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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS Processo metalúrgico de produção de ferro gusa com ênfase no balanço material e balanço energético NEYVALDO DA SILVA LOPES MARABÁ-PA 2009

TRABALHO DE CONCLUS O DE CURSO, NEYVALDO DA SILVA … · A metalurgia do ferro consiste basicamente na redução dos seus óxidos por meio de um redutor, o qual, em geral, é um combustível

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ

FACULDADE DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Processo metalúrgico de produção de ferro gusa com ênfase no

balanço material e balanço energético

NEYVALDO DA SILVA LOPES

MARABÁ-PA 2009

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Neyvaldo da Silva Lopes

Processo metalúrgico de produção de ferro gusa com ênfase no

balanço material e balanço energético

.

Marabá

2009

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Pará como parte dos pré-requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Materiais, Orientado pelo Prof.º M.Sc. Clesianu Rodrigues Lima

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação ( CIP) Biblioteca da UFPA, CAMAR II, Marabá, PA

Lopes, Neyvaldo da Silva

Processo metalúrgico de produção de ferro

gusa com ênfase no balanço material e balanço

energético / Neyvaldo da Silva Lopes; orientador,

Clesianu Rodrigues Lima. — 2009.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) -

Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de

Marabá, Faculdade de Engenharia de Materiais, Marabá,

2009.

1. Siderurgia - Marabá (PA). 2. Ferro - Indústria -

Marabá (PA). 3. Análise metalúrgica. I. Lima, Clesianu

Rodrigues, orient. II. Título.

CDD: 22. ed.: 669.1098115

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Processo metalúrgico de produção de ferro gusa com ênfase no balanço material e balanço energético

Data de aprovação: 29/06 /2009 Banca examinadora: ___________________________ - Orientador Prof.º M.Sc. Clesianu Rodrigues Lima. Universidade Federal do Pará ___________________________ Prof.º M.Sc. Alacid do Socorro Siqueira Neves Universidade Federal do Pará __________________________ Prof.° Dr. Reginaldo Sabóia de Paiva Universidade Federal do Pará

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Pará como parte dos pré-requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Materiais, Orientado pelo Prof.º M.Sc. Clesianu Rodrigues Lima

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, especialmente aos meus pais Domingos

Pereira Lopes e Maria Aparecida da Silva Lopes que não mediram esforços para que

eu chegasse até aqui, também meus irmãos que com gestos de amigos fieis tem uma

parcela de contribuição mais que especial, também aos amigos do dia a dia que

souberam entender a ausência constante. Um agradecimento mais que especial à

família Pereira Lima pelo apoio, consideração e estima, e por fim minha namorada

Vanessa Costenaro que participou da finalização deste período e colherá comigo os

excelentes frutos desta vitória.

Neyvaldo da Silva Lopes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela misericórdia e sabedoria que me tem concedido a cada

dia e pela força que me deu para vencer todas as dificuldades, dificuldades que às

vezes me fizeram pensar: será que vou conseguir? Porém Deus com sua grandiosa e

incalculável onipotência me impulsionou adiante e me deu forças que nem eu sabia que

tinha e me permitiu mais esta conquista.

Agradeço também ao meu orientador Prof.º M.Sc. Clesianu Rodrigues Lima pela

amizade, dedicação e atenção que me forneceu, pela vontade e o pronto atendimento

quando lhe foi proposto orientar este trabalho e encarar este desafio, mostrando se

bastante prestativo fato este que fez com que o respeito que eu já nutria por ele como

pessoa e como profissional, fosse ratificado. Agradeço ainda meus familiares, em

especial meus pais e meus irmãos, que me incentivaram mesmo nos momentos mais

difíceis durante todos os anos acadêmicos.

É com muita alegria e muita emoção que encerro este período ta especial da

minha vida em que grandes e verdadeiras amizades foram construídas.

Obrigado a todos pela grande contribuição!

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................. LISTA DE TABELAS........................................................................................... LISTA DE FIGURAS............................................................................................ 1 INTRODUÇÃO................................................................................................

2 OBJETIVOS....................................................................................................

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................

3.1 ALTO-FORNO................................................................................................

3.2 EQUIPAMENTOS DE DESCARGA DE MATÉRIAS PRIMAS.......................

4 OS REGENERADORES DE CALOR.............................................................

4.1 COWPERS......................................................................................................

4.2 GLENDONS....................................................................................................

5 MATÉRIAS PRIMAS......................................................................................

6 BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE FERRO.............................................

6.1 SINTERIZAÇÃO..............................................................................................

6.1.1 Características do sinter para uso em altos-fornos.............................

6.2 PELOTIZAÇÃO...............................................................................................

6.2.1 Processo de pelotização.........................................................................

6.2.1.1 Formação de pelotas............................................................................

6.3 CARVÃO.........................................................................................................

7 DESCRIÇÃO DO PROCESSO.......................................................................

7.1 CARACTERÍSTICAS DO MINÉRIO PARA USO EM ALTO-FORNO.............

7.1.1 Análise química.......................................................................................

7.1.2 Redutibilidade..........................................................................................

7.1.3 Distribuição granulométrica...................................................................

7.1.4 Resistência mecânica.............................................................................

8 DESCRIÇÃO DAS ZONAS DO ALTO-FORNO.............................................

8.1 ZONA GRANULAR.........................................................................................

8.2 ZONA DE AMOLECIMENTO E FUZÃO.........................................................

8.3 ZONA DE GOTEJAMENTO............................................................................

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8.4 ASPÉCTOS IMPORTANTES DA ZONA GRANULAR....................................

8.4.1 Detalhes da degradação na zona granular............................................

9 COMPARAÇÃO ENTRE ALTOS-FORNOS A COQUE E A CARVÃO

VEGETAL.......................................................................................................

9.1 PRODUÇÃO....................................................................................................

9.2 DIÂMETRO DO CADINHO.............................................................................

9.3 ALTURA DO ALTO-FORNO...........................................................................

9.4 REGENERADORES.......................................................................................

9.5 PRODUTIVIDADE...........................................................................................

9.6 VOLUME DE ESCÓRIA..................................................................................

9.7 BASICIDADE BINÁRIA DA ESCÓRIA (CaO/SiO2).........................................

9.8 FERRO GUSA.................................................................................................

9.9 COMPOSIÇÃO TÍPICA DAS ESCÓRIAS.......................................................

10 BALANÇOS DE MASSA E TÉRMICO DO ALTO-FORNO............................

10.1 BALANÇO DE MASSA DO ALTO-FORNO..........................................

10.1.1 Exemplo de dimensionamento de carga...............................................

10.1.2 Sistema da injeção de finos de carvão..................................................

10.1.3 Balanço de massa para o ferro..............................................................

10.1.3.1 Observações importantes referentes ao balanço de ferro.....................

10.1.3.2 Cálculo do peso de minério de ferro a ser carregado............................

10.1.4 Balanço de massa para o calcário (óxido de cálcio).........................

10.1.4.1 Cálculo do peso de calcário a ser carregado.........................................

10.2 BALANÇO TÉRMICO DO ALTO-FORNO.................................................

10.2.1 Balanço térmico global do alto-forno..................................................

10.2.2 Perdas térmicas.....................................................................................

10.2.3 Zona de preparação..............................................................................

10.2.4 Zona de elaboração...............................................................................

10.3 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES............................................................

11 RESUMO DO MODELO OPERACIONAL....................................................

11.1 BALANÇO ENERGÉTCO DA ZONA DE PREPARAÇÃO..........................

11.2. BALANÇO ENERGÉTICO DA ZONA DE ELABORAÇÃO........................

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11.3. ENTRADAS DE CALOR............................................................................

11.3.1 Calor de aquecimento do ar.................................................................

11.3.2 Calor de aquecimento da carga que vem da zona de preparação....

11.4 SAÍDAS DE CALOR..................................................................................

11.4.1 Calor de aquecimento da escória.........................................................

11.4.2 Calor de aquecimento dos gases da zona de preparação................

11.4.3 Calor das reações endotérmicas.........................................................

11.4.4 Calor das reações endotérmicas.........................................................

12 CONCLUSÕES.............................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................

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RESUMO

A metalurgia do ferro consiste basicamente na redução dos seus óxidos por meio de

um redutor, o qual, em geral, é um combustível carbonado. Os materiais carregados no

alto-forno: minério, combustível que é o redutor e adições de fundentes, durante o

processo de redução, transformam-se nos seguintes produtos: ferro gusa, escória, o

gás de alto-forno e poeira. O minério de ferro, calcário, o seixo e o coque ou o carvão

vegetal são as principais matérias primas neste processo que utiliza carga metálica e

combustível que descem em contra corrente com o ar quente soprado. A operação de

um alto forno é rica em detalhes. Por isso existe a necessidade de estudos específicos

e aperfeiçoamento nos cálculos de balanço, seja de massa ou balanço térmico bem

como nos parâmetros técnicos e operacionais para que as atividades de produção

deste equipamento tenham a eficiência desejada.

Palavras chave: balanço energético, processo metalúrgico, alto forno.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Reações de redução do óxido de ferro

Quadro 2 - Análise química dos minérios de ferro usados em altos-fornos

Quadro 3 - Diferenças importantes entre carvão vegetal e coque

Quadro 4 - Diferenças operacionais entre altos-fornos carvão vegetal e coque

Quadro 5 - Forma inicial da matéria prima que é carregada no alto-forno

Quadro 6 - Entradas e saídas de materiais no processo

Quadro 7 - Representação das entradas e saídas de calor do sistema

Quadro 8 - Resumo do balanço térmico global do alto-forno

Quadro 9 – Balanço térmico na zona de preparação do alto-forno

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desenho esquemático de um alto forno

Figura 2 – Esquema de carregamento com skip para até o topo do alto-forno

Figura 3 – Sistema de distribuição de carga tipo “duplo cone”

Figura 4 – Sistema de distribuição de carga tipo “Paul Wurth” ou “Bell less”

Figura 5 – Corte na seção do Cowper, mostrando a câmara de combustão.

Figura 6 – Vista geral das instalações de Glendons

Figura 7 – Descrição operacional do alto forno

Figura 8 – Ilustração do comportamento de escoamento dos gases na carga

Figura 9 – Aspecto geral do alto forno e suas respectivas zonas

Figura 10 – Descrição da entrada de matéria prima e reações do alto forno

Figura 11 – Visão geral com ênfase nas entradas e saídas

Figura 12– Descrição das zonas de preparação e elaboração do alto forno

Figura 13– Balanço geral de entradas e saídas de calor no alto forno

Figura 14– Balanço de gases (CO /CO2) na zona de preparação do alto-forno

Figura 15– Detalhe da carga e os gases na zona de elaboração

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1. INTRODUÇÃO

Nos altos-fornos, resumidamente, ocorre fusão e redução do ferro, que passa da

forma de óxido à forma metálica. Neste tipo de equipamento, toda a carga de óxido de

ferro, agentes redutores e combustíveis é adicionada anteriormente ao acendimento do

forno. No carregamento do forno faz-se uma pilha de material no interior do mesmo,

chegando a alturas de 30 metros em alguns casos. Devido a essas características do

processo, são necessárias ao material alimentado algumas propriedades. (CAMPOS e

ASSIS, 1984).

