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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA CLARICE BARROS SINDER MARIANA CRISTINA PALERMO FERREIRA OPORTUNIDADES DO AMBIENTE DOMICILIAR E DESENVOLVIMENTO MOTOR DE LACTENTES ENTRE DEZ E 18 MESES DE IDADE JUIZ DE FORA 2010

Trabalho de Conclusão de Curso- Clarice e Mariana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA

CLARICE BARROS SINDER

MARIANA CRISTINA PALERMO FERREIRA

OPORTUNIDADES DO AMBIENTE DOMICILIAR E DESENVOLVIME NTO MOTOR DE LACTENTES ENTRE DEZ E 18 MESES DE IDADE

JUIZ DE FORA 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE FISIOTERAPIA

CLARICE BARROS SINDER

MARIANA CRISTINA PALERMO FERREIRA

OPORTUNIDADES DO AMBIENTE DOMICILIAR E DESENVOLVIME NTO MOTOR

DE LACTENTES ENTRE DEZ E 18 MESES DE IDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Área de concentração: Desenvolvimento motor típico e atípico.

Orientadora: Profa. Drª. Jaqueline da Silva Frônio Co-Orientadora: Profª. Érica Cesário Defilipo

JUIZ DE FORA

2010

FICHA CATALOGRÁFICA

Sinder, Clarice Barros. Oportunidades do ambiente domiciliar e desenvolvimento motor de

lactentes entre dez e 18 meses de idade / Clarice Barros Sinder, Mariana Cristina Palermo Ferreira. – 2010.

73 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.

1. Crianças – crescimento. 2. Lactente. 3. Desenvolvimento infantil. I.

Ferreira, Mariana Cristina Palermo. II. Título.

CDU 612.65:612.7-053.31

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, pois sem Ele nada seria realizado com tanto amor e empenho.

À nossa excepcional orientadora e amiga Jaqueline que nos contagiou com sua dedicação e nos fez acreditar que podíamos sempre ir mais longe. Jaqueline, você é nosso exemplo de profissional competente. A cada dia nos prova o amor pela profissão e nos faz acreditar que os sonhos podem ser realizados ultrapassando quaisquer obstáculos quando se respeita e se doa.

À nossa querida e admirada co-orientadora Érica que sempre nos acompanhou e acalmou todas as nossas aflições e inseguranças. Tia Érica, você foi imprescindível na construção desta etapa tão importante na nossa vida, não nos esqueceremos nunca da sua imensa ajuda.

Ao Luiz Cláudio por nos fazer entender um pouco mais o mundo dos números.

Às mães dos lactentes pela confiança e por nos receber em seu domicilio e permitir que conhecêssemos o bem mais precioso que possuem. Aos lactentes pela motivação para seguir nosso trabalho com simples gestos e sorrisos.

Ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, pelo financiamento e organização do trabalho de campo. À toda equipe envolvida, Mayra, Rayana, Lílian, Alessandra, Daiane e, especialmente, à Pollyanny e Ana Paula por estar sempre conosco ao longo dessa árdua caminhada.

E em especial a nossa família e aos nossos grandes amigos que por muitos momentos sentiram nossa ausência e mesmo assim nos encorajavam com palavras de incentivo e força.

Lúcia, Marcelo, Daniel e Marcela obrigada pelo grande amor que vocês sempre me oferecem. Amo vocês.

Magda, José Palermo, Gabriela e Letícia, vocês foram essenciais nesta jornada. Obrigada pela força e todo o amor. Alessandro, obrigada por entender e compreender os diversos momentos destinados ao trabalho nas horas em que deveríamos namorar. Você foi essencial nesta conquista. Te amo.

Durante este trabalho...

As dificuldades não foram poucas...

Os desafios foram muitos...

Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis.

Agora, ao olharmos para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e podemos constatar que nada foi em vão.

Aqui estamos, como sobreviventes de uma longa batalha, porém, muito mais fortes e hábeis, com coragem suficiente para mudar a nossa postura, apesar de todos os percalços...

Como dizia Nido Qubein: “Quando um sonho é realmente importante para uma pessoa, essa pessoa encontra a forma de realizar o que no início parecia impossível”.

RESUMO

O desenvolvimento motor é um processo de complexas mudanças e vários

fatores podem interferir na aquisição destas habilidades, sendo o ambiente

domiciliar um deles. O objetivo deste estudo foi verificar se há associação entre as

oportunidades de estimulação ambiental e o desenvolvimento motor de lactentes de

dez a 18 meses de idade, no contexto domiciliar. A amostra foi composta por 71

lactentes, de ambos os sexos. Os responsáveis responderam ao questionário

Affordance in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale

(AHEMD-IS) e o Protocolo de Identificação da Criança, para identificar as

características biológicas, ambientais e socioeconômicas da família. Os lactentes

foram avaliados através da Alberta Infant Motor Scale – AIMS. Para análise

estatística, foram utilizados testes não paramétricos: Qui-quadrado, Exacto de

Fisher, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, considerando estatisticamente significativos

valores de p<0,05 e tendências de diferenciação quando p<0,10. Foram realizadas

análises de regressão univariada e multivariada para as variáveis de controle. Foi

encontrada diferença estatisticamente significativa entre a dimensão “espaço físico”

do AHEMD-IS e o percentil exato na AIMS (p=0,029), o que não foi observado nas

outras dimensões e no AHEMD-IS Total. As variáveis que indicaram associação

estatisticamente significativa com a classificação na AIMS foram: número de irmãos

(p=0,028); número de crianças no domicilio (p=0,009); e ordem de nascimento

(p=0,008). As variáveis de controle que se mostraram significativas na interação

AIMS e AHEMD-IS foram: o fato da criança frequentar creche (p=0,003), a

escolaridade materna (p=0,016) e o número de crianças no domicílio (p=0,045),

sendo que a variável escolaridade materna foi a única que indicou tendência de

diferenciação na análise multivariada (p=0,091). Conclui-se que a associação

encontrada entre a dimensão “espaço físico” do AHEMD com o desenvolvimento

motor parece ser um importante aspecto influenciador do desenvolvimento infantil

nesta faixa etária. Além disto, múltiplos fatores parecem influenciar o

desenvolvimento motor e esta interação.

Palavras-Chaves: Desenvolvimento Infantil. Lactente. Ambiente. Família.

ABSTRACT

The process of development includes a large number of complex changes and

several factors influence the acquisition of these skills, and the home environment

plays an important role in this process. The aim of this study was to verify the

association between the opportunities of home environment and motor development

of infants from ten to 18 months old, in their home. The sample comprised seventy-

one infants, for both sexes. Parents answered the questionnaire Affordance in the

Home Environment for Motor Development – Infant Scale (AHEMD – IS) and the

Child Identification Protocol, to identify the biological, environmental and

socioeconomic family. The infants were assessed using the Alberta Infant Motor

Scale - AIMS. For statistical analysis, non parametric tests were used: chi-square,

Fisher Exact, Mann-Whitney and Kruskal-Wallis test, considering statistically

significant values p<0.05 and trends in the differentiation of less than 0.10. In addition

to regression analysis of univariate and multivariate analysis to control variables.

Statistically significant difference was found between the "physical space" subscale

at AHEMD and in AIMS exact percentile (p=0.029), that wasn’t observed in the

others subscales and in AHEMD-IS total score. The variables that showed

statistically significant association with the AIMS were number of siblings (p=0.028),

number of children at home (p=0.009), and birth order (p=0.008). Those that were

statistically significant with the AIMS and AHEMD-IS were: the fact the child attended

kindergarten (p=0.003), maternal education (p=0.016) and number of children in the

household (p=0.045), and the maternal education variable showed a trend of

differentiation in the multivariate analysis (p=0.091). In summary, the association

found between the "physical space" subscale and motor development seems to be

an important factor influencing child development in this age group. Moreover,

multiple factors seem to influence the motor development and this interaction.

Key Words: Child Development. Infant. Environment. Family.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................

2 OBJETIVOS ..........................................................................................

2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................

3 MÉTODOS.............................................................................................

3.1 DESENHO DE ESTUDO....................................................................

3.2 SELEÇÃO DOS SUJEITOS E CASUÍSTICA......................................

3.2.1 Critério de Inclusão..........................................................................

3.2.2 Critérios de Exclusão.......................................................................

3.3 VARIÁVEIS ESTUDADAS..................................................................

3.3.1 Variável Dependente.......................................................................

3.3.2 Variável Independente.....................................................................

3.3.3 Variáveis de Controle.......................................................................

3.4 PROCEDIMENTO..............................................................................

3.5 ANÁLISE DOS DADOS......................................................................

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA....................................................................

REFERÊNCIAS.......................................................................................

4 ARTIGO CIENTÍFICO............................................................................

APÊNDICES.............................................................................................

APÊNDICE A Protocolo de Identificação da Criança...............................

APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).......

ANEXOS...................................................................................................

ANEXO A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa...............................

ANEXO B Alberta Infant Motor Scale (AIMS)...........................................

ANEXO C Affordance in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale (AHEMD-IS)…………………………………………………...

ANEXO D Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP)................

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1 INTRODUÇÃO

Os primeiros anos de vida da criança são caracterizados por grandes

mudanças, e este é um período crítico do desenvolvimento cerebral (SILVA et

al., 2006). Segundo Vayer e colaboradores (1990), o termo desenvolvimento,

quando aplicado à evolução da criança, significa constante observação no

crescimento das estruturas somáticas e aumento das possibilidades individuais

de agir sobre o ambiente. Nos primeiros anos de vida ocorrem aquisições

importantes e máxima plasticidade neuronal, determinantes do

desenvolvimento subsequente (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES e

GABBARD, 2007b; MARIA-MENGEL e LINHARES, 2007). A plasticidade

neuronal é a capacidade do sistema nervoso se organizar, tendo grande

importância no funcionamento normal do organismo (ANNUNCIATO e

OLIVEIRA, 2004).

