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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por: Concise ... · mos de Ceia do Senhor; através dela, Ele buscou chamar atenção para uma nova forma de comunhão com Deus,

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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:

© 2010, BV Films Editora Ltdae-mail: [email protected] Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói – RJCEP: 24.030-090 – Tel.: 21-2127-2600www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br

É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou emparte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

Originalmente publicado em inglês com o título:Concise Introduction to the BibleCopyright © 1993, 2004 by Howard F. VosAll Rights Reserved

This edition is published by special arrangement with AMG Publishers 6815 Shallowford Rd. Chattanooga, Tenessee 37421.

Editor Responsável: Claudio RodriguesCoeditor: Thiago RodriguesEditoração: GuilTradução: Marco Antonio CoelhoRevisão de texto: Christiano Titoneli Santana Ariana Fátima C. Baptista

Revisão Teológica: Rev. Nelson Celio de Mesquita Rocha

ISBN: 978-85-61411-36-71ª edição – Março/2011Impressão: PromoveClassificação: Moral Cristã e Teologia Devocional

As passagens bíblicas utilizadas ao longo deste livro foram retiradas das seguintes versões: João Ferreira de Almeida e Nova Versão Internacional.

Design da capa: Market Street Design, Chattanooga, Tennessee Design Interior e Fotocomposição: Reider Publishing Services, West Hollywood, CaliforniaScanning e Formatação do texto: Scribe, Inc., Philadelphia, PennsylvaniaEdição e Revisão Gráfica: Gloria Penwell, Dan Pewell e Warren Baker

Impresso no Brasil

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Conteúdo

INTRODUÇÃO

1 Algumas Questões Para Começar 9

PARTE 1A HISTÓRIA PRIMITIVA DO POVO DE DEUS

2 No Começo 31 Gênesis 1 – 11

3 Pais em Israel: Abraão, Isaque, Jacó e José 51 Gênesis 11 – 50

4 Terminada a Escravidão: Moisés e o Êxodo 57 Êxodo 1 – 15

5 O Poder no Deserto: A Vastidão das Andanças 65 Êxodo 15 – Deuteronômio 34

6 “O Senhor Deus é contigo”: A Conquista da 85 Terra Prometida Josué 1 – 24

7 “Todos Fizeram O Que Era Justo 93 Aos Seus Próprios Olhos”: Os Juízes Juízes, Rute, 1 Samuel 1-8

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8 O Clamor Por Um Rei: Saul, Davi e Salomão 109 1 & 2 Samuel, 1 Reis 1 – 11, 1 Crônicas, 2 Crônicas 1 – 9

9 O Caos Aos Pés dos Reis: O Reino Dividido 127 1 Reis 12 – 22, 2 Reis, 2 Crônicas 10 – 36

10 Deus Lembra-se de Seu Povo: Cativeiro 147 e Restauração 2 Crônicas 36, Esdras, Ester, Neemias

PARTE IIOS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO

11 “Assim diz o Senhor”: Uma Visão Geral 157 Sobre os Profetas e as Profecias

12 Profetas do Período Assírio 161 Obadias, Joel, Jonas, Amós, Oséias, Miquéias, Isaías, Naum, Sofonias

13 Profetas do Período Babilônico 175 Habacuque, Ezequiel, Jeremias, Daniel

14 Profetas do Período Persa 191 Ageu, Zacarias, Malaquias

PARTE IIIOS CANTORES E OS SÁBIOS DO ANTIGO TESTAMENTO

15 A arte do Viver Para Deus: Verdade em Poesia 199 Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações.

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PARTE IVENTRE OS TESTAMENTOS

16 Quando Não Houve Palavras do Senhor: 219 Os Quatrocentos Anos de Silêncio

PARTE VA VIDA DE JESUS

17 A “Plenitude dos Tempos”: A Retomada da Revelação 247

18 “Dai a César...”: O Mundo de Jesus e da 259 Igreja Primitiva

19 O Messias Prometido Vem: Os Evangelhos 265 Mateus, Marcos, Lucas e João

PARTE VIO CRESCIMENTO DA JOVEM IGREJA

20 “Poder do Alto”: Os Atos do Senhor Ressurreto 301 Atos

21 “Graça e Paz Para Vocês”: As Cartas de 309 Paulo Para as Jovens Igrejas Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Romanos, Colossenses, Filemon, Efésios, Filipenses, 1 e 2 Timóteo, Tito

22 Um Caminho Melhor: A Carta Aos Hebreus 343 Hebreus23 Para Todas as Igrejas: As Epístolas Gerais 349 Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João, Judas

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PARTE VIIO FIM DE TODAS AS COISAS

24 “Um Novo Céu e Uma Nova Terra”: 365 A Revelação de Jesus Cristo Apocalipse

Apêndice 1: Uma Técnica Simples para o Aprendizado 379 da História do Antigo Testamento

Sobre o Autor 382

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Introdução

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Algumas Questões para Começar

A maioria das pessoas tem muito interesse nas respostas para as grandes perguntas da vida. De onde viemos? Por que estamos aqui? Qual é a natureza da humanidade? Como chegamos em

uma situação difícil? Qual é o nosso futuro? Nós lemos avidamente todo tipo de literatura sobre o começo da humanidade, sobre o modo psicológico do ser humano, o presente estado dos assuntos humanos e sobre seu destino. Consideramos qualquer literatura que fale destes assuntos como sendo relevante e atual.