Os altos fornos encerram as atividades da área de produção de gusa, também

conhecida como redução, nome que é dado à reação de retirada de oxigênio da matéria

prima, o seu produto o ferro gusa e a matéria prima principal para a fabricação do aço

na aciaria. Após a dosagem das matérias primas o alto forno é carregado através das

correias transportadoras até o topo, através do sistema de carregamento a matéria

prima é distribuída no interior do alto-forno. Enquanto é carregado o ar aquecido nos

regeneradores de calor (seja cowpers ou glendons) é soprado em altas pressões pelas

ventaneiras que ficam na parte inferior do alto-forno, parte essa que é denominada

zona de combustão. Na zona de combustão o carvão injetado em contato com o ar

aquecido reage e gerando gases a elevadas temperaturas, esses gases sobem, e em

contato com a carga que desce, reagem, reduzindo e fundindo a carga metálica que se

torna pastosa e liquida, originando o ferro gusa e a escória que são vazados através

dos furos de vazamento localizados no cadinho, região inferior da base do alto-forno.

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2. OBJETIVOS

O objetivo do presente trabalho é descrever o processo metalúrgico de produção

de ferro gusa e seus mais diversos parâmetros e variáveis. Objetiva-se também o

detalhamento do balanço material e balanço energético do alto-forno mostrando as

reações químicas envolvidas no processo e suas respectivas energias geradas e/ou

consumidas.

São realizadas também comparações entre as operações nos alto-fornos a

coque e a carvão vegetal detalhando as diferenças mais relevantes. O formato das

matérias primas nas entradas e saídas ao fim do processo também são fatos relevantes

de serem tratados além de dados como produção e produtividade dos alto-fornos.

Um fato de extrema relevância para execução deste trabalho, é que este foi

baseado nas dificuldades de alguns alunos de cursos técnicos em metalurgia e alunos

de engenharia em ter acesso a bibliografias com linguagem técnica operacional, por

isso uma revisão bibliográfica bem clara e objetiva em relação ao processo metalúrgico,

porém com a linguagem utilizada dentro das empresas no dia a dia industrial. Este fato

é de suma importância, pois proporcionará uma fonte de consulta mais próxima da

realidade industrial e dando acesso a linguagem técnica a quem for de interesse, dando

aos alunos contato imediato com a realidade industrial e com os termos e linguagem

técnica importantes para sua formação.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 ALTO FORNO

De acordo com (RIZZO, 2005), alto forno é um reator metalúrgico empregado na

produção de ferro gusa, através do processo de fusão redutora de minérios de ferro em

presença de carvão vegetal ou coque e fundentes, os quais são carregados pelo topo e,

na descida, são transformados pela ação dos gases ascendentes, provenientes da

combustão do carvão com oxigênio soprado pelas ventaneiras, obtendo-se a escória e

o ferro gusa depositados no cadinho e as poeiras e os gases no topo. No interior do alto

forno, estão reagindo sólidos, líquidos e gases. A temperatura varia de 150 °C no topo

até 2100 °C nas regiões inferiores. A figura 1 abai xo mostra um desenho esquemático

de operação de um alto forno.

Fig.1 - Desenho esquemático de um alto forno (CATÁLOGO PAUL WURTH).

De maneira geral é constituído de:

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• Equipamentos de descarga e pesagem de matérias primas;

• Equipamentos de carga no topo do forno;

• O forno propriamente dito;

• Equipamentos para operações em altas pressões;

• Regeneradores de calor.

3.2 EQUIPAMENTO DE DESCARGA DE MATÉRIAS PRIMAS

Os materiais são levados ao topo do alto-forno através de skips ou correia

transportadora. Os dois sistemas são utilizados de maneira indistinta para altos-fornos a

carvão vegetal ou coque. O sistema de correia transportadora tem sido preferido para

os novos projetos. Os skips são constituídos de caçambas puxadas por cabo de aço e

movem-se sobre linhas paralelas e inclinadas em relação à horizontal. As caçambas

podem ser de fundo móvel ou basculante. A figura 2 mostra o sistema de carregamento

dando ênfase ao skip com a caçamba em sua subida para o topo do alto-forno.

(CAMPOS, 1984).

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Fig. 2 - Esquema de carregamento com skip até o topo do alto-forno (CAMPOS, 1984).

Com o material já no topo, existem ainda dois sistemas de carregamento para

dentro do alto-forno:

• O chamado de “duplo cone”;

• E o chamado “Paul Wurth” (ou “Bell less”).

Um outro sistema de distribuição da carga no alto-forno é o chamado sistema de

distribuição com duplo cone, este é mostrado na figura 3 e retrata um aspecto geral do

princípio de funcionamento do equipamento.

Fig. 3 - Sistema de distribuição de carga tipo “duplo cone” (CATÁLOGOS USIMINAS, 1999).

Caçamba tipo skip.

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Nesse sistema, as cargas dos skips ou da correia transportadora são despejadas

em cima do cone superior (cone menor). Depois de cada carga abre-se esse cone,

deixando os materiais escorregar para o cone maior (inferior). Estando o cone superior

fechado, o cone maior é baixado, deixando passar a carga para o interior do forno. O

cone maior é novamente fechado e o ciclo se repete. O objetivo do esquema de duplo

cone é o aproveitamento total do gás de topo do alto-forno, além de não permitir a

saída para a atmosfera desse gás, que carrega uma quantidade muito grande de pó.

(ARAUJO, 1997).

O sistema “Paul Wurth” ou “Bell less” é mostrado na figura 4. O alimentador

(tremonha) é colocado sobre um dos silos do topo a ser alimentado. A válvula de

vedação superior é aberta e a carga desce para o silo. Fecha-se a válvula superior e,

utilizando nitrogênio, equaliza-se a pressão do interior do silo com a pressão do forno.

Após a equalização, abre-se a válvula de vedação inferior, colocando em movimento a

calha rotativa que se encontra na posição de espera e dentro do alto-forno. A válvula de

retenção se abre na medida necessária para que o material escoe do silo no tempo

previsto. Esse tempo de saída do material é igual ao tempo de movimento da calha, de

tal forma que se possa realizar uma distribuição uniforme da carga dentro do reator.

(BRADASCHIA, 1986).

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Fig. 4 - Sistema de distribuição de carga tipo “ Paul Wurth”, (CATÁLOS USIMINAS, 1999).

4. OS REGENERADORES DE CALOR

Se o ar da combustão do carbono do carvão vegetal ou do coque fosse

introduzido nas ventaneiras do alto-forno à temperatura ambiente, maior quantidade de

combustível (carvão vegetal ou coque) seria gasta para gerar o calor necessário ao

processo. Utilizando-se uma parte dos gases de topo do alto-forno para aquecer o ar,

antes de soprá-lo pelas ventaneiras, obtém-se uma considerável economia de

combustível sólido. O ar proveniente dos sopradores (motores elétricos que aspiram o

ar da atmosfera) é pré-aquecido nos regeneradores (ou trocadores) de calor à

temperaturas da ordem de 500 a 1200 oC e, então, é introduzido no alto-forno pelas

ventaneiras, (Catálogos Usiminas).

Os regeneradores de calor utilizados são os “Cowpers” e os “Glendons”. Os

Glendons são regeneradores de calor de menor eficiência, mas com um investimento

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muito menor. Quando se usa Glendons a temperatura do ar alcançada é de 500 a 850 oC. Quando se usa Cowpers a temperatura do ar chega a 1.200 oC, os altos-fornos a

coque sempre utilizam Cowpers como regeneradores de calor. Já os altos-fornos a

carvão vegetal utilizam Cowpers ou Glendons, dependendo do LAYOUT, por isso pode

variar de acordo com a usina. (BRADASCHIA, 1986).

4.1 COWPERS

Os Cowpers são constituídos de uma carcaça cilíndrica de chapa metálica,

revestida internamente de tijolos refratários. Num dos lados existe a câmara de

combustão, formando um ducto de seção circular ou oval, onde é queimado o gás de

alto-forno com o oxigênio do ar. Os gases produtos da queima são CO2, H2O e N2 e

estão em altas temperaturas. (FIGUEREDO e TAVARES, 1983).

Reações

CO(g) + ½ O2(g) = CO2(g) + CALOR Eq. (1)

H2 + ½ O2(g) = H2O(g) + CALOR Eq. (2)

No outro lado do Cowper o volume é ocupado por um empilhamento de tijolos

refratários de formato especial, que podem ter desenhos e dimensões das mais

variadas e formam canais com o máximo de superfície, esta estrutura refratária é para

suportar as solicitações de altas temperaturas deste equipamento, isto pode ser

verificado na figura 5. Os sistemas de produção que utilizam Cowpers geralmente são

sistemas de grandes produções, ou seja, altos-fornos de grandes capacidades e

consequentemente de grandes proporções. Um fato relevante é que a utilização do

sistema aquecimento de gases do tipo cowper é mais eficiente dependo do tipo e

capacidade do alto-forno. O que se observa é que altos-fornos maiores que são em sua

grande maioria operados com coque, utilizam este sistema, ao passo que altos-fornos

menores e que operam em quase sua totalidade com carvão vegetal, utilizam um outro

sistema chamado glendons. (CASTRO, et. ali, 1985).

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Fig. 5 - Corte da Seção do Cowper, mostrando a câmara de combustão, (CAMPOS, 1984).

O cowper funciona de maneira diferente de meia em meia hora, em média. Na

primeira meia hora acontece o aquecimento do cowper: o gás de alto-forno é

introduzido na câmara de combustão juntamente com o ar, onde acontece a queima. O

gás produto da queima, que está em altas temperaturas, passa pelo domo e atravessa

no sentido descendente o empilhamento de refratários, cede calor aos tijolos e sai pela

chaminé para o ambiente. Na outra meia hora, acontece o resfriamento do cowper ou o

aquecimento do ar soprado: fecham-se as entradas de gás de alto-forno e de ar e a

saída de gases de queima. O ar frio é soprado para dentro do cowper e percorre de

baixo para cima o empilhamento de refratários que está quente. O ar é então aquecido

e atinge o domo do cowper, desce ao longo da câmara de combustão e vai direto para

o alto-forno pela tubulação de ar quente. Sendo assim os cowpers são aparelhos que

absorvem calor durante o período em que o gás de alto-forno é queimado na câmara de

combustão e cede calor durante o período em que o ar os atravessa no sentido inverso.

Como o alto-forno sempre precisa de ar quente, normalmente, têm-se três (ou quatro)

Cowpers, sendo dois em aquecimento e um cedendo calor ao ar soprado. (GEERDES,

et. ali, 2007).

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4.2 GLENDONS

Os Glendons são construções em formato retangular e por dentro é constituído

de fileiras de garrafas de ferro fundido, interligadas por canais, ou de tubulações de aço

inox. Os aquecedores metálicos (Glendons) consistem de um conjunto de tubos

centrifugados, de aços ligados, e são projetados para atingir temperaturas do ar de

sopro, de até 850 ºC. Uma visão geral dos glendons pode ser observada na figura 6.