Segundo a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, o desenvolvimento motor

resulta da interação de vários subsistemas, sendo o Sistema Nervoso Central

um deles, considerando também que vários fatores podem interferir na

aquisição das habilidades, tendo o ambiente um papel importante neste

processo (MORRIS et al., 1994). Desta forma, o desenvolvimento motor

ocorreria de maneira dinâmica, sendo suscetível a mudanças a partir de

inúmeros estímulos externos (TECKLIN, 2002). A interação entre aspectos

relativos ao indivíduo, como suas características físicas e estruturais, ao

ambiente em que está inserido e à tarefa a ser aprendida são determinantes na

aquisição e refinamento das diferentes habilidades motoras (HAYWOOD e

GETCHELL, 2004). Segundo Darrah e colaboradores (1998b), o

desenvolvimento motor não é estável, podendo existir períodos em que

nenhuma habilidade é adquirida e outros em que muitas habilidades são

adquiridas simultaneamente. Baseado nesta perspectiva, o ritmo de aquisição

das habilidades motoras pode variar de acordo com a faixa etária.

Desta forma, verifica-se que o desenvolvimento infantil pode ser

influenciado por diversos fatores como a exposição a riscos biológicos,

genéticos, psicológicos e/ou ambientais (PILZ e SCHERMANN, 2007;

MANCINI et al., 2004). Em países desenvolvidos, o risco biológico é

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considerado o principal fator que exerce influência nos desfechos do

desenvolvimento infantil, já em países em desenvolvimento, como o Brasil, as

crianças com risco ao nascimento apresentarão morbidades, muitas vezes,

decorrentes da associação entre fatores biológicos e sociais (MANCINI et al.,

2004). Muitas crianças que vivem em países em desenvolvimento são

concomitantemente expostas a múltiplos riscos, como prematuridade, baixo

peso ao nascer, complicações na gestação, condições socioeconômicas

adversas, doenças, além de viverem em ambientes desfavoráveis, resultando

em elevadas chances de apresentarem atraso ou alteração no

desenvolvimento (PILZ e SCHERMANN, 2007; MANCINI et al., 2004;

HALPERN et al., 1996).

Dentre os fatores de risco que aumentam a probabilidade de déficits no

desenvolvimento neuropsicomotor de crianças, estão as condições ambientais

como um nível socioeconômico baixo. Além disso, devem ser observadas as

condições biológicas, relacionadas à gestação (MIRANDA et al., 2003),

destacando-se entre elas a idade gestacional e o peso ao nascimento

(MANCINI et al., 2004). Outros fatores que podem estar relacionados com os

déficits no desenvolvimento infantil incluem ausência do pai, depressão

materna e baixa escolaridade dos pais (ANDRACA et al., 1998). Estudos

demonstram que o efeito cumulativo de múltiplos fatores de risco aumenta a

probabilidade do desenvolvimento da criança ser comprometido (LAWSON e

BADAWI, 2003; HALPERN et al., 1996). Assim, o reconhecimento da influência

desses fatores nas interações entre a criança, a família e o contexto amplia a

compreensão da necessidade de uma abordagem multidimensional no estudo

do desenvolvimento humano (ZAJONZ et al., 2008).

De acordo com a literatura atual, um problema biológico pode ser

agravado por um ambiente não estimulador, assim como, um ambiente com

estímulos variados pode reduzir os efeitos do problema biológico (PILZ e

SCHERMANN, 2007). Em outras palavras, o ambiente domiciliar pode oferecer

proteção ou risco para o desenvolvimento da criança (ANDRADE et al., 2005).

As variações individuais nos níveis de desenvolvimento das crianças não

são determinadas somente pelas influências genéticas e pelo ritmo

maturacional (RODRIGUES & GABBARD, 2007a). Um dos principais fatores

que podem explicar esse fenômeno é a influência ambiental, ou seja, o

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ambiente vivenciado no domicílio, uma vez que, o desenvolvimento ocorre a

partir de uma interação constante do indivíduo com o ambiente em que ele está

inserido (NOBRE et al., 2009; RODRIGUES e GABBARD, 2007a). O contexto

domiciliar vivenciado pela criança permite a construção de comportamentos

motores necessários à adaptação e exploração adequada do meio, sendo

fundamental para o desenvolvimento infantil (RODRIGUES & GABBARD,

2007a). Desta forma, o ambiente positivo age como facilitador do

desenvolvimento normal, pois possibilita a exploração e interação com o meio.

Entretanto, o ambiente desfavorável pode diminuir o ritmo de desenvolvimento

e restringe as possibilidades de aprendizado da criança (SILVA et al., 2006).

Para a criança, a melhora constante das capacidades motoras significa

a aquisição da sua independência e a capacidade de adaptar-se ao ambiente

(FLEHMIG, 2005). O final do primeiro ano e a primeira metade do segundo ano

de vida do lactente, entre dez e 18 meses, é marcado pela aquisição da

habilidade de locomoção, tendo como principais marcos o engatinhar e a

marcha, fato que o transforma em um ser mais independente e apto a se

adaptar a novos contextos sociais e a exploração mais livre do ambiente.

As fases motoras e os processos psíquicos e cognitivos influenciam-se

reciprocamente de modo imediato, manifestando-se quase sempre mediante

modalidades comportamentais motoras (FLEHMIG, 2005). Isto é, a maior

capacidade de agir sobre o ambiente propicia mais experiências cognitivas, e,

o interesse em explorar o ambiente propicia mais experiências motoras.

Durante a primeira infância, os vínculos, os cuidados e os estímulos

necessários ao crescimento e ao desenvolvimento são fornecidos pela família

(ANDRADE et al., 2005). Rodrigues e colaboradores (2005) descrevem que a

casa, representada pela família, é o principal agente para a aprendizagem e

desenvolvimento da criança, sendo o ambiente domiciliar considerado o

principal fator para o desenvolvimento motor, cognitivo, social e de linguagem.

Considerando que é durante os primeiros anos de idade que ocorre uma

otimização para a construção de comportamentos motores necessários à

adaptação e exploração do meio, torna-se evidente a influência do contexto

imediato vivenciado pela criança para a promoção de um nível de

desenvolvimento motor adequado (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES e

GABBARD, 2007a).

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Apesar da importância do tema e dos constructos teóricos embasarem

as afirmações descritas anteriormente, foram encontrados na literatura

pesquisada poucos estudos que investigassem diretamente o ambiente

domiciliar e sua possível associação com o desenvolvimento motor em

crianças brasileiras, principalmente nos primeiros 18 meses de vida, não tendo

sido encontrado nenhum referente à população de Juiz de Fora e região. E,

como o ritmo do desenvolvimento não é estável, também não foram

encontradas evidências de que o ambiente influencia da mesma maneira o

desenvolvimento motor em diferentes idades ou fases.

Neste contexto, o presente estudo tem como questão central a

investigação do ambiente domiciliar e o desenvolvimento motor no período de

aquisição da locomoção independente.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve por objetivo verificar se há associação entre as

oportunidades de estimulação ambiental e o desenvolvimento motor de

lactentes de dez a 18 meses de idade, no contexto domiciliar.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar as oportunidades do ambiente domiciliar em lactentes entre dez

e 18 meses de idade através do questionário Affordance in the Home

Environment for Motor Development – Infant Scale (AHEMD-IS).

Avaliar o desenvolvimento motor dos lactentes de dez a 18 meses de

idade através da Alberta Infant Motor Scale – AIMS.

Verificar se há associação entre as oportunidades do ambiente domiciliar

e o desenvolvimento motor de lactentes de dez a 18 meses de idade através

do Escore Total e das dimensões do AHEMD-IS e o desempenho na AIMS,

bem como os aspectos que influenciam essa associação.

Estimar se há associação entre a renda mensal da família, renda per

capta, nível sócio-econômico, escolaridade da mãe e do pai, presença e

número de irmãos, ordem de nascimento, número de crianças no domicílio,

idade materna, sexo da criança, se ela frequenta creche ou escola de

educação infantil e o desenvolvimento motor de lactentes de dez a 18 meses

de idade.

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3 MÉTODOS

3.1 DESENHO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo transversal, baseado em

um inquérito populacional. Este estudo é parte da pesquisa “Oportunidades do

ambiente domiciliar e fatores associados para o desenvolvimento motor entre

três e 18 meses de idade”, que é originado de uma pesquisa maior intitulada

“Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG”, realizado pelo

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de

Juiz de Fora. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos da UFJF, sob o parecer nº 277/2009 (ANEXO A).

Devido à grande diversidade de aquisições motoras neste período e a

importância de cada faixa etária para o desenvolvimento motor, o estudo

“Oportunidades do ambiente domiciliar e fatores associados para o

desenvolvimento motor entre três e 18 meses de idade” foi desmembrado em

outros dois, contemplando as faixas etárias de três a nove meses e dez a 18

meses, dando origem ao presente estudo de trabalho de conclusão de curso.

3.2 SELEÇÃO DOS SUJEITOS E CASUÍSTICA

Foi avaliada uma amostra representativa da população de crianças com

idades entre dez e 18 meses, residentes na região administrativa norte da

cidade de Juiz de Fora, MG. Considerando a população total de crianças do

município com idade entre zero e seis anos, 25,64% dessas residem nesta

região, que apresenta a maior concentração de crianças desta faixa etária

quando comparada com as demais, sendo este um dos motivos para a sua

escolha (DATASUS, 2009). Além disso, a região administrativa norte apresenta

uma variabilidade econômica que permite incluir na pesquisa indivíduos com

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diferentes níveis socioeconômicos (DATASUS, 2009). Os participantes foram

selecionados por meio de um processo de amostragem aleatória por

conglomerado em dois estágios, no qual o primeiro foi a região urbana (região

administrativa norte) e o segundo o domicílio (CESAR e TANAKA, 1996).

Inicialmente foram sorteados 22 setores da região administrativa norte,

onde foi realizado, no mês de março de 2010, um levantamento do tipo

screnning para detectar o número de crianças residentes nestes setores. Neste

levantamento foram entrevistados no mínimo um a cada cinco domicílios, onde

o entrevistado foi perguntado sobre a existência de menores de dois anos em

sua residência e nos dois domicílios vizinhos à direita e à esquerda. No caso

do informante não saber, os domicílios em questão também foram abordados.

Foi utilizada como referência a idade de dois anos, pois o levantamento foi

simultâneo para todos os estudos pertencentes ao projeto maior (“Inquérito em

Saúde no Município de Juiz de Fora”), que envolve esta faixa etária mais

ampla, e considerou-se difícil para o informante perceber pequenas diferenças

de idade nos lactentes não pertencentes ao seu domicílio (zero a três, e 18 a

24 meses).