Antes de toda literatura sobre as grandes questões da vida está o An-tigo Testamento. Ele não só reporta opiniões humanas, mas também dá ideias divinas sobre todos os problemas da vida. Deste modo, ele nos dá perspectivas e respostas que não estão disponíveis em nenhum outro lugar. Visto deste prisma, o Antigo Testamento não é um livro somente para os interessados em assuntos antigos com uma pequena tendência nostálgica; mas tem uma relevância vital, contemporânea.

A

C A P Í T U L O

1

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA10

O que é o Antigo Testamento?O Antigo Testamento é a primeira parte da Bíblia e é uma coleção

de trinta e nove documentos escritos por profetas, sacerdotes, reis e ou-tros líderes de Israel. Todas as evidências pontuam para o fato de que os autores eram hebreus. Originalmente escritos em hebraico e aramaico, estes livros foram amplamente traduzidos para várias línguas. Embora fragmentos do Antigo Testamento tenham aparecido em inglês antes disso, o Antigo Testamento não estava disponível por completo para os leitores de língua inglesa até a tradução de John Wyclif em 1388; e não foi impresso até a edição de Miles Coverdale em 1535.

Mesmo depois da coleção do Antigo Testamento estar completa, ainda não havia trinta e nove livros nela. Por exemplo, Josefo, o histo-riador judeu do século primeiro d.C., falava de vinte e dois livros em seus dias.¹ Isto não significa, entretanto, que o conteúdo da coleção ficou diferente depois disso. Os doze Profetas Menores apareciam em um único livro, assim como 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas, e outros livros agora divididos. A tradução grega do Antigo Testamento (Septuaginta), foi produzida em Alexandria durante os séculos terceiro e segundo a.C., e por Jerônimo no século quarto d.C. A tradução para o latim foi muito importante na influência da atual divisão e ordem no Antigo Testamento.

As divisões de capítulos e versículos que parecem ser familiares aos leitores modernos também não apareciam no texto. O costume de di-vidir partes do Antigo Testamento hebreu em versos ocorreu em 200 d.C., ou até mesmo antes. Mas a divisão dos versos variava considera-velmente até o século décimo, quando o grande sábio judeu Ben Asher editou o texto hebreu com as atuais divisões em versos. A divisão em capítulos no texto hebraico foi adotada da Bíblia em latim, no século XIII. Provavelmente foi Stephen Langton (morto em 1228), arcebispo de Canterbury, que trabalhou na divisão destes capítulos. A primeira Bíblia em inglês com a atual divisão de capítulos e versículos foi a Bí-blia de Genebra, de 1560.

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11ALGUMAS QUESTÕES PARA COMEÇAR

Obviamente não havia Antigo e Novo Testamentos antes da vinda de Cristo. Havia somente uma coleção de escritos sagrados. Mas de-pois dos apóstolos e seus associados produzirem outro corpo de litera-tura sagrada, a Igreja começou a se referir ao Antigo e Novo Testamen-tos. Na verdade Testamento é a tradução da palavra diatheke, que pode ser traduzida como declaração. Ela denota uma aliança feita por Deus para o benefício e direção espiritual dos seres humanos. Esta aliança é inalterável; os seres humanos podem aceitá-la ou rejeitá-la, mas de for-ma alguma podem mudá-la. Aliança é uma palavra comum no Antigo Testamento, e muitas alianças são descritas nele, sendo a mais proemi-nente a Mosaica. Quando Israel falhou com a aliança mosaica, Deus prometeu a eles uma “nova aliança” ( Jeremias 31:31).

O termo nova aliança aparece muitas vezes no Novo Testamento. Je-sus usou-a pela primeira vez quando instituiu a ordenança que chama-mos de Ceia do Senhor; através dela, Ele buscou chamar atenção para uma nova forma de comunhão com Deus, que Ele pretendia estabele-cer através de Sua morte (Lucas 22:20; 1 Coríntios 11:25). O apóstolo Paulo falou sobre a nova aliança (2 Coríntios 3:6, 14), assim como o escritor aos hebreus (Hebreus 8:8; 9:11 – 15). A descrição detalhada do novo modelo de Deus para lidar com a humanidade (baseando o que foi finalizado com a obra da cruz) é o assunto dos vinte e sete livros do Novo Testamento. O lidar de Deus com as pessoas de forma a an-tecipar a vinda de Cristo é o principal tema dos trinta e nove livros do Antigo Testamento embora, reconhecidamente, o Antigo Testamento diga respeito a muito mais do que isso. Talvez deva ser notado que a Igreja latina definiu a palavra grega diatheke por testamentum, e depois disso, começou a usar em inglês; então as antiga e nova alianças torna-ram-se Antigo e Novo Testamentos.

Daquilo que já foi dito, deveria estar claro que o Antigo Testamento não é só uma coleção de composições religiosas que prendem a aten-ção dos que se interessam por antiguidades. É um livro que responde muitas das questões da vida – de onde a terra e a humanidade vieram,

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA12

qual o pecado cometido pela raça humana, e especialmente, como o problema do pecado tem sido encarado. É um registro da revelação do próprio Deus para a humanidade, e sendo assim, é uma revelação da na-tureza de Deus. Ele revela o plano divino para o futuro da humanidade (veja especialmente as profecias de Daniel e Isaías). Ele detalha muitas facetas do plano de salvação de Deus e provê exemplos do compor-tamento de Deus para com os incrédulos e também com aqueles que creem, que são relevantes para nós hoje. Ao falar dos muitos eventos e personalidades do Antigo Testamento, o apóstolo Paulo diz: “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Coríntios 10:11).

Como o Antigo Testamento Faz Sentido para o Leitor?

