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Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu” MBA RECURSOS HUMANOS Turma 31 OS SENTIDOS E SIGNIFICADOS DO TRABALHO PARA PROFISSIONAIS DE CONSULTORIA INTERNA DE RECURSOS HUMANOS Marcos Stucchi Pedott Orientadora: Luciana Campos Lima SÃO PAULO 2013

Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

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Trabalho de Conclusão de Curso

Pós-Graduação “Latu Sensu” MBA RECURSOS HUMANOS Turma 31

OS SENTIDOS E SIGNIFICADOS DO TRABALHO PARA PROFISSIONAIS DE

CONSULTORIA INTERNA DE RECURSOS HUMANOS

Marcos Stucchi Pedott

Orientadora: Luciana Campos Lima

SÃO PAULO

2013

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AGRADECIMENTOS

A cada trabalho que faço venho aprendendo a reconhecer que os resultados não são meus,

mas de um grupo de pessoas, que cada um deu a sua contribuição da sua forma para ele ser

entregue da forma que a gente espera.

Ao longo deste percurso da confecção desta pesquisa, gostaria de reconhecer alguns

personagens que facilitaram muito a minha jornada em direção ao aprofundamento neste tema

tão fascinante e importante para mim:

Sobretudo à minha maravilhosa esposa, por ter me dado apoio, forças e ideias, mesmo nos

momentos mais difíceis. Quem já se dedicou a um trabalho deste tamanho sabe os impactos

que ele tem na relação e no próprio sujeito que faz o trabalho. O suporte dela foi crítico para

eu manter o foco e equilibrar todos os aspectos da minha vida que precisavam de atenção.

Gostaria de agradecer aos meus pais pela ajuda que ofereceram com muito amor em

atividades operacionais, porém dispendiosas, do trabalho. À minha sogra ao suporte que me

deu em diversos âmbitos do meu dia a dia e que me permitiram continuar dedicado no

trabalho.

Aos meus amigos pelas ideias conversas e também pela compreensão nos momentos que

não pudemos estar juntos. Em especial, agradeço ao meu amigo Luciano por todas as suas

contribuições em momentos de impasses do trabalho. E também um agradecimento especial

aos meus colegas da Jornada de Coaching, pelo apoio em momentos de pressão.

Por fim, agradeço imensamente ao tempo dedicado pelos meus entrevistados, que por

confidencialidade não posso dizer os nomes, mas posse deixar os meus profundos

agradecimentos e sentimentos de respeito e admiração.

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RESUMO

Como um conceito central capaz de relacionar as dimensões individuais e sociais, a

presente pesquisa teve por objetivo compreender os sentidos e significados do trabalho para

profissionais de consultoria interna de Recursos Humanos.

Os sentidos e significados do trabalho são conceitos que ainda necessitam aprofundamento

teórico e estudos de formas de mensurar e aplicar estes conceitos na prática, mas é conhecido

que eles estão correlacionados com que atitudes as pessoas assumem em seu trabalho. Ao

mesmo tempo, a consultoria interna de Recursos Humanos é percebida como a responsável

por direcionar as estratégias de gestão de pessoas da empresa, de forma alinhada ao negócio.

Desta forma este estudo qualitativo e exploratório baseado em entrevistas com profissionais

de consultoria interna pode dialogar com o conceito de sentidos e significados do trabalho e

testar o modelo MOW (Meaning of Working) para compreender os sentidos atribuídos ao

trabalho por estes profissionais.

A pesquisa concluiu que há um descasamento entre o que as organizações esperam de

resultado sobre os profissionais de consultoria interna de Recursos Humanos e quais os

sentidos do trabalho para os entrevistados. Ao mesmo tempo, foi possível explorar como os

sentidos do trabalho se relacionam com o poder nas organizações (colocado por Pagès (1987))

e como podem romper ou fortalecer a introjeção do ideal de ego das organizações nos

indivíduos.

ABSTRACT

As a central concept that is capable of relating individual and social dimensions, this

research aimed to understand the meanings of work for professionals of internal consulting in

Human Resources .

The meaning of work is a concept that still need further theoretical studies and

development of ways to measure and apply them into practice. Still, it is known that they are

correlated with attitudes that people take in their work. Furthermore, internal consulting

human resources is perceived as responsible for directing the management strategies of people

in the company, aligned with the business. Thus this qualitative and exploratory study, based

on interviews with professional internal consulting, was able to discuss the concept of

meaning of work and to test the model MOW (Meaning of Working) to understand what the

meanings of work for these professionals were.

The research concluded that there is a mismatch between what organizational expectation of

results for the internal consulting Human Resources professionals and the actual meanings of

work for respondents. At the same time, it was possible to explore how the meanings of work

relate to power in organizations – as defended by Pagès (1987) – and how they can break or

strengthen the internalization of the organizational ideal of ego into individuals.

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SUMÁRIO

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5

1.1 Objetivos ......................................................................................................................... 6

1.2 Justificativa e relevância do estudo ................................................................................. 7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 8

2.1 Sentidos do trabalho ....................................................................................................... 8

2.2 A transformação histórica do significado do trabalho .................................................... 10

2.3 Pesquisas sobre o significado do trabalho...................................................................... 11

2.3.1 A Pesquisa Meaning of Working (MOW) ..................................................................... 14

2.4 Os sentidos do trabalho à luz das análises de Pages et al (1987) .................................... 17

2.5 A construção da Identidade ........................................................................................... 20

2.6 Significados atribuídos ao trabalho de Recursos Humanos............................................. 21

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 29

4. RESULTADOS .................................................................................................................. 33

5. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 48

5.1 Os sentidos do trabalho dos entrevistados – Consultoria Interna de Recursos Humanos –

Conclusão do Objetivo Geral ............................................................................................... 48

5.2 Análise dos constructos: Semelhanças e diferenças entre os entrevistados - Conclusão do

Objetivo Geral e objetivo específico b) Teste da metodologia MOW para compreensão dos

sentidos do trabalho ........................................................................................................... 51

5.3 Análise dos sentidos e paralelos com a Psicanálise – Conclusão do objetivo específico a)

exploração dos sentidos do trabalho à luz da psicanálise .................................................... 56

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 59

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente vemos que os sentidos e significados do trabalho têm atraído a atenção de

muitos autores em diversas linhas de pensamento. Ulrich (2005) coloca que o ser humano é

uma máquina de produzir significados e que os líderes devem estar preparados para gerir suas

equipes considerando esta variável para criar organizações abundantes (organizações onde o

indivíduo possa criar valor para si, para outros stakeholders e para a sociedade de uma forma

geral). Segundo o autor, as pessoas ao encontrar sentidos em seus trabalhos, podem encontrar

sentido em suas vidas, se tornando mais engajadas e produtivas.

Em um estudo com 401 sujeitos, MORSE e WEISS (1955) perguntaram para cada um

deles se continuariam trabalhando caso ganhassem na loteria e não dependessem mais da

remuneração para sobreviver. Os autores apontam que com as mudanças na sociedade, em

teoria, haveria uma tendência do trabalho passar a ser um meio para ganhar a vida ao invés de

ser um fim. Contudo, os resultados demonstraram que 80% das pessoas continuariam

trabalhando, mesmo não precisando mais, indicando que os sentidos do trabalho estavam para

além da remuneração.

Um estudo realizado em 1987 sobre o sentido do trabalho foi conduzida por um grupo

internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das

principais características que definia o significado do trabalho era o quão central na vida da

pessoa era o papel desta atividade, o quanto ela se identificava com o trabalho e julgava-o

importante, se comprometendo mais com ele.

A questão dos sentidos do trabalho, contudo, não é uma preocupação recente. Desde os

gregos esse tema já foi abordado no mito de Sísifo. Algumas linhas da mitologia contam que

Sisífo delatou Zeus pelo sequestro de Egina ao pai desta, Asopo, em troca de uma nascente de

rio em Corinto (sua cidade). Em função disto Zeus o castigou a passar a eternidade rolando

uma pedra montanha acima. Tão logo a pedra atingisse o cume, ela rolava para baixo e o

trabalho recomeçava. Assim, Sísifo estava condenado a fazer um trabalho desprovido de

propósito, sem descanso ou possibilidade de fuga (GRIMAL, 2000).

Dessa forma, há de se considerar o impacto que o sentido que as pessoas atribuem ao

trabalho tem no alinhamento das estratégias e ações das pessoas aos objetivos das

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organizações. Em um mundo em que as organizações precisam dar autonomia para as pessoas

tomarem decisões, o sentido do trabalho parece ser uma forma de guiar essas escolhas. Uma

pesquisa de Bianchi (2013) indica que os sentidos do trabalho estão fortemente relacionados

com um propósito de trabalho e o sentimento de construção de algo perene nas organizações,

um produto existente no mercado e o desenvolvimento de uma identidade corporativa.

Segundo Simon Sinek (2009) as pessoas se conectam mais com os porquês das coisas do

que com os “o quês”. Isso é, para Simon, os motivos das ações, os significados, são mais

importantes do que a ação em si, logo, este significado teria um impacto grande no

comportamento de compra das pessoas. Se isso for verdade, seria justificável que também

tivessem impacto nos comportamentos no trabalho.

Muito do que se fala em termos de sentido e significados do trabalho se confundem com

motivações, com identidade ou misturam o que são significados do trabalho e o sentido

individual que cada pessoa tem do seu trabalho. O presente estudo buscará levantar algumas

suposições sobre essas diferenças e incluir essa dimensão na gestão de pessoas, em especial

para o público de consultoria interna de recursos humanos.

1.1 Objetivos

O trabalho se propõe aos seguintes objetivos:

1- Objetivo geral: Responder ao seguinte questionamento: Há diferentes sentidos do

trabalho para os consultores internos de recursos humanos, em caso afirmativo, quais

seriam?

2- Objetivos específicos:

a. Explorar sobre o que são os sentidos do trabalho à luz da psicanálise e o que

ela pode agregar a este tema.

b. Testar os constructos da pesquisa MOW na compreensão do sentido do

trabalho para indivíduos em consultoria interna de Recursos Humanos.

c. Verificar qual a influência da sociedade de Recursos Humanos sobre os

sentidos do trabalho dos profissionais.

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1.2 Justificativa e relevância do estudo

Conforme já citado, um dos principais estudos sobre os significados do trabalho foi

conduzido por um grupo internacional (MOW) em 1987. Após a conclusão das pesquisas, este

grupo se separou, mas muitos de seus integrantes reconheceram a importância do tema e

continuaram pesquisando-o individualmente, inspirando outros estudiosos na temática.

Kanungo (1991) afirma que o sentido do trabalho está tão intimamente ligado à existência

do ser humano, que é quase impossível ignorar a sua importância tanto em nível individual

quanto coletivo. Em sua visão, a pesquisa ajudou a entender e estruturar como o trabalho é

compreendido nas diferentes culturas dos países pesquisados, dando aos gestores caminhos

muito práticos de como conduzir os negócios em cada um deles.

Quintanilla (1991) e Brief (1991) apontam que os conceitos de significado e sentido do

trabalho são importantes por se relacionarem com diversos outros conceitos, possibilitando

seu funcionamento como um construto transversal em diferentes temas. Roberson apud Brief

(1991), cita por exemplo, que para o campo da motivação, os sentidos do trabalho podem

contribuir indicando quais os resultados esperados do trabalho para cada funcionário e como

eles podem variar com entre as pessoas.

Um estudo mais recente de Kuchinke et al (2010) mostrou que o trabalho continua central

na vida das pessoas, sendo esta afirmação quase universal. Ao mesmo tempo, estes sentidos

são particulares para cada indivíduo, na forma que se relaciona com seu trabalho. Assim o

autor reconhece a necessidade de aprofundar nossos conhecimentos nesta área. Brief (1991)

corroborando com a argumentação de Kuchinke et al (2010) defende a necessidade de uma

compreensão diferente do que são sentidos e significados do trabalho.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Sentidos do trabalho

Nos diversos textos sobre sentido do trabalho observam-se diferentes discussões sobre o

tema, entretanto não foi encontrado um consenso com relação ao conceito. MORSE e WEISS

(1955), em uma pesquisa com 401 sujeitos, perguntaram “Se por acaso você recebesse uma

herança para viver confortavelmente sem trabalhar, você acha que continuaria trabalhando

assim mesmo ou não?”. Em seguida faziam a pergunta “Porque você (não) continuaria a

trabalhar?”. Com essas perguntas, os autores identificaram que 80% das pessoas continuariam

a trabalhar, logo o trabalho é muito mais do que uma forma de ganhar dinheiro. Além disso,

identificaram que as pessoas queriam contribuir com a sociedade e o sentimento de

produtividade gerava bem estar nelas. Por outro lado, observaram que para os entrevistados de

classe média trabalhar significava ter um propósito, ter um senso de realização e

autoexpressão, mas para a população de classe operária, trabalhar significava evitar o ócio, ou

seja, ocupar o tempo com uma atividade que exigisse fisicamente.

Alguns autores como England e Whiteley apud Morin, Tonelli e Pliopas (2007), que

trabalham baseados alinhados aos conceitos do Meaning of Working (MOW, 1987), colocam

seis definições como padrões das pessoas para entender o trabalho. Esses padrões não são os

sentidos do trabalho, mas balizadores de como as pessoas em diferentes culturas e grupos

podem atribuir significado a sua atividade (Tabela 2.1).

Tabela 2.1 – Padrões de compreensão do trabalho em diferentes culturas

Padrão A O trabalho acrescenta valor a qualquer coisa, você deve prestar

conta do trabalho, você recebe dinheiro para fazer isso;

Padrão B

Ao realizar o trabalho existe um sentimento de vinculação, você

recebe dinheiro para realizar isso, você faz isso para contribuir

com a sociedade;

Padrão C

Outros se beneficiam de seu trabalho, você recebe dinheiro para

realizar isso, você faz o trabalho para contribuir com a sociedade,

o trabalho é fisicamente exigente;

Padrão D Você recebe dinheiro para realizar o trabalho, faz parte de suas

tarefas, alguém lhe diz o que fazer, não é agradável;

Padrão E O trabalho é mentalmente e fisicamente exigente, você recebe

dinheiro para fazer isso, mas não é agradável;

Padrão F Existe horário, você recebe dinheiro para fazer isso, faz parte de

suas tarefas.

Fonte: Morin, Tonelli e Pliopas, 2007, p.48.

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Tolfo et al apud Coutinho (2009) investiga uma diferença teórica entre sentido e

significado do trabalho. Muitos autores não fazem uma distinção clara entre esses conceitos,

contudo, para a autora, o significado do trabalho é construído de forma coletiva, dentro de um

contexto histórico, econômico e social. Assim, o significado do trabalho é algo

compartilhado, são padrões atribuídos ao entendimento do trabalho em um determinado

grupo, cultura ou sociedade.

Já sentido do trabalho é algo particular do sujeito, construído por ele através das suas

experiências de vida e relacionamento com o trabalho, fazendo parte de uma dimensão

subjetiva. Tanto o sentido como o significado estão em constante transformação, sendo que é

difícil determinar o que é causa e o que é efeito, pois são construídos de forma dialética. Tolfo

et al apud Coutinho (2009).

O indivíduo se relaciona com o significado e constrói um sentido para o trabalho. Em

contrapartida os sentidos do trabalho de todos os indivíduos de uma sociedade influenciam o

significado por eles atribuídos coletivamente. Tolfo et al apud Coutinho (2009). Esta

diferenciação é chave para o presente trabalho de forma a distinguirmos o que é do âmbito do

indivíduo e o que é do nível social.

Na visão de Quintanilla (1991), o significado do trabalho é uma interpretação coletiva e

compartilhada do que as pessoas esperam do trabalho (próprio e de outras pessoas). Esta visão

pode implicar:

1. No tipo de trabalho desenhado para outras pessoas fazerem,

2. Como as pessoas são socializadas para o trabalho,

3. Como as pessoas relacionam o trabalho com outros aspectos das suas vidas,

Quintanilla (1991) coloca que o significado do trabalho está presente em diversos níveis da

sociedade, desde o nível individual, passando por um nível grupal até o nível de culturas e

comunidades internacionais.

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2.2 A transformação histórica do significado do trabalho

Ao longo da história o significado do trabalho se transformou inúmeras vezes. Araújo e

Sachuk (2007) identificaram um vínculo próximo entre as mudanças de condições materiais e

métodos de produção com transformações nos significados do trabalho para as sociedades.

Elas dividiram a história ocidental do trabalho em quatro períodos: primitivo, Greco-

romano, feudal e industrializado. No período primitivo, as primeiras comunidades humanas se

organizaram com o objetivo de aumentar as possibilidades de sobrevivência de seus membros.

O trabalho tinha o significado de pertencer e contribuir a um grupo/tribo. No período Greco-

romano o trabalho passou a ser compreendido através de sua possibilidade de produzir e

satisfazer as necessidades humanas. Contudo, com as mudanças no cenário político e

religioso, na idade média o trabalho passou a ter um significado de castigo e penitência

divina, sem nenhum vínculo com ascensão social e com pouca valorização do

desenvolvimento técnico, para não pôr em risco a ordem natural das coisas, onde a

vassalagem era uma imposição divina (Huberman (1985:19) e Rubano e Moroz (2003) apud

Araújo e Sachuk, 2007).

Com a mecanização do trabalho e a revolução industrial, o capitalismo projeta no trabalho

um sentido de acumulação de riqueza. No início da economia capitalista, as pessoas se uniram

para aumentar a produtividade em uma lógica de cooperação. Contudo, o trabalho foi

parcelado e mecanizado, afastando o trabalhador do como ele contribui para a sociedade e

gerando alienação. A ideologia da classe dominante passa a direcionar as pessoas tornar o

trabalho uma tarefa compulsiva, incessante e central na vida das pessoas, levando à escassez

de tempo livre, separando os fatores objetivos e subjetivos do trabalho, o produto do trabalho

e o esforço para gerá-lo (Marx apud Araújo e Sachuk (2007)).

Pagès et al. (1987) descreve este período como o capitalismo nascente, no qual se

abandona gradualmente o apego a formas tradicionais de produção e inicia-se uma lógica

organizacional, racionalista dos meios de produção. Contudo, a figura do chefe/pai (castrador)

permanece forte, onde o sistema de controle é extremamente necessário. Os chefes são os

responsáveis por fazer alterações no ambiente de trabalho e as atividades continuam sendo

repetitivas, no entanto, sem o seu caráter ritual. Contudo, a ideologia deixa pouco espaço para

que a massa se identifique nela, criando uma falha no sistema.

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No capitalismo Hipermoderno, segundo Pagès et al. (1987), as pessoas passam a trabalhar

para obter poder nas organizações (no plano sociológico) e em função do Ideal do Ego (no

plano psicológico). O mercado e o cliente são quem mandam neste novo sistema, transferindo

para si os sentimentos arcaicos de fidelidade e tradição. Malvezzi apud Araújo e Sachuk

(2007, p. 61), coloca que, neste novo cenário, é importante que as pessoas partilhem a missão

com as empresas globalizadas. Para o autor, as transformações da sociedade romperam com

tradições que tornavam o trabalho e o emprego questões centrais na vida das pessoas. Este

novo modelo, passa a pautar-se no equilíbrio entre trabalho e outras instâncias da vida,

buscando mais tempo livre para as pessoas e consequentemente uma maior distribuição das

riquezas.

Para De Masi apud Araújo e Sachuk (2007, p. 62), portanto, o ócio criativo significa um

exercício de sincretismo entre atividade, lazer e estudo, por meio do qual o homem se

desenvolve em todas as suas dimensões. O que esse autor afirma é que deve haver uma fusão

entre produção e prazer.

