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S E B A S T I Ã O M A R T I N S Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida ANDRÉ KASSINDA EDIÇÕES SÍLABO

TINS SEBASTIÃO ANDRÉ KASSINDA - silabo.pt · serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor. Visite a Sílabo na rede Editor: Manuel Robalo ... sobre quem

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Page 1: TINS SEBASTIÃO ANDRÉ KASSINDA - silabo.pt · serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor. Visite a Sílabo na rede Editor: Manuel Robalo ... sobre quem

SEBASTIÃO JOSÉ ANTÓNIO MARTINS nasceuem Angola, em 1961. Actualmente frequenta o dou-toramento em Ciência Política no ISCSP (InstitutoSuperior de Ciências Sociais e Políticas) na Universi-dade de Lisboa.

Especializou-se em Estratégia, no mesmo Instituto,com a dissertação de mestrado

. Esta foi posteriormente adaptada a livro,publicado em 2015, com o título,

.

Bacharel em Economia, licenciado em Gestão, pós--graduado em Segurança Nacional e em Gestão apli-cada às Administrações Públicas, é, também, diplo-mado em Altos Estudos Internacionais.

Em Angola, foi chefe do Serviço de Inteligência e deSegurança de Estado, Ministro do Interior, Director--Geral do Serviço de Informações e Vice-Ministrodo Interior.

Exerceu funções de director Nacional de Planea-mento e Finanças do Ministério do Interior e doComando-Geral da Polícia Nacional, e de direcçãoe Chefia ao serviço do Ministério da Segurança deEstado.

Nos anos 80, integrou as FAPLA (Forças ArmadasAngolanas), atingindo a patente de Tenente-Coronel.

Em 1995, foi transferido em comissão de serviço parao Ministério do Interior/Polícia Nacional, onde fez car-reira, alcançando a patente de Comissário-Chefe quemantém actualmente.

A Subversão Polí-tica e a Revolução: Cenários Globais e a PerspectivaAngolana

Labirintos Mundiais:As revoluções pós-modernas e os caminhos daIncerteza Global

A vida de André Martins Kassinda – nascido no berço do pontomais alto de Angola, o Morro do Moco, em Nova Lisboa(Huambo) – mudará quando, na madrugada de 4 de Feve-reiro de 1961, parte rumo ao recém-independente Congo--Léopoldville. Aliou-se às forças de Holden Roberto e da UPA,porém, foi a sua cisão com este partido que iniciou o percursopolítico pelo qual se viria a destacar, procurando sempreoferecer uma alternativa à luta pessoal de Holden. AndréKassinda defendeu a transparência, o diálogo e o entendi-mento com as diferentes forças nacionalistas. Sem medo dasameaças daqueles a quem fazia frente, manteve até ao fim oseu carácter pacifista e dedicou a sua vida à causa angolanaem que acreditava.

Depois de um período de crescimento,nos anos de 1950, Angola ficou sobespecial atenção: era a «pérola negra»de Portugal, por ser uma das «Pro-víncias Ultramarinas» mais prósperas.Contudo, a suposta «harmonia» doregime colonial há muito que se encon-trava ameaçada e finalmente foi que-brada. A partir de 1961, a luta começoua ser sentida em todos os lugares, atémesmo nos mais difíceis de ocupar: noolhar das pessoas.

E foram tantos os seus combatentes...homens e mulheres lutaram, coloca-ram as suas vidas em perigo, porqueacreditavam num futuro independente,capaz de cobrir as lágrimas e o sanguedo momento. Alguns destes comba-tentes tornaram-se invisíveis, abafa-dos por uma História que para ser con-tada por vezes se simplifica.

Esta obra é, também, uma homenagemaos que ninguém relembra. Hoje cele-bramos a memória de André MartinsKassinda, amanhã celebraremos outrase assim construiremos a História deum povo, que se conseguiu pela vidadas pessoas de outrora.

S E B A S T I Ã O M A R T I N S

Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida

ANDRÉ KASSINDA

E D I Ç Õ E S S Í L A B O

Na luta de libertação não há concepções de partido único,nem de proliferações de partidos, o que há é o reagrupamentode todos os combatentes numa força que possa quebrar os rinsao colonialismo e satisfazer as ambições do povo em luta.

Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida

ANDRÉ KASSINDA

ANDRÉ KASSINDAU

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Ideal, Um

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André Kassinda, ,29 de Setembro de 1965

Le Courrier d'Afrique

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A ti meu irmão, António Óscar Martins, que em corpo

recentemente me deixaste, mas que em espírito em

mim habitarás, pois aqueles que amamos nunca

morrem, apenas partem antes de nós.

Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem

os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.

(Êxodo 20:12)

Dedico este livro à minha inspiração, ao meu pai,

André Martins Kassinda.

O seu percurso é a prova de que o tempo não mata

quem um dia ousou ser livre.

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ANDRÉ

KASSINDA

Um Angolano,

Um Ideal, Uma Vida

SEBASTIÃO MARTINS

EDIÇÕES SÍLABO

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É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma

ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões

serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

Visite a Sílabo na rede

www.silabo.pt

Editor: Manuel Robalo

FICHA TÉCNICA

Título: André Kassinda – Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida Autor: Sebastião Martins © Edições Sílabo, Lda.

1.ª Edição – Lisboa, Julho de 2017.

Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. Depósito Legal: 428694/17

ISBN: 978-972-618-898-8

EDIÇÕES SÍLABO, LDA.

R. Cidade de Manchester, 2

1170-100 Lisboa

Telf.: 218130345

Fax: 218166719

e-mail: [email protected]

www.silabo.pt

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Índice

Agradecimentos 7

Glossário 11

O esboço de uma face encoberta... 15

Capítulo I

Os distintivos da história na construção do espírito

nacionalista angolano 21

Uma abordagem evolutiva das políticas coloniais portuguesas 23 A pérola negra do império português nos decénios de 50 e 60 do século XX 32

Capítulo II

A família e os primeiros anos 53

Capítulo III

Luanda no encalço de André Kassinda

e o presságio do conflito 69

Luanda (1940-1961) 71 O 4 de Fevereiro 76

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Capítulo IV

Congo-Léopoldville, a travessia para a fuga 83

Capítulo V

O vulto de um homem nas ideias e na acção política 97

As dissidências na UPA pela morte de um comandante 110 FNLA e GRAE: a recuperação do fôlego 123 O CPCP 127 A Comissão de Bons Ofícios reconhece o GRAE 133 A UNA 139 1964: um ano negro para Holden Roberto 148 1964: o ano da conferência no Cairo 153 O CPA 157 O assalto ao GRAE 172 No Katanga 199

Capítulo VI

Kinkuzu: o adiamento da liberdade anunciada 207

... O traço da alma viva 227

Cronologia 233

Fontes e bibliografia 239

Apêndice 261

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Agradecimentos

Começar do zero, do ponto em que não existem registos, porque

pouco ou nada se conhece...

Foi preciso partir o vazio do desconhecimento para se chegar à descoberta repousada nos arquivos empoeirados da memória.

Nenhum caminho se faz sozinho, pelo contrário... É da partilha de

saberes, de descobertas que brota o conhecimento. É da partilha de

«verdades» que se constroem interpretações para o mundo – do que passou e já não volta, deste que experienciamos e, ainda assim, pouco

conhecemos, ou do que virá, mas que nunca lhe chegaremos a aproxi-

mar o olhar.

Investigar, descobrir, além de ser uma jornada de solitude é uma marcha de comunhão. Só pela partilha foi possível «ressuscitar»

André Martins Kassinda, por pessoas que se entregaram a este pro-

jecto como se delas se tratasse. Pessoas que cuidaram de um desco-nhecido com uma dedicação genuína e com um compromisso fiel. O

André Martins Kassinda que hoje podemos revelar nestas páginas é

fruto desse olhar sensível.

Por tudo isto, o meu primeiro agradecimento é dirigido para a equipa de investigação que agarrou no meu sonho e se atreveu na

aventura da sua concretização: procurar uma vida e um homem numa

nação que ainda escreve a sua História. Esse sonho é agora este livro. Pela dedicação exigente a este compromisso, pela pesquisa etnográfica

e em arquivos e pelas entrevistas, um grande bem-haja.