No seu todo, o Antigo Testamento segue uma disposição de fácil entendimento. Na verdade, os primeiros dezesseis livros aparecem em uma ordem cronológica. Gênesis documenta a criação do universo e da humanidade, a queda da raça humana no pecado, o começo das ci-vilizações e a decisão de Deus de chamar de uma sociedade imoral, Abraão, que foi o pai do povo especialmente destinado a permanecer pela verdade. Através de Abraão um Messias viria. O resto de Gênesis diz respeito às atividades dos patriarcas na Palestina e, finalmente, no Egito, para onde imigraram para escapar da fome. O livro de Êxodo conta como os hebreus se tornaram escravos no Egito, dramaticamente escapando do êxodo debaixo da liderança de Moisés, e como começa-ram suas vastas andanças. No caminho, eles receberam a lei e o plano para o tabernáculo no Monte Sinai. Levítico, Números e Deuteronô-mio detalham o sacerdócio e o sistema legal, a contínua andança do povo e a conquista da terra a leste do Rio Jordão. Ao final de Deute-ronômio, Moisés sai de cena e Josué assume a liderança dos hebreus. O livro de Josué narra a conquista da Palestina pelos hebreus. O livro de Juízes descreve eventos durante um longo e subsequente perío-

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13ALGUMAS QUESTÕES PARA COMEÇAR

do de tempo quando “todo homem fazia o que era correto aos seus olhos” e não havia rei em Israel. A história de Rute acontece durante essa fase (Rute 1:1) e dá notas da genealogia de Davi, o ancestral do Messias.

Ao final do período de Juízes, os hebreus precisavam de um rei as-sim como as nações que os rodeavam. Em resposta a isso, Samuel, o profeta, debaixo da direção de Deus, ungiu Saul como rei. Quando Saul falhou com Deus e foi deposto, Samuel ungiu Davi. Os livros de Samuel contam dessas duas unções, o conflito entre Saul e Davi e a edificação do reino hebreu. Os livros de 1 e 2 Reis descrevem as glórias do reino de Salomão, a divisão do reino nos reinos de Israel e Judá, a queda de Israel para os assírios e a queda de Judá para os babilônios. Depois, 1 e 2 Crônicas recapitulam muito dessa história, começando com o reinado de Davi e concluindo com não somente a destruição dos reinos do Norte e do Sul, mas também uma breve nota sobre o retorno do cativeiro sob Ciro, o grande Rei da Pérsia. ² Esdras, Nee-mias e Ester detalham aspectos da reabilitação hebreia para a Pales-tina sob a proteção da Pérsia. Depois, segue um grupo de livros po-éticos ( Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão) escritos em sua maioria por Davi e Salomão, mas algumas das autorias são incertas.

O Antigo Testamento se encerra com uma coleção de obras profé-ticas divididas em escritos dos chamados Profetas Maiores e Menores. Estes profetas escritores datam das eras da monarquia dividida e da restauração, mas não estão organizados cronologicamente. Nove escre-veram durante os dias do Império assírico (900 – 612 a.C.): Obadias, Joel, Jonas, Amós, Oséias, Miquéias, Isaías, Naum e Sofonias. Quatro escreveram durante o Império babilônico ou caldeu (612 – 539 a.C.): Habacuque, Ezequiel, Jeremias e Daniel. E três escreveram durante os séculos sexto e quinto quando os persas governavam o Oriente Mé-dio: Ageu, Zacarias e Malaquias. Falando de uma forma geral, os pro-fetas pregavam a moral e a conduta ética no presente e alertavam os

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA14

hebreus e seus vizinhos sobre o julgamento iminente por sua per-versidade. Mas às vezes eles prediziam o futuro em termos gerais ou específicos.

O Que Significa Inspiração?O conceito de inspiração é especialmente relatado em 2 Timóteo

3:16 que deveria ser traduzido por “Toda escritura é assoprada por Deus.” Quando Paulo se refere à “escritura” aqui, ele tem em mente pri-meiramente o Antigo Testamento, porque muitos livros do Novo Tes-tamento ainda não tinham sido escritos e muitos daqueles que haviam sido, ainda não tinham alcançado grande circulação. Se toda Escritura é soprada por Deus, ela é exatamente o que Ele queria dizer. Se isso é exatamente o que ele queria dizer, nada está faltando que Ele quisesse incluir e nada é incluído, por Ele ter deixado de fora. Além disso, cada palavra que Ele quis usar está nela registrada, com todas as intimações, insinuações e implicações. Acima de tudo, se a Escritura é um sopro dado por Deus, ela é exatamente precisa; pois Deus é o Deus de toda verdade e não comete erros.

Ao dizer que aquelas são as exatas palavras que Deus quis usar, nós devemos compreender que Ele simplesmente as ditou para um escri-tor. O fato de haver tanta variedade de estilo e vocabulário nos livros do Antigo Testamento e da personalidade dos escritores brilhar em meio aos estilos deveria ser evidência suficiente para o fato de Deus não des-truir a individualidade deles. Desta forma, o Antigo Testamento é um livro divino e humano; a verdade divina é passada pela personalidade e experiência dos autores das Escrituras. Então, devemos pensar na ins-piração como um trabalho de Deus no qual Ele guiou os autores dos livros a escreverem aquilo que Ele queria que fosse escrito. Esta direção não viola a personalidade desses escritores; e ainda garante precisão na doutrina, julgamento e fatos históricos e científicos.