2.3 Pesquisas sobre o significado do trabalho

Algumas pesquisas tentaram classificar alguns padrões de significados do trabalho. A mais

citada delas foi a pesquisa MOW (1987) que determinou 5 constructos que deveriam existir

para estruturar um significado para o trabalho para a pessoa. De modo geral, cada cultura/país

respondeu de forma distinta à pesquisa, conferindo pesos maiores para cada um dos

constructos, levando a uma definição diferente de trabalho, conforme explicitados

anteriormente.

Hackman e Oldmam apud Morin, Tonelli e Pliopas (2007) identificaram três condições

para que um trabalho tenha sentido: “variedade das tarefas; identidade com o trabalho e a

possibilidade de realizar algo do começo ao fim com resultados; o significado do trabalho

sobre o bem das pessoas, da organização e/ou da sociedade”. Ao mesmo tempo, o trabalho

precisa de seis características presentes para ter sentido: “ter variedade e ser desafiador;

possibilitar aprendizagem contínua; permitir autonomia e decisão; possibilitar reconhecimento

e apoio; trazer uma contribuição social e permitir um futuro desejável”.

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Morin, Tonelli e Pliopas (2007) relatam uma pesquisa com estudantes de administração

sobre os sentidos do trabalho. Os resultados foram os temas mais comuns abordados pelas

pessoas, que foram subdivididos em três dimensões de acordo com a tabela 2.2:

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Tabela 2.2 – Dimensões dos significados do trabalho encontrados por Morin, Tonelli e Pliopas (2007)

Dimensão

Tema recorrente

O trabalho tem sentido se... O trabalho não tem sentido

se...

Dim

ensã

o i

ndiv

idual

Satisfação pessoal

Quem exerce o trabalho sente

prazer, gosta do que faz.

É um desafio a ser superado

A pessoa percebe sua

contribuição como única e

criativa

É enfadonho

Quem exerce não tem

responsabilidade sobre seu

próprio trabalho

Quem o exerce não contribui

na sua criação e concepção

Independência

E sobrevivência

Remunera financeiramente quem

trabalha

Permite que algum dia o

indivíduo alcance qualidade de

vida melhor

Dá a sensação de independência

financeira e psicológica

Crescimento e

aprendizagem

Crescimento profissional /

Aprendizagem

Não explora o potencial de

quem o exerce

Não há crescimento de quem

o exerce

Identidade

Fornece identidade a quem exerce

A empresa onde a pessoa trabalha

é reconhecida

É símbolo de status

Há o ócio, se não há trabalho

Dim

ensã

o

Org

aniz

acio

nal

Utilidade

Quem exerce percebe o processo

do início ao fim

Tem utilidade para a organização

Ninguém dá importância

Inútil para a organização

Relacionamento

A pessoa tem oportunidade de

relacionar-se com outros

Alguém da organização dá o

reconhecimento

Inserção social Permite inserção social

Dim

ensã

o

So

cial

Contribuição

social

Contribui para a sociedade

É considerado ético e moralmente

Fonte: Morin, Tonelli e Pliopas (2007, Tabela 2, p. 51)

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2.3.1 A Pesquisa Meaning of Working (MOW)

Em 1987, 14 grupos de pesquisadores em oito países estudaram os significados do trabalho

(Bélgica, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Israel, Japão, Holanda e Eslováquia). O

trabalho é um dos mais citados na literatura atual sobre o tema, identificada como MOW

(Meaning of Working).

De acordo com Kubo (2009), a pesquisa teve três objetivos: 1- “fazer uma pesquisa entre

culturas e nações, verificando as consequências da aplicação de algumas variáveis no

tratamento experimental”, 2- “verificar a incidência de um dado fenômeno em diferentes

ambientes” e 3- “verificar como culturas diferentes solucionam na prática alguns fenômenos

comportamentais relacionados ao trabalho” (MOW apud Kubo (2009, p. 3)). A pesquisa foi

conduzida com 14.700 indivíduos entre os anos de 1978 e 1984, com amostras 1000 pessoas

em cada país e subgrupos mínimos de 90 pessoas divididos da seguinte forma:

a) Desempregados (pelo menos há 6 meses); b) aposentados

(professoras, engenheiros químicos e administrativos); c) engenheiros

químicos (homens, curso superiores, não gestores, empresas com

mais de 200 empregados, não farmacêutico ou de alimentos); d)

professores (nível fundamental, classe única); e) Empreendedores

(homens com até oito empregados, não médicos, advogados ou

dentistas, comerciante ou de serviço); f) ferramenteiros (homens); g)

empregados administrativos (com formação baixa/média, bancários e

de empresas de seguros); h) trabalhadores têxteis (60% masculino e

40% feminino, formação nível médio/baixo); i) mulheres,

trabalhadores temporários em escritórios (não estudantes); j)

estudantes (homens, estudantes de escolas técnicas de nível

médio/SENAI, mulheres estudantes de escolas para secretariado/

administrativo, não universitários, com trabalho em tempo parcial).

(Kubo, 2009, p.42)

O grupo apresentou um modelo inicial para embasar o estudo onde “o significado do

trabalho é determinado pelo contexto do ambiente, seja ele organizacional, seja familiar, que

o indivíduo vivencia no trabalho e fora dele, pelas escolhas e experiências dessa pessoa

relacionadas ao trabalho e pelo ambiente familiar e social vivenciado.” (MOW apud Kubo

(2009, p. 32)). Logo, é importante perceber que a pesquisa partiu de um embasamento de

homem determinado pelo ambiente em que se encontra.

A pesquisa tipo survey (KUBO, 2009) definiu cinco constructos para compreender o

significado do trabalho.

1. Centralidade do trabalho,

2. Normas sociais orientadas para os direitos,

3. Normas sociais orientadas para os deveres,

4. Função econômica do trabalho,

5. Resultado intrínseco ou expressivo,

6. Contato interpessoal pelo trabalho.

Esses constructos podem ser resumidos em três esferas: centralidade do trabalho, normas

sociais e resultados esperados do trabalho representados na figura 2.1.

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Figura 2.1 – Representação estruturada do significado do trabalho

Fonte: MOW, apud Kubo (2009) p. 33

Figura 2.2 – Modelo com os construtos do MOW

Fonte: MOW, apud Kubo (2009) p. 33

Explicando os conceitos:

1. Centralidade no trabalho: É a “Convicção geral acerca do valor do trabalho em relação à

vida de um indivíduo.” (MOW apud Kubo (2009 p. 24)). Para explicar este constructo, o autor

cita Lundemberg e Peterson apud, Kubo (2009, p.24) onde a “centralidade do trabalho

representa uma identificação individual com o trabalho, ou a significância que a pessoa atribui

ao papel do trabalho”.

Desta forma, segundo MOW apud Kubo (2009) a centralidade do trabalho contem três

componentes importantes: a identificação com o trabalho, o quão significativo ele é para as

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pessoas, ou seja, qual o comprometimento existente do indivíduo com o trabalho e se esta é a

esfera preferida na vida da pessoa (ou se não é tão preferida).

2. Normas sociais: As normas sociais são formas de pressão sobre o comportamento das

pessoas sobre o trabalho. São convenções influenciadas pela mentalidade da época e das

tecnologias existentes para que as pessoas. Essas normas podem ser voltadas para os direitos

ou para os deveres.

As normas orientadas para o direito dos trabalhadores se referem às

responsabilidades das organizações e da sociedade sobre todas as

pessoas, no sentido que todos teriam direito a um trabalho

significativo e interessante; a um treinamento adequado para iniciar o

exercício da função e para dar continuidade, com qualidade ao

serviço; o direito de participar nas decisões sobre os métodos de

trabalho ou outros detalhes relacionados ao trabalho.

Por outro lado, as normas orientadas para os deveres se referem às

obrigações de todos os indivíduos para com a sociedade referentes ao

trabalho, e incluem a obrigação de todos trabalharem em prol da

sociedade, obrigação de todos em garantir seu futuro e a valorizar o

trabalho de cada um, qualquer que seja a sua natureza (MOW apud

Kubo (2009, p. 26-27)).

Desta forma, vemos que uma compreensão do trabalho como normas voltadas para os

deveres indica um foco na obrigação dos indivíduos trabalharem para contribuírem para a

sociedade, enquanto uma compreensão do trabalho como normas voltadas para os direitos

indica um foco nos benefícios que cada indivíduo pode obter através do trabalho.

3. Resultados e objetivos valorizados do trabalho: essa dimensão explica a razão dos

indivíduos buscarem fazer o trabalho com eficiência e buscarem satisfação nele. Esses

resultados são associados a algumas funções: renda, função intrínseca (satisfação e interesse),

função interpessoal (contatos e relacionamentos), função de servir a sociedade pelo trabalho,

função de ocupação do tempo e função de fornecer status. (MOW apud Kubo (2009, p. 27)).

Entre os vários resultados valorizados do trabalho, destacam-se: função de fonte de renda

do trabalho, geralmente considerado o mais importante; função intrínseca do trabalho,

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17

considerando o trabalho como sendo interessante e satisfatório para os indivíduos; função

interpessoal do trabalho, permitindo que tenha contatos interessantes com outras pessoas;

função de servir à sociedade pelo trabalho, função de ocupação do tempo com o trabalho,

quando o trabalho não é muito importante; função de fornecer status e prestígio pelo trabalho

MOW apud Kubo (2009, p. 28).

2.4 Os sentidos do trabalho à luz das análises de Pagès et al (1987)

Pagès et al. (1987) estudaram como as organizações influenciam o sujeito a agir. Em suas

conclusões, os autores perceberam diferentes maneiras das organizações modernas exercerem

o poder sobre as pessoas: Laços materiais (por exemplo, vantagens econômicas, salários e

benefícios), laços ideológicos (por exemplo, moral, regras, controles e ideologias) e laços

psicológicos. Segundo os autores, esses laços são fontes de angústia e de prazer, muitas vezes

inconscientes e para entendê-los devemos conhecer como se aplicam os conceitos de

introjeção, identificação, prazer agressivo, fusão amorosa, ideal do ego e angústia.

No capitulo quatro os autores explicam os processos psicológicos inconscientes em três

etapas, cuja função é introjetar o ideal de Ego da organização de forma que este passe a

mediar as relações do indivíduo com a organização, substituindo o Ideal do Ego individual,

por um Ideal do Ego coletivo.

Em um primeiro momento, a pessoa e a organização são entidades distintas onde a relação

de poder é percebida como desigual, pois a organização pode colocar um sansão econômico

no momento que ela quiser. Com isso, o indivíduo estabelece uma imagem de um ego

pequeno e fraco, experimentando angústias de destruição e impulsos agressivos contra a

organização ou ao contexto ao seu redor, vivendo uma situação de dependência da empresa.

Em um segundo momento, para defender-se das fortes angústias, a psiquê projeta o desejo

de onipotência do indivíduo na organização criando uma identificação com a organização

(agressora), construindo um ideal de ego, algo a ser buscado, como se a organização em

algum momento pudesse satisfazer todas as necessidades dele.

A angústia latente passa a ser uma ameaça constante para a descarga das pulsões. Assim, a

agressividade é dirigida para fora da organização (fornecedores, clientes, Estado, família etc.)

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18

ou para dentro do próprio sujeito, com a percepção de que este deve constantemente se provar

digno da organização, dessa identificação, deve merece a imagem que ele criou para si.

A terceira etapa descrita por Pagès et al. (1987) é a introjeção desta organização idealizada

pelo sujeito. Como se o sujeito fosse tão forte quanto a organização ou, em alguns casos, fosse

a própria organização. A agressividade continua voltada para o exterior da organização

(principalmente para a vida pessoal e privada), ao mesmo tempo, que a angústia de morte, de

perda da organização imaginária, continua a mobilizar o indivíduo a entregar o que a

organização exige e a sonhar com o crescimento de carreira.

Pagès et al. (1987) coloca esta identificação como uma Identificação com o Agressor.

Desta forma, o indivíduo passa a se relacionar com a organização com “paixão” e “medo”,

mas direcionam a agressividade para o exterior da organização.

Contudo, o individuo não encontra prazer e satisfação em seu percurso. Ao receber a

idealizada promoção, o sujeito descobre que não está satisfeito, ficando entre o caminho de

buscar uma nova promoção ou enfrentar as angústias reprimidas. Ao mesmo tempo, ao

entregar um projeto ele já tem outros desafios à frente. Os autores descrevem:

“Os prazeres propostos pela organização são do tipo

sadomasoquista. É o prazer de identificar-se com o poder da

organização, de dominar os outros e de vencer continuamente a si

próprio. São prazeres que excluem a paz e a calma. É do tipo de prazer

totalmente voltado para a excitação. É como um orgasmo

indefinidamente adiado.” Pagès et al. (1987, p.164).

Desta forma, se o indivíduo deve constantemente se provar para a organização, se

mostrando digno e merecedor dela, para evitar a angústia de separação, existirá, na visão do

autor, dificuldade de celebrar sucessos e buscará o prazer exercendo o poder sobre os outros,

aproximando-se da organização ideal.

As Organizações, na visão de Pagès et al (1987), reforçam o seu poder sobre o indivíduo

através de três condições explicadas na tabela 2.3, forçando-os a agirem desta maneira:

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19

Tabela 2.3 – Condições para o exercício de controle das organizações sobre as pessoas

Condições Mecanismo de controle

“Dirigido ao indivíduo

isolado”

Reforçamento do mito de herói solitário. Individualização das

políticas de forma a oferecer reconhecimento e prazer para o

indivíduo de forma isolada.

“Reforçado por um modelo

de personalidade, um ideal

de sucesso e de conquista”.

Canalização da agressividade para direções que não comprometam a

organização, reforçando um modelo de personalidade de domínio de

si mesmo e de seus impulsos, ao mesmo tempo em que demonstra-se

submisso a regras: liberdade condicional para buscar o prazer dentro

dos objetivos da organização.

“Sistema muito forte de

sanções que proíbe ter o

prazer de outra forma”

Aplicação de sansões focadas na negação do prazer (angústia), sem

um objeto para direcioná-la – nível ideológico e psicológico.

Fonte: Pagès et al. (1987, p. 164).

Assim, Pagès et al. (1987) indica três consequências importantes resultantes dos processos

de introjeção do Ideal do Ego. A primeira é a própria submissão inconsciente dos sujeitos às

exigências fixadas pela organização. A segunda é a redução da instância crítica dos

indivíduos, idealizando todas as ações da organização e, “em caso de conflito entre ele e a

organização, (...) tenderá a retornar a agressão contra si próprio, a se deprimir, a se sentir

culpado, ao invés de acusar e atacar a organização.” (p. 160). Por fim, a terceira é o

enfraquecimento do Ego. A substituição de significados é feita em um nível inconsciente,

onde o sujeito não tem a possibilidade de elaborá-los, viver suas fantasias, aplicar testes de

realidade e elaborar a situação com bases em um objeto real, influenciando-o; o sujeito passa

a não ser protagonista de suas relações com o trabalho e com a organização. A identidade fica

empobrecida, pois muitas introjeções não podem ser rejeitadas, por se darem em um nível

inconsciente, e o Ego passa a oscilar entre um estado de imagem de onipotência e de

impotência (Ego pequeno).

Assim, a Identificação com o agressor não é o único mecanismo que move as pessoas em

direção à organização e as fazem se submeter às suas regras. Temos então a construção de um

conceito importante para o sentido atribuído ao trabalho: a identidade.

Page 20: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

20

2.5 A construção da Identidade

Perls, F. apud Pagès et al. Coloca a identidade como um processo de construção por meio

da assimilação de parte da identidade de outros e rejeição de outras partes, por meio de um

jogo de projeções e introjeções sucessivas, permitindo-lhe diferenciar as percepções,

confrontando as fantasias e a realidade. Desta forma a identidade não é fixa, mas sim

construída por meio das trocas sociais, principalmente nas interações com a autoridade.

Bohoslavsky (1977) define identidade ocupacional como “a autopercepção, ao longo do

tempo, em termos de papéis ocupacionais. Chamaremos ocupação ao conjunto de expectativas

do papel” (Bohoslavisky, 1977, p. 30). Ocupações são conjuntos de expectativas que as

pessoas colocam sobre o sujeito. Por outro lado, a identidade não é um produto

exclusivamente interno ou externo a ele, mas fruto da interação.

Job (2003) coloca que o emprego é uma parte significativa da identidade das pessoas. Nas

sociedades aldeãs, o trabalho das pessoas era definido com o nascimento e isso era a

qualidade predominante para definir quem a pessoa era. Na sociedade moderna, apesar da

menor influência do nosso nascimento sobre nossos empregos, estes ainda determinam boa

parte de nossa identidade. As pessoas, quando se encontram pela primeira vez, perguntam: “o

que você faz? Em que você trabalha?”. Assim, para a maioria das pessoas, a sua atividade

remunerada determina a maior parte da identidade (por mais que a pessoa participe de outros

grupos como: igreja, escola, família etc.). Observa-se que pessoas que perdem o emprego,

costumam ver-se esvaziadas de sentido na vida e as pessoas ao seu redor tendem a não manter

um contato muito próximo com este indivíduo.

A identidade é formada por diversos relacionamentos que temos, contudo, a identidade do

trabalho é uma das principais fontes de significado que as pessoas atribuem ao trabalho, a

perda do emprego resulta na perda desta identidade e no afastamento das pessoas.

Bohoslavsky (1977) coloca uma diferença importante entre a identidade e a identificação,

não explicitada por Pagès (1987), mas que se relaciona diretamente com a incapacidade dos

sujeitos não distinguirem seus Ideais do Ego do da organização. A Identificação é um

processo puramente inconsciente que tem base em uma defesa, para superar um conflito ou

contradição. Nós podemos observar uma identificação, mas dificilmente descobriremos suas

origens. Contudo, ao falarmos de identidade, Allport apud Bohoslavsky (1977) há um grau de

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21

consciência nas escolhas, perdendo o caráter defensivo e concedendo uma autonomia

funcional para a pessoa sobre as identificações.

Ao mesmo tempo, Bohoslavsky cita que a identificação com alguns grupos na vida da

pessoa (família, pares, gêneros etc.) e o Ideal do Ego influenciam fortemente a formação da

identidade ocupacional e pessoal. O Ideal do Ego carregará de afetividade as relações, se

consolidando com base nestas relações com pessoas e adultos que desempenham papéis

ocupacionais.

Figura 2.3 – Relações de influência do sujeito e meio na construção da identidade

Fonte: BOHOSLAVSKY, 1977, p. 24

A figura 2.3 demonstra a compreensão de Bohoslavsky da determinação e influência do

sujeito no meio, onde o comportamento dele é expresso de acordo com um contexto e

construído dialeticamente, sendo que um não determina o outro de forma passiva.

2.6 Significados atribuídos ao trabalho de Recursos Humanos

Lima e Fischer (2013) trazem um histórico da criação do conceito de consultoria interna de

Recursos Humanos citando autores que contribuíram para a transição de um modelo de

tradicional de Recursos Humanos para um modelo de gestão estratégica de Recursos

Humanos com o papel de consultoria interna para ampliar a atuação estratégica de Recursos

Humanos nas áreas de negócios.

KENTON, MOODEY, TAYLOR apud Lima e Fischer (2013) citam que o papel de

consultoria teve origem na década de 50 com a necessidade de reduzir custos com

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22

consultorias externas, criar um papel mais estratégico para Recursos Humanos e acompanhar

a velocidade das inovações tecnológicas impostas aos negócios. Apontam que foi na década

de 90 que o modelo começa a ser estudo com maior força com o advento do modelo de

Administração de Recursos Humanos.