Às pessoas que me abriram a porta das suas casas, me deram

horas das suas vidas e me desvendaram singularidades de um pai que nunca conheci. Quando a conversa acabava, não davam o seu contri-

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buto por terminado, telefonavam-me, dias, semanas ou até meses

mais tarde, para me revelar novas lembranças ou novas pistas que me pudessem ajudar. O empenho e o companheirismo comoveram-me em

cada conversa, em cada telefonema ou mensagem trocada. Um grande bem-haja a estas pessoas, Angolanos comprometidos com a História

do nosso país, cujas conversas me fizeram esquecer o relógio do tempo

presente. Minha família, meus amigos e meus companheiros, agradeço a todos vós: Maria da Conceição Martins; Lúcia Cambundo Gomes;

Ângelo Cambundo; Domingos José Bumba; Bumba Kindumbo; Edgar

Saturnino; Embaixador Emílio Guerra; Reverendo Gabriel Vinte e Cinco; Padre Abel João; Dombele Mbala Bernardo; Francisco Issingui;

Miguel Simião Dialó; Jorge Valentim; Ernesto Mulato; Faustino

Menezes; Siona Casimiro; Professora Maria Conceição Neto; Feliciano Guia; Bênção Cavila Abílio e Fausto Pinto.

Além dos meus compatriotas, agradeço, também, às distintas per-

sonalidades da República Democrática do Congo que trabalham actual-

mente ou passaram por instituições como o Canal Congo Télévision, a Assembleia Nacional, o jornal Le Progrès e o jornal Le Patriote, pelas

importantes informações concedidas, por meio dos vários contactos

que estabelecemos.

Reservo um agradecimento íntimo aos pilares da minha existência. Agradeço-te, Rosita, minha esposa e minha companheira de sempre, a

tua força e o teu carinho não me deixam resignar nunca. Sérgio, Yan-

nick e Jacqueline, meus queridos filhos, agradeço-vos a curiosidade sobre quem foi o vosso avô, indiscutível estímulo para este trabalho, e

a compreensão das horas que entre nós perdemos para que esta jor-

nada chegasse ao fim. Aos meus netos, Ivano, Kyara, Ian e Kaylane, com ternura e satisfação auguro que esta obra contribua para o vosso

crescimento, mostrando-vos alguns pedaços do vosso passado.

Dou graças a Deus, a quem sirvo em consciência pura, como já o

fizeram os meus antepassados, ao recordar-Te constantemente nas minhas orações, noite e dia. (2 Timóteo 1:3)

Agradeço-Te, pois, meu Deus, por me mostrares que sou prote-

gido, guiado e iluminado pela Vossa presença Divina.

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Obrigado, Senhor, pela luz espiritual que nos livra das trevas, pela

coragem para enfrentarmos as batalhas, pelos amigos que nos dão amor, pelos inimigos que nos fazem crescer e fortalecer, pelas derrotas

que nos ensinam a ser mais humildes e por todas as nossas vitórias diante de tantas adversidades.

Obrigado pela Tua grandeza, pelo Teu amor incondicional, pelo

Teu carinho, por cuidares da minha família e amigos e por nunca

desistires de mim, amparando-me nos momentos mais difíceis. Lou-vado seja o Teu Nome ontem, hoje e sempre!

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Glossário

A

ABAKO Alliance des Bakongo

ACOA American Committee on Africa

ADF Archives Diplomatiques Français

AHD Arquivo Histórico-Diplomático

AHM Arquivo Histórico Militar

AHU Arquivo Histórico Ultramarino

AJEUNAL Aliança dos Jovens Angolanos pela Liberdade

ALIAZO Alliance des Ressortissants de Zombo

AMA Associação das Mulheres Angolanas

ANC Armée Nationale Congolaise

ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo

ATD Associação Tchiweka de Documentação

B

BN Biblioteca Nacional

C

CGTA Confédération Générale des Travailleurs de l’Angola

CIDAC Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral

CISL Confederação Internacional dos Sindicatos Livres

CNE Comissão Nacional Executiva

COTONANG Companhia Geral de Algodões de Angola

CPA Conselho do Povo Angolano

CPCP Comité Preparatório do Congresso Popular Angolano

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1 2 A N D R É K A S S I N D A – U M A N G O L A N O , U M I D E A L , U M A V I D A

