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Tiago Magueta de Oliveira Desemprego e População Qualificada Coimbra,2013

Tiago Magueta de Oliveira Desemprego e População … · Desemprego e População Qualificada ... Imagem de capa: By America's Power ("Put us to work" Uploaded by AlbertHerring)

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Tiago Magueta de Oliveira

Desemprego e População Qualificada

Coimbra,2013

FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE 

DE COIMBRA 

 

Desemprego e População Qualificada 

 

Cadeira: Fontes de Informação Sociológica 

Docentes: Paula Abreu e Paulo Peixoto 

Ano Lectivo:2013/2014 

 

Aluno: Tiago Magueta de Oliveira 

Nº 2013169509 

 

Imagem de capa: By America's Power ("Put us to work"  Uploaded by AlbertHerring) [CC‐BY‐2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0)], via Wikimedia Commons 

 

Coimbra, 2014

  

Desemprego e população qualificada 

3  

Índice1‐Introdução ......................................................................................................................... 1 

2‐Estado das artes ........................................................................................................................ 2 

2.1‐Desemprego ................................................................................................................ 2 

2.1.1‐Tipos de desemprego ............................................................................................ 2 

2.1.2‐Consequências do desemprego ............................................................................. 3 

2.1.3‐Causas do desemprego .......................................................................................... 4 

3‐Desemprego em Portugal ................................................................................................... 5 

3.1‐Medidas de combate ao desemprego em Portugal ................................................... 7 

4‐Qualificação profissional .................................................................................................... 9 

5‐Descrição Detalhada da Pesquisa ........................................................................................... 11 

6‐Desenvolvimento: ............................................................................................................ 14 

6.1.1‐Introdução .......................................................................................................... 14 

6.1.2‐A “fuga de cérebros” como problema global ....................................................... 15 

6.1.3‐‐Atualidade da “Fuga de cérebros” ...................................................................... 16 

6.1.4‐Algumas questões de identidade e os palcos discursivos ..................................... 16 

6.1.5‐Nota Metodológica ............................................................................................. 17 

6.1.6‐Os média e os profissionais altamente qualificados ............................................. 17 

6.1.7‐Panorama:media estrangeiros ............................................................................ 18 

6.1.8‐Panoramas:media portugueses ........................................................................... 19 

6.1.9‐Discussão de ideias principais .............................................................................. 19 

7‐Avaliação de uma página de Internet ..................................................................................... 21 

8‐CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 23 

9‐Referências Bibliográficas…………………………………………………………… …………………………..        24 

 

 

Anexo I‐ Texto base da ficha de leitura 

Anexo II‐ Página da Internet Avaliada 

 

  

Desemprego e população qualificada 

1  

Introdução  

No  âmbito  do  processo  de  avaliação  da  unidade  curricular  de  “Fontes  de 

Informação  Sociológica”,  leccionada  pelo  Professor  Doutor  Paulo  Peixoto  e  pela 

Professora  Paula  Abreu,  foram  propostos  vários  temas  para  serem  analisados  e 

desenvolvidos pelos alunos, tendo em vista a avaliação da cadeira referida. 

A minha escolha  recaiu sobre o “desemprego e população qualificada”, pela sua 

pertinência e actualidade. 

Com  efeito,  este  fenómeno  está  bastante  presente  na  realidade  portuguesa, 

sendo aliás notícia diária nos meios de comunicação social. 

 Ao  longo deste trabalho abordarei o problema do desemprego nas suas diversas 

dimensões, assim como as suas consequências.  

O desemprego é um dos maiores  flagelos sociais do século XXI e afecta a maior 

parte dos países do mundo.  

A  crise que  tem assolado Portugal nos últimos  tempos, e assim a destruição da 

economia,  tem  agravado  a  situação  do  emprego,  fazendo  com  que,  actualmente, 

sejamos um dos países europeus com a maior taxa de desemprego. 

No  nosso  caso  assume  particular  relevância  o  desemprego  jovem  de  longa 

duração, que apresenta taxas preocupantes.  

Na  tentativa de minorar o problema, os países  têm apostado em programas de 

qualificação  e  requalificação  profissional,  pois  é  sabido  que  populações  mais 

qualificadas estão mais aptas para contribuir para o desenvolvimento dos países. 

Apesar disso, Portugal está confrontado com um novo paradoxo: apesar de ter a 

geração  mais  qualificada  de  sempre,  tem  também  uma  das  mais  altas  taxas  de 

desemprego  de  sempre.  O  país  e  a  sua  economia  não  têm  sido  capazes  de  criar 

empregos que absorvam os  seus  jovens qualificados. Tal  facto,  tem  levado a que os 

jovens  procurem  emprego  no  estrangeiro,  empobrecendo  o  país,  uma  vez  que  o 

investimento feito na sua formação não é aproveitado. 

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

2  

Estado das artes 

2.1‐Desemprego  

Desemprego: Desempregado é o indivíduo, com idade mínima de 15 anos que, no 

período de referência, se encontrava simultaneamente nas situações seguintes: a) não 

tinha  trabalho  remunerado nem qualquer outro; b) estava disponível para  trabalhar 

num trabalho remunerado ou não; c) tinha procurado um trabalho,  isto é, tinha feito 

diligências  no  período  especificado  (período  de  referência  ou  nas  três  semanas 

anteriores)  para  encontrar  um  emprego  remunerado  ou  não.  Consideram‐se  como 

diligências: a) contacto com um centro de emprego público ou agências privadas de 

colocações; b) contacto com empregadores; c) contactos pessoais ou com associações 

sindicais;  d)  colocação,  resposta ou  análise de  anúncios;  e)  realização  de provas ou 

entrevistas  para  selecção;  f)  procura  de  terrenos,  imóveis  ou  equipamentos;  g) 

solicitação de  licenças ou  recursos  financeiros para a  criação de empresa própria. O 

critério de disponibilidade para aceitar um emprego é  fundamentado no seguinte: a) 

no desejo de trabalhar; b) na vontade de ter actualmente um emprego remunerado ou 

uma  actividade por  conta  própria  caso  consiga obter os  recursos necessários;  c)  na 

possibilidade de começar a trabalhar no período de referência ou pelo menos nas duas 

semanas seguintes. Inclui o indivíduo que, embora tendo um emprego, só vai começar 

a  trabalhar em data posterior à do período de referência  (nos próximos três meses). 