Neste levantamento, foram encontrados 779 menores de dois anos.

Considerando-se uma prevalência de domicílios com oportunidades favoráveis

da ordem de 30%, um efeito de delineamento amostral de 1,6 e uma recusa em

participar da pesquisa da ordem de 15%, estimou-se que seriam aplicados 199

questionários. A partir disso, foram sorteados 12 domicílios dentro de cada

setor previamente selecionado, onde foram encontrados 239 lactentes com

idades entre três e 18 meses. Estes foram contabilizados e divididos de acordo

com as faixas etárias de três a nove meses e de dez a 18 meses, atendendo

aos critérios de inclusão e exclusão dos estudos.

3.2.1 Critério de Inclusão

Participaram do presente estudo lactentes com idade entre dez e 18

meses, residentes na região administrativa norte da cidade de Juiz de Fora -

MG, no período programado para a coleta de dados.

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3.2.2 Critérios de Exclusão

Considerando que o objetivo do presente estudo foi verificar uma

possível associação entre o ambiente e o desenvolvimento motor, foram

excluídos os lactentes nascidos com idade gestacional inferior a 37 ou superior

a 42 semanas, com baixo peso ao nascimento (menor que 2500g) ou, ainda,

que apresentarem comprometimento neurológico (hidrocefalia, hemorragia

intracraniana, lesão de plexo braquial, entre outros), malformação congênita

(mielomeningocele, agenesias, focomielias, por exemplo), síndromes

genéticas, desnutrição, problemas de audição ou visão, alterações sensoriais,

ortopédicas ou cardiorrespiratórias, ou outra intercorrência/alteração que possa

comprometer o desenvolvimento motor.

3.3 VARIÁVEIS ESTUDADAS

As variáveis foram dispostas de acordo com o objetivo do presente

estudo. Descreveu-se primeiramente o instrumento usado na avaliação do

desenvolvimento motor, logo o questionário referente ao ambiente, seguido

pelas variáveis de controle.

3.3.1 Variável Dependente - Avaliação do desenvolvimento motor grosso

O desenvolvimento motor foi investigado como variável dependente

deste estudo, considerando que este pode ser influenciado por diversos

fatores. Para tal avaliação foi utilizada a Alberta Infant Motor Scale – AIMS

(ANEXO B), uma escala predominantemente observacional que requer

manuseio mínimo, desenvolvida para monitorar o curso do desenvolvimento

motor em lactentes nos primeiros 18 meses de vida. A aplicação e

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interpretação da escala foram feitas de acordo com o recomendado no seu

manual (PIPER e DARRAH, 1994) e em artigos publicados sobre o seu uso

(CAMPBELL et al., 2002; DARRAH et al., 1998a; DARRAH et al.; 1998b).

A AIMS foi elaborada para avaliar o desenvolvimento motor global desde

o nascimento até a marcha independente e é composta de 58 itens que

descrevem o desenvolvimento da movimentação espontânea e de habilidades

motoras em quatro posições básicas: prono (21 itens), supino (nove itens),

sentado (12 itens) e de pé (16 itens). Cada item corresponde a uma posição

adotada pelo lactente e é pontuado como O (observado) ou NO (não

observado) de acordo com critérios que avaliam a postura, a descarga de peso

e os movimentos espontâneos antigravitacionais, específicos para cada

posição. As respostas obtidas pelo lactente são anotadas em uma folha de

registro (Score Sheet) formada por desenhos que correspondem aos itens

avaliados, seguindo uma ordem crescente de complexidade e aparecimento

esperado, da esquerda para a direita (PIPER e DARRAH, 1994).

Para se calcular a pontuação do lactente, deve-se fazer a contagem dos

itens que foram observados (O) naquela postura e somar ao número de itens

que ficaram à esquerda do primeiro item observado. A pontuação obtida em

cada uma das posturas deve ser somada, chegando-se à pontuação total.

Desta forma, obtém-se o Escore Bruto (Raw Score) que deve ser convertido

para Índices Percentis (Centile Ranks) e comparado às curvas normativas para

cada idade, através do gráfico que acompanha a escala (PIPER e DARRAH,

1994).

Trata-se de um instrumento de triagem, que classifica os lactentes em

uma curva de desenvolvimento. Quanto mais alto o percentil de classificação,

menor a probabilidade de atraso ou alteração no desenvolvimento motor

(CAMPOS et al., 2006). Claramente, quanto mais baixo o Índice Percentil,

maior é a probabilidade de o lactente estar exibindo desenvolvimento motor

atrasado ou atípico (PIPER e DARRAH, 1994). Em um estudo realizado por

DARRAH e colaboradores (1998a) foi recomendado como ponto de corte com

níveis aceitáveis de especificidade e sensibilidade na AIMS o percentil dez para

o quarto mês e os percentis cinco e dez para o oitavo mês.

As propostas específicas da AIMS são: identificar atrasos ou desvios no

desenvolvimento motor e avaliar ou monitorar as mudanças ao longo do tempo

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decorrentes da intervenção e/ou maturação do SNC (PIPER e DARRAH,

1994).

Para o presente estudo os lactentes foram avaliados na sua idade

correspondente, entre dez e 18 meses de vida e, para análise, serão utilizados

o Escore Bruto e o Índice Percentil de cada lactente, sendo considerado

alterado aquele que estivesse abaixo do percentil dez da curva de

desenvolvimento da escala (DARRAH et al., 1998a).

3.3.2 Variável Independente - Oportunidades de estímulo ambiental presentes

no domicílio

O estudo tem como variável independente as oportunidades de estímulo

ambiental presentes no domicílio, que foram avaliadas através da aplicação do

questionário: Affordance in the Home Environment for Motor Development –

Infant Scale – AHEMD-IS (ANEXO C).

O questionário AHEMD foi desenvolvido pelos Laboratórios de

Desenvolvimento Motor do Instituto Politécnico Viana do Castelo (Portugal) e

da Texas A&M University (EUA) em colaboração com o Laboratório de

Pesquisa em Desenvolvimento Neuromotor - Universidade Metodista de

Piracicaba - UNIMEP (Brasil) e está em processo de validação no Brasil, o que

permite torná-lo mais adequado ao perfil de nossas crianças. O questionário

visa avaliar de forma simples, rápida e eficaz as oportunidades, affordances,

presentes no contexto do ambiente domiciliar para o desenvolvimento motor

(GABBARD et al., 2008; RODRIGUES e GABBARD, 2007a; RODRIGUES e

GABBARD, 2007b). O roteiro deve ser preenchido pelos próprios pais ou

cuidador principal da criança. No caso de analfabetos, o preenchimento deve

ser realizado pelo entrevistador junto ao entrevistado, segundo orientações do

questionário (PROJECTO AHEMD, 2010).

O AHEMD-IS (3 a 18 meses) é constituído por quatro seções distintas:

caracterização familiar, espaço físico da residência, atividades diárias e

brinquedos e materiais. Todas as 48 questões específicas sobre as

oportunidades presentes no domicílio foram formuladas com clareza para

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serem respondidas pelos pais, sendo divididas em questões dicotômicas (sim

ou não), de escala de Likert (nunca, às vezes, quase sempre e sempre ou

muito pequeno, pequeno, razoável, moderado e amplo, grande) e de descrição

de materiais com imagens ilustrativas dos brinquedos. As questões foram

agrupadas em cinco subescalas: espaço interior, espaço exterior, variedade de

estimulação, materiais de motricidade fina e materiais de motricidade grossa

(PROJECTO AHEMD, 2010).

O cálculo do Escore Total referente ao questionário e os critérios para a

classificação utilizados no presente estudo encontram-se descritos no item

Análise dos Dados.

3.3.3 Variáveis de Controle

•Renda mensal da família: classificada como variável categórica, de acordo

com o salário total dos moradores do domicílio (soma dos salários) (PILZ e

SCHERMANN, 2007; ANDRADE et al., 2005; MANCINI et al., 2004; MARTINS

et al., 2004; ANDRACA et al., 1998; SEIFER et al., 1996; SAMEROFF et al.,

1993).

•Renda per capta: classificada como variável categórica, expressa em reais, e

calculada a partir da renda mensal da família dividida pelo número de

moradores do domicílio.

•Nível sócio-econômico: para identificar o nível sócio-econômico da família da

criança, foi utilizado o questionário de nível sócio-econômico da Associação

Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP - Critério de Classificação

Econômica Brasil (ANEXO D). A partir deste questionário é possível obter

informações sobre o grau de instrução do chefe da família e a capacidade de

aquisição de bens (ABEP, 2010). O ABEP considera aspectos relativos ao

número de cômodos e utensílios domésticos, o nível de escolaridade do chefe

de família, o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, sendo sua

divisão definida exclusivamente em classes econômicas. Utilizado para a

18

caracterização da população brasileira em uma escala que vai de A a E, sendo

A, a classe mais alta e E, a mais baixa.

•Escolaridade da mãe e do pai: classificada como variável categórica, de

acordo com os ciclos escolares completos, sendo adotada a seguinte divisão:

1° a 4° série; 5° a 8° série; Ensino médio; Curso s uperior; Mestrado ou

Doutorado (ANDRADE et al., 2005; MANCINI et al., 2004; MARTINS et al.,

2004; ANDRACA et al., 1998; SEIFER et al., 1996; SAMEROFF et al., 1993).

•Presença e número de irmãos: analisada como variável categórica

(ANDRADE et al., 2005; MARTINS et al., 2004; ANDRACA et al., 1998;

SEIFER et al., 1996; SAMEROFF et al., 1993).

•Ordem de nascimento: analisada como variável qualitativa ordinal (ANDRADE

et al., 2005).

•Número de crianças no domicílio: analisada como variável categórica (PILZ e

SCHERMANN, 2007; ANDRADE et al., 2005; MARTINS et al., 2004;

ANDRACA et al., 1998; SEIFER et al., 1996; SAMEROFF et al., 1993).

•Idade materna: analisada como variável quantitativa categórica, descrita em

anos (MARTINS et al., 2004).

•Sexo: analisada como variável categórica, descrita em masculino e feminino.

•Frequenta Creche ou Escola de Educação Infantil: classificado como variável

categórica, sendo analisado o tipo (pública ou privada) e o tempo (integral ou

meio período).

