72
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MEDICINA VETERINÁRIA MARIANA CARNEVALLE AMADIO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS CURITIBA PR 2015

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MEDICINA VETERINÁRIA

MARIANA CARNEVALLE AMADIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS

CURITIBA – PR

2015

Page 2: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MEDICINA VETERINÁRIA

MARIANA CARNEVALLE AMADIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à conclusão do Estágio Pré-profissional Supervisionado. Orientadora: Profa. MSc. Diogo Motta Ferreira

CUTIBA – PR

2015

Page 3: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

Reitoria

Sr. Luiz Guilherme Rangel dos Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitoria Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró- Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Profª. Carmen Luiza da Silva

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

CAMPUS BARIGUI

Rua Sydnei A Rangel Santos 238 - Santo Inácio

CEP 82.010-330 – Curitiba - PR

FONE: (41) 3331-7700

Page 4: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

TERMO DE APROVAÇÃO

MARIANA CARNEVALLE AMADIO

DIROFILARIOSE EM CÃES E GATOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à conclusão do Estágio Pré-profissional Supervisionado.

COMISSÃO EXAMINADORA

Orientador: Prof. MSc. Diogo Motta Ferreira - UTP

_____________________________________

Prof. MSc. Rhea Cassuli Lima Santos - UTP

_____________________________________

Residente Lucas Cavalli - UTP

_____________________________________

Curitiba, 03 de Dezembro de 2015.

Page 5: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

Dedico esta conquista ao meu esposo

amado, João, pela paciência, compreensão,

dedicação, incentivo, pelo exemplo de vida,

carinho e amor incondicional.

Page 6: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana
Page 7: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente participaram da realização do

meu grande sonho. Assim agradeço:

Ao meu companheiro, amigo e grande professor João. Agradeço por ter me

apoiado todos os dias, por ter me cobrado sempre que achou necessário, por ter

confiado a mim todos esses anos de dedicação exclusiva aos estudos e a profissão

tão amada por nós dois. Agradeço por ter tornado esses últimos anos os mais felizes

e realizados de todos os outros. Em você vejo um profissional competente, dedicado

com os pacientes, sempre preocupado com o bem estar de todos e principalmente

no aprendizado daqueles que um dia serão seus colegas de profissão, de você só

tenho um grande orgulho.

Além da ajuda do meu amado marido, esse últimos quatro anos e meio foram

mais felizes devido a companhia dos meus amados bichanos Pipoca e Freddy. Com

vocês aprendi que o é amor sincero, limpo, doce e eterno. Me tornou, sem dúvida,

uma pessoa mais tolerante e carinhosa.

Não posso deixar de agradecer a família que ganhei após meu casamento.

Com a confiança dada a mim, vocês me proporcionaram a realização de um sonho.

Um sonho que só uma família grande, unida e amarosa como a “nossa” é capaz de

realizar. Com vocês aprendi o valor da família unida, do amor incondicional aos

filhos e aos irmãos e sem duvida me mostraram que sempre cabe mais um no

coração de vocês. Muito obrigada por tudo.

Agradeço minha família, meu pai Valdir, a minha mãe Elisabeth, aos meus

irmãos Helena, Filipe, Sofia e Clara e, minha segunda mãe Cibeli. A vocês agradeço

a educação que tenho, ao amor que dou ao próximo, pela dignidade, pela forma com

que me ensinaram a enfrentar as necessidades que a vida nos da e a ter paciência

sempre. Agradeço pelo carinho que tiveram comigo e pela compreensão,

principalmente pela ausência nos momentos mais importantes para nós. Sem vocês

hoje eu não seria nada.

Aos amigos da faculdade, meus grandes companheiros nestes últimos quatro

anos e meio, pelo ensinamento, pelas risadas, brigas, festas e pelo laço eterno que

construímos netes períodos e que este permanecera por toda nossa vida. Agradeço

também aos amigos mais antigos, que de alguma forma acabaram vivenciando, de

Page 8: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

perto ou de longe, essa caminhada, torcendo e vibrando a cada conquista minha.

Vocês são os irmãos que Deus me deixou escolher.

À todos os professores da Faculdade Evangelica do Paraná e pelos

professores da Universidade Tuiuti do Paraná, que, sem exceção, participaram e

contribuíram brilhantemente para a minha formação, mostrando-me o caminho certo

a trilhar. Agradeço também a Universidade Federal do Paraná, pela experiência

maravilhosa que tive, agradeço a oportunidade que tive de crescer como aluna e

como pessoa.

Ao meu orientador Diogo, que me apoiou no momento mais difícil da

graduação.

Aos eternos exemplos profissionais, Dr. João, Dr. Marcelus, Dr. Diogo, Dra.

Amália, Dr. Gustavo, Dr. Marlos, Dra. Kelly, Leandro, Dra. Heloíse, Dr. Vinicius, Dra.

Alessandra e Lorival, serei eternamente grata a vocês pelo que fizeram por mim.

À todos aqui citados e àqueles aos quais os nomes não aparecem, mas que

sabem que fizeram parte desse processo e que muito me ajudaram nessa

caminhada, o meu muito obrigada. Não tenho e nunca terei como agradecê-los

como merecem. Apenas digo que essa conquista é tanto minha quanto de vocês.

Muito obrigada.

Page 9: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

"Nós seres humanos, estamos na

natureza para auxiliar o progresso

dos animais, na mesma proporção

que os anjos estão para nos auxiliar.

Portanto quem chuta ou maltrata um

animal é alguém que não aprendeu a

amar".

Chico Xavier

Page 10: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

RESUMO

A dirofilariose é uma doença de caráter zoonotico. Sua maior incidência se da mais

nas regiões litorâneas de países de clina tropical, assim sendo muito importante seu

estudo diante a saúde publica. A sua transmissão tem auxilio de um nematódeo

hematófago (hospedeiro intermediário) e o principal reservatório dessa doença é o

cão. Seu tratamento no cão é baseado nos sinais clínicos e na manutenção do bem

estar na vida do animal.

Palavras-chave: dirofilariose, verme do coração, Dirofilaria Immintis

Page 11: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

ABSTRACT

The heartworm is a zoonotic disease. Its highest incidence is the most in the coastal

regions of tropical cline of countries, so it is very important its study on public health.

The transmission has aid of a blood-sucking nematode (intermediate host) and the

main reservoir of the disease is the dog. The treatment in the dog is based on clinical

signs and maintaining wellbeing of the animal's life.

Keywords: heartworm disease, heartworm, Dirofilaria immitis.