(desigualdades) 

 

2.1.1‐Tipos de desemprego 

 

Existem  vários  tipos  de  desemprego.  O  desemprego  estrutural  ou  disfarçado, 

característico  dos  países  subdesenvolvidos,  causado  pela  distribuição  irregular  de 

terras, e a  falta de equipamentos de  trabalho para as pessoas aptas  trabalharem; o 

desemprego estacional, sazonal ou temporário que é quando determinadas indústrias 

reduzem seu quadro de funcionários em certas épocas do ano, pela diminuição ou pela 

interrupção periódica da actividade a que essas indústrias se dedicam; o desemprego 

tecnológico  atinge  sobretudo  os  países  desenvolvidos  e  é  quando  as  empresas 

  

Desemprego e população qualificada 

3  

substituem  a  mão‐de‐obra  humana  pela  tecnologia  ‐  por  outras  palavras,  é  a 

substituição do Homem pela máquina; o desemprego  friccional, é quando a mão‐de‐

obra disponível não coincide com a que o mercado de trabalho procura; o desemprego 

voluntário,  é  quando  o  desempregado  não  quer  trabalhar  com  o  salário  que  lhe  é 

oferecido. (Ferreira) 

2.1.2‐Consequências do desemprego 

 

Como é sabido, o desemprego é algo transversal ao Mundo, pois é algo que afecta 

todos  os  continentes.  É  um  dos  maiores  problemas  do  Mundo,  hoje,  pela  sua 

dimensão social, económica e política. 

 

É  um  grave  problema  económico,  pois  um  país  com  uma  elevada  taxa  de 

desemprego  tem  imensos  prejuízos,  o  que  vai  causar  um  grave  atraso  no mesmo. 

Quando  um  país  não  tem  capacidade  empregadora  para  os  seus  habitantes,  estes 

emigram e o país vai perder do ponto de vista económico e intelectual. 

Já do ponto de vista do problema social, é algo que causa grande sofrimento aos 

desempregados e respectivas famílias, lançando na miséria muitas delas. Uma pessoa 

sem trabalho é afectada em múltiplas dimensões da sua vida. 

O emprego é, por via da regra, a única  fonte de rendimento para  todos aqueles 

que  vivem  fundamentalmente  do  trabalho,  sendo  através  dele  que  se  realiza  a 

dignidade  humana,  constituindo  fonte  de  humilhação  e  de mal‐estar  para  quem  é 

privado dele. O desemprego  também afecta a saúde  física e mental das pessoas e é 

susceptível de originar um aumento da criminalidade e da violência. 

Quanto  ao  aspecto  político,  o  desemprego  pode  levar  à  radicalização,  tanto  à 

direita  como  à  esquerda,  uma  vez  que  as  pessoas  estão  desesperadas.  Essa 

radicalização  pode  expressar‐se  em  xenofobia  e  racismo,  entre  outros  fenómenos 

sociais indesejados. 

O  desemprego  é  um  cocktail  explosivo,  pois  conjuga  os  problemas  sociais, 

económicos  e  políticos.  Tal  estado  de  coisas,  pode  conduzir  um  país  a  uma 

instabilidade politica grave, degradando as  suas condições económicas,  financeiras e 

sociais, diminuindo‐lhe as hipóteses de encarar o futuro de maneira positiva. 

  

Desemprego e população qualificada 

4  

 

2.1.3‐Causas do desemprego 

 

O desemprego  tem diversas causas, entre outras: a baixa qualificação de muitos 

trabalhadores que vão perder o seu lugar para trabalhadores mais qualificados; a crise 

económica que tem vindo a abalar o Mundo e tem como consequência a diminuição 

do consumo de bens e serviços, o que vai obrigar a que muitas empresas reduzam o 

número de trabalhadores a fim de diminuir os custos; o desenvolvimento tecnológico, 

pois a tecnologia veio permitir a substituição da mão‐de‐obra humana pela tecnologia. 

O  desemprego  apesar  de  ser  um  fenómeno  muito  antigo  tem  ganho  grande 

destaque  no  século  XXI,  uma  vez  que  este  flagelo  está  em  franco  crescimento, 

afectando assim cada vez mais pessoas e famílias em todo o Mundo. (Ming) 

 

Figura1‐Evolução da taxa de desemprego nas várias regiões do Mundo entre o 

ano de 2008 e 2012

Fonte: (OIT, cit in Publico,2013) 

 

Na figura 1 é possível observar a taxa de desemprego das várias regiões do Mundo 

ao longo dos últimos anos ao analisarmos a mesma podemos concluir que os países do 

médio  oriente,  e  norte  de  África  são  os  mais  afectados,  sendo  que  a  taxa  de 

desemprego ultrapassa os 20%, em contraste os países do este asiático são os países 

menos  afectados,  não  ultrapassando  os  5%.  Ao  observarmos  a  figura  1  é  possível 

observar que nenhuma região do mundo escapa ao desemprego. 

  

Desemprego e população qualificada 

5  

Os  números  do  desemprego  são  alarmantes,  estando milhões  de  pessoas  sem 

emprego como é possível ver na figura 2. 

Figura  2‐  Número  de  desempregados  no  Mundo  e  a  taxa  total  do  desemprego

 

Fonte: (OIT, cit in Publico,2013)  

Percebemos  na  figura  2  que  no  Mundo  existem  197.3  milhões  de  pessoas 

desempregadas, o que representa 5.9% da população mundial. 

 

3‐Desemprego em Portugal 

É  sabido  que  Portugal  está  a  ser  bastante  afectado  pelo  desemprego, 

principalmente devido à crise económica que está a afectar a Europa, o que  faz com 

que  as  pequenas  e  médias  empresas  tenham  dificuldade  em  “sobreviver”.  Como 

muitas  empresas não  conseguem  resistir  à  crise, os  seus  trabalhadores  acabam por 

ficar sem emprego e as empresas acabam por falir. Ao falirem, as empresas deixam de 

contribuir com os seus  impostos para a economia do país o que agrava ainda mais a 

crise, transformando‐se esta realidade num ciclo vicioso.  

