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TÍTULOS DE CRÉDITO 1. NOÇÕES HISTÓRICAS Os títulos de crédito surgiram nas épocas medievais. Cada cidade (feudo) possuía tudo para manter sua estrutura básica, inclusive moedas. O crédito era considerado tão importante que, no início, o credor poderia, até mesmo, condenar o devedor à morte. Esquartejavam esse devedor e as partes er am dividi da s en tre os credores que as pendurav am na porta de seu estabelecimento comercial, como medida intimidadora. Mais tarde, principalmente no Egito, continua a importância do pagamento das dívidas, só que o devedor era transformado em escravo. Posteriormente, já na Idade Média, o crédito passa a ser pago através das propriedades. No início, o credor poderia tomar posse de todos os bens que quisesse do devedor, indiscriminadamente. Atualmente, a contrapartida é mais justa, mas ainda há muito o que mudar. Voltando à Época Medieval: como cada feudo possuía a própria moeda, cada vez que os mercadores entravam nas cidades precisavam fazer o câmbio. Com o aumento da mercancia, aumenta, também, o fluxo de mercadores viajando com dinheiro e, consequentemente, o número de assaltos. Para evitá-los os mercadores começaram a diminuir a mercancia entre os feudos. As pessoas já acostumadas com as mercadorias trazidas dos outros lugares pelos mercadores exigem o re to rno do comércio e, assim, foi criada uma sociedade para fazer o câmbio para os comerciantes, ou seja, os BANQUEIROS. Os banqueiros inventaram um papel chamado de lettera di cambium e cada vez que os mercadores entravam em um feudo eles trocavam a lettera pela moeda local e, ao saírem, faziam o procedimento inverso. Esse tipo de título que era usado, se parece mais com a atual nota promissória do que propriamente com a letra de câmbio. COMENTÁRIOS: LETRA D E CÂMB IO - é um a ordem de pagamento.

Títulos de crédito II (44)

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TÍTULOS DE CRÉDITO

1. NOÇÕES HISTÓRICAS

Os títulos de crédito surgiram nas épocas medievais. Cada cidade (feudo)

possuía tudo para manter sua estrutura básica, inclusive moedas.

O crédito era considerado tão importante que, no início, o credor poderia, até

mesmo, condenar o devedor à morte. Esquartejavam esse devedor e as partes

eram divididas entre os credores que as penduravam na porta de seu

estabelecimento comercial, como medida intimidadora.

Mais tarde, principalmente no Egito, continua a importância do pagamento das

dívidas, só que o devedor era transformado em escravo.Posteriormente, já na Idade Média, o crédito passa a ser pago através das

propriedades. No início, o credor poderia tomar posse de todos os bens que

quisesse do devedor, indiscriminadamente.

Atualmente, a contrapartida é mais justa, mas ainda há muito o que mudar.

Voltando à Época Medieval: como cada feudo possuía a própria moeda, cada

vez que os mercadores entravam nas cidades precisavam fazer o câmbio.

Com o aumento da mercancia, aumenta, também, o fluxo de mercadores

viajando com dinheiro e, consequentemente, o número de assaltos. Para evitá-los

os mercadores começaram a diminuir a mercancia entre os feudos.

As pessoas já acostumadas com as mercadorias trazidas dos outros lugares

pelos mercadores exigem o retorno do comércio e, assim, foi criada uma

sociedade para fazer o câmbio para os comerciantes, ou seja, os BANQUEIROS.

Os banqueiros inventaram um papel chamado de lettera di cambium e cada

vez que os mercadores entravam em um feudo eles trocavam a lettera pela

moeda local e, ao saírem, faziam o procedimento inverso. Esse tipo de título queera usado, se parece mais com a atual nota promissória do que propriamente com

a letra de câmbio.

• COMENTÁRIOS:

• LETRA DE CÂMBIO - é uma ordem de pagamento.

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•  NOTA PROMISSÓRIA - teve suas origens nos romanos e desenvolveu-se através dos

gregos que tinham os chirographos, que eram uma casta especial, pois sabiam ler e

escrever (o que não era comum na época) e tinham a permissão de emitir as notas

 promissórias - eram simples obrigações de dívidas formuladas por escrito.

• CHEQUE - teve suas origens na Idade Média.• DUPLICATA - é especialíssima para o Direito brasileiro, pois é criação nossa e surge

com o art. 219 do Código Comercial brasileiro.

• Existem outros títulos de crédito: os títulos de crédito chamados impróprios, entre eles o

warrant , o conhecimento de frete, ações, debêntures, etc. O nosso estudo se baseará nos

títulos cambiariformes ou próprios (Letra de Câmbio, Nota Promissória, Duplicata e

Cheque).

2. CONCEITO

“Título de Crédito é o documento necessário para o exercício de um direito

literal e autônomo, nele contido”. (Césare Vivante in Trattado di Dirritto

Commerciale - Milão - 1812.

• DOCUMENTO - é representado por um papel que era chamado de cartula -

logo, é através da cartularidade que é possível exercer esse direito.

• NECESSÁRIO - é obrigatória a apresentação do documento para que o

direito possa ser exercido.

• LITERAL - tem que estar escrito no documento. Literalidade = vale o que está

escrito.

• AUTÔNOMO - não está vinculado a nada, ou seja, as obrigações nele

contidas são independentes entre si.

• NELE CONTIDO - o direito literal é que está contido no título de crédito.

• PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:

O título de crédito que possui todas as características é considerado um título

perfeito e são a Letra de câmbio e a nota promissória.

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a) Literalidade - é a subordinação do Direito ao teor específico do título - vale o

que está escrito - deve estar expresso em moeda nacional, a não ser que tenha se originado de

uma exportação (é um requisito do título de crédito).

b) Autonomia - significa que as obrigações cambiais são autônomas e

independentes uma da outra - se divide em dois subprincípios:

b.1) abstração - significa que o título, uma vez endossado, liberta-se da

causa que lhe deu origem.

b.2) inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa fé - não posso

propor nenhuma defesa contra o pagamento, ao portador de boa-fé, do título.

c) Cartularidade - é a necessidade de apresentar o título para exercer o Direito

Cambial (= documento necessário).

3. CLASSIFICAÇÃO

A classificação dos títulos de crédito se faz através de quatro princípios:

3.1) Quanto ao modelo:

a) LIVRE - a forma não precisa observar um padrão normativamenteestabelecido, ou seja, pode-se elaborar um título de crédito até

mesmo em casa - ex.: nota promissória e letra de câmbio.

b) VINCULADO - o direito definiu um padrão para o preenchimento dos

requisitos específicos de cada um - ex.: duplicata mercantil (nasce de

uma compra e venda a prazo ou da prestação de um serviço, logo, está vinculada à

nota fiscal) e cheque (uniformes, atendendo às normas de formatação do

BACEN).

3.2) Quanto à estrutura:

a) ORDEM DE PAGAMENTO - o saque cambial dá nascimento a três

situações distintas: a de quem dá a ordem, a do destinatário da ordem

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de pagamento e ao beneficiário - ex.: letra de câmbio, cheque,

duplicata mercantil.

b) PROMESSA DE PAGAMENTO - onde apenas duas situações jurídicas

emergem do saque cambial: a de quem promete pagar e ao beneficiário

da promessa - ex.: nota promissória.

3.3) Quanto às hipóteses de emissão (quanto à natureza dos direitos incorporados nos

títulos):

a) CAUSAIS - possuem causa necessária, isto é, só existem em função

de um determinado negócio fundamental e esse negócio especial

influencia a sua existência; sendo assim, os documentos trazem, nasdeclarações literais que contêm, referência ao negócio - são os títulos

que somente podem ser emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu

como causa possível para sua emissão - ex.: duplicatas, warrant ,

conhecimento de frete.

b) NÃO CAUSAIS ou ABSTRATOS - são aqueles em que os direitos

incorporados no título não se ligam ou dependem do negócio que deu

lugar ao nascimento do título - assim, ao portador ou qualquer 

obrigado não é permitido inquirir a causa do título, já que esse vale por 

si mesmo - podem ser criados por qualquer causa, para representar 

obrigação de qualquer natureza no momento do saque - ex.: letra de

câmbio, nota promissória, cheque.

