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Legislações Saneamento e Drenagem Autor: Rishi Jaientilal, C51 06 de Junho 2012

TI Saneamento e Drenagem

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Legislações Saneamento e

Drenagem Autor: Rishi Jaientilal, C51

06 de Junho

2012

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Índice

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1

BREVE HISTORIAL ....................................................................................................................... 1

NÍVEIS DE SERVIÇO ...................................................................................................................... 2

COBERTURA DE SANEAMENTO ..................................................................................................... 2

POLÍTICA NACIONAL DE ÁGUAS .................................................................................................. 4

Objectivos ............................................................................................................................... 4

Políticas .................................................................................................................................. 5

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS AO SANEAMENTO ..................................................................... 7

PRINCIPAIS DESAFIOS ................................................................................................................... 7

CURIOSIDADES ............................................................................................................................. 8

COMENTÁRIOS E APRECIAÇÕES ................................................................................................. 10

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 11

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Introdução

A água é um recurso natural indispensável para a sobrevivência do ser humano e a

demanda tem vindo a aumentar, ao longo dos anos, devido crescimento demográfico. O

saneamento é algo que deve vir sempre acompanhado ao abastecimento de água de modo a

garantir boas condições de utilização, promover a higiene e evitar doenças. Ex.: o estagnamento

de águas pode propiciar a malária. Uma nação procura garantir condições de cobrir totalmente a

população nacional, mas para tal dependem de diversos factores, principalmente económicos.

Também importa garantir o controle e organização dos serviços prestados neste sector. Para

garantir a cobertura, controle e organização são definidas políticas nacionais de modo a guiar o

desenvolvimento neste sector.

Breve Historial

Em 1995, Moçambique aprova a Política Nacional de Águas que enfatiza a participação

de comunidades, e a participação do sector privado para abastecimento de água urbano.

Em 1998, criam-se duas instituições chaves para implementação desta política nas

cidades principais: a CRA - Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (asseguradora

do balanço entre a qualidade de serviço, interesse dos consumidores e sustentabilidade do

sistema) e a FIPAG - Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água.

Em 2007, surge a nova Política de Águas e adopta-se um Plano Nacional Estratégico de

Água e Saneamento Rural, que levou a criar a SPAS – Serviços Provinciais de Água e

Saneamento, em 2009, e o PRONASAR – Programa Nacional de Água e Saneamento Rural, em

2010 (que termina o seu programa da acção em Fevereiro de 2012).

Em 2009, surge também a AIAS - Administração de Infra-estruturas de Abastecimento

de Água e Saneamento - para abastecimento de águas e saneamento urbano em cidades

secundárias.

Só agora, nos últimos 5-10 anos, começou-se a dar maior relevo, atenção e disponibilizar

maiores recursos à questão de saneamento e gestão de recursos hídricos, pois antes disso a

prioridade absoluta era dada aos sistemas de abastecimento de água.

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Níveis de Serviço

Em Moçambique o saneamento rural e urbano é efectuado de modos diferentes. Os

sistemas rurais recorrem ao máximo até as latrinas, existindo também diversos casos sem

sistemas de saneamento. Já nas cidades e zonas sub-urbanas ou peri-urbanas fazem-se sentir as

fossa sépticas para tratamentos individuais de empreendimentos ou locais. As redes de esgotos

com ligações domiciliárias somente existem e tornam-se viáveis em cidades e zonas mais

desenvolvidas.

De acordo com as zonas, assim se dividem os serviços/as tecnologias de saneamento:

Cidades

Rede de esgotos com ligações domiciliárias

Fossas sépticas

Zonas peri-urbanas

Fossas sépticas

Latrinas melhoradas

Zonas Rurais

Latrina tradicional

Latrina tradicional melhorada

Latrina melhorada

Cobertura de Saneamento

De acordo com dados da DNA/DES, de 2009, a cobertura de saneamento rural é de

40% e de saneamento urbano é de 50%. Para as zonas rurais o Governo visa promover boas

práticas de higiene e saneamento, visto que aqui as culturas são diferentes às práticas modernas,

necessitando-se ao longo do tempo de evoluir.

A evolução tem vindo a ser positiva tendo até 2009 conseguido uma cobertura rural de

40% e urbana de 55%, comparativamente, a 33% e 46% de cobertura rural e urbana

respectivamente em 2004.