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

6  

Figura 3 – Taxa do desemprego em Portugal   

 

Fonte: (INE, cit in Publico,2013) 

 

Na  figura  3  é  possível  verificar  que  a  taxa  de  desemprego  em  Portugal,  neste 

momento, é de 17.7%. 

Tanto homens como mulheres são afectados pelo desemprego, 17.8% no caso dos 

homens  e  17.5%  no  caso  das mulheres. Os  jovens  estão  numa  situação  ainda mais 

complicada,  pois  a  taxa  de  desemprego  entre  eles  é  enorme,  cifrando‐se  neste 

momento  nos  42.1%,  com  tendência  a  piorar,  pois  todas  as  taxas  têm  vindo  a 

aumentar. 

 

Assim, Portugal  tem uma grave situação para  resolver, pois grande parte da sua 

população está desempregada e sem solução à vista, principalmente os jovens que não 

encontram soluções para sair do fosso do desemprego e têm de recorrer aos seus pais, 

que também se encontram dificuldades. 

Assim, os governos dos países com uma elevada taxa de desemprego, mas dando 

destaque ao de Portugal, tiveram que tomar medidas para tentar resolver o problema 

do desemprego, apostando na qualificação profissional das pessoas, pois é de senso 

  

Desemprego e população qualificada 

7  

geral, que com uma população mais qualificada, a taxa de desemprego diminui e o país 

consegue crescer a um ritmo mais acelerado e superar a crise. (Paulo Rajado) 

No relatório do Ministério da Educação de 2007, intitulado “Educação e Formação 

em Portugal”, conclui‐se que a qualificação da população é algo importantíssimo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.1‐Medidas de combate ao desemprego em Portugal 

 

Algumas das medidas  levadas a cabo pelos sucessivos governos para combater o 

desemprego e qualificar a população, foram: 

• Reforço no  ensino profissional  com  vista  a qualificar os  jovens para  a 

vida  activa,  incentivando  o  ensino  das  Tecnologias  da  informação  e 

comunicação, (TIC); 

• Criação  de  cursos  profissionais  como medida  de  reforço  da  formação 

inicial dos jovens, com o objectivo de combater o desemprego juvenil; 

• Criação de programas de  requalificação para seniores que perderam o 

emprego; 

“O reforço da qualificação dos portugueses constitui o principal desafio estratégico que orienta as prioridades definidas em matéria de política educativa. Essas prioridades inscrevem‐se no quadro definido pela Estratégia de Lisboa, reconhecendo a educação e a formação como factores insubstituíveis de desenvolvimento económico e tecnológico, da coesão social, do desenvolvimento pessoal e do exercício pleno da cidadania. 

Nas últimas décadas, Portugal tem feito um enorme esforço de qualificação escolar da população, que se traduziu em progressos substanciais em matéria de educação. Contudo, o país continua a apresentar um défice estrutural de formação e qualificação da população que exige uma aposta clara e persistente na resolução dos problemas que têm impedido a convergência com os actuais padrões da União Europeia, nomeadamente os níveis de insucesso e abandono escolares e o défice de qualificações da população activa. 

A superação destes obstáculos só é possível através da concretização de medidas que coloquem a escola no centro da política educativa, qualificando‐a, melhorando o seu funcionamento e organização e os resultados escolares dos alunos” (Ministério da Educação, 2007) 

  

Desemprego e população qualificada 

8  

• Criações do programa “Novas Oportunidades” que permitia aos adultos 

voltarem  a  estudar,  adquirindo  novas  competências,  com  o  objectivo  de  se 

integrarem mais facilmente no mercado de trabalho; 

• Incentivo à criação de pequenas e médias empresas, através de apoio 

financeiros e facilidades ao nível burocrático. 

• Criação  de  incubadoras  de  empresas  com  o  objectivo  de  acolher  e 

desenvolver empresas inovadoras. 

• Incentivo a parcerias entre Universidades e empresas; 

• Criação de bolsas dirigidas a novos projectos de  investigação científica. 

(O Desemprego "recém‐licenciados") 

 

Como  vimos,  muitas  medidas  tiveram  como  intenção  dotar  a  população 

portuguesa  de melhor  qualificação.  Estas  políticas  obtiveram  alguns  resultados  nos 

últimos  anos,  uma  vez  que  houve  um  aumento  da  população  qualificada,  embora 

ainda seja insuficiente. 

Em Portugal, assiste‐se a uma nova realidade nos dias que correm, o aumento da 

qualificação  dos  portugueses  como  está  explícito  no  seguinte  trecho  “Desde  a 

consolidação do processo de Bolonha em Portugal, no sentido das primeiras gerações 

de  licenciados neste  sistema,  em 2006, que  se  tem  assistido  a uma  cada  vez maior 

vulgarização dos graus de licenciatura apesar de o país continuar com uma taxa ainda 

baixa  de  percentagem  da  população  com  qualificações  a  nível  do  ensino  superior 

concluído.  Em  2011,  obtiveram  formação  superior  em  Portugal,  em  todos  os 

subsistemas, mais de 78785 indivíduos para cerca de 18671, em 1991. De destacar que 

desses 78785, mais de 22000 são  relativos a cursos de mestrado concluídos, ou seja 

quase 30% e  se compararmos com os 297 mestres em 1991,  representavam apenas 

15% dos indivíduos que concluíam formação superior. (Varela, 2013) 

 Isto  significa  que  a  procura  por  formação  superior  tem  crescido 

exponencialmente nos últimos 20 anos, mas com especial  incidência em qualificação 

de 2.º e 3.º  ciclos  (mestrados  e doutoramentos). Em 2012, existiam 1.3 milhões de 

indivíduos  com  formação  superior,  o  que  representa  cerca  de  14,5%  da  população 

adulta. Apesar de ser um valor ainda baixo, trata‐se da percentagem de qualificações 

mais elevada que Portugal já atingiu.” (Varela, 2013) 

  

Desemprego e população qualificada 

9  

 

4‐Qualificação profissional 

 

A  qualificação  profissional  pode  ser  entendida  como  o  conjunto  de 

conhecimentos,  aptidões  e  atitudes  que  são  necessários  e  capacitam  um  individuo 

para  o  desempenho  adequado  de  uma  actividade,  ou  seja,  as  competências 

necessárias para o exercício de uma profissão. Essas competências podem ser obtidas 

em ambiente  formal,  através dos níveis de ensino existentes – básico,  secundário  e 

superior – e em contextos informais, valorizando a formação e experiência profissional 

adquirida. 