Page 12: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARANÁ .............................................................................................................................. 18

FIGURA 2 RECEPÇÃO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARANÁ .............................................................................................................................. 19

FIGURA 3 BLOCO CIRURGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARANÁ ...................................................................................................... 20

FIGURA 4 INTERNAMENTO GERAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARANÁ ...................................................................................................... 21

FIGURA 5 INTERNAMNETO PARA FELINOS DOMÉSTICOS DO HOSPITAL

VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ............................................ 21

FIGURA 6 FARMÁCIA E COZINHA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARANÁ ...................................................................................................... 22

FIGURA 7 SETOR DE ODONTOLOGIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARANÁ ...................................................................................................... 22

GRÁFICO 1 PERCENTUTAL DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE

CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ........................................................................... 23

GRÁFICO 2 PERCENTUTAL DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE

CARDIOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL

VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ............................................ 24

FIGURA 8 CICLO BIOLÓGICO DA DIROFILARIA .............................................................. 28

FIGURA 9 ILUSTRAÇÃO DOS TUBOS DE MALPIGHI EM MOSQUITO ............................. 29

FIGURA 10 ILUSTRAÇÃO DE ESFREGAÇO SANGUÍNEO COM MICROFILARIA ............ 36

FIGURA 11 NÓDULO CUTÂNEO ........................................................................................ 46

FIGURA 12 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA DA PACIENTE – INSUFICIÊNCIA DE

VALVULA TRICUSPIDE ...................................................................................................... 47

FIGURA 13 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA DA PACIENTE – ESPESSURA DE

VALVULA MITRAL E TRICUSPIDE ..................................................................................... 48

FIGURA 14 IMAGEM DE RADIOGRAFIA DE TÓRAX ......................................................... 49

FIGURA 15 IMAGEM DE NECROPSIA - RIM...................................................................... 54

FIGURA 16 IMAGEM DE NECROPSIA – NÓDULO CUTÂNEO .......................................... 54

FIGURA 17 IMAGEM DE ECOCARDIOGRAFIA – REPRESENTAÇÃO DA

DIROFILARIOSE. ........................................................................................................... .....56

Page 13: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 CASUÍSTICA DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE

CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ .............................................................. 24

TABELA 2 CASUÍSTICA DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS NO SETOR DE

CARDIOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL

VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ................................... 25

TABELA 3 ERITROGRAMA .............................................................................................. 61

TABELA 4 LEUCOGRAMA ............................................................................................... 61

TABELA 5 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIMATIVA DE PLAQUETAS 61

TABELA 6 BIOQUIMICA SÉRICA .................................................................................... 62

TABELA 7 URINÁLISE....................................................................................................... 62

TABELA 8 URINÁLISE ........................................................................................................ 63

TABELA 9 EXAME DE ELETROCARDIOGRAFIA ......................................................... 63

TABELA 10 EXAME DE ECOCARDIOGRAFIA .............................................................. 64

TABELA 11 ERITROGRAMA ............................................................................................ 65

TABELA 12 LEUCOGRAMA ............................................................................................. 65

TABELA 13 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIVAMATIVA DE

PLAQUETAS ..................................................................................................................... 66

TABELA 14 EXAMES DE BIOQUÍMICA SÉRICA ........................................................... 66

TABELA 15 ERITROGRAMA ............................................................................................ 66

TABELA 16 LEUCOGRAMA ............................................................................................. 67

TABELA 17 DOSAGEM DE PROTEÍNAS TOTAIS E ESTIVAMATIVA DE

PLAQUETAS ................................................................................................................ .....67

TABELA 18 BIOQUÍMICA SÉRICA .................................................................................. 68

TABELA 19 CASUÍSTICA CLÍNICA MÉDICA ...................................................................... 69

TABELA 20 CASUÍSTICA CARDIOLOGIA ..................................................................... .....72

Page 14: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

Lista de Abreviaturas e Siglas

% - Porcentagem

< - Maior que

> - Menor que

°C - Grau Celsius

µm - Micromero

AD - Átrio Direito

Ae - Aedes spp.

AE - Átrio Esquerdo

ALT/TGP - Alanina aminotransferase

AP - Arteria Pulmonar

BID - A cada 12 horas (latim)

bpm - Batimento por Minuto

CAAF - Citologia Aspirativa por Agulha Fina

CID - Coagulação Intravenosa Disseminada

cm - Centimetro

Cx - Culex spp.

DCan - Dirofilariose Canina

DI - Dirofilariose immitis

Di 22 - Proteína Espeficica

DR - Dirofilariose repens

FA - Fosfatase Alcalina

FDA - United States Food and Drug Administration

Felis Catus - Dirofilariose Felina

HD - Hospedeiro Definitivo

HI - Hospedeiro Intermediário

I - Um em Número Romano

IL 10 - Interleucinas Tipo 10

IM - Intramuscular

IV - Intravenosa

IV - Cinco em Número Romano

Kg - Kilograma

Page 15: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

L1 - Estágio Larval 1

L2 - Estágio Larval 2

L3 - Estágio Larval 3

L4 - Estágio Larval 4

L5 - Estágio Larval 5

MF - Microfilaria

mg - Miligrama

ml - Militro

mmHg - Milímetro de Mercúrio

mpm - Movimento por Minuto

NaCl -Cloreto de Sódio

NQ - Normoquesia

PU - Poliúria

RM340 - Dicloridrato de Melarsomina

SC - Subcutâneo

SRD - Sem Raça Definida

TID - A cada 8 horas (latim)

TPC - Tempo de Preenchimeto Capilar

UFPR - Universidade Federal do Paraná

VD - Ventrículo Direito

VE - Ventrículo Esquerdo

VI - Seis em Número Romano

VO - Via Oral

Page 16: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

SUMÁRIO

1 RELAÇÃO DE ESTAGIO PRÉ-PROFISSIONAL SUPERVISIONADO .................. 18

2 LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ........................................ 18

3 ESTATÍSTICA DOS CASOS ACOMPANHADOS ............................................... 23

4 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 26

5 DIROFILARIOSE .................................................................................................... 27

6 PREVALÊNCIA ..................................................................................................... 29

7 ETIOLOGIA ........................................................................................................... 30

8 HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO .......................................................................... 31

9 HOSPEDEIRO DEFINITIVO .................................................................................. 32

10 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................. 33

11 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ............................................................................. 34

12 DIAGNÓSTICO .................................................................................................... 36

13 TRATAMENTO ..................................................................................................... 40

14 PREVENÇÃO ....................................................................................................... 42

15 RELATO DE CASO CLÍNICO .............................................................................. 45

16 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 53

17 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 57

18 REFERÊNCIA ...................................................................................................... 58

ANEXO A .................................................................................................................. 61