Esta visão de inspiração é a única que reconhece todas as declara-ções das muitas referências bíblicas sobre o assunto. Nós deveríamos

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15ALGUMAS QUESTÕES PARA COMEÇAR

rejeitar todas as outras teorias de inspiração, se essas forem inadequa-das. Por exemplo, não é o bastante dizer que os autores das Escrituras possuíam algum talento ou ideia especial, tal como demonstrada por um Milton, um Bunyan ou um Shakespeare. Muito do que aparece nas Escrituras é infinitamente além da compreensão e imaginação do ho-mem mais brilhante ou até mesmo do homem mais espiritual. Nada disso é suficiente para dizer que a inspiração é parcial – aplicada so-mente a verdades não conhecidas pelos humanos e não à seção históri-ca do Antigo Testamento. Como podemos confiar verdadeiramente na Bíblia se tais porções são permeadas pelo erro? Como podemos saber se as seções doutrinais também não são suspeitas? Nós podemos estar satisfeitos com o fato da inspiração ser meramente um conceito exten-sivo às ideias, mas não às palavras. Palavras estranhas podem calar a força de um conceito, mudar a natureza de seu impacto ou alterar a direção inteira de seu argumento. Não podemos concordar com me-nos do que algum tipo de controle sobre cada palavra da Escritura e a garantia da veracidade delas.

O Testemunho dos Autores

Este é um fator para reafirmar a inspiração do Antigo Testamento; há algo que a demonstra. Embora não haja uma reivindicação compre-ensiva da inspiração no Antigo Testamento, em toda parte, ela é presu-mida e até mesmo declarada. É dito para Moisés que ele escreva o que Deus revelou para ele: “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor” (Êxodo 24:4; Deuteronômio 27:8, JFA). Isaías (Isaías 30:8) e Jeremias ( Jeremias 30:2) foram ordenados a fazerem o mesmo. Muitos escri-tores tinham muita certeza de que pronunciavam as palavras de Deus. Moisés declarou: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Deuteronômio 4:2).

Jeremias afirmou, “E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA16

boca” ( Jeremias 1:9). Davi declarou, “O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra está na minha boca” (2 Samuel 23:2). Tais expres-sões como “o Senhor falou” e “a Palavra do Senhor veio” estão espalha-das em grande número ao longo do Antigo Testamento. Na verdade, é afirmado que tais expressões aparecem 3.808 vezes no Antigo Testa-mento. Estes exemplos do Antigo Testamento afirmam que sua pró-pria inspiração deve ser adicionada a referências que indicam que Deus ocasionalmente escreveu por Suas próprias mãos o que Ele quis dizer (veja, por exemplo, Êxodo 24:12; 31:18; 32:16; 1 Crônicas 28:19).

O Testemunho da Profecia

Um dos testemunhos mais notáveis da inspiração do Antigo Testa-mento é o cumprimento das profecias. Na maioria dos casos, centenas de anos antes dos eventos, os profetas predisseram acontecimentos específicos. Detalhes a respeito de nascimento, vida, morte e ressur-reição de Cristo, o cativeiro e restauração de Israel, e o julgamento de um número de cidades e impérios em volta de Israel estão todos in-cluídos em uma extensa lista de pronunciamentos proféticos que se cumpriram. O efeito cumulativo desses fatos preditos é tremendo. Eles vieram por inspiração divina; nenhum profeta com fontes puramente humanas poderia olhar especialmente com tanta percepção e perfeição para o futuro.

O Testemunho de Jesus

O testemunho de Jesus Cristo é um outro poderoso testemunho da inspiração do Antigo Testamento. Uma de suas frases mais diretas aparece em Mateus 5:17, 18: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” No amplo contexto do capítulo 5, fica claro que Ele estava se referindo ao Antigo Testamento como uma origem divina e obrigatória para os judeus para quem Ele estava falan-

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17ALGUMAS QUESTÕES PARA COMEÇAR

do. Aparentemente, aqui Ele estava usando “a lei” para sustentar todo o Antigo Testamento. No verso 17, Ele mencionou “a lei e os profetas”, mas no verso 18, aparentemente achou necessária a repetição de “pro-fetas”. Em outro lugar, Ele usou “lei” para referir-se às passagens fora dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento (chamados de Lei ou Torá). Veja, por exemplo, João 10:34, onde Ele cita o salmo 82:6. A referência de Mateus 5:17, 18 é especialmente significante porque aparece no Sermão do Monte, o qual mesmo os críticos mais severos reconhecem como um relato verdadeiro de Jesus Cristo. Esta passagem não é uma indicação isolada, entretanto, porque Jesus Cristo sempre apoiou a total veracidade das Escrituras em Suas parábolas, milagres e comentários sobre elas, e em Suas muitas conversas. Centenas de passagens no Novo Testamento atestam o fato. Certa vez Ele falou di-retamente sobre inspiração divina de porções individuais do Antigo Testamento, como por exemplo, em Marcos 12:36, onde Ele se refere ao salmo 110:1. Três vezes, durante Sua grande experiência ao ser ten-tado, Ele fez uso da autoridade do Antigo Testamento para afugentar o tentador (Mateus 4:4, 7, 10). E Ele destacou que “a lei não pode ser anulada” ( João 10:35); o que significa que ela não pode ser anulada ou ab-rogada. Até mesmo os inimigos de Jesus, fariseus e saduceus, nunca O acusaram de desrespeitar ou questionar suas sagradas Escrituras.