 

Outrora, possuir um curso era sinónimo de emprego, uma vez que se considerava 

que o mesmo dotava a pessoa das competências adequadas para o exercício de uma 

profissão.  

Hoje em dia, atendendo à evolução permanente do conhecimento e tecnologia, os 

indivíduos  são  obrigados  a  uma  busca  constante  de  conhecimentos,  no  sentido  de 

adequarem  as  suas  competências  às  exigências  do  mercado  de  trabalho,  que  se 

encontra em constante mutação. 

Do mesmo modo, as pessoas devem preparar‐se para as constantes alterações do 

perfil funcional que a mutação referida exige. Ao contrário de antigamente, em que se 

tinha  um  emprego  para  a  vida,  hoje  em dia, os  indivíduos devem  estar  preparados 

para  diversas  e  dispares  funções  ao  longo  do  seu  percurso  profissional,  a 

comummente chamada polivalência. 

  

Desemprego e população qualificada 

10  

Figura 4‐ Número de diplomados nos diversos tipos de ensino superior 

 Fonte: (Pordata, 2013)  

 

Na  figura 4 anterior é possível observar que o   ensino universitário e politécnico 

tem crescido. 

O  ensino  universitário  tem  crescido  de  forma mais  ou menos  constante,  já  o 

ensino politécnico apesar de ter crescido foi de maneira mais moderada.  

 

Figura  5  ‐Número  de  diplomados  no  ensino  superior  e  os  vários  níveis  de 

formação 

  

Fonte: (Pordata, 2013) 

  

Desemprego e população qualificada 

11  

Através da figura 5, é possível observar a clara evolução de população qualificada 

em Portugal. 

 

Todas as formas de qualificação cresceram até determinado momento, sendo que 

a  o  bacharelato  a  meio  do  “percurso”  regrediu  assim  como  a  licenciatura  tendo 

mesmo  os  dois  acabado  devido  a  Bolonha,  em  substituição  destes  surgiu  a 

licenciatura‐  1.ciclo,  sendo  que  todas  as  outras  formas  de  qualificação  cresceram 

durante todo o “percurso” com principal destaque para o mestrado e o CESE. 

 

Através da  figura 4   e  figura 5 é possível perceber que as medidas  implantadas 

pelos  sucessivos  governos  com  o  propósito  de  dotar  a  população  do  país  com 

qualificação tiveram um claro efeito, já que esta de um modo geral cresceu de maneira 

exponencial. 

Apesar  disto  têm  que  se  aumentar  as  qualificações  ainda mais  para  o  país  ter 

capacidade de combater o desemprego,  já que uma população qualificada  tem mais 

capacidade para “ajudar” o país a atingir esse objectivo.  (Florêncio) 

 

Descrição Detalhada da Pesquisa 

 

Durante  a  realização  deste  trabalho  utilizei  como  fonte  de  pesquisa  principal  a 

Internet.  Utilizei  várias  páginas  com  principal  destaque  para  a  do  Público  e  a  do 

Pordata. 

Para  me  informar  melhor  sobre  o  tema  e  retirar  dados  pertinentes  para  o 

trabalho, pesquisei no motor de pesquisa Google as seguintes palavras e expressões: 

“desemprego qualificado”, “desemprego  jovem”, “qualificação”, “fuga de cérebros” e  

usei  operadores  booleanos  como  (AND)  e  (OR)  entre  outros,  analisei  assim  alguns 

trabalhos    que  apesar  de  não  te  usado  ao  longo  do  trabalho,  serviram  para  me 

enquadrar no tema como o Estudo sobre o aproveitamento do desempego qualificado‐

Relatório Final (AEP‐Associação empresarial de Portugal), a Globalização, desemprego 

e  (nova)  pobreza:  Estudo  sobre  impactes  nas  sociedades  portuguesa  e  brasileira 

  

Desemprego e população qualificada 

12  

(Revista  crítica  de  ciências  sociais)  e  a  leitura do  livro  de preparação para  o  exame 

nacional de economia(Gomes). 

Após retirar os dados, analisei‐os, dando preferência aos que vinham de páginas 

fidedignas. 

Dado o  interesse geral deste  tema, optei por  ser conciso e usar uma  linguagem 

perceptível a todas as pessoas. 

 

FICHA DE LEITURA 

 

Título da obra: Para um debate sobre a mobilidade e Fuga de cérebros. 

 

Autor do livro: Emília Araújo, Margarida Fontes e Sofia Bento. 

 

Editora: Centro de estudos de Comunicação e Sociedade. 

 

Título do capítulo: "A «fuga de cérebros»: um discurso multidimensional". 

 

Autor do capítulo: Emília Araújo, Filipe Ferreira. 

 

Local de edição: Braga. 

 

Data da publicação: 2013. 

 

URL: 

http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cecs_ebooks/article/view/1578/1494 

 

 

Tipo de publicação: Livro. 

 

Data da leitura: Outubro de 2013. 

 

  

Desemprego e população qualificada 

13  

Páginas do capítulo: 58‐82. 

 

ISBN:978‐989‐8600‐11‐0 

 

Assunto: O  fenómeno  da  emigração  de  pessoas  qualificadas  em  Portugal  e  no 

estrangeiro,  o  porquê  disso  acontecer  e  a maneira  como  a  imprensa  portuguesa  e 

estrangeira lida com o assunto. 

 

Palavras‐chave:  “fuga  de  cérebros”,  “migração”,  “qualificados”,  “portugueses”, 

“media”, ”mobilidade”. 

 

Notas sobre os autores: ‐ Emília Araújo, professora Auxiliar no Departamento de 

Sociologia  da Universidade  do Minho,  investigadora  no  CECS  Centro  de  Estudos  de 

Comunicação e Sociedade. 