Em 1988, Dyer e Holder, apud Lima e Fischer (2013), argumentaram a necessidade de

Recursos Humanos assumir uma posição mais estratégica. E, em 1992, dois estudos Wiley e

de Storey que colocam a figura do consultor como crítica para no negócio, que apontaram o

papel de Recursos Humanos para assessorar, diagnosticar, gerir mudanças, suportar o

gerenciamento de custos, garantir o cumprimento das normas e atender às necessidades dos

gestores de linha (apud Lima e Fischer (2013)).

Na visão de Cascio (2005), esta mudança na década de 90 foi devido a uma pressão de

mercado para terceirizar a área de Recursos Humanos, que era percebida como agregando

pouco valor ao negócio. A proximidade com o negócio permitiu o Recursos Humanos ter uma

atuação mais estratégica. Ele afirma que ser um parceiro de negócio é importante para

Recursos Humanos, contudo, isso não é o suficiente, o Recursos Humanos deve saber como

agregar valor. O autor cita o caso da SYSCO (Tabela 2.4), em que o Recursos Humanos

passou a ter a responsabilidade de cuidar de cinco macro processos:

Tabela 2.4 – Processos e responsabilidades de Recursos Humanos na SYSCO

Processo Responsabilidade

Visão comum

Garantir a difusão e alinhamento das

pessoas com os valores e visão da

empresa

Gestão das

expectativas e

transparência

Garantir alinhamento entre gestores e

funcionários de forma transparente sem

dissonância de expectativas

Conformidade Garantir conformidade com legislações

Comprometimento Mensurar e acompanhar a satisfação das

pessoas no trabalho

Competência

Garantir que as pessoas tenham as

competências para trazerem resultados

individuais e em grupo

Fonte: Cascio, Wayne F. (2005), p. 161.

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Ulrich & Brockbank (2008) descrevem cinco papéis de Recursos Humanos conforme a

figura 2.4:

Figura 2.4 – Papéis de Recursos Humanos e inter relações destes dentro da organização

Fonte: Ulrich & Brockbank (2008), p. 835

Neste modelo, o Recursos Humanos integrado é a função de Recursos Humanos dentro do

negócio, a consultoria interna. Nesta função Recursos Humanos tem alguns papéis

importantes: 1- Engajar e dar suporte para as discussões estratégias de negócio, 2- representar

os interesses dos funcionários e entendimento e comunicação dos impactos das mudanças nas

pessoas, 3- definir requisitos para alcançar os resultados do negócio e identificar onde podem

ocorrer problemas, 4- selecionar e implementar práticas de Recursos Humanos mais

apropriadas para a entrega das estratégias e 5- mensurar e monitorar a performance para ver se

os investimentos de Recursos Humanos estão agregando valor conforme o esperado.

Assim, Ulrich (1998) coloca que a forma de atuação de um Recursos Humanos estratégico

pode ser entendida a partir de 2 eixos com papéis que em muitos momentos podem ser

contraditórios: foco em processos x foco nas pessoas e foco no longo prazo (estratégia) x foco

no curto prazo (operações), representados na figura 2.5.

Figura 2.5 – Modelo gráfico dos 4 papéis de Recursos Humanos em relação as variávies de foco de

orientação e prazos

Page 24: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

24

Fonte: Ulrich (1998) p. 24

O Modelo de Ulrich (1998), não está atrelado a um papel específico de Recursos Humanos,

logo, a consultoria interna, como representante de Recursos Humanos para o gestor e clientes

internos, deve desempenhar cada um deles para obter sucesso.

A Tabela 2.5 descreve quais as entregas e atividades esperadas para cada um dos papéis

definidos para a área.

Tabela 2.5 – 4 papéis de Recursos Humanos de Ulrich

Papel Entregas e

Resultados

Atividades

Especialista

funcional

Construir uma

infraestrutura

eficiente

Gerir de forma eficiente e eficaz os processos, ações e

ferramentas de Recursos Humanos.

Parceiro

Estratégico

Executar a estratégia

do negócio

Alinhar a contribuição de Recursos Humanos com a estratégia

de negócio: Diagnóstico organizacional

Agente de

mudança

Criar uma

organização renovada

Identificar e superar as resistências, criando planos de gestão

da mudança, propiciando flexibilidade a adaptabilidade nas pessoas e garantindo capacidade de transformação.

Defensor dos

funcionários

Aumentar o

comprometimento e

capacidades dos

funcionários

Gerir o comprometimento e a contribuição dos funcionários

para a companhia, entendendo que satisfação com o trabalho

gera maior performance, resultados, produtividade e outros

impactos positivos para aumentar a performance da empresa.

Ao mesmo tempo em que provê os recursos necessários para

os funcionários fazerem seus trabalhos. Fonte: Ulrich (1998) p. 25 e Boldizzoni e Quarantino pp. 42-43

Ulrich & Brockbank (2005) coloca que a principal necessidade de Recursos Humanos

atualmente é entender o significado de Valor e conseguir concentrar seus esforços nestas

atividades. Agregar valor para ele não é somente uma transação de troca, mas sim uma forma

de adicionar valor para quem se beneficia com a ação, os stakeholders (funcionário, gestores

do negócio, clientes e investidores). Não importa o quão interessante ou valiosa uma tarefa

seja para o seu executor, o critério para saber se uma ação deve ou não ser feita é os agentes

que a recebem. Ele coloca que é necessário que os profissionais mudem sua forma de

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entender Recursos Humanos e que as ações de Recursos Humanos permitam que as pessoas

repensem os papéis e responsabilidades desta área. Somente ganhar aceitação dos

funcionários e grupo gerencial não é agregar valor, e sim gerar resultados e beneficiar todos

os stakeholders.

Para um funcionário preocupado em ser demitido, os profissionais

de Recursos Humanos deveriam esclarecer que se ele for mais

produtivo, isso o ajudará a permanecer empregado. Para um gestor,

preocupado em alcançar os objetivos estratégicos, os profissionais de

Recursos Humanos precisam mostrar como o investimento em

Recursos Humanos vão facilitar essas entregas. Com os clientes, os

profissionais de Recursos Humanos devem lembrar as pessoas que o

foco no cliente deve gerar valor percebido por este público nos

produtos e serviços. Para os Shareholders, que estão preocupados com

o retorno do investimento e crescimento, Recursos Humanos deve

criar organizações que entreguem resultados hoje e intangíveis que

transmitam confiança de que os resultados também serão entregues no

futuro. (Ulrich & Brockbank, 2005, p.4)

Ele propõe seis premissas das transformações de Recursos Humanos, que devem ser

fomentadas nos profissionais da área:

1. Foco no negócio e não em Recursos Humanos, pois assim pode atuar de forma

estratégica,

2. Desenvolver a consciência de que o maior beneficiado pelo negócio são os clientes

finais (o mercado), pois eles que colocam capital na empresa,

3. Colocar os Recursos Humanos como vantagem competitiva, criando habilidades

humanas e competências/capacidades organizacionais que agreguem valor ao

cliente e que seja difícil de serem copiadas,

4. Garantir que as práticas de Recursos Humanos estejam alinhadas às necessidades,

expectativas e requerimentos de dos stakeholders,

5. Capacidade dos profissionais de Recursos Humanos em desenvolver as habilidades

e conhecimentos necessários para identificar o que á valorizado pelos stakeholders

e desenhar ações alinhadas a isso,

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26

6. Criar para Recursos Humanos uma visão singular e poderosa para agregar valor ao

negócio, singular, pois deve ser um ponto de vista que as outras áreas não

percebiam que era importante, e poderosa, pois deve adicional substancialmente

valor para a organização ser bem sucedida.

Desta forma, Ulrich e Brockbank (2005) propõe modelo da figura 2.6 para agregar valor ao

negócio:

Figura 2.6 – Modelo de proposta de valor de Recursos Humanos

(Ulrich & Brockbank, 2005, p.10)

A proposta de valor é uma proposta feita por alguém de como irá agregar valor a algo

(como irá contribuir). No caso de Recursos Humanos, a proposta é de como pretende ou deve

beneficiar o negócio como um todo. Assim, esses cinco elementos devem estar presentes para

que o Recursos Humanos cumpra o seu papel estratégico em uma organização.

Por outro lado, uma pesquisa de Tracey e Nathan (2002) apud Lima & Fischer (p. 5-6)

indicam que as principais dificuldades de Recursos Humanos para serem percebidos como

parceiros estratégicos:

“Ação com enfoque na defesa de funcionários”

“Não ser fonte geradora de receita”

“Atuação direcionada para o apoio administrativo”

Entendimento de Recursos Humanos como tendo um “papel reativo e subserveniente” ao

planejamento do negócio

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27

Duas pesquisas publicadas em 2011 (Boldizzoni & Quaratino e Long et al.) buscaram

compreender quais dos quatro papéis de Recursos Humanos de Ulrich (1998) estavam mais

presentes nas suas amostras. Boldizzoni & Quaratino (2011) perguntaram para 102 gestores

de Recursos Humanos: “Entre os seguintes papéis, qual deles melhor representa a natureza da

gestão de Recursos Humanos na sua companhia hoje?” Como respostas tiveram as seguintes

frequências, apontadas na tabela 2.6.

Tabela 2.6 – Distribuição dos papéis na visão dos profissionais de Recursos Humanos de acordo

com Boldizzoni e Quaratino

Papel Frequência

Parceiro do Negócio 29,9%

Especialista Funcional 19,5%

Agente de Mudanças 14,3%

Defensor dos Funcionários 0,0 % Fonte: Boldizzoni e Quaratino (2011), p. 44.

Como conclusões, os autores verificaram que os Recursos Humanos focam os seus

esforços mais em processos, buscando ser parceiros de negócio, sem olhar tanto para pessoas

no processo de mudança, ao mesmo tempo, que levantam a hipótese de que os Recursos

Humanos perderam seu foco missionário, pois não dão foco algum para advogar pelos

funcionários.

A pesquisa de Long et al. (2011), com 89 empresas na Malásia, mensurou o foco delas

para cada um dos papéis de Recursos Humanos e como essas os Recursos Humanos avaliaram

três competências da consultoria interna de Recursos Humanos. A tabela 2.7 apresenta os

resultados obtidos.

Tabela 2.7 – Distribuição dos papéis na visão dos profissionais de Recursos Humanos de acordo

com Long et al.

Papéis de Recursos Humanos Média (0=min 5=máx) Desvio Padrão

Parceiro do Negócio 3,57 0,54

Especialista Funcional 4,12 0,48

Defensor dos Funcionários 4,07 0,65

Agente de Mudanças 3,38 0,64

Fonte: Long et al. (2011) p. 168

Assim, para os autores, o papel de especialista funcional é o mais significativo no dia-a-dia

de Recursos Humanos, seguido por Defensor dos funcionários. O papel de parceiro de

negócio não foi o principal, como na pesquisa de Boldizzoni & Quaratino. Pelo contrário, foi

o segundo pior avaliado. O papel de agente de mudança foi que apresentou a pior média.

Segundo as conclusões, os Recursos Humanos s tendem a focar pouco no papel de Parceiro de

Negócio e Agentes de Mudança, mantendo assim, um foco no curto prazo. Ao mesmo tempo,

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quando comparando as avaliações dos papéis e as auto avaliações das competências,

identificaram correlações significativas entre os papéis que focam o longo prazo e uma boa

avaliação da consultoria interna de Recursos Humanos. Em um grau menor, ser um

especialista funcional também está correlacionado com uma percepção positiva da

Consultoria Interna de Recursos Humanos. Contudo, ser um defensor dos funcionários não

impacta na imagem da consultoria interna.

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3. METODOLOGIA

Como um trabalho de abordagem qualitativa, uma vez que para Godoy (1995) a pesquisa

qualitativa tem o objetivo de estudar os fenômenos da perspectiva dos sujeitos. Portanto, não

se propõe ao uso de análises estatísticas, mas deve garantir a presença das seguintes

características: ambiente natural é a fonte direta dos dados, o pesquisador é o instrumento

fundamental de coleta; é descritiva, o significado atribuído ao tema de estudo é a principal

preocupação do investigador e utilizam um enfoque indutivo na análise (sem hipóteses a

priori).

O estudo é exploratório em função de seu caráter de levantamento de informações sobre o

sentido do trabalho para o público de consultoria interna de Recursos Humanos, segundo Gil

apud Gerhardt e Silveira (2009). Ao mesmo tempo, se propõe a ser descritiva, pois pretende-

se descrever os sentidos do trabalho para este público, conforme Triviños apud Gerhardt e

Silveira (2009).

A pesquisa foi conduzida com 03 consultores internos de Recursos Humanos selecionados

de forma intencional e típica, com o envio do convite para participar da pesquisa para todos os

contatos do entrevistador em RH e entrevistando todos os que aceitaram o convite em tempo

hábil.

Como forma de coleta de dados, utilizou-se a técnica de entrevista semi estruturada de

profundidade para compreender como essas pessoas enxergam seus trabalhos e que

significados atribuem a eles. Optou-se por perguntas abertas, de forma que os profissionais

ficassem livres para trazerem os significantes deles e o entrevistador foi fazendo perguntas

exploratórias para entender alguns conceitos, ideias e experiências que traziam. Na exploração

das perguntas o entrevistador buscou sempre pedir exemplos concretos para ilustrar o que o

profissional trazia.

O quadro a seguir descreve o roteiro planejado de entrevista e suas explicações em termos

de motivos teóricos e práticos para serem formuladas:

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Tabela 3.1 – Roteiro de entrevista do estudo

Pergunta Justificativa de formulação 1- Conte-me sobre seu trabalho

em Recursos Humanos

Esta pergunta objetivou verificar quais as funções cotidianas do

profissional e como ele as compreende, cujas respostas trariam

subsídios para comparar esta compreensão com o a que a literatura

coloca para a função de Consultoria Interna de Recursos Humanos

segundo. Esperava-se também poder verificar a partir dessas respostas os constructos de Normas Sociais Orientadas a Direitos, a

Deveres e a identificação que a pessoa tem com essas tarefas.

2- Como o trabalho se

relaciona com sua vida? Qual o

significado que ele tem para

você?

Esta pergunta objetivou verificar a centralidade do trabalho para a

pessoa (identificação e outras instancias importantes para a pessoa),

ao mesmo tempo, que visa compreender quais resultados são

esperados do trabalho (intrínseco e extrínseco).

3- Conte-me sobre sua

trajetória de carreira? Quais os

fatos mais marcantes dela?

Esta pergunta objetivou trazer informações sobre as escolhas de

carreira desta pessoa (identidade) e quais os sentidos do trabalho e

constructos que estariam por trás dessas escolhas.

4- O significado do seu

trabalho mudou ao longo de sua

carreira?

Esta pergunta objetivou compreender como o sentido do trabalho

foi sendo construído de acordo com as interações entre o sentido que

a pessoa tem de seu trabalho e o significado que lhe foi sendo apresentado, pela organização e outros personagens importantes na

sua trajetória.

5- Que pessoas marcaram a sua

trajetória?

Esta pergunta objetivou compreender como o sentido do trabalho

foi sendo construído de acordo com as interações entre o sentido que

a pessoa tem de seu trabalho e o significado que lhe foi sendo

apresentado, pela organização e outros personagens importantes na

sua trajetória.

Fonte: Próprio autor

A entrevista foi transcrita e foi aplicada a análise de conteúdo para identificar quais temas

apareceram. A classificação nos constructos definidos pelo MOW (1987) de acordo com a

figura 3.1.

Figura 3.1 – Modelo com os construtos do MOW

Fonte: MOW, apud Kubo (2009) p. 33

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31

A forma de tratamento e análise dos dados foi a de conteúdo de Bardin (1977), e seguiu a

seguinte grelha de análise (Tabela 3.2):

Tabela 3.2 – Grelha de análise de conteúdo baseada nos constructos encontrados por MOW

Constructo Temas observados nas

entrevistas Critérios usados para classificação nos temas

Centralidade do

trabalho

Importância do trabalho em termos

Absolutos (Não comparada à

importância de outras instâncias da

vida)

Identificação com o trabalho

Comprometimento psicológico com o trabalho –

importância do trabalho

Importância Relativa do trabalho

O trabalho como a principal instância de investimento

da pessoa.

Referência a tempo despendido no trabalho

Interesse por balancear o tempo com outras atividades

Trabalho como o eixo central da vida da pessoa X

outras instâncias como religião, família, amigos etc.

Normas Sociais

orientadas para

o Direito

Direito para treinamento na função Reconhecimento da obrigação da empresa em

desenvolver as pessoas como profissionais.

Direito a trabalho interessante e

significativo

Reconhecimento da obrigação da empresa de alocar o

profissional em trabalhos considerados interessantes e

significativos para ele.

Direito a opinar sobre métodos e

decisões no trabalho

Reconhecimento da obrigação da empresa em

proporcionar autonomia ao profissional.

Reconhecimento da obrigação da empresa em garantir a

participação em processos de decisão e adaptação de

métodos de trabalho e processos.

Normas Sociais

orientadas para

os Deveres

Contribuir com a sociedade

trabalhando

Possibilidade de contribuir com outras pessoas através

do trabalho

Possibilidade de contribuir com a sociedade através do

trabalho

Dever de economizar O dever da pessoa de guardar parte de sua remuneração

para o futuro

Dar valor ao trabalho O dever de valorizar o trabalho mesmo que seja tedioso.

Resultado

expressivo ou

intrínseco

Trabalho interessante

Não sentir-se entediado/desanimado com as tarefas

propostas

Busca por eficiência no trabalho

Auto realização com tarefas e desafios

Variedade Não considerar o trabalho como algo repetitivo

Capacidade de aprendizado com as tarefas feitas

Tarefa adequada à capacidade Sentir-se capaz de executar as tarefas propostas

Autonomia Sentir-se responsável pelas decisões tomadas

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Constructo Temas observados nas

entrevistas Critérios usados para classificação nos temas

Resultado

extrínseco e

função

econômica

Renda A renda como um objetivo do trabalho para viver a vida

Bom salário Acumulação de dinheiro como objetivo

Status e prestígio* Status e prestígio como objetivos do trabalho

Ocupação do tempo* Ocupação do tempo como objetivos do trabalho

Servir à sociedade e a outros* Servir à sociedade e a outros como objetivos do

trabalho

Contatos

Interpessoais

Contatos interessantes Possibilidade de fazer contato com pessoas

interessantes

Bom relacionamento interpessoal

Habilidade de estabelecer bons relacionamentos

Possibilidade de aumentar a habilidade de

relacionamento interpessoal

Tipo de pessoa com quem se

trabalha

Estar em um ambiente com pessoas que considera

interessante de se trabalhar.

Fonte: MOW, apud Kubo (2009), Kubo (2009)

* Temas extraídos da pesquisa de Kubo (2009) vinculados aos Resultados extrínsecos esperados do trabalho.

Como o discurso não é algo linear, ao fazer a classificação dos temas, decidiu-se não

deixá-la vinculada a uma ou outra pergunta, de forma que a entrevista toda foi considerada

para cada um dos constructos e a mesma passagem foi considerada para mais de um deles. Em

algumas passagens a classificação nos temas foi feita por aproximação, e posteriormente

foram compreendidos quais os subtemas que apareceram em cada um deles.

Assim, a estratégia de análise seguiu os seguintes passos:

1- Após a classificação das passagens em temas, estas foram analisadas em subtemas para

efeito de comparação entre os sujeitos entrevistados.