O Testemunho do Novo Testamento

O testemunho de Jesus para a divina inspiração do Antigo Testa-mento é corroborado e suplementado ao longo de todo o Novo Tes-tamento. Seria esperado de Paulo, como um bom fariseu, que desse suporte à veracidade e validade do Antigo Testamento em todo tempo. O escritor aos hebreus subscreveu da mesma forma o envolvimento de Deus no processo de revelação e inspiração: “Havendo Deus antiga-mente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profe-tas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hebreus 1:1, JFA). Uma das mais significantes passagens do Novo Testamento inspirada

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA18

pelo Antigo Testamento é 2 Pedro 1:20, 21, “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” ( JFA). O ensinamento claro desta passagem é que a revelação de Deus não vem quando líderes religiosos do passado buscavam fazer algum pronunciamento religioso, mas quando certos homens santos, instru-mentos escolhidos, falavam enquanto eram guiados pelo Espírito San-to.

O Testemunho no Judaísmo

O que o Antigo Testamento fala de sua própria inspiração e o que Jesus e os escritores do Novo Testamento suportam a respeito disso foi atestado mais à frente no judaísmo. A mais alta honra do judeus para o Antigo Testamento é evidente em muitas passagens no Talmud (uma espécie de enciclopédia da tradição judaica), mas é especialmente es-clarecida no discurso sem rodeios do historiador do século primeiro Flávio Josefo:

A firmeza com que damos crédito a esses livros de nossa própria na-ção é evidente naquilo que fazemos; por muitas eras que se passaram, ninguém foi corajoso o bastante para incluir nada nelas, ou tirar algo delas, ou para fazer alguma mudança; mas isso se tornou natural para todos os judeus, imediatamente e logo após o nascimento deles, para estimar que esse livro tenha uma doutrina divina, e para persistir neles, e se necessário for, morrer por eles.³

Antes de finalizar este assunto, é necessário distinguir “inspiração” de outros dois temas. “Inspiração” tem a ver com recepção fiel e docu-mentar a verdade de Deus. “Revelação” envolve comunicar a mensagem de Deus, e “iluminação” diz respeito ao ministério do Espírito Santo de dar entendimento à verdade que já foi revelada ( João 14:26).

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19ALGUMAS QUESTÕES PARA COMEÇAR

O Texto e a História do Antigo Testamento São Confiáveis?

Alguns debatem que não importa se o Antigo Testamento foi inspi-rado nos escritos originais. Eles observam que esses escritos não exis-tem mais e que aqueles que os copiaram fizeram centenas de erros à medida que reproduziam os livros do Antigo Testamento durante qua-se trezentos anos (em alguns casos) antes do advento da impressão. Como se pode verificar, uma edição e avaliação dos textos hebraicos é uma tarefa exaustiva e técnica. É quase impossível até mesmo prover uma introdução para este assunto. Temos que generalizar e extrair a conclusão de outros.

Até depois da II Guerra Mundial, o único texto hebraico do Anti-go Testamento conhecido era o único padronizado entre 500 e 900 d.C pelos mestres judeus chamados Massoretas. As cópias mais antigas deste texto que temos posse não são mais antigas que 900 d.C. Com-parando este texto com as traduções do grego, do latim e outras tradu-ções do Antigo Testamento, vemos que elas datam de antes disso, e que poderiam mostrar que a cópia do texto hebraico foi fielmente feita ao menos desde cerca de 200 – 300 d.C. Todas as nossas cópias do texto hebraico vindas de 900 d.C. e depois disso, estão em um destacável acordo próximo. A respeito disso, William Henry Green, de Prince-ton comentou, “Os manuscritos hebraicos não podem ser comparados com aqueles do Novo Testamento, seja em antiguidade ou número, mas eles foram escritos com um cuidado maior e tinham menos lei-tores.” 4 Robert Dick Wilson, da mesma geração em Princeton, suple-mentou a declaração de Green: “Um exame dos manuscritos hebraicos existentes hoje mostra que em todo o Antigo Testamento dificilmente existem quaisquer variantes sutentadas por mais de um manuscrito entre 200 a 400 nos quais cada livro foi achado.... Os Massoretas nos deixaram as versões diferentes que juntaram, e nós descobrimos que eles juntaram, no geral, quase 1.200, menos de um para cada página da

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INTRODUÇÃO CONCISA À BÍBLIA20

Bíblia Hebraica impressa.”5 Além disso, “As várias leituras são, em sua maior parte, banais, não afetando materialmente o sentido.”

Apesar de ser significante o fato de que há algumas variações nos manuscritos do Antigo Testamento datados desde 900 d.C., precisa-mos refletir o que aconteceu durante os dois ou três mil anos anteriores da transmissão do texto. Uma resposta para tal pergunta é dada pelos Pergaminhos do Mar Morto, o primeiro dos quais foram achados em 1947. Estes manuscritos contêm muito mais do que os textos bíblicos, mas os manuscritos bíblicos incluem partes de todos os livros do An-tigo Testamento, com exceção de Ester. Especialmente longas partes consistem um Isaías completo, Levítico quase que por inteiro e Sal-mos, e um manuscrito de Isaías que inclui a maior parte dos capítulos 35 a 66 e parte dos capítulos anteriores. Os pergaminhos datam entre 250 a.C. e 70 d.C., recuando assim a história do texto do Antigo Testa-mento por quase um milênio.