‐ Filipe Ferreira, Mestrando em Sociologia, na Universidade do Minho. 

 

Resumo: 

 

O  capítulo  analisado,  "A  «fuga  de  cérebros»:  um  discurso  multidimensional", 

centra‐se na “fuga” (emigração) de pessoas qualificadas em Portugal e no estrangeiro. 

Os  autores  neste  capítulo  procuram  explicar  as  diversas  razões  para  este  facto 

acontecer e identificam as diversas rotas de migração que existem, explicitando ainda 

os diferentes nomes que são dados a este fenómeno e o porquê deles. 

Por fim, os autores falam da maneira como a  imprensa portuguesa e estrangeira 

abordam este assunto e as diferenças entre ambas. 

 

 

 

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

14  

5.1.1Desenvolvimento: 

 

Introdução 

 

A parte introdutória deste capítulo fala‐nos das diversas abordagens sobre a “fuga 

de cérebros”. 

A expressão “fuga de cérebros” surgiu nos anos 60 e causou logo intensos debates 

que  visavam  as  estratégias  dos  governos  nacionais,  sobre  as  políticas  públicas  de 

promoção da ciência, tecnologia e ainda sobre o crescimento e competitividade. 

Este  é  um  tema  que  interessa  à  sociedade,  pois  a  saída  de  profissionais 

qualificados pode mostrar a dificuldade dos sistemas políticos nacionais, em tomarem 

medidas  para  “segurarem”  os  seus  cidadãos mais  qualificados,  face  à  atracção  que 

outros países exercem. 

Durante muito  tempo, a “fuga de cérebros” esteve associada à saída de pessoas 

qualificadas  de  países  subdesenvolvidos  para  países  mais  desenvolvidos.  Mais 

recentemente  surgiu  o  uso  da  palavra  “mobilidade”,  para  definir  a migração  entre 

países desenvolvidos. 

 

Assim como a expressão “fuga de cérebros”,  também a definição de “cérebros”, 

mudou  ao  longo  dos  anos.  Na  primeira  fase  os  chamados  “cérebros”  eram  os 

profissionais  altamente  destacados,  não  só  pelo  seu  nível  de  formação  mas, 

principalmente,  pelo  nível  de  qualificação  e  o  alto  nível  de  desempenho;  estes 

migravam pois monetariamente era compensador; por norma eram artistas, cientistas, 

mas principalmente quadros executivos. 

A partir de 2008, os chamados “cérebros” deixam de ser só os que foram referidos 

anteriormente, mas também pessoas com o ensino superior, recém‐licenciados e sem 

prestações ou  formações  tão elevadas; os  “novos  cérebros” migram na  tentativa de 

arranjar emprego e conseguir condições de sobrevivência, não só para si, mas também 

para a sua família. 

  

Desemprego e população qualificada 

15  

A expressão “fuga de cérebros”, não é bem aceite pelos diversos governos pelas 

razões  já  apontadas,  pelo  que  tentam  ocultá‐la,  preferindo  utilizar  a  expressão  de 

“mobilidade de cérebros” e “circulação de cérebros”. 

 

5.1.2‐A “fuga de cérebros” como problema global 

 

Existem desigualdades em todos os pontos do globo. Estas têm por base factores 

naturais e ambientais, sendo os mais importantes os ideológicos e políticos. 

Estas  desigualdades  levam  a  que  as  pessoas  migrem  à  procura  de  melhores 

condições de vida, estando esta razão na base dos processos migratórios. 

Os  países  com maiores  desigualdades  tendem  a  perder  pessoas  para  os  países 

mais igualitários. Esta situação numa certa perspectiva é boa, pois reduz o número de 

pessoas que o estado  têm  a  seu encargo, podendo  aquele  vir  a  receber dividendos 

futuros  dessa  migração;  noutra  perspectiva  é  má,  pois  o  país  perde  pessoas  que 

podiam ser úteis ao seu desenvolvimento (demograficamente e educacionalmente). 

Nos  anos  setenta  e  oitenta,  falou‐se muito  na  “fuga  de  cérebros”  e  nas  rotas 

migratórias que eles faziam, sendo as principais, da Europa para os Estados Unidos; da 

Europa  do  leste  para  a  Europa  Central;  da África  e América  latina  para  a  Europa  e 

Estados Unidos. 

A  expressão  “fuga de  cérebros”  foi desaparecendo pois  surgiu o  fenómeno das 

multinacionais (recrutamento no mercado mundial) e também porque a “mobilidade” 

se tornou um importante factor curricular. 

Essa “mobilidade de cérebros” tornou‐se importante para os países receptores ao 

ponto destes, preocupados com a barreira das regras de entrada estarem a dificultar a 

chegada dos  “cérebros”,  alterarem  as  regras de  admissão,  criando novas  estruturas 

para os receber. Esta mobilidade, num mundo cada vez mais globalizado, faz com que 

não se possa dizer que os “ cérebros” estejam a evadir‐se, mas sim a mover‐se. 

Determinados países como o Reino Unido e o Brasil, precaveram‐se da “fuga de 

cérebros”, criando políticas de retenção. 

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

16  

5.1.3‐Atualidade da “Fuga de cérebros” 

 

Têm‐se  observado  que  os  continentes  asiáticos  (sudoeste  asiático)  e  africanos 

(costa ocidental  e  região  sul),  são os  continentes que mais  têm  sido  afectados pela 

partida  dos  seus  recursos  humanos  com mais  qualificação;  já  na América  latina,  as 

regiões mais afectadas são os países da América Central e Caraíbas; para concluir na 

Europa os países anglófonos e os países do Leste Europeu são os mais atingidos. 

O país mais beneficiado com este fenómeno é os Estados unidos e o país menos 

beneficiado é a India.  

Na Europa Central o número de entradas e saídas é igual ao número de entradas, 

com excepção de  Itália, em que o número de saídas é superior ao de entradas;  já na 

Suécia e Suíça encontra‐se o fenómeno inverso. 

Em Portugal, a “fuga de cérebros” é um fenómeno que já vem de trás. O fluxo de 

cérebros  de  Portugal  para  o  estrangeiro  é  visto  positivamente,  uma  vez  que 

potencializa a imagem do país no estrangeiro e ajuda na economia interna do mesmo. 