(CAMPOS e ASSIS, 1984).

Fig. 6 - Vista geral das instalações de Glendons (CAMPOS e ASSIS, 1984).

Na parte externa das garrafas de ferro fundido ou das tubulações de aço inox, o

gás de alto-forno é queimado com ar, aquecendo as mesmas. O ar frio é soprado e

passa por dentro das garrafas ou tubulações quentes e se aquece. O aquecimento do

ar de sopro é feito através de aquecedores devidamente projetados, contendo dois ou

três módulos que operam em paralelo. O combustível utilizado para o aquecimento do

ar de sopro pode ser o próprio gás (GAF), dependendo da planta da usina, cerca de

GLENDONS

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40% do volume total do GAF é utilizado para o aquecimento do ar de sopro.

(MATSUDA, 1983).

Diferente do Cowper, o processo de aquecimento do ar no Glendon é contínuo e

depende apenas de uma unidade deste regenerador. Na prática utilizam-se,

simultaneamente, três ou quatro Glendons. (MATSUDA, 1983).

5. MATERIAS PRIMAS

• De acordo com as afirmações de (ARAÚJO, 1997), As matérias primas básicas

da indústria siderúrgica são as seguintes:

• Minério de ferro;

• Carvão;

• Calcário;

• Seixo.

Minério de ferro é a principal matéria prima do alto forno, pois é dele que se extrai

o fero. Os materiais que contêm ferro em quantidade apreciável são os óxidos,

carbonatos, sulfetos e silicatos. Os mais importantes para indústria siderúrgica são

óxidos, sendo eles:

• Magnetita (óxido ferroso- férrico) – Fe2O4 - 72% Fe;

• Hematita (óxido férrico) – Fe2O3 - 69,9% Fe;

• Limonita (óxido hidratado de ferro) - 2FeO3. H2O – 48,3% Fe.

Ainda segundo (ARAÚJO, 1997), o Brasil possui grandes reservas de minério de

ferro de alta qualidade (alto teor de ferro). O minério de ferro é composto por três partes

distintas:

• Útil – parte que contém o ferro;

• Ganga – impurezas sem valor direto;

• Estéril – rocha de onde provém o minério;

O minério de ferro é composto por três partes distintas:

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• Rico – 60 a 70% de ferro;

• Médio – 50 a 60% de ferro;

• Pobre - <50% de ferro.

6. BENEFICIAMENTO DO MINÉRIO DE FERRO

O termo beneficiamento compreende uma série de operações que tem como

objetivo tornar o minério mais adequado para a utilização nos altos fornos. Estas

operações são britagem, peneiramento, mistura moagem, concentração, classificação e

aglomeração, esta ultima a mais importante para siderurgia. A aglomeração visa

melhorar a permeabilidade da carga do alto forno, reduzir o consumo de carvão e

acelerar o processo de redução. Os processos mais importantes de aglomeração são

sinterização e pelotização. (RIZZO, 2005).

6.1 SINTERIZAÇÃO

A sinterização consiste, essencialmente, em após misturar e homogeneizar um

conjunto de matérias-primas (entre elas, os finos de minérios de ferro) contendo certa

umidade, submeter a mistura a uma semi-fusão a temperaturas na faixa de 1200 a

1400 oC. O produto resultante desse processo é denominado sinter. O sinter é, então,

utilizado como matéria-prima para o alto-forno. Quando o processo de sinterização é

bem conduzido, o sinter obtido pode ter propriedades metalúrgicas melhores que as do

minério granulado. (ARAUJO e NASCENTE, 2002).

As matérias-primas para o processo de sinterização são: finos de minérios de

ferro, finos de carvão vegetal ou coque e adições. O minério de ferro que possui

características físicas e químicas para a produção do sinter é denominado sinter feed. A

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suas principal característica é a distribuição granulométrica e o poder de aglomeração a

frio. Geralmente, a distribuição granulométrica do minério de ferro para sinterização é:

• 100 % do material abaixo de 10 mm;

• 45 a 60 % do material entre 5 e 10 mm;

• Menos de 15 % abaixo de 0,074 mm.

Quanto às características químicas, a preocupação maior para os minérios

brasileiros é manter baixos os teores de Al2O3 e constante os teores de SiO2. Os finos

de carvão vegetal ou coque atuam como combustíveis e a sua função é de gerar o calor

necessário para o desenvolvimento das reações de aglomeração. Normalmente, estes

materiais são utilizados na faixa granulométrica de 2 a 5 mm. (MATSUDA, 1983).

As reações de queima do carbono contido no carvão vegetal ou no coque com o

oxigênio do ar são expressas por:

C(s) + ½ O2(g) = CO(g) + calor Eq. (3)

C(s) + O2(g) = CO2(g) + calor Eq. (4)

Nas adições são utilizados materiais que reagem com o minério de ferro durante

o processo e que são responsáveis pela formação dos principais compostos, que vão

dar resistência mecânica ao sinter. A adição mais importante é a cal, CaO, que é usada

em granulometria abaixo de 3 mm. Alguns resíduos gerados nas próprias usinas

siderúrgicas, tais como o pó de alto-forno e a carepa de laminação (rica em FeO),

também podem ser usados como adições na sinterização (CASTRO, 1997). Existem

basicamente dois processos de sinterização. Um deles é intermitente, tendo como

unidade de produção uma panela basculável com fundo de grelha e forno de ignição

móvel. O outro processo é contínuo, emprega uma esteira rolante com fundo de grelha

e forno de ignição fixo. A sinterização se desenvolve de maneira idêntica nos dois

processos e envolve a realização das seguintes etapas:

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• Carregamento da unidade de produção, panela ou esteira, de modo

intermitente ou contínuo, com a mistura a sinterizar;

• Ignição do combustível sólido na superfície superior da mistura, usando

um forno de ignição;

• Sucção do ar através da mistura. Esta sucção é feita de cima para baixo,

usando um sistema de exaustão;

Aglomeração propriamente dita. A frente de combustão, inicialmente localizada

no topo da mistura a sinterizar, é transportada para o fundo da panela ou esteira pelo

fluxo de ar succionado. Ao longo dessa frente de combustão, ocorrem as principais

reações de sinterização que provocam a aglomeração e dão resistência ao sinter.

Quando a frente de combustão atinge as grelhas, todo o combustível da mistura já deve

ter sido queimado, provocando uma semi-fusão e aglomerando todo o material

carregado na panela ou esteira. (BRAGA e CAMPOS, 1984).

O sinter é originalmente obtido na forma de grandes blocos resultantes da

aglomeração. Esse material é britado e peneirado. A fração com tamanhos superiores a

6 mm constitui o sinter para o alto-forno. A fração inferior a esse tamanho é recirculada

no processo e é denominada finos de retorno. O processo de sinterização apresenta

uma semelhança bastante grande com o ato de fumar um cachimbo. Em ambos faz-se

a ignição pela parte superior, faz-se sucção do ar pela parte inferior e, a cada instante,

pode-se identificar três regiões: uma zona superior de material já processado (sinter ou

cinzas do fumo), uma zona de combustão (ou em brasa) e uma zona de material ainda

não afetado pelo calor (mistura a sinterizar ou fumo). No processo de sinterização, os

gases quentes gerados na zona de combustão, quando succionados pela parte inferior,

levam o calor necessário para o prosseguimento do processo, até que toda a altura do

leito de material tenha sido processado e se transformado em sinter. (Catálogos da

Companhia Siderúrgica Nacional - CSN).

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6.1.1 Características do sínter para uso em alto-fo rnos

Como está de acordo em (FIGUEREDO e TAVARES, 1984), as características

que são avaliadas em um sinter para uso em altos-fornos são similares àquelas que são

monitoradas nos minérios de ferro granulados. Entretanto, nos minérios de ferro estas

características são basicamente definidas pela natureza desta matéria-prima, ao passo

que no sinter existe uma margem bastante ampla de controle destas propriedades. Os

principais parâmetros que podem ser usados no controle das características do sinter

são a proporção de CaO adicionado (relação CaO/SiO2 no sinter final) e quantidade de

combustível sólido usado no processo. Uma escolha adequada destes parâmetros

permite a obtenção de um sinter com qualidade bastante superior ao dos minérios

granulados. Isso faz com que o sinter seja hoje uma matéria prima essencial para altos-

fornos, especialmente para aqueles de grande porte. Uma composição química típica

de um sinter de minério de ferro é fornecida abaixo:

• Fe total: 57-58 %;

• FeO: 8-10 %;

• SiO2: 5-6 %;

• CaO: 8-9 %;

• MgO: 1-2 %;

• Al2O3: 1 %.

A sinterização permite o emprego de uma carga de minério de ferro constituída

por finos relativamente grosseiros. A pelotização conclui o aproveitamento integral das

minas, pois possibilita a aglomeração dos superfinos. O produto deste processo é

denominado pelota. As pelotas de minério de ferro são normalmente utilizadas nos

processos de redução direta e nos altos-fornos. (GEERDES, et. ali. 2007).

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6.2 PELOTIZAÇÃO

A pelotização é um processo de aglomeração de partículas ultrafinas de minério

de ferro, através de um tratamento térmico. Esta fração ultrafina (abaixo de 0,15 mm) é

encontrada desta forma na natureza ou gerada no beneficiamento. A pelotização tem

como produto aglomerados esféricos de tamanhos na faixa de 8 a 18 mm, com

características apropriadas para alimentação das unidades de redução, tais como altos-

fornos. (ARAUJO e NASCENTE, 2002).

Como o alto-forno é abastecido antes do início da combustão, são necessários

meios de entrada e circulação de ar e gases de combustão, em todas as regiões da

carga. Por esse motivo, é imprescindível que as partículas, seja de combustível ou

minério de ferro, tenham dimensões grandes o suficiente para que remaneçam lacunas

entre elas. Pela mesma razão, é preciso que estes materiais tenham resistência

mecânica suficiente para suportar o próprio peso da carga do forno, para que não haja

esmagamento e conseqüente obstrução do auto-forno, daí a necessidade de

pelotização, em se tratando de frações finas de minério. Além destes objetivos

principais, a produção de pelotas também permite adição de maior valor agregado ao

produto, sendo possível acrescentar na própria pelota agentes redutores do ferro como

carvão mineral. (MEDEIROS, 2007).

6.2.1 Processo de pelotização

As etapas envolvidas no processo de pelotização podem, de forma genérica, ser

agrupadas em três estágios: Preparação das matérias-primas, formação das pelotas

cruas e processamento térmico. (CASTRO, 1986).

A preparação das matérias primas tem por objetivo adequar as características do

minério de ferro às exigidas para a produção de pelotas cruas. Neste estágio é

preparada a mistura a pelotizar, que pode comportar diferentes tipos de minérios e

aditivos (água, cal dolomítico e betonita), estes utilizados para modificar a composição

química e as propriedades metalúrgicas das pelotas. Em geral, incluem-se neste

estágio as seguintes etapas: concentração / separação, homogeneização das matérias

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primas, moagem, classificação, espessamento, homogeneização da polpa e filtragem.