Tabela 2 - Evolução da cobertura

Ano Saneamento

Rural

População

Servida

Saneamento

Urbano

População

Servida

2004 33% 4.5 M 46% 2.9 M

2005/2009 40% 6.0 M 55% 3.8 M

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Segundo uma apresentação feita pela DNA, em 2009, identificaram-se algumas

actividades realizadas no âmbito da expansão da cobertura de sistemas de saneamento:

Rural

Instalação de 22 de Centros de Demonstração de opções tecnológicas de

saneamento (2008);

Construídas 39.725 Latrinas, servindo um adicional de 196.625 habitantes (2008);

Levadas a cabo várias actividade de Participação e educação Comunitária (Sofala,

Manica e Tete – Iniciativa Um Milhão que durará até 2013). (DNA 2009)

Figura 1, 2 e 3 – Treino de artesãos locais na construção de latrinas melhoradas (Fonte: DNA 2009)

Urbano

Projecto de Saneamento da Beira;

Extensão do sistema de drenagem da Cidade da Beira;

Projecto de Drenagem e Saneamento da Cidade deMaputo;

Projecto de Abastecimento de Água, Saneamento e Apoio Institucional às 4

Cidade do Sul (Xai-Xai, Chokwe, Inhambanee Maxixe);

Projecto de Drenagem da Cidade de Maputo;

Projecto de Reabilitação de Emergência do Sistema de Drenagem de Águas

Pluviais da Cidade de Quelimane; (DNA 2009)

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Figura 4 – Vala de drenagem de águas pluviais em

Maputo (Rua Dona Alice)

Figura 5 – Vala de drenagem de águas pluviais

Política Nacional de Águas

Foi identificada a Política de Águas de 2007, surgida da Política Nacional de Águas de 23

de Agosto de 1995 da Resolução no 7/95.

Objectivos

Os principais objectivos referidos na Política de Águas, de 2007, no âmbito do

saneamento são:

Aumentar a cobertura em 2015 para aproximadamente 67% nas áreas urbanas,

representando cerca de 8 milhões de pessoas, e cerca de 60% nas áreas rurais,

correspondendo a cerca de 7 milhões de pessoas, de forma a atingir as metas

definidas pelo Governo como as suas Metas de Desenvolvimento do Milénio;

Aumentar a cobertura a longo prazo para se ir aproximando gradualmente da

cobertura universal;

Garantir que a médio prazo as comunidades servidas por um sistema de

abastecimento de água seguro e fiável tenham uma infra-estrutura de saneamento

adequada ao nível de cada casa;

Garantir a adopção de práticas de higiene adequadas ao nível da família, comunidade

e escolas;

Recuperar os custos da operação, manutenção e gestão nos centros urbanos através de

tarifas e taxas de saneamento e melhorando a gestão dos serviços de saneamento.

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Políticas

A operação, manutenção e gestão dos sistemas de saneamento em áreas urbanas deve ser

feita por entidades autónomas como um serviço municipal, uma empresa municipal ou através

dum contrato de gestão com uma empresa privada, operando com princípios comerciais, com

vista a criar melhores condições de sustentabilidade.

Os Municípios e autoridades locais têm o papel principal no processo de tomada de

decisão sobre a provisão de serviços de saneamento nas suas 15 áreas de jurisdição, com o apoio

e sob o quadro geral estabelecido pelo Governo. A expansão dos sistemas de saneamento deve

estar em consonância com os planos de desenvolvimento local aprovados.

As instituições de regulação ou as autoridades competentes estabelecerão uma taxa ou

tarifa de saneamento para cobrir os custos de operação, manutenção e gestão dos serviços.

Onde se fizerem grandes investimentos e a taxa ou tarifa de saneamento não cobrir os

custos da operação, manutenção e gestão dos serviços, serão escolhidos modelos de gestão que

permitam subsídios até que as taxas cubram esses custos. Nos sistemas que requerem

reabilitação, o Governo e as autoridades locais irão considerar os subsídios necessários para se

atingir pelo menos um nível mínimo de serviço, mantendo sempre uma gestão autónoma.

O Governo é a principal fonte dos grandes investimentos necessários para a reabilitação e

expansão das infra-estruturas, canalizando-os tanto para as grandes cidades como para as cidades

pequenas e vilas. Serão definidos critérios de elegibilidade com ênfase na sustentabilidade dos

investimentos.

Nas áreas urbanas, será dada prioridade à melhoria do nível do serviço fornecido, através

da reabilitação e manutenção das infra-estruturas existentes. Para a expansão das infra-estruturas

para águas residuais e drenagem de águas pluviais, a prioridade irá para as áreas urbanas onde se

estão a seguir os planos de urbanização. Na ausência de uma estação de tratamento de águas

residuais, deverá ser dada prioridade aos sistemas de tratamento por fossas sépticas e drenos de

infiltração quando as condições do solo o permitam.

