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Todo Estado tem uma Constituição, em sentido amplo conforme foi acima conceituado. Nessa acepção ampla, a Constituição é simplesmente a forma de organização do Estado. O Direto Constitucional, segundo José Afonso da Silva, estabelece a estrutura do Estado, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e exercício do poder bem como a limitação desse poder, por meio, especialmente, da previsão dos direitos e garantias. Quanto a origem do constitucionalismo, identifica-se na Constituição dos Estados Unidos, de 1787, e na Constituição da França, de 1791. Ambas as Constituições são rígidas e escritas, inspiradas nos ideais do Iluminismo do século XVIII. A soberania é a capacidade do povo em tornar efetivas as suas decisões e a reger a sua vida interna sem a interferência de fatores externos. É o poder supremo que um Estado exerce dentro de seu território não reconhecendo

Todo Estado Tem Uma Constituição

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o estado e a cf

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Todo Estado tem uma Constituio, em sentido amplo conforme foi acimaconceituado. Nessa acepo ampla, a Constituio simplesmente a forma deorganizao do Estado.

O Direto Constitucional, segundo Jos Afonso da Silva, estabelece a estruturado Estado, a organizao de suas instituies e rgos, o modo de aquisio eexerccio do poder bem como a limitao desse poder, por meio, especialmente,da previso dos direitos e garantias.Quanto a origem do constitucionalismo, identifica-se na Constituio dosEstados Unidos, de 1787, e na Constituio da Frana, de 1791. Ambas as Constituies so rgidas e escritas, inspiradas nos ideais do Iluminismo dosculo XVIII.A soberania a capacidade do povo em tornar efetivas as suas decises e areger a sua vida interna sem a interferncia de fatores externos. o podersupremo que um Estado exerce dentro de seu territrio no reconhecendoqualquer outro equivalente ou superior.a soberania poder ser exercida inclusive atravs da coao fsicalegtima, como o poder de polcia. Quando a questo fala em monoplio dodireito positivo significa que somente o Estado pode criar as leis, que deveroser obedecidas por todos.

Constituio em sentido material (ou substancial) o conjunto de normas,escritas ou no, cujo contedo seja considerado propriamenteconstitucional. Portanto, sob o ponto de vista material, o que possui relevncia para acaracterizao de uma norma constitucional o seu contedo, poucoimportando a forma pela qual tenha sido inserida no ordenamento jurdico.

Constituio em sentido formal diz a respeito existncia, em um determinadoEstado, de um documento nico, escrito por um rgo soberano institudo comessa finalidade, que contm, entre outras, as normas de organizao da polticada comunidade e, sobretudo, que s pode ser alterado mediante processolegislativo mais rgido, e com maiores restries, do que o necessrio para aaprovao das normas no constitucionais.Ressalte-se que todas as normas em uma Constituio formal tem a mesmahierarquia. Ou seja, se uma norma est na Constituio, ento ela tem amesma validade de qualquer outra norma, independentemente se materialmente constitucional ou no.Portanto, o que define uma norma como constitucional a forma pela qualela foi introduzida no ordenamento jurdico, e no pelo seu contedo.Por isso, somente faz sentido falar em Constituio formal nos Estados dotadosde Constituio escrita e rgida como o caso do Brasil.

Conceito SociolgicoSegundo Ferdinand Lassale (concepo sociolgica), a Constituio conhecida como fato social, e no propriamente como norma. O textopositivo da Constituio, seria o resultado da realidade social do Pas, dasforas sociais que imperam na sociedade, em determinada conjuntura histrica. a Constituio de um pas a soma dos fatores reais de poder quenele atuam. Assim, a Constituio escrita s teria validade secorrespondesse Constituio que tivesse suas razes nos fatores reaisde poder.

Conceito PolticoConforme entendimento de Carl Schmitt (concepo poltica), a Constituio uma deciso poltica fundamental, qual seja, a deciso poltica do titulardo poder constituinte. a Constituio surge, a partir de um ato constituinte, fruto de umavontade e poltica fundamental de produzir uma deciso eficaz sobremodo e forma de existncia poltica de um Estado.Podemos, ento, estabelecer uma distino entre Constituio e leisconstitucionais:

Conceito JurdicoPara Hans Kelsen (concepo jurdica), a Constituio compreende umaperspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura normajurdica, como norma fundamental do Estado e da vida jurdica de umpas, paradigma de validade de todo o ordenamento jurdico e instituidora daestrutura do Estado. A Constituio , portanto, um sistema de normasjurdicas.Dessa forma, a Constituio no tem qualquer cunho sociolgico, polticoou filosfico. Trata-se de uma norma pura. Assim, a validade de umanorma jurdica positivada completamente independente de sua aceitao pelosistema de valores sociais vigentes em uma comunidade, tampouco guardarelao com a ordem moral, pelo que no existiria a obrigatoriedade de oDireito seguir aos ditames desta ordem moral.