Consideravelmente, há algumas poucas diferenças de significado entre os Pergaminhos do Mar Morto e os textos massoréticos que já existiam. O pergaminho incompleto de Isaías é quase letra a letra do Isaías massorético. Por exemplo, em Isaías 53 há diferença de somente 17 letras, a maioria das quais são meramente variações de ortografia; três letras introduzem uma palavra na cópia do pergaminho do verso 11 que não aparece no texto massorético; entretanto, isto não muda o sentido da passagem. No fundamento do pergaminho de Isaías, treze pequenas mudanças foram feitas na versão padrão revisada da Bíblia; mas muitas dessas foram, mais tarde, julgadas desnecessárias. Reco-nhecidamente há passagens (notadas em 1 Samuel) onde algumas cor-rupções no texto parecem ter ocorrido, mas em geral, pode-se dizer que o texto dos Pergaminhos do Mar Morto é essencialmente o que temos desde então. Nenhuma doutrina foi afetada pelas mudanças de copiadores negligentes ou outra coisa. R. Laird Harris conclui, “Real-mente, seria um ceticismo imprudente não negar que o nosso Antigo Testamento está bem próximo daquele usado por Esdras quando ensi-

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nou a lei para aqueles que retornaram do cativeiro babilônico.” 7 Harris vai além para mostrar que a arqueologia tende a confirmar a veraci-dade do texto de séculos antes de os pergaminhos serem produzidos, por exemplo, nas transmissões fiéis de nomes de pessoas e povos. Ele também nota que há uma evidência de cópias fiéis nos textos parale-los no Antigo Testamento. Por exemplo, grandes partes de Crônicas são achadas em Samuel e Reis e em outros lugares e muitos salmos ocorrem duas vezes naquele livro; tais passagens podem ser conferidas entre elas para demonstrar veracidade na transmissão.8

Veracidade Histórica do TextoMas, de modo concebível, até mesmo informações incorretas po-

dem ser fielmente copiadas por um longo período de tempo. Perguntas são muitas vezes feitas a respeito da veracidade histórica do conteúdo do Antigo Testamento. Muitas dessas perguntas surgiram durante o sé-culo dezenove, quando existia um pequeno conhecimento específico sobre o Antigo Oriente. À medida que os críticos racionalistas progres-sivamente criticavam a Bíblia, eles concluíram que ela estava cheia de erros históricos porque os livros históricos não tinham nada a dizer sobre a maioria dos povos e eventos da Bíblia.

Mas ao passar do século XX, o Antigo Oriente e arqueólogos clássi-cos rapidamente expandiram seus esforços. Livrarias, palácios, fortes, casas e fábricas foram criados em grandes números. Cidades como Ur, Nínive, Hazor e Jericó, que foram tiradas de vista, foram desveladas parcialmente por escavadores. A existência de tais povos antigos como os hititas ou os horitas, uma vez duvidada, foi confirmada. Da mesma forma, registros de personagens bíblicos e seus atos individuais foram comprovados pelas pás e enxadas dos escavadores. O rei Acabe reinou em Israel com sua esposa Jezabel; pessoas passaram sobre as ruínas do palácio dele em Samaria. Sargão II da Assíria (Isaías 20:1) não foi uma peça da imaginação dos profetas como declarado uma vez; ele gover-nou a Assíria de 722-705 a.C., construiu uma nova capital em Khorsa-

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bad, e levantou um magnífico palácio lá. Sisaque I do Egito invadiu Judá por volta de 925 a.C. (1 Reis 14:25-28) assim como suas inscrições na parede de um templo em Luxor, Egito, atestam. Documentos babilô-nios demonstram que Belsazar estava a cargo da Babilônia quando esta foi derrotada pelos persas (Daniel 5), mesmo que críticos declarem que a explicação está errada. Ciro, o Grande da Pérsia, estabeleceu um decreto permitindo os judeus a retornarem para a Palestina vindos do cativeiro da Babilônia, assim como Esdras 1 diz. Qualquer visitante do Museu Britânico, em Londres, pode ver a inscrição nas salas do manus-crito. Além disso, a sala do manuscrito também abriga a inscrição de Sargão II na qual ele fala sobre sua invasão a Judá (Isaías 36).

Evidentemente, o testemunho da arqueologia é incompleto. Milha-res de cidades do mundo antigo ainda estão debaixo das areias do An-tigo Oriente. Com a nova informação, chegaram novos problemas de interpretação porque no estado fragmentado do nosso conhecimento, as novas descobertas nem sempre parecem estar em harmonia com os relatos bíblicos. Mas até hoje, as descobertas arqueológicas não pro-varam que a Bíblia está no erro. Novas investigações históricas e ar-queológicas estão constantemente provendo um suporte maior para a veracidade histórica do Antigo Testamento.

Quais Livros Pertencem Ao Antigo Testamento?Questionar quais livros pertencem ao Antigo Testamento não é

uma pergunta puramente acadêmica. Nenhum fiel pode decidir o que é um ensinamento religioso correto ou determinar as instruções de Deus para a vida diária exceto sobre os fundamentos confiáveis das Es-crituras. Ele deve saber como o Antigo Testamento foi compilado e se todos os livros devem ou não ser vistos como uma verdade obrigatória. O que faremos com os conflitos entre Protestantes e Católicos Roma-nos a respeito dos chamados Apócrifos?

As origens específicas e detalhadas do Antigo Testamento estão perdidas na antiguidade, mas parece haver ao menos quatro padrões

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envolvidos no processo de formação do Antigo Testamento: inspira-ção, a posição oficial do escritor, recepção humana e a coleção ou ra-tificação oficial. Aparentemente, o Antigo Testamento foi formado de uma forma muito simples e natural. Deus comunicou Sua verdade para e através dos homens a quem ele designou o dom profético. Os desti-natários das mensagens os reconheciam como homens de Deus com uma mensagem do Altíssimo. Suas mensagens escritas eram recebidas como obrigatórias para o povo e eram oficialmente aceitas pela popu-lação como um todo e pelos líderes religiosos mais especificamente.