As variáveis de controle foram obtidas de acordo com a entrevista

estruturada pelos acadêmicos através do preenchimento do Protocolo de

Identificação da Criança (APÊNDICE A) e também foram utilizadas para

cruzamento com o desempenho motor dos participantes na AIMS.

19

3.4 PROCEDIMENTO

Os instrumentos foram aplicados por oito acadêmicos do Curso de

Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Esta equipe

recebeu treinamento prévio para a entrevista, aplicação da AIMS e para o

esclarecimento de possíveis dúvidas dos pais, durante a aplicação da escala,

acerca do preenchimento do AHEMD-IS.

Para aplicação do instrumento de avaliação do desenvolvimento motor

grosso, AIMS, a equipe foi submetida a um treinamento realizado em quatro

etapas: teórica, prática piloto, treinamento prático e cálculo do índice de

concordância (ICC), com base em dez avaliações de lactentes de diferentes

idades. Foi obtido o ICC de 0,99, utilizando-se valores absolutos e o intervalo

de confiança de 95%, para todos os membros envolvidos com a coleta de

dados do presente estudo.

O domicílio sorteado foi visitado pelo menos uma vez, e em caso de

recusa, foi sorteado um novo domicílio no mesmo setor. Na ausência dos

residentes no momento da visita, foram feitas mais duas tentativas em dias e

horários distintos. Caso estes não fossem encontrados nas três tentativas, um

novo sorteio selecionaria outros domicílios no mesmo setor. Se no momento da

visita o responsável pelo lactente estivesse impossibilitado de participar do

estudo, uma nova data e horário seriam agendados, de acordo com a

disponibilidade do mesmo e da equipe envolvida com a coleta.

No domicílio selecionado, o entrevistador explicou brevemente como

seria realizada a coleta de dados (instrumentos, avaliações, entrevista),

enfatizando que a participação era voluntária e que não haveria custos,

despesas ou contrapartidas. Caso o residente concordasse, era entregue o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (APÊNDICE B), que

deveria ser corretamente preenchido. O entrevistador portava duas vias do

TCLE: uma cópia assinada foi arquivada pela equipe e a outra cópia foi

entregue para o entrevistado. Logo após, foi realizada a entrevista para o

preenchimento do Protocolo de Identificação da Criança (APÊNDICE A) e o

Critério de Classificação Econômica Brasil – ABEP (ANEXO D). Em seguida, o

20

responsável preenchia o questionário AHEMD-IS. No caso de analfabetos, o

preenchimento era realizado pelo entrevistador junto ao entrevistado.

Simultaneamente ao preenchimento do AHEMD-IS, o acadêmico aplicou a

AIMS, utilizando um kit padrão composto de: tapete EVA (1x1m); brinquedos

padronizados, caso a criança não possuísse; e, um kit limpeza composto por

álcool 70% e papel toalha, para a higienização de todos os materiais.

Terminada a avaliação do desenvolvimento motor, foi fornecido um retorno

para o responsável de acordo com o Índice Percentil encontrado na escala.

Durante o trabalho de campo, os entrevistadores tiveram supervisão

direta dos responsáveis pela pesquisa, sendo acompanhados, avaliados e

reciclados durante todo o período. Para maior confiabilidade dos dados, foi

verificada a concordância em 10% da amostra pela supervisora responsável,

que aplicava concomitantemente os instrumentos com os acadêmicos, de

forma independente, sendo obtido o ICC de 0,99 para todos os membros

envolvidos.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Como ainda não existe normatização para o cálculo da pontuação do

AHEMD-IS, foi utilizado um sistema de pontuação que vem sendo empregado

pelo grupo responsável pela sua validação (BATISTELA, 2010; PROJECTO

AHEMD, 2010). Nela cada item dicotômico é pontuado como zero ou um, e

aqueles que não o são, recebem pontuação de zero até o número de opções

de respostas correspondentes, sendo considerado o maior valor como a melhor

oportunidade possível. O escore de uma dimensão é calculado pela soma dos

pontos obtidos para todos os itens dentro de cada dimensão. Logo, o Escore

Total possível no instrumento é obtida pela soma dos escores das três

dimensões. Foram consideradas as pontuações obtidas pelo AHEMD-IS como

um todo (amplitude de zero – 167 pontos) e em cada uma das suas três

dimensões: espaço físico (amplitude de zero – 13 pontos), atividades diárias

(zero – 28 pontos) e brinquedos (zero – 126 pontos), sendo esta última a que

mais contribui para Escore Total (75,45%).

21

Para a análise dos dados, o Escore Total foi dividido e classificado,

através dos índices tercis com base nas pontuações encontradas na amostra

do presente estudo, em “Baixo” (abaixo de 49 pontos), “Médio” (entre 49 e 64

pontos) e “Alto” (acima de 64 pontos), significando respectivamente, “Pouca”,

“Razoável” e “Muito boa” oportunidade no ambiente domiciliar (RODRIGUES e

GABBARD, 2007a).

As dimensões do AHEMD-IS “espaço físico”, “atividades diárias” e

“brinquedos” foram classificadas através de índices quartis em: “Muito fraco”,

“Fraco”, “Bom” e “Muito bom” (RODRIGUES e GABBARD, 2007a). Os pontos de

corte considerados para estas classificações em cada dimensão podem ser

visualizados na Tabela 1.

Tabela 1: Classificação AHEMD-IS dimensões através dos índices quartis

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados coletados e registrados no cartão individual dos participantes

(APÊNDICE A) foram posteriormente arquivados no programa SPSS 14.0.

Como estes não satisfizeram os critérios de normalidade, para a análise

estatística foram utilizados testes não paramétricos. Para interpretação dos

achados foram considerados estatisticamente significativos valores de p<0,05 e

tendências de diferenciação aqueles inferiores a 0,10.

Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo,

foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas e estatísticas

descritivas das variáveis contínuas, com valores de média, desvio padrão,

valores mínimo e máximo.

Oportunidades Espaço Físico Atividades Diárias Brinquedos

MUITO FRACO FRACO

< 7

7 - 8

< 15

15

< 21

21 - 32

BOM

9 - 10

16 - 18

33 - 43

MUITO BOM

> 10

> 18

> 43

22

Para verificar se havia associação entre as oportunidades do ambiente

domiciliar e o desenvolvimento motor dos lactentes, foram utilizados o teste

Qui-quadrado ou Exacto de Fisher (este último, quando o número esperado de

lactentes em cada grupo era menor ou igual a cinco). O Teste Kruskal-Wallis foi

utilizado para analisar a associação entre a classificação do AHEMD-IS, em

tercis, com o percentil da AIMS obtido pelos participantes. Para comparar os

valores de uma variável contínua entre dois grupos foi utilizado o teste de

Mann-Whitney (comparações inter-grupos).

Ao verificar quais fatores poderiam estar interferindo no desfecho,

desempenho da AIMS, segundo o nível de estimulação (AHEMD-IS total),

foram realizadas análises de regressão univariada para as variáveis: sexo,

creche, trabalho materno fora do domicílio, classificação ABEP, renda per

capta, escolaridade materna e paterna, anos de estudos materno e paterno,

renda mensal, número de irmãos, número de crianças no domicílio, ordem de

nascimento e idade materna. As variáveis que apresentaram valores de

p<0,10 foram incluídas em um modelo de regressão multivariada.

Os resultados, a discussão e a conclusão serão apresentados em

formato de artigo (Capítulo 4), que será enviado para possível publicação no

Caderno de Saúde Pública e será adequado às normas do periódico após

sugestões da banca.

23

REFERÊNCIAS

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27

4 ARTIGO CIENTÍFICO

OPORTUNIDADES DO AMBIENTE DOMICILIAR E DESENVOLVIME NTO

MOTOR DE LACTENTES ENTRE DEZ E 18 MESES DE IDADE

Introdução

Os primeiros anos de vida da criança são caracterizados por grandes

mudanças, e este é um período crítico do desenvolvimento cerebral (SILVA et

al., 2006). Segundo Vayer e colaboradores (1990), o termo desenvolvimento,

quando aplicado à evolução da criança, significa constante observação no

crescimento das estruturas somáticas e aumento das possibilidades individuais

de agir sobre o ambiente. Nos primeiros anos de vida ocorrem aquisições

importantes e máxima plasticidade neuronal, determinantes para o

desenvolvimento (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES e GABBARD, 2007b;

MARIA-MENGEL e LINHARES, 2007).

Segundo a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, o desenvolvimento motor

resulta da interação de vários subsistemas, sendo o Sistema Nervoso Central

um deles, considerando também que vários fatores podem interferir na

aquisição das habilidades, tendo o ambiente um papel importante neste

processo (MORRIS et al., 1994). Alguns autores afirmam que o

desenvolvimento ocorre a partir de uma interação constante do indivíduo com o

ambiente em que ele está inserido (NOBRE et al., 2009; RODRIGUES e

GABBARD, 2007a). Portanto, o desenvolvimento motor ocorre de maneira

dinâmica e é suscetível a mudanças a partir de inúmeros estímulos externos

(TECKLIN, 2002). Segundo Darrah e colaboradores (1998), o desenvolvimento

motor não é estável, podendo existir períodos em que nenhuma habilidade é

adquirida e outros em que muitas habilidades são adquiridas simultaneamente.

Baseado nesta perspectiva, o ritmo de aquisição das habilidades motoras pode

variar de acordo com a faixa etária.

28

Desta forma, verifica-se que o desenvolvimento infantil pode ser

influenciado por diversos fatores como a exposição a riscos biológicos,

genéticos, psicológicos e/ou ambientais (PILZ e SCHERMANN, 2007;

MANCINI et al., 2004).

Dentre os fatores de risco que aumentam a probabilidade de déficits no

desenvolvimento neuropsicomotor de crianças, estão as condições ambientais,

como o nível socioeconômico, escolaridade dos pais, número de irmãos,

número de crianças no domicílio e ordem de nascimento da criança (MANCINI

et al., 2004; MARTINS et al., 2004; MIRANDA et al., 2003; ANDRACA et al.,

1998).

