidades. No 9º semestre o aluno deverá cursar 4 créditos em disciplinas optativas livres. No 10º semestre o aluno deverá cursar 4 créditos em disciplinas optativas livres.

Grade Curricular

Legenda: CH=Carga horária Total; CE=Carga horária de Estágio; CP=Carga horária de Práticas como Componentes Curriculares; AACA=Carga horária em Atividades Acadêmicos-Científico-Culturais

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Disciplinas Obrigatórias

1º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

4320195 Física Geral e Experimental para Engenharia I 4 0 60 MAC2166 Introdução à Computação para Engenharia 4 0 60 MAT2453 Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia

I 6 0 90

MAT2457 Álgebra Linear para Engenharia I 4 0 60 PCC2121 Geometria Gráfica para Engenharia 2 1 60 PNV2100 Introdução à Engenharia 3 1 75 PQI2110 Química Tecnológica Geral 4 0 60

Subtotal: 27 2 465

2º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

4320196 Física para Engenharia II 4 0 60 4320195 - Física Geral e Experimental para Engenharia I Requisito 4320198 Laboratório de Física para Engenharia II 2 0 30 4320195 - Física Geral e Experimental para Engenharia I Requisito MAP2121 Cálculo Numérico 4 0 60 MAC2166 - Introdução à Computação para Engenharia Requisito MAT2453 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia I Requisito MAT2454 Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia

II 4 0 60

MAT2453 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia I Requisito MAT2458 Álgebra Linear para Engenharia II 4 0 60 MAT2457 - Álgebra Linear para Engenharia I Requisito PCC2122 Representação Gráfica para Engenharia 2 1 60 PME2100 Mecânica A 4 0 60 MAT2453 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia I Requisito MAT2457 - Álgebra Linear para Engenharia I Requisito PMT2100 Introdução à Ciência dos Materiais para

Engenharia 4 0 60

Subtotal: 28 1 450

3º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

4320301 Física III para Engenharia 4 0 60 4320195 - Física Geral e Experimental para Engenharia I Requisito MAT2454 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia II Requisito 4320303 Laboratório de Física III para Engenharia 2 0 30 4320301 - Física III para Engenharia Indicação de Conjunto MAT2455 Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia

III 4 0 60

MAT2454 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia II Requisito MAT2458 - Álgebra Linear para Engenharia II Requisito PEF2202 Introdução à Mecânica dos Sólidos 4 0 60 PME2200 Mecânica B 4 0 60 PME2100 - Mecânica A Requisito PMR2201 Introdução ao Projeto de Sistemas Mecânicos 6 0 90 PRO2208 Introdução à Economia 4 0 60

Subtotal: 28 0 420

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4º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

4320402 Física IV para Engenharia 4 0 60 4320301 - Física III para Engenharia Requisito MAT2455 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia III Requisito 4320404 Laboratório de Física IV para Engenharia 2 0 30 4320402 - Física IV para Engenharia Indicação de Conjunto MAT2456 Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia

IV 4 0 60

MAT2454 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia II Requisito MAT2458 - Álgebra Linear para Engenharia II Requisito PEA2288 Eletricidade Geral 4 0 60 PME2230 Mecânica dos Fluidos I 6 0 90 PMR2202 Introdução à Manufatura Mecânica 4 0 60

Subtotal: 24 0 360

5º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PEA2397 Laboratório de Eletricidade Geral II 2 0 30 PEA2288 - Eletricidade Geral Requisito PME2398 Termodinâmica e Suas Aplicações 4 0 60 PRO2310 Engenharia e Sociedade 4 0 60 PRO2411 Modelagem e Otimização de Sistemas de

Produção 4 0 60

MAT2458 - Álgebra Linear para Engenharia II Requisito PRO2511 Laboratório de Sistemas de Informação 4 1 90 PRO2611 Contabilidade e Custos 4 0 60 PRO2723 Estatística 4 0 60 PRO2722 - Probabilidades Requisito

Subtotal: 26 1 420

6º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PHD2218 Introdução à Engenharia Ambiental 2 0 30 PQI2310 Processos Químicos 4 0 60 PRO2311 Administração e Organização 4 1 90 PRO2412 Modelagem e Simulação de Sistemas de