ANEXO B .................................................................................................................. 62

ANEXO C .................................................................................................................. 62

ANEXO D .................................................................................................................. 63

ANEXO E .................................................................................................................. 64

ANEXO F................................................................................................................... 65

ANEXO G .................................................................................................................. 66

ANEXO H .................................................................................................................. 66

ANEXO I .................................................................................................................... 68

ANEXO J ................................................................................................................... 69

Page 17: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

18

1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO PRÉ-PROFISSIONAL SUPERVISIONADO

IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO CONCEDENTE DE ESTÁGIO

LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio pré-profissional supervisionado foi realizado em apenas um local,

porem em áreas distintas. Durante o período de 01 a 31 de Julho de 2015, na

área de Clinica Medica em Pequenos Animais. E no período de 01 de Agosto a

15 de Setembro, na área de Cardiologia em Pequenos Animais. O estágio

curricular foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal do

Paraná, no campus do Agrarias (UFPR Curitiba-PR), totalizando 400 horas.

2. LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

O Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus

do agrarias (Figura 1) localizado na Rua dos Funcionários, n° 1540, Juveve, na

cidade de Curitiba – PR. O atendimento ao público ocorre por ordem de

chegada (senha – pronto entendimento – emergências) e atendimentos

agendados previamente, de segunda a sexta-feira, das 08:00 às 12:00 horas e

das 14:00 às 18:00 horas. Aos sábados e domingos não ocorre atendimentos,

somente com funcionamento interno.

Figura 1 – Fachada do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná – campus

Agrarias

Page 18: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

19

Após o cadastramento na recepção do hospital, os animais em primeira

consulta passam obrigatoriamente pela avaliação do serviço de triagem, sendo

determinado onde o animal será consultado. Os setores de atendimento do

hospital veterinário englobam: clínica médica de animais de companhia (com

serviços especializados de oftalmologia, oncologia, odontologia e cardiologia).

Esses ambulatórios são divididos com a clínica médica de pequenos animais e

animais selvagens (figura 2). Todos os ambulatórios contém armários com

material necessário para atendimentos gerais. Também há mesas, cadeiras e

mesas para procedimentos de inox.

Figura 2 – Recepção e ambulatórios do hospital Veterinário UFPR – campus Agrarias

Na figura A esta a recepção do hospital veterinário. Na figura B esta os ambulatório 1. Na figura C o ambulatório 2. Na figura D o ambulatório 3 e na figura E ambulatório 4.

Existe também o bloco cirúrgico, no qual há uma sala para a realização

das MPAs e os pacientes esperam a cirurgia. Há também um internamento

exclusivo para estes pacientes, onde existe gaiolas com colchões, cobertores,

potes para alimentação e água individuais, além de aquecedores para dias

mais frios (figura 3). Na Figura A esta representada a porta de entrada do Bloco

Cirúrgico. Na Figura B esta o corredor onde ficam armazenados os aparelhos

de anestesia, cestos de roupas sujas e armários para armazenamento. Na

Page 19: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

20

Figura C esta a sala de MPA, onde há um pequeno internamento para pré e

pós cirúrgicos. Nas Figuras D e E esta demonstrado o internamento cirúrgico.

Figura 3 – Bloco Cirúrgico, internamento cirúrgico e sala de MPA.

No hospital veterinário pode se encontrar um laboratório clinico, um

outro laboratório de anatomia patológica, além de toda área de clinica medica e

cirúrgica de animais de grande porte e produção. Nas reconsultas, o animal é

encaminhado diretamente ao local onde foi atendido previamente, podendo ser

encaminhado para os demais setores se for necessário. O estágio foi realizado

no segmento de clínica médica de animais de companhia, respeitando um

sistema de rodízio entre o atendimento clínico nos consultórios, serviço de

triagem, emergência, internamento e cardiologia.

Nas instalações de internamento estão divididos entre internamento

geral, gatil, unidade de tratamento intensivo (UTI), isolamento, internamento de

animais selvagens (figura 4 e 5). Na figura a baixo esta esquematizado o

internamento geral do Hospital Veterinário da UFPR. Na figura A, esta

demonstrado as gaiolas onde os pacientes se mantem internados e nelas

existe colchões e potes para alimentação individual. Na figura B, esta a

bancada onde se mantem todo o material a ser utilizado no dia a dia e

medicações a serem administradas. Além disso, nos armários estão

organizados focinheiras, coleiras, cobertores, jornais, fluidos, e todo material a

ser utilizado no dia a dia (reposição). Na figura C, esta demonstrado o quadro

Page 20: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

21

onde é anotado toda a rotina do hospital. Na figura 5 esta o Gatil onde tem a

mesma distribuição que o internamento geral.

Figura 4 – Internamento Geral do Hospital Veterinário da UFPR – campus Agrarias

Figura 5 – Gatil do Hospital Veterinário da UFPR – campus Agrarias

Existe uma sala de procedimentos, farmácia, cozinha (figura 6) e sala de

residentes. Os setores de diagnóstico por imagem, laboratório clínico, setor de

anatomia patológica, setor de animais de grande porte localizam-se separados,

em prédios comuns ao Hospital Veterinário. Na figura A e B está a sala de

coleta, onde estão todos os materias necessários para coletar sangue, canular

veias, realizar curativos, entre outros procedimentos. Na figura C esta a

Page 21: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

22

farmácia, todo medicamento retirado dela deve ser anotado e assinado nestas

pranchetas na porta, não é autorizado à entrada de nenhuma pessoa, toda

medicação é entregue por um funcionário responsável por ela.

Figura 6 – Sala de Coleta e Farmácia do Hospital Veterinário da UFPR – campus Agrarias

Outro setor externo a área comum do hospital é o setor cirúrgico odontológico,

no qual são realizados as cirurgias odontológicas diárias (figura 7).

Figura7 – Setor de Odontologia do Hospital Veterinário da UFPR – campus Agrarias

Na figura acima esta o setor de odontologia.

Page 22: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

23

3. ESTATÍSTICA DOS CASOS ACOMPANHADOS

Durante o período de estágio foram acompanhados 255 casos no

Hospital Veterinário da UFPR Curitiba. Essa casuística foi obtida

acompanhando em dois setores distintos, o setor de clinica medica e o setor de

cardiologia em pequenos animais. No setor da clinica medica foram

acompanhados 203 casos e no setor de cardiologia 52 casos. Destes, a grande

maioria eram cães.