(ARAUJO e NASCENTE, 2002).

6.2.1.1 Formação de pelotas

A formação de pelotas cruas, também conhecida por pelotamento, tem por

objetivo produzir pelotas numa faixa de tamanhos apropriada e com resistência

mecânica suficiente para suportar as etapas de transferência e transporte entre os

equipamentos de pelotamento e o de tratamento térmico. (ARAUJO, 2000).

6.3 CARVÃO

Como já foi confirmado por (RIZZO, 2005), O combustível utilizado no alto forno

é o carvão, seja vegetal ou coque, e tem as seguintes finalidades:

• Fornecer calor para as reações;

• Fornecer carbono para a redução do óxido de ferro;

• Indiretamente, fornecedor de carbono como principal elemento de liga do ferro.

7. DESCRIÇÃO DO PROCESSO

A obtenção do ferro a partir de óxidos (Fe2O3) é um processo muito antigo e

constitui-se, basicamente, da mistura do óxido (Fe2O3) com o carbono (C) e um sopro

de ar. O oxigênio (O2) do ar reage com o carbono (C), gerando energia e gás redutor

(CO), suficientes para a redução de Fe2O3. Nos processos de redução direta, o óxido de

ferro (Fe2O3) contido no minério de ferro é reduzido por um gás rico em CO e/ou H2. A

redução consiste na retirada do oxigênio que está ligado ao ferro. Em termos globais,

essa redução é expressa por (CAMPOS, 1998). A figura 7 mostra uma descrição

operacional do alto forno.

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Fig. 7 - Descrição operacional do alto forno (CATÁLOGOS CSN, 1997).

Após a descrição operacional devem-se observar as reações químicas que

ocorrem no interior do alto-forno, por isso é importante acompanhar os dados do quadro

1 a seguir.

Quadro 1 - Reações de redução do óxido de ferro.

Reações de redução

C + ½ O2 = CO Gera energia

Fe2O3(s) + 3 CO(g) = 2 Fe(s) + 3 CO2(g)

Fe2O3(s) + 3 H2(g) = 2 Fe(s) + 3 H2O(g) Redução do óxido

Fonte: (GEERDES, et. Ali, 2007).

Como foi relatado por (CASTRO, 1985), no alto-forno, o Fe2O3 é também

reduzido por um gás contendo CO e H2, ocorrendo às mesmas reações acima. Esse

gás é gerado pela reação do carvão vegetal ou coque com o oxigênio do ar injetado no

forno, conforme expresso abaixo:

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C(s) + ½ O2(g) = CO(g) Eq. (5)

Na produção de gusa líquido em altos-fornos, o carbono exerce o papel de

combustível, gerando energia suficiente para atender as necessidades do processo, e

de redutor, gerando monóxido de carbono, CO, que é o principal responsável pela

redução do Fe2O3 a Fe metálico. As reações envolvidas são:

C(s) + ½ O2(g) = CO(g) + calor (gera gás redutor, CO, e calor) Eq. (6)

Fe2O3(s) + 3 CO(g) = 2 Fe(s) + 3 CO2(g) (reação de redução) Eq. (7)

Segundo (MATSUDA, 1983), as matérias-primas que contém o carbono com

propriedades adequadas para uso em altos-fornos, são o carvão vegetal que é

resultado da carbonização da madeira e o coque, produto resultante do processo de

coqueificação do carvão mineral. Nos processos de redução direta, o nível de

temperatura alcançado não é suficiente para ocorrer a fusão do ferro e a sua separação

da ganga contida no minério. O produto final é denominado ferro esponja. Esse produto

é sólido e contém toda a ganga existente inicialmente no minério. Sua principal

aplicação é na fabricação do aço em fornos elétricos. No alto-forno, ocorre a fusão do

ferro. Com a fusão, o ferro se separa da ganga do minério. Formam-se duas fases

distintas:

• Uma fase metálica, denominada ferro gusa, que contém ferro e impurezas como

carbono (C), silício (Si), manganês (Mn), fósforo (P), enxofre (S), e etc;

• Uma fase não metálica, denominada escória, que incorpora principalmente a

ganga do minério de ferro. O produto metálico dos três primeiros processos é o ferro-

gusa líquido, que é constituído de ferro (em torno de 94%), carbono (em torno de 4%) e

o restante são os elementos silício (percentagem variável), manganês (também

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variável), fósforo e enxofre (cujas percentagens dependem das matérias-primas

utilizadas). Nesses processos obtém-se um outro produto líquido, a escória, que é

formada, principalmente, pela ganga do minério de ferro (SiO2, Al2O3), pelos fundentes

(CaO, MgO) e pelas cinzas do coque ou do carvão vegetal. A escória líquida tem uma

densidade inferior à do gusa líquido, permitindo assim, a separação física entre eles.

(BRAGA e CAMPOS, 1984).

A carga sólida do alto forno, constituída de combustíveis/redutores (carvão

vegetal ou coque), minério de ferro (granulado e/ou sínter e/ou pelotas) e,

eventualmente, fundentes, é peneirada, pesada e armazenada em silos. Nos fornos

modernos utiliza-se tremonha de pesagem em cada silo de matéria prima. Os silos são

dispostos e dimensionados de acordo com o planejamento de cada carga (carga

metálica, coque e fundentes). Estes materiais são transportados em silos, até o topo do

alto forno através de correias transportadoras ou sistema de carrinhos (vagonetes ou

skips) que se deslocam sobre trilhos ou ainda cestos com fundo móvel (para altos

fornos pequenos). A carga sólida é carregada de maneira periódica, sendo realizada a

drenagem contínua ou periódica de líquidos (ferro gusa e escória) pela parte inferior,

com a contínua injeção de ar quente e hidrocarbonetos pelas ventaneiras, além da

remoção de gases e pó pelo topo. (RIZZO, 2005).

A sinterização e a pelotização são processos de aglomeração. Neles são

utilizados minérios de ferro em granulometria mais finas. Neste processo, os minérios

são submetidos a um processamento em altas temperaturas (1200-1400 oC), que

provoca a aglomeração das partículas de minério de ferro, formando os produtos

denominados sinter e pelota. No próximo item serão apresentadas as características

desejadas em um minério de ferro, quando ele se destina ao uso em altos-fornos.

(CASTRO, 1986).

7.1 CARACTERÍSTICAS DO MINÉRIO PARA USO EM ALTO-FORNO

(RIZZO, 2005) afirma que as características físicas e químicas dos minérios de

ferro utilizados nos altos-fornos tem um efeito significativo sobre a eficiência e

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economicidade do processo. As principais características que devem ser avaliadas em

um minério de ferro a ser usado em altos-fornos são:

• Análise química;

• Redutibilidade;

• Distribuição granulométrica;

• Resistência mecânica;

• Crepitação.

7.1.1 Análise química

Conforme já mencionado por (CAMPOS, 1998), o minério de ferro contém além

do ferro (na forma de Fe2O3), outros óxidos, tais como SiO2, Al2O3, MnO2, P2O5 e etc.

De um modo geral, a análise dos minérios de ferro usados em altos-fornos está dentro

das faixas listadas no quadro 2. Normalmente, um aumento nos teores de SiO2 e Al2O3

em um minério causa uma elevação na quantidade de escória formada no alto-forno.

Esse aumento no volume de escória compromete a produtividade do alto-forno e

provoca uma elevação no seu consumo de energia (maiores consumos de coque ou

carvão vegetal). O teor de fósforo tem efeito sobre a qualidade do ferro gusa. O fósforo

contido no minério é integralmente incorporado ao ferro gusa. Desta forma, um

aumento no teor de fósforo do minério causa um aumento no teor deste elemento no

gusa. Para a maior parte das aplicações, o fósforo prejudica a qualidade do ferro gusa e

do aço, eventualmente produzido a partir deste ferro gusa.

Quadro 2 - Análise química dos minérios de ferro usados em altos-fornos.

COMPONENTES TEOR (%) Fe 60 – 68 Fe2O3 86 – 97

SiO2 0,5 – 10

Al2O3 0,3 – 2

Mn (na forma de MnO2) 0,1 - 0,3 P (na forma d P2O5) 0,02 - 0,08

Fonte: (CAMPOS, 1998).

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Os minérios de ferro costumam possuir também certo teor de álcalis, K2O e

Na2O. Estes materiais tendem a recircular no alto-forno, sendo de difícil eliminação.

Além disso, estão normalmente associados à formação de cascões nos fornos. Estes

cascões reduzem a seção transversal útil dos fornos e reduzem a sua produtividade.

Desta forma, torna-se importante avaliar também os teores destes óxidos nos minérios

de ferro. (CAMPOS, 1998).

7.1.2 Redutibilidade

No alto-forno, o Fe2O3 contido no minério de ferro é reduzido pelos gases que

são gerados no interior do reator de acordo com as reações (1) e (2) listadas

anteriormente (CASTRO, et. ali, 1985). Para uma boa eficiência do processo e um

mínimo no seu consumo de energia, é interessante que o minério de ferro apresente

uma alta velocidade de redução pelos gases. Essa velocidade de redução é

quantificada através de uma propriedade denominada redutibilidade, que é avaliada em

ensaios padronizados de laboratório, que buscam simular condições similares às

encontradas no interior dos altos-fornos. Um dos fatores que mais afeta a redutibilidade

de um minério de ferro é a sua porosidade: quanto mais poroso for o minério, maior

será a sua redutibilidade.

7.1.3 Distribuição granulométrica

O alto-forno é um reator que opera em contracorrente, com os gases tendo um

movimento ascendente e os sólidos, entre eles o minério de ferro, com movimento

descendente. Para se obter uma elevada produtividade do alto-forno é essencial que a

passagem do gás entre as partículas dos sólidos seja a mais fácil possível (elevada

permeabilidade do fornos). Consegue-se facilitar este escoamento do gás usando-se

um minério de ferro com a faixa granulométrica a mais estreita possível (consistente

com as restrições econômicas) e completamente isento de materiais com granulometria

mais finas (denominados genericamente de finos). Estes finos tendem a se alojar nos

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vazios entre as partículas maiores, obstruindo a passagem do gás. Esta limitação é que

impede o uso de minérios com granulometria abaixo de 6 mm em altos-fornos.

(ARAÚJO, 1997).

Logo a seguir pode ser observada na figura 8, uma ilustração de como se

comporta o fluxo de gases em duas situações diferentes, uma situação de fácil

escoamento e uma situação de difícil escoamento.

Fig. 8 - Ilustração do comportamento de escoamento dos gases na carga (ARAÚJO, 1997).

7.1.4 Resistência mecânica

Quando usados em altos-fornos, os minérios de ferro são submetidos a esforços

de queda (durante o carregamento), abrasão (atrito) e compressão (durante o

movimento descendente no interior do forno). É essencial que os minérios de ferro

suportem estes esforços sem sofrer uma degradação significativa. Caso contrário

ocorrerá uma geração intensa de finos, que comprometem o escoamento gasoso no

forno. Desta forma, os minérios de ferro devem possuir elevada resistência mecânica.