Produção 4 1 90

PRO2723 – Estatística Requisito PRO2512 Automação e Controle 4 0 60 PRO2612 Engenharia Econômica e Finanças 4 0 60 PRO2712 Controle da Qualidade 4 0 60

Subtotal: 26 2 450

7º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PRO2312 Organização do Trabalho na Produção 4 1 90 PRO2415 Planejamento, Programação e Controle da

Produção 4 0 60

PRO2420 Projeto da Fábrica 4 0 60 PRO2613 Economia de Empresas 4 0 60 PRO2713 Gestão da Qualidade de Produtos e Processos 4 0 60 PRO2715 Projeto do Produto e Processo 4 1 90

Subtotal: 24 2 420

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8º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PRO2313 Ergonomia, Saúde e Segurança no Trabalho 4 1 90 PRO2416 Logística e Cadeias de Suprimento 4 0 60 PRO2411 - Modelagem e Otimização de Sistemas de Produção Requisito PRO2421 Técnicas de Gerenciamento de Operações

Industriais 4 0 60

PRO2513 Gestão da Tecnologia da Informação 4 1 90 PRO2801 Gestão de Projetos 4 1 90 PRO2814 Produção e Sustentabilidade 4 0 60

Subtotal: 24 3 450

9º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PRO2314 Gestão de Operações em Serviços 2 0 30 PRO2614 Princípios de Marketing para a Engenharia de

Produção 2 0 30

PRO2802 Projeto Integrado de Sistemas de Produção 4 0 60 PRO2804 Projeto, Processo e Gestão da Inovação 2 0 30 PRO2312 - Organização do Trabalho na Produção Requisito PRO2801 - Gestão de Projetos Requisito PRO2901 Trabalho de Formatura e Estágio

Supervisionado I 2 8 270

Subtotal: 12 8 420

10º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

DFD0451 Instituições de Direito 2 0 30 PRO2803 Gestão Estratégica da Produção 4 0 60 PRO2805 Prática de Formulação e de Projetos para

Problemas Estruturais do Desenvolvimento Brasileiro

2 0 30

PRO2902 Trabalho de Formatura e Estágio Supervisionado II

2 8 270

PRO2901 - Trabalho de Formatura e Estágio Supervisionado I Requisito Subtotal: 10 8 390

PRO2810 A Interface Engenharia-Direito 4 1 90

4º Período Ideal Créd. Aula

Créd. Trab. CH CE CP AACA

PRO2201 Estatística I 4 0 60 MAT2453 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia I Requisito MAT2454 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia II Requisito PRO2722 Probabilidades 4 0 60 MAT2453 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia I Requisito MAT2454 - Cálculo Diferencial e Integral para Engenharia II Requisito

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9.2 Roteiro de Entrevista com Professores

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 27/10/2011

Entrevistado: Clovis Armando Alvarenga Netto

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2814 – Produção e Sustentabilidade

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Pensando nas áreas da Engenharia de Produção, o desenvolvimento de

produtos olha muito para dentro, para as características técnicas. Qualidade, por outro lado, olha para o cliente, para os requisitos. É preciso olhar para fora, para o mercado. E a Engenharia de Produção ainda tem uma visão de mercado incipiente, há incentivo para que isso aconteça, mas não está instrumentado. Essa seria uma das pontes com Marketing.

Em qualidade, o QFD é um exemplo de ponte interessante, por transformar as necessidades em requisitos.

2. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

No departamento, ao final de cada semestre acontece o planejamento do semestre

seguinte, definindo a ementa, como vai ser a programação dos cursos. É uma oportunidade para se combinar atividades entre as disciplinas, por exemplo utilizando a mesma empresa para se realizar os trabalhos. Aliás, a dificuldade em conseguir contato com empresas é uma reclamação recorrente entre os alunos, e uma oportunidade interessante é o exemplo da Politecnico di Milano. Eles possuem um observatório de empresas, que envolve diversas áreas (logística, TI, serviço), e isso abre o canal de comunicação com as empresas, facilitando o contato. Aqui existe o projeto “Empresa amiga do PRO”, que busca fazer algo similar no departamento. É uma oportunidade em que marketing poderia se envolver também.