2- Os subtemas encontrados foram analisados para compreender os sentidos do trabalho

para cada um dos sujeitos, buscando identificar o que era único de cada um deles e o que

era comum.

3- Foram comparados os sentidos que a literatura atribui sobre os papéis de Recursos

Humanos e consultoria interna de Recursos Humanos e os sentidos atribuídos ao trabalho

pela própria entrevistada.

4- Testou-se os constructos da pesquisa MOW na compreensão do sentido do trabalho

para indivíduos em consultoria interna de Recursos Humanos.

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4. RESULTADOS

Ao analisar a entrevista, classificando as falas nos temas. Desta forma, a Tabela 4.1

demonstra as frases da entrevistada em cada um dos temas.

Tabela 4.1 - Os sentidos do trabalho identificados no grupo de entrevistados

Constructo Temas Frases

Centrali-

dade do

trabalho

Importância

do trabalho

em termos

Absolutos

A1: Por exemplo, precisa fazer uma reestruturação, a gente precisa pensar numa demanda de

desenvolvimento, a gente precisa pensar em... pra melhorar o clima, é... precisa pensar em

treinamento, então, a gente faz esta... dá este suporte ao gestor e tem como... como... subsídios,

digamos assim, todas as políticas de RH, todas as orientações que tem de RH corporativas que

existem, então a gente traduz isto, então, por exemplo, a gente vai fazer uma ação de clima

corporativo, então pra que a gente possa fazer... como eu traduzo isto aqui para minha área...

A1: Quando a gente fala do que eu uso (do trabalho) no meu dia-a-dia, acho que tem muito a ver

com meu perfil pessoal.

A1: Então quando eu penso que eu faço... no que eu sou, eu acho que tem muita relação...

A1: entendendo que hoje assim para cuidar de mim eu tenho que trabalhar em uma coisa que eu

gosto.

A1: foi minha primeira multinacional, empresa grande... enfim, numa área de treinamento e aí eu

comecei a viver o que é este lado de desenvolvimento, treinamento, enfim.

A1: Nunca me questionei “será que deveria ter uma para uma outra área?”. Já. Me questionei uma

vez. Mas daí quando eu penso que eu me questionei que era muito mais baseado num trabalho que

eu achava que eu tinha que fazer por não concordar muito com a forma como ele estava sendo

feito, do que propriamente com uma área de RH, ou, enfim, com... se era isto mesmo que eu

queria ou não.

A1: Você vai entendendo mais como funciona , você vai entendendo um pouco mais a relevância,

a importância do..do.. da sua dedicação, enfim, àquele trabalho, assim, é... o impacto mesmo que

você tem...

A1: Você vai ficando também mais velha, vai assumindo outros cargos, aquilo vai pesando um

pouco, essa diferenciação da vida pessoal para vida profissional, (...) mas se você está fazendo

uma coisa que você tá vendo relevância, que é importante, falo... meu... tudo bem... estou aqui

ficando até mais tarde, não tô na minha casa ou cuidando de alguma coisa pra mim, não tô na

academia cuidando um lado pessoal meu, mas eu to fazendo alguma coisa que tem muito

significado pra mim internamente ...então...então tá valendo, eu tô cuidando sim do meu lado

pessoal.

A1: então eu estou fazendo alguma coisa por mim como pessoa, eu, Entrevistada, estou me

sentindo ...é...satisfeita, feliz, porque estou fazendo uma coisa que... se eu quero ser uma

referência, se eu gosto de ser conhecida ... é isso que eu estou vendo que está acontecendo, então

OK. Não só eu ir para uma academia, eu fazer isso por mim também é bom.

A1: Porque você acaba se conhecendo um pouco mais, sabendo em que você contribui melhor,

quais são os pontos que você pode ajudar mais, ajudar menos, enfim, então quando você entende

isso, vai entendendo isso, acho que isso é vivência pura, por que às vezes só sabe uma vez que

você vive alguma coisa, é... e aí você vai conseguindo...é...sei lá.. entendendo onde você pode

contribuir mais, você pode dar um foco maior naquilo, então, aquilo você se sente mais realizado.

A1: Ou você começa a enxergar cada coisa que de repente você não gostava muito enfim, se ela

faz sentido dentro do contexto, então você fala peraí... então eu não estou pondo só tijolo, estou

construindo a catedral. Então acho isso vai se tornando mais prazeroso.

A1: Então... é... eu preciso acreditar muito no conceito da coisa. Porque como eu falei, acho que

RH é você vender uma ideia, é vender porque determinada coisa é bacana. Se eu tenho que vender

um negócio que não é exatamente aquilo que eu acredito aquilo é um pouco mais difícil de eu ser

a melhor pessoa por melhor profissional que eu possa ser.

A1: ela fez eu me tornar uma pessoa assim muito segura e acreditar realmente no meu potencial.

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Constructo Temas Frases

Centralida

de do

trabalho

Importância

do trabalho

em termos

Absolutos

A2: Quando eu comecei a minha carreira em RH, demorou um pouco... demoraram alguns anos,

para eu encontrar de fato esta sinergia perfeita, este conforto pessoal em relação ao meu trabalho, e

aquilo que eu entendia como missão profissional.

A2: a gente tem aqui três grandes estruturas que atendem os três maiores negócios da companhia

A2: Acho que como sou formada em psicologia e acho que desde a minha formação,

pessoalmente, naturalmente, eu sempre tive uma coisa de.. de missão mesmo, de querer trabalhar

pelo outro, de querer ajudar o outro, é um pouco do psicólogo.

A2: você encontra oportunidade para poder exercer esta missão mesmo de transformar o ambiente,

de criar um ambiente melhor em volta de você e pras pessoas que trabalham com você, de

valorização do ser humano, de uma valorização genuína, de aproveitar potencialidade, daquilo que

as pessoas tem de melhor, de abrir o olho das pessoas que muitas vezes não enxergam.

A2: E onde é que eu encontro a minha missão em RH e no trabalho de consultoria interna, acho

que é nisso, no relacionamento com cada um dos clientes, é na forma como a gente traz os

programas e as propostas como uma visão, né, de desenvolvimento genuíno, de aproveitar o

potencial das pessoas, de dar chance para se desenvolver, se reconhecer, também, acho, de

valorizar.

A2: e tem também o teu desenvolvimento como gestor de uma equipe que está sob a tua liderança,

né, que é um exercício diferente, mas igual, porque acaba aplicando na sua equipe aquilo que você

tenta ensinar aos seus clientes.

A2: a única coisa que eu sabia, mas não tinha certeza ainda, era que muito provavelmente eu não

seria feliz dentro de um consultório sozinha atendendo uma pessoa...

A2: eu pensava ou ir pra uma área institucional, ou trabalhar num hospital ou numa clínica de

dependentes, algum lugar que tivesse mais gente...rsrsrs... uma parte mais assistencialista neste

aspecto

A2: como profissional de RH, a possibilidade de cumprir esta missão que é pessoal, de influenciar

o ambiente, de ajudar as pessoas a se desenvolverem, de criar um ambiente melhor, eu acho que

me encontrei, em termo de remuneração hoje é uma carreira que para minha vida pessoal faz

sentido e então somando as duas coisas eu não penso em fazer uma mudança, não.

A2: outra coisa que eu acho que marcou... que me marcou foram meus gestores. Acho que tive a

sorte também de ter gestores que me ajudaram a me desenvolver, que foram gestores muitos

deles... a maioria acho que bom gestores, mas outros que não foram bons, e que me ensinaram

como eu não queria ser, e acho que basicamente isto.

A2: Acho que eu tive a sorte de ter equipes trabalhando comigo em sua maioria, é... com as quais

eu me identifiquei pessoalmente e profissionalmente eu acho que isto ajuda, né, a você fazer um

trabalho que você acredita.

A3: eu tenho como premissa, assim, trabalho ele tem que me satisfazer, né, satisfazer assim como

pessoa. (...) Então é assim, eu tenho que me sentir realizada dentro do trabalho que faço e com

desafios o tempo todo. Então ele me completa.

A3: E pra mim o sentido que o trabalho tem que dar é assim uma função social. É assim, eu

importo com que... com o benefício que vai trazer pra sociedade, então, a missão da instituição

onde eu trabalho que é voltada à comunidade carente, principalmente dentro da educação que é

uma coisa que eu acredito que as pessoas somente crescem se elas são educadas, então vem... está

muito de encontro com o que eu acredito, então assim no dia-a-dia não dá para dizer que eu tenha

algum... tenha algum momento que eu me sinta desmotivada de estar trabalhando.

A3: Mas assim... comecei trabalhar e... fui fazer um curso superior de administração e comércio

exterior. Me apaixonei pelo curso de comércio exterior e minha meta era trabalhar na área. Tanto é

que por várias vezes fui fazer entrevista, tentei e sai. Mas a paixão pelo trabalho, pela

Organização, era muito grande, e assim, quando ia decidir vou sair ou não, eu acabava ficando, e

estou lá até hoje

A3: E eu vejo assim, eu tenho um perfil de muito... de querer ajudar as pessoas, então isto faz

muito sentido pra mim. De ter um trabalho como servidor, eu estou servindo as pessoas, né, as

áreas, as escolas com as quais a gente se relaciona. Então assim, eu acho que tem que estar muito

ligada ao que eu acho que eu tenho que fazer, isso me satisfaz.

A3: Não dá dizer que eu consigo separar, eu tô numa viagem de lazer, vendo algumas situações e

acabo refletindo no meu trabalho, ah... olha essa pessoa talvez possa trabalhar em tal lugar, aqui dá

para a gente ajudar, então eu acho que mistura bem. Esse é o significado que tem o trabalho pra

mim.

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Constructo Temas Frases

Centralida

de do

trabalho

Importância

do trabalho

em termos

Absolutos

A3: Porque o meu trabalho sempre teve uma importância pra mim, né, teve essa importância... e

ela só foi amadurecendo e se fortalecendo no decorrer dos anos.

A3: Então, o desenvolvimento de qualquer nação ela acontece pelas pessoas e como as pessoas

conseguem desenvolver através da educação. Então, a educação acontece quando a base dela, ela é

muito bem construída. Se você não tiver uma base boa para construir uma casa, a casa cai. Então,

se a gente lutar por uma educação de qualidade na base que é a educação infantil, do primeiro ao

quinto ano, do sexto ao doze do ensino médio, você ... você forma cidadãos para cada nação, que

possam... que pensem, que emitam opiniões, que mobilizem como a gente viu algumas

manifestações. A manifestação foi por uma determinada causa, mas é assim, as pessoas não tá

indo porque os outros tão indo, não, eu estou indo porque eu acredito, eu sei o que é aquilo, é o ser

pensante. É você ajudar que construir... lapidar seres pensantes e começa na educação básica. É

nisso que eu acredito.

A3: e conforme você vai de tornando mais maduro, tanto na profissão e como pessoa mesmo, né,

ele vai se entrelaçando com sua vida pessoal. Não dá para dizer que eu sou a A3 aqui, fora da

organização e dentro da organização eu sou outra A3, não, eu sou a mesma pessoa e a história da...

minha história profissional e minha história pessoal. Elas se entrelaçam.

Importância

Relativa do

trabalho

A1: (-) mais pra frente eu vou querer casar, eu querer ter filhos, vou querer ter uma família, como

é que eu vou poder... dedicar tempo em tudo isto para poder fazer estas duas coisas

A1: Então o que eu não queria era assim...é... que, na minha cabeça na época enfim eu pensava

isso, tudo bem.., eu quero um lugar que eu possa cuidar das duas coisas, cuidar de mim, cuidar do

meu profissional, cuidar da minha família

A1: eu sabia que eu não queria (trabalhar) num escritório ... porquê? O que eu tinha na minha

cabeça quando eu tinha 19 anos... é... se eu trabalhasse numa empresa eu poderia talvez trabalhar

melhor o lado pessoal e o lado profissional...eu poderia ter.. é... para equilibrar estes dois lados.

A1: Você vai ficando também mais velha, vai assumindo outros cargos, aquilo vai pesando um

pouco, essa diferenciação da vida pessoal para vida profissional, este tempo começa ficar às vezes

um pouco menos democrático, enfim, bem mais... Não é mais assim 50, 50, começa misturar 70,

30 e depois um pouco enfim, mas se você está fazendo uma coisa que você tá vendo relevância,

que é importante, falo... meu... tudo bem... estou aqui ficando até mais tarde, não tô na minha casa

ou cuidando de alguma coisa pra mim, não tô na academia cuidando um lado pessoal meu, mas eu

to fazendo alguma coisa que tem muito significado pra mim internamente ...então...então tá

valendo, eu tô cuidando sim do meu lado pessoal.

A2: mas eu acho que esta busca pelo equilíbrio entre a vida pessoal e vida profissional também é

uma coisa que veio muito cedo

A2: É incomparável o quanto eu consigo administrar o meu tempo entre as duas coisas, entre

agenda profissional e agenda pessoal, nos últimos cinco anos teve um momento ... eu, primeiro no

início... foi um início difícil.. mas depois, com o passar do tempo eu fui conseguindo equilibrar

minha agenda, e teve uma época em que fiquei sentada em duas cadeiras durante quase um ano,

então esta época foi bem complicada também.

A2: nos Bancos era um ritmo assim de 10 e meia e 11 horas, você olhava para o lado e estava todo

mundo na área trabalhando. Então... eu considero hoje... minha vida é razoavelmente equilibrada.

Normas

Sociais

orientadas

para o

Direito

Direito para

treinamento

na função

A1: É atender e dar suporte aos gestores, aos funcionários, do que eles precisam, enfim, de RH

para exercer o trabalho no dia-a-dia.

A1: Por exemplo, precisa fazer uma reestruturação, a gente precisa pensar numa demanda de

desenvolvimento, a gente precisa pensar em

A1: então, a gente faz esta... dá este suporte ao gestor

A1: (-) Quando você olha o outro lado, você dá um treinamento, você não é obrigado a dar o

treinamento, a empresa não é obrigada a desenvolver, mas se ela faz isso, ela tem um diferencial; a

pessoa, ela tem um crescimento, ela...ela... ela muda o patamar, então isto acho me agrada muito

mais

A1: Acho que foi lá ... foi uma grande escola

A2: é a gente faz algumas ações de team building específicas, então é o trabalho que a gente

entende que agrega, que vai ajudar o gestor a ser um melhor gestor, e não simplesmente ajudá-lo a

preencher um papel.

A2: é isto que eu chamo de parte mais do filé mesmo de RH, toda a parte de desenvolvimento,

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Constructo Temas Frases

Normas

Sociais

orientadas

para o

Direito

Direito para

treinamento

na função

toda a parte de gestão mesmo, como é que a gente ajuda o gestor a chegar a um patamar acima do

que eles estão em relação a parte de RH sabe

A2: Acho que o desenvolvimento pode passar desde você propiciar um profissional uma

movimentação lateral ou uma promoção, enfim, uma transferência, que vai fazer com que ele

descubra potencialidade que ele não tinha, ou que ele se desenvolva mais ainda do que ele vem se

desenvolvendo, muitas vezes a gente vê muitos... muitos gestores, muito donos de suas equipes, e

pouco propensos a liberar as pessoas que trabalham com ele para crescerem, né, então acho que

tem este viés de desenvolvimento. Acho que toda a parte de formação mesmo, e aí falando não só

de formação técnica, mas você poder propiciar como companhia pras pessoas também formação

comportamental.

A2: e tem também o teu desenvolvimento como gestor de uma equipe que está sob a tua liderança,

né, que é um exercício diferente, mas igual, porque acaba aplicando na sua equipe aquilo que você

tenta ensinar aos seus clientes.

A2: isto fez muita diferença nesses líderes que pra mim são líderes referenciais, essa

disponibilidade para escutar, pra trocar, pra ensinar, pra..é...é... pra valorizar mesmo aquilo que é

simples em que está se formando, é saber ser humilde pra reconhecer que aquela entrega

A3: Então, além desse novo direcionamento do RH, foco muito maior no desenvolvimento de

pessoas, principalmente de professores

A3: Exatamente... do professor, do supervisor escolar, então (tem um desenvolvimento) bem

focado pro olhar educacional e não mais naquelas caixinhas de desenvolvimento prontas

independente do cargo.. do cargo não... da função que você desempenha, você tinha que fazer

aqueles cursos, se usar ou não para sua atividade não levava muito em consideração. Você tinha

que seguir aquela grade de treinamento.

Direito a

trabalho

interessante

e

significativo

A1: Então assim particularmente acho que eu faço isso bem, eu acho que eu sou uma

selecionadora boa, eu consigo perceber algumas coisas bacanas, mas é o que eu mais gosto de

fazer? Não.

A1: É, mas ..é...é.. digamos assim... eu acho assim que trabalhar num lugar que você gosta tem que

trabalhar feliz e tem que trabalhar com seus valores pessoais. E aí eu comecei perceber que lá é

onde assim não batia exatamente com os valores pessoais que eu tinha.

A1: eu sabia que eu queria num escritório ... porquê? O que eu tinha na minha cabeça quando eu

tinha 19 anos... é... se eu trabalhasse numa empresa eu poderia talvez trabalhar melhor o lado

pessoal e o lado profissional...eu poderia ter.. é... para equilibrar estes dois lados.

A2: situações que o gestor acredita que ficar sob as asas dele é o melhor para aquela pessoa e

muitas vezes nem perguntou pra pessoa se a pessoa gostaria de ficar a vida inteira naquela área ou

naquela posição e... e aí... eles.. aberta ...tem gestores que abertamente ... abertamente resistem a

uma não movimentação da pessoa desta área, a uma não transferência, porque acham que a área

vai desmoronar se a pessoa sair, então tem uma série de fatores.

A3: Mas assim... comecei trabalhar e... fui fazer um curso superior de administração e comércio

exterior. Me apaixonei pelo curso de comércio exterior e minha meta era trabalhar na área. Tanto é

que por várias vezes fui fazer entrevista, tentei e sai. Mas a paixão pelo trabalho, pela

Organização, era muito grande, e assim, quando ia decidir vou sair ou não, eu acabava ficando, e

estou lá até hoje

Direito a

opinar sobre

métodos e

decisões no

trabalho

A1: Eu gosto muito de relacionamento. Eu gosto de conhecer pessoas diferentes, de falar com

pessoas diferentes... é... que é o que você faz muito no dia-a-dia... Eu gosto de ser uma pessoa que

pode opinar e posso trazer o meu conhecimento ou as pessoas ... que eu sei... que eu conheço...

que eu possa ajudar a outra pessoa com isso.

A1: Qual é a melhor forma da gente fazer isto aqui... talvez a forma de você aplicar... não a forma

de aplicar... mas a forma como a gente vai conduzir para chegar naquele resultado que se espera

vai ser diferente do que a forma que outras áreas vão trabalhar

A1: (-) era assim, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Você não tinha muito espaço para

questionar algumas coisas, você não tinha muito espaço para dar sua opinião, é assim que faz e

pronto. E se agente fizesse de um outro jeito, eu sou pouco questionadora. Mas se agente for fazer

de um outro jeito... não você não está entendendo... é isto assim e pronto, ou... execute. Eu acho

que as coisas não são assim.

Outros A2: estabelecer a confiança, que eu acho que isso vai fazer diferença, não é que um bom gestor vai

estabelecer confiança com qualquer pessoa que trabalhe com ele, mas eu acho que a tendência

desses gestores que são bons gestores de fato eles te dão o voto de confiança antes de você possa

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Constructo Temas Frases

Direitos provar que você pode ou não. (...) Então acho que eles acreditam no...no... Pelo menos todos eles,

estes 3 ou 4 que eu tenho em mente, acho que esta coisa da crença mesmo no ser humano e no

potencial e se você confiar e der oportunidade as pessoas vão fazer e vão fazer o seu melhor.