Para começar, as duas Tábuas da Lei (escritas pelo próprio Deus) foram colocadas na arca da aliança (Êxodo 25:21), a posse mais ines-timável de Israel; e todas as Leis de Moisés (os primeiros cinco livros do Antigo Testamento, um quarto do total) foram escritos em um livro (rolo) e foram colocados ao lado da arca (Deuteronômio 31: 24-26). Os mandamentos da Lei estavam juntos a Josué, sucessor de Moisés ( Josué 1:7, 8); e eles foram dados a todo o povo de Israel em uma gran-de cerimônia nos arredores de Siquém logo após Josué levá-los para a terra ( Josué 8:30-35). No futuro, quando Israel estabelecesse um reino, o rei teria uma cópia pessoal da Lei para viver sob os preceitos desta (Deuteronômio 17:18-20). Reis eram julgados de acordo com a obediência à Lei (ex.: 2 Reis 18:6). Ambos Israel e Judá foram le-vados ao cativeiro por causa da falha em obedecê-la (2 Reis 17:7-23; 18:11, 12; Daniel 9:11-13). Judeus que retornaram do cativeiro, reco-nheceram totalmente a Lei de Moisés como sendo obrigatória para eles (Esdras 3:1, 2; Neemias 8:1 – 8; 10:28, 29). Os padrões notados acima são claramente evidentes aqui. Deus falou a Moisés no monte e até escreveu em duas tábuas de pedra. Os sacerdotes e o povo como um todo receberam os cinco livros de Deus como sendo a Palavra de Deus. Uma cópia dos livros foi mantida perto da arca e era para ser co-locada perto do rei. Moisés foi o porta-voz de Deus, credenciado por milagres na corte de Faraó e a vastidão e justificado contra aqueles que disputavam sua liderança divinamente apontada por julgamento direto

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da mão de Deus (veja Números 16 e 12:6-8). Tudo isso é acrescentado a uma adoção pública e oficial dos cinco livros de Moisés como sendo a sagrada Escritura.

Deus prometeu a Moisés que Ele levantaria uma linha inteira de profetas depois dele em Israel, culminando na pessoa e na obra de Jesus Cristo (Deuteronômio 18: 15-22). A função primária desses homens era proclamar a verdade de Deus; e claro, também predizer o futuro. Josué pode ser qualificado como um sucessor profético de Moisés. A primeira obra judia, Eclesiástico (escrita por volta de 180 a.C.) chama Josué de “o sucessor de Moisés nas profecias”. Sua liderança em Israel foi atestada por milagres (travessia do Jordão e queda das muralhas de Jericó), e ele previu pelo menos um evento que se tornou realidade ( Josué 6:26; 1 Reis 16:34). Em qualquer caso, Josué 24:26 diz que ele “escreveu as palavras no Livro da Lei de Deus”, presumidamente referindo-se ao nosso livro de Josué. Tendo ele escrito “o Livro da Lei de Deus,” aparentaria que ele simplesmente adicionou aos escritos de Moisés já reconhecidos oficialmente. Possivelmente Samuel, o profe-ta, escreveu Juízes e 1 Samuel até 25:1, quando morreu. Presumida-mente, os profetas Natan e Gade começaram o trabalho daqui (1 Crô-nicas 29:29), e os profetas Abias e Ido continuaram a narrativa mais tarde (2 Crônicas 9:29). Outros profetas aparentemente contribuíram para a escrita de Reis e Crônicas. Atualmente, a Bíblia chama Josué, Juízes, Samuel e Reis de “os primeiros profetas”. Claro que escritores das profecias de muitos livros do Antigo Testamento eram homens re-conhecidos como sendo enviados de Deus. Sabemos menos sobre os livros poéticos. Davi (um profeta de acordo com Atos 2:30) escreveu metade de Salmos. Outros escritores de Salmos – Hemã, Jedutum e Asafe – também são chamados de profetas (1 Crônicas 25:1 – 5). Pre-sumidamente, Salomão escreveu Provérbios, Cantares de Salomão e Eclesiastes; e Deus falou para ele em visões e sonhos, assim como os outros profetas.

Embora nós não tenhamos informações de como todos os livros do Antigo Testamento foram aceitos pelos hebreus para sua sagrada cole-

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ção (e não há espaço para suposições), sabemos que à época do Novo Testamento, os hebreus reconheciam o Antigo Testamento como sen-do somente os nossos trinta e nove livros. A ordem na qual eles fo-ram colocados, entretanto, eram um pouco diferente da nossa. Depois da Lei e dos profetas, eles listaram um grupo de escritos que come-çava com os Salmos e terminava com 2 Crônicas. Lucas 24:44 parece referir-se a todo o Antigo Testamento nesta acomodação quando fala de lei, profetas e salmos (que encabeçam a última seção da Bíblia He-braica).

Corroboração e DebatesUma frase especialmente valiosa dos conteúdos do Antigo Testa-

mento aparece nos escritos de Flávio Josefo por volta de 90 d.C. De-pois de referir-se aos conteúdos da sagrada coleção (os trinta e nove livros que agora temos), ele diz que ninguém se atreveu a adicionar nada a eles desde os dias do rei Artaxerxes I, da Pérsia (465-425 d.C.)9 Em outras palavras, nada foi incluído desde os escritos de Malaquias por volta da era final do reinado de Artaxerxes. O testemunho deste sábio judeu é importante não somente para a data do fechamento do Antigo Testamento, mas também para responder a última data, moti-vos de críticas a livros como Eclesiastes e Daniel.

