DIREITO CONSTITUCIONAL · Estado, quem tem o poder de criar uma Constituição? ... - “É o poder que produz a Constituição e institui uma nova ordem jurídica estatal”

DIREITO

CONSTITUCIONAL

Profª. Liz Rodrigues

Teoria da Constituição

Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Reforma

(Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição

Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Reforma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição

- Se a Constituição é a norma jurídica fundamental que organiza um

Estado, quem tem o poder de criar uma Constituição?

- Canotilho, “o poder constituinte se revela sempre como uma questão

de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política que está em

condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou

eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da

comunidade política”.


- Art. 1º, par. único, CF/88: “Todo poder emana do povo, que o exerce

diretamente ou por meio de representantes eleitos, nos termos desta

Constituição”.

- Titular do poder constituinte: o povo.

- “É o poder que produz a Constituição e institui uma nova ordem

jurídica estatal” (Dantas) ou “a soberania a serviço do sistema

representativo” (Bonavides).


Poder Constituinte

Originário

Histórico

Revolucionário

Derivado

Reformador

Decorrente

Revisor


- Poder Constituinte Originário, Inicial, Inaugural, Genuíno ou de 1º

Grau: é aquele capaz de produzir uma Constituição.

- Rompe totalmente com a ordem jurídica precedente.

- Pode ser histórico (quando institui, pela primeira vez, um

determinado Estado – também é conhecido como “fundacional”) ou

revolucionário (atua quando o Estado já está consolidado, mas há um

rompimento com a antiga ordem).


- O poder constituinte originário pode se manifestar por outorga

(decisão unilateral do agente revolucionário) ou por convenção (ação

de uma Assembleia Nacional Constituinte).

- Poder Constituinte Derivado (Instituído, Constituído, Secundário, de

2º Grau ou Remanescente):

- É condicionado aos limites impostos pelo Poder constituinte

Originário.


- Modalidades:

a. Reformador: pode alterar a Constituição, por procedimento próprio,

sem que ocorra uma revolução.

- É o que promove as emendas constitucionais.

- Deve respeitar as limitações estabelecidas pelo Poder Constituinte

Originário, sejam elas formais (temporais, circunstanciais,

procedimentais) ou materiais (expressas ou implícitas).


b. Derivado Decorrente: também é um poder jurídico, limitado pelo

Poder Constituinte Originário e a sua função é estruturar a

Constituição dos Estados-Membros.

- Pode ser inicial, responsável pela elaboração da primeira constituição

estadual, ou de revisão estadual, que modifica o texto desta

Constituição.


- Art. 25, CF/88: “Os Estados organizam-se e regem-se pelas

Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta

Constituição”.

- Quais são esses princípios?

- Princípios Sensíveis.

- Princípios Estabelecidos.

- Princípios Extensíveis.


- Princípios sensíveis (art. 34, VII, CF/88): forma republicana, sistema

representativo e regime democrático; direitos da pessoa humana;

autonomia municipal; prestação de contas da administração pública,

direta e indireta e aplicação do mínimo exigido da receita resultante

de impostos estaduais, compreendida a proveniente de

transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas

ações e serviços públicos de saúde.


- Princípios estabelecidos: estipulam limitações ou vedações.

- Ex: laicidade (art. 19, I); proibição de intervir nos Municípios (art.

35); vedação de invadir competência (arts. 21 a 24); limitações ao

poder de tributar (art. 150).

- Princípios extensíveis: relacionados à estrutura da Federação.

- Ex: princípios e regras administrativas (arts. 37 a 41); regras

orçamentárias (art. 165 e seguintes).


c. Derivado Revisor: também é vinculado aos termos estabelecidos pelo

Poder Constituinte Originário.

- Por ele, tem-se um processo simplificado de alteração constitucional,

que não tem os mesmos requisitos aplicáveis às Propostas de

Emendas à Constituição.

- Art. 3º ADCT: “a revisão constitucional será realizada após 5 anos,

contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria

absoluta dos membros do Congresso, em sessão unicameral”.


- O Poder Constituinte Derivado Reformador é o poder de modificar a

Constituição, de acordo com o processo estabelecido pelo Poder

Originário.

- “Competência constituinte derivada” ou “constituinte de segundo

grau” (Silva).

- Previsão: art. 59, I, CF/88: “o processo legislativo compreende a

elaboração de: I - emendas à Constituição; [...] ”.


- Limitações Materiais : dizem respeito aos assuntos que não podem

ser abolidos por emenda constitucional.

- São dogmas que o Constituinte Originário não permitiu serem objeto

de reforma supressiva .

- Limitações materiais expressas : mencionadas na CF, art. 60, § 4º

(Cláusulas pétreas).

- Limitações materiais implícitas : deduzidas a partir de estudos

constitucionais


- Art. 60, §4º, CF/88: “Não será objeto de deliberação a proposta de

emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o

voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos

Poderes; IV - os direitos e garantias individuais”.

- Limitações Materiais Implícitas: titularidade do Poder Constituinte

Derivado; procedimentos de emenda constitucional; princípios

fundamentais; distribuição de competência entre os entes

federativos.


- Limitações Procedimentais : regras do processo legislativo para

criação de emenda constitucional.

- Limitações Circunstanciais : circunstâncias excepcionais que impedem

a reforma constitucional (anormalidade política) – veja o art. 60, §1º

da CF/88.

- Limite temporal : impossibilidade de reapresentação, na mesma

sessão legislativa, de matéria rejeitada (art. 60, §5º, CF/88).

• Inicial

• Autônomo

• Ilimitado

• Incondicionado

• Poder de fato

• Poder Político

• Permanente

Originário

• Secundário

• Dependente

• Limitado

• Condicionado

• Poder Jurídico

Derivado



- Reforma constitucional: modificação do texto, mediante mecanismos

definidos pelo constituinte originário.

- Mutações constitucionais: a mudança não está no texto, mas sim na

interpretação e no significado do texto constitucional. Observe que o

texto, em si, permanece inalterado – o que muda é a interpretação

que se faz dele.


- Mutações constitucionais são processo informais de mudança, que

demonstram o caráter dinâmico da constituição.

- São “descobertos” ou “atribuídos” novos sentidos que ainda não

haviam sido ressaltados. Isso pode se dar pela interpretação ou pela

construção, bem como pelos usos e costumes constitucionais (Bulos).


- Barroso: “a mutação constitucional consiste em uma alteração do

significado de determinada norma da Constituição, sem observância

do mecanismo constitucionalmente previsto para as emendas e, além

disso, sem que tenha havido qualquer modificação de seu texto. Esse

novo sentido ou alcance do mandamento constitucional pode

decorrer de uma mudança na realidade fática ou de uma nova

percepção do Direito, uma releitura do que deve ser considerado

ético ou justo. Para que seja legítima, a mutação precisa ter lastro

democrático [...]”.

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