Normas

Sociais

orientadas

para os

Deveres

Contribuir

com a

sociedade

trabalhando

Contribuir

com a

sociedade

trabalhando

A1: É atender e dar suporte aos gestores, aos funcionários, do que eles precisam, enfim, de RH

para exercer o trabalho no dia-a-dia.

A1: a gente precisa pensar numa demanda de desenvolvimento / a gente precisa pensar em... pra

melhorar o clima / precisa pensar em treinamento

A1: Eu gosto de ser uma pessoa que pode opinar e posso trazer o meu conhecimento ou as pessoas

... que eu sei... que eu conheço... que eu possa ajudar a outra pessoa com isso.

A1: alguns estudos de reestruturação... enfim... é... ou quando vai pensar em desenvolvimento, em

sucessão e nessas coisas... é... o resultado do meu trabalho vai impactar de certa forma na vida

mesmo que profissional da outra pessoa. Então eu acho que é uma coisa muito bacana.. é o que eu

mais valorizo aqui no trabalho...

A1: Quando você olha o outro lado, você dá um treinamento, você não é obrigado a dar o

treinamento, a empresa não é obrigada a desenvolver, mas se ela faz isso, ela tem um diferencial, a

pessoa, ela tem um crescimento, ela...ela... ela muda o patamar, então isto acho me agrada muito

mais

A1: Então quando eu comecei a perceber que é isso e que você fazer uma seleção bem feita é tão

melhor para a empresa quanto para o próprio indivíduo como profissional, aí eu comecei a ficar

mais...é...à vontade de fazer o processo de recrutamento e seleção.

A2: Acho que como sou formada em psicologia e acho que desde a minha formação,

pessoalmente, naturalmente, eu sempre tive uma coisa de.. de missão mesmo, de querer trabalhar

pelo outro, de querer ajudar o outro, é um pouco do psicólogo.

A3: E pra mim o sentido que o trabalho tem que dar é assim uma função social. É assim, eu

importo com que... com o benefício que vai trazer pra sociedade, então, a missão da instituição

onde eu trabalho que é voltada à comunidade carente, principalmente dentro da educação que é

uma coisa que eu acredito que as pessoas somente crescem se elas são educadas, então vem... está

muito de encontro com o que eu acredito, então assim no dia-a-dia não dá para dizer que eu tenha

algum... tenha algum momento que eu me sinta desmotivada de estar trabalhando.

A3: Então estruturar essa área, principalmente nas escolas dar esse apoio, que hoje é dado muito

precariamente, informatizar toda a área de processo, então, é... o que... processo de pessoal que eu

posso informatizar para que otimizar esta pessoa para a parte mais analítica.

A3: (Dar suporte para o funcionário) é uma atividade que faz parte do RH, porque as pessoas

elas... elas são leigas em relação a direitos, a deveres. Eu acho que é uma função nossa, né, de

quem trabalha em recursos humanos.

A3: E eu vejo assim, eu tenho um perfil de muito... de querer ajudar as pessoas, então isto faz

muito sentido pra mim. De ter um trabalho como servidor, eu estou servindo as pessoas, né, as

áreas, as escolas com as quais a gente se relaciona. Então assim, eu acho que tem que estar muito

ligada ao que eu acho que eu tenho que fazer, isso me satisfaz.

Dever de

economizar

Dar valor ao

trabalho

A1: Ou você começa a enxergar cada coisa que de repente você não gostava muito enfim, se ela

faz sentido dentro do contexto, então você fala peraí... então eu não estou pondo só tijolo, estou

construindo a catedral. Então acho isso vai se tornando mais prazeroso.

A1: aplicar aquilo da melhor forma na área que você está atendendo.

A1: eu achava um pouco chato que era de fazer entrevista, mas pelo outro lado, eu trabalhava na

Empresa 1, aí eu andava na loja e todos os vendedores que tinha lá eu conhecia porque eram

pessoas que tinham passado por mim para entrar na empresa... eu achava isso muito legal, né?

Quer dizer então você se tornava uma certa referência pras pessoas ... então, ajudava na

integração delas, eu podia ajudar na integração delas na empresa, eu achava isto bacana.

A1: Porque você acaba se conhecendo um pouco mais, sabendo em que você contribui melhor,

quais são os pontos que você pode ajudar mais, ajudar menos, enfim, então quando você entende

isso, vai entendendo isso, acho que isso é vivência pura, por que às vezes só sabe uma vez que

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Constructo Temas Frases

Normas

Sociais

orientadas

para os

Deveres

você vive alguma coisa, é... e aí você vai conseguindo...é...sei lá.. entendendo onde você pode

contribuir mais, você pode dar um foco maior naquilo, então, aquilo você se sente mais realizado.

A1: enfim e aí eu vi que eu gostava de fazer isto... de trabalhar com esta parte de .. de

desenvolvimento mesmo. Você poder trazer coisas que vão agregar na vida profissional e pessoal

das pessoas.

A3: ... pra verificar in loco se o professor estava ministrando aquele componente que era mandado

da matriz, a gente começou a aplicar a prova de expectativa, esta prova é elaborada pela matriz,

compõe a nota do aluno e o professor não tem acesso a essa prova. E aí a gente começou observar

que tem professores que não estão ministrando o conteúdo que era para ser dado naquela série e

naquele momento. Aí eles começaram a se incomodar com essa questão. (...) E aí impacta na

retenção dos professores no nosso quadro, porque ele não concorda, ele acha que não tem

autonomia por conta disso, ele vai embora ou ele começa criar situações para ser mandado

embora.

A2: Acho que minha primeira experiência em consultoria interna foi bem traumática, trabalhei em

uma empresa com ritmo bem agressivo, uma cultura bem agressiva, e acho que isto de alguma

forma me fez crescer a duras penas Aonde a pessoa são agressivas na forma de se relacionar,

aonde não tem negociação de prazo, é pra agora, é pra agora, é pra amanhã cedo, é pra amanhã

cedo, então não importa se tem que dormir na empresa, se não tem que dormir, então acho que

isto, é...é... me fez ter responsabilidade, não acho que este é o caminho, mas é algo que me marcou

assim na minha carreira, marcou tanto que a partir daí.

Resultado

expressivo

ou

intrínseco

Trabalho

interessante

A1: eu achava um pouco chato que era de fazer entrevista, mas pelo outro lado, eu trabalhava na

Empresa 1, aí eu andava na loja e todos os vendedores que tinha lá eu conhecia porque eram

pessoas que tinham passado por mim para entrar na empresa... eu achava isso muito legal, né?

Quer dizer então você se tornava uma certa referência pras pessoas ... então, ajudava na

integração delas, eu podia ajudar na integração delas na empresa, eu achava isto bacana.

A1: enfim e aí eu vi que eu gostava de fazer isto... de trabalhar com esta parte de .. de

desenvolvimento mesmo. Você poder trazer coisas que vão agregar na vida profissional e pessoal

das pessoas.

A1: Então uma coisa que era muito bacana é que era assim... grande projeto que existia do

corporativo e que você tinha que ir lá e entender e depois voltar e aplicar, não tinha como fazer na

Cidade do Interior direto.

A1: Nunca me questionei “será que deveria ter ido para uma outra área?”. Já. Me questionei uma

vez. Mas daí quando eu penso que eu me questionei que era muito mais baseado num trabalho que

eu achava que eu tinha que fazer por não concordar muito com a forma como ele estava sendo

feito, do que propriamente com uma área de RH, ou, enfim, com... se era isto mesmo que eu

queria ou não.

A1: Você vai entendendo mais como funciona , você vai entendendo um pouco mais a relevância,

a importância do..do.. da sua dedicação, enfim, àquele trabalho, assim, é... o impacto mesmo que

você tem...

A1: Porque você acaba se conhecendo um pouco mais, sabendo em que você contribui melhor,

quais são os pontos que você pode ajudar mais, ajudar menos, enfim, então quando você entende

isso, vai entendendo isso, acho que isso é vivência pura, por que às vezes só sabe uma vez que

você vive alguma coisa, é... e aí você vai conseguindo...é...sei lá.. entendendo onde você pode

contribuir mais, você pode dar um foco maior naquilo, então, aquilo você se sente mais realizado.

A1: Então... é... eu preciso acreditar muito no conceito da coisa. Porque como eu falei, acho que

RH é você vender uma idéia, é vender porque determinada coisa é bacana. Se eu tenho que vender

um negócio que não é exatamente aquilo que eu acredito aquilo é um pouco mais difícil de eu ser

a melhor pessoa por melhor profissional que eu possa ser.

A1: entendendo que hoje assim para cuidar de mim eu tenho que trabalhar em uma coisa que eu

gosto.

A1: Você vai ficando também mais velha, vai assumindo outros cargos, aquilo vai pesando um

pouco, essa diferenciação da vida pessoal para vida profissional, (...) mas se você está fazendo

uma coisa que você tá vendo relevância, que é importante, falo... meu... tudo bem... estou aqui

ficando até mais tarde, não tô na minha casa ou cuidando de alguma coisa pra mim, não tô na

academia cuidando um lado pessoal meu, mas eu to fazendo alguma coisa que tem muito

significado pra mim internamente ...então...então tá valendo, eu tô cuidando sim do meu lado

pessoal.

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Constructo Temas Frases

Resultado

expressivo

ou

intrínseco

Trabalho

interessante

A2: os gestores e que as áreas enxergam, primordialmente, né, a maioria deles passa pela nossa

área, que é a área que está na linha de frente, a gente acaba tendo ainda bastante trabalho

transacional relacionadas as áreas que não são tão nobres em RH, então, as questões de férias, de

horas extras, é... de comissionamento, falando das força de vendas em especial, então, muitos

desses assuntos de dia-a-dia ainda ficam um pouco no cotovelo do business partner. E o fato de a

gente ter sistema pouco evoluído em especial, também, em Recursos Humanos na empresa em que

eu trabalho, ajuda com que a gente tenha ainda bastante carga operacional, um trabalho...

trabalhado em excel, para você ter uma informação que ... que lá na frente você olha o resultado

dele e ele faça a diferença, mas para chegar no KPI você ainda tem esse trabalho manual.

A2: São assuntos operacionais, eles são propostas salariais, elaboração de propostas, hoje a gente

tem muitas destas atividades que poderiam ser feitas por outras áreas de Recursos Humanos, é...

por.. por centros, enfim, de prestação de serviços de RH, ainda concentrados aqui nessa empresa,

né, na empresa que eu trabalho, no consultor interno, então, ele não fica só com o filé, rsrsrs... né

de RH, ele fica com toda a parte também que é mais processual e aí é o que eu chamo de

transacional.

A2: Então toda parte de avaliação de apoio aos gestores, é a avaliação de potencial, a discussão de

talentos, é.. a gente tem a oportunidade hoje de fazer, né, no campo, como a gente tem área de

vendas, a gente chama de campo..(...) ... é a gente faz algumas ações de team building específicas,

então é o trabalho que a gente entende que agrega, que vai ajudar o gestor a ser um melhor gestor,

e não simplesmente ajudá-lo a preencher um papel.

A2: é isto que eu chamo de parte mais do filé mesmo de Recurso Humanos, toda a parte de

desenvolvimento, toda a parte de gestão mesmo, como é que a gente ajuda o gestor a chegar a um

patamar acima do que eles estão em relação a esta parte de RH, sabe

A2: E onde é que eu encontro a minha missão em RH e no trabalho de consultoria interna, acho

que é nisso, no relacionamento com cada um dos clientes, é na forma como a gente traz os

programas e as propostas como uma visão, né, de desenvolvimento genuíno, de aproveitar o

potencial das pessoas, de dar chance para se desenvolver, se reconhecer, também, acho, de

valorizar.

A2: Acho que o desenvolvimento pode passar desde você propiciar um profissional uma

movimentação lateral ou uma promoção, enfim, uma transferência, que vai fazer com que ele

descubra potencialidade que ele não tinha, ou que ele se desenvolva mais ainda do que ele vem se

desenvolvendo, muitas vezes a gente vê muitos... muitos gestores, muito donos de suas equipes, e

pouco propensos a liberar as pessoas que trabalham com ele para crescerem, né, então acho que

tem este viés de desenvolvimento.

A2: eu pensava ou ir pra uma área institucional, ou trabalhar num hospital ou numa clínica de

dependentes, algum lugar que tivesse mais gente...rsrsrs... uma parte mais assistencialista neste

aspecto

A2: E aí apareceu a oportunidade de eu fazer esse estágio, eu fui fazer esse estágio, eu fiquei dois

anos nessa função, e aí eu conheci uma série de profissionais de RH, tive contato com uma série

de conteúdos de recursos humanos, muito além talvez do que eu vi na faculdade nas aulas de RH,

e aí eu comecei a... falei olha... pode ser um caminho bacana.

A2: Então acho que eles acreditam no...no... Pelo menos todos eles, estes 3 ou 4 que eu tenho em

mente, acho que esta coisa da crença mesmo no ser humano e no potencial e se você confiar e der

oportunidade as pessoas vão fazer e vão fazer o seu melhor.

A3: E pra mim o sentido que o trabalho tem que dar é assim uma função social. É assim, eu

importo com que... com o benefício que vai trazer pra sociedade, então, a missão da instituição

onde eu trabalho que é voltada à comunidade carente, principalmente dentro da educação que é

uma coisa que eu acredito que as pessoas somente crescem se elas são educadas, então vem... está

muito de encontro com o que eu acredito, então assim no dia-a-dia não dá para dizer que eu tenha

algum... tenha algum momento que eu me sinta desmotivada de estar trabalhando.

A3: E eu vejo assim, eu tenho um perfil de muito... de querer ajudar as pessoas, então isto faz

muito sentido pra mim. De ter um trabalho como servidor, eu estou servindo as pessoas, né, as

áreas, as escolas com as quais a gente se relaciona. Então assim, eu acho que tem que estar muito

ligada ao que eu acho que eu tenho que fazer, isso me satisfaz.

Page 40: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

40

Constructo Temas Frases

Resultado

expressivo

ou

intrínseco

Variedade

A1: Então pode ser que numa área financeira que eu tenho várias pessoas eu vou fazer uma série

de pequenos grupos de ação enquanto que numa área jurídica que é um outro perfil de pessoas,

menos pessoas, eu vou fazer uma ação com todo mundo junto e a gente vai falar... sei lá... vai

atuar um tema que são diferentes a prioridade que numa área financeira

A3: Lógico, tem aquelas atividades rotineiras, mas mais e mais existem desafios, desafio assim de

resolver um problema ou de criar soluções diferentes para ajudar as escolas lá na ponta.

A3: Na época era aquele expediente de pessoal, as coisas mais burocráticas, não se pensava em

coisas mais sofisticadas, voltadas a pessoa, como hoje é. E no fundo... é assim, é aquela coisa do

primeiro emprego, do lado de sua casa, que é trabalhar a pé.

Tarefa

adequada à

capacidade

A1: Eu gosto de ser uma pessoa que pode opinar e posso trazer o meu conhecimento ou as pessoas

... que eu sei... que eu conheço... que eu possa ajudar a outra pessoa com isso.

A1: Então assim particularmente acho que eu faço isso bem, eu acho que eu sou uma

selecionadora boa, eu consigo perceber algumas coisas bacanas, mas é o que eu mais gosto de

fazer? Não.

A1: eu gosto do que eu faço até agora, mas como que eu sei que o que eu estou fazendo agora é o

melhor que eu posso fazer, entender o que é fazer outras coisas.

A1: peraí... eu posso assumir que não sou tão boa nisso, que eu sou melhor em outra coisa e aí

quando você for fazer isso você consegue mudar novamente para justamente o que você é melhor

e passa a ser prazeroso de novo.

A1: então uma vez que eu entendi que tem um curva de aprendizagem, beleza, passo esta curva de

aprendizagem, mesmo assim não estou me sentindo 100% feliz fazendo isso e.. sei lá.. tem

algumas coisas que eu acho ... não é o meu melhor... eu fui conversar com a minha gestora e eu

disse olha... gosto, faço, mas eu preferia fazer outra coisa, eu acho que poderia ser melhor nisso, e

aí...OK...

A1: ela fez eu me tornar uma pessoa assim muito segura e acreditar realmente no meu potencial.

A1: Talvez assim, a querer fazer o melhor, mas não me preocupar tanto assim... ah! meu Deus! é o

melhor ou não... enfim...

A2: eu acho que eu tive a feliz oportunidade de ter acesso a uma base conceitual, talvez

diferenciada, que tenha me feito dar uma salto nesse início, meio de carreira, com mais

consistência, pelo menos pra mim, é...

A2: outra coisa que eu acho que marcou... que me marcou foram meus gestores. Acho que tive a

sorte também de ter gestores que me ajudaram a me desenvolver, que foram gestores muitos

deles... a maioria acho que bom gestores, mas outros que não foram bons, e que me ensinaram

como eu não queria ser, e acho que basicamente isto.

A2: Acho que minha primeira experiência em consultoria interna foi bem traumática, trabalhei em

uma empresa com ritmo bem agressivo, uma cultura bem agressiva, e acho que isto de alguma

forma me fez crescer a duras penas Aonde a pessoa são agressivas na forma de se relacionar,

aonde não tem negociação de prazo, é pra agora, é pra agora, é pra amanhã cedo, é pra amanhã

cedo, então não importa se tem que dormir na empresa, se não tem que dormir, então acho que

isto, é...é... me fez ter responsabilidade, não acho que este é o caminho, mas é algo que me marcou

assim na minha carreira, marcou tanto que a partir daí.

A2: estabelecer a confiança, que eu acho que isso vai fazer diferença, não é que um bom gestor vai

estabelecer confiança com qualquer pessoa que trabalhe com ele, mas eu acho que a tendência

desses gestores que são bons gestores de fato eles te dão o voto de confiança antes de você possa

provar que você pode ou não.

A2: isto fez muita diferença nesses líderes que pra mim são líderes referenciais, essa

disponibilidade para escutar, pra trocar, pra ensinar, pra..é...é... pra valorizar mesmo aquilo que é

simples em que está se formando, é saber ser humilde pra reconhecer que aquela entrega

Autonomia

A1: Trazer o que existe de política para a gente poder aplicar isto da melhor forma em cada um

dos negócios

A1: a gente vai fazer uma ação de clima corporativo, então pra que a gente possa fazer... como eu

traduzo isto aqui para minha área... para as áreas que eu atendo

A1: (-)então por exemplo, a gente tem lá a gestão de desempenho e talento... então existe uma

metodologia, existe um fluxo, existe um processo que a gente trabalha, que é definido pela área

corporativa, e isto tem que ser aplicado para toda a organização... legal... eu entendo este fluxo...

eu vou nas áreas de atendimento... a gente precisa fazer isto.

A1: Qual é a melhor forma da gente fazer isto aqui... talvez a forma de você aplicar... não a forma

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41

Constructo Temas Frases

Resultado

expressivo

ou

intrínseco

Autonomia

de aplicar... mas a forma como a gente vai conduzir para chegar naquele resultado que se espera

vai ser diferente do que a forma que outras áreas vão trabalhar

Se eu puder ir lá e falar pra eles, fazer umas experiências e propor alguma coisa para ele pensar...