3.4) Quanto à forma de circulação

Em relação ao ato jurídico que opera a transferência da titularidade do

crédito representado pela cartula, os títulos circulam:

a) AO PORTADOR - são aqueles em que não é expressamente

mencionado o nome do beneficiário da prestação - nessas condições,

será considerada titular dos direitos incorporados no documento a

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pessoa que com ele se apresentar (transmissível por mera tradição).

b) NOMINATIVOS - são os títulos cuja circulação se faz mediante um

termo de cessão ou de transferência - esses títulos trazem , sempre, o

nome da pessoa indicada como beneficiária da prestação a ser 

realizada.

c) À ORDEM - em tal caso, eles trazem os nomes dos beneficiários e,

contendo a cláusula esclarecedora de que o direito à prestação pode

ser transferido pelo beneficiário à outra pessoa - circulam mediante

tradição - ex.: Pague ao Sr. F., ou à sua ordem, ...).

d) NÃO À ORDEM - a clausula não à ordem retira do título uma das suas

principais funções (a livre circulação), fazendo com que o crédito não

seja facilmente usado pela circulação através de endosso - entretanto,o título não à ordem também pode circular, através de uma cessão, que

requer um termo de transferência, assinado pelo cedente e pelo

cessionário - como conseqüência da cessão, o cedente se obriga

apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores

do título - circulam mediante a tradição acompanhada da cessão civil

de crédito.

4. ESPÉCIES

4.1) PRÓPRIOS - são aqueles que encerram uma verdadeira operação de

crédito, subordinada, a sua existência, à confiança que inspiram os que

dele participam - são aqueles que preenchem todos os requisitos e

princípios do Direito Cambiário, bem como os seus atributos - ex.: letra

de câmbio e nota promissória.

4.2) IMPRÓPRIOS - são aqueles que não representam uma verdadeira

operação de crédito, mas, que revestidos de certos requisitos dos títulos de

crédito propriamente ditos, circulam com as garantias que caracterizam

esses papéis - ex.: ações, debêntures, conhecimento de depósito,

warrant , conhecimento de frete.

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• CARACTERÍSTICAS

• Dinamismo

• Formalismo

• Simplicidade

• Negociabilidade

• Executividade

PONTO II - LETRA DE CÂMBIO

1. Conceito

Entende-se por Letra de Câmbio uma ordem dada, por escrito, a uma pessoa,

para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem deste, uma

determinada importância em dinheiro. A letra de câmbio é um título de crédito,

dotado de literalidade e de autonomia das obrigações. Desempenha

importantíssima função econômica pela ampla utilização do crédito que

proporciona.

2. Diplomas legais que regulam a Letra de Câmbio, vigentes no Brasil:

• Decreto 2.044/1908 nas partes não derrogadas;

• Decreto 57.663/1966 que introduziu no Direito brasileiro a Lei Uniforme da

Convenção de Genebra de 07/06/1930, constante do Anexo I, excetuados

alguns artigos do Anexo II.

Tanto a lei brasileira n. 2.044, como a Lei Uniforme tratam da Letra de

Câmbio e da Nota promissória - são esses títulos diferentes, se bem que

tenham muitos princípios em comum - dada a existência de tais princípios, a

letra de câmbio e a nota promissória são chamadas de títulos cambiários ou,

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simplesmente, cambiais.

3. Figuras intervenientes

Na letra de câmbio os intervenientes possuem, no título, funções diversas:

3.1) SACADOR, SUBSCRITOR ou EMITENTE - é aquele que dá a ordem,

aquele que cria e emite a letra, dando a ordem de pagamento - é também

denominado credor.

3.2) SACADO ou DEVEDOR - é aquele a quem a ordem é dada, contra quem

a ordem é dirigida.

3.3) TOMADOR ou BENEFICIÁRIO - é aquele a favor de quem é emitida aordem - é aquele que porta o título e que fica no lugar do credor.

Em virtude do princípio da autonomia das obrigações cambiárias, e sendo

diversas as funções exercidas na letra por cada um desses elementos, uma

mesma pessoa, física ou jurídica, pode figurar no título como sacador, como

sacado e mesmo como tomador.

• COMENTÁRIOS:• Muitas vezes o sacador é também beneficiário - neste caso o sacado aceitante pagará

àquele que criou a letra de câmbio - ocorre nos contratos de alienação fiduciária, por 

exemplo, onde a financeira emite o título de crédito para que o sacado (a pessoa que está

alienando o carro) pague a ela mesma.

• Muitas vezes o sacador ocupa o lugar do sacado - A dá uma ordem para que B pague e

este não dá o aceite - o beneficiário vai cobrar do sacador.

• Todos os que fazem parte da obrigação cambiária são coobrigados (quem emite a letra é

que é o obrigado a pagar quando o sacado não paga).• A letra de câmbio é muito usada no comércio de importação e exportação.

• A letra de câmbio é sempre nominativa.

• Enquanto não houver o aceite não há qualquer obrigação por parte do sacado se houver 

uma dívida entre o sacador e o sacado, o primeiro tem outras formas admitidas em Direito

 para buscar o cumprimento da obrigação - se o sacador pagar ao beneficiário há o direito

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de regresso, mas não no Direito Cambiário, ou seja, nesse caso não há o que se falar em

execução.

• Quando houver o aceite, o sacado passa a ser coobrigado, mas o sacador também o é, e se o

 primeiro não pagar é ele quem assume essa responsabilidade.

• Todos se obrigam na relação, ou seja, são coobrigados e a responsabilidade pelo pagamentoé subsidiária e autônoma. Não confundir (o que é muito comum) SUBSIDIARIEDADE e

SOLIDARIEDADE - ex.: responsabilidade solidária é aquela do pai e da mãe na criação

e sustento dos filhos, ou seja, ambos são responsáveis - responsabilidade subsidiária é

aquela dos padrinhos ou tutores, que na falta dos pais são responsáveis pela criação e

sustento das crianças.

4. NATUREZA JURÍDICA

Documento de uma garantia formal de dívida abstrata de uma obrigação

pecuniária.

PONTO III - SAQUE

A Lei Uniforme, no Capítulo I do Título I, trata da criação e forma da letra de

câmbio, tendo a tradução brasileira, adotada pelo Decreto n. 57.663, substituído a

palavra criação por emissão. A Lei n. 2.044, intitulava o Capítulo I, DO SAQUE.

Em ambas as leis, nesses capítulos, é regulada a criação da letra, com os

requisitos essenciais para a sua validade. A criação, segundo tais dispositivos

legais, é equivalente à emissão.

Em resumo, temos que criar a letra é dar a forma escrita ao título e emitir éfazer o título, já criado, entrar em circulação. Com a criação da letra de câmbio,

alguém, denominado sacador, ordena a outra pessoa, chamada sacado, que

pague a um terceiro, designado tomador, em certa época, uma importância

determinada.

Sacador, sacado e tomador têm, na letra, posições definidas e diversas. E,

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como ao participarem do título, assumem direitos e obrigações autônomas (não

dependentes dos demais direitos ou obrigações dos que estão vinculados à letra),

sacado e tomador podem ser a mesma pessoa física ou jurídica que deu a ordem

(sacador). Não regesse o título o princípio da autonomia das obrigações

cambiárias, certamente isso não seria possível; mas, como a figura e a

responsabilidade do sacador, do tomador e do sacado divergem, pode, uma

mesma pessoa, física ou jurídica, constar na letra como aquele que dá a ordem

(sacador), beneficiário da letra (tomador) e o indicado para cumprir a ordem dada

(sacado).

REQUISITOS ESSENCIAIS NAS LETRAS DE CÂMBIO (art. 1o da Lei

Uniforme)

• A denominação “letra de câmbio”, inserta no próprio texto do título e expressa

na língua empregada para a redação desse título.

• O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada - na realidade a

 palavra mandato está mal empregada; deveria mandado, pois trata-se de uma ordem -

 puro e simples significa não sujeito a condição alguma.

• O nome da pessoa que deve pagar  (ou seja, do sacado) - pode conter ou não,

mais abaixo, a sua assinatura.

• O nome da pessoa a quem, ou à ordem de quem a letra deve ser paga (ou

seja, tomador) - não se admite ao portador .

• A indicação da data em que a letra é passada - somente poderá ser considerado

um título que vale por si mesmo, independente da causa que lhe deu origem, a partir da

data em que foi passado.

• A assinatura do sacador  - contendo, o título, uma ordem de pagamento, necessário

é que alguém responda por esse pagamento se a pessoa a quem ele foi ordenado não o

realizar - o sacador, que deve lançar sua assinatura na letra, necessita ser capaz para

 poder responder pela obrigação.

REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS NAS LETRAS DE CÂMBIO

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• Época do pagamento - a Lei Uniforme admite a existência e validade do título sem

esse requisito, uma vez que, semelhantemente à lei brasileira, dispõe que “a letra em

que não se indique a época do pagamento será pagável à vista”, ou seja, no ato da

apresentação (art. 2o, 2).

• Lugar do pagamento - quando se executa uma letra, pode-se faze-lo ou no lugar do

aceite ou onde deveria ser paga.

• Lugar da emissão - tem por finalidade saber qual a lei a aplicar nas relações

internacionais - só é permitida a ausência do lugar de emissão se constar da letra o

lugar do domicílio do sacador, que é o que vem ao lado do seu nome - havendo

omissão de ambos a letra não terá os efeitos da letra de câmbio.