De acordo com a literatura atual, um problema biológico pode ser

agravado por um ambiente não estimulador, assim como, um ambiente com

estímulos variados pode reduzir os efeitos do problema biológico (PILZ e

SCHERMANN, 2007). Em outras palavras, o ambiente domiciliar pode oferecer

proteção ou risco para o desenvolvimento da criança (ANDRADE et al., 2005).

Assim, o reconhecimento da influência desses fatores nas interações entre a

criança, a família e o contexto amplia a compreensão da necessidade de uma

abordagem multidimensional no estudo do desenvolvimento humano (ZAJONZ

et al., 2008).

Para a criança, a melhora constante das capacidades motoras significa

a aquisição da sua independência e a capacidade de adaptar-se ao ambiente

(FLEHMIG, 2005). O final do primeiro ano e a primeira metade do segundo ano

de vida do lactente, entre dez e 18 meses, é marcado pela aquisição da

habilidade de locomoção, tendo como principais marcos o engatinhar e a

marcha, fato que transforma a criança em um ser mais independente e apto a

se adaptar a novos contextos sociais e a exploração mais livre do ambiente.

Durante a primeira infância, os vínculos, os cuidados e os estímulos

necessários ao crescimento e ao desenvolvimento são fornecidos pela família

(ANDRADE et al., 2005). Rodrigues e colaboradores (2005), descrevem que a

casa, representada pela família, é o principal agente para a aprendizagem e

desenvolvimento da criança, sendo o ambiente domiciliar considerado o

principal fator para o desenvolvimento motor, cognitivo, social e de linguagem.

Parece relevante a influência do contexto imediato vivenciado pela criança para

29

a promoção de um nível de desenvolvimento motor adequado (GABBARD et

al., 2008; RODRIGUES e GABBARD, 2007a).

Apesar da importância do tema e dos constructos teóricos embasarem

as afirmações descritas anteriormente, foram encontrados poucos estudos que

investigassem diretamente o ambiente domiciliar e sua possível associação

com o desenvolvimento motor em crianças brasileiras, principalmente nos

primeiros 18 meses de vida. E, como o ritmo do desenvolvimento não é

estável, também não foram encontradas evidências de que o ambiente

influencia da mesma maneira o desenvolvimento motor em diferentes idades

ou fases.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo verificar, no

ambiente domiciliar, se há associação entre as oportunidades de estimulação

ambiental de lactentes de dez a 18 meses de idade com o desenvolvimento

motor.

Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo transversal, baseado em

um inquérito populacional. Este estudo é parte da pesquisa “Oportunidades do

ambiente domiciliar e fatores associados para o desenvolvimento motor entre

três e 18 meses de idade”, que é originado de uma pesquisa maior intitulada

“Inquérito de Saúde no Município de Juiz de Fora, MG”, realizado pelo

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de

Juiz de Fora. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos da UFJF, sob o parecer nº 277/2009.

Foi avaliada uma amostra representativa da população de crianças com

idades entre dez e 18 meses, residentes na região administrativa norte da

cidade de Juiz de Fora, MG. Considerando a população total de crianças do

município com idade entre zero e seis anos, 25,64% dessas residem nesta

região, que apresenta a maior concentração de crianças desta faixa etária

quando comparada com as demais, sendo este um dos motivos para a sua

escolha (DATASUS, 2009). Além disso, a região administrativa norte apresenta

30

uma variabilidade econômica que permite incluir na pesquisa indivíduos com

diferentes níveis socioeconômicos (DATASUS, 2009).

Os participantes foram selecionados por meio de um processo de

amostragem aleatória por conglomerado em dois estágios, no qual o primeiro

foi a região urbana (região administrativa norte) e o segundo o domicílio

(CESAR e TANAKA, 1996).

Foram sorteados 22 setores desta região onde foi realizado um

levantamento do tipo screnning para detectar o número de crianças residentes

nestes setores, sendo encontrados 779 menores de dois anos. Considerando-

se uma prevalência de domicílios com oportunidades favoráveis da ordem de

30%, um efeito de delineamento amostral de 1,6 e uma recusa em participar da

pesquisa da ordem de 15%, estimou-se que seriam aplicados 199

questionários. A partir disso, foram sorteados 12 domicílios dentro de cada

setor previamente selecionado, onde foram coletados os dados dos lactentes

com idades entre três e 18 meses. Foram encontrados 239 lactentes

pertencentes a esta idade.

Participaram do presente estudo lactentes com idade entre dez e 18

meses, residentes na região administrativa norte da cidade de Juiz de Fora -

MG, no período programado para a coleta de dados contabilizando 110

crianças, sendo excluídas aquelas nascidas com idade gestacional inferior a 37

semanas ou superior a 42 semanas, com baixo peso ao nascimento ou que

apresentaram qualquer alteração ou intercorrência pré, peri e pós-natal que

pudesse afetar o desenvolvimento neuromotor.

Inicialmente os responsáveis pelos participantes do estudo assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Logo após, foi realizada

a entrevista para o preenchimento do Protocolo de Identificação da Criança

para identificar as características biológicas, ambientais e socioeconômicas da

família e do Critério de Classificação Econômica Brasil – ABEP. Em seguida, o

responsável preenchia o questionário Affordance in the Home Environment for

Motor Development – AHEMD-IS (PROJECTO AHEMD, 2010), e

simultaneamente era aplicada a Alberta Infant Motor Scale – AIMS (PIPER &

DARRAH, 1994) pelo entrevistador. Os instrumentos descritos anteriormente

foram aplicados por oito acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade

Federal de Juiz de Fora – UFJF, previamente treinados. Durante o trabalho de

31

campo, os entrevistadores tiveram supervisão direta dos responsáveis pela

pesquisa, sendo acompanhados, avaliados e reciclados durante todo o

período.

A Alberta Infant Motor Scale (AIMS), desenvolvida por Piper & Darrah

(1994) é uma escala observacional, elaborada para avaliar o desenvolvimento

motor global desde o nascimento até a marcha independente e é composta de

58 itens que descrevem o desenvolvimento da movimentação espontânea e de

habilidades motoras em quatro posições básicas: prono (21 itens), supino

(nove itens), sentado (12 itens) e de pé (16 itens). Para análise estatística,

foram utilizados o Escore Bruto e o Índice Percentil de cada lactente, sendo

considerado alterado aquele que estivesse abaixo do percentil dez da curva de

desenvolvimento da escala. Para a aplicação deste instrumento, a equipe foi

submetida a um treinamento realizado em quatro etapas: teórica, prática piloto,

treinamento prático e cálculo do índice de concordância (ICC), com base em

dez avaliações de lactentes de diferentes idades. Foi obtido o ICC de 0,99,

utilizando-se valores absolutos e o intervalo de confiança de 95%, para todos

os membros envolvidos com a coleta de dados do presente estudo. Para maior

confiabilidade dos dados, foi realizada a concordância em 10% da amostra pela

supervisora responsável, que aplicava concomitantemente os instrumentos

com os acadêmicos, de forma independente, obtendo um ICC de 0.99 para

toda a equipe envolvida.

O questionário Affordance in the Home Environment for Motor

Development (AHEMD) visa avaliar de forma simples, rápida e eficaz as

oportunidades, affordances, presentes no contexto do ambiente domiciliar para

o desenvolvimento motor (GABBARD et al., 2008; RODRIGUES e GABBARD,

2007a; RODRIGUES e GABBARD, 2007b) sendo este desenvolvido pelos

Laboratórios de Desenvolvimento Motor do Instituto Politécnico Viana do

Castelo (Portugal) e da Texas A&M University (EUA) em colaboração com o

Laboratório de Pesquisa em Desenvolvimento Neuromotor – Universidade

Metodista de Piracicaba – UNIMEP (Brasil). O roteiro deve ser preenchido

pelos próprios pais ou cuidador principal da criança. No caso de analfabetos, o

preenchimento deve ser realizado pelo entrevistador junto ao entrevistado,

segundo orientações do questionário (PROJECTO AHEMD, 2010).

32

Como ainda não existe normatização para o cálculo da pontuação do

AHEMD-IS, foi utilizado um sistema de pontuação que vem sendo empregado

pelo grupo responsável pela sua validação (BATISTELA, 2010; PROJECTO

AHEMD, 2010). Nesta pontuação, cada item dicotômico é pontuado como zero

ou um, e aqueles que não o são, recebem pontuação de zero até o número de

opções de respostas correspondentes, sendo considerado o maior valor como

a melhor oportunidade possível. O escore de uma dimensão é calculado pela

soma dos pontos obtidos para todos os itens dentro de cada dimensão. Logo, a

pontuação máxima possível no instrumento, ou seja, o Escore Total é obtido

pela soma dos escores das três dimensões.

Foram consideradas as pontuações obtidas pelo AHEMD-IS como um

todo (amplitude de zero – 167 pontos) e em cada uma das suas três

dimensões: espaço físico (amplitude de zero – 13 pontos), atividades diárias

(zero – 28 pontos) e brinquedos (zero – 126 pontos), sendo esta última a que

mais contribui para a composição do Escore Total (75,45%). Esta pontuação foi

dividida e classificada, através dos Índices tercis com base nas pontuações

encontradas na amostra do presente estudo, em “Baixa” (abaixo de 49 pontos),

“Média” (entre 49 e 64 pontos) e “Alta” (acima de 64 pontos), significando

respectivamente, “Pouca”, “Razoável” e “Muito boa” oportunidade no ambiente

domiciliar. Já as dimensões do AHEMD-IS “espaço físico”, “atividades diárias” e

“brinquedos” foram classificadas através de Índices quartis em: “Muito fraco”,

“Fraco”, “Bom” e “Muito bom”. Os pontos de corte considerados para estas

classificações em cada dimensão podem ser visualizados na Tabela 1.

Tabela 1: Classificação AHEMD-IS dimensões através dos Índices quartis

Oportunidades Espaço Físico Atividades Diárias Brinquedos

MUITO FRACO FRACO

< 7

7 - 8

< 15

15

< 21

21 - 32

BOM

9 - 10

16 - 18

33 - 43

MUITO BOM

> 10

> 18

> 43

No intuito de verificar se outros aspectos, que não o ambiente

propriamente dito, influenciavam no desempenho motor dos lactentes, foram

controladas as variáveis: renda mensal da família, renda per capta, nível sócio-

33

econômico, escolaridade da mãe e do pai, presença e número de irmãos,

ordem de nascimento, número de crianças no domicílio, idade materna, sexo

da criança, e se ela frequenta creche ou escola de educação infantil, obtidos

através do preenchimento de um Protocolo de Identificação da Criança.