A1: (-) era assim, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Você não tinha muito espaço para

questionar algumas coisas, você não tinha muito espaço para dar sua opinião, é assim que faz e

pronto. E se agente fizesse de um outro jeito, eu sou pouco questionadora. Mas se agente for fazer

de um outro jeito... não você não está entendendo... é isto assim e pronto, ou... execute. Eu acho

que as coisas não são assim.

A1: (-) (Ser político) É... você ter que... privilegiar, realizar algumas coisas, que são demandadas

de cima para que você faça, mais do que as coisas que você sente no dia-a-dia que precisariam

mais ser feitas.

A1: e ela dava muita autonomia, sabe, e eu ficava situada em Capital (cidade) sozinha e aí eu

representava todo o pessoal da Cidade do Interior,

A3: ... pra verificar in loco se o professor estava ministrando aquele componente que era mandado

da matriz, a gente começou a aplicar a prova de expectativa, esta prova é elaborada pela matriz,

compõe a nota do aluno e o professor não tem acesso a essa prova. E aí a gente começou observar

que tem professores que não estão ministrando o conteúdo que era para ser dado naquela série e

naquele momento. Aí eles começaram a se incomodar com essa questão. (...) E aí impacta na

retenção dos professores no nosso quadro, porque ele não concorda, ele acha que não tem

autonomia por conta disso, ele vai embora ou ele começa criar situações para ser mandado

embora.

Resultado

extrínseco

e função

econômica

Renda

A2: E aí eu fui, participei do processo, gostei, achei interessante a proposta. Aquela altura eu já

sabia o que era RH, eu já tinha noção de quais eram as possibilidades, eu de fato precisava ganhar

dinheiro também, não podia me dar ao luxo de trabalhar voluntariamente, eu precisava ter uma

remuneração para ajudar com as minhas despesas, né, de transporte, de alimentação, enfim, e falei

bom ... preciso procurar um estágio e só tinha estágio remunerado em RH, e aí fui para esta

consultoria, fique lá quase.. fiquei lá acho três anos.

A3: O financeiro, lógico não dá para falar que ele não conta, mas ele não é o principal motivador.

Bom salário

A2: como profissional de RH, a possibilidade de cumprir esta missão que é pessoal, de influenciar

o ambiente, de ajudar as pessoas a se desenvolverem, de criar um ambiente melhor, eu acho que

me encontrei, em termo de remuneração hoje é uma carreira que para minha vida pessoal faz

sentido e então somando as duas coisas eu não penso em fazer uma mudança, não.

Status e

prestígio

A1: Saber que eu ia ter relacionamentos, que eu ia ter que conversar com pessoas, que eu tinha que

vender ideias, digamos assim, quando você trabalha em RH você vende uma empresa, você vende

um conceito, enfim, uma série de coisas.

A1: foi muito importante assim pra mim... é ter um aprendizado, digamos assim, de pessoas do

próprio RH, mas também poder saber que sou uma referência do meu cliente que era isso que eu

queria ser... ser sempre uma referência e eu pude ver que sim, que eu já era.

A1: então eu estou fazendo alguma coisa por mim como pessoa, eu, Entrevistada, estou me

sentindo ...é...satisfeita, feliz, porque estou fazendo uma coisa que... se eu quero ser uma

referência, se eu gosto de ser conhecida ... é isso que eu estou vendo que está acontecendo, então

OK. Não só eu ir para uma academia, eu fazer isso por mim também é bom.

A1: Eu gosto muito de relacionamento. Eu gosto de conhecer pessoas diferentes, de falar com

pessoas diferentes... é... que é o que você faz muito no dia-a-dia... Eu gosto de ser uma pessoa que

pode opinar e posso trazer o meu conhecimento ou as pessoas ... que eu sei... que eu conheço...

que eu possa ajudar a outra pessoa com isso.

A1: eu achava um pouco chato que era de fazer entrevista, mas pelo outro lado, eu trabalhava na

Empresa 1, aí eu andava na loja e todos os vendedores que tinha lá eu conhecia porque eram

pessoas que tinham passado por mim para entrar na empresa... eu achava isso muito legal, né?

Quer dizer então você se tornava uma certa referência pras pessoas ... então, ajudava na

integração delas, eu podia ajudar na integração delas na empresa, eu achava isto bacana.

A2: Aí de lá eu fui para a minha primeira posição numa empresa mesmo como generalista, que foi

num Banco, eu fui como analista, aí neste Banco eu fui me desenvolvendo até sair de lá

consultora. Quando eu saí de lá eu assumi uma posição de coordenação numa outra empresa ainda

também um pouco generalista. Aí não saí mais da consultoria interna. Aí de lá fui para um outro

Page 42: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

42

Constructo Temas Frases

Resultado

extrínseco

e função

econômica

Status e

prestígio

Banco... rsrsrs... também como generalista

A3: E hoje já não saio mais...rsrsrs... Mas é isto assim... é... só concluindo a trajetória, então

comecei como escrituraria e ano a ano fui recebendo as designações por mérito, pelo desempenho,

e hoje eu gerencio junto com minha gestora toda esta área de RH.

Ocupação

do tempo

Servir à

sociedade e

a outros

A1: ela ia criar conflito com esta gestora, então assim, eu falei assim... olha... não acho que a gente

tem que contratar esta pessoa, porque o cenário não vai permitir com que ela seja o melhor que ela

pode ser e a área também não vai poder oferecer pra ela o melhor que poderia oferecer.

A1: você tem uma vaga que você precisa preencher... que se você não preenche aquela vaga é...

você deixa de.. sei lá.. de entregar alguma coisa... enfim... então você faz a seleção, enfim,

conhece um pouco da pessoa, analisa, tudo OK

A1: Assim, a seleção ela é o início do processo de desenvolvimento de uma pessoa dentro de uma

empresa.

A1: alguns estudos de reestruturação... enfim... é... ou quando vai pensar em desenvolvimento, em

sucessão e nessas coisas... é... o resultado do meu trabalho vai impactar de certa forma na vida

mesmo que profissional da outra pessoa. Então eu acho que é uma coisa muito bacana.. é o que eu

mais valorizo aqui no trabalho...

A1: Mas eu acho assim... o momento da seleção, do recrutamento, ele é... ele não tem tanto

impacto...é... não agrega tanto, digamos assim, quanto por exemplo no momento de

desenvolvimento.

A1: Então quando eu comecei a perceber que é isso e que você fazer uma seleção bem feita é tão

melhor para a empresa quanto para o próprio indivíduo como profissional, aí eu comecei a ficar

mais...é...à vontade de fazer o processo de recrutamento e seleção.

A1: Por exemplo, precisa fazer uma reestruturação, a gente precisa pensar numa demanda de

desenvolvimento, a gente precisa pensar em... pra melhorar o clima, é... precisa pensar em

treinamento, então, a gente faz esta... dá este suporte ao gestor e tem como... como... subsídios,

digamos assim, todas as políticas de RH, todas as orientações que tem de RH corporativas que

existem, então a gente traduz isto, então, por exemplo, a gente vai fazer uma ação de clima

corporativo, então pra que a gente possa fazer... como eu traduzo isto aqui para minha área...

A1: Porque você acaba se conhecendo um pouco mais, sabendo em que você contribui melhor,

quais são os pontos que você pode ajudar mais, ajudar menos, enfim, então quando você entende

isso, vai entendendo isso, acho que isso é vivência pura, por que às vezes só sabe uma vez que

você vive alguma coisa, é... e aí você vai conseguindo...é...sei lá.. entendendo onde você pode

contribuir mais, você pode dar um foco maior naquilo, então, aquilo você se sente mais realizado.

A1: Ou você começa a enxergar cada coisa que de repente você não gostava muito enfim, se ela

faz sentido dentro do contexto, então você fala peraí... então eu não estou pondo só tijolo, estou

construindo a catedral. Então acho isso vai se tornando mais prazeroso.

A1: É atender e dar suporte aos gestores, aos funcionários, do que eles precisam, enfim, de RH

para exercer o trabalho no dia-a-dia.

A1: então, a gente faz esta... dá este suporte ao gestor

A1: (-) Quando você olha o outro lado, você dá um treinamento, você não é obrigado a dar o

treinamento, a empresa não é obrigada a desenvolver, mas se ela faz isso, ela tem um diferencial; a

pessoa, ela tem um crescimento, ela...ela... ela muda o patamar, então isto acho me agrada muito

mais

A1: Qual é a melhor forma da gente fazer isto aqui... talvez a forma de você aplicar... não a forma

de aplicar... mas a forma como a gente vai conduzir para chegar naquele resultado que se espera

vai ser diferente do que a forma que outras áreas vão trabalhar

A1: enfim e aí eu vi que eu gostava de fazer isto... de trabalhar com esta parte de .. de

desenvolvimento mesmo. Você poder trazer coisas que vão agregar na vida profissional e pessoal

das pessoas.

A1: Você vai entendendo mais como funciona , você vai entendendo um pouco mais a relevância,

a importância do..do.. da sua dedicação, enfim, àquele trabalho, assim, é... o impacto mesmo que

você tem...

A2: Acho que como sou formada em psicologia e acho que desde a minha formação,

Page 43: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

43

Constructo Temas Frases

Resultado

extrínseco

e função

econômica

Servir à

sociedade e

a outros

pessoalmente, naturalmente, eu sempre tive uma coisa de.. de missão mesmo, de querer trabalhar

pelo outro, de querer ajudar o outro, é um pouco do psicólogo.

A2: Então eu acho que faz muito parte da missão de RH trazer este contexto, e acho que lembrar,

não que as pessoas precisem ser lembradas disso, mas trazer sempre a tona a questão dos valores,

do respeito, da ética, enfim, de como é que eu faço uma gestão de conflitos saudável, de como é

que eu trato as relações de forma mais madura, mais profissional.

A2: E onde é que eu encontro a minha missão em RH e no trabalho de consultoria interna, acho

que é nisso, no relacionamento com cada um dos clientes, é na forma como a gente traz os

programas e as propostas como uma visão, né, de desenvolvimento genuíno, de aproveitar o

potencial das pessoas, de dar chance para se desenvolver, se reconhecer, também, acho, de

valorizar.

A2: como profissional de RH, a possibilidade de cumprir esta missão que é pessoal, de influenciar

o ambiente, de ajudar as pessoas a se desenvolverem, de criar um ambiente melhor, eu acho que

me encontrei, em termo de remuneração hoje é uma carreira que para minha vida pessoal faz

sentido e então somando as duas coisas eu não penso em fazer uma mudança, não.

A3: Assim, a gente trabalho lá dentro na área administrativa e a gente vê o fruto do nosso trabalho

quando a gente vai às escolas e vê um pedacinho do que a gente ta lá trabalhando, do que a gente

fez, não diretamente, porque quem tá lá diretamente é o diretor, é o professor, mas indiretamente

ali dando o apoio, dando suporte na parte administrativa, a transformação que a gente observa lá

na ponta.

A3: E eu vejo assim, eu tenho um perfil de muito... de querer ajudar as pessoas, então isto faz

muito sentido pra mim. De ter um trabalho como servidor, eu estou servindo as pessoas, né, as

áreas, as escolas com as quais a gente se relaciona. Então assim, eu acho que tem que estar muito

ligada ao que eu acho que eu tenho que fazer, isso me satisfaz.

A3: Então isso me satisfaz muito, eu ser um veículo de ajuda para as outras pessoas, né. Ah... isso

eu acho que é um trabalho do RH, é isso. As pessoas que, eu vejo assim, as pessoas que não

tenham esse perfil de se colocar no lugar do outro, de sentir... de não ter esta prontidão de ajuda,

eu acho que não é uma área que ela deva trabalhar. (...) É ajuda em todos os sentidos, uma ajuda

de orientação, uma ajuda do escutar, a pessoa precisa desabafar com alguém e ela te procura para

estar desabafando, uma ajuda para estar solucionando algum problema, ou problema de RH ou

problema... problema pessoal, talvez um problema financeiro,

A3: Não dá dizer que eu consigo separar, eu tô numa viagem de lazer, vendo algumas situações e

acabo refletindo no meu trabalho, ah... olha essa pessoa talvez possa trabalhar em tal lugar, aqui dá

para a gente ajudar, então eu acho que mistura bem. Esse é o significado que tem o trabalho pra

mim.

A3: uma pessoa assim em questão de humanidade, ela acabou até falecendo faz uns 4 anos, mas

era uma pessoa que assim, ela cresceu dentro da instituição, entrou como professora, veio de uma

escola, veio transferida para a matriz, dentro da matriz trabalhando na educação básica e tentando

melhorar o nível de educação da empresa. Mas ela era uma pessoa justa, ela não tinha dois pesos e

duas medidas na decisão dela.

A3: Então, o desenvolvimento de qualquer nação ela acontece pelas pessoas e como as pessoas

conseguem desenvolver através da educação. Então, a educação acontece quando a base dela, ela é

muito bem construída. Se você não tiver uma base boa para construir uma casa, a casa cai. Então,

se a gente lutar por uma educação de qualidade na base que é a educação infantil, do primeiro ao

quinto ano, do sexto ao doze do ensino médio, você ... você forma cidadãos para cada nação, que

possam... que pensem, que emitam opiniões, que mobilizem como a gente viu algumas

manifestações. A manifestação foi por uma determinada causa, mas é assim, as pessoas não tá

indo porque os outros tão indo, não, eu estou indo porque eu acredito, eu sei o que é aquilo, é o ser

pensante. É você ajudar que construir... lapidar seres pensantes e começa na educação básica. É

nisso que eu acredito.

Contatos

Interpes-

soais

Contatos

interessan-

tes

A1: Eu gosto muito de relacionamento. Eu gosto de conhecer pessoas diferentes, de falar com

pessoas diferentes... é... que é o que você faz muito no dia-a-dia...

A1: Saber que eu ia ter relacionamentos, que eu ia ter que conversar com pessoas, que eu tinha que

vender ideias, digamos assim, quando você trabalha em RH você vende uma empresa, você vende

um conceito, enfim, uma série de coisas.

A1: hoje, por exemplo, onde eu trabalho ele seria um cara que seria reconhecido lá dentro, mas ele

tinha algumas coisas assim, sabe, umas sacadas... a forma de levar o trabalho... enfim... acho que

assim era... eu aprendi bastante enfim com ele, sabe.

A1: Então eu acho que foi um cara super bacana. Inclusive foi depois desse lugar que eu, por

exemplo, consegui na Empresa 2,

Page 44: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

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Constructo Temas Frases

Contatos

Interpes-

soais

Contatos

interessan-

tes

A1: eu olhava pra ela e ela era a profissional que eu queria ser, ela tinha um ótimo relacionamento

com as pessoas, desde com o pessoal que colhia as laranjas no campo quanto com a alta direção,

A2: e aí tive oportunidade, além de ter contato já com uma série de profissionais da área de RH...

A2: a única coisa que eu sabia, mas não tinha certeza ainda, era que muito provavelmente eu não

seria feliz dentro de um consultório sozinha atendendo uma pessoa...

A2: Porque eu sempre gostei de muita gente em volta, eu sempre gostei desse contato com o

público, desse contato com muita gente, do falar em público, da conversa em si, das pessoas

mesmo, do ambiente com mais pessoas, então, uma coisa que eu já intuía naquela época é que eu

não seria muito provavelmente... muito feliz, digamos assim, trancada num consultório.

Bom

relaciona-

mento

interpessoal

A1: fui buscar um estágio, eu sempre busquei alguma coisa que tivesse ligado a pessoas... (..) que

eu possa trabalhar relacionado a pessoas...

A1: E aí fiquei um ano e meio mais ou menos e aí eu tive a oportunidade de voltar para consultoria

de RH, porque grande parte dos clientes que eu estou atendendo agora são clientes que eu atendi

no passado. Acho que tive feedback muito positivo. Todo mundo gostou muito que eu voltei.

Então deve fazer parte também.

A1: então eu estou fazendo alguma coisa por mim como pessoa, eu, Entrevistada, estou me

sentindo ...é...satisfeita, feliz, porque estou fazendo uma coisa que... se eu quero ser uma

referência, se eu gosto de ser conhecida ... é isso que eu estou vendo que está acontecendo, então

OK. Não só eu ir para uma academia, eu fazer isso por mim também é bom.

A2: E onde é que eu encontro a minha missão em RH e no trabalho de consultoria interna, acho

que é nisso, no relacionamento com cada um dos clientes, é na forma como a gente traz os

programas e as propostas como uma visão, né, de desenvolvimento genuíno, de aproveitar o

potencial das pessoas, de dar chance para se desenvolver, se reconhecer, também, acho, de

valorizar.

A2: você encontra oportunidade para poder exercer esta missão mesmo de transformar o ambiente,

de criar um ambiente melhor em volta de você e pras pessoas que trabalham com você, de

valorização do ser humano, de uma valorização genuína, de aproveitar potencialidade, daquilo que

as pessoas tem de melhor, de abrir o olho das pessoas que muitas vezes não enxergam.

A2: Então eu acho que faz muito parte da missão de RH trazer este contexto, e acho que lembrar,

não que as pessoas precisem ser lembradas disso, mas trazer sempre a tona a questão dos valores,

do respeito, da ética, enfim, de como é que eu faço uma gestão de conflitos saudável, de como é

que eu trato as relações de forma mais madura, mais profissional.

A2: como profissional de RH, a possibilidade de cumprir esta missão que é pessoal, de influenciar

o ambiente, de ajudar as pessoas a se desenvolverem, de criar um ambiente melhor, eu acho que

me encontrei, em termo de remuneração hoje é uma carreira que para minha vida pessoal faz

sentido e então somando as duas coisas eu não penso em fazer uma mudança, não.

Tipo de

pessoa com

quem se

trabalha

A1: Então pode ser que numa área financeira que eu tenho várias pessoas eu vou fazer uma série

de pequenos grupos de ação enquanto que numa área jurídica que é um outro perfil de pessoas,

menos pessoas, eu vou fazer uma ação com todo mundo junto e a gente vai falar... sei lá... vai

atuar um tema que são diferentes a prioridade que numa área financeira

A1: E aí para melhorar ainda fiquei uma gestão depois que realmente era bem...é... distoante do

que eu acreditava como valor pessoal e acreditava como papel de RH.

A1: Então se o todo é a opinião dela que é contra a minha, então eu não posso também falar mal

ou ir contra, enfim, então falei não... peraí... se a empresa acha que essa é a forma de fazer, então

eu estou errada aqui. Por isto acabei saindo de lá.

A2: para ela ampliar escopo, ampliar conhecimento, pra ela se expor a outros gestores, acho que

só o fato de você trabalhar com gestor diferente em algum momento de sua carreira já é benéfico,

A2: faz parte do crescimento você lidar com aquele (gestor) que tem um tipo diferente do seu

também, complementando a sua visão, né, enfim, acho que faz parte da carreira.

A2: outra coisa que eu acho que marcou... que me marcou foram meus gestores. Acho que tive a

sorte também de ter gestores que me ajudaram a me desenvolver, que foram gestores muitos

Page 45: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

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Constructo Temas Frases

Tipo de

pessoa com

quem se

trabalha

deles... a maioria acho que bom gestores, mas outros que não foram bons, e que me ensinaram

como eu não queria ser, e acho que basicamente isto.

A2: Acho que eu tive a sorte de ter equipes trabalhando comigo em sua maioria, é... com as quais

eu me identifiquei pessoalmente e profissionalmente eu acho que isto ajuda, né, a você fazer um

trabalho que você acredita.

Fonte: Próprio autor

Com base na tabela 4.1, pode-se construir a tabela 4.2 com base nos temas emergentes das

falas dos sujeitos. Foram então destacados os temas comuns entre as entrevistas.

