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Título: A Eficácia de um Protocolo de Estratificação de Risco para Profilaxia de Tromboembolismo após Artroplastia de Quadril e Joelho”. Autores: Denis Nam, Ryan Nunley, Staci Johnson, James Keeney, John Clohisy, Robert Barrack. Centros: Washington University/Barnes-Jewish Hospital & University of Missouri. Neste trabalho os autores avaliam, de forma prospectiva, a incidência de tromboembolismo venoso (TEV) separando pacientes em grupo de baixo e de alto risco para TEV pós artroplastia de quadril e joelho. Foram considerados de alto risco pacientes com mais de 70 anos de idade, história de TEV prévio, neoplasias, estado de hipercoagulabilidade, comorbidades múltiplas, obesos, com história familiar de TEV ou com limitações de deambulação no pós-operatório. De um total de 3134 pacientes, 70,7% foram considerados de baixo e 29,3% de alto risco. Nos de baixo risco, a profilaxia foi feita com uso de compressores pneumáticos por 10 dias e aspirina (325 mg, 2 vezes ao dia) por seis semanas. Nos de alto risco, compressores durante a internação, meias elásticas por seis semanas e Warfarin por quatro semanas. A incidência de TEV foi estatisticamente igual nos dois grupos, quando avaliados após seis semanas (0,7% nos de baixo risco e 0,5% nos de alto) e após seis meses (0,6% nos de baixo e 1,1% nos de alto). Contudo, a incidência de sangramento importante foi estatisticamente maior nos de alto risco (2,0%) que nos de baixo (0,4%). Os autores concluem que é possível reduzir o risco de sangramento em artroplastias fazendo-se a estratificação de riscos em cada paciente, sem aumentar a incidência de TEV. Comentários: os autores realizaram este estudo para avaliação de seu protocolo específico de profilaxia de TEV em artroplastias de quadril e joelho. Há diversas limitações no desenho do trabalho, algumas provocadas por questões éticas, como a impossibilidade de randomizar pacientes de alto risco, e o uso de esquema de anticoagulação com Warfarin, não necessariamente aplicável para o emprego de outros esquemas medicamentosos. O uso de Warfarin é praticamente exclusivo dos EUA, e raramente utilizado no Brasil. Os aspectos positivos incluem o número expressivo de pacientes incluídos, a definição dos critérios de estratificação na prática dos autores, e o fato de ter havido redução significativa na incidência de fenômenos hemorrágicos graves nos pacientes de baixo risco. Este estudo fortalece a prática de adoção de medidas preventivas de TEV diferenciadas caso a caso, com menor risco de complicações importantes nos pacientes selecionados. O presente estudo abre possibilidades ao cirurgião de quadril e joelho de selecionar o regime de prevenção de TEV mais adequado a cada um de seus pacientes, e não apenas ficar direcionado a adotar um esquema único de profilaxia imposto por especialistas de outras áreas da Medicina, que não tem o compromisso direto da assistência de cada paciente. Nada mais adequado e seguro que o médico responsável pelo paciente, que no caso é o ortopedista, decida o que é o melhor ao seu paciente submetido a artroplastia total de quadril e joelho.

Título: A Eficácia de um Protocolo de Estratificação de ... · Título: A Eficácia de um Protocolo de Estratificação de Risco para Profilaxia de Tromboembolismo após Artroplastia

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Título: A Eficácia de um Protocolo de Estratificação de Risco para Profilaxia de Tromboembolismo após Artroplastia de Quadril e Joelho”.

Autores: Denis Nam, Ryan Nunley, Staci Johnson, James Keeney, John Clohisy, Robert Barrack.

Centros: Washington University/Barnes-Jewish Hospital & University of Missouri.

Neste trabalho os autores avaliam, de forma prospectiva, a incidência de tromboembolismo venoso (TEV) separando pacientes em grupo de baixo e de alto risco para TEV pós artroplastia de quadril e joelho. Foram considerados de alto risco pacientes com mais de 70 anos de idade, história de TEV prévio, neoplasias, estado de hipercoagulabilidade, comorbidades múltiplas, obesos, com história familiar de TEV ou com limitações de deambulação no pós-operatório. De um total de 3134 pacientes, 70,7% foram considerados de baixo e 29,3% de alto risco. Nos de baixo risco, a profilaxia foi feita com uso de compressores pneumáticos por 10 dias e aspirina (325 mg, 2 vezes ao dia) por seis semanas. Nos de alto risco, compressores durante a internação, meias elásticas por seis semanas e Warfarin por quatro semanas. A incidência de TEV foi estatisticamente igual nos dois grupos, quando avaliados após seis semanas (0,7% nos de baixo risco e 0,5% nos de alto) e após seis meses (0,6% nos de baixo e 1,1% nos de alto). Contudo, a incidência de sangramento importante foi estatisticamente maior nos de alto risco (2,0%) que nos de baixo (0,4%). Os autores concluem que é possível reduzir o risco de sangramento em artroplastias fazendo-se a estratificação de riscos em cada paciente, sem aumentar a incidência de TEV.

Comentários: os autores realizaram este estudo para avaliação de seu protocolo específico de profilaxia de TEV em artroplastias de quadril e joelho. Há diversas limitações no desenho do trabalho, algumas provocadas por questões éticas, como a impossibilidade de randomizar pacientes de alto risco, e o uso de esquema de anticoagulação com Warfarin, não necessariamente aplicável para o emprego de outros esquemas medicamentosos. O uso de Warfarin é praticamente exclusivo dos EUA, e raramente utilizado no Brasil. Os aspectos positivos incluem o número expressivo de pacientes incluídos, a definição dos critérios de estratificação na prática dos autores, e o fato de ter havido redução significativa na incidência de fenômenos hemorrágicos graves nos pacientes de baixo risco. Este estudo fortalece a prática de adoção de medidas preventivas de TEV diferenciadas caso a caso, com menor risco de complicações importantes nos pacientes selecionados.

O presente estudo abre possibilidades ao cirurgião de quadril e joelho de selecionar o regime de prevenção de TEV mais adequado a cada um de seus pacientes, e não apenas ficar direcionado a adotar um esquema único de profilaxia imposto por especialistas de outras áreas da Medicina, que não tem o compromisso direto da assistência de cada paciente. Nada mais adequado e seguro que o médico responsável pelo paciente, que no caso é o ortopedista, decida o que é o melhor ao seu paciente submetido a artroplastia total de quadril e joelho.