Quantia determinada - letra de câmbio indexada - proibição somente paraas cambiais vinculadas a contrato de aquisição da casa própria pelo SFH em

razão de normas próprias autorizadas e aos contratos de crédito nacionais.

• Os requisitos devem estar totalmente cumpridos antes da cobrança do título

ou do protesto, não precisando constar do instrumento no momento do saque

(art. 3o do Decreto n. 2.044 em consonância com a súmula 387 do STF) -

caso contrário, o sacado pode alegar defeito formal do título.

PONTO IV - ACEITE  (ato unilateral de vontade do sacado = não está obrigado a

aceitar a letra,

mas se o fizer, passa a ser o obrigado

 principal)

É ato cambial pelo qual o sacado concorda em acolher a ordem incorporada

pela letra de câmbio. É de livre iniciativa do sacado aceitar ou não a ordem

recebida. O aceite é ato exclusivo de sua vontade. Resulta da simples assinatura

do sacado no anverso do título; no verso, a assinatura vem seguida da palavra

“aceito” ou qualquer outra equivalente. O aceitante é o devedor principal da letra

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de câmbio.

• Vencimento antecipado da letra - a recusa do aceite é comportamento

lícito - neste caso, poderá o credor ou o tomador cobrar o título de

imediato, pois o vencimento, obrigatoriamente fixado pela cambial, é

antecipado com a recusa do aceite.

• Recusa parcial ou aceite parcial - também provocam o vencimento

antecipado da letra. Pode ser:

• Aceite limitativo - o aceitante concorda em pagar uma parte do valor 

do título;

• Aceite modificativo - é o aceite em que o sacado adere à ordem,

alterando parte das condições fixadas na letra, como por exemplo, a

época do vencimento.• Art.22 da Lei Uniforme - como evitar que a recusa do aceite produza o

vencimento antecipado da letra: o sacado poderá valer-se do expediente

previsto na lei, consiste na cláusula “não aceitável” (salvo nas hipóteses

proibidas pelo dispositivo legal) - a cláusula “não aceitável” faz com que o

 portador não possa antecipar o pagamento e não possa protestar por aceite.

Assim, o credor somente poderá apresentar o título ao sacado no seu

vencimento e para pagamento, portanto. Não tendo nenhuma

conseqüência excepcional para o sacador pois a recusa do aceite ocorre

após o vencimento do título, época em que ele, o sacador, já deveria estar 

preparado para honrá-lo.

• COMENTÁRIOS:

• Exemplo: José (SACADOR) Antônio (SACADO) Pedro (TOMADOR)

Se Antônio aceitar o título ele passa a ser o sacado aceitante, tornando-se, assim, o

obrigado principal - se não aceita está fora da obrigação cambial

• Existe um prazo para que o tomador do título vá buscar do sacado o aceite: 1 ano a contar 

da data do saque.

• Exemplo: A letra de câmbio mais usada é a financeira:

EMPRESA FINANCEIRA PÚBLICO

Quando a Empresa emite a letra de câmbio é porque ela já recebeu da Financeira; se esta

não pagar, o Público vai à Empresa.

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• PROTESTO - ato notarial que significa a comunicação da falta do aceite.

• Exemplo: Aceite sob condição - limitativo ou modificativo.

Marcos Carlos Ana = R$ 100,00

Ana pode ir direto a Marcos e pedir os R$ 100,00.

Carlos pode dar um aceite limitativo, afirmando poder pagar somente R$ 80,00 (de valor).Carlos pode dar um aceite modificativo, afirmando que só poderá pagar no prazo de 30

dias, ou em outra localidade, por exemplo (de forma).

PONTO V - ENDOSSO

Para que a letra de câmbio possa facilmente ser transferida e se opere a

circulação dos direitos de crédito nela incorporados, emprega-se um meio própriodos títulos de crédito chamado de endosso, que consiste na simples assinatura do

proprietário no verso ou anverso da letra, antecedida ou não de uma declaração

indicando a pessoa a quem a soma deve ser paga - com essa assinatura a

pessoa que endossa o título, chamada endossante, transfere a outrem chamado

endossatário, a propriedade da letra (L.U., art. 14) - nessa condição, o

endossatário ao receber a letra torna-se o titular dos direitos emergentes nela

contidos, podendo, assim, praticar todos os atos que se fizerem necessários para

resguardar a sua propriedade.

O endosso é ato cambiário que opera a transferência do crédito, representado

por título “à ordem”. A alienação do crédito fica condicionada, também, à tradição

do título, levando-se em conta o Princípio da Cartularidade. Já que se está

transferindo um direito, quem pode faze-lo é o possuidor do título.

• Partes: Endossante ou endossador = alienante do crédito.

Endossatário = adquirente.

• Somente o credor poderá ser o endossador - assim, o primeiro

endossante em qualquer letra de câmbio será sempre o tomador.

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• Não há limites para o número de endossos - quando o documento não é

suficiente, é possível anexar um papel que servirá como sua extensão - prolongamento da

letra.

• O endosso produz dois efeitos:a) Transfere a titularidade do crédito

b) Vincula o endossante ao pagamento do título na qualidade de

coobrigado (L.U., art. 15).

• COMENTÁRIOS:

• SOLIDARIEDADE - todos são responsáveis pela totalidade do pagamento. Na cadeia de

anterioridade pode-se desobrigar alguns e nos casos de limitação (aceite, aval, intervenção).

• SUBSIDIARIEDADE - cada um é responsável pela totalidade do pagamento e tem ação

de regresso contra o(s) anterior(es) (uns contra os outros).

? Espécies de endosso:

1 - ENDOSSO PRÓPRIO

a) ENDOSSO EM BRANCO - quando não identifica o nome do

beneficiário transformando o título nominativo em ao portador,

transferindo o crédito por mera tradição - a assinatura é feita no verso

com a expressão “pague-se”, hipótese em que o endossante não fica

como coobrigado - desonera os demais coobrigados.

b) ENDOSSO EM PRETO - indica o nome do endossatário - pode ser feito

no verso ou no anverso.

2 - ENDOSSO IMPRÓPRIO  (aquele que não transfere a titularidade do título, mas,

somente o título) - Tipos:

a) ENDOSSO MANDATO - é aquele em que, por cláusula especial, oportador do título o transfere a outra pessoa, que passa a exercer todos

os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade

de procurador (L.U., art. 18) - legitima a posse - fica com a posse do

título mas não é proprietário dele.

b) ENDOSSO CAUÇÃO - cumprida a obrigação pelo penhor, deve a letra

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retornar à posse do endossante - dado como garantia; pago o débito a

instituição devolve o título.

c) ENDOSSO SEM GARANTIA - efeitos similares à cessão civil de

crédito - o endossante transfere a titularidade da letra sem se obrigar 

com o seu pagamento.

• O endosso de uma letra na qual foi inserida a cláusula “não à ordem”

também terá o efeito de uma cessão civil de crédito.

• É proibido o endosso parcial (L.U., art. 12).

• Tanto a cessão civil de crédito como o endosso são transferências de um

crédito a um determinado tomador.

• Diferença entre endosso e cessão civil de crédito:

ENDOSSO

• Instituto do Direito Cambiário.

• O endossante se obriga com a existência do crédito e pela solvência do

devedor.

• O endossante não poderá se opor ao pagamento total da letra alegando

não possuir mais fundos pois já pagou ao anterior endossador - essa

alegação não pode ser feita levando-se em conta o princípio da autonomia

(abstração e inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa fé).

CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO

• Instituto do Direito Civil.

• O cedente só se obriga com a existência do crédito.

• Pode se opor ao pagamento da letra alegando as relações anteriores entre

os coobrigados no título.

• Ocorre quando no título de crédito o endossador coloca a cláusula “não à

ordem”, ou seja, ele não se obriga com os posteriores endossantes - ex.:

“endosso à Simone e não à ordem” - quando se coloca “sem garantia”

não se garante nem a quem estamos passando o título - quando é feito

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após o protesto é chamado de endosso póstumo ou posterior.

PONTO VI - AVAL 

Entende-se por aval a obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de

garantir o pagamento da letra de câmbio nas mesmas condições de um outro

obrigado. É uma garantia especial, que reforça o pagamento da letra, podendo

ser prestada por um estranho ou mesmo por quem já se haja anteriormente

obrigado no título. A pessoa que dá tal garantia tem o nome de avalista e aquela a

quem ele se equipara, e por intermédio da qual é assumida a obrigação de pagar o título, denomina-se avalizado.

Para assumir tal obrigação o avalista necessita ser capaz, como, aliás, deve

acontecer com todos quantos se obrigam cambialmente.