CPNIA Conselho dos Partidos para a Negociação da Independência de Angola

CRAM Centro Revolucionário de Aplicação Militar

CRP Conselho Revolucionário do Povo (embrião do CPA)

CSA Central Sindical Angolana

CSLA Conferência dos Sindicatos Livres de Angola

CUNA Comité pela Unidade Nacional Angolana

CVAAR Corpo Voluntário Angolano de Assistência dos Refugiados

E

ELNA Exército de Libertação Nacional de Angola

F

FDLA Frente Democrática de Libertação de Angola

FGTK Fédération Générale du Travail du Kongo

FNL Frente Nacional de Libertação

FNLA Frente Nacional de Libertação de Angola

FPP Frente Popular Progressista para uma Nova Angola

FRELIMO Frente de Libertação de Moçambique

FUL Front Uni de Libération de Guinée et du Cap Vert

G

GNP Gabinete dos Negócios Políticos

GRAE Governo Revolucionário de Angola no Exílio

J

JMAE Junta Militar Angolana no Exílio

JMPLA Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola

L

LGTA Liga Geral dos Trabalhadores de Angola

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G L O S S Á R I O 1 3

M

MDIA Mouvement de Défense des Intérêts de l’Angola

MNA Movimento Nacional Angolano

MNE Ministério dos Negócios Estrangeiros

MPLA Movimento Popular de Libertação de Angola

N

NATO North Atlantic Treaty Organization

NGUIZAKO Ngwizani a Kongo ou Aliança dos Conguenses de Expressão

Portuguesa

NTOBAKO Nto-Bako Angola

O

OMA Organização das Mulheres de Angola

ONU Organização das Nações Unidas

OUA Organização da Unidade Africana

P

PAI Partido Angolano Independente

PAIGG Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde

PDA Partido Democrático de Angola

PERINTREP Periodic Intelligence Report

PIDE Polícia Internacional e de Defesa do Estado

PNA Partido Nacional Africano

R

RDC República Democrática do Congo

S

SARA Serviço de Assistência aos Refugiados de Angola

SCCIA Serviços de Centralização e Coordenação de Informações de Angola

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1 4 A N D R É K A S S I N D A – U M A N G O L A N O , U M I D E A L , U M A V I D A

U

UGTA União Geral dos Trabalhadores de Angola

UGTT Union Générale Tunisienne du Travail

UNA União Nacionalista Angolana

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organi-zation

UNIP United National Independence Party

UNITA União Nacional para a Independência Total de Angola

UNTA União Nacional dos Trabalhadores de Angola

UPA União das Populações de Angola

UPG União Popular da Guiné

UPNA União das Populações do Norte de Angola

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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O esboço de uma face encoberta...

O meu lugar está marcado

no campo da luta

para conquista da vida perdida.

Eu sou. Existo.

As minhas mãos colocaram pedras

nos alicerces do mundo.

Tenho direito ao meu pedaço de pão

Sou um valor positivo

da Humanidade

e não abdico,

nunca abdicarei!

Agostinho Neto, Renúncia Impossível

Em Abril de 1961 – numa Luanda a ressacar da violência, imortali-

zada nas memórias contemporâneas dos episódios do 4 de Fevereiro e

do 15 de Março – um bebé tentava romper o ventre da sua mãe, con-trariando o terror das ruas pela vontade de viver. A auxiliar o parto

estavam duas primas e a avó materna do ainda não nascido – naquela

altura as «velhas» eram quase todas ágeis parteiras, habilidade agu-çada pela necessidade. Enquanto a mãe gritava de dor, pelo nasci-

mento, a avó abafava-lhe o grito, pelo medo. Ninguém o podia ouvir, o

círculo era apertado pelas milícias que patrulhavam os bairros a pente fino e que, por vezes, agiam cegas na inconsciência da vingança. O

medo era pelo bebé, que acabara de nascer e já a sua vida estava em

perigo.