Como os esforços de abrasão e compressão ocorrem simultaneamente com as reações

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de redução, é importante que o minério mantenha esta elevada resistência, mesmo

quando submetido à redução. (FIGUEREDO e TAVARES, 1984).

8. DESCRIÇÃO DAS ZONAS DO ALTO FORNO

O alto-forno é dividido em zonas específicas como é descrito abaixo. É

importante ressaltar que a zona de preparação está toda dentro da zona granular; a

zona de elaboração tem um pedaço da zona granular, toda a zona de amolecimento e

fusão e toda a zona de gotejamento. Na zona de preparação tudo acontece

(aquecimento e reações) sem o consumo de carbono, já na zona de elaboração tudo

ocorre (aquecimento e reações) com consumo de carbono. A seguir na Figura 9 pode

ser observada a especificação de cada zona do alto-forno. (CASTRO, 1986).

Fig. 9 - Aspecto geral do alto forno e suas respectivas zonas (CASTRO, 1986).

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8.1 ZONA GRANULAR

Zona onde a carga metálica (sínter e/ou pelota e/ou minério) e o termo-redutor

(carvão vegetal e/ou coque) e mais os fundentes descem sólidos em contra corrente

com os gases. (CASTRO e ASSIS, 1984).

8.2 ZONA DE AMOLECIMENTO E FUSÃO

Zona onde a carga metálica fica no estado de amolecimento, até a fusão

completa;

8.3 ZONA DE GOTEJAMENTO

Zona onde o metal e a escória, já líquidos, escoam através de um empilhamento

de coque (ou carvão vegetal), em contra corrente com os gases. A zona de

gotejamento engloba o homem morto e a zona de combustão. O homem morto é a

coluna de coque (ou carvão vegetal) por onde o metal e a escória gotejam e que não

alimenta a zona de combustão. A seguir são comentados detalhes e curiosidades de

cada zona. (CASTRO, 1997).

8.4 ASPECTOS IMPORTÂNTES DA ZONA GRANULAR

Os estudos de dissecação mostraram que:

• A carga desce na zona granular mantendo sua estrutura estratificada, sem

misturar os materiais;

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• Tanto a camada de redutor quanto da carga metálica tornam mais finas à medida

que descem no forno;

Existe uma pequena degradação granulométrica do coque e uma grande

degradação granulométrica da carga metálica e do carvão vegetal no interior da zona

granular. (GEERDES, et. ali, 2007).

8.4.1 Detalhes da degradação da carga na zona granu lar

Os óxidos de ferro que compõem a carga metálica, quando são reduzidos geram

tensões dentro das partículas ocasionando quebras. Isto se chama degradação sob

redução. Já o carvão é um material frágil e quebra sob ação de atrito e da carga

pressionando por cima. Por conta de sua maior resistência o coque não degrada na

zona granular. Porém se tiver muitos álcalis (K2O+Na2O) no alto-forno ocasionará uma

maior incorporação no coque e nesse caso o coque irá degradar na zona granular.

(CAMPOS, Dados termodinâmicos, 1984).

O ferro gusa e a escória gotejam através deste empilhamento, em contra

corrente com os gases quentes provenientes da zona de combustão. Os líquidos se

acumulam no cadinho do alto-forno, juntos com o empilhamento de coque ou carvão.

Os estudos de dissecação dos altos-fornos trouxeram muita informação a respeito da

estrutura interna da carga. No entanto, as informações são válidas para um alto-forno

parado. Elas não esclarecem a maneira pela qual a estrutura interna da carga se altera,

por efeito de mudanças nas condições de marcha. Mudanças na forma e tamanho da

zona granular (aumentando ou diminuindo a redução nessa zona), nos níveis térmicos

e na distribuição de gases no alto-forno, estão intimamente relacionadas com a forma e

localização da zona de amolecimento e fusão. Portanto, o conhecimento da maneira de

alterar a forma e a localização dessa zona é da mais alta importância. (ARAÚJO e

CASTRO, 1999).

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9. COMPARAÇÃO ENTRE ALTOS-FORNOS A COQUE E A CARVÃO VEGETAL

Inicialmente podem ser observadas algumas diferenças importantes entre o

carvão vegetal e o coque quanto as suas características químicas, físicas e

metalúrgicas, estas são mostradas sequência no quadro 3.

Quadro 3 - Diferenças importantes entre carvão vegetal e coque

Item Unidade Carvão vegetal Coque

Carbono fixo % 65-75 ~~88

Materiais voláteis % 25-35 ~~1

Cinza % 2-5 10-12

Enxofre % 0,03-0,10 0,45-0,70

SiO2 % 5-10 50-55

CaO % 37-56 4-5

MgO % 5-7 4-5

Al2O3 % 2-12 25-30

Fe2O3 % 6-13 5-7

P2O5 % 8-12 0,4-0,8

K2O % 15-25 2-4

Na2O % 2-3 1-3 Resistência a compressão Kgf/cm2 10-80 130-160

Faixa granulométrica mm 9-10 25-75

Densidade Kg/m3 180-350 550

Reatividade Kg/m3 Maior Menor Fonte (RIZZO, 2005).

Alguns itens importantes são comparados quando se usa coque ou carvão

vegetal como termoredutor no alto-forno. As mais diversas diferenças serão

demonstradas no quadro 4:

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Quadro 4 – Comparações entre altos fornos a coque e a carvão vegetal. ITENS COQUE CARVÃO VEGETAL

1.Produção 2.000 a 12.000 t/d 40 a 1.200 t/d

2.Diâmetro do cadinho 8 a 14 m 1,5 a 6 m

3.Altura do alto-forno ~32 m ~16 m

4.Regeneradores Cowpers Cowpers ou Glendons

5.Produtividade > 2 t/d.m3 1,6 a 2,0 t/d.m3

6.Volume de escória 250 a 300 kg/t gusa 100 a 150 kg/t gusa

7.CaO/SiO2 escória > 1,0 < 1,0

8.Gusa %Si<1,0% %Si variável

Enxofre alto Fósforo alto

9.Composição típica das escórias

CaO = 45% CaO = 40%

SiO2 = 35% SiO2 = 45%

Al2O3 = 12% Al2O3 = 12%

MgO = 5% MgO = 2%

Outros = 3% Outros 1%

10.Composição típica da Cinza

CaO = 10% CaO = 35%

SiO2 = 50% SiO2 = 20%

Al2O3 = 25% Al2O3 = 5%

Fe2O3 = 5% Fe2O3 = 10%

Enxofre = 10% MgO = 10%

P2O5 = 5%

K2O + Na2O = 8%

Fonte: (MEDEIROS, 2007).

9.1 PRODUÇÃO

O carvão vegetal tem uma resistência mecânica muito menor do que o coque e

no alto-forno essas matérias-primas funcionam também como sustentação da carga do

reator. Portanto, um alto-forno a carvão vegetal não pode ser tão grande quanto um

alto-forno a coque. Atualmente o maior alto-forno a carvão vegetal produz em torno de

1.200 toneladas de gusa por dia. Um alto-forno maior tornaria o processo inviável.

(GEERDES, et. ali, 2007).

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9.2 DIÂMETRO DO CADINHO

A produção do alto-forno está associada diretamente com as suas dimensões

internas. O diâmetro do cadinho é um parâmetro que se pode utilizar para comparar os

vários altos-fornos. Como um alto-forno a coque pode ser maior, o diâmetro de seu

cadinho também será maior. (BRAGA e CAMPOS, 1984).

9.3 ALTURA DO ALTO-FORNO

A altura do alto-forno segue também a condição de uma maior ou menor

produção. A tendência atual nos projetos é diminuir na altura e aumentar na área das

seções transversais das diversas partes do reator (cuba, rampa e cadinho), tanto no

alto-forno a coque quanto no alto-forno a carvão vegetal. Isso porque, na prática,

observou-se que o processo funciona melhor nesse projeto de reator. (CAMPOS e

ASSIS, 1984).

9.4 REGENERADORES

O Cowper é um regenerador mais eficiente do que o Glendon. A decisão da

utilização de um ou outro é exclusivamente pelo investimento necessário para as suas

construções. Um alto-forno a carvão vegetal de pequeno porte necessita de um

investimento pequeno para a sua montagem, o que inviabiliza investir muito num

sistema tipo o Cowper. (CASTRO, et. ali, 1985).

9.5 PRODUTIVIDADE

A produtividade é um índice que compara a eficiência dos Altos-fornos de

tamanhos diferentes. Por isso, ela é calculada em toneladas de gusa por dia e por

volume útil do alto-forno em metros cúbicos. Um alto-forno a coque é bem mais

controlado do que um alto-forno a carvão vegetal. O investimento que se faz no controle

de processo num alto-forno a coque é maior do que num alto-forno a carvão vegetal,

justamente por que é um forno maior, onde é viável um maior gasto em equipamentos

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de controle. Portanto, um alto-forno a coque tem uma maior produtividade do que um

alto-forno a carvão vegetal. (RIZZO, 2005).

9.6 VOLUME DE ESCÓRIA

O teor de cinza do coque é de 10%, em média, e o teor de cinza do carvão

vegetal é bem menor (de 2 a 5%). A cinza ajudará a formar a escória do processo, o

que justifica que um alto-forno a coque terá um volume de escória bem maior.

(ARAÚJO, 1997).

9.7 BASICIDADE BINÁRIA DA ESCÓRIA (CaO/SiO2)

O coque tem um teor de enxofre alto em sua cinza e esse elemento é, na maioria

das vezes, indesejável para a qualidade do gusa. Para diminuir o teor de enxofre do

gusa pode-se trabalhar com uma escória com muito CaO, que é um agente

dessulfurante, e assim o enxofre fica retido na escória. No alto-forno a carvão vegetal o

enxofre não é problema, pois esse elemento praticamente não se encontra na cinza do

carvão vegetal. Mas, em compensação, a cinza do carvão vegetal contém muito álcalis

(K2O + Na2O), que se ficar dentro do alto-forno ataca quimicamente os refratários,

diminuindo a vida útil do reator. Para a retirada dos álcalis pela escória é necessário

que a relação CaO/SiO2 seja menor do que um, o ideal é que seja menor do que 0,8.

(Catálogos da Paul Wurth, 2000).

9.8 FERRO GUSA

O ferro gusa produzido nos altos-fornos a coque é destinado para a produção de

aço e por isso tem um teor de silício menor do que um. O gusa dos altos-fornos a

carvão vegetal pode ter a mesma utilização e também pode ser matéria-prima para as

fundições de ferro fundido, que demandam um silício maior (1,5 a 2,5%). Como na

cinza do carvão vegetal o teor de fósforo é alto e dentro do alto-forno não existem

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condições ideais para a sua retenção pela escória, o gusa desses altos-fornos tem

como problema a alta percentagem de fósforo. (ARAÚJO e NASCENTE, 2002).