O percentual dos casos acompanhados de acordo com o sistema

acometido na área de clinica medica (UFPR) e departamento de cardiologia

(UFPR) estão demonstrados no gráfico 1 e gráfico 2, respectivamente.

Gráfico 1 – Quantificação de casos clínicos acompanhados no setor de Clínica Médica de Animais de Companhia da Universidade Federal do Paraná, campus

Agrarias durante o período de estágio curricular.

0

5

10

15

20

25

30

Série1

Page 23: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

24

Gráfico 2 - Percentual de casos clínicos acompanhados no setor de Cardiologia Veterinária de Animais de Companhia da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio

curricular.

Nas tabelas 1 e 2 estão dispostos, respectivamente, em números

absolutos os casos de acordo com o sistema acometido na UFPR (ANEXO J) .

Tabela 1 – Casuística das doenças acompanhadas no setor de Clínica Médica no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, campus Agrarias durante o período de estágio

curricular.

Sistemas Número de Casos

Pele e Anexos Tegumentares 40

Gastroenterologia 12

Endocrinologia 11

Hepatologia 3

Neuromuscular 3

Neoplasia 18

Doenças Infecciosas 21

Neurologia 12

Cardiologia e Angiologia 12

0

5

10

15

20

25

30

Série1

Page 24: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

25

Ortopedia 1

Check-up 3

Sistema geniturinário 15

Pneumologia 6

Imunização 22

Oftalmologia 1

Hérnias 4

Traumatologia 6

Eutanásia 3

Procedimentos Ambulatoriais 11

Tabela 2 – Casuística das doenças acompanhadas no setor de Cardiologia do Hospital

Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio curricular.

Sistemas Número de casos

Sem Alterações em Ecocardio 7

Doenças Valvares 29

Hipertensão Pulmonar 2

Neoplasia de Tórax – Compressão Cardíaca 1

Tumor em Base Cardíaca 1

Fibrilação Atrial. 4

Cardiomiopatia dilatada 2

Cardiomiopatia Hipertrófica 3

Comunicação Interventricular 1

Estenose Subaortica 2

Dirofilariose 1

Page 25: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

26

4. INTRODUÇÃO

Com o crescimento do número de cães e gatos, principalmente nos

grandes centros, vem se estreitando o contato entre animal de estimação e o

homem. Assim aumenta a preocupação com a exposição humana e animal a

agentes zoonoticos (RIBEIRO, 2004).

A dirofilariose é uma doença emergente em todo o mundo, de caráter

crônico e é causado por nematódeos do gênero Dirofilaria. A Dirofilaria immitis

(DI) é a espécie mais amplamente conhecida e pesquisada (SILVA &

LANGONI, 2009), (SOTO, 2000), (GUILARTE, 2011).

Sua apresentação nos cães da se com lesões no endotélio vascular e

obstruções causadas por vermes adultos, os quais são mais encontrados nas

artérias pulmonares (AP) e átrio direito (AD) do coração. De forma menos

comum a DI pode apresentar - se em nódulos cutâneos ou pulmonares,

podendo ser confundidos com neoplasia (AHID & OLIVEIRA, 1999), (SERRÃO,

et al; 2000), (BRITO, et al; 2001), (SILVA e LANGONI, 2009), (LEITE, et al,

2007).

Nos cães, a infecção por DI pode resultar em doença e/ou morte. Além

disso, existe o risco de transmissão ao homem, isso por se tratar de uma

antropozoonose endêmica no mundo (BRITO, et al; 2001).

O diagnóstico da filariose tem sido geralmente baseado no encontro de

microfilaria (MF) no sangue. As técnicas de detecção de MF incluem gotas

espessas, testes de concentração como a técnica de Knott e filtração em

membrana de policarbonato. Técnicas de imunodiagnóstico foram

desenvolvidas com o objetivo de detectar as formas ocultas da infecção.

Recentemente, o uso da técnica molecular utilizando a reação em cadeia da

polimerase (PCR), foi proposto como método espécie-específico de diagnóstico

da dirofilariose canina (BRITO, et al; 2001), (SILVA e LANGONI, 2009),

(RIBEIRO, 2004), (LARSSON, et al, 1992), (GUILARTE, 2011).

Page 26: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

27

5. DIROFILARIOSE

Com um maior contato entre o homem e cães e gatos vem aumentando

também a preocupação com a sua exposição a agentes zoonóticos, o que

podem afetar tanto o homem quanto outros animais (RIBEIRO, 2004).

As helmintoses constituem um grave problema na clínica de pequenos

animais, isto pela alta prevalência e por serem, na maioria nelas, zoonoses

(RIBEIRO, 2004). A DI foi vista pela primeira vez em 1626, na Itália. O parasita

foi encontrado no coração direito de um cão de caça. Já no Brasil o primeiro

caso foi encontrado num gato domestico (Felis catus), em 1921. (ROSA, 2009),

(GUILARTE, 2011).

A distribuição dos helmintos da se mais em locais onde há mais pobreza

e ambientes onde a higiene é precária ou inexistente. Isso devido o

desenvolvimento do vetor, tendo em vista que o Aedes spp. (Ae) se desenvolve

em água parada e o Culex spp. em matéria orgânica. Desta forma contribuem

com maior risco a infecção humana por esses agentes (RIBEIRO, 2004).

A dirofilariose, também chamada “doença do verme do coração”, é uma

antropozoonose emergente de cães, de caráter crônico, causada por

nematódeos do gênero Dirofilaria, onde Dirofilaria immintes é a espécie mais

amplamente conhecida (SILVA e LANGONI, 2009), (LABARTHE, et al, 1998).

DI é um nematódeo parasita pertencente à subfamília Filarioidea e a

família Onchocercidae. Este agente é há muito tempo o principal causador de

dirofilariose canina (DCan).

No ser humano, a transmissão ocorre de caráter acidental. É

caracterizado por comprometimento do parênquima pulmonar ou nódulos

subcutâneos, porém, nos cães a DI manifesta-se de forma diferente. Nos cães

a DI normalmente se manifesta como lesões no endotélio vascular e

obstruções causadas pelo parasita adulto, sendo encontrado principalmente na

luz das artérias pulmonares (AP) e o ventrículo direito (VD) do coração. Assim

como nos humanos, os cães podem apresentar nódulos cutâneos e

pulmonares, porem muito mais raro. Nos gatos a infecção é menos comum isso

pelo fato de serem mais resistentes ao parasita (AHID; OLIVEIRA; SARAIVA,

1999), (AHID e OLIVEIRA; 1999), (SERRÃO et al; 2000), (BRITO et al; 2001),

Page 27: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

28

(SILVA e LANGONI 2009), (RIBEIRO, 2004), (LEITE et al, 2007), (GUILARTE,

2011).