Não deveria ser suposto, pelo que foi dito, que não houve uma discus-são entre os hebreus a respeito dos livros que deveriam ou não ser inclu-ídos no Antigo Testamento. Entretanto, esta discussão não refletiu ne-nhuma oposição geral para nenhum dos livros e não atrasou a aceitação deles à Escritura. Alguns mestres judeus e seus seguidores expressaram suas dúvidas. Perguntas surgiam particularmente a respeito de Ester, Cantares de Salomão e Eclesiastes. Embora questionado por não men-cionar o nome de Deus, o livro de Ester foi visto para refletir para todos a mão provedora de Deus nos assuntos do homem. Cantares de Salo-mão obteve rejeição por algumas passagens se aproximarem do erótico, se interpretadas literalmente. Quando interpretado de forma alegórica para se referir ao amor de Deus por Israel, não foi mais questionado. A

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inclusão de Eclesiastes causou uma disputa por conta do suposto pessi-mismo e epicurismo; mas à medida que a técnica especial do autor e o seu propósito se tornaram mais compreendidos, a oposição declinou.

Nos séculos mais recentes, houve um debate contínuo entre Pro-testantes e Católicos Romanos a respeito dos livros apócrifos fazerem parte do Antigo Testamento. Os quatorze livros em questão são 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Adições em Ester, Sabedoria de Salomão, Eclesi-ástico, Baruc, Cântico das Três Crianças, Casta Susana, Bel e o Dragão, A Prece de Manassés, e 1 e 2 Macabeus. Apesar destes livros realmente ajudarem a preencher o vácuo entre o Antigo e o Novo Testamento, especialmente quando refletem pontos de vista religiosos e provêm al-gum conhecimento da história dos tempos (em especial 1 Macabeus), eles não têm verdadeiramente o direito de serem parte confiável das Escrituras. Eles não são Escrituras, não foram assim considerados por Jerônimo, que traduziu a Vulgata, e não foram nem ao menos reconhe-cidos pela Igreja Romana até o Concílio de Trento (1545-63). O An-tigo Testamento hebraico nunca os incluiu, nem Josefo ou o grande Fílon de Alexandria (que viveu na época de Cristo). As primeiras listas dos Apócrifos discordavam consideravelmente em seus conteúdos, e nenhuma delas tinha a lista exata aprovada pela Igreja Romana. Além disso, elas eram cheias de imperfeições históricas, geográficas e crono-lógicas, ensinavam doutrinas variadas com inspiração nas Escrituras, e continham folclore, mitos, lendas e ficção. 10

Como o Antigo Testamento se Relaciona com o Novo Testameto?

O Antigo e o Novo Testamento são simplesmente partes compo-nentes da divina revelação. O Antigo Testamento descreve os seres humanos no primeiro paraíso na Terra antiga; o Novo Testamento é concluído com uma visão deles em um novo céu e nova terra. O An-tigo Testamento vê as pessoas como caídas de uma condição de peca-do e separadas de Deus; o Novo Testamento as vê como restauradas

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pelo favor do sacrifício de Cristo. O Antigo Testamento prediz a vinda do Redentor que está por vir a resgatar a humanidade da condenação; o Novo Testamento revela Cristo, que torna a salvação possível. Em grande parte do Antigo Testamento, o foco está em um sistema sacrifi-cial no qual o sangue de animais provê uma solução temporária para o problema do pecado; no Novo, Cristo aparece como o único que veio para colocar um fim para todo sacrifício – para ser Ele mesmo o supre-mo sacrifício. No Antigo Testamento, muitas previsões falam de um Messias que está por vir e que salvará Seu povo; no Novo, muitas passa-gens detalham como aquelas profecias foram cumpridas uma a uma na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Abraão e filho de Davi. Assim como Sto. Agostinho disse há mais de 1500 anos passados:

O Novo está escondido no Antigo;O Antigo é revelado no Novo;O Novo está contido no Antigo;O Antigo está explicado no Novo;O Novo está envolvido no Antigo;O Antigo está descoberto no Novo.

Notas1. Josefo Contra Apionem 1.8.2. Embora alguns materiais de Reis e Crônicas sejam similares, as dife-

renças são consideráveis. Reis, escrito antes do exílio, apresenta uma descri-ção da história de Israel dos dias de Davi até a conquista de Nabucodonosor e entrelaça a história dos reinos do Norte e do Sul. Crônicas, completado após o exílio, descreve a autoridade divinamente autorizada de Davi e nos conta sobre Davi, Salomão e a história do Reino do Sul, cujos reis descende-ram de Davi. Enfatiza a fundação espiritual de Israel como povo declarado de Deus.

3. Josefo Contra Apionem 1.8.4. William Henry Green, General Introduction to the Old Testament: The

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Text [Introdução Geral ao Antigo Testamento] (New York: Scribner, 1926), p. 179.

5. Robert Dick Wilson, Scientific Investigation of The Old Testament [Investi-gação Científica do Antigo Testamento], com revisões de E.J. Young (Chica-go: Moody, 1959), páginas 61-62.

6. Green, pág. 164.7. R. Laird Harris, “How Reliable Is The Old Testament Text?” [Quão

Confiável é o Texto do Antigo Testamento] em Can I Trust the Bible? [Eu posso confiar na Bíblia?] ed. Howard F. Vos (Chicago: Moody Press, 1963), pág. 130.

8. Ibid, páginas 130-131.9. Josefo Contra Apionem 1.810. Para uma discussão proveitosa sobre o assunto, veja o Introductory Gui-

de to the Old Testament [Guia de Introdução ao Antigo Testamento] de Merril F. Unget (Grand Rapids: Zondervan, 1952), capítulo 4.