9.9 COMPOSIÇÃO TÍPICA DAS ESCÓRIAS

Como já foi comentado, a escória de um alto-forno a coque tem um maior teor de

CaO e menor teor de SiO2 do que a de um alto-forno a carvão vegetal. Em função de

um menor controle operacional e pela variação grande da composição química do

carvão vegetal, as escórias de altos-fornos a carvão vegetal têm uma variação muito

grande em sua composição química. (ARAÚJO e CASTRO, 1999).

10. BALANÇOS DE MASSA E TÉRMICO DO ALTO-FORNO

Como já foram mencionadas várias vezes o objetivo do alto-forno é transformar o

óxido de ferro (Fe2O3) em ferro metálico (Fe), isto é, retirar o oxigênio que está ligado

ao ferro. A seguir na Figura 10 é mostrado como isso ocorre. (CASTRO et. ali, 1985).

Figura 10 - Descrição da entrada de matéria prima e reações do alto forno (CASTRO et. ali, 1985).

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Para que esse processo seja eficiente é necessária energia (calor) que é gerada

através da reação do carbono (C) com o oxigênio (O2):

C(s) + ½ O2(g) = CO(g) Eq. (8)

Essa reação libera calor = ∆H°298, = -26,42 kcal/mol. Portanto, as entradas de

materiais no alto-forno são basicamente: Fe2O3; C e O2. Os óxidos que são carregados

no alto-forno e que não são reduzidos saem na escória, que deve estar líquida e fluida

para auxiliar na sua retirada do reator. Para que a escória tenha uma composição

química adequada, que a torne líquida e fluida, outros materiais são utilizados como:

quartzo, calcário, dolomita e bauxita. Eles são chamados de fundentes. A forma inicial

de como esses materiais são encontrados é representada na quadro 5 que vem a

seguir. (ARAÚJO, 1999).

Quadro 5 - Forma inicial das matérias primas que são carregadas no alto-forno.

Materiais Comentários

.Fe2O3 Minério de ferro, sínter e na pelota.

Contém também SiO2, Al2O3, MnO2, P2O5, CaO, MgO e H2O

.C Carvão vegetal ou coque que, além do carbono, têm materiais voláteis, cinza e H2O

Os materiais voláteis do carvão vegetal ou do coque são formados pelos gases CO, CO2, H2 e CH4. A cinza do carvão vegetal ou do coque é formada pelos compostos: Fe2O3, SiO2, Al2O3, CaO, MgO, P2O5, K2O, Na2O e S (enxofre).

.O2 Ar, que é composto de oxigênio (O2), nitrogênio (N2) e água (H2O)

Fonte: (ARAÚJO, 1999).

Toda a carga entra no alto-forno na temperatura ambiente e o ar é soprado em

altas temperaturas. Podem-se considerar, então, as seguintes entradas no alto-forno.

Dentro do alto-forno alguns óxidos são reduzidos, principalmente o Fe2O3, e os

elementos formados compõem o ferro-gusa líquido, juntamente com um pouco de

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carbono que é incorporado. O ferro-gusa é formado por ferro (Fe), carbono (C), silício

(Si), manganês (Mn), fósforo (P) e enxofre (S). Os óxidos não reduzidos formam a

escória: sílica (SiO2), alumina (Al2O3), cal (CaO), magnesita (MgO), óxido de potássio

(K2O), óxido de sódio (Na2O), óxido de ferro (FeO) e óxido de manganês (MnO).

(CAMPOS, dados termodinâmicos, 1984).

Os gases produzidos no processo saem pelo topo e são formados por: CO, CO2,

H2, H2O, N2 e CH4. Juntamente com os gases os finos dos materiais carregados saem

pelo topo. O gusa e a escória saem do reator líquidos, em altas temperaturas, e o

gases de topo também saem com uma temperatura superior à ambiente (entre 80 e 200

°C). Portanto, têm-se as seguintes saídas do alto-f orno em resumo no quadro 6 abaixo.

(Apresentação da cemig no sindifer, 2006).

Quadro 6 - Entradas e saídas de materiais no processo.

ENTRADAS SAÍDAS Fe2O3 Fe e FeO

C C SiO2 SiO2 e Si

MnO2 MnO e Mn

P2O5 P

S S

Al2O3 Al2O3

CaO ou CaCO3 CaO

MgO ou MgCO3 MgO

K2O K2O

Na2O Na2O

O2 CO e CO2

N2 N2

H2O H2O

H2 H2

CH4 CH4

Fonte: (CAMPOS dados termodinâmicos, 1984).

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A seguir no esquema mostrado na figura 11 se tem um exemplo real de materiais

que entram e saem do alto-forno. Ainda nesta figura podem ser observadas todas as

entradas e saídas com ênfase em toda parte de alimentação das matérias primas e os

diversos materiais e gases que saem durante o processo. (Catálogos da companhia

siderúrgica nacional - CSN).

Fig. 11 - Visão geral com ênfase nas entradas e saídas (CAMPOS, dados termodinâmicos, 1984).

Minério de Ferro 1480 kg

______________ Fe = 65,88% SiO2 = 2,10% Al2O3 = 1,17% P2O5 = 0,101% Umidade = 3%

Carvão Vegetal 677 kg

______________ C.fixo = 73% Voláteis = 23,5% Cinza = 3,5% Umidade = 4%

Calcário 99,7 kg

______________ Fe = 0,34% SiO2= 2,19% Al2O3 = 0,65% CaO = 52,68% MgO = 1,12%

Quartzo 44,3 kg

______________ SiO2 = 98,12% Al2O3 = 0,33% Umidade = 1,5%

Gás de Topo 2223 Nm3

______________ CO = 20,31% CO2 = 21,36% H2 = 4,37% CH4 = 1,98% N2 = 51,98% ______________

T = 127 oC

Pó 25 kg ______________ Fe = 12,35% C = 52,31% SiO2 = 5,91% CaO = 1,92% Al2O3 = 1,22%

Gusa 1000 t ______________ Si = 0,5% Mn = 0,5% P = 0,1% Fe = 94,4% C = 4,5% ______________

T = 1350 oC

Escória 150 kg ______________ SiO2 = 45% CaO = 40% Al2O3 = 12% MgO = 2% FeO = 0,5% MnO = 0,5% ______________

T = 1400 oC Ar 1500 Nm 3

______________ T = 720 oC

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10.1 BALANÇO DE MASSA DO ALTO-FORNO

O objetivo do balanço de massas do alto-forno é determinar as quantidades de

carvão e ar exigidas para produzir gusa a partir de um dado minério e avaliar os efeitos

da alteração dos diversos parâmetros de operação sobre essas quantidades.

Seja ni o número de moles de cada componente que entra no alto-forno e n° o

número de moles que sai, por um mol de ferro contido no gusa. O alto forno em marcha

equilibrada apresenta igualdade entre ni e n° para vários componentes, em especial o

ferro, o carbono e o oxigênio. Consideramos que o ferro entra como óxido e sai como

gusa; o carbono entra como carvão e sai como CO, CO2 e C dissolvido no gusa; o

oxigênio entra nos óxidos de ferro e no sopro e sai como CO e CO2. Por enquanto,

vamos desprezar o Fe que sai na escória e os demais óxidos que não saem na escória.

Existem algumas relações de composições a considerar: (CAMPOS, dados

termodinâmicos, 1984).

(O/C)g = número de moles de O por mol de C no gás de topo.

(O/Fe)x = número de moles de O por mol de Fe no minério.

(O/Fe)m = número de moles de O por mol de Fe no gusa líquido.

Podemos estabelecer algumas equações de balanço de massa:

• Balanço de ferro: nFei = nFe

° = 1

• Balanço de carbono: nC° = nC

g + (C/Fe)m

• Balanço de oxigênio: n°° = nC

g . (O/C)g

n°i = n°

B + (O/Fe)x

Em que n°B é o número de moles de oxigênio introduzidos pelo sopro de ar, por

mol de ferro; nCg é o número de moles de carbono que saem no gás de topo, por mol de

ferro. (MEDEIROS, 2007).

10.1.1 Exemplo de dimensionamento de carga

De acordo com (GEERDES, et. ali, 2007), o dimensionamento de carga no alto-

forno é realizado através da composição química das matérias primas, ou seja, através

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do balanço de massas. Utilizando uma idéia simples, tudo que entra tem que sair.

Assim tomando como exemplo os seguintes dados iniciais:

• Minério de ferro com composição média de:

• Fe 63,47%, SiO2 7,42%, Al2O3 0,99%, Mn 0,02%;

• Consumo de carbono fixo por tonelada de gusa (CF/Tg):

• 650 Kg Carvão Vegetal para 1290 kg Minério;

Dados complementares:

• Escória objetivada: Al2O3 17%, Índice de Basicidade 0,75, Fechamento 97%.

• Gusa objetivado: Si 2,2%, Mn 0,6%, Fechamento 94%.

Pode-se agora dimensionar a carga a ser enfornada, encontrando o peso de

cada fundente. A seguir tem-se a determinação do peso de minério de ferro para

produzir uma tonelada de gusa:

• PM = (1tonelada de gusa x % ferro): % ferro no minério

• PM = (1000 x 94): 63,47= 1481 kg Minério /Tonelada de gusa

• Desta forma obtêm-se:

• Peso de Al2O3 = 1481x0, 99%= 14,66 kg.

• Peso de SiO2= 1481x7, 42= 110 kg.

• Peso de Mn = 1481x 0,02% = 0,2962kg.

A seguir pode ser observado o cálculo para o peso de minério de manganês:

[(Peso de Mn/Tg): (%incorporado de Mn) - Mn do min de Fe]: (rendimento do Minério de

Mn). Considerando, para o minério de Mn, a seguinte análise química:

• 0,75% Al2O3, 2,25% SiO2 e 17,38% de Mn, obtêm-se:

• Mnkgx

min65,361738,0:)2962,090,0

006,01000( =− Eq. (9)

� De acordo com o peso de minério de Mn adquire-se:

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� Peso de Al2O3 = 36,65x0, 75%=0,275 kg.

� Peso de SiO2= 36,65x2, 25= 0,825 kg.

Estes valores de carga serão enfornados via minério de manganês.

• O peso de carvão vegetal pode ser calculado da forma a seguir:

• 650 kg Carvão Vegetal para 1290 kg Minério X para 1481 kg Minério /Tg

Obtêm-se 746 kg CV/Tg que considerando com 68% de CF, têm-se 507 kg/Tg.

De posse do peso de minério de Mn, pode-se encontrar agora o peso de Al2O3 total

para adequar o volume da escória. (CAMPOS; dados termodinâmicos, 1984).

10.1.2 Sistema de injeção de finos de carvão vegeta l

Apesar de que a sinterização consome todo o fino de carvão vegetal gerado no

processo, ainda existe em construção a injeção de finos, que irá ser abastecida com

finos de carvão comprado de outras empresas. O funcionamento da injeção de finos

consiste em pulverizar pó de carvão sobre pressão diretamente na zona de combustão

do AF através do algaraviz (parte do sistema de injeção de ar quente do alto forno) por

meio de lanças especiais. Assim o carvão só contribui com o carbono fixo, não

interferindo na marcha do AF, ou seja, na permeabilidade. (CAMPOS e ASSIS, 1984).