Os dados coletados e registrados no cartão individual dos participantes

foram posteriormente arquivados no programa SPSS 14.0. Como estes não

satisfizeram os critérios de normalidade, para a análise estatística foram

utilizados testes não paramétricos. Para interpretação dos achados foram

considerados estatisticamente significativos valores de p<0,05 e tendências de

diferenciação aqueles inferiores a 0,10.

Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo,

foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas e estatísticas

descritivas das variáveis contínuas, com valores de média, desvio padrão,

valores mínimo e máximo.

Para verificar se havia associação entre as oportunidades do ambiente

domiciliar e o desenvolvimento motor dos lactentes, foram utilizados o teste

Qui-quadrado ou Exacto de Fisher (este último, quando o número esperado de

lactentes em cada grupo era menor ou igual a cinco). O Teste Kruskal-Wallis foi

utilizado para analisar a associação entre a classificação do AHEMD-IS, em

tercis, com o percentil da AIMS obtido pelos participantes. Para comparar os

valores de uma variável contínua entre dois grupos foi utilizado o teste de

Mann-Whitney (comparações inter-grupos).

Ao verificar quais fatores poderiam estar interferindo no desfecho

(desempenho da AIMS) segundo o nível de estimulação (AHEMD-IS total),

foram realizadas análises de regressão univariada para as variáveis: sexo,

creche, trabalho materno fora do domicílio, classificação ABEP, renda per

capta, escolaridade materna e paterna, anos de estudos materno e paterno,

renda mensal, número de irmãos, número de crianças no domicílio, ordem de

nascimento e idade materna. As variáveis onde foram encontrados valores de

p<0,10 foram incluídas em um modelo de regressão multivariada.

34

Resultados

Durante a coleta de dados, foram encontrados 239 lactentes entre três e

18 meses de idade. Destes, 110 lactentes pertenciam a faixa etária do presente

estudo (dez a 18 meses), mas 39 lactentes (35,45%), não puderam participar

por apresentarem os seguintes critérios de exclusão: idade gestacional inferior

a 37 ou superior a 42 semanas (nove lactentes); peso ao nascimento menor do

que 2.500 gramas (oito lactentes); alterações respiratórias crônicas (14

lactentes); ou outro critério de exclusão que poderia comprometer o

desenvolvimento motor (oito lactentes). Portanto, a amostra do estudo foi

composta por 71 lactentes e suas características estão descritas na Tabela 2.

O perfil predominante da amostra foi de lactentes do sexo feminino

(56,3%). A maioria (93,0%) não frequentava creche, não possuía irmãos

(47,9%) e eram os primeiros filhos (52,1%). Dos cinco lactentes (7,0%) que

frequentavam creche, quatro pertenciam à categorização pública e um

particular, todos em tempo integral.

Houve predomínio de até duas crianças no domicilio (81,7%). A renda

mensal predominante foi de até R$1000,00 (49,3%), com maior concentração

na classe C2 da ABEP (35,2%) e renda per capta entre os valores de R$150,01

e R$ 400,00 (40,9%). Apenas um indivíduo (1,41%) apresentou-se na

classificação A2 e dois (2,82%) na B1. Com relação à escolaridade dos pais,

grande parte das mães (45,1%) e dos pais (40,9%) possuía o Ensino Médio

completo. A maioria das mães não trabalhava fora do domicilio (64,8%) e a

idade materna predominante foi entre 22 e 29 anos (47,9%). No Escore Total

do AHEMD-IS, observa-se uma distribuição da amostra nos tercis equivalentes

às oportunidades de estimulação ambiental. Na dimensão “espaço físico”,

35,2% dos participantes encontram-se na classificação “Muito fraco”, e 31%

nas “atividades diárias”, obtiveram pontuação equivalente à classificação “Muito

fraco e Bom”. Já na dimensão “brinquedos”, 29,6% dos participantes da

amostra apresentaram classificação “Fraco”.

35

Tabela 2: Distribuição de frequência das características descritivas dos 71 participantes (variáveis categóricas) Variáveis

f (%)

Variáveis

f (%)

Número de irmãos

0

1

2 ou mais

34 (47,9)

20 (28,2)

17 (23.9)

Frequenta creche

Sim

Não

5 (7,0)

66 (93,0)

Ordem de nascimento

3º ou mais

37 (52,1)

20 (28,2)

14 (19,7)

Escolaridade materna

1ª a 4ª série

5ª a 8ª série

Ensino Médio

Ensino Superior

9 (12,6)

23 (32,4)

32 (45,1)

7 (9,9)

Classificação ABEP*

A2, B1 e B2

C1

C2

D

19 (26,7)

17 (23,9)

25 (35,2)

10 (14,2)

Renda mensal

Até R$ 1000,00

R$ 1001,00 a R$2000,00

Acima de R$ 2000,00

Não soube informar

35 (49,3)

26 (36,6)

9 (12,7) 1 (1,4)

Escore Total AHEMD-IS**

Baixa

Média

Alta

22 (31,0)

25 (35,2)

24 (33,8)

“Espaço físico”

Muito fraco

Fraco

Bom

Muito Bom

25 (35,2)

14 (19,7)

18 (25,4)

14 (19,7)

“Atividades diárias”

Muito fraco

Fraco

Bom

Muito bom

22 (31,0)

15 (21,1)

22 (31,0)

12 (16,9)

“Brinquedos”

Muito fraco

Fraco

Bom

Muito bom

18 (25,4)

21 (29,6)

15 (21,1)

27 (23,9) f= frequência; * Critério de classificação econômica da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas; ** Affordance in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale.

36

A análise descritiva da AIMS e do AHEMD-IS, total e nas dimensões

podem ser observadas na Tabela 3.

Tabela 3: Análise descritiva das variáveis contínuas dependente (AIMS) e independente (AHEMD-IS)

Variáveis

n

Média±DP

Mín.

P25

Median.

P75

Máx.

AIMS

(Índice Percentil)

71 65,78 ± 30,98 1 38,46 90,0 90,0 90,0

AHEMD-IS Total

71 58,44 ± 21,23 18 45 56 72 130

AHEMD-IS “Espaço Físico”

71 7,76 ± 2,69 2 6 8 10 13

AHEMD-IS “Atividades”

71 16,14 ± 3,24 11 14 15 18 26

AHEMD-IS “Brinquedos”

71 34,54 ±19,45 0 20 32 43 103

_______________________________________________________________________________ n=número de participantes; DP=desvio padrão; Min.=mínimo; Max.=máximo; Median.=mediana; P25 e P75=percentil 25 e 75. AHEMD- IS: Affordance in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale. AIMS: Alberta Infant Motor Scale.

A Tabela 3 e o boxplot (Figura 1) indicam que houve grande assimetria e

pouca variabilidade da pontuação obtida pelos participantes na AIMS, pois os

valores da média e da mediana são bem distintos e os percentis 50 (mediana),

75 e a pontuação máxima foram iguais (P90th), sendo que metade dos

participantes obtiveram Índice Percentil maior ou igual a 90.

Figura 1: Percentil Exato AIMS.

PERCENTIL EXATO AIMS

100

80

60

40

20

0

Nenhum participante do presente estudo atingiu o valor máximo de

pontos possível no Escore Total do AHEMD-IS (167) e o valor da mediana

encontrado (56 pontos) representa próximo de um terço desta pontuação.

37

Verifica-se na Tabela 3 e na Figura 2 que o Escore Total máximo do AHEMD-IS

atingido foi de 130 pontos, sendo este representado por um outlier.

Para a dimensão “espaço físico” observa-se que o valor da mediana (oito

pontos) é maior do que a metade do valor máximo possível (13 pontos),

indicando que a maioria dos lactentes, pontuaram igual ou acima deste valor.

Na dimensão “atividades diárias”, a mediana encontrada (15) tem valor próximo

à metade de sua amplitude máxima de pontuação (28 pontos). Já na dimensão

“brinquedos”, a pontuação máxima possível é de 126 pontos, sendo que o valor

da mediana (32) encontrado nesta dimensão é menor do que um terço deste

valor, e a pontuação máxima encontrada na amostra, 103 pontos, um outlier. Os

valores descritos acima podem ser melhor visualizados na Tabela 3 e Figura 2.

Figura 2: Escore Total AHEMD-IS e em cada dimensão.

TOTAL DE PONTOSAHEMD BRINQUEDOS

TOTAL DE PONTOSAHEMD ATIVIDADES

DIÁRIAS

TOTAL DE PONTOSAHEMD ESPAÇO FÍSICO

TOTAL DE PONTOSAHEMD

140

120

100

80

60

40

20

0

29

15

29

Os participantes do estudo foram avaliados pela AIMS, e através do

Escore Bruto calculou-se o Índice Percentil de cada lactente. Considerou-se

desempenho alterado aquele que ficou abaixo do percentil dez da curva de

desenvolvimento motor da escala. Foram classificados como apresentando

desenvolvimento normal 65 participantes (91,5%) e como alterado seis (8,5%).

O pequeno número de classificações alteradas dificultou a realização de alguns

cruzamentos com as variáveis categóricas. Desta forma, os participantes foram

reagrupados em menor número de categorias, inclusive para as variáveis de

controle, sendo as dimensões do AHEMD-IS divididas em: “Fraco” e “Muito

fraco” / “Bom” e “Muito bom”.

Analisando as variáveis AIMS e AHEMD-IS (Escore Total e dimensões)

como variáveis categóricas (Tabela 4), observa-se associação estatisticamente

38

significativa da dimensão “espaço físico” com a classificação na AIMS

(p=0,029), onde todos com desenvolvimento alterado pertenciam à categoria

“Fraco ou Muito fraco” quanto as oportunidades de estimulação ambiental. Não

foram encontrados valores estatisticamente significativos segundo o Escore

Total do AHEMD-IS (p=0,241) e nas dimensões “atividades diárias” (p=0,201) e

“brinquedos” (p=0,683). Apesar do p valor encontrado na associação entre a

dimensão “atividades diárias” e a AIMS não ter significância, observa-se que a

maior parte dos lactentes com desenvolvimento motor alterado (cinco

participantes, 83,3%) pertencia ao grupo “Fraco e Muito fraco” quanto à

estimulação ambiental.