Aval é a garantia pessoal de dívida (pagamento), de que a obrigação

constante do título de crédito será paga por um terceiro ou por um dos signatários

(muitas vezes o endossante ou o próprio sacador avalizam o título), prestada mediante

assinatura do avalista no anverso do próprio título ou em folha anexa.

O avalista é solidariamente responsável com aquele em favor de quem deu o

seu aval. a sua obrigação é autônoma e equivalente (ele é devedor do título da mesma

maneira que o avalizado - L.U., art.32) à obrigação do avalizado.

OBS.:

1) O aval pode ser prestado mediante a assinatura do avalista no anverso

do título ou no verso da letra com as seguintes expressões: “por aval”,

“bom para aval” ou qualquer outra expressão equivalente. Numa folha

anexa, o aval será dado através do prolongamento da letra.

2) Na falta de indicação (aval em branco) de quem está sendo avalizado,

entende-se que o aval foi dado em favor do sacador (L.U., art. 31)

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• COMENTÁRIOS:

• Se o aval for dado no verso com somente a assinatura do avalista (em branco), ele estará

avalizando o sacador.

• Pode haver uma cadeia de avalistas da mesma forma que se tem uma cadeia de

endossantes.• O avalista pode aparecer em qualquer lugar do título, avalizando qualquer uma das pessoas

e, com isso, aumentando a garantia do pagamento.

• O aval, como obrigação do Direito Cambiário, faz com que o avalista se obrigue no

 pagamento integral; logo, o direito de regresso é em relação ao pagamento total do título e

não em cotas partes como no Direito Civil.

• DA SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA E DA SOLIDARIEDADE PASSIVA NO

DIREITO CIVIL

A obrigação cambiária em geral (sacador, aceitante, endossantes ou qualquer 

avalista) é, muitas vezes, conceituada como solidária porque o credor pode exigir 

a totalidade do valor do título a qualquer um dos devedores. Deve-se acentuar 

que essa noção doutrinária não é tão apropriada no Direito Cambiário, pois o

exercício do direito de regresso neste não segue as mesmas regras da

solidariedade passiva do Direito Civil (assim, regressivamente, obedecendo a uma

ordem na satisfação da obrigação).

• DA SOLIDARIEDADE ENTRE AVALISTAS NO CASO DE AVAIS

SIMULTÂNEOS 

Existem duas correntes: a majoritária fala que inexiste solidariedade entre

avalistas no caso de avais simultâneos uma vez que as obrigações cambiárias

são independentes entre si; cada avalista responde somente, ele próprio, pelovalor integral da dívida. Isso significa que, se um avalista pagar sozinho o valor do

título, não lhe assistirá o direito de exigir dos demais avalistas a divisão

proporcional do valor pago.

Deve-se distinguir o que seja aval simultâneo de aval sucessivo:

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• AVAL SIMULTÂNEO - mais de um avalista assume a responsabilidade de

pagamento do título em favor de um mesmo devedor - neste caso, os dois

se encontram na mesma situação jurídica - obrigação solidária -

pagamento total - não é permitida a divisão proporcional do valor pago.

• AVAL SUCESSIVO - o avalista garante o pagamento de um título em

favor de um devedor que tem a sua obrigação garantida por um outro aval

e assim por diante na cadeia dos signatários ou coobrigados no título -

obrigação subsidiária.

OBS.: a equivalência nas obrigações do avalista e do avalizado será sempre

observada como uma obrigação autônoma. Quando se fala nesta equivalência

é que o portador do título tanto pode executar o aceitante como o avalista,mas isso não se refere à mesma extensão da obrigação do avalizado - ex.:

pedido de concordata preventiva pelo devedor - com a concordata o devedor 

tem uma diminuição no pagamento dos seus débitos através de um acordo

com os seus credores. O avalista, que não tem nada a ver com este acordo,

se for executado, deverá pagar o valor integral do débito e o seu direito de

regresso contra o devedor se fará pelo menor valor, ou seja, com o valor 

diminuído pelo acordo.

Exceções que o avalista poderá argüir em juízo (não poderá invocar matéria

 pertinente ao direito do avalizado):

1 - Direito pessoal próprio;

2 - Defeito formal do título;

3 - Falta de uma das condições da ação.

PONTO VII - VENCIMENTO (término do prazo estabelecido na letra tornando-a

exigível)

O vencimento da letra pode ser extraordinário ou ordinário:

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• EXTRAORDINÁRIO - se opera pela recusa do aceite ou pela falência do

aceitante (pois este é o obrigado principal), produzindo o vencimento

antecipado - o art. 43 da Lei Uniforme não considera a antecipação do

vencimento - o Professor Fran Martins assim o admite, mas Rubens

Requião (como a maioria dos doutrinadores) tem visão contrária.

• ORDINÁRIO - é aquele que se opera quando o título atinge o prazo nele

marcado, ou seja, que se opera pelo fato jurídico do tempo ou pela

apresentação da letra ao sacado, quando à vista. A letra de câmbio pode

ser passada: à vista, a certo tempo de vista, a um certo tempo da data e a

dia certo.

À VISTA - o vencimento da letra se verifica no ato da apresentação aosacado, para que ele a pague imediatamente - aceite e pagamento

têm o mesmo vencimento, ou seja, se confundem na mesma data -

ex.: “À vista desta única via de letra de câmbio, pagará V.S.a a

importância de . . .”

• A CERTO TEMPO DE VISTA - a letra vence para pagamento a tantos

dias ou meses da data do aceite - inicia-se a contagem desse prazo no

dia seguinte à data do aceite - ex.: “Três meses após o aceite, V.S.a

pagará, por esta única via de letra de câmbio, a Fulano, a importância

de . . .”

• A CERTO TEMPO DA DATA - aquele em que o dia do pagamento

será determinado a partir do momento em que a letra é sacada - em

termos de aceite, o prazo fica estabelecido entre a data do saque e a

data do vencimento - sendo o vencimento fixado para o “princípio”, o

“meado” ou o “fim” do mês, essas expressões devem ser entendidas

como o dia primeiro, o dia quinze e o último dia do mês - ex.: “Seis

meses desta data pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de letra de

câmbio, a importância de Um mil reais. Rio de Janeiro, 31 de Janeiro

de 2.000 - esta letra vencerá em 31 de Julho de 2.000 - caso o mês não tenha o dia

31, vencerá no último dia do mês.

• A DIA CERTO - o vencimento da letra de câmbio vem expressamente

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indicado na letra - é a modalidade mais comum - ex.: “Aos 31 dias do

mês de Agosto de 2.000, pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de

letra de câmbio, a importância de . . .”

PONTO VIII - PAGAMENTO

Pelo pagamento extinguem-se uma, algumas ou todas as obrigações

representadas por um título de crédito - uma ou algumas = quando o pagamento é feito

  por um dos coobrigados, desobrigando os posteriores e tendo ação de regresso quanto aos

anteriores; todas = ocorre quando a letra é paga pelo devedor principal.

O pagamento de uma letra de câmbio deve ser feito no prazo estipulado pela

lei, que difere segundo o lugar de sua realização. Para uma letra de câmbio

pagável no exterior, o credor deve apresentar o título ao aceitante no dia do

vencimento ou num dos dois dias úteis seguintes. No Brasil, recaindo este num

dia não útil, no primeiro dia útil seguinte (L.U., art. 38).

OBS.: o Professor Fran Martins diz que tanto no Brasil quanto no exterior a

apresentação para pagamento deve ser feita na mesma data, isto é, dois dias

após o vencimento - é o único que adota este pensamento, mas já existemalguns julgados admitindo essa posição.

Para fins de pagamento no Direito Cambiário/Comercial, considera-se dia útil

aquele em que há expediente bancário - excetuam-se os dias de greve, os dias

de meio expediente ou quando existe alguma medida do governo e é determinado

um feriado bancário.

O pagamento de uma cambial deve se cercar de cautelas próprias. Em

virtude do princípio da cartularidade, o devedor que paga a letra deve exigir que

lhe seja entregue o título e em decorrência do princípio da literalidade, deverá

exigir que se lhe dê quitação no próprio título - caiu em desuso pois o carimbo

do banco já é comprovante suficiente para comprovar o pagamento .

É admissível o pagamento parcial da letra de câmbio, observadas as cautelas

que a lei e a doutrina impõem neste caso.

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Uma obrigação cambial é de natureza quezível, ou seja, cabe ao credor a

iniciativa para a obtenção da satisfação do crédito.

• PAGAMENTO - ORDEM DE CÁLCULO - CADEIA DE ANTERIORIDADE E

POSTERIDADE

A letra de câmbio, como ordem de pagamento, deve ser apresentada segundo

o seguinte critério:

1 - O devedor principal (aceitante) é o primeiro a ser cobrado - se pagar 

esgotam-se todas as obrigações - o avalista estará sempre imediatamente

após o avalizado.2 - Se o devedor principal (aceitante) não pagar, apresenta-se a letra ao

sacador (ao seu avalista) e aos endossantes (e seus avalistas) seguindo um

critério cronológico.