Determinados autores acham que não de deve chamar a este fluxo “fuga de cérebros”, 

dado que este fluxo pressupõe a manutenção de ligações vinculativas com o país. 

O fenómeno de “fuga de cérebros” pode levar a formas de domínio e colonização, 

uma  vez  que  os  países  subdesenvolvidos  perdem  os  seus  recursos  humanos 

qualificados para os países desenvolvidos acentuando assim o fosso entre os dois.  

A “fuga de cérebros” não é só uma preocupação académica mas também social e 

política, pois não existe  só a deslocação de  conhecimento, mas  também de  riqueza, 

costumes e modos de vida. 

 

5.1.4‐Algumas questões de identidade e os palcos discursivos 

 

Os  portugueses  têm  cada  vez mais  destaque  na  economia mundial.  Este  facto 

ajuda a melhorar a imagem de Portugal no estrangeiro, assim como a imagem que os 

portugueses têm de si próprios, sentindo‐se mais valorizados e considerados. 

Porém,  o  papel  das mobilidades  é  contraditório,  uma  vez  que,  por  um  lado  a 

imagem sai valorizada no exterior devido ao trabalho do individuo; por outro, também 

  

Desemprego e população qualificada 

17  

pode  ser  vista  de maneira  depreciativa  devido  ao  desprestígio,  vergonha,  e  pudor, 

devido à necessidade de sair do seu país de origem. 

A “fuga de cérebros” pode ser ainda visto como uma perda para o país quer no 

presente quer no futuro nas diversas áreas, mas também pode ser visto por um prisma 

mais positivo, uma vez que vai valorizar, acentuadamente, o carácter  individualista e 

reforça a imagem e a competência de Portugal, visto de fora. 

 

5.1.5‐Nota Metodológica 

 

Para se perceber como a imprensa portuguesa e estrangeira analisa a temática de 

“fuga  de  cérebros”,  em  Portugal  inserido  no  contexto  global,  foram  feitas  diversas 

pesquisas em várias fontes nos últimos dois anos. 

   O método de pesquisa que acabou por ser escolhido para análise foi a pesquisa 

utilizando  o  motor  de  pesquisa  “Google”,  tendo  sido  pesquisadas  as  seguintes 

expressões: “brain drain Portugal” e “fuga de cérebros em Portugal”, sendo escolhidas 

as primeiras dez entradas de cada. Foram excluídas todas as referências anteriores a 

2010. 

 

5.1.6‐Os  média  e  os  profissionais  altamente  qualificados:  cruzamentos 

discursivos  

 

O  fenómeno  da  emigração  e  dos  emigrantes  são  temas  muito  focados  na 

imprensa, sendo, por outro lado, pouco analisados e sujeitos a críticas de discurso. Os 

estudos  já  feitos  baseiam‐se,  por  norma,  sobre  a  integração  e  descriminação  dos 

mesmos. 

Num  estudo  realizado  em  Portugal,  por  Ferin  e  Santos  cit  in  Araújo,  Emília  e 

Ferreira,  Filipe  (2006:68),  sobre  as  representações  dos  imigrantes  na  imprensa  e 

televisão, constatou‐se que o crime, a prostituição e a violência são os principais temas 

que aparecem associados aos imigrantes. 

Na  pesquisa  realizada,  a  imprensa  (jornais  de  grande  tiragem)  dá  destaque  a 

Portugal  não  conseguir  manter  os  portugueses  que  se  destacam  no  Mundo;  já  a 

imprensa (mainstream) dá mais destaque a histórias individuais de sucesso, ao espirito 

  

Desemprego e população qualificada 

18  

aventureiro  e  ao  esforço  dos  mesmos.  Referem‐se  ainda  argumentos  de  ordem 

politica,  argumentos  esses  que  são  derrotistas  em  relação  aos  fluxos  de  partida  de 

Portugal. 

Os emigrantes qualificados são dos principais temas de notícia. Tal pode ser visto 

numa óptica positiva por evidenciar como Portugal prepara bem os seus cidadãos; ou, 

numa óptica negativa, por Portugal não conseguir manter os seus cidadãos. 

 

5.1.7‐Panorama:media estrangeiros 

  

A imprensa estrangeira tem apresentado algum interesse pela “fuga de cérebros” 

de Portugal para o estrangeiro. 

Na análise a algumas notícias e  reportagens  realizadas entre os anos de 2010 e 

2012,  conclui‐se  que  estas,  na  maioria  dos  casos,  partem  do  contacto  com  os 

portugueses emigrados onde se conta a história  individual de cada um, mas também 

procura  caracterizar  a  situação  social  e  económica  do  país;  mas  também  podem 

limitar‐se a falar das condições de vida no mesmo. 

A  imprensa  internacional  aponta  algumas  razões  para  a  emigração  dos 

portugueses, como as políticas de austeridades e desemprego. 

A imprensa estrangeira dá grande destaque à “fuga de cérebros” de Portugal para 

os  países  de  língua  portuguesa,  os  chamados  PALOP.  Estes  países  são  vistos  como 

alternativa aos profissionais qualificados portugueses, uma vez que estão em  franca 

ascensão,  sendo  que  alguns  destes  países  (Moçambique),  não  gostam  pois  tal 

configura concorrência para os seus profissionais. Curiosamente, muitos profissionais 

desses países tendem a emigrar. 

A imprensa referida também frisa que Portugal tem cada vez menos possibilidades 

de  atrair  os  seus  emigrantes  de  volta  e  isto  terá  um  grande  impacto  negativo  na 

economia,  pois  sem  os  cidadãos  qualificados,  Portugal  terá  mais  dificuldades  em 

recuperar economicamente. 

 

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

19  

5.1.8‐Panoramas:media portugueses 

 

A  imprensa portuguesa, entre 2010 e 2012, noticiou diversas vezes a emigração 

portuguesa,  mas,  ao  contrário  da  imprensa  estrangeira,  preferiu  focar‐se  nas 

vantagens da mesma e num discurso de negação sobre a “fuga de cérebros”, sendo 

que quando esta expressão aparece, vem num âmbito de posicionamentos políticos. 