O balanço de massa para qualquer processo metalúrgico está baseado na

seguinte expressão: “A matéria não pode ser criada ou destruída em um dado sistema”.

Como o alto-forno é um processo contínuo, que não acumula massa dentro dele, a

massa que entra tem que ser igual à massa que sai. Conhecendo-se as entradas e

saídas dos materiais no alto-forno, o desenvolvimento do balanço de massa é igualar

as massas que entram com as massas que saem. (CAMPOS, 1997).

MASSA QUE ENTRA = MASSA QUE SAI.

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10.1.3 Balanço de massa para o ferro

O ferro (Fe) entra no alto-forno através do minério de ferro e sai do reator através

do gusa. De forma simplificada, entende-se que a quantidade de ferro (Fe) que entra

com o minério de ferro (Fe) tem que ser igual à quantidade de ferro que sai no gusa.

(ARAÚJO e NASCENTE, 2002).

10.1.3.1 Observações importantes referentes ao balanço de ferro

A cinza do carvão vegetal e os fundentes também contêm ferro, assim como a

escória e o pó do topo. Mas essas quantidades são muito pequenas e podem ser

desprezadas num cálculo de balanço de massa. (GEERDES, et. ali, 2007).

10.1.3.2 Cálculo do peso de minério de ferro a ser carregado

Se o teor de ferro objetivado no ferro-gusa for de 94%, o peso de minério de ferro

(com 66% de ferro) carregado no topo do alto-forno para cada tonelada de ferro-gusa

produzido estará de acordo com (ARAÚJO e NASCENTE, 2007).

Se 1 tonelada (ou 1000 kg) de gusa tem 94% de ferro, o peso de ferro no gusa é:

1000 kg x 94/100 = 940 kg, Portanto, no minério de ferro que entra tem que ter 940 kg

de ferro. Se o minério de ferro tiver na sua composição química 66% de ferro, o balanço

de massa é o seguinte:

• 66/100 x Peso de Minério de Ferro = 940 kg

• Peso de Minério de Ferro = 940/0, 66 = 1424 kg.

Nesse exemplo, para produzir uma tonelada de gusa necessita-se de 1424 kg de

minério de ferro. (CAMPOS; Dados Termodinâmicos 1984).

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10.1.4 Balanço de massa para calcário (óxido de cál cio)

Outro balanço de massa importante é o balanço de óxido de cálcio (CaO), que

estabelece a quantidade de calcário que deve ser carregada. O óxido de cálcio (CaO)

entra através do calcário e sai através da escória no alto-forno. Logo a quantidade de

CaO que entra no calcário tem que ser igual à quantidade de CaO que sai na escória.

(ARAÚJO e CASTRO, 1999).

10.1.4.1 Cálculo do peso de calcário a ser carregado

Segundo (ARAÚJO e NASCENTE, 2007), se um alto-forno produz 150 kg de

escória com 40% de CaO, o peso de calcário (com 53% de CaO) carregado no topo do

alto-forno será:

Condições:

Se a escória tem 40% de CaO, 150 kg tem o seguinte peso de CaO:

• Peso de CaO na escória = 150 x 44/100 = 60 kg

• Portanto, o calcário tem que ter 60 kg de CaO.

Se o calcário tiver 53% de CaO na sua composição química, o balanço de massa

é o seguinte:

• 53/100 x Peso de Calcário = 60 kg

• Peso de Calcário = 60/0, 53 = 113 kg

De acordo com o exemplo citado anteriormente, para a produção de 150 kg de

escória com 40% de CaO necessita-se de 113 kg de calcário. (CASTRO, 1997).

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10.2 BALANÇO TÉRMICO DO ALTO-FORNO

Como pode ser observado em (ARAÚJO 1997), Uma vez estabelecido o balanço

de massa pode-se desenvolver o balanço térmico ou balanço de energia. Como

mostrado anteriormente, a carga entra no alto-forno na temperatura ambiente

juntamente com o ar pré-aquecido e os produtos do processo saem em altas

temperaturas (gusa, escória e gases). Além disso, reações químicas ocorrem dentro do

reator sendo que umas geram calor e outras precisam de calor. O balanço térmico

global do alto-forno tem dois objetivos claros:

• Conhecer as entradas e saídas de calor;

• Calcular as perdas térmicas do processo.

Basicamente, são dois tipos de calor (ou entalpia) que estão envolvidos no

balanço térmico do alto-forno:

• Calor de aquecimento

• Calor de reação

10.2.1 Balanço térmico global do alto-forno

As fontes de calor no alto-forno, ou as entradas de calor no processo segundo

(GEERDES, et. ali, 2007), são:

• O calor de aquecimento do ar soprado;

• O calor das reações que liberam calor (reações exotérmicas):

1. C+ 1/2 O2 = CO

2. C + O2 = CO2

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O consumo de calor no alto-forno, ou as saídas de calor no processo são:

• O calor de aquecimento do gusa;

• O calor de aquecimento da escória;

• O calor de aquecimento dos gases de topo;

• O calor das reações que precisam de calor (reações endotérmicas):

10.2.2 Perdas térmicas

O balanço térmico global do alto-forno pode ser representado também na forma

como mostrado no quadro 7.

Quadro 7 - Representação das entradas e saídas de calor o sistema.

ENTRADAS DE CALOR SAÍDAS DE CALOR

1. Calor de Aquecimento do Ar 1. Calor de Aquecimento do Gusa

2. Calor das Reações Exotérmicas:

C + 1/2 O2 = CO

C + O2 = CO2

2. Calor de Aquecimento da Escória

3. Calor de Aquecimento dos Gases

de Topo

4. Calor das Reações Endotérmicas:

Fe2O3 = 2 Fe + 3/2 O2

SiO2 = Si + O2

MnO2 = Mn + 1/2 O2

CaCO3 = CaO + CO2

H2O = H2 + 1/2 O2

5. Perdas Térmicas

Fonte: (CAMPOS, 1984).

Os valores das parcelas da tabela anterior variam de acordo com a prática

operacional do alto-forno. Um exemplo típico é mostrado na Tabela 8. A unidade caloria

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(cal) é a mais utilizada para determinar os calores, como os valores são altos utiliza-se

também a quilocaloria que tem como símbolo “kcal”. Para se ter uma idéia da ordem de

grandeza dessa unidade, 400 kWh (que é o consumo médio mensal de energia de uma

residência com quatro pessoas) equivalem a 344.000 kcal. A seguir o quadro 8 mostra

um resumo do balanço térmico. (CAMPOS e ASSIS, 1984).

Quadro 8 - Resumo do Balanço térmico global do alto forno.

ENTRADAS DE CALOR SAÍDAS DE CALOR

kcal Kcal

1.Calor de aquecimento do ar

347.547 1.Calor de Aquecimento do gusa

294.080

2.Reações Exotérmicas

2.Calor de Aquecimento da Escória

82.746

C + ½ O2 = CO 473.446

C + O2 = CO2 1.784.487

3.Calor de Aquecimento dos gases de topo

77.005

4.Reações Endotérmicas

Fe2O3 = 2 Fe + 3/2 O2 1.658.931

SiO2 = Si + O2 38.626

MnO2 = Mn + 1/2 O2 11.311

CaCO3 = CaO + CO2 40.057

H2O = H2 + 1/2 O2 96.353

5. Perdas Térmicas 303.371

Total 2.605.480 Total 2.605.480

Fonte: (ARAÚJO, 2000).

Algumas observações importantes são sugeridas por (BRAGA e CAMPOS,

1984), em relação ao fato de que a maior entrada de calor é devido à queima de

carbono (87% do total que entra). A maior saída de calor é devido à redução do óxido

de ferro (64% do total que sai). As Perdas Térmicas Globais têm um valor próximo do

calor que sai com o gusa (Calor de Aquecimento de Gusa).

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Relembrando dos textos aspectos internos e modelo operacional a dissecação

do alto-forno determinou a sua divisão em:

• Zona granular

• Zona de amolecimento e fusão

• Zona de gotejamento

O modelo operacional do alto-forno segundo (BRADASCHIA, 1986), divide-se

em:

10.2.3 Zona de preparação:

• Onde o carbono não reage.

10.2.4 Zona de elaboração:

• Onde o carbono reage com o CO2;

• Onde o carbono incorpora no gusa;

• Onde o carbono reage com o oxigênio do ar na saída das ventaneiras.

Na zona granular só existem as fases sólidas e gasosas. Na zona de

amolecimento e fusão começa a formação do primeiro metal e da primeira escória e na

zona de gotejamento o metal e a escória gotejam até o cadinho. É importante lembrar o

posicionamento dessas zonas no alto-forno, por isso a figura 12 mostra novamente a

divisão das zonas. (BRADASCHIA, 1986).

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Fig. 12 - Descrição da zona de preparação e elaboração do alto-forno (CAMPOS, 1984).

10.3 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES (BRAGA e CAMPOS, 1984).

• A zona de preparação está toda dentro da zona granular;

• A zona de elaboração tem um pedaço da zona granular, toda a zona de

amolecimento e fusão e toda a zona de gotejamento.

Na zona de preparação tudo acontece (aquecimento e reações) sem consumo

de carbono.

Na zona de elaboração tudo acontece (aquecimento e reações) com consumo de

carbono:

• Qualquer saída de calor da zona de elaboração aumenta o consumo

específico de carbono.

• Qualquer entrada de calor da zona de elaboração diminui o consumo

específico de carbono.

• Qualquer entrada e saída adicional de calor na zona de preparação

apenas modifica o perfil de aquecimento da carga.

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11. RESUMO DO MODELO OPERACIONAL

Como é mostrado por (RIZZO, 2005), o resumo do modelo operacional confirma

que quando o consumo específico de carbono é pequeno, o aquecimento da carga é

lento e a zona de reserva térmica é pequena. Quando o consumo específico de

carbono é pequeno, a temperatura dos gases de topo do alto-forno diminui. A figura 13

a seguir retrata bem todo o modelo operacional do alto-forno, com descrição detalhada

do processo.

Fig. 13 - Balanço geral de entradas e saídas de calor no alto forno (ARAÚJO, 2000).