Tabela 4.2 – Consolidação das frases dos entrevistados em subtemas

Constructo Temas

relacionados

Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

Centralidade

do trabalho

Importância do

trabalho em

termos

Absolutos

Uso do verbo precisar:

Indicação de obrigação

Importância do vínculo do

trabalho com valores

Vínculo próximo entre o

que eu faço e o que eu sou

(Profissional e Pessoal)

Identidade com o trabalho

Busca pelo prazer, o que

“eu gosto”

Busca pelo cuidado com si

mesma

Peso dos cargos/trabalhos:

responsabilidade

Ser referência/reconhecida

Compreensão do impacto

de seu trabalho

Acreditar no que faz

Ter autoconfiança e

segurança

Identidade com o trabalho

Vinculo próximo entre o

que eu faço e quem eu sou

(ter uma missão de ajudar os

outros)

Busca por ser feliz com o

trabalho

Sentir-se realizada

Ser referência, agir de

acordo com pessoas com as

quais se identifica

Acreditar no que faz

Busca pelo prazer, o que

“eu gosto” (Satisfação

pessoal)

Acreditar no que faz (gerar

impacto na sociedade)

Vinculo próximo entre o

que eu faço e quem eu sou

(não separação das esferas-

Querer ajudar os outros)

Acreditar no poder

transformador da educação

Importância

Relativa do

trabalho

Busca por balancear o

tempo despendido no

trabalho e na vida pessoal

Academia

Família/Planos de

engravidar

Abertura para flexibilizar

os 50/50 de tempo investido

no trabalho X tempo pessoal

em função de outros fatores

no trabalho (identidade com

o trabalho)

Equilíbrio entre vida

pessoal e profissional

Busca por balancear o

tempo despendido no

trabalho e na vida pessoal

Abertura para investir mais

tempo no trabalho

temporariamente

Normas

Sociais

orientadas

para o Direito

Direito para

treinamento na

função

Receber suporte de RH

para a gestão de pessoas

Ser desenvolvido pela

empresa

Empresa não tem

obrigação de desenvolver as

pessoas

Direito ao aprendizado por

meio de tarefas

Direito de buscar ser uma

pessoa melhor através do

trabalho

Ser desenvolvido pela

empresa

Direito de não pertencer a

uma empresa, equipe ou

gestor

Direito de ser

desenvolvido pela empresa

(para exercer uma função

específica)

Direito a

trabalho

interessante e

significativo

Direito de não violar os

seus valores pessoais

Trabalho significativo

nem sempre é prazeroso

Direito de escolher onde e

como trabalhar (escolher

empresa onde trabalhar e

direito de escolher a

carreira)

Direito de escolher onde e

como trabalhar (não ficar em

uma área para o resto da

vida)

Direito de escolher onde e

como trabalhar (conforme o

que te apaixona, onde não se

sinta desmotivado)

Direito a

opinar sobre

Direito de customizar

como atender às áreas

Page 46: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

46

Constructo Temas

relacionados

Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

métodos e

decisões no

trabalho

Tomar decisões e opinar

de acordo com o que ajuda

mais as pessoas

Direito de questionar os

métodos de trabalho

Outros Direitos Direito de receber um voto

de confiança a priori

Normas

Sociais

orientadas

para os

Deveres

Contribuir com

a sociedade

trabalhando

Dever de dar suporte aos

gestores

Dever de desenvolver as

pessoas

Dever de melhorar o clima

Não obrigatoriedade da

empresa de desenvolver e

treinar as pessoas

Dever de fazer uma boa

seleção de pessoas

Dever de atender as

demandas da empresa e dos

funcionários / pessoas

Dever de ajudar os outros

Dever de atender as

demandas da empresa e dos

funcionários / pessoas

Responsabilidade social

embutida no trabalho

(educação como forma de

desenvolver as pessoas,

comunidades e sociedade)

Obrigação de melhorar

processos para otimizar os

resultados

Obrigação de garantir o

cumprimento das legislações

e normas pela empresa e

funcionários

Dever de RH de dar

suporte e ajudar as pessoas

Dever de

economizar

Dar valor ao

trabalho

Obrigação de demonstrar

o valor do seu trabalho para

outras pessoas

Obrigação de fazer o

melhor e agregar mais valor

Obrigação de ser

reconhecido e valorizado

por outras pessoas

Dever de garantir a

qualidade do ensino de cada

professor (convencer dos

benefícios e fiscalizar

professores no uso da

metodologia)

Resultado

expressivo ou

intrínseco

Trabalho

interessante

Busca pelo

autoconhecimento

Busca pelo prazer, pelo

que gosta de fazer

Busca por um sentimento

de realização

Busca por sentir-se útil e

contribuindo da melhor

maneira

Busca por compreender os

impactos e a importância do

trabalho

Não fazer trabalho

operacional (transacional)

Entregar resultados que

façam a diferença

Busca por agregar valor por

meio de ajudar os gestores a

se desenvolverem e a equipes

a se integrarem

Busca por desenvolver as

pessoas: aproveitar o

potencial e valorizá-las

Busca pelo prazer, pelo que

gosta de fazer

Busca por um sentimento

de realização (Fazer o seu

melhor)

Não ficar desmotivada

com o trabalho

Ter um trabalho que faça

sentido

Variedade

Atender aos diversos

públicos de consultoria

interna com demandas

diferentes

Enfrentar desafios

Aceitação de fazer

atividades rotineiras

Tarefa

adequada à

capacidade

Possibilidade de usar o

conhecimento adquirido

previamente

Capacidade de fazer não

torna, necessariamente, a

tarefa interessante ou faz a

pessoa estar feliz com o que

faz

Dificuldade de mensurar a

capacidade e qual o melhor

resultado que pode ser

atingido

Prazer está atrelado a boas

entregas

Busca por ser melhor, por

aumentar a própria

capacidade

Conhecer e estar segura /

confiante de suas

Possibilidade de usar o

conhecimento adquirido

previamente

Busca por ser melhor, por

aumentar a própria

capacidade (ser desenvolvido

e desenvolver-se)

Ser desafiado

Demonstrar responsabilida-

de para entregar

Reconhecer as entregas de

acordo com a capacidade

(nível) do profissional

Page 47: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

47

Constructo Temas

relacionados

Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

capacidades

Autonomia

Liberdade de atuação nas

áreas (Ter liberdade para

influenciar)

Políticas corporativas

determinam algumas ações

com caráter de

obrigatoriedade

Abertura para questionar

Possibilidade de tomada

de decisão com base no que

julga importante e não ter

que seguir o que superiores

mandaram

Possibilidade de

influenciar a atuação do

professor (Ter liberdade para

influenciar)

Resultado

extrínseco e

função

econômica

Renda Impossibilidade de ficar

sem uma renda

Renda é necessária, mas

não o principal motivador

Bom salário Ter um salário adequado às

expectativas

Status e

prestígio*

Crescer na empresa,

assumindo cargos de maior

responsabilidade

Vender ideias – ser

influente

Ser referência para os

clientes, ser reconhecida

Opinar e poder ajudar

Crescer na empresa,

assumindo cargos de maior

responsabilidade

Crescer na empresa,

assumindo cargos de maior

responsabilidade

Ocupação do

tempo

Servir à

sociedade e a

outros

Mediar conflitos na equipe

Suportar os gestores

Suportar as pessoas para

fazerem o seu melhor

Entregar o que é esperado

e buscar fazer o melhor

Agir no processo de

desenvolvimento do

profissional como um todo,

desde a seleção até o

desenvolvimento

Seleção não impacta tanto

quanto o desenvolvimento

de pessoas

Gerir o clima das equipes

Compreender os impactos

das ações

Impactar na vida pessoal e

profissional das pessoas

Trabalhar pelo outro

Zelar por atitudes éticas e

baseadas em valores

Mediar conflitos na equipe

Agir no processo de

desenvolvimento do

profissional (Identificar

potenciais, reconhecer e

valorizar)

Criar um bom ambiente de

trabalho

Observar a transformação,

fruto do trabalho, nas escolas

Ajudar as pessoas, áreas,

escolas e comunidades

(empatia, suporte e solução

de problemas)

Tratar as pessoas e

assuntos com justiça e

coerência

Oferecer uma educação

capaz de transformar o país

Contatos

Interpessoais

Contatos

interessantes

Variedade de contato

Possibilidade de aprender

com outras pessoas –

faculdades intelectuais e

formas de atuar no trabalho

Buscar referências

(modelos a serem seguidos)

Não ficar/trabalhar sozinha

Ser feliz por meio de

contatos

Bom

relacionamento

interpessoal

Se relacionar bem com as

pessoas e pessoas gostarem

de trabalhar com você

Ser conhecida e tornar-se

uma referência para outras

pessoas

Criar um bom ambiente

profissional

Valorizar o ser humano

Tipo de pessoa

com quem se

trabalha

Trabalhar com pessoas

diferentes

Trabalhar com pessoas

alinhadas aos seus valores

Trabalhar com pessoas

diferentes

Aprender o que quer ser e o

que não quer ser

Trabalhar com pessoas

alinhadas aos seus valores

(pessoas com quem se

identifica)

Fonte: Próprio autor

Page 48: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

48

5. CONCLUSÕES

5.1 Os sentidos do trabalho dos entrevistados – Consultoria Interna de

Recursos Humanos – Conclusão do Objetivo Geral

Com base nos resultados das entrevistas, podemos concluir qual o significado do trabalho

para cada um dos entrevistados de acordo com a tabela 5.1:

Tabela 5.1 – Os sentidos do trabalho dos entrevistados

Constructo Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

Centralidade

do trabalho

A1 aparenta buscar o prazer

no seu trabalho, não vendo este como fonte somente de

renda, mas como parte de sua

identidade profissional. O

cuidado com sigo mesma é

constante na entrevista, sendo

importante fazer o que gosta,

alinhado com os seus valores,

com o que acredita e com

confiança em suas capacidades

e potencial. Desta forma

parece balancear a importância do trabalho com outras

instâncias da vida, como

academia e família, o que

demonstra que o trabalho

disputa a centralidade da sua

vida com outras instâncias.

A2 menciona muitas

vezes que tem a missão

de ajudar as pessoas.

Desta forma o trabalho

tem sentido para ela

quando está em um lugar que a permita exercer

esta missão, podendo

assim acreditar no seu

trabalho e criar uma

identidade com ele.

Ela busca agir de

acordo com pessoas com

as quais se identifica e o

trabalho tem o sentido de

trazer a felicidade e o

sentimento de realização.

Por outro lado, o trabalho não é a única

fonte de felicidade. A

busca por balancear vida

pessoal e profissional é

constante em sua visão,

mas demonstra-se

disposta a investir mais

tempo no trabalho

quando necessário (desde

que temporariamente).

A3 vê pouca separação entre as esferas de trabalho

e pessoal, entendendo que

seu trabalho deve gerar

impacto na sociedade e

ajudar os outros. Assim ela

enxerga um vínculo

próximo entre o que ela

faz e quem ela é, pois

acredita no seu trabalho

como uma maneira de

transformar a sociedade

por meio da educação. Podemos perceber que o

trabalho é central na vida

da entrevistada, pois ela

não menciona outras

esferas na entrevista.

Normas

Sociais

orientadas

para o Direito

Há alguns direitos que

devem ser respeitados para ela enxergar o trabalho como algo

significativo, tais como: o

direito de customizar a forma

de atender as áreas, o direito

de opinar e questionar para

chegar a melhor forma de

fazer as coisas, o direito de

seguir os seus valores pessoais

e crenças no trabalho e o

direito de escolher a sua

carreira e área na qual

trabalhar. Por outro lado, ela enxerga

como direito de gestores e

clientes serem atendidos e

suportados em suas demandas

A entrevistada julga importante a liberdade de

escolha de onde e de

como trabalhar. Este

direito está vinculado ao

direito de ser

desenvolvido pela

empresa, de se tornar

uma pessoa melhor

através do trabalho e de

receber um voto de

confiança das pessoas para enfrentar desafios

(principalmente do

gestor).

A entrevistada entende

que as pessoas têm o

direito de escolher onde e

como trabalhar, devendo

fazê-lo com base nas

“paixões”, ou seja, atuando

em funções que não as

deixem desmotivadas.

Ao mesmo tempo, ela

reconhece que as pessoas

tem o direito de crescer

nas organizações e de serem desenvolvidas para

exercerem as suas funções.

Page 49: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

49

Constructo Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

de desenvolvimento e

problemas de equipe e gestão.

Normas

Sociais

orientadas

para os

Deveres

Como A1 vê como um

direito as pessoas se desenvol-

verem e os gestores terem o

apoio de Recursos Humanos,

isso se torna uma obrigação,

um dever, da empresa. Contu-

do, ela traz, paradoxalmente, a

ideia de que não é uma

obrigação da empresa em

desenvolver pessoas, mas sim uma benevolência que busca

um diferencial competitivo.

Talvez ela compreenda o

desenvolvimento como uma

obrigação de Recursos Huma-

nos, mas não da empresa em

si.

O dever de Recursos

Humanos, na visão da entre-

vistada é dar suporte ao gestor,

desenvolver as pessoas, aten-der as demandas de forma

específica, trabalhar o clima

das equipes e demonstrar para

as pessoas o quanto Recursos

Humanos agrega de valor para

elas, buscando

reconhecimento.

A entrevistada falou

pouco sobre temas

relacionados a este constructo, indicando

que ele pode ser pouco

importante no sentido

que atribui ao trabalho.

Ela mencionou dois

pontos sobre os deveres,

um foi necessidade de ter

responsabilidade pelas

entregas e o outro foi a

obrigação que ela se

coloca em ajudar os

outros.

A entrevistada aparenta

valorizar muito as respon-

sabilidades das pessoas

perante as tarefas e à

organização. Ela enxerga

que é muito importante

que Recursos Humanos

ajude a organização a

melhorar processos, a

otimizar os resultados, a garantir conformidade com

as legislações e a dar

suporte às pessoas. Isso

porque ela enxerga um

vínculo próximo entre o

trabalho dela e os compro-

missos da organização

com a educação de

qualidade e com a

sociedade.

Para isso a organização,

juntamente com Recursos Humanos, têm o dever de

garantir a qualidade dos

professores e das ações

educativas que tomam (por

meio de convencimento,

transformação e

fiscalização).

Resultado

expressivo ou

intrínseco

Os resultados intrínsecos

parecem ser importantes para a

entrevistada e direcionam o

sentido que a profissional tem

de seu trabalho. O trabalho deve ser fonte de autoconhe-

cimento, de prazer, de reali-

zação e de um sentimento de

utilidade. Por outro lado, para

atingir estes resultados espera-

dos, a entrevistada fala em

compreensão dos impactos de

suas ações e da importância

das tarefas e de seu trabalho

(resultados extrínsecos).

Ao mesmo tempo, a

entrevistada entende que ter capacidade para executar as

tarefas é importante. Constan-

temente se questiona sobre

qual o melhor resultado que

pode ser atingido e atrela o

prazer às entregas bem feitas.

A autonomia também é colo-

cada como condição crítica

para o trabalho. Apesar das

diretrizes corporativas “dita-

Pode-se inferir que a

entrevistada busca um

trabalho interessante,

agregando valor por

meio de suporte ao gestor e a equipes,

evitando trabalhos

transacionais. Desta

forma, ela compreende

que o prazer e a

autorrealização no

trabalho são importantes,

mas isso deve vir junto

com a valorização das

pessoas.

Ao mesmo tempo, ela

entende que as pessoas devem ser desafiadas a

entregarem melhores

resultados, com a

possibilidade de aplicar

os seus conhecimentos

adquiridos em

experiências passadas,

mas suas entregas devem

ser reconhecidas de

acordo com a capacidade

A entrevistada enxerga que um trabalho com

sentido é o principal

resultado intrínseco que

ela busca, de forma a não

ficar desmotivada. Ela

busca desafios em sua

atuação na organização,

contudo entende as tarefas

rotineiras como

necessárias e as aceita. Ao

mesmo tempo, a possibilidade de

influenciar as pessoas e os

professores, exercendo a

sua autonomia é colocada

como importante para seu

trabalho ser significativo.

Page 50: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

50

Constructo Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

rem” as políticas, na consul-

toria interna, a autonomia é

vista como a possibilidade de

aplicá-las da melhor maneira

possível.

(senioridade) de cada

um.

Resultado

extrínseco e

função

econômica

Como resultado extrínseco,

em momento algum na

entrevista apareceu questões

de remuneração. Não podemos

saber se isso é pouco

importante ou se é um desejo

latente no momento. Por outro lado, há uma forte

busca por opinar, vender

ideias, ajudar e ser reconhe-

cida e considerada no momen-

to de tomada de decisões.

Além disso, o principal resul-

tado esperado do trabalho,

pelo menos o mais citado, é a

possibilidade de contribuir

com outras pessoas. Pouco há

de referências na entrevista

sobre contribuir com a sociedade. Não há descrição

de como Recursos Humanos

ajuda a organização a oferecer

melhores produtos/serviços e

atender uma demanda da

sociedade. Contudo, há um

papel social de Recursos

Humanos no desenvolvimento

de pessoas, gerir o clima,

auxiliar na gestão de conflitos

e suportar as pessoas para elas darem melhores resultados.

Por outro lado, não se

encontrou uma definição clara

do que é desenvolver pessoas.

Em que sentido, para que, para

quem?

Na entrevista, não

aparecerem observações sobre

o negócio, o que leva a

conclusão de que o Negócio

em si e sua atividade não está

entre os principais sentidos que a pessoa tem para o seu

trabalho.

Como um resultado

extrínseco importantes

do trabalho, a

entrevistada cita a renda (como um fator que

direcionou escolhas) ao

mesmo tempo em que o

crescimento de carreira

(crescimento em cargos)

e um salário justo (bom

salário), também

aparecem (mas não há

definições do que é um

“bom salário”).

Os principais resultados

extrínsecos esperados pela

entrevistada têm relação

direta com a atividade da

organização (educação) ou

com a possibilidade de

ajudar às pessoas. Ela

espera transformar a sociedade através de uma

educação de qualidade nas

áreas que a organização

atual. Também busca

ajudar as pessoas dentro da

organização, tratando-as

com justiça e coerência.

A entrevistada coloca a

questão da renda e

possibilidade de

crescimento na carreira

como expectativas importantes, mas

secundárias em relação ao

trabalho.

Contatos

Interpessoais

Os contatos com pessoas

parecem ser importantes no

trabalho da entrevistada. A

função destes contatos

parecem ser como forma de

aprendizagem, de observação

de modelos profissionais, de

trabalhar com pessoas

diferentes e de ser aceita e

A questão de trabalhar

com pessoas, e não

sozinha, parece ser

significativa nas escolhas

da entrevistada. Desta

forma, ela valoriza estar

em um ambiente que

valoriza o ser humano,

saudável (em termos de

A entrevistada não

menciona a possibilidade

de fazer contatos no

trabalho como algo que,

em si, traga sentido para a

sua atividade.

Page 51: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

51

Constructo Temas observados na entrevista

A1 A2 A3

reconhecida pelo grupo,

contudo, em alguns casos

apareceram como pessoas que

não respeitaram os valores e

crenças pessoais da

entrevistada, fazendo-a se

afastar dessas pessoas.

relacionamentos) e que

permita trocas e

aprendizado.