3 - Alternativamente apresenta-se a letra ao avalista do devedor imediatamente

posterior ao avalizado.

OBS.: João Eunápio Borges diverge de Fran Martins quanto à apresentação da

letra ao sacado aceitante em primeiro lugar. Para o primeiro “a apresentação da

letra ao aceitante é ato preliminar e obrigatório a que se encontra condicionado o

pagamento do título de crédito”.

Problema: Antônio, sacador, emite uma letra de câmbio contra Benedito, que

aceita o título para pagamento em favor de Carlos. Carlos endossa o título para

Darci que endossa para Evaristo. Fabrício presta aval em branco. Germano

avaliza Benedito. Hebe Camargo avaliza Carlos e Irene Ravache avaliza Darci.

Pergunta-se:

1) Forme a cadeia de anterioridade e posterioridade.

2) Quem é o credor do título e a quem ele deverá se dirigir primeiro para obter a

satisfação de seu crédito ?

3) O que ocorre com a cadeia de obrigações caso o aceitante pague a letra ?

4) Se o aceitante não paga a letra e Carlos paga, o que ocorre com a cadeia de

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anterioridade e posterioridade ?

PONTO IX - INTERVENÇÃO

É o ato pelo qual uma pessoa, indicada ou não, aceita ou paga a letra por 

honra de outrem. A essa pessoa dá-se o nome de interveniente; procura, a

intervenção, evitar que a letra caia em descrédito pelo não acatamento da ordem

dada ou pelo não cumprimento da obrigação assumida (L.U., arts. 55 a 63).

O interveniente que paga a letra por honra do aceitante exonera deresponsabilidade os coobrigados regressivos uma vez que o aceitante é o

obrigado principal; tem ele (o interveniente) direito de ação contra o próprio

aceitante que não se livrou da obrigação cambial pelo fato de outro haver pago

por ele.

Se o pagamento é feito por honra de qualquer obrigado de regresso, ficam

desonerados os obrigados posteriores, permanecendo o direito de ação contra

por quem pagou e contra todos quantos na letra são obrigados anteriores a esse

(L.U., art. 63).

PONTO X - AÇÃO DE COBRANÇA E PROTESTO

A lei que regulamenta o protesto é a Lei 9.492/97.

Um título não aceito ou não pago no seu vencimento incidirá em uma ação de

cobrança que poderá ser provada por protesto cambial - ato notarial extrajudicial

de responsabilidade do portador do título.

Entende-se por protesto o ato solene destinado principalmente a comprovar a

falta ou recusa do aceite ou do pagamento da letra - o protesto apenas atesta

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esses fatos, não cria direitos e é um simples meio de prova para o exercício do

Direito Cambiário - com o protesto o juiz tem o convencimento de que o credor esgotou todas

as tentativas para a cobrança do título.

Se não forem observados os prazos fixados na lei para a extração do protesto,

o portador do título perderá o direito de regresso contra os coobrigados da letra,

permanecendo o direito contra o devedor principal - diante dessas

conseqüências da lei, a doutrina costuma chamar o protesto de necessário ( =

contra os coobrigados) ou facultativo ( = contra o devedor principal e seu avalista).

Tais conseqüências não se aplicam no caso da letra de câmbio contemplar a

cláusula “sem despesa”, “sem protesto” ou outra equivalente (L.U., art. 46), que

dispensa o portador de fazer um protesto por falta de aceite ou de pagamento,

para poder exercer os seus direitos de ação.

OBS.: Em uma letra de câmbio a certo tempo de vista que não contenha a data

do aceite deve, o portador, protestá-la para que o termo inicial do respectivo prazo

seja definido caso o aceitante, procurado, se recuse a datá-lo.

Compelido a comparecer em cartório para datar o título, se não o fizer, a

data do aceite pode ser pautada a partir da data do protesto ou considerar o

aceite praticado no último dia do prazo para a apresentação da letra (ou seja, um

ano da data do saque).

• AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO OU AÇÃO CAUSAL

Quando a letra de câmbio (e a nota promissória) encontra-se ligada a um

contrato original (ou seja, a existência do título fica presa ao cumprimento do

contrato de que resultou o título como condição para a perfeição daquele),

encerram-se todas as questões de direito abstrato (isto é, o título se desprende da

causa que lhe deu origem).

Em tais casos é admissível a oposição do devedor ao pagamento pelo não

cumprimento do contrato original - para comprovar esse direito o réu poderá

invocar a causa da obrigação, ou seja, o contrato de que a emissão do título era

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condição - se tal contrato não foi cumprido, ao emissor não caberá atender ao

pagamento, pois, se assim o fizer, provocará um enriquecimento indevido por 

parte do credor.

A admissão da ação causal por locupletamento ou enriquecimento ilícito por 

parte do credor é aceita pela doutrina e pela jurisprudência.

• AÇÃO CAMBIAL E PRESCRIÇÃO

• AÇÃO CAMBIAL

Se não for pago no vencimento, o credor poderá promover a execução judicial

do título de crédito contra qualquer devedor cambial, observadas as condições de

exigibilidade do crédito e a cadeia de anterioridade e posterioridade, jáexaminada.

Assim como a nota promissória, a duplicata e o cheque, a letra de câmbio vem

definida pela Lei Processual (art. 585, CPC) como título executivo extrajudicial (ou

seja, não é preciso provar nada, salvo na ação de locupletamento), cabendo a

execução do crédito correspondente.

• PRESCRIÇÃO

Para o exercício do direito de cobrança por via de execução a lei determina

prazos prescricionais (L.U., art.70) de:

• 3 anos - contra o sacado aceitante, o avalista do aceitante e

sacador;

• 1 ano - endossantes e avalistas dos demais coobrigados;

• 6 meses - dos coobrigados contra os demais coobrigados.

PONTO XI - NOTA PROMISSÓRIA

É uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.

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1. Figuras Intervenientes (somente duas pessoas intervêm na relação jurídica envolvendo a

nota promissória):

a) SACADOR, emitente, subscritor ou devedor  - na NP, sacador e sacado se

confundem na mesma pessoa e é o devedor principal da obrigação.

b) TOMADOR, beneficiário ou credor - em favor de quem o sacador fez a

promessa.

2. Requisitos (L.U., arts. 75 e 76)

São considerados requisitos não essenciais a data do pagamento, a indicação

do local de emissão do título ou, também, do domicílio do subscritor. Assim,

considera-se que o local da emissão seja o mesmo do pagamento, ou vice-versa.

3. Regime Jurídico

A Nota Promissória está sujeita às mesmas normas aplicadas com relação à

Letra de Câmbio, com as exceções estabelecidas pela Lei Uniforme (arts. 77 e

78) - são elas:

• Não há o que se falar em aceite pois ele se confunde com o próprio saque

e nem em vencimento antecipado por falta de aceite, pois ela já nasce com

ele - não é a corrente aceita por todos os autores - Fran Martins, João

Eunápio Borges e Waldemar Ferreira dizem que a NP, realmente, já nasce

aceita, mas que no momento em que o sacador emite a NP ele pode

propor uma data para a vista.

• O subscritor da NP é o seu devedor principal

• A lei prevê a mesma responsabilidade para o aceitante da letra e o

subscritor da promissória.

• PRESCRIÇÃO - o exercício do direito de crédito contra o emitente

prescreve em 3 anos contados a partir da data do vencimento.

• Também encontramos a previsão da Ação Cambial ou de Locupletamento

quando a NP encontra-se ligada a um contrato individual e onde for 

observado o enriquecimento ilícito por parte do credor.

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OBS.:

1) Todas as normas relativas à Letra de Câmbio serão aplicadas à Nota

Promissória naquilo que não desnaturar a essência do Título (L.U.,

art. 77) - ex.: as normas relativas ao aceite, ao vencimento

antecipado por falta do aceite e ao protesto por falta do pagamento.

2) VENCIMENTO A CERTO TERMO DE VISTA - a lei, em seu art. 77,

ajusta o regime da Nota Promissória ao da Letra de Câmbio - pelas

conclusões já analisadas, decorreria o entendimento de que tal

vencimento seria incompatível com a natureza do título, qual seja:

promessa de pagamento - o ajuste funciona a partir do visto na NP -

ex.: “30 dias após o visto, pagarei, por esta única via de NotaPromissória, a quantia de . . .” - o portador da nota tem o prazo de 1

ano a contar da data do saque para apresentá-la ao visto do subscritor 

- praticado o ato, começa a fluir o termo mencionado no título - se,

por outro lado, o visto é negado pelo subscritor, caberá ao portador 

protestar a NP, correndo o prazo do vencimento a partir da data do

protesto.

• DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE A LETRA DE CÂMBIO E A NOTA

PROMISSÓRIA:

• A Letra de Câmbio é uma ordem de pagamento e a Nota

Promissória é uma promessa de pagamento;

• Figuras intervenientes: Na Letra de Câmbio: sacador, sacado e

tomador.

Na Nota Promissória: sacador e tomador.

• Aceite: Letra de Câmbio: é ato facultativo e prerrogativa do

sacado.

Nota Promissória: aceite e saque se confundem, ou

seja, a NP já nasce com o aceite.

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PONTO XII - DUPLICATA

1) Conceito

É um título de crédito formal, que consiste em um saque fundado em crédito

concedido pelo vendedor ao comprador, baseado em contrato de compra e venda

mercantil ou de prestação de serviços celebrado entre ambos, cuja circulação é

possível mediante endosso.

É promessa de pagamento do preço estipulado numa compra e venda (contrato

consensual = se perfaz no momento em que o preço é estipulado) mercantil ou na prestaçãode serviços.

Além da duplicata comum, existem também a duplicata de prestação de

serviços e a duplicata rural.

• É um título de natureza vinculada, ou seja, apesar de serem autônomas as relações, o

 princípio da autonomia não se perfaz totalmente por estar, a duplicata, vinculada a um

contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.

2) Fatura

É o documento representativo do contrato de compra e venda mercantil, de

emissão obrigatória pelo comerciante, por ocasião da venda de produto ou de

serviço, descrevendo o objeto do fornecimento, quantidade, qualidade e preço

além de outras circunstâncias de acordo com os usos da praça.

3) Nota Fiscal - Fatura

É o documento que resultou do convênio firmado, em 1970, entre o Ministério

da Fazenda e as Secretarias de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, pelo

qual a nota fiscal passa a funcionar, também, como fatura comercial contendo as

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informações necessárias às finalidades tributárias.

4) Requisitos Essenciais

• Lei 5.474/68 (art. 2o) e Lei 6.068/75 (art. 3o).

5) Registro

A emissão da duplicata é facultativa. Somente será obrigatória se o

comerciante operar por meio de instituição financeira. Alternativamente, poderá

cobrar a fatura comercial de forma direta do comprador quando a venda for à

vista.Emitindo a duplicata, esta deverá ser registrada ou escriturada em livro próprio

do comerciante denominado Livro de Registro de Duplicatas.

6) Remessa e Devolução

A duplicata deverá ser apresentada ao devedor dentro de 30 dias da sua

emissão. Entretanto, se a remessa for feita por instituição financeira, o prazo será

de 10 dias.

Quando não for à vista, o prazo para o devedor devolver a duplicata ao

comerciante será de 10 dias, com o aceite ou acompanhada de documento

escrito explicando os motivos da não aceitação, se este for o caso.

7) Aceite e Pagamento

O aceite é obrigatório se a mercadoria for entregue de acordo com o

especificado ou o serviço prestado corretamente - nestes casos, pode haver 

protesto para pagamento se a pessoa não pagar o título.

Motivos que podem ser alegados pelo sacado para recusar-se a pagar a

duplicata:

a) mercadoria não entregue;

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b) mercadoria entregue, porém avariada, quando o transporte corre por conta

e risco do vendedor;

c) defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias;

d) divergências nos prazos ou preços pactuados.

8) Retenção

É permitido ao sacado reter a duplicata até a data do vencimento do título

desde que haja concordância expressa do sacador ( = vendedor) e da instituição

financeira, devendo o sacado comunicar por escrito que a aceitou e que irá rete-

la.

Caso na data do vencimento o sacado não pagar a importância devida, poderáo sacador promover a ação executiva ou protestar o título, fundado na

comunicação do sacado que aceitou o título e irá rete-lo. Esta comunicação

substitui a duplicata retida, para essas finalidades.

9) Protesto e Ação de Cobrança

A duplicata poderá ser protestada por falta de aceite, por falta de devoluçõ e

por falta de pagamento. O prazo para protesto é de 30 dias a contar da data do

vencimento. O protesto pode ocorrer mediante a prova de remessa ou entrega de

mercadoria. Essa forma de protesto supre a falta de aceite, podendo servir de

subsídio para fundamentar a ação de cobrança, pois é sabido que, de acordo com

a Lei 5.474/68, a duplicata é Título Executivo Extrajudicial.

A ação fundada na duplicata é a Ação de Execução, conforme o disposto no

art. 585, I, CPC.

10) Prescrição

O prazo de prescrição da ação de cobrança da duplicata é de:

• 3 anos - contra o sacado e respectivos avalistas, contados da data do

vencimento do título;

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• 1 ano - contra endossante e seus avalistas, contado da data do protesto;

• 1 ano, de qualquer dos coobrigados, contra os demais exercendo o direito

de regresso, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do

título.

11) Triplicata

É a reprodução da duplicata mercantil ou da prestação de serviços em caso de

perda ou extravio (Lei 5.474/68, art. 23). Caso o sacador emita uma triplicata tendo o

sacado pago a duplicata, este poderá entrar com uma ação para repetição de indébito.

12) Duplicata Simulada

É aquela expedida e/ou aceita sem que, efetivamente, tenha correspondência

à uma mercadoria vendida em quantidade ou qualidade ou a um serviço prestado.

CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA DA EXPEDIÇÃO OU DA ACEITAÇÃO DA

DUPLICATA SIMULADA: aquele que expedir ou aceitar duplicata simulada, bem

como o que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de

Duplicatas, incorrerá no crime de emissão de duplicata simulada, delito tipificado

no art. 172 do Código Penal.

PONTO XIII, XIV - CHEQUE

É uma ordem de pagamento, sempre à vista (ou seja, na data da

apresentação deve ser liquidado), sacada contra um banco ou instituiçãofinanceira que seja reputada como tal, com suficiente provisão de fundos, pelo

sacador em mão do sacado ou decorrente do contrato de abertura de crédito.

• É o título de crédito mais utilizado nas práticas mercantis atualmente - o Professor Fran

Martins o considera um título de crédito impróprio porque não atende a todos os requisitos dos

títulos, mas esse pensamento é minoritário.

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1. Diplomas Legais

O cheque é disciplinado pela Lei 7.357/85 e subsidiariamente pela Lei

Uniforme do Cheque promulgada pelo Decreto 57.595/66, naquilo que não foi

derrogada.

• Devemos observar, além dessas, todas as outras normas que regulam o cheque: tributárias,

CDC, instruções do BACEN, etc.

• De acordo com a Medida Provisória de 14/out/99, o extrato bancário de abertura de crédito é

considerado como título de crédito.

2. Requisitos - Art. 1o da Lei 7.357/85.

3. Figuras Intervenientes

• EMITENTE - é a pessoa autorizada a emitir cheques sobre os fundos

disponíveis, em virtude de um contrato (de abertura de conta corrente,

depósito ou abertura de crédito) - é quem dá a ordem de pagamento para o

sacado, após verificação de fundos, pagar - é, pois, o sacador da ordem.• SACADO - é o banco ou instituição financeira a ele equiparado, que detém os

fundos à disposição do sacador.

• BENEFICIÁRIO - é a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida

pelo sacador.

• O EMITENTE é que se obriga com o BENEFICIÁRIO.

• SACADO - EMITENTE - realizou com o banco um contrato de depósito, de conta-correnteou de abertura de crédito ( = cheque especial).

4. Pressupostos da Emissão (Lei 7.357/85, arts. 3o e 4o)

• O cheque é emitido contra banco ou instituição financeira que lhe seja

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equiparada, sob pena de não valer como cheque.

• O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado

a, sobre eles, emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. A

infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque.

• Art. 4o, §1o - a existência de fundos disponíveis é verificada no momento da

apresentação do cheque para pagamento.

• Art. 4o, § 2o - consideram-se fundos disponíveis:

a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não subordinados a

termo (ou de C/C, ou de depósito ou de abertura de crédito);

b) o saldo exigível de conta corrente contratual;

c) a soma proveniente dos dois.

5. Espécies

a) Quanto à circulação:

a.1 - AO PORTADOR (com valores de até R$ 100,00);

a.2 - NOMINATIVOS;

b) Quanto à forma:

b.1 - CHEQUE VISADO - Lei 7.357/85, art. 7o - é aquele em que o

sacado deve reservar, da conta corrente do sacador, em benefício do

credor, quantia equivalente ao valor do cheque, durante o prazo de

apresentação - esse tipo de cheque é visado pelo banco e não pode ser endossado.

É o cheque nominal, cujo montante é tranferido, no momento da

emissão, da conta do correntista para o próprio banco, ficando a quantia à

disposição do beneficiário legitimado.