Tabela 4: Associação AIMS e AHEMD-IS

Desenvolvimento motor - AIMS

Normal

f (%)

Alterado

f (%)

Total p-valor

AHEMD-IS

Escore Total

Baixa estimulação 21 (95,5) 1 (4,5) 22

Média estimulação 21 (84,0) 4 (16,0) 25

0,241*

Alta estimulação 23 (95,8) 1 (4,2) 24

AHEMD-IS

“Espaço físico”

Muito fraco e Fraco

Bom e Muito bom

33 (84,6)

32 (100,0)

6 (15,4)

0 (0)

39

32

0,029**

AHEMD-IS

“Atividades”

Muito fraco e Fraco

Bom e Muito bom

32 (86,5)

33 (97,1)

5 (13,5)

1 (2,9)

37

34

0,201**

AHEMD-IS

“Brinquedos”

Muito fraco e Fraco

Bom e Muito bom

35 (89,7)

30 (93,8)

4 (10,3)

2 (6,3)

39

32

0,683**

f= freqüência; *Teste X²; ** Teste Exacto de Fisher. AHEMD- IS: Affordance in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale. AIMS: Alberta Infant Motor Scale.

39

Como o número de participantes com a classificação alterada foi muito

pequeno, as possíveis associações também foram verificadas considerando-se

o percentil exato obtido pelos participantes na AIMS (variável contínua),

considerando-se as categorias do AHEMD-IS Total (através do Teste Kruskal-

Wallis) e das dimensões reagrupadas (através do teste de Mann-Whitney). Os

achados confirmaram o descrito anteriormente para o cruzamento da AIMS

como variável categórica, onde apenas na dimensão “espaço físico” foi

encontrada diferença estatisticamente significativa (p=0,042). No AHEMD-IS

Total, na dimensão “atividades” e “brinquedos” os valores de p encontrados

foram, respectivamente, 0,778, 0,677 e 0,575.

Foram testadas as possíveis associações entre a classificação obtida na

AIMS e as seguintes variáveis de controle através do teste Qui-quadrado:

renda per capta, renda mensal, classificação ABEP, número de irmãos, ordem

de nascimento, sexo, se a criança frequenta creche, idade materna, número de

crianças no domicilio, escolaridade materna e paterna. As variáveis que

indicaram associação estatisticamente significativa com a AIMS foram: número

de irmãos (p=0,028); número de crianças no domicilio (p= 0,009); e ordem de

nascimento (p= 0,008), Tabela 5. A classificação ABEP e escolaridade paterna

mostraram tendência de diferenciação com o desempenho na AIMS (p=0,083 e

p=0,087, respectivamente). As outras variáveis não mostraram associação

estatisticamente significativa com a classificação obtida na AIMS: renda per

capta (p= 0,647); renda mensal (p= 0,204); escolaridade materna (p= 0,534);

sexo (p= 0,169); creche (p= 0,366); e aleitamento materno (p= 0,423).

40

Tabela 5: Associação do desempenho da AIMS com as variáveis de controle: número de irmãos, número de crianças no domicílio e ordem de nascimento

Desenvolvimento motor - AIMS

Normal

f (%)

Alterado

f (%)

Total p-valor

Número de irmãos

0 32 (94,1) 2 (5,9) 34

1 20 (100,0) 0 (0) 20

0,028* 2 ou mais 13 (76,5) 4 (23,5) 17

Número de

crianças no

domicílio

Até 2

Acima de 2

56 (96,6)

9 (69,2)

2 (3,4)

4 (30,8)

58

13

0,009**

Ordem de

nascimento

3º ou mais

35 (94,6)

20 (100,0)

10 (71,4)

2 (5,4)

0 (0)

4 (28,6)

37

20

14

0,008*

f= freqüência; *Teste X²; ** Teste Exacto de Fisher. AIMS: Alberta Infant Motor Scale.

Para verificar quais fatores poderiam estar interferindo no desfecho

(percentil exato na AIMS) segundo o nível de estimulação (AHEMD-IS Escore

Total), foram realizadas análises de regressão univariada com as seguintes

variáveis: sexo, creche, trabalho materno fora do domicílio, classificação ABEP,

renda per capta, escolaridade materna e paterna, anos de estudos materno e

paterno, renda mensal, número de irmãos, número de crianças no domicílio,

ordem de nascimento e idade materna. As que se mostraram significativas

foram: se a criança frequenta creche (p=0,003), a escolaridade materna

(p=0,016) e o número de crianças no domicílio (p=0,045). Quando estas

variáveis foram incluídas em um modelo de regressão multivariada, observa-se

que somente a variável escolaridade materna mostrou tendência de

diferenciação (p=0,091).

41

Discussão

O presente estudo apresentou como principal objetivo verificar se havia

associação entre as oportunidades de estimulação ambiental e o

desenvolvimento motor de lactentes de dez a 18 meses de idade, no contexto

domiciliar. Desta forma, os resultados podem acrescentar importantes

considerações, uma vez que existe uma literatura escassa sobre o assunto,

principalmente quando se considera a utilização da AIMS e do AHEMD-IS e o

fato deste último ser um questionário recente e em processo de validação no

Brasil.

Quando analisado a pontuação total do AHEMD-IS, observa-se que

quase metade dos participantes obteve pontos equivalentes a um terço da

pontuação total possível ou menos (55,66 pontos). Fato este também apontado

pelo estudo de Nobre e colaboradores (2009), quando afirma que as

affordances presentes no domicílio se mostram insuficientes, com baixo nível

de oportunidades.

O fato de não ter sido encontrada associação estatisticamente

significativa entre a classificação do Escore Total do AHEMD-IS e do

desempenho na AIMS pode estar relacionado ao reduzido número de lactentes

que apresentaram desenvolvimento motor alterado na presente amostra (seis -

8,5%), o que dificulta os testes estatísticos perceberem alguns aspectos

inerentes ás variáveis estudadas. Outra possível explicação é o fato de ter sido

utilizada a AIMS para verificar o desenvolvimento motor grosso, podendo este

não ser o instrumento mais indicado para a faixa etária do presente estudo,

visto que, 53 lactentes (74,6%) estavam acima de 12 meses. Verifica-se que a

partir desta idade a variação na pontuação total da escala deve-se

principalmente a mudanças na subescala de pé, onde entre o percentil dez e o

90 existem apenas 12 pontos de diferença, e 50% da amostra normativa

obteve aos 13 meses 55 do total de 58 pontos possíveis (PIPER e DARRAH,

1994). Isto torna-se ainda mais relevante quando se considera o percentil exato

encontrado na amostra, onde houve pouca variabilidade e metade dos

participantes obtiveram desempenho maior ou igual ao percentil 90.

42

Quanto às dimensões do AHEMD-IS, foi encontrada associação

estatisticamente significativa entre o “espaço físico” e o desempenho motor na

AIMS. Uma das possíveis explicações para este achado é que, na faixa etária

estudada, a criança normalmente já desenvolveu alguma forma de locomoção,

sendo então capaz de explorar por si só o ambiente em que vive e criar novas

estratégias adaptativas para a interação com o meio, desde que haja espaço

físico e aparatos (p.ex. móveis) adequados e disponíveis para tal. O espaço

disponível para estes deslocamentos parece ser muito importante nesta fase,

onde características arquitetônicas internas e externas do domicílio podem

permitir novas experiências sensório-motoras, proporcionando assim a

aquisição e refinamento da postura ortostática, marcha dependente e

posteriormente independente. Como esta dimensão representa uma

porcentagem muito pequena do total possível no instrumento (7,78%), estas

diferenças não foram percebidas quando se considerou para análise o Escore

Total do AHEMD-IS.

Lima e colaboradores (2001), destacam que estas experiências

acontecem e são enriquecidas com a variabilidade e complexidade do

ambiente. Este fato também é reforçado por Gagen e Getchell (2006) quando

estes afirmam que a forma como uma criança se move muda através do tempo

em função da experiência e do aprendizado, assim como do contexto e da

tarefa.

No presente estudo o fato do lactente não possuir irmãos, possuir mais

de dois irmãos ou existirem mais de duas crianças no domicílio influenciou

negativamente o desenvolvimento motor. De acordo com Andrade e

colaboradores (2005), a interação da criança com outras crianças é um dos

principais elementos para uma adequada estimulação no espaço familiar.

Acredita-se que residências com filhos únicos oferecem poucos estímulos

sociais e modelos motores para que ele se desenvolva, pois este terá menos

oportunidades de observar e reproduzir atividades que outros lactentes de

faixas etárias superiores já realizam. Em contrapartida, um número elevado de

crianças em um mesmo ambiente parece não proporcionar oportunidades

adequadas e/ou suficientes para aquisição de habilidades motoras, uma vez

que a criança terá que dividir com as demais os estímulos do ambiente em que

vive e a atenção dos pais. Estes achados são corroborados por Sameroff e

43

Seifer (1983) e Andraca e colaboradores (1998), que consideram essa variável

como fator de risco para a qualidade do ambiente, onde famílias numerosas

tendem a ser menos estimuladoras.

A variável classificação ABEP e escolaridade paterna mostraram

tendência de diferenciação com o desempenho na AIMS, onde lactentes

pertencentes a classes mais baixas, com menor renda e/ou com baixa

escolaridade dos pais, apresentaram pior desenvolvimento motor. Estudos

anteriores afirmam que a condição de pobreza amplifica a vulnerabilidade

biológica da criança, levando a resultados desfavoráveis no desenvolvimento

(ANDRACA et al., 1998), e que a parcela mais desfavorecida da população

acumula fatores sociais, econômicos e biológicos, que determinam maior

chance de atraso no desenvolvimento motor (HALPERN et al., 2000). Ainda,

segundo a Unicef (2006), a escolaridade dos chefes da família afeta

substancialmente o nível de bem-estar de seus filhos devido à vulnerabilidade

das crianças na primeira infância. De acordo com Santos e colaboradores

(2009), a baixa escolaridade do pai também é considerada um fator de risco

para o desenvolvimento motor, pois se mostrou associada com o atraso nas

habilidades motoras de locomoção. Este contexto apresenta uma repercussão

indireta sobre a capacidade de cuidar adequadamente dos seus filhos, na

medida em que reduz o acesso às informações veiculadas pelos serviços de

saúde, educação, mídia e a compreensão delas (MOREIRA e LORDELO,

2002).