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1 6 A N D R É K A S S I N D A – U M A N G O L A N O , U M I D E A L , U M A V I D A

Aquele bebé era eu, Sebastião José António Martins, filho de

Maria Sebastião Domingos da Silva e de André Martins Kassinda. Cresci com uma mãe, mas ao meu pai nunca o conheci. Inicialmente, a

sua ausência era apenas uma ligeira sensação, por não existir alguém a quem chamar pai, ainda assim, achava que ele existia algures, longe de

mim, e que um dia deveria voltar. Fui crescendo e comigo cresceu a

certeza de que afinal o meu pai não voltaria, porque não existia mais.

Honestamente, ele nunca existiu fisicamente para mim e nem mesmo o seu espírito se fazia sentir nas memórias lá de casa ou nas

conversas quotidianas que sempre imortalizam quem lhes é querido

por recordações felizes. O seu nome não era pronunciado, o que fez e para onde foi muito menos. Ainda muito jovem, percebi que o meu pai

era uma conversa proibida. A repressão tentava suprimi-lo da minha

vida, mas a minha imaginação e curiosidade nunca lhe cederam.

Cedente à insistência foi a minha mãe, que certo dia me confessou baixinho que «ele» fugiu, foi para o Congo-Leopoldville para se juntar

a um movimento de «guerrilha» que lutava pela independência do

meu país. Para trás, deixou uma mulher grávida que ansiava por notí-cias, mas que por ausência das mesmas tornou-se-lhe claro que a vida

seria para ser vivida em frente, mas sem «ele». Para seguir um cami-

nho, às vezes, é necessário esquecer-se, pôr uma pedra por cima. Qual a melhor forma para o esquecimento senão o silêncio?

Em silêncio, a minha mãe continuou e recomeçou: conheceu o

meu padrasto, militar, furriel da tropa portuguesa. Na altura era um

cargo social de referência, mas conflituante com o passado de uma «casa terrorista». Mais escondido o meu pai ficou e mais longe de mim

o senti.

Lembro-me, provavelmente, de numa das aulas da terceira ou

quarta classe, de se falar dos «terroristas» e das suas armas de «ter-ror». Havia um cartaz que denunciava os objectos perigosos que

devíamos memorizar e, obrigatoriamente, denunciar. Não tanto pelo

perigo que representavam para nós, mas sim pela capacidade da denúncia voluntária no combate ao «terrorismo», por habitantes dos

próprios lares. Quem apresentava o tal cartaz eram uns senhores que

visitavam a escola esporadicamente e que só mais tarde presumi

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O E S B O Ç O D E U M A F A C E E N C O B E R T A . . . 1 7

serem da PIDE. Diziam-nos em tom assustado: se virem estes objectos

em vossas casas denunciem logo, porque é muito perigoso. Faziam- -nos acreditar que quem os possuísse eram pessoas do mal, do terror e

do perigo e, por alguns momentos, julguei o meu pai por ser tudo isto e julguei-me por ser seu filho.

Mas a vida deu-me a oportunidade de rever esta convicção infantil

e voltar a reconhecer um pai sem temor.

Comecei a frequentar a casa dos meus avós paternos por volta dos

meus onze ou doze anos. Era certo para mim que o iria encontrar em fotografias e em memórias bem vivas naquela parte da família. Na

verdade, encontrei uma mãe – e minha avó, Madalena – profunda-

mente marcada pela perda do filho, cuja tristeza se manifestava em olhares repousados num infinito de angústia. Mas também a minha

avó sofria em silêncio.

As fotografias nem vê-las. Era quase como se o meu pai nunca

tivesse existido ali, a sua materialidade tinha sido apagada, não exis-tia, e apenas me restavam as lembranças das memórias caladas, silen-

ciadas, sobretudo, pelo medo. A PIDE não os largava, entre persegui-

ções regulares ou idas frequentes lá a casa, era urgente destruir tudo o que os ligava ao seu filho, André Martins Kassinda. Mas não só ao meu

pai, também ao meu tio José e, ao que tudo indica, ao meu tio Joa-

quim. Os meus avós paternos tiveram sete filhos e conheceram o mesmo destino a três deles, por fins da luta pela liberdade.