Além disso, temos o Laboratório de Sustentabilidade, voltado principalmente à avaliação de ciclo de vida do produto. Pensamos que seria interessante a criação de um Observatório de Sustentabilidade, que ficasse de olho no que acontece no mercado, tanto nas universidades quanto nas empresas. A intenção é nos tornar referência no assunto. Neste ponto seria bastante interessante a participação de marketing.

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9.3 Entrevista com Professor 1

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 27/10/2011

Entrevistado: Clovis Armando Alvarenga Netto

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2814 – Produção e Sustentabilidade

2. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Pensando nas áreas da Engenharia de Produção, o desenvolvimento de

produtos olha muito para dentro, para as características técnicas. Qualidade, por outro lado, olha para o cliente, para os requisitos. É preciso olhar para fora, para o mercado. E a Engenharia de Produção ainda tem uma visão de mercado incipiente, há incentivo para que isso aconteça, mas não está instrumentado. Essa seria uma das pontes com Marketing.

Em qualidade, o QFD é um exemplo de ponte interessante, por transformar as necessidades em requisitos.

3. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

No departamento, ao final de cada semestre acontece o planejamento do semestre

seguinte, definindo a ementa, como vai ser a programação dos cursos. É uma oportunidade para se combinar atividades entre as disciplinas, por exemplo utilizando a mesma empresa para se realizar os trabalhos. Aliás, a dificuldade em conseguir contato com empresas é uma reclamação recorrente entre os alunos, e uma oportunidade interessante é o exemplo da Politecnico di Milano. Eles possuem um observatório de empresas, que envolve diversas áreas (logística, TI, serviço), e isso abre o canal de comunicação com as empresas, facilitando o contato. Aqui existe o projeto “Empresa amiga do PRO”, que busca fazer algo similar no departamento. É uma oportunidade em que marketing poderia se envolver também.

Além disso, temos o Laboratório de Sustentabilidade, voltado principalmente à avaliação de ciclo de vida do produto. Pensamos que seria interessante a criação de um Observatório de Sustentabilidade, que ficasse de olho no que acontece no mercado, tanto nas universidades quanto nas empresas. A intenção é nos tornar referência no assunto. Neste ponto seria bastante interessante a participação de marketing.

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9.4 Entrevista com Professor 2

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 27/10/2011

Entrevistado: Mario Sergio Salerno

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2804 – Projeto, Processo e Gestão da Inovação; PRO2311 – Administração e Organização

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Olhando especialmente para a questão da inovação, ela pode ser puxada

por marketing. Marketing é decisivo na melhoria. Neste caso, geralmente trata-se de inovação incremental e, geralmente, bens duráveis. Em termos gerais, sua relação com a engenharia de produção é para pesquisas de mercado, precificar, identificar nichos, dimensionar mercados, ajudar a obter especificações. A relação mais direta seria com o desenvolvimento de produtos.

2. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

Marketing não é algo que vai integrar, e é importante evitar as

integrações artificiais. Por não ser o foco de atuação, de competência, não se tornaria um atrativo do departamento.

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9.5 Entrevista com Professor 3

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 31/10/2011

Entrevistado: João Amato Neto

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2814 – Produção e Sustentabilidade; PRO22613 – Economia de Empresas

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? É fundamental que o engenheiro de produção tenha um leque de

conhecimento sobre todas as áreas da organização. A principal interface estaria na área de estratégia. Quem mais pensou em

estratégia foi Marketing. Em supply chain, há a questão dos canais de distribuição. E em projeto do

produto, a funcionalidade.

2. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

Poderiam ser apresentadas estratégias bem-sucedidas de marketing,

talvez trazendo executivos. Seria interessante confrontar estratégias, promover um ambiente de debate.

Além disso, olhar para o potencial de novos mercados, mercados verdes/sustentáveis, novos hábitos de consumo, economia criativa, consumo de produtos culturais, e também atentar-se para o marketing B2B.

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9.6 Entrevista com Professor 4

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 31/10/2011

Entrevistado: Afonso Carlos Correa Fleury

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2814 – Produção e Sustentabilidade; PRO2310 – Engenharia e Sociedade

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Nas empresas, hoje a Engenharia serve ao Marketing. Mudou a lógica de

desenvolvimento de produtos e serviços. Há o processo de “servitização”. A própria manufatura está incorporando conceitos de serviço.