O ciclo biológico da dirofilariose se inicia com o auxilio de um hospedeiro

intermediário (HI), o mosquito. O vetor ao se alimentar de um hospedeiro

definitivo (HD) passam a estar contaminados. Dependendo do clima, as MF

podem se desenvolver entre 2 e 3 dias nos túbulos de Malpighi (figura 9).

Dentro de 7 a 20 dias, as larvas (L3) já desenvolvidas migram para o lúmen

dos túbulos prontos para serem distribuídos numa próxima alimentação. Após a

transmissão, as larvas migrarão em direção ao coração e as AP, isso entre 70

a 100 dias após a infestação do invertebrado. Após 180 a 200 dias após a

infecção do HD as larvas (L5) chegam à forma adulta e passam a liberar MF na

corrente sanguínea, contaminando assim um outro HI. As fêmeas adultas (L5)

são vivíparas, as MF nascidas dessas fêmeas podem permanecer na corrente

sanguínea por até 2 anos e estas podem ser transmitidas pela via

transplacentária (ciclo biológico esquematizado na figura 8 à baixo) (AHID e

OLIVEIRA, 1999), (SERRÃO et al; 2000), (SILVA e LANGONI, 2009),

(RIBEIRO, 2004), (LABARTHE, et al, 1998), (GUILARTE, 2011), (NELSON e

COUTO, 2001).

Figura 8. Esquema onde mostra todo o ciclo biológico larval da Dirofilariose.

Page 28: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

29

Figura 9: Ilustração dos tubos de Malpighi em mosquito.

Fonte: Moraes 2015

6. PREVALÊNCIA

No Brasil a maior prevalência DI esta relatada nas áreas costeiras,

podendo estar presente em áreas distantes do litoral. Além disso, a frequência

de viagens a locais endêmicos e a condições precárias de higiene, tais como,

locais inapropriados para lixo, esgotos a céu aberto e acumulo de água, devem

ser considerados um fator de risco (SILVA e LANGONI, 2009).

A prevalência da doença canina, no Brasil, apresentou uma redução de

7,9% em 1988 e de 2% em 2001. Porem, no ano 2000 nos estados brasileiros

a prevalência pode se quantificar em: Maranhão (46%), São Paulo (14,2%), Rio

de Janeiro (13,68%) e Minas Gerais (9,4%). (BRITO et al, 2001), (RIBEIRO,

2004). Já em países como Chile e Colômbia houve um aumento na prevalência

nesses últimos anos, com aumentos de 3,5% para 5,1% e 4,8% para 8,4%

respectivamente (SILVA e LANGONI, 2009).

Em 2005, a prevalência nacional em cães revelou uma média de 10,2%

de animais microfilarêmicos, enquanto 9,1% apresentavam antígenos

circulantes. Nas regiões Nordeste, sudeste, centro- oeste e sul, as prevalências

médias de animais com MF circulantes foram de 10,6% 17,2%, 5,8% e 12,0%,

respectivamente, demonstrando a localização mais litorânea da infecção. Já

sorologicamente as medias foram de 13,9%, 13,5%, 6,9% e 2,0%,

respectivamente (SILVA e LANGONI, 2009).

Nos gatos a infecção é menos comum, sendo a maior parte das

infecções amicrofilarêmica, tendo baixa carga parasitaria e geralmente é

Page 29: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

30

assintomática. Tem um baixo desenvolvimento de formas adultas (0 a 25%),

quando comparado aos cães (40 a 90%). No ser humano o parasita não se

completa ate a fase adulta, mantendo se em L4 em nódulos cutâneos e

pulmonares (SILVA e LANGONI 2009), (LABARTHE, et al, 1998).

A DI vem sendo encontrada no Sul da Europa à América do Sul, em

região tropicais, subtropicais e em determinadas áreas temperadas. SZÉNÁSI

e PANTCHEV, complementa que a espécie mais encontrada na Europa é a

Dirofilaria repens (DR) diferente na América a DI (AHID, OLIVEIRA, SARAIVA,

1999), (SZÉNÁSI, et al, 2008), (PANTCHEV, et al, 2009).

Em estudos realizados em 2001 - 2002 na cidade de Guaratuba litoral do

estado do Paraná, de 213 cães examinados somente 2 apresentou a doença, o

que na época foi dado como baixo índice zoonotico (LEITE, et al, 2007).

7. ETIOLOGIA:

As dirofilarias são nematódeos pertencentes à superfamília Filaroidea,

família Filariidae, sub família Dirofilarinae, gênero dirofilaria. Este agente é há

muito tempo é o principal causador de Dirofilariose canina (DCan). A DI é um

parasita do sistema circulatório (coração e grandes vasos), sistema linfático,

tecido subcutâneo, cavidade peritoneal ou mesentério nos cães, canídeos

silvestres e, menos frequente em gatos (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO,

2004).

Os vermes adultos de DI são filiformes e encontram – se, sobretudo, no

VD e AP dos seus hospedeiros. Eles se alimentam de plasma e podem viver

vários anos. Apresentam uma abertura oral terminal sem lábios e rodeada por

duas papilas laterais e seis papilas mediais pequenas (ROSA, 2009).

Nos cães, os parasitas machos adultos apresentam entre 120 a 200mm

de comprimento e 0,7 a 0,9mm de diâmentro, já as fêmeas medem entre 250 a

310mm de comprimento e 1 a 1,3mm de diâmetro, são vivíparas. As

microfilarias mede em media 298µm de comprimento e 7,3µm de largura

epossuem a extremidade anterior ovalada e a posterior reta (SILVA &

LANGONI, 2009). Já nos gatos, apresentam tamanhos menores, as fêmeas

adultas medem em média 220 mm e os machos 150 mm de comprimento. Os

Page 30: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

31

adultos possuem cordões laterais largos, um intestino pouco volumoso e uma

cutícula lisa, espessa e com múltiplas camadas (ROSA, 2009).

O macho apresenta a extremidade caudal em espiral com duas asas

laterais curtas. A fase ventral apresenta as papilas pré anal, perianal e pós

anal. As espículas são alargadas na extremidade proximal e afiladas na

extremidade distal, sendo ligeiramente assimétricas. Não possuem

gubernáculo. Apresentam uma cutícula lisa, sendo que as pregas e as

estriações estão apenas presentes na face ventral da ultima espiral da cauda

do macho. As fêmeas apresentam a terminação caudal obtusa, o ânus é

subterminal e a abertura vulvar localiza – se posterior à junção do esófago com

intestino. Elas apresentam um par de úteros. São ovovivíparas libertando as

larvas (MF) já descapsuladas na corrente sanguínea. As MF medem, em

média, 315 μm comprimento e 6 a 7 de largura (ROSA, 2009). A extremidade

cefálica é afundada e a cauda é reta e pontiaguda. As MF chegam a viver 18

meses na corrente sanguínea nos cães (ROSA, 2009).

8. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO

Os vetores da DI devem sobreviver à infecção e viver tempo suficiente

que permita o desenvolvimento das dirofilárias. Os fatores que afetam a

transmissão de DI incluem a densidade da população, as espécies de vetores,

a fecundidade dos mosquitos, a exposição a predadores e o comportamento do

inseto (ROSA, 2009), (LABARTHE, et al, 1998).

As larvas em desenvolvimento destroem as células dos túbulos de

Malpighi, desregulando a excreção de água dos mosquitos. Com um número

pequeno de larvas pode não afetar muito o processo de excreção, porem

grandes cargas parasitarias aumentam a possibilidade de destruição do

sistema excretor, resultando na morte do mosquito. Algumas espécies de

mosquitos possuem armaduras pouco eficiente onde lesam as membranas das

MF. Mesmo com esta armaduras os mosquitos podem ser contaminados

mesmo assim. Um mosquito pode transmitir entre 10 a 13 larvas L3 (ROSA,

2009), (LABARTHE, et al, 1998).

Page 31: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

32

As diferentes espécies de mosquitos apresentam comportamentos

alimentares distintos, com picos de atividade em momentos específicos do dia,

sendo mais ou menos exo/endofágicos e endo/exofílicos. Foi documentado que

algumas espécies de mosquitos de alimentam por espécies com maior

abundancia (como o mosquito Culex - Cx) e outras espécies demonstram

preferencia por espécies especificas (como o Aedes - Ae) (ROSA, 2009),

(LABARTHE, et al, 1998).

A idade da fêmea e o período de privação de sangue influenciam a

postura de ovos. Sabe se que as fêmeas que necessitam de mais de um

repasto sanguíneo são epidemiologicamente mais importantes quando

comprados com os que necessitam de apenas um repasto (ROSA, 2009).

Sabe – se que o mosquito é atraído por feromonas. Especula – se que

como o cão repousa nas horas noturnas, ao passo que os gatos encontram

mais ativos neste período, assim quando os cães permanecem acordados ou

ativos cruzam com os horários no qual o mosquito se alimenta. Estudos

demonstram que quando o vetor Ae encontram – se frente a frente a um cão e

um gato, são mais atraídos pelos cães, não tirando a importância do gato na

transmissão (ROSA, 2009).

9. HOSPEDEIRO DEFINITIVO

As L3 penetram nos tecidos conjuntivos. Algumas morrem nos tecidos

subcutâneos onde são incorporadas em granulomas pequenos e clinicamente

inaparentes. Depois as L3 migram até aos músculos, transformam – se em L4

e posterior em L5 (migração dura cerca de 60 a 90 dias).

A fêmea é relativamente maior que o macho, sendo estas vivíparas.

Podem viver por vários anos no animal, já a MF sobrevive por no máximo dois

anos (SILVA e LANGONI, 2009) (LABARTHE, et al, 1998).

No inicio do quinto estagio larval entram nas veias periféricas, alcançam

o coração e o VD de onde são enviadas para os ramos distais das AP. Se uma

larva entrar numa artéria, não alcançara o lado venoso da circulação e

desenvolver – se – à no ramo arterial. Já foram encontradas dirofilárias na

Page 32: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

33

aorta, nas artérias femorais, ilíacas, esplênicas, renais, hepáticas, carótidas e

cerebrais dos cães.

Após a chegada de L5 nas AP distais caudais, dentre de dois a três

meses de desenvolvem a fase adulta, se tornando sexualmente maduros,

migrando em direção ao VD (ROSA, 2009).

10. EPIDEMIOLOGIA

O cão é o principal hospedeiro definitivo da DI, menos comum estão os

gatos e raramente o ser humano, outros primatas e também já foi citado em

cavalos. Os mosquitos Culex pipiens (Cx), Cx. quinquefasciatus, Aedes aegypti

(Ae), Ae. albopictus, Anopheles maculipenis e Coquillettidia richiardii estão

descritos como os principais hospedeiros intermediários (SILVA e LANGONI

2009), (LEITE, et al, 2007).

A maioria dos cães acometidos têm entre 4 a 8 anos de idade, porem

também pode ser encontrado em animais com menos de 1 ano. Os machos

são mais acometidos que as fêmeas, numa proporção de 2 a 4 vezes maior. E

um outro fator diferencial é o porte do animal, cães de grande porte são mais

susceptíveis que cães pequenos, isso pelo fato deste permanecerem mais no

ambiente externo das residências (NELSON e COUTO, 2001).

Na dirofilariose, ocorre tanto a resposta imune inata quanto a adquirida,

sendo que o desenvolvimento da resposta adquirida depende muito do HD ou

da carga parasitaria. As manifestações clínicas dependem do tipo de resposta

imune que foi estimulada pelo parasita. (SILVA e LANGONI, 2009).

No cão, os neutrófilos se acumulam nos rins e nas paredes das artérias

pulmonares durante a infecção. Há formação de reação granulonatosa, quando

há presença do parasita nos ramos arteriais pulmonares. Além disso, algumas

moléculas secretadas pelo agente parecem estimular a produção de

interleucinas do tipo 10 (IL – 10) contribuindo para a sobrevivência do parasita,

beneficiando o hospedeiro pela inibição da patologia imunomediada. Quando o

parasita morre, ocorre uma reação inflamatória exacerbada com formação de

granuloma podendo obstruir as AP (SILVA e LANGONI, 2009).

DI se desenvolve na AP e VD (de forma secundária) do cão e quase

sempre em forma de um enovelado que compreende inúmeros parasitas. Em

Page 33: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

34

infecções mais intensas e duradouras, as filarias vivas ou mortas causam

estenose dos vasos pulmonares e dificultam o fluxo sanguíneo, ocorrendo um

aumento na pressão arterial pulmonar e lesões vasculares. Sendo que de

forma crônica pode provocar falha do VD (SILVA e LANGONI, 2009), (NELSON

e COUTO; 2001).

11. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Nenhum protocolo para o diagnostico foi desenvolvido para a DI, assim

não há nenhum sinal clínico patognomonico da doença. Porem a doença vem

sendo relacionada à eosinofilia e/ou basofilia (LARSSON, et al, 1992).