Ainda hoje se conta a história – nesses encontros familiares que

persistem – do cemitério de memórias que jazem ali em Quimone,

Luau. É contado principalmente pela minha prima, a Lúcia, filha da «velha» Maria da Conceição, irmã do meu pai. Conta que a minha avó,

o meu avô e os meus tios enterraram todas as cartas e fotografias dos

seus filhos em latas, para que a matéria das palavras e das imagens não se perdesse definitivamente. Quem poderia saber se as mesmas

mãos que as esconderam um dia não as poderiam resgatar para a cer-

cadura do lar?

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1 8 A N D R É K A S S I N D A – U M A N G O L A N O , U M I D E A L , U M A V I D A

Também eu desejei o dia do «desenterro», para poder olhar para

um pai, sentir-lhe o pulso e «ouvir» o que o afligia ou então perceber o que o determinava. No fundo, uma óptima desculpa para o poder

conhecer.

A primeira vez que o vi foi pela mão da sua irmã, a tia Conceição, que me mostrou uma fotografia propositadamente perdida no fundo

de um baú. Nesta primeira vez, não o consegui realmente ver: os tra-

ços eram difusos, gastos pelo peso do tempo, porém, pareceram-me delicados; as suas feições, imperceptíveis pelos tarecos que as com-

pactavam, ainda assim, pareciam formosas e o seu olhar... de um ama-

relado quase vaporoso, transparecido pela obrigatoriedade de o escon-der, em momento algum me transmitiu terror. É irónico perceber que

para se guardar a fotografia foi necessário escondê-la, no entanto, foi

tão bem escondida que se perdera em si.

A primeira oportunidade saiu frustrada, procurei pela segunda não pensando sequer no presságio de só à terceira ser de vez. E, felizmente,

não foi. Chegou até mim uma nova fotografia e desta vez nítida.

Num retrato em tons que variam entre o amarelo e o castanho, vi,

finalmente, aquele que dizem ser o meu pai: de cabeça ligeiramente inclinada para a direita, vestia um fato escuro, uma camisa branca e

uma gravata às riscas. Os seus olhos pareciam acompanhar um sorriso

muito subtil, o seu nariz e as suas orelhas pequenas ajudavam a supor-tar os óculos Ray-Ban que, por sua vez, ajudavam ainda mais a salien-

tar os maxilares já por si bem salientes. A sua postura dava-lhe um ar

de homem imponente, transparecida por uma atitude assertiva e por um olhar fixo.

As suspeitas confirmavam-se: os seus traços eram delicados; as

suas feições, sim, eram muito formosas e o seu olhar era, sem dúvida,

de paz. Era um homem vistoso, cuidado, mas a sua força de expressão, ou se preferirmos a sua linguagem corporal, parecia mostrar um

homem forte em decisão e em convicção.

Aquele era o meu pai. Assim que o consegui ver, tive a réstia de

certeza do que me faltava: aquele homem não podia ser um terrorista.

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O E S B O Ç O D E U M A F A C E E N C O B E R T A . . . 1 9

Embora já satisfeito por finalmente ter encontrado o seu rosto,

acho que foi neste momento que a jornada da procura começou. Depois de o ver, era preciso saber mais: recuperar-lhe o rasto; perce-

ber de que matéria era feito; entender que ideias lhe escorriam nas acções praticadas; ler, se escreveu, e ouvir a sua voz, se a registou. No

fundo, precisava de saber tudo sobre este homem para que ele pudesse

ter paz em mim. E foi assim que este livro começou.

Figura 1. André Martins Kassinda

Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

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Capítulo I

Os distintivos da história

na construção do espírito

nacionalista angolano

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era um prédio, talvez um mundo,

para haver um mundo basta haver pessoas e

emoções. as emoções, chovendo internamente no

corpo das pessoas, desaguam em sonhos. as pessoas

talvez não sejam mais do que sonhos ambulantes de

emoções derretidas no sangue contido pelas peles

dos nossos corpos tão humanos. a esse mundo pode

chamar-se «vida».