Outro achado do presente estudo foi que lactentes com mães que não

completaram o Ensino Médio e estão inseridos em um ambiente com baixas

oportunidades de estimulação, possuem maior probabilidade de apresentarem

baixo desempenho na AIMS. Mães com maior escolaridade parecem possuir

maior acesso a informações sobre o desenvolvimento infantil e interagir melhor

com seus filhos, respondendo adequadamente às suas solicitações e provendo

melhores condições estruturais e emocionais para o adequado

desenvolvimento motor (MARTINS et al., 2004).

Ao contrário, lactentes que possuem baixas oportunidades de

estimulação em seu domicílio, mas frequentam creche, sofrem influencia

positiva no desenvolvimento motor, pois parecem ser mais expostos a

diferentes situações físicas e sociais. Bradley e Vandell (2007) destacam que

44

as experiências da criança na creche interagem com suas experiências na

família e com as próprias características da criança para produzir os resultados

no desenvolvimento. Santos e colaboradores (2009) afirmam que na creche, a

criança é desafiada motora e cognitivamente em atividades, interação com as

pessoas, contato com objetos e estímulos diferentes dos encontrados em seu

ambiente familiar.

O presente estudo apresentou como limitações o fato da amostra conter

um número reduzido de lactentes abaixo de 12 meses e a utilização de um

instrumento (AIMS) que parece não permitir maior detalhamento do

desenvolvimento motor acima desta idade. Desta forma, sugere-se a realização

de novas pesquisas que utilizem outros instrumentos de avaliação do

desenvolvimento motor nesta faixa etária para elucidar os achados do presente

estudo.

Concluindo, os resultados indicam que não houve associação

estatisticamente significativa entre o Escore Total do AHEMD-IS com o

desempenho na AIMS, mas considerando-se as dimensões do instrumento, foi

encontrada associação da dimensão “espaço físico” com o desenvolvimento

motor de lactentes de dez a 18 meses, parecendo este ser um importante

aspecto influenciador do desenvolvimento nesta faixa etária. Além disto,

múltiplos fatores como número de irmãos e de crianças no domicílio, ordem de

nascimento, escolaridade materna e paterna, classificação ABEP e o fato da

criança frequentar creche, parecem influenciar o desenvolvimento motor e esta

interação.

Os achados possibilitam o melhor conhecimento da realidade presente

na cidade de Juiz de Fora e a investigação de possíveis fatores associados ao

desenvolvimento motor, o que permitirá melhor delineamento de estudos

futuros e orientação de práticas que considerem a visão ampliada em saúde,

auxiliando no planejamento de estratégias e políticas de ação que possam

melhorar a realidade encontrada.

45

Referências

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46

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APÊNDICE A

PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA

1.IDENTIFICAÇÃO

Data: ___/___/___ Nome da criança: _________________________________________________ Idade: _______ meses. Sexo: ( )F ( )M Nome do entrevistado: ____________________________________________ Parentesco com a criança: _________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________________________________________________________________________ Telefone: ______________ 2.CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA Peso ao nascimento : __________ gramas (verificar na Caderneta da Criança): ( )Extremo Baixo Peso ( ) Baixo Peso ( ) Muito Baixo Peso ( )≥ 2.500g Idade Gestacional : ________ semanas (verificar na Caderneta da Criança): ( ) Prematuro extremo ( ) A termo ( ) Prematuro ( ) Pós termo Presença de irmãos : ( ) Não ( ) Sim Quantos: _________ Ordem de nascimento : ______________. Gemelaridade : ( ) Não ( ) Sim: ( )gêmeos ( )trigêmios ( )quadrigêmios ( )mais Óbito: ( ) Não ( ) Sim Quantos?_____________ A criança alimenta ou alimentou com o leite da mãe ? ( ) Não ( ) Sim Por quanto tempo? _________________ A criança convive com o pai ? ( ) Não ( ) Sim ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Quase nunca A criança frequenta creche ? ( ) Não ( ) Sim ( )Particular ( ) Pública Tempo: ( ) Integral ( ) Meio período A criança realiza algum tipo de intervenção ou freqüenta programa de follow up?

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( ) Não ( ) Sim Tipo:________________________________________ Local: _______________________________________ A criança permaneceu internada durante o primeiro ano de vida? ( ) Não ( ) Sim: ( ) 1vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) 4 ou mais vezes Motivo:_________________________________________________________ A criança apresenta alguma patologia ou problema de saúde? ( ) Não ( ) Sim Qual? ___________________________________________________

3. CARACTERÍSTICAS DA FAMÍLIA Chefe da família (Quem é considerado o chefe da família?): ( ) Mãe ( ) Avó ( ) Pai ( ) Outro: __________________ ( ) Avô Cuidador da criança (quem cuida a maior parte do tempo da criança?): ( ) Mãe ( ) Babá ( ) Pai ( ) Irmão/ Irmã ( ) Avô ( ) Outro: ___________________ ( ) Avó Idade materna: ______ anos. Trabalho materno: A mãe trabalha fora do domicílio? ( ) Não ( ) Sim Quantas horas/dia?____________

Escolaridade da mãe : até que série estudou? Anos de estudo com aproveitamento: ______________ anos. Escolaridade do pai : até que série estudou? Anos de estudo com aproveitamento: ______________ anos. Estado civil da mãe: ( ) Solteira ( ) Divorciada ou Desquitada ( ) Casada ( ) Viúva ( ) União conjugal estável ( ) Não respondeu Outro: _______________ Renda mensal da família : soma dos salários = R$________________ Número de pessoas que residem no domicílio : __________ pessoas.

50

Critério de Classificação Econômica (ABEP)

Posse de itens Quantidade de itens 0 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores 0 1 2 3 4 Rádio 0 1 2 3 4 Banheiro 0 4 5 6 7 Automóvel 0 4 7 9 9 Empregada mensalista 0 3 4 4 4 Maquina de lavar 0 2 2 2 2 Vídeo Cassete e/ou DVD

0 2 2 2 2

Geladeira 0 4 4 4 4 Freezer (independente ou geladeira duplex)

0 2 2 2 2

Grau de Instrução do Chefe da Família Analfabeto/ Primário Incompleto Analfabeto/ Até a 3ª Série

Fundamental 0

Primário Completo/ Ginasial Incompleto

Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial Completo/ Colegial Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior Incompleto

Médio Completo 4

Superior Completo Superior Completo 8 TOTAL DE PONTOS: ________________ CLASSE A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E PONTOS 42 - 46 35 - 41 29 - 34 23 - 28 18 - 22 14 - 17 8 - 13 0 - 7 CLASSE: A1( ) A2( ) B1( ) B2( ) C1( ) C2( ) D( ) E( ) OBSERVAÇÕES_________________________________________________ Entrevistador

responsável:____________________________________________________

Supervisor

responsável:____________________________________________________

51

APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Universidade Federal de Juiz de Fora Programa de pós-graduação em Saúde Coletiva

Mestrado Acadêmico

PESQUISADOR RESPONSÁVEL : Luiz Cláudio Ribeiro ENDEREÇO: NÚCLEO DE ASSESSORIA , TREINAMENTO E ESTUDOS EM SAÚDE - NATES CAMPUS DA UFJF – BAIRRO MARTELOS . CEP:36036-330 – JUIZ DE FORA – MG FONE: (32)2102-3830 E-MAIL : [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa

“INQUÉRITO EM SAÚDE DA POPULAÇÃO DE JUIZ DE FORA: Oportunidade

do ambiente domiciliar e fatores associados para o desenvolvimento entre três

e 18 meses de idade”. O objetivo deste estudo é avaliar as condições de saúde

da população e o seu acesso aos serviços. A importância do estudo é

justificada pela necessidade de conhecer as condições de saúde da população

e contribuir para a criação de políticas públicas nesta área. O estudo consiste

na realização de uma entrevista na qual será aplicado questionários na

população residente em Juiz de Fora.

Os riscos relacionados à participação no estudo são mínimos, comparáveis aos

riscos das suas atividades de rotina. Participar da pesquisa não implica em

custos, remuneração, ou qualquer ganho material (brindes, indenização, etc.).

A participação no estudo será voluntária, não havendo nenhum tipo de prejuízo

ou penalização. Os danos previsíveis serão evitados. Porém, qualquer tipo de

problema ou desconforto detectado será imediatamente sanado pelos

pesquisadores, ou por quem de direito, sem qualquer custo para o voluntário

da pesquisa.

É garantido a todos os participantes que se retirem da pesquisa quando assim

desejarem, sem qualquer prejuízo financeiro, moral, físico ou social. Todas as

informações colhidas serão cuidadosamente guardadas, garantindo o sigilo e a

52

privacidade dos entrevistados, que poderão obter informações sobre a

pesquisa quando necessário pelo telefone (32) 3229-3830.

Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a

sua permissão. O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que

possa resultar deste estudo.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que

uma cópia será arquivada pelos pesquisadores responsáveis, no Núcleo de

Assessoria, Treinamento e Estudos em Saúde (NATES) e a outra será

fornecida a você.

Eu, ____________________________________________, portador do

documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos

objetivos do estudo ““INQUÉRITO EM SAÚDE DA POPULAÇÃO DE JUIZ DE

FORA: Oportunidade do ambiente domiciliar e fatores associados para o

desenvolvimento entre três e 18 meses de idade”, de maneira clara e detalhada

e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar

novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste

termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler

e esclarecer as minhas dúvidas.

Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2010.

Nome Assinatura participante Data

Nome Assinatura pesquisador Data

Nome Assinatura testemunha Data

53

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você

poderá consultar o

CEP- COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA/UFJF

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFJF

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

CEP 36036.900

FONE: 32 3220 3788

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ANEXO A

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

55

ANEXO B

Alberta Infant Motor Scale (AIMS)

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59

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61

ANEXO C

Affordance in the Home Environment for Motor Develo pment – Infant Scale (AHEMD-IS)

Questionário (3 a 18 meses)

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70

ANEXO D

CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL

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