Se o cheque visado não for apresentado dentro do prazo para a

apresentação, o banco devolve, para a conta do correntista, o montante

reservado.

b.2 - CHEQUE ADMINISTRATIVO - é aquele emitido contra a própria

instituição financeira (que é a sacadora). É também denominado cheque de

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tesouraria, de caixa ou bancário e é muito utilizado entre instituições

financeiras.

b.3 - CHEQUE CRUZADO - destina-se a possibilitar a identificação da

pessoa em favor de quem o cheque foi liquidado - tem-se o cruzamento

geral (entre os dois não há identificação) e o especial (quando, entre os

dois traços, existir a identificação do nome do banco).

b.4 - CHEQUE PARA DEPÓSITO EM CONTA - é aquele em que se

escreve transversalmente a expressão “para ser creditado em conta” - é

cheque escritural, apenas para ser contabilizado, e não para ser pago em

dinheiro.

OBS: a doutrina tem o cheque cruzado pelo cheque para depósito em

conta.

6. Endosso

O cheque tem a vocação de circular como título pela simples tradição; quando

não traz a menção do beneficiário circula ao portador.

O endosso é meio de transmissão do cheque, normalmente nominativo;

quando contiver a cláusula à ordem, mesmo que esta cláusula não conste do

título, será possível a sua transmissão através de endosso. Caso o cheque

contenha a cláusula não à ordem, sua transferência poderá ser dificultada pois

esta só se fará na forma de uma cessão ordinária de crédito, aplicando-se a ela

as mesmas regras do Direito comum.

O endosso somente poderá ser feito ao beneficiário do cheque ou a qualquer 

pessoa que tenha capacidade para recebe-lo, visto que, conceitualmente,

endossar significa transferir a titularidade de seu título - não é permitido o

endosso ao sacado e, se feito, valerá apenas como quitação, isto é, como prova

de que o pagamento da ordem foi feito pelo banco.

O endosso deve ser puro e simples, não podendo ficar subordinado à

condição alguma - é também nulo o endosso parcial.

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7. Aval

Do mesmo modo que acontece com a letra de câmbio, o cheque pode ser 

avalizado. O aval constitui uma garantia suplementar do título. O aval, no cheque,

pode ser dado de forma total ou parcial, assim como na letra de câmbio. Se o aval

não trouxer essa limitação, entende-se que ele foi dado na totalidade do cheque.

O avalista se responsabiliza pelo pagamento do cheque e não pelo pagamento de

uma certa pessoa (o avalizado), daí dizer-se que o “pagamento de um cheque

pode ser garantido, no todo ou em parte, por um aval prestado por terceiro ou

mesmo por signatário do título”.

8. Apresentação de Pagamento e Uso Indevido

O prazo para apresentação do cheque na mesma praça é de 30 dias. Em

praça diferente o prazo é de 60 dias.

Quando o cheque é apresentado e não há provisão de fundos no prazo de

apresentação, caracterizado está o crime previsto no art. 171, CP.

A inobservância do prazo para a apresentação não acarreta a perda do direito

de executar os endossantes e seus avalistas caso o cheque não tenha provisão

de fundos. A Súmula 600 do STF prevê que “cabe ação executiva contra o

emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no

prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”.

A exceção é feita quando durante o prazo para apresentação o sacador 

dispunha de fundos e o cheque não foi apresentado. Após o prazo o beneficiário

apresenta o cheque e não encontra a provisão de fundos. Neste caso, não dispõe

mais o portador da execução para receber o valor do título (mas isto não quer 

dizer que o cheque prescreveu, pois a prescrição só ocorre decorridos 6 meses a

partir do prazo da última apresentação).

O banco não tem nenhuma obrigação cambial, não garante o pagamento do

cheque, nem pode garanti-lo, pois a lei proíbe o aceite, o endosso e o aval parcial

de sua parte (Lei 7.357/85, arts. 6o; 18, § 1o e 29).

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Se o emitente pagar o cheque antes da denúncia, não ficará configurado o

crime de estelionato (art. 171, CP), mas, após a denúncia o fato ficará tipificado

como crime.

9. Cheque Pós-datado

Mesmo que a sua emissão seja de data posterior, o cheque é pagável na sua

apresentação, ou seja, à vista. No caso de falta de provisão de fundos e

observada a boa-fé, a jurisprudência tem um entendimento uniforme quanto a

absolvição criminal do sacador, embora a execução do título seja sempre cabível

pois é título executivo extra-judicial.

OBS.:

1) Princípio que assenta na Teoria da Responsabilidade Contratual -

obrigação de não fazer em virtude de acordo firmado entre o emitente e

o credor;

2) Apresentado ao banco, deverá ser pago à vista pois a instituição

desconhece o acordo e mesmo que tivesse ciência não estaria obrigada

a respeitá-lo pois o contrato “só faz lei entre as partes”.

3) Cabe indenização ao emitente pelo descumprimento da obrigação de

não fazer (oral ou escrita) - (Direito do Consumidor - Tutela):

3.1) Tendo provisão de fundos - indenização pela perda dos juros,

cheque especial, aplicações, etc.

3.2) Não tendo provisão de fundos - promovida a execução, terá, o

consumidor, o direito de, nos embargos, exigir a redução

proporcional do valor da cobrança para compensação dos

prejuízos que sofreu, em particular com o pagamento da taxa de

serviço de compensação bancária e demais encargos

contratuais, além de suportar o ônus da sucumbência

prosseguindo a execução pelo saldo remanescente, se houver,

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além do pagamento sobre o dano moral sofrido pelo emitente

pelo constrangimento de ter seu nome incluído no SERASA,

TELE-CHEQUE, CCF (Cadastro de Cheques sem Fundo), etc.

4) CONCLUSÃO - as partes deverão, sempre, honrar os seus acordos,

pois tal prática existe como alternativa de documentação de um crédito

no interesse das partes que poderiam adotar outros títulos.

OBS.: no intuito de solucionar controvérsias quanto à prática da

emissão de cheques pós-datados, onde não há possibilidade para o

Direito Comercial, acatá-lo como costume, tendo força de lei pois estaria

ferindo a lei do cheque que nos fala de uma ordem de pagamento à

vista. Assim, ao invés de ferir a lei, deveria haver um entendimento nosentido de não se permitir a liquidação bancária com data posterior à da

apresentação. Assim, sem desconfigurar a natureza do título, resolve-

se a questão de tal prática mercantil sem os constrangimentos que ela

acarreta.

O efeito do cheque é  pro solvendo ( = o que deve ser pago), isto é, até a

sua liquidação não extingue a obrigação a que se refere. As partes podem

pactuar efeito   pro soluto ( = a título de pagamento, ou seja, quando é pago

resolve-se a obrigação), mas apenas para o Direito Cambial.

10. Protesto

• AÇÃO DE COBRANÇA - a lei do cheque (Lei 7.357/85) declara que “o

portador pode promover a execução do cheque” (art. 47):

• Contra o emitente e seu avalista;

• Contra os endossantes e seus avalistas se o cheque for apresentado em

tempo hábil e a recusa do pagamento é comprovada pelo protesto ou por 

declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com a indicação

do dia de apresentação, ou ainda, por declaração escrita e datada por 

câmara de compensação.

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Qualquer destas declarações previstas na lei dispensa o protesto e produz

o mesmo efeito deste. O protesto deve ser feito antes de expirado o prazo

para apresentação (30 ou 60 dias dependendo se é ou não na mesma praça).

Os cheques pós-datados podem ser protestados pois são ordens de

pagamento à vista. O prazo prescricional da ação contra os obrigados no cheque,

se inicia a partir da expiração do prazo fixado para apresentação, que é contado

tendo-se por base a data do cheque. Tira-se, então, o protesto “antes de extinto o

prazo para apresentação”, mas o exercício da ação ao portador só prescreve

decorridos 6 meses contados da expiração do prazo para apresentação.

O protesto pode ser dispensado quando no cheque é aposta a cláusula “sem

protesto” ou “sem despesas” ou outra equivalente, assinada pelo emitente,endossante e/ou avalista. Também nos casos de insolvência comprovadamente

declarada, intervenção, liquidação ou falência do emitente.

• AÇÃO REGRESSIVA (responsabilidade solidária dos coobrigados) - Lei

7.357/85, art. 51 - a responsabilidade desses coobrigados (endossantes e

seus avalistas) é cambiariamente solidária, o que faculta ao portador agir 

contra um, alguns ou todos os coobrigados já que eles estão ligados pelo

vínculo da solidariedade imposto por lei.

11. Rito da Execução

O rito da ação do cheque é executivo e está regulado nos termos do art. 585,

I, CPC e o valor a receber é o da importância do cheque não pago, acrescida de

 juros moratórios, taxa legal e das despesas que houver feito com o protesto. A

proibição da lei na cobrança de juros é com relação aos compensatórios (art. 10)

e a permissão contida em seus arts. 52 e 53 se referem a juros moratórios, isto é,

devidos pela falta de pagamento.