Nos principais centros urbanos, será dada prioridade a infra-estruturas de drenagem

pluvial, para melhorar as situações criticas causadas pelas cheias urbanas e erosão dos solos que

estão a danificar casas e outras infra-estruturas. Serão preparados planos directores de drenagem

pluvial, para servirem de guia às intervenções mais urgentes. O enfoque será na reabilitação e

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expansão dos sistemas primários existentes, ficando os sistemas secundário e terciário

condicionados pela ocupação do solo e pelo melhoramento da rede de estradas.

Os efluentes industriais a serem descarregados em corpos de água receptores serão

analisados individualmente para evitar situações de contaminação de solos e água devido a esses

efluentes. Os efluentes que excedem os limites permissíveis para descarga em corpos de água

naturais são tratados na origem.

Será dada particular atenção à evacuação de águas residuais e de drenagem pluvial de

centros urbanos localizados em áreas costeiras, de forma a prevenir e mitigar a poluição e

acidentes derivados da erosão.

Nas áreas peri-urbanas, as actividades de saneamento serão principalmente dirigidas às

famílias e comunidades para garantir um nível mínimo de serviços de saneamento, a latrina

melhorada. Será dada atenção especial a famílias pobres, a áreas com alta incidência de diarreia e

cólera e zonas com um pobre saneamento ambiental.

A provisão de serviços de saneamento oferecerá opções tecnológicas que estejam de

acordo com a capacidade e vontade de pagar das comunidades. O custo da latrina melhorada

deve ser acessível para as comunidades, incluindo a população mais pobre.

Para estimular a procura e o uso adequado das infra-estruturas de saneamento, as

actividades nesta área devem incluir acções e recursos para a promoção da higiene. O Governo,

em consulta com todas as partes interessadas, irá desenhar estratégias e manuais para guiar uma

intervenção coordenada dos vários intervenientes, com uma visão de longo prazo de garantir

saneamento adequado nas áreas peri-urbanas.

A provisão de serviços nas áreas peri-urbanas será orientada para o envolvimento de

iniciativas locais, incluindo pequenos privados e organizações comunitárias. O Governo

incentiva a promoção do envolvimento.

Para o saneamento rural, as actividades de saneamento serão principalmente dirigidas às

famílias e comunidades para promover a adopção de práticas seguras de higiene e a construção

de latrinas maximizando o uso de materiais locais para acelerar o aumento dos níveis de

cobertura. As actividades nesta área irão dispor de recursos para promover a educação para a

higiene.

O nível mínimo dos serviços de saneamento nas áreas rurais é a latrina melhorada. Serão

consideradas outras opções tecnológicas consoante a capacidade local.

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Serão promovidas iniciativas locais através de programas piloto/demonstrações e treino

de artesãos locais, para estimular a demanda nas comunidades rurais e disseminar técnicas de

construção e a utilização de diferentes opções de tecnologia de saneamento.

A educação de pessoas e comunidades para a higiene é fundamental para que a expansão

das infra-estruturas de saneamento tenha o máximo impacto positivo. As acções de planeamento

e implementação das actividades de saneamento e promoção de higiene devem ser associadas

com as do abastecimento de água. As mensagens de promoção da higiene serão comuns para o

abastecimento de água e o saneamento, para maior impacto na saúde das comunidades.

A mulher tem um papel relevante na adopção de melhores práticas de higiene a nível da

família e da comunidade. O Governo reconhece esse papel e incentiva a sua participação.

Uma das prioridades a curto prazo é o levantamento e organização de um cadastro das

infra-estruturas de saneamento existentes nos principais centros urbanos do país, com

mecanismos para regular actualização. Todos os investimentos em infra-estruturas de

saneamento irão incluir o levantamento e a actualização do cadastro.

Principais constrangimentos ao saneamento

A Direcção Nacional de Águas de Moçambique, de acordo com uma apresentação feita

em Abril de 2009, identifica problemas que encontra na divulgação e expansão da cobertura de

sistemas de saneamento pelo país, dos quais:

Insuficiência de recursos financeiros e fraca consciencialização da população;

A pobreza e a fraca sensibilização gera fraca vontade de pagar pelo saneamento

adequado;

Fraca coordenação e ligação entre os organismos do Governo;

Fraca coordenação entre os parceiros que intervêm no sub-sector do saneamento;

Sector privado desmotivado para responder às necessidades do país;

A descentralização para o nível do distrito ainda não gera progressos no saneamento.