Além disso, a função de relacionamento com o cliente é a mais importante. Tentamos inserir tudo isso aos poucos. Por exemplo, na disciplina de Engenharia e

Sociedade, logo no começo do curso temos um estudo de caso de desenvolvimento de produtos da Oral B.

A função de Engenharia vem apenas no 3º, 4º ou 5º nível de decisão.

2. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

É possível explorar no que se refere especialmente ao lançamento de

produtos.

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9.7 Entrevista com Professor 5

Roteiro de Entrevista

Professores do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 01/11/2011

Entrevistado: Eduardo de Senzi Zancul

Disciplina(s) ministrada(s) na graduação: PRO2715 – Projeto do Produto e do Processo

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Pensando nos 4Ps do Marketing, a interface acontece principalmente nos

pontos “produto” e “praça”. Neste último caso, as escolhas de canais, opções de distribuição. Pensando em produto, a questão de levantar atributos, capturar as necessidades dos clientes. Com relação a preço também há uma interface, mas é muito específica, não valeria a pena explorar a fundo na graduação. E “promoção” foge um pouco do escopo do engenheiro de produção.

2. Entre as possibilidades de interface acima mencionadas, o que já existe e o que poderia ser explorado no ensino da Engenharia de Produção?

Poderia ser explorada no ensino a parte quantitativa do Marketing, a

qual é geralmente pouco dominada pelos administradores, por exemplo. Duas vertentes surgem aí. Primeiramente, o entendimento e

quantificação de segmentos, inteligência de mercado, projeção de demanda. Poderiam ser utilizadas bases de dados, bases demográficas.

Por outro lado, aprofundar em como fazer roteiros e questionários para o levantamento de requisitos, para capturar as necessidades dos clientes. Olhar também para o mercado B2B, que é muito pertinente para o engenheiro de produção.

Seria interessante também fazer simulações de focus groups na classe.

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9.8 Roteiro de Entrevista com ex-alunos

Roteiro de Entrevista

Ex-alunos do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 26/10/2011

Entrevistado: Pedro Santos

Área de atuação: Consultoria de Marketing

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção?

Como a Engenharia de Produção engloba muito a compreensão do sistema em que a empresa está inserida e quais variáveis estão envolvidas (seja método de produção, matéria prima, recursos humanos etc.), eu vejo o marketing como parte deste sistema. Mesmo que seja mais voltado para o público externo, incentivando a compra, verificando políticas de preço mais adequadas ou valorizando a marca perante a opinião pública, isto não deixa de ser um processo interno da empresa. Para atingir estes resultados, é necessário observar como os passos são tomados pelos colaboradores de todo o processo, e como engenheiro de produção, pode-se enxergar e modelar os gaps que existem, permitindo a aplicação dos conceitos que aprendemos. Enfim, a relação mais direta entre Marketing e Engenharia de Produção ao meu ver é a visão detalhada e exata que a engenharia permite ter aplicada a uma área que, em primeira análise, é mais humana, mas é regida por procedimentos que são passíveis de otimização.

2. Quais os conceitos de marketing que você poderia ter conhecido durante a graduação e que lhe ajudariam de alguma maneira em sua atividade profissional?

Creio que a compreensão dos princípios básicos de marketing, apresentados nos livros do Kotler, por exemplo, deveria ser explorada, dado que esses conceitos são básicos e profissionais que não possuem ao menos esta visão de mercado estão certamente saindo atrás de outros que tiveram cursos mais voltados a publicidade, propaganda e marketing. Outro conceito interessante seria entender melhor como é formado o preço ao consumidor, não apenas a parte contábil e de custos, mas um passo adiante disto. Seria, por exemplo, quais variáveis analistas de mercado consideram para avaliar o sucesso de um produto, como é coleta de preços no mercado ou mesmo política tributária diferente em cada estado. Senti falta disso tudo na minha vida profissional.

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9.9 Entrevista com o ex-aluno 1

Roteiro de Entrevista

Ex-alunos do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 26/10/2011

Entrevistado: Pedro Santos

Área de atuação: Consultoria de Marketing

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção?