Zona de Preparação

Zona de Elaboração

Carga Fria (medida)

Gases 1. Temperatura 2. Composição

(Calculáveis e Medidas)

Perdas de Calor (Calculável)

Carga Gases 1. Temperatura: 800 °C – carvão vegetal 1. Co mposição: equilíbrio com Fe/FeO 950 °C – coque (Calculável) 2. Composição: depende do grau de 2. Temperatura: 800 °C – carvão vegetal redução da carga 950 °C - coque (Calculável)

Perdas de Calor (Calculável)

Gusa Escória 1. Temperatura (Medida) 2. Composição (Medida)

Ar 1. Temperatura (Medida) 2. Umidade (Medida) 3. Vazão (Medida e Calculada)

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O fator Omega que é um índice que mede a eficiência de redução da carga

metálica na Zona de Preparação. (Fator ômega = Eficiência de redução da carga

metálica). O consumo específico de Carbono (kg/t gusa) depende do fator Omega. Para

se conseguir um baixo consumo específico de carbono, o alto-forno deve operar com

um baixo fator Omega (boa eficiência de redução dos óxidos de ferro na Zona de

Preparação). O consumo específico de Carbono pode ser avaliado através de um

balanço térmico da Zona de Elaboração. O fator Omega pode ser avaliado através de

um balanço de gases (balanço de massa) na Zona de Preparação. (MEDEIROS, 2007).

Os objetivos dos balanços de massa e térmico estagiados são:

• Avaliar a eficiência de redução da carga metálica na Zona de

Preparação através do balanço de massa nesta Zona.

• Avaliar o consumo específico de Carbono através do balanço térmico

na Zona de Elaboração. (MEDEIROS, 2007).

11.1 BALANÇO ENERGÉTICO DA ZONA DE PREPARAÇÃO

O balanço mais importante na zona de preparação é o balanço de gases

(balanço de massa de gases). Como comentado, através desse balanço pode-se

avaliar a eficiência de redução da carga metálica na zona de preparação do alto-forno.

Quanto maior a eficiência de redução menor é o consumo específico de carbono (kg/t

gusa) no alto-forno. Com o objetivo de se avaliar a eficiência de redução da carga

metálica na zona de preparação do alto-forno os balanços que devem ser feitos são:

(GEERDES, et. ali, 2007).

• Balanço de Monóxido de Carbono (CO(g))

• Balanço de Dióxido de Carbono (CO2(g))

Ou pode-se fazer um só balanço da relação CO/CO2.

Para (FIGUEREDO e TAVARES, 1984), Os gases que são produzidos na Zona

de Elaboração e entram na Zona de Preparação têm uma relação CO/CO2 igual a

1,818, num alto-forno a carvão vegetal. Na zona de preparação o gás CO pode ser

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consumido e o gás CO2 pode ser produzido quando ocorrer a redução do óxido de

ferro.

Fe2O3(S) + 3CO(g) = 2FeO(S) + 3CO(g) Eq. (10)

Isto significa que se nenhuma reação de redução ocorrer na Zona de Preparação

a eficiência de redução da carga metálica é a pior possível e o valor do fator Omega é

0,45. Quanto menor a relação CO/CO2 nos gases de topo do alto-forno, mais CO foi

consumido e mais CO2 foi produzido, este fato é confirmado em (RIZZO, 2005). A figura

14 a seguir mostra o esquema do balanço de gases (CO e CO2) na zona de preparação

do alto-forno.

Fig. 14 - Balanço de gases (CO /CO2) na zona de preparação do alto-forno

Segundo (ARAÚJO, 1997), na prática um alto-forno a carvão vegetal com uma

excelente eficiência de redução de carga metálica na Zona de Preparação tem uma

Zona de Preparação

CO/CO2=1,818

CO/CO2 = ?

Fe2O3 + 3CO=2FeO+3CO2

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relação CO/CO2 no gás do topo igual a 0,90. OBS: Pode-se dizer que a relação dos

gases CO/CO2 nos gases de topo de um alto-forno a carvão vegetal, em relação a

eficiência de redução da carga metálica na Zona de Preparação é:

Uma boa eficiência de redução da carga na Zona de Preparação tem como

conseqüência um baixo consumo específico de Carbono. Na figura 15 pode ser

observado o que entra e o que sai da zona de elaboração. O balanço térmico dessa

zona determina se o consumo específico de carbono vai se alto ou baixo. (ARAÚJO,

1999).

11.2 BALANÇO ENERGÉTICO DA ZONA DE ELABORAÇÃO

Fig. 15 - Detalhe da carga e os gases na zona de elaboração (ARAÚJO, 2000).

Zona de Elaboração

Carga Gases 1. Temperatura: 800 °C – carvão vegetal 1. Co mposição: equilíbrio com Fe/FeO 950 °C – coque 2. Composição: depende do grau de 2. Temperatura: 800 °C – carvão vegetal redução da carga 950 °C - coque

Perdas de Calor

Gusa Escória

Ar

Pior situação CO/CO2 = 1,818

CO/CO2 = 0,90

Melhor situação

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O balanço térmico geral da Zona de Elaboração pode ser resumido como

mostrado no quadro 9 a seguir :

Quadro 9 - Balanço térmico da zona de elaboração do alto forno.

ENTRADAS DE CALOR SAÍDAS DE CALOR 1. Calor de aquecimento do ar 1. Calor de aquecimento do gusa 2. Calor de aquecimento da carga que vem da zona de preparação

2. Calor de aquecimento da escória

3. Calor das reações exotérmicas: C(s) + 1/2 O2(g)=CO

C(s) + O2(g) = CO2

3. Calor de aquecimento dos gases que passam para a zona de preparação

4. Reações endotérmicas: FeOw+1,05 = Fe + (w+1,05)/2 O2 SiO2 = Si + O2

MnO = Mn + ½ O2

CaCO3 = CaO + CO2

H2O = H2 + 1/2 O2

5. Perdas Térmicas Fonte: (ARAUJO, 2000).

As reações de Carbono com Oxigênio são entradas de calor. (item 3 da tabela

anterior). O aumento de qualquer entrada de calor diminui o consumo de Carbono.

(itens 1 e 2 do quadro anterior). O aumento de qualquer saída de calor aumenta o

consumo de Carbono. (BRAGA e CAMPOS, 1984).

11.3 ENTRADAS DE CALOR

11.3.1 Calor de aquecimento do ar

Quanto maior for a temperatura do ar soprado, maior é o seu calor de

aquecimento e menor será o consumo de carbono no alto-forno, ou seja, quanto maior

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a temperatura do ar soprado menor será o consumo de carbono. (CAMPOS e ASSIS,

1984).

11.3.2 Calor de aquecimento da carga que vem da zona de preparação

A carga que vem da zona de preparação e entra na zona de elaboração tem uma

temperatura fixa: 800 ºc para alto-forno carvão vegetal e 950 ºc para alto-forno a coque.

O calor de aquecimento da carga que vem da zona de preparação não interfere no

consumo de carbono. (CASTRO, 1997).

11.4 SAÍDAS DE CALOR

11.4.1 Calor de aquecimento do gusa

O calor de aquecimento do gusa está associado à temperatura do gusa. Mas

numa prática normal do alto-forno, essa temperatura varia muito pouco. Portanto, esse

item não modifica o consumo específico de carbono (kg/ t gusa). (BRAGA e CAMPOS,

1984).

11.4.2 Calor de aquecimento da escória

A temperatura da escória acompanha a temperatura do gusa, mas o peso de

escória para cada tonelada de gusa produzido pode variar. Quanto maior for o peso de

escória produzida por tonelada de gusa, maior será o calor de aquecimento da escória

e maior será o consumo de carbono no alto-forno. (ARAÚJO e NASCENTE, 2002).

11.4.3 Calor de aquecimento dos gases da zona de pr eparação

Os gases passam para a zona de preparação numa temperatura fixa: 800 ºc para

alto-forno a carvão vegetal e 950 ºc para alto-forno a coque. Portanto, o calor de

aquecimento dos gases carga que passam para a zona de preparação não é

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modificado através da operação do alto-forno. Esse item não interfere no consumo de

carbono.

11.4.4 Calor das reações endotérmicas

• FeOw + 1,05 = fe + (w + 1,05)/2o 2

Nota-se que o óxido de ferro foi representado em função do fator Omega (w). Isto

é, quanto maior for o fator Omega (menor eficiência de redução da carga metálica na

zona de preparação) mais oxigênio vai estar associado ao ferro, maior será o calor da

reação de redução dos óxidos de ferro e maior será o consumo de carbono no alto-

forno. (ARAÚJO e NASCENTE, 2002).

• SiO2 = Si + O2

Quanto maior for o teor de silício no gusa, mais a reação acima acontecerá,

maior será o calor de reação e maior será o consumo de carbono. (ARAÚJO e

NASCENTE, 2002).

• MnO = Mn + ½ O 2

Quanto maior for o teor de manganês no gusa, mais a reação acima acontecerá,

maior será o calor de reação e maior será o consumo de carbono. (ARAÚJO e

NASCENTE, 2002).

• CaCO3 = CaO + CO2

Essa reação representa a decomposição do carbonato de cálcio que é carregado

no calcário. Portanto, quanto maior for a quantidade de calcário carregada no alto-forno

mais carbonato será decomposto, maior será o calor da reação acima e maior será o

consumo de carbono. (ARAÚJO e NASCENTE, 2002).

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• H2O = H2 + ½ O2

A umidade (h2o) dessa reação é a que entra no alto-forno através do ar: umidade

do ar. Quanto maior a umidade do ar, maior será o calor da reação acima e maior será

o consumo de carbono. (BRAGA e CAMPOS, 1984).

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12. CONCLUSÕES

O alto-forno funciona de forma contínua, ou seja, não deve ser ter sua produção

paralisada, a não ser para manutenções programadas em equipamentos considerados

críticos para seu funcionamento seguro. Estas paradas duram em torno de 24 horas,

sendo realizadas tipicamente a cada três meses em grandes alto-fornos a coque, e

para altos-fornos a carvão vegetal estas podem ser a cada seis meses. Nestas

ocasiões devem ser preparados carregamentos que se caracterizam pela maior

quantidade de carvão/coque de forma a suprir a energia perdida durante os períodos de

paradas, principalmente através dos refratários. De acordo com (RIZZO, 2005), Uma

parada para manutenção completa do alto-forno (fim de campanha) que implica na

troca de todo seu revestimento refratário a cada período de oito a dez anos, mas

depende do tipo de forno, das condições operacionais que este forno opera ou operou.

Esta reforma dura em média de três a seis meses para ser realizada, porém existem

altos-fornos que tem sua campanha que já supera 20 anos.

Um fator importante de ser observado durante todo o processo de produção de

ferro gusa em altos-fornos é que controle do calculo das matérias primas a serem

carregadas além do balanço térmico bem realizado para minimizar as perdas térmicas,

estes são os fatores que permitem que se tenha um maior rendimento térmico nas

reações essenciais ao processo, este fato leva também um maior rendimento das

matérias primas.

As perdas térmicas que são as saídas de calor tem um controle bem rígido pelo

fato de que quanto maior for o seu valor maior será o consumo de carbono. De modo

geral uma maior temperatura do ar soprado diminui o consumo de carbono, e uma

menor eficiência de redução da carga metálica na Zona de Preparação aumenta o

consumo de carbono. E ainda um maior peso de escória, maior teor de Silício no gusa,

maior teor de Manganês, maior quantidade de calcário carregado maior umidade do ar

representam juntos maiores perdas térmicas que gera ineficiência durante o processo.

(CAMPOS e ASSIS, 1984).

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