Principais desafios

Na mesma apresentação, mostra os seus desafios principais de modo a desenvolver o

saneamento:

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Aumentar os níveis de cobertura com latrinas melhoradas nas zonas peri-urbanas e o

melhoramento de latrinas tradicionais para latrinas tradicionais melhoradas nas zonas

rurais;

Promover a adopção de boas práticas de higiene e saneamento;

Descentralizar e melhorar a qualidade dos serviços.

Curiosidades

Segundo o artigo “Cidade do Maputo: UE apoia projecto de água e saneamento”,

presente no Jornal Notícias do dia 11 de Maio de 2012, a União Europeia (UE) iria desembolsar

quatro mil euros para financiar a segunda fase do programa de água e saneamento urbano que

está a ser implementado nos bairros de Mavalane A, Inhagoia A e B e Luís Cabral, arredores da

cidade de Maputo.

O embaixador-chefe da UE em Moçambique, Paul Malin, ofereceu equipamento de

limpeza de drenagens, recolha de lixo e

construção de latrinas melhoradas aos bairros de

Mavalane A, Inhagoia A e B e Mavalane.

Rosária Mabica, representante da

‘WaterAid’, organização que coordena o projecto,

disse que na primeira fase três bairros ficaram

conectados à rede da Águas de Moçambique o que

beneficiou cerca de 30 mil pessoas.

“Foram construídas latrinas melhoradas

para 7600 famílias que garantiram o acesso a

condições de saneamento e higiene seguros em cinco bairros, beneficiando 46 mil pessoas e

construídos sete blocos sanitários escolares que beneficiaram 109 mil pessoas”, disse Mabica.

Na segunda fase, o projecto prevê conectar mais quatro bairros à rede da empresa Águas

de Moçambique, construir 20 quiosques de água, 20 fontanários, infra-estruturas que vão

beneficiar 46 mil pessoas, 6615 latrinas a favor de 55434 indivíduos e sete blocos sanitários para

escolas e 50 latrinas ecológicas, garantido boas condições de higiene para 101.439 pessoas.

Figura 7 - Situação de drenagem em bairros

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Segundo o artigo “Lançamento da parceria entre a AIAS (Administração de Infra-

estruturas de Água e Saneamento) e o UNICEF para o abastecimento de água e saneamento em

zonas urbanas” presente no “site” da UNICEF, publicado no dia 22 de Março de 2012, iniciou

em Janeiro de 2012, uma parceria entre estas duas e as Direcções Províncias das Obras Públicas

e Habitação de Tete, Manica e Nampula para a provisão de serviços de abastecimento de água e

saneamento em zonas urbanas nomeadamente em 8 vilas das províncias de Tete, Manica e

Nampula.

A parceria iniciou depois da decisão do UNICEF

Moçambique, de alargar as suas actividades para as áreas

urbanas, tendo mobilizado fundos para dois programas:

abastecimento de água e saneamento a 3 vilas das

províncias de Tete e Manica, uma extensão do programa de

água rural existente “Iniciativa Um Milhão” e NAMWASH

– programa integrado de água e saneamento em 5 vilas da

província de Nampula.

O programa de abastecimento de água e saneamento às vilas de Ulónguè e Luenha na

província de Tete e vila de Espungabera na província de Manica, financiado pelo Governo dos

Países Baixos, iniciou em Janeiro do presente ano, e consiste na reabilitação/expansão dos

sistemas de abastecimento de água (SAA) nas 3 vilas, no melhoramento do modelo de gestão dos

SAAs em oito vilas em Moçambique e na promoção de um saneamento não subsidiado através

da abordagem Saneamento Total Liderado pela Comunidade (SANTOLIC).

Este programa tem um orçamento de 6,2 milhões de dólares.

O NAMWASH, programa integrado de abastecimento de água e saneamento às vilas de

Ribáuè, Mecubúri, Rapale, Namialo e Monapo na província de Nampula, financiado pela

Agência Australiana para o Desenvolvimento Internacional (AUSAID), iniciou em Janeiro de

2012, tem um orçamento previsto de 30 milhões de dólares e está dividido em duas fases: fase I:

2012-2013, e fase II 2014-2016.

Figura 9 - Distrito de Dondo, Sapassua.

Trabalhadores inserem o tubo que vai

permitir que a água saia da broca.

