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Tinha todos os climas, todos os frutos, todos os numerais e animais úteis, as melhores terras de cultura, a gente mais valente, mais hospitaleira, mais

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Tinha todos os climas, todosos frutos,

todos os numeraise animais úteis, as melhores terrasde cultura, a gente mais valente,

mais hospitaleira, mais inteligente

e mais doce do mundo – o que precisava mais?

Tempo e um pouco de originalidade.

“Triste fim de Policarpo Quaresma”

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Não se trata de uma estética literária, mas um período de transição entre as tendências do fim do século XIX e o Modernismo. Compreende os vinte anos que antecederam a Semana de Arte Moderna de 1922.

Essa designação foi dada pelo crítico literário Tristão de Ataíde que, debruçando-se sobre a produção literária brasileira do século XX, isolou um grupo de escritores que, sem estarem inteiramente ligados a nenhuma das correntes nascidas no século XIX, já indiciavam alguns dos pressupostos temáticos e/ou formais do Modernismo.

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Não há uma linha ideológica ou estética dominante no período, mas sim ecletismo, isto é, a convivência de várias tendências diferentes, que terminam por amalgamar-se numa literatura de fôlego novo. Cada pré-modernista faz isso de maneira diferente.

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O moderno deve ser concebido como o apelo incessante pelo novo em oposição ao considerado antigo ou passado; sendo, portanto, um ponto de cisão respaldado e apreciado por significar, ao mesmo tempo, uma transformação nas formas de sentir, pensar e agir, e por implicar uma mudança nos padrões de comportamento e cultura que norteiam a relação entre o homem e o mundo. O moderno, em seu momento de aparição, comporta o traço da contemporaneidade, da atualidade e do novo.

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Para Antonio Candido (1985), o intelectual brasileiro vive inserido no jogo dialético que determina a sua produção literária – um jogo dialético marcado pelo contraste entre o local (substância de expressão) e os moldes herdados da tradição europeia (formas de expressão). Ele considera haver dois momentos decisivos na Literatura Brasileira: o Romantismo e o Modernismo – ambos como processo de autoafirmação.

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Em Prefácios e entrevistas, Lobato nos mostra, de forma humorística, essa função de dessacralização do sistema ideológico e imaginário do Romantismo: José de Alencar, com um viveiro de araras e graúnas e índios e até uma “virgem morena de lábios de mel”, que temos de traduzir para “índia cor de cuia, com o beiço humido de saliva”. (LOBATO, 1948, p. 47, aspas do autor).

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A rua em que estava situada a sua casa desenvolvia-se no plano e, quando chovia, encharcava e ficava que nem um pântano; entretanto, era povoada e se fazia caminho obrigado das margens da Central para a longínqua e habitada Inhaúma.

(BARRETO, p. 24, 1997)

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“CLARA DOS ANJOS”

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“agora é que tinha a noção exata da sua situação na sociedade. Fora preciso ser ofendida irremediavelmente nos seus melindres de solteira, ouvir os desaforos da mãe do seu algoz, para se convencer de que ela não era uma moça como as outras; era muito menos no conceito de todos.”

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“O subúrbio propriamente dito é uma longa faixa de terra que se alonga, desde o Rocha ou São Francisco Xavier, até Sapopemba, tendo para eixo a linha férrea da Central. Para os lados, não se aprofunda muito, sobretudo quando encontra colinas e montanhas que tenham a sua expansão; mas, assim mesmo, o subúrbio continua invadindo, com as suas azinhagas e trilhos, charnecas e morrotes. Passamos por um lugar que supomos deserto, e olhamos, por acaso, o fundo de uma grota, donde brotam ainda árvores de capoeira, lá damos com um casebre tosco, que, para ser alcançado, torna-se preciso descer uma ladeirota quase a prumo; andamos mais e levantamos o olhar para um canto do horizonte e lá vemos, em cima de uma elevação, um ou mais barracões, para os quais não topamos logo da primeira vista com a ladeira de acesso. Há casas, casinhas, casebres, barracões, choças, por toda a parte onde se possa fincar quatro estacas de pau e uni-las por paredes duvidosas. Todo o material para estas construções serve: são latas de fósforos distendidas, telhas velhas, folhas de zinco, e, para as nervuras das paredes de taipa, o bambu, que não é barato.”

(BARRETO, p. 94, 1997)

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“A quem em nossa terra percorre tais e tais zonas, vivas outrora, hoje mortas, ou em via disso, tolhidas de insanavel caquexia, uma verdade, que é um desconsolo, ressurte de tantas ruinas: nosso progresso é nomade e sujeito de paralisias subitas.

(LOBATO, p. 4,1978)

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“CIDADES MORTAS”

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“Esse remate furtado ao xará d’A Maravilha insinuou-se aos poucos na consciencia de Ernesto como coisa muito sua, propriedade artística indiscutível.A Maravilha, ora! Um miseravel caso de livro cuja existencia ninguem conhecia...Plagio? Como plagio? Por que plagio? É tão comum duas criaturas terem a mesma ideia... Coincidencia, apenas. E, além disso, quem daria pela coisa?Ernesto era literato.“Fazer literatura” é uma forma natural da calaçaria indigena. Em outros paises o desocupado caça, pesca, joga o murro. Aqui beletrea. Rima sonetos, escorcha contos ou tece desses artiguetes inda não classificados nos manuais de literatura, onde se adjetiva sonoramente uma aparencia de ideia, sempre feminina, sem pé e raramente com cabeça.”

(LOBATO, p. 66, 1978)

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"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, no primeiro lance de vista, revela o contrário(...). É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o homem permanentemente fatigado (...) Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.“

(CUNHA, 1999)

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“OS SERTÕES”