Os sinais clínicos no cão podem estar ausentes ou podem se manifestar

em episódios de tosse, intolerância ao exercício, fadiga, hemoptise, dispnéia,

ruídos cardíacos e pulmonares, hepatomegalia, síncope, tosse crônica e/ou

perda de vitalidade e sinais clínicos de insuficiência cardíaca direita. Nas

formas mais graves os sinais clínicos são manifestações de insuficiência

cardíaca direita, como ascite, congestão aguda de fígado e rins,

hemoglobinúria e morte em 24 a 72 horas podem ocorrer (SILVA e LANGONI,

2009), (NELSON e COUTO, 2001).

A severidade é definida pelo número de parasitas, mas também

exacerbada pelo estresse de alto fluxo sanguíneo relacionado ao exercício. A

descrição clássica de síndrome pulmonar é induzida somente em cães com um

padrão de exercício que força uma hipertrofia ventricular direita originada por

uma saída cardíaca aumentada e resistência pulmonar. Durante a

microfilaremia, é desenvolvida uma resposta imune baixa que transiente contra

a L3 (SILVA e LANGONI, 2009).

Assim, nos cães a patogenia esta ligada ao parasita adulto e onde este

se localiza. Além da localização, outros dados importantes são a excreção e

secreção destes parasitas.

O quadro clínico é classificado em três classes:

Classe I – subclínico - relacionada à chegada das larvas adultas

(L5) nas AP, com pequenas alterações na parede e no

Page 34: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

35

parênquima pulmonar. Normalmente o animal neste estagio é

assintomático.

Classe II – doença moderada – caracterizada pelo aumento das

AP, opacidade pulmonar difusa, aumento da câmara cardíaca

direita e anemia.

Classe III – doença grave – pode estar associada a complicações

após o tratamento adulticida. A forma mais grave dessa

complicação é a síndrome da veia cava caudal, que esta

relacionada com cerca de 100 parasitas adultos presentes na veia

cava caudal podendo levar o animal à óbito em poucas horas

(RIBEIRO, 2004).

A resposta humoral nos gatos, não é somente direcionada contra o

parasita, mas também contra a Wolbachia, que pode ser eliminada

massivamente após a morte da larva e ou do parasita adulto. Porém, os felinos

podem apresentar um quadro pulmonar agudo severo com a chegada das

larvas (L5) nas AP, mimetizando a asma brônquica. Após a morte do parasita

pode ocorrer um processo inflamatório intenso do parênquima pulmonar

(Síndrome do Sofrimento Respiratório Agudo) podendo levar à morte (SILVA e

LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004).

Na fase aguda os principais sinais clínicos são dispneia, convulsões,

diarreia, vômito, taquicardia, sincope e raramente morte. Já na fase crônica,

observa se tosse, vômito, dispnéia, letargia, anorexia, perda de peso e quilo-

tórax. Quando os parasitas atingem seu estádio adulto os sinais regridem.

(SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004).

No homem pode ocorrer tosse, hemoptiase, dor na garganta, sibilo,

calafrio, febre, dor torácica, dispneia dependente de esforço, sudorese, fadiga,

sincope, emagrecimento, eosinofilia e múltiplos nódulos pulmonares bilaterais

com derrame pleural. Também pode ocorrer do hospedeiro manter se

assintomático (SILVA e LANGONI, 2009).

Page 35: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

36

12. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da filariose tem sido geralmente baseado no encontro de

MF no sangue periférico (figura 19). As técnicas de detecção de MF, testes de

concentração como a técnica de Knott e filtração em membrana de

policarbonato. Entretanto LARSSON e colaboradores, 1992, revela uma

prevalência de 10 a 67% de casos de DI oculta em amostras de sangue. Essa

ausência pode ser justificada por infecções pré patentes, infecções por um

único sexo larval, a idade do parasita, ação de drogas podendo mascarar a

doença e resposta imunomediadas (BRITO, et al; 2001), (RIBEIRO, 2004),

(LARSSON, et al, 1992), (GUILARTE, 2011).

Esta condição de ausência de MF periférica constitui num grande

problema diagnóstico, assim técnicas de imuno-diagnóstico foram

desenvolvidas com o objetivo de detectar as formas ocultas da infecção.

Recentemente, o uso da técnica molecular utilizando a reação em cadeia da

polimerase (PCR), foi proposto como método espécie-específico de diagnóstico

da dirofilariose canina, porem o uso do ELISA vem sendo utilizado para o

mesmo fim (BRITO, et al; 2001), (RIBEIRO, 2004), (LARSSON, et al, 1992),

(NELSON e COUTO, 2001).

Os testes antígenos circulantes específicos é eficaz somente após 6 a 7

meses e meio a infecção, por esse motivo estes testes não são recomendados

em animais menores de 6 meses de idade (NELSON e COUTO, 2001).

Figura 19: ilustração de um esfregaço sanguíneo com uma microfilaria.

Fonte: GOMES et al, 2013

Page 36: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

37

O diagnóstico no cão e no gato baseia-se nos sinais clínicos de

disfunção cardiovascular e na apresentação de MF no sangue, por esfregaços

espessos corados por Giemsa, pelo método de concentração de Knott

modificado ou por filtros Millipore ®, sendo bem sucedido em aproximadamente

60% dos cães e menos de 10% de gatos infectados (SILVA e LANGONI,

2009), (RIBEIRO, 2004).

Exames complementares como radiografia, auscultação do tórax e

angiografia pulmonar. O diagnostico definitivo deve ser realizado pela técnica

imunoabsorção enzimática (ELISA) para detecção de antígenos do parasita

adulto ou teste de Knott modificado (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO,

2004).

Devido à sobrevivência das MF após morte dos adultos, uma pequena

porcentagem de cães pode apresentar microfilaremia, sem formas adultas no

coração. Os filhos de cadelas com alta contagem de MF podem apresentar

microfilaremia transitória, que pode não chegar a adulto.

Infecções ocultas (animais amicrofilaremicos) podem ser causadas por

helmintos imaturos em filhotes com menos de seis meses de idade, infecções

por um único helminto, infecções com um único sexo de helminto, além de

reações imunológicas do hospedeiro contra as MF. Nesses casos, o teste do

antígeno é necessário para determinar a situação do cão, a fim de controlar

mensalmente a infecção.