Fonte: Próprio autor

5.2 Análise dos constructos: Semelhanças e diferenças entre os

entrevistados - Conclusão do Objetivo Geral e objetivo específico b) Teste da

metodologia MOW para compreensão dos sentidos do trabalho

É possível perceber então que há fatores em comum entre as visões dos entrevistados, mas

há pontos extremamente particulares de cada um deles. Brief (1991) e Quintanilla (1991)

reconhecem que os estudos do MOW não oferece uma ferramenta consistente para

compreender os sentidos individuais do trabalho. Contudo, a análise sobre cada construto

pode ajudar a compreender se eles formam uma metodologia válida para este fim.

Centralidade do trabalho:

Os sujeitos trouxeram com bastante ênfase a importância de o trabalho manter uma relação

direta com a identidade da pessoa no nível profissional e pessoal, estabelecendo um vínculo

próximo entre o que eles acreditam e o que eles fazem. Ao mesmo tempo, a busca pelo prazer

(“Trabalhar em algo que eu goste”) aparece ser um fator em comum. Por outro lado, a

importância relativa do trabalho frente às outras esferas da vida pessoal parece ter uma

variação grande entre os sujeitos. A1 parece dar valor para questões de saúde família e tempo

livre para si. A3 não menciona outras instâncias.

Como outras diferenças marcantes no significado do trabalho para cada um dos sujeitos,

A1 enfatiza que sua auto imagem está diretamente vinculada a ser reconhecido pelos clientes,

enquanto A2 enfatizou a busca por ser feliz no trabalho e o cumprimento de sua missão

pessoal e A3 enfatizou o vínculo próximo com a missão da organização.

Kuchinke et al (2010) concluiu que a dimensão de centralidade do trabalho não está

vinculada ao stress, pois foram encontradas pessoas em stress com alta e baixa centralidade do

no trabalho. Nas entrevistas encontramos que A1 e A2 julgam que tem dificuldade de

balancear o tempo entre trabalho e outras atividades, ao mesmo tempo em que A1 indica que

Page 52: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

52

o fato de ter muita responsabilidade (relativa a cargos mais altos na organização) coloca uma

cobrança interna para ser reconhecida como uma boa profissional.

Normas Sociais orientadas para o Direito:

Em relação aos direitos esperados do trabalho, pode-se inferir que os sujeitos entendem

que as pessoas têm o direito de serem treinadas para fazerem o melhor trabalho e se

desenvolverem na empresa. Eles relacionam este papel ao de recursos humanos. Em relação

ao modelo de Ulrich (1998), esta conclusão está diretamente relacionada com ser um defensor

dos funcionários, onde recursos humanos trabalha próximo aos gestores para desenvolver as

pessoas. Há também um consenso entre os sujeitos de que as pessoas têm o direito de

escolherem qual carreira seguir, em qual empresa trabalhar e de terem certa autonomia para

decidirem a forma que irão atuar profissionalmente. Este fator aparenta ser compreendido não

só como direito das pessoas, mas como forma de manter o comprometimento (ponto citado

por Ulrich (1998) como parte do papel de defensor dos funcionários).

Por outro lado, são observadas algumas particularidades de cada sujeito que podem estar

por traz inclusive do quão central a pessoa enxerga o seu trabalho em sua vida. A1 colocou

que entende como um direito das pessoas o de não violar seus valores pessoais e o direito a

um trabalho significativo. Contudo, compreende que nem tudo o que é feito no trabalho é

prazeroso (apesar de buscar isso). Ela também enfatiza a questão da autonomia como um

direito esperado das pessoas. Os outros sujeitos não falam muito deste tópico. A2, por sua

vez, enfatiza o direito de não pertencer a uma empresa ou equipe, compreendendo que o

significado do trabalho não está atrelado a pessoas ou empresas específicas. Também coloca a

necessidade das pessoas de melhorarem como serem humanos e o trabalho deve propiciar

isso.

Normas Sociais orientadas para o Dever:

A questão do dever de recursos humanos é marcada nas três entrevistas pela obrigação de

desenvolver as pessoas, ajudá-las e demonstrar responsabilidade social.

Page 53: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

53

Como temas particulares de cada entrevistado vemos que A1 tem como um direito as

pessoas se desenvolverem e os gestores terem o apoio de Recursos Humanos, logo, isso se

torna uma obrigação, um dever, do departamento. Ao mesmo tempo, traz a questão do

reconhecimento como um dever do funcionário, pois o recebe conforme consegue agregar

valor. A2 também enfatiza isso ao falar de responsabilidade com os seus resultados, apesar da

necessidade de reconhecimento não aparecer.

Entre os três entrevistados, A3 parece ser o que mais enfatiza a questão das obrigações. Ele

é o único sujeito que traz à tona a obrigação de melhorar processos, cumprir as legislações

auxiliar a organização a atingir os seus objetivos.

As normas sociais orientadas para os deveres, teoricamente, é o construto com maior

vínculo com o que a sociedade espera e impõe sobre a atuação de um profissional. Desta

forma era esperado que os quatro papéis de recursos humanos de Ulrich (1998) aparecessem

neste tópico. Porém, vemos expresso o compromisso dos sujeitos em exercer um papel de

defensores dos funcionários, ao desenvolvê-los. Por outro lado, somente A3 traz outros dois

papéis em seu discurso: Parceiro estratégico, ao falar sobre como recursos humanos pode

ajudar na melhora e garantia da qualidade da educação e especialista funcional ao falar de

melhorar processos e garantir conformidade com legislações. O papel de agente de mudanças

não foi enfatizado por nenhum sujeito.

Desta forma podemos concluir que é provável que o discurso construído para melhorar a

eficiência de recursos humanos na organização, agregando mais valor não conversa

diretamente com os sentidos do trabalho dos sujeitos, exceto em A3. Neste caso a

identificação a causa/missão da empresa é tão forte que possibilitaram a introjeção destes

deveres. É importante enfatizar que esta(e) dinâmica/sentido/identificação foi a causa de A3

não ter saído da organização em diversos momentos.

No caso de A1 e A2, esta identificação com a empresa não apareceu no discurso, e o

vínculo com os outros papeis de recursos humanos (agregar valor pela proposta de valor de

Ulrich) ocorreu por meio de uma busca por suprir uma necessidade de reconhecimento ou

cumprimento de outra missão pessoal. Assim o trabalho para estes dois sujeitos aparenta ter

um sentido de atender estas outras demandas, e agregar valor ao negócio é uma forma para

atingir estes objetivos pessoais. Para eles os objetivos no negócio não parecem conversar

diretamente com os sentidos que eles têm para o trabalho.

Page 54: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

54

Resultado expressivo ou intrínseco:

As expectativas de resultados intrínsecos ou extrínsecos parecem ser os construtos mais

importantes para os entrevistados, em função do número de referência que as pessoas faziam a

eles. Dois aspectos que se destacaram foram: a busca por um trabalho interessante e a busca

por uma atividade adequada às capacidades do sujeito.

Sobre este construto, A3 trouxe poucas contribuições, podendo indicar que ele se baseia

pouco em resultados internos para construir os seus sentidos do trabalho.

A1 e A2 trouxeram a questão da possibilidade de utilizar os conhecimentos adquiridos

previamente e a percepção de aumento da própria capacidade de entrega como resultados

esperados do trabalho. Eles também enfatizaram a busca por um sentimento de realização e

por fazer o que gosta (obter prazer no trabalho) como aspectos importantes no dia a dia.

Contudo, parecem vincular o prazer a boas entregas e a desafios. Este ponto foi colocado por

Pagès et. al (1987) no circulo vicioso do prazer e das entregas como forma de exercer poder

sobre as pessoas. É importante enfatizar a fala de A1 que coloca, por outro lado, que ter

capacidade de fazer algo não traz automaticamente a felicidade ou o interesse por

desempenhar a função.

Resultado extrínseco e função econômica:

Como resultado extrínseco um ponto em comum entre as três entrevistas é o fato das

pessoas mensurarem sucesso na carreira pelo crescimento em posições hierárquicas. No

próprio momento de apresentarem as suas trajetórias, invariavelmente traziam as posições que

ocuparam em cada emprego e função.

Como resultado extrínseco, poucas foram as menções às questões de remuneração, mas

quando apareceram em A2 e A3 foram colocadas como importantes. Assim, observa-se que,

pelo menos para estes dois sujeitos, a remuneração faz parte de um significado que o trabalho

tem, mas não é central na sua definição.

Um consenso que aparenta ter um peso considerável no significado dos profissionais de

recursos humanos é a busca por ajudar as pessoas dentro da organização, mediando conflitos,

Page 55: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

55

criando um bom ambiente de trabalho e dando suporte aos gestores para liderarem melhor.

Cabe aqui novamente a discussão conduzida nas normas sociais de deveres sobre quais os

papeis de recursos humanos de Ulrich têm maior participação na identidade e nos sentidos do

trabalho dos entrevistados. Como resultados esperados, os profissionais de recursos humanos

parecem utilizar a possibilidade de desenvolver pessoas e ajudar como formadores de um

sentido do trabalho e de suas identidades, remetendo-se ao papel de defensores dos

funcionários. Ou seja, não só os profissionais não percebem as obrigações com os outros

papeis (com a empresa) como um formador de significado, como também não se sentem mais

desejosos por trabalharem pela possibilidade de contribuir com eles (ou com a empresa).

Contatos Interpessoais:

Neste construto é importante enfatizar que A3 não mencionou nenhum ponto importante

ou frase que fizesse vínculo com os sentidos que faz do seu trabalho. A1 e A2 colocaram que

trabalhar com pessoas diferentes e poder trabalhar com pessoas alinhadas aos valores deles

são pontos importantes.

A1 fala que é importante trabalhar com pessoas que você goste, ao mesmo tempo em que a

variedade de contato possibilita aprender com as pessoas e a obter modelos de como agir. A2,

por outro lado, enfatiza que não gosta de fazer atividades muito solitárias e que o trabalho

deve valorizar o ser humano e propiciar um bom ambiente de relacionamento.

Estes ponto parecem indicar que fatores motivadores destes sujeitos, mas não fica claro

como eles impactam no sentido que eles dão ao seus trabalhos. Este fato, somado ao de A3

não ter mencionado este construto, nos levam a pensar se esta variável está mais relacionada

com motivação ou de fato constrói um significado para o trabalho para estes indivíduos.

Araújo e Sachuk (2007) colocam que o trabalho é uma atividade social em si, mas como os

relacionamentos influenciam o significado não fica claro. Uma análise mais profunda as

interações citadas nas entrevistas é importante para uma compreensão mais profunda.

Page 56: Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação “Latu Sensu ... · internacional de pesquisadores (MOW - Meaning of Working) identificou que uma das principais características

56

Desta forma, podemos perceber que os construtos do MOW (1987) são adequados para

compreender os sentidos do trabalho dos profissionais. Foi possível compreender o quão

central era o trabalho para os sujeitos, compreender quais os direitos e deveres atribuídos ao

trabalho, compreender quais os resultados (intrínsecos e extrínsecos) esperados e

compreender qual a função dos contatos no trabalho. Porém muitas dúvidas perduraram na

compreensão destes sentidos e significados, podendo indicar que o método é adequado, mas

insuficiente para a análise.

A ressalva feita é sobre o construto de contatos, que pouco pareceu agregar a compreensão.

Ao mesmo tempo, a centralidade absoluta no trabalho não pareceu agregar à compreensão dos

sentidos do trabalho para os indivíduos. Ele parece ser uma forma interessante de avaliar o

quanto o sentido do trabalho da pessoa torna esta atividade em algo central na vida da pessoa,

mas pouco agregou qualitativamente na compreensão. Observa-se que o modelo de Morin,

Tonelli e Pliopas (2007) não utiliza este conceito para definir sentidos do trabalho.

É importante ressaltar que a distinção entre resultados esperados e direitos e deveres.

Apesar da distinção teórica clara, muitos dos temas encontrados na entrevista nos construtos

estão muito próximos ou até repetidos, pois se o profissional acreditava que a obrigação de

recursos humanos era desenvolver as pessoas, este seria um resultado esperado. Estes

construtos também são pouco abordados por Morin, Tonelli e Pliopas (2007).

Os estudos do MOW, como um estudo estatístico, não conseguiram identificar as

diferenças individuais dos sentidos do trabalho (vinculando-se à esfera dos significados). Com

base nos resultados encontrados, estas diferenças são críticas para fazer um bom uso prático

das informações.

5.3 Análise dos sentidos e paralelos com a Psicanálise – Conclusão do

objetivo específico a) exploração dos sentidos do trabalho à luz da

psicanálise

Alguns temas presentes nas entrevistas podem ser diretamente vinculados às observações

de PAGÈS et. al (1987), principalmente com relação aos temas de A1 e A2.

Em geral, há uma referência pela busca do prazer e um consenso sobre o foco em

crescimento de carreira como algo importante para avaliar o sucesso de uma pessoa. Os

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estudos do MOW apud Kubo (2009) colocam que quanto maior a centralidade no trabalho

maior o crescimento na carreira. Este é um dado interessante, pois iria de encontro com a

visão de Ulrich de Recursos Humanos, que deve focar em capabilities, e competências

profissionais e não em tempo despendido no trabalho.

Além da busca pelo prazer, vemos com muita força a questão da entrega de resultados que

agreguem valor em A1 e A2. Este funcionamento parece indicar o que Pagés et al. (1987)

descreveu como introjeção do Ideal de Ego da organização e a Identificação com o Agressor.

Não há menções de uma identificação com o que a organização em si faz, mas há uma

identificação com a organização. Além disso, em A1 há um desejo explícito de ser

reconhecida.

Por outro lado, em A3, que não fez menção a essa busca por entrega de resultados como

fonte de angústia e prazer. E também foi a única que demonstrou uma identificação com a

atividade fim da organização. Não é possível generalizar as conclusões, contudo pode-se

levantar a suposição de que esta identificação alterou a dinâmica de poder na organização,

onde a não é necessário o controle psicológico dos indivíduos, pois estes já agirão

naturalmente em prol de bons resultados. Isso porque a organização que Pagès et al

descreveram é muito semelhante ao funcionamento de empresas multinacionais, onde não há

uma identificação em massa com o produto final.

Por outro lado, A1 faz menção de que conseguiu ser a referência que ela busca ser com os

clientes e realizar-se, o que não condiz com a ideia de Pagés et al. (1987) de que as pessoas

nunca conseguem alcançar as descargas de energia que procuram no trabalho. Ao mesmo

tempo, A2 diz aparenta ter deslocado o seu objeto de descarga para em torno de uma missão

“ajudar as pessoas” e com isso, diz estar conseguindo a satisfação no trabalho por meio do

cumprimento de sua missão. Estas observações não refutam a teoria dos autores, pois os

entrevistados podem desconhecer o grau de satisfação no trabalho ou estarem satisfeitos

dentro da dinâmica organizacional descrita por Pagès et al. estar se enganando sobre sua

autorrealização no trabalho ou o que ela se refere como busca de ser uma referência para os

clientes e ter autonomia para trabalhar e adaptar os modelos corporativos para os clientes

podem significar a busca por poder que a teoria de Pagès traz.

Contudo, o fato das entrevistadas terem construído um sentido no trabalho que não é

focado em poder ou em fazer tarefas alienadamente pode facilitar uma descarga de energia e o

rompimento com o ciclo de controle e busca do prazer perverso. Assim, podemos entender

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que nestes casos não há uma identificação com o ideal de Ego, mas sim a construção de uma

identidade (utilizando o conceito de Bohoslavisky (1977)).

O esquema acima demonstra a compreensão de Bohoslavsky da determinação e influência

do sujeito no meio, onde o comportamento dele é expresso de acordo com um contexto e

construído dialeticamente, sendo que um não determina o outro de forma passiva. Este

conceito pode colocar em cheque a percepção de Pagès (1987) sobre a capacidade da

organização de introjetar sem resistências um Ideal do Ego.

Por fim, devemos concluir sobre o último objetivo do trabalho. No início, havia um

pressuposto de que a sociedade de Recursos Humanos funcionava como uma instituição

influenciando as pessoas a pensarem de formas alinhadas aos pensadores da área. Contudo

essa percepção não se confirmou, visto que os postulados de Ulrich e outros pensadores de

consultoria interna não são observados na prática. Para explicar essa inconsistência, é

necessário conduzir outra pesquisa com este objetivo. Porém, levante-se a suposição de que

ou estes autores falam algo que ainda não foi introjetado pelos profissionais ou as escolhas

destes profissionais, enquanto atuação, privilegiam os sentidos próprios que têm para o

trabalho na área, em detrimento da visão da literatura.

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59

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiramente é importante pontuar que, como uma pesquisa qualitativa, a proposta foi

levantar algumas suposições sobre o funcionamento dos sentidos e significados do trabalho

para os profissionais da área de consultoria interna de recursos humanos, sem a pretensão de

esgotar o tema ou estruturar um modelo testado e válido universalmente.

Dito isso, é possível pontuar algumas questões interessantes extraídas dos resultados. O

descasamento encontrado entre os sentidos do trabalho para dois entrevistados e suas

respectivas organizações levam a pensar o quanto as empresas atuais têm capacidade de

dialogar com os sentidos do trabalho dos profissionais que lá trabalham. Para um leitor

desavisado, é possível que ele pense que os profissionais não têm capacidade de dialogar com

as estratégias da organização. Contudo, há outra possibilidade de eles conseguirem fazer isso,

mas simplesmente não quererem fazê-lo. Ou seja, o que colocamos como os papéis de

recursos humanos simplesmente não fazem sentido para eles e, conscientemente eles agem

conforme o esperado, mas não acreditam, de fato, no que lhes é imposto. A partir daí,

colocamos a questão: qual a possibilidade destes profissionais se comprometerem realmente

com as causas da empresa? Não podemos concluir sobre os impactos deste desalinhamento

sobre performance (nem se são negativos ou positivos), mas podemos ver que o vínculo entre

sentidos do trabalho e estratégias da organização foi quem fez A3 optar em vários momentos

por ficar na organização (a questão foi mais ampla do que uma discussão frequente no

mercado sobre fatores motivadores, ao falar em retenção).

Outra pergunta que se levantou nas conclusões que merece um destaque é: será que o

esquema de introjeção do ideal de Ego colocado por Pagés et al (1987) nas organizações tem

a mesma dinâmica em pessoas com diferentes sentidos para seus trabalhos? O seja, quando as

pessoas valorizam mais a atividade fim da organização e não o poder e outros fatores

motivacionais internos como reconhecimento, poder etc. Será que esta dinâmica não muda?

Quintanilla (1991) coloca o sentido e significado do trabalho como um conceito central,

pois apresenta a possibilidade de vincular diversos conceitos que conversam pouco entre si,

como: stress, cultura, desejos/motivações, valores, identidade, expectativas dos grupos e

sociais etc. Mas para isso, este trabalho chega à mesma conclusão de Quintanilla e Brief:

precisamos melhorar a definição de sentido do trabalho, compreendendo a distinção entre este

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conceito e outros como, desejos, valores, identidade etc. Como uma definição a ser testada, os

sentidos e significados do trabalho aparentam ser uma forma consciente de estruturar esta

gama de fatores internos e externos ao sujeito, que muitas vezes são insconscientes. Mesmo

porque, a discussão de sentidos do trabalho deve guiar para ações sobre o indivíduo, como

propõe de Masi apud Araújo e Sachuk (2007, p. 62) e Quintanilla (1991) e também para ações

sobre a cultura, como propõe Bianchi (2013), Quintanilla (1991) e Ulrich (2005).

Para que seja possível o uso mais eficiente dos sentidos e significados das pessoas, Brief

(1991) coloca que também precisamos de formas mais eficientes de os acessarmos de forma

quantitativa. Este estudo demonstra que é necessário aprimorar os métodos de acessá-los

também qualitativamente.

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61

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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