Ondjaki, Os Transparentes

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O S D I S T I N T I V O S D A H I S T Ó R I A N A C O N S T R U Ç Ã O D O E S P Í R I T O N A C I O N A L I S T A A N G O L A N O 2 3

Uma abordagem evolutiva das políticas coloniais portuguesas

Granjeadas com potencialidades económicas e estratégicas, as potências europeias, no término do século XIX, viraram-se para o

continente africano. Mas, em 1884, a Conferência de Berlim mediou a

corrida a África com a fixação de regras para a sua partilha e ocupação. O esquadro de delimitação do «continente negro» era então utilizado

com base em critérios fiéis às demais referências geográficas, a esses

pontos de posição que restringem lugares a limites fronteiriços e que negligenciam o respeito pelas disposições étnicas, culturais, familiares

das populações locais.

A Conferência de Berlim ditou, ainda, as regras que permitiriam

controlar realmente os territórios: reclamar um espaço somente com argumentos de quesitos históricos não seria suficiente. A legitimidade

de posse garantir-se-ia, desde então, a quem ocupasse, desenvolvesse,

povoasse e controlasse os territórios.1

Vetada a possibilidade de legitimar a ocupação de terras africanas pelo direito histórico, a monarquia portuguesa contraria esta condição

com a promoção de expedições e operações militares, só para provar a

sua existência. As designadas campanhas de «pacificação», desenvol-vidas após 1884, foram na realidade campanhas de conquista que

levaram à consolidação do poder colonial, à perda da autoridade dos

potentados locais e a um maior controlo governamental do interior.2 Se até ao final do século XIX os contactos entre Angola e a metrópole

haviam sido frágeis e os territórios africanos utilizados unicamente para

trocas comerciais desiguais e como zonas de ligação entre redes comer-ciais, com as novas regras de ocupação, derivantes da Conferência de

Berlim, a questão colonial é urgente para o decisório político.

(1) ALEXANDRE, Valentim; «Portugal em África (1825-1975): Uma Perspectiva Global» in

Penélope; n.° 11; 1993; pp. 60-61.

(2) NETO, Maria Conceição; in Town and Out of Town: A Social History of Huambo, 1902 –1961; School of Oriental and African Studies; London; 2012; p. 92.

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2 4 A N D R É K A S S I N D A – U M A N G O L A N O , U M I D E A L , U M A V I D A

Alguns laivos de liberalismo, ainda presentes na formalidade da

legislação colonial portuguesa, foram afrontados pelo Regimento da Administração da Justiça nas colónias de 1894, que previa a pena de

trabalho obrigatório para os indígenas, detidos como os «nativos do ultramar, de pai e mãe indígenas e que não se distinguem pela sua

ilustração e costumes de sua raça».1 Pela necessidade de aumentar a

produtividade das colónias, as forças portuguesas apelavam ao dever moral dos indígenas, para que se entregassem a actividades laborais

compulsivas durante seis meses, já que os colonos brancos, defendidos

por desculpabilizações do clima, da aridez e das doenças desconheci-das, não reuniam condições para a disponibilidade de força braçal. No

entanto, como é referido em Nova História da Expansão Portuguesa:

A lei admitia excepções, como os indígenas que tivessem capital, agri-

cultores por conta própria, os assalariados, e ainda os menores de 14 e

maiores de 60, assim como doentes, polícias, chefes e sobas. Contudo a

aplicação da lei deu azo a abusos, principalmente sob o argumento da

repressão da vadiagem.2

A saga da segregação racial irrompe, contudo, em 1899 com o

Regulamento do Trabalho Indígena que provoca uma fractura abissal

na população das colónias, dividida por indígenas e população civili-zada. Segundo este código:

[...] a obrigação do trabalho era vista como cumprida quando, a critério

das autoridades locais, os indígenas provassem ter capital suficiente,

ter produzido bens de exportação, ter cultivado terras por conta própria

em quantidade e dimensão fixadas pela administração, ou o exercício

de ofício ou profissão que lhes garantisse, a si e a seus familiares, níveis

de vida compatíveis com os padrões civilizados.3

(1) MENESES, Maria Paula; «O “indígena” africano e o colono “europeu”: a construção da dife-

rença por processos legais»; in E-cadernos CES; n.° 7; 2010; p. 82.

(2) FREUDENTHAL, Aida; «Angola»; in O Império Africano: 1890 – 1930; coord. A. H. de Oliveira Marques; de Nova História da Expansão Portuguesa; dir. Joel Serrão e A. H. de

Oliveira Marques; Ed. Estampa; Lisboa; 2001; p. 302.