Na análise das notícias, é varias vezes observável a tentativa de negação da “fuga 

de  cérebros”,  chegando  mesmo  a  considerar‐se  que  este  fenómeno  só  existe  na 

“cabeça” dos políticos e das respectivas elites. Estes defendem que quem emigra, só o 

faz pois procura um universo de trabalho que se baseie no talento, afirmando mesmo 

que os mais qualificados ficam no país e que, devido ás melhorias do recrutamento de 

investigadores, vêm até pessoas qualificadas de outros países. Normalmente, no seu 

discurso,  aproveitam  para  apelar  para  que  os  profissionais  qualificados    fiquem  no 

país. 

A partir do  ano de 2011,  surgiram notícias, em  vários órgãos de  imprensa, que 

apontavam que a “fuga de cérebros” existia, assumindo‐se que  isto acontecia devido 

ao desemprego. Salientava‐se que esta “fuga de cérebros” pode ser permanente, uma 

vez que Portugal não apresenta condições de encorajamento para eles voltarem. 

 

5.1.9‐Discussão de ideias principais 

 

Portugal  têm  uma  longa  história  e,  ao  analisarmos,  é  visível  as  tentativas  de 

aproximações políticas à Europa e ao Mundo, em geral. É possível observar que nos 

tempos que correm, o mundo da informação substitui a expressão “fuga de cérebros” 

por “mobilidade de cérebros”. 

Hoje em dia tem‐se verificado que a questão da migração e mobilidade têm ganho 

uma  onda  crescente  de  interesse mediático,  pois  verificou‐se  que  estas  podem  ser 

uma solução para a crise económica estrutural que está a assolar o Mundo. 

Ao legitimar‐se a “mobilidade de cérebros”, o discurso mediático pode ser visto de 

maneira  diferente,  uma  vez  que,  por  um  lado  pode  ser  uma  crítica  à  política 

governativa,  mas  pode  também  ser  um  incentivo  à  mesma,  podendo  por  vezes 

estimulá‐la e legitimá‐la. 

  

Desemprego e população qualificada 

20  

Portugal  sempre  foi um país de emigrantes, destacando‐se o  século XX onde os 

principais destinos de emigração eram a Venezuela, o Brasil e a América do Norte. A 

partir dos anos setenta, o principal local era a Europa e essa emigração caracterizava‐

se  por  ser  de  população  não  qualificada  e  analfabeta. O  que  levou  à mesma  foi  a 

extrema pobreza que assolava o país devido à  II Guerra Mundial e à guerra colonial. 

Esta emigração  ficou  ligada a estereótipos negativos, devido à ocupação profissional 

dos  indivíduos  (trabalhadores por  conta de outrem nas  áreas da  industria  e  serviço 

doméstico). 

O caso dos trabalhadores qualificados é diferente, uma vez que, por regra, não se 

centra nos mesmos espaços devido à sua elevada profissionalização. Aqueles podem 

procurar, dos vários locais, aquele que os favorece e lhes oferece melhores condições 

de vida, podendo, ou não, acalentar a vontade de voltar e ajudar o seu país de origem. 

Nos  anos  setenta,  tinha  lógica  caracterizar  as  mobilidades  dos  trabalhadores 

qualificados como actos migratórios, uma vez que havia a questão da distância física, a 

dificuldade de obter vistos de residência e ainda devido às barreiras fronteiriças; com 

as  questões  anteriores  a  serem  ultrapassadas,  o  termo  “migração”  tende  a 

desaparecer, pois os mercados de trabalho internacionalizaram‐se, passando a existir o 

termo de “mobilidade”. Enquanto alguns trabalhadores migram à procura de melhores 

condições de vida, outros movem‐se dentro das próprias empresas e instituições. 

É  bem  visível  a  diferença  dos  emigrantes  dos  anos  sessenta  e  setenta  dos 

emigrantes  actuais,  uma  vez  que,  estes  últimos  estão  muito  mais  preparados  e 

qualificados para a vida longe do país de origem, logo leva a que a nacionalidade não 

esteja  tão  presente.  Na  sociedade  de  informação  e  tecnologia  em  que  nos 

encontramos, diminui também a vontade e desejo de voltar ao país de origem. 

O termo “mobilidade” causa alguma controvérsia, dado que se refere à saída de 

profissionais qualificados para o estrangeiro o que vai reforçar esses países. Já os seus 

países  de  origem  vão  ser  privados  dos  seus  recursos  humanos  qualificados,  não 

conseguindo assim satisfazer as necessidades do resto da população. 

Finalmente, na  imprensa portuguesa, o termo de “fuga de cérebros” é negado e 

ocultado;  já a  imprensa estrangeira não tem duvidas que a “fuga de cérebros” existe 

em  Portugal,  motivada  pela  crise  económica,  o  desemprego  e  os  planos  de 

austeridade, sendo que os principais receptores desta “fuga” são os PALOP. 

  

Desemprego e população qualificada 

21  

 

Conclusão 

 

Para  concluir  depois  do  estudo  e  ponderação  sobre  o  tema,  foi‐nos  possível 

verificar que a emigração acontece quase desde o princípio dos tempos. A expressão 

“fuga de cérebros”, apesar de mais recente, é bastante controversa, pois é algo que dá 

uma má  imagem do país  e das políticas  governamentais dos países de onde  a  fuga 

parte. 

Ao  analisarmos  o  que  é  dito  na  imprensa  portuguesa  e  estrangeira,  sobre  a 

referida expressão, foi possível concluir que a  imprensa portuguesa nega e camufla o 

termo pois é algo desprestigiante para o país, enquanto que a  imprensa estrangeira 

frisa  a  existência  da  fuga,  chegando mesmo  a  apresentar  os  principais  destinos  da 

mesma, as ex‐colónias. 

Para finalizar, concluímos que a partida de população altamente qualificada é, por 

via da regra, negativa para os países de origem e positiva para os países receptores. 

 

Avaliação de uma página de Internet 

 

Para  a  avaliação  da  página  da  Internet  escolhi  a  página  da  OIT  (Organização 

Internacional do Trabalho). Fiz esta escolha, porque penso que para a realização de um 

trabalho  sobre desemprego e população qualificada, é quase obrigatório consultar a 

página da organização que estuda estas temáticas. 