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12. Ação de Enriquecimento Indevido

O portador que não exerceu a competente ação executiva (6 meses a partir da

expiração do prazo de apresentação) no prazo legal, contra o sacador ou

endossantes, tem o direito de agir, já não mais cambiariamente, mas em ação

comum, contra o sacador ou endossantes que hajam feito lucros ilegítimos às

suas custas. Não poderá agir contra os avalistas pois estes são sempre obrigados

cambiários e, prescrito o cheque, o documento perde a sua natureza cambiária.

• Art. 51, Lei 7.357/85 - a ação de enriquecimento pode, também, ser proposta

pelo réu (devedor) contra o autor. Se houver motivo para que a obrigação doemitente não seja cumprida em favor deste (réu ser credor do autor, p. ex.), tal

defesa pode ser apresentada com o intuito de liberar o réu do pagamento do

cheque (Ação de Locupletamento Ilícito ou Indevido, Repetição de Indébito).

13. Prescrição (Lei 7.357/85, arts. 59 a 62)

A ação de execução prescreve em 6 meses a contar da data em que expirou o

prazo para a apresentação ou da data do protesto.

A ação de enriquecimento decorrente do não pagamento do cheque prescreve

em 2 anos do dia em que se consumar a prescrição da ação de execução.

Não interposta a ação nos prazos acima mencionados, prescreveu os direitos

do portador à dita ação, perdendo o cheque a sua natureza cambiária. Poderá o

portador, alegando enriquecimento de outrem à sua custa (rito ordinário), entrar 

com uma ação ordinária de locupletamento cujo prazo prescricional é de 20 anos,

contando-se a partir dos 6 meses contados da expiração do prazo para

apresentação.

14. Revogação (art. 35) e Oposição ao Cheque Sustado (art. 36) 

• REVOGAÇÃO - também chamada de CONTRA-ORDEM;

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• Não precisa da previsão de fundos para revogar o cheque;

• O prazo para revogação começa a contar após expirado o prazo da

apresentação do cheque;

• A revogação não precisa ser motivada.

• OPOSIÇÃO OU CHEQUE SUSTADO - também chamada simplesmente

OPOSIÇÃO;

• Tem que haver provisão de fundos;

• Tem que ser realizada durante o prazo de apresentação do cheque;

• A oposição precisa ser motivada (R.O., perda, furto, etc.).

OBS.: Geralmente paga-se ao Banco dois reais por cada folha do chequesustado durante 6 meses, renováveis até 5 anos da comunicação da oposição.

PONTO XV - CONHECIMENTO DE DEPÓSITO E WARRANT  

1) Introdução

O empresário que deposita suas mercadorias em um armazém-geral e deseja

mobilizar o crédito correspondente ao valor das mercadorias antes de vende-las,

solicita dois títulos representativos de suas mercadorias contra a entrega dos

recibos de depósito: o Conhecimento de Depósito e o Warrant , o primeiro

representando as mercadorias depositadas e que legitima seu portador como

proprietário e o segundo que se destina à operação de crédito, dando sobre asmercadorias o direito de penhor. O conhecimento de depósito e o warrant nascem

ligados um ao outro, mas podem ser separados, circulando separadamente. Mas,

a entrega da mercadoria só é feita a quem exiba ambos os documentos.

São títulos representativos e de legitimação e sob essa denominação

costuma-se designar o instrumento jurídico que representa a titularidade de

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mercadorias custodiadas, e que se encontram sob os cuidados de um terceiro,

não proprietário (o Armazém Geral).

A emissão do Conhecimento de Depósito e do Warrant depende da solicitação

do depositante e substituem o recibo de depósito. Ambos são regidos pelo

Decreto n.º 1.102/1.903.

2) Armazéns Gerais

São empresas mercantis cujo objeto é a guarda e a conservação de

mercadorias pertencentes a terceiros que, não desejando vende-las

imediatamente, deixam-nas estocadas, emitindo recibo de depósito.

3) Recibo de Depósito

São recibos de entrega das mercadorias e o documento pelo qual o armazém-

geral meramente reconhece sua condição de depositário da mercadoria - atesta o

contrato de depósito mercantil, firmado entre o depositante e o armazém-geral - não é passível de

endosso.

4) Conhecimento de Depósito

É o título de crédito emitido exclusivamente pelos armazéns-gerais, que

representa as mercadorias lá depositadas e legitima seu portador como

proprietário dessas mercadorias - sua transferência é feita através de endosso.

5) Warrant 

É o título causal, emitido exclusivamente pelos armazéns-gerais, que

representa o crédito e o valor das mercadorias depositadas, constituindo uma

promessa de pagamento. O endosso do warrant  deve ser mencionado no

conhecimento de depósito para que o endossatário deste saiba que está

adquirindo mercadoria onerada, dada em garantia pignoratícia de obrigação

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assumida pelo endossante - é o verdadeiro título de crédito e se sobrepõe ao

conhecimento de depósito, ou melhor, os direitos do portador do warrant  preponderam sobre

os do portador do conhecimento de depósito.

6) Circulação e Negociação

Como já foi dito, os títulos podem ser negociados juntos ou separados, sendo

passíveis de endosso. Endossados, o conhecimento de depósito transmite a

propriedade das mercadorias depositadas e o warrant confere ao cessionário o

direito de penhor sobre essas mercadorias.

7) Liberação das Mercadorias

A liberação das mercadorias depositadas em armazéns-gerais, em relação às

quais foram emitidos estes títulos representativos, poderá ser feita apenas ao

legítimo portador de ambos os títulos.

Mas essa regra admite exceções:a) liberação em favor do titular do conhecimento de depósito endossado em

separado, antes do vencimento da obrigação garantida pelo endosso do

warrant , desde que se deposite, junto ao armazém-geral, o valor desta

obrigação (warrant );

b) execução da garantia pignoratícia, após protesto do warrant , mediante

leilão realizado no próprio armazém - cabe ação de regresso do titular 

do conhecimento de depósito para apurar o valor proporcional do crédito

em relação às mercadorias.

PONTO XVI - CONHECIMENTO DE FRETE

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1) Introdução

É o título representativo de mercadorias transportadas, emitido pela

empresa que recebe as mercadorias sendo contratada para transportá-las por via

aérea, marítima ou terrestre, até o seu destino.

Em princípio, o conhecimento de transporte era mero documento que se

destinava a comprovar o recebimento de uma carga pela empresa transportadora.

Como as empresas passaram a colocá-lo em circulação, mediante endosso, com

o objetivo de mobilizar os créditos nele contidos, esse documento passou a ter 

feição de título de crédito.

2) Legislação

Os principais diplomas legais vigentes no Brasil que regulam o conhecimento

de transporte são o Decreto 19.473/30, o Decreto 20.454/31 e o Código do Ar 

(Decreto-lei 32/66).

3) Figuras Intervenientes

Como a finalidade originária deste instrumento é a prova do recebimento da

mercadoria pela empresa transportadora e da obrigação que ela assume de

entrega a certo destino, surgem as seguintes figuras:

a) EMPRESA EMISSORA (TRANSPORTADORA) - pode ocupar, também, o

lugar de consignatário;

b) O DONO DAS MERCADORIAS que vão ser transportadas pode negociar 

o valor delas, mediante endosso;

c) O TITULAR DO CRÉDITO, PORTADOR, BENEFICIÁRIO ou

CONSIGNATÁRIO ( = credor);

d) Lançada a cláusula de penhor ou garantia, temos as figuras do

ENDOSSATÁRIO, que é o credor signatário do ENDOSSADOR (remetente

ou consignatário).

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4) Requisitos - Art. 2o, Decreto 19.473/30.

5) Mercadorias em Trânsito

De acordo com o art. 7o do referido Decreto, o remetente, consignatário,

endossatário ou portador, pode, exibindo o conhecimento, exigir o desembarque e

a entrega da mercadoria em trânsito, pagando o frete por inteiro e as despesas

extraordinárias a que der causa. Extingue-se o contrato de transporte e recolhe-se

o respectivo conhecimento. O endossatário em penhor ou garantia não goza

dessa faculdade.

6) Negociabilidade

Em algumas circunstâncias, no entanto, a lei veda a negociabilidade do

conhecimento de frete (inclusão da cláusula não à ordem no título), como p. ex., o

transporte de mercadorias perigosas ou de cargas destinadas a armazéns-gerais

(Decreto 51.813/63).

Em se tratando de conhecimento de frete negociável, o seu endosso transfere

a propriedade da mercadoria transportada, que deverá ser entregue pela empresa

transportadora, no seu destino, ao seu portador legitimado.

7) Perda ou Extravio - Art. 91 e parágrafos, Decreto 51.813/63.