No caso de DI, a amostra de sangue deve ser obtida de preferencia no

período noturno. Nos casos de parasitas imaturos e baixas cargas parasitarias,

especialmente no felino, os resultados serão negativos para o antígeno quando

os parasitas estiverem presentes nas AP, mesmo com sinais clínicos presentes

(SILVA e LANGONI, 2009).

O esfregaço sanguíneo direto é um teste simples de triagem, não

recomendado como teste de rotina. Isso por que o animal deve estar infectado

com um grande número de larvas para a sua detecção. Menos de 20 a 50 MF

por ml de sangue não são detectadas e mais infecções mais brandas elas

estarão ausentes (SILVA e LANGONI, 2009).

Atualmente, o teste de Knott é realizado conjuntamente com o

Immunoblot, teste imunológico para detecção de antígeno, permitindo a

Page 37: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

38

detecção de fragmentos e pequeno número de parasitas adultos ou ate mesmo

as infecções ocultas (SILVA e LANGONI, 2009).

O Immunoblot é um método que combina a analise de antígenos por

meio de eletroforese em gel de poliacrilamida, dodecil-sulfato de sódio, com a

alta sensibilidade do teste de ELISA, produzindo um instrumento qualitativo

poderoso para o estudo do complexo antígeno-anticorpo. Este último está

disponível como teste a ser realizado na própria clínica, assim como em muitos

laboratórios veterinários de referência. Uma desvantagem deste método é que

detectam somente parasitas fêmeas, com sete a oito meses de idade, mais

resistentes ao primeiro tratamento com anti-helmíntico específico, comparadas

aos machos. Animais infectados somente com parasitas machos resultarão

sempre negativos. Assim sendo, este teste falha em detectar parasitas

imaturos, infecções com parasitas machos e algumas infecções com somente

um ou dois parasitas adultos, não sendo considerado um teste de triagem

eficaz, porém se positivo, define-se o diagnóstico. Para sanar essas limitações,

técnicas sorológicas como ELISA e “immunoblot” têm sido capazes de detectar

mais precocemente cães infectados e infecções envolvendo parasitas machos

e/ou fêmeas que os testes de antígenos (SILVA e LANGONI, 2009).

As radiografias torácicas podem ser uma ferramenta de triagem para

cães e gatos com sinais clínicos sugestivos. Os achados radiográficos

torácicos podem ser normais no inicio da doença, embora alterações

significativas se desenvolvem rapidamente com cargas maciças de vermes.

Um dos achados radiográficos incluem aumento do VD, abaulamento do tronco

pulmonar, aumento e tortuosidade das artérias pulmonares lombares no centro,

com espessamento periférico. (NELSON e COUTO, 2001), (SILVA e

LANGONI, 2009).

As AP podem estar tortuosas e dilatadas em cães com dilatação do

segmento arterial pulmonar. Alterações no parênquima pulmonar podem ser

difusas na infecção prévia por L5, mas também podem se tornar

granulomatosas nas infecções severas crônicas, não havendo registro de

lesões em forma de moeda nos cães e gatos. As AP caudais dilatadas são as

lesões mais consistentes nos gatos infectados. A densidade fluida do lobo

pulmonar está associada com sinais agudos em gatos e pode ser confundida

Page 38: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

39

com uma pneumonia em consolidação (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO,

2004), (NELSON e COUTO, 2001).

Em eletrocardiograma (ECG) costuma estar normal. Porem em doença

avançada pode causar um desvio de eixo para a direita ou uma arritmia. Uma

ocorrência é onda P aumentada sugerindo aumento ou distensão do átrio

direito (NELSON e COUTO, 2001).

Ao ecocardiograma pode se observar dilatação atrial e ventricular direita,

hipertrofia do ventrículo direito, movimento septal paradoxal, coração esquerdo

pequeno e dilatação das AP, entretanto é muito difícil visualizar as

extremidades das artérias pulmonares dos gatos, onde os parasitas se

instalam, porém são especialmente úteis para o diagnóstico de condição

ascítica associada com a doença. A visualização do parasita pela

ultrassonografia é diagnóstico definitivo da infecção (SILVA e LANGONI, 2009),

(RIBEIRO, 2004), (NELSON e COUTO, 2001).

No hemograma completo fica evidente a eosinofilia, basofilia e/ ou

monocitose. Em media de 30% dos cães ocorre anemia regenerativa discreta,

acredita – se que esse dado se da por hemólise. Pode ocorrer também

trombocitopenia, por consequência de maior consumo de plaquetas no sistema

arterial pulmonar, especialmente após o tratamento com adulticida. Em casos

mais avançados a ocorrência de coagulação intravascular disseminada (CID).

Outro fator importante são as enzimas hepáticas e renais (NELSON e COUTO,

2001).

A identificação de MF no sangue é de baixa sensibilidade nos gatos,

porém se detectadas, é conclusiva para o diagnóstico da infecção. Para

humanos é de suma importância o diagnóstico por imagem, além de exames

hematológicos. Ao exame radiológico, as AP estarão dilatadas, mais

proeminentes nos lobos menores do pulmão. É o procedimento diagnóstico

mais utilizado, permitindo a sua confirmação e o prognóstico (SILVA e

LANGONI, 2009).

As lesões são normalmente auto-limitante e calcificadas, em forma de

moeda, de difícil diferenciação, confundindo – se com neoplasia, cisto sebáceo,

cisto hemático, outras doenças infecciosas ou granulomas. Mediante a

presença de pneumonia inicial e consequentemente formação de granuloma, a

identificação da lesão em forma de moeda torna – se possível somente após a

Page 39: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

40

clarificação do padrão radiológico pulmonar. Associado a esse fator, a basófila

aumenta a suspeita da doença (SILVA e LANGONI 2009).

13. TRATAMENTO

Os cães infectados sem sinais clínicos ou com sinais brandos

apresentam melhor resposta ao tratamento quando comparados aqueles com

apresentação mais severa da doença, podendo haver maiores complicações e

possibilidade de maiores de óbito. Sem contar que na fase mais avançada e

crítica da doença outras afecções podem agravar ou impedir o tratamento

(SILVA e LANGONI 2009).

A morte do parasita, esta associada a lesões no parênquima pulmonar

severas, assim o exercício limitado torna –se essencial durante a fase pós

adulticida (SILVA e LANGONI 2009).

Os principais compostos arsenicais orgânicos (adulticidas) são a

melarsomina e a tiacetarsamida. Em ambos compostos recomenda – se

repouso após a administração destes fármacos, o período de descaço é de 4 a

6 semanas. Medida esta para reduzir as sequelas de morte do verme adulto e

tromboembolismo pulmonar (NELSON e COUTO, 2001).

A tiacetarsamida sódica inativa é