(Agosto de 2011)

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Comentários e Apreciações

Verifica-se que Moçambique usufrui de tecnologias de saneamento ainda de nível baixo,

comparando-se com os restantes países do Mundo. Visto que a sua maior população é rural, e

utiliza ainda latrinas (em outros casos, nem essa facilidade está ao dispor) as suas estatísticas

gerais levarão demasiado tempo para alcançar níveis mundiais de cobertura. Um dos

constrangimentos que se nota é a cultura que dificulta a implementação de sistemas modernos de

saneamentos. O habitante rural prefere, por questões culturais e de costume, optar por latrinas ao

invés de vasos sanitários, apesar de a componente económica também afectar a escolha. Pela

pesquisa nota-se que a política em si também reforça a aplicação de latrinas melhoradas em

zonas rurais. Esforços têm sido feitos a nível nacional por programas como o PRONASAR que

procuraram treinar artesãos de zonas rurais para construção de latrinas familiares. Isto incentiva

primeiramente a renovar a cultura. Apesar de não se atingir directamente a cultura do vaso

sanitário, inicia-se pela latrina, que pode, passo a passo, vir a alterar o modo de pensar das

populações, um dia ainda procurando pelos vasos sanitários. Como se sabe o Homem “quanto

mais tem, mais quer”.

São sim verificados avanços ao nível deste sector de águas e saneamento. A cobertura

tem vindo a aumentar, mesmo com o crescimento demográfico que tem vindo a ocorrer em

grandes escalas. Até 2009 são conhecidos, na DNA, 40% (6.0 Milhões) e 55% (3.8 Milhões) de

habitantes, respectivamente, de zonas rurais e urbanas com condições de saneamento. O Governo

pretende, até 2015, alcançar 60% e 67%, respectivamente, em zonas rurais e urbanas. Estudos

mostram que, do modo que a cobertura tem vindo a crescer será difícil alcançar o pretendido. A

zona Este da europa (zona comparável à África) possui cobertura de 40-65% de saneamento

moderno, tendo a restante 80-90% do mesmo. Alguns estudos mundiais consideram somente o

saneamento moderno (JMP – Joint Monitoring Program) onde Moçambique apresenta uma

cobertura extremamente baixa (17%), pois algumas das tecnologias de saneamento aplicadas não

se enquadram ao saneamento moderno mundial.

As acções neste sector de águas e saneamento têm sido mais sentidas em zonas rurais do

que em zonas urbanas. A política de águas afirma que nas áreas urbanas, será dada prioridade à

reabilitação e manutenção das infra-estruturas existentes, enquanto a expansão das infra-

estruturas para águas residuais e drenagem de águas pluviais será prioridade em zonas onde se

seguem os planos de urbanização. Pelo que se observa na cidade de Maputo, confrontando com a

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política, a realidade que se observa é de uma necessidade de expansão do sistema de drenagem

de águas residuais domésticas e principalmente pluviais devido ao acelerado crescimento

populacional que se tem observado em pouco tempo, que leva a criação de maior lixo que

influencia negativamente o escoamento das águas das chuvas.

Para as áreas rurais, a política incentiva a construção de latrinas melhoradas bem como a

educação e treino de artesãos locais e população rural.

Visto que a maioria da população está em zonas rurais e a política visa atingir uma

cobertura de 60 e 67% em zonas rurais e urbanas, respectivamente, maiores recursos são

disponibilizados para os programas ou as iniciativas rurais. Assim, deixa-se ou tende-se a deixar

a manutenção, reabilitação e expansão de sistemas de saneamento e drenagem urbana em

segundo plano, levando a sofrer os danos que se têm feito sentir durante as chuvadas intensas.

Bibliografia

Jornal Notícias (11 de Maio de 2012). Cidade do Maputo: UE apoia projecto de água e

saneamento. http://www.tim.co.mz/Noticias/Nacional/Cidade-do-Maputo-UE-apoia-

projecto-de-agua-e-saneamento - acedido em 01.06.2012. Moçambique;

Direcçao Nacional de Águas – DNA (Abril 2009). Situação de saneamento em Moçambique.

Moçambique;

Política de Águas (2007). Moçambique;

Boletim da Republica (Agosto de 1995). Política Nacional de Águas. Imprensa Nacional de

Moçambique. Resolução 7/95. Moçambique;

AMCOW – Conselho de Ministros Africanos sobre a Água (2009/2010). Water Supply and

Sanitation in Mozambique – Turning Finance into Services for 2015 and Beyond. 2a

Edição. Moçambique;

UNICEF (Março de 2012). Lançamento da parceria entre a AIAS (Administração de Infra-

estruturas de Água e Saneamento) e o UNICEF para o abastecimento de água e

saneamento em zonas urbanas. Moçambique.

http://www.unicef.org/mozambique/pt/media_10514.html - acedido em 05.06.2012