Esta página fornece‐nos diversos temas como o emprego  jovem, as condições de 

trabalho, o desenvolvimento económico e social, a  igualdade e descriminação, entre 

outros.  É  possível  procurar  por  temas  como  o  emprego  juvenil,  segurança  social, 

migração laboral, entre outros o que facilita imenso a pesquisa por parte do visitante. 

O  site  em  avaliação  pode  ser  consultado  em  três  línguas:  francês,  espanhol,  e 

inglês; sendo que o ultimo é bastante importante pois é uma língua universal. 

Em  relação  ao  meu  tema,  é  bastante  útil,  pois  fornece  muitos  estudos  e 

informações, existindo imensos dados e gráficos sobre o tema em questão. 

  

Desemprego e população qualificada 

22  

Parece‐me que é uma página bastante fiável uma vez que é uma página de uma 

organização multilateral da Organização das Nações Unidas. 

Em  termos de estética é uma página apelativa. Apesar disso, é uma página com 

demasiada informação quando se abre, acabando por tornar‐se muito densa, algo que 

pode ser melhorado. Esta página não  implica nenhum custo para o utilizador e não é 

preciso adquirir nenhum software para o consultar. 

A única desvantagem da página é não ter a língua portuguesa. 

Esta  página  está  disponível  no  endereço:  http://www.ilo.org/global/lang‐‐

es/index.htm. 

 

   

  

Desemprego e população qualificada 

23  

CONCLUSÃO 

 

O  trabalho  que  agora  concluo,  permitiu‐me  adquirir  e  consolidar  novos 

conhecimentos  sobre  o  desemprego,  as  suas  causas,  as  suas  consequências  e  bem 

assim sobre as medidas que podem ser tomadas para o minimizar ou resolver. 

 

Julgo  ter  compreendido e  ter deixado  claro que o desemprego é um  fenómeno 

complexo, multicausal e de difícil resolução. 

 

O desemprego é um dos principais flagelos sociais dos dias que correm, afectando 

grande parte da população mundial. A Europa e Portugal não  fogem à  regra,  sendo 

que, no  caso português, a  taxa de desemprego  se agravou brutalmente  com a  crise 

que estamos a viver. 

 

Ao  contrário  do  que  se  possa  pensar,  o  desemprego  afecta  todas  as  pessoas, 

incluindo as mais qualificadas. Aliás, o desemprego dos jovens qualificados é hoje um 

dos  problemas mais  preocupantes,  em  particular  em  Portugal.  A  situação  é  de  tal 

forma desesperante que tem levado muitos jovens qualificados a emigrar. 

 

A emigração significativa de jovens qualificados pode constituir um duplo prejuízo 

para o país. Por um  lado, o país é  lesado por não aproveitar o  investimento  feito na 

qualificação  daqueles  jovens;  por  outro,  não  há  certeza  absoluta  que  os  mesmos 

possam regressar, o que pode constituir um prejuízo para o desenvolvimento.  

 

Apesar de  tudo,  a qualificação das pessoas pode  contribuir para  a minimização 

deste  problema  uma  vez  que  as  prepara  para  os  novos  desafios  do  mercado  de 

trabalho  e,  assim  sendo,  constitui  uma  ferramenta  útil  para  o  desenvolvimento  da 

economia. 

Outro dado relevante que extraí deste trabalho, é que as políticas que têm vindo a 

ser  adoptadas  para  fazer  face  a  esta  problemática  se  têm  revelado  ineficazes.  É 

necessário que os governos encontrem novas formas de abordar o desemprego, pois a 

  

Desemprego e população qualificada 

24  

sua  permanência  pode  levar  a  uma  crise  politica,  social  de  consequências 

imprevisíveis. 

 

Referências Bibliográficas 

 

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Relatorio.pdf 

   

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Desemprego e população qualificada 

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Ming, C. (s.d.). Coluna do Ming. Obtido em 22 de Outubro de 2013, de 

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Desemprego "recém‐licenciados": 

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Paulo Rajado, J. d. (s.d.). O desemprego em Portugal : uma análise ao nível dos 

concelhos entre 2001/2009. Obtido em 22 de Novembro de 2013, de Estudo 

geral: https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/20103 

 

Pordata. Alunos matriculados no ensino superior: total e por tipo de ensino ‐ Portugal. s.d. http://pordata.pt/Portugal/Alunos+matriculados+no+ensino+superior+total+e+por+tipo+de+ensino‐1018 (acedido em 30 de Outubro de 2013). 

 

Público. Taxa de desemprego sobe para 17,7%. 9 de Maio de 2013. Obtido em 30 de Outubro de 2013. http://www.publico.pt/economia/noticia/taxa‐de‐desemprego‐sobe‐para‐177‐1593850#/0  

 

Público. Situação de desemprego vai agravar‐se, prevê a OIT. Obtido em 22 de Outubro de 2013.http://www.publico.pt/economia/noticia/relatorio‐desemprego‐oit‐1581587#/ 

  

Desemprego e população qualificada 

26  

Revista crítica de ciências sociais. (s.d.). Globalização, desemprego e (nova) 

pobreza: Estudo sobre impactes nas sociedades portuguesa e brasileira. 

Obtido em 5 de Novembro de 2013, de Revista crítica de ciências sociais: 

Revista crítica de ciências sociais 

 

Varela, M. (2013). A população mais qualificada de sempre. Jornal de negócios. 

Obtido em 22 de Outubro de 2013. 

http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/miguel_varela/detalhe/a_populacao_mais_qualificada_de_sempre.html 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Desemprego e população qualificada 

27  

ANEXO I 

Texto base da ficha de leitura 

Araújo, Emília e Ferreira Filipe (2013), "A «fuga de cérebros»: um discurso 

multidimensional" in E. Araújo; M. Fontes e S. Bento, Para um debate sobre a 

mobilidade e Fuga de cérebros. Braga, Centro de estudos de Comunicação e 

Sociedade, 58‐82. 

 

 

   

  

Desemprego e população qualificada 

28  

Anexo II 

Análise da página da Internet