(3) MENESES, Maria Paula; «O “indígena” africano e o colono “europeu”: a construção da dife-rença por processos legais»; in E-cadernos CES; n.° 7; 2010; p. 76.

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SEBASTIÃO JOSÉ ANTÓNIO MARTINS nasceuem Angola, em 1961. Actualmente frequenta o dou-toramento em Ciência Política no ISCSP (InstitutoSuperior de Ciências Sociais e Políticas) na Universi-dade de Lisboa.

Especializou-se em Estratégia, no mesmo Instituto,com a dissertação de mestrado

. Esta foi posteriormente adaptada a livro,publicado em 2015, com o título,

.

Bacharel em Economia, licenciado em Gestão, pós--graduado em Segurança Nacional e em Gestão apli-cada às Administrações Públicas, é, também, diplo-mado em Altos Estudos Internacionais.

Em Angola, foi chefe do Serviço de Inteligência e deSegurança de Estado, Ministro do Interior, Director--Geral do Serviço de Informações e Vice-Ministrodo Interior.

Exerceu funções de director Nacional de Planea-mento e Finanças do Ministério do Interior e doComando-Geral da Polícia Nacional, e de direcçãoe Chefia ao serviço do Ministério da Segurança deEstado.

Nos anos 80, integrou as FAPLA (Forças ArmadasAngolanas), atingindo a patente de Tenente-Coronel.

Em 1995, foi transferido em comissão de serviço parao Ministério do Interior/Polícia Nacional, onde fez car-reira, alcançando a patente de Comissário-Chefe quemantém actualmente.

A Subversão Polí-tica e a Revolução: Cenários Globais e a PerspectivaAngolana

Labirintos Mundiais:As revoluções pós-modernas e os caminhos daIncerteza Global

A vida de André Martins Kassinda – nascido no berço do pontomais alto de Angola, o Morro do Moco, em Nova Lisboa(Huambo) – mudará quando, na madrugada de 4 de Feve-reiro de 1961, parte rumo ao recém-independente Congo--Léopoldville. Aliou-se às forças de Holden Roberto e da UPA,porém, foi a sua cisão com este partido que iniciou o percursopolítico pelo qual se viria a destacar, procurando sempreoferecer uma alternativa à luta pessoal de Holden. AndréKassinda defendeu a transparência, o diálogo e o entendi-mento com as diferentes forças nacionalistas. Sem medo dasameaças daqueles a quem fazia frente, manteve até ao fim oseu carácter pacifista e dedicou a sua vida à causa angolanaem que acreditava.

Depois de um período de crescimento,nos anos de 1950, Angola ficou sobespecial atenção: era a «pérola negra»de Portugal, por ser uma das «Pro-víncias Ultramarinas» mais prósperas.Contudo, a suposta «harmonia» doregime colonial há muito que se encon-trava ameaçada e finalmente foi que-brada. A partir de 1961, a luta começoua ser sentida em todos os lugares, atémesmo nos mais difíceis de ocupar: noolhar das pessoas.

E foram tantos os seus combatentes...homens e mulheres lutaram, coloca-ram as suas vidas em perigo, porqueacreditavam num futuro independente,capaz de cobrir as lágrimas e o sanguedo momento. Alguns destes comba-tentes tornaram-se invisíveis, abafa-dos por uma História que para ser con-tada por vezes se simplifica.

Esta obra é, também, uma homenagemaos que ninguém relembra. Hoje cele-bramos a memória de André MartinsKassinda, amanhã celebraremos outrase assim construiremos a História deum povo, que se conseguiu pela vidadas pessoas de outrora.

S E B A S T I Ã O M A R T I N S

Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida

ANDRÉ KASSINDA

E D I Ç Õ E S S Í L A B O

Na luta de libertação não há concepções de partido único,nem de proliferações de partidos, o que há é o reagrupamentode todos os combatentes numa força que possa quebrar os rinsao colonialismo e satisfazer as ambições do povo em luta.

Um Angolano, Um Ideal, Uma Vida

ANDRÉ KASSINDA

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André Kassinda, ,29 de Setembro de 1965

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