Podemos, ainda, propor dois sentidos para a Constituio:o conceito poltico defendido por Carl Schmitt. Para ele,existe a Constituio, que formada pelas normas que organizam o Estado elimitam o poder estatal, e as "leis constitucionais", que so dispositivosinseridos no texto constitucional, mas que no trazem normas sobre a decisopoltica fundamental.O princpio da fora normativa da CF foi desenvolvido por Konrad Hesse,um positivista que defendia o sentido jurdico da constituio, muito maisprximo, portanto, ao conceito proposto por Kelsen.

CLASSIFICAO DAS CONSTITUIES

A Constituio do Brasil classificada em FORMAL (contedo),RGIDA (alterabilidade), ESCRITA (forma), ANALTICA (extenso),DOGMTICA (modo de elaborao), POPULAR (origem),NOMINATIVA (correspondncia com a realidade) e DIRIGENTE(finalidade) .

a constituio negativa sinnimo de Garantia, que aquela que se limita a trazer elementos limitativosdo poder do Estado.a CF-88 histrica, na verdade ela dogmtica, pois foi elaborada por um rgo Constituinte, consolidando opensamento que determinada sociedade possui naquele momento.

ENTRADA EM VIGOR DE UMA NOVA CONSTITUIOAs normas de uma nova Constituio projetam-se sobre todo o ordenamentojurdico, revogando o que for incompatvel; conferindo validade s disposiesinfraconstitucionais; e orientando todas as instncias de poder.Por isso, quando uma nova Constituio entra em vigor, as leis que somaterialmente compatveis com a nova Constituio sero aproveitadas.Enquanto as leis que so materialmente incompatveis sero descartadas.Essa verificao acerca da compatibilidade feita pelo controle decompatibilidade que subdividido em Controle de Constitucionalidade,Controle de Legalidade e Juzo de Recepo.

o Juzo de Recepo ocorre quando comparamos anova Constituio Federal com uma norma editada sob a vigncia deConstituies anteriores. Atravs desse controle de compatibilidadesaberemos se a norma pretrita a nova Constituio ser recepcionada ourevogada.

Inconstitucionalidade SupervenienteInconstitucionalidade Superveniente o fenmeno jurdico pelo qual umanorma tornar-se-ia inconstitucional em um momento futuro, depois de suaentrada em vigor, em razo da promulgao de um novo texto constitucional,com ela conflitante.Dessa forma, podemos tirar as seguintes concluses.Uma lei s pode ser considerada inconstitucional ou constitucional, emconfronto com a Constituio de sua poca.O confronto entre uma lei e Constituio futura no s resolve pelo juzo deconstitucionalidade, mas sim pela revogao (lei materialmenteincompatvel) ou pela recepo (lei materialmente compatvel)Uma lei no fica inconstitucional ao longo do tempo, ou ela j nasceinconstitucional ou ela revogada por uma eventual alterao na CF.

DesconstitucionalizaoA promulgao de uma Constituio no acarretaria, obrigatoriamente, arevogao global da Constituio passada. Seria necessrio analisar cadadispositivo da Constituio antiga, a fim de verificar quais conflitariam com anova Constituio, e quais seriam compatveis com ela.Portanto, os dispositivos da Constituio antiga, compatveis com a nova, aoserem recepcionados, ingressariam e se comportariam no novo ordenamentocomo se fossem meras normas infraconstitucionais.No pode ocorrer a descontitucionalizao no Brasil, poisno existe nenhuma disposio expressa quanto a esseinstituto.RepristinaoA nova Constituio no restaura, automaticamente, tacitamente, a vignciadas leis que no mais estejam em vigor no momento da sua promulgao.Por isso, a vigncia das leis s poder ser restaurada pela novaConstituio, mediante disposio expressa no seu texto. Ocorrer, nessecaso, o fenmeno denominado REPRISTINAO.

No existe repristinao tcita no Brasil. S existe a repristinaoexpressa.o princpio da unidade daconstituio, que diz que a CF una, no havendo contradies em seu texto.

INTERPRETAO DA CONSTITUIOpodemos dizer que cabe, aos operadores do Direito e, em ltimoinstncia, ao STF, interpretar a Constituio para que no haja contradiesentre as normas constitucionais.

Na corrente interpretativista, o Juiz tem pouca liberdade, j naNo-interpretativista, ele tem maior autonomia.O princpio do efeito integrador diz que havendo confronto entrenormas constitucionais, deve-se prestigiar as interpretaes que favoream aintegrao poltica e social e reforce a unidade poltica.

Mesmo que, num caso concreto, se verifique a coliso entre princpiosconstitucionais, um princpio no invalida o outro, j que podem e devem seraplicados na medida do possvel e com diferentes graus de efetivao. o princpio da harmonizao ou da concordncia prtica. quando se fala de princpios, no se fala em excluso, j que elespodem ser ponderados no caso concreto e assim ser concretizados em grausdiferentes. Isto faz com que os chamem de "mandados de otimizao".

a interpretao autntica que proferida geralmente pelo poder legislativo, editando leis interpretativas.

O Poder Constituinte o poder de elaborar e modificar normasconstitucionais. No Brasil, a titularidade do Poder Constituinte o POVO,pois s este tem legitimidade para determinar quando e como deve serelaborada uma nova Constituio, ou modificada a j existente.