Como a Engenharia de Produção engloba muito a compreensão do sistema em que a empresa está inserida e quais variáveis estão envolvidas (seja método de produção, matéria prima, recursos humanos etc.), eu vejo o marketing como parte deste sistema. Mesmo que seja mais voltado para o público externo, incentivando a compra, verificando políticas de preço mais adequadas ou valorizando a marca perante a opinião pública, isto não deixa de ser um processo interno da empresa. Para atingir estes resultados, é necessário observar como os passos são tomados pelos colaboradores de todo o processo, e como engenheiro de produção, pode-se enxergar e modelar os gaps que existem, permitindo a aplicação dos conceitos que aprendemos. Enfim, a relação mais direta entre Marketing e Engenharia de Produção ao meu ver é a visão detalhada e exata que a engenharia permite ter aplicada a uma área que, em primeira análise, é mais humana, mas é regida por procedimentos que são passíveis de otimização.

2. Quais os conceitos de marketing que você poderia ter conhecido durante a graduação e que lhe ajudariam de alguma maneira em sua atividade profissional?

Creio que a compreensão dos princípios básicos de marketing, apresentados nos livros do Kotler, por exemplo, deveria ser explorada, dado que esses conceitos são básicos e profissionais que não possuem ao menos esta visão de mercado estão certamente saindo atrás de outros que tiveram cursos mais voltados a publicidade, propaganda e marketing. Outro conceito interessante seria entender melhor como é formado o preço ao consumidor, não apenas a parte contábil e de custos, mas um passo adiante disto. Seria, por exemplo, quais variáveis analistas de mercado consideram para avaliar o sucesso de um produto, como é coleta de preços no mercado ou mesmo política tributária diferente em cada estado. Senti falta disso tudo na minha vida profissional.

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9.10 Entrevista com o ex-aluno 2

Roteiro de Entrevista

Ex-alunos do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 28/10/11

Entrevistado: Thales Sakamoto

Área de atuação: Logística

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção? Abordagens recentes na análise de brand equity, buscando determinar o

valor da marca, e relacionar este valor ao retorno da ação (beta), trazem novas perspectivas ao marketing, e são áreas que o engenheiro de produção pode atuar, pois são muito quantitativas. São áreas que vinculam conhecimentos em estatística e engenharia econômica às métricas de marketing.

2. Quais os conceitos de marketing que você poderia ter conhecido durante a graduação e que lhe ajudariam de alguma maneira em sua atividade profissional?

Principalmente análise fatorial, regressão linear multivariada,

modelagem de risco financeiro por meio de distribuição de probabilidades e tomada de decisões sob o risco.

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9.10 Entrevista com o ex-aluno 3

Roteiro de Entrevista

Ex-alunos do Departamento PRO - Poli/USP

Data: 07/11/11

Entrevistado: Renato Fernandes de Araujo

Área de atuação: Consultoria

1. Como você vê a interface entre Marketing e Engenharia de Produção?

Para a atuação clássica do Engenheiro de Produção no ambiente industrial, acredito que, no início da carreira, o conhecimento de Marketing é muito necessário especificamente em Desenvolvimento de Produtos. À medida que a carreira se desenvolve, a tendência é de que a atuação do engenheiro seja muito mais voltada a questões estratégicas, em posições executivas. Imagino que seja neste ponto que conhecimentos de Marketing poderão fazer mais falta

Além disso, muitos dos Engenheiros de Produção seguem sua carreira profissional em outras áreas, como finanças ou consultoria. Nestas áreas, supostamente menos técnicas, a utilização de noções de Marketing podem ser uma parte muito importante do dia-a-dia de trabalho.

2. Quais os conceitos de marketing que você poderia ter conhecido durante a graduação e que lhe ajudariam de alguma maneira em sua atividade profissional?

Como trabalho em uma consultoria de estratégia, considerações de Marketing fazem parte de grande parte dos projetos e tem impacto nas recomendações aos clientes. Conceitos como segmentação de mercado, ciclo de vida de produto, estratégia de comunicação com certeza enriqueceriam as discussões com as equipes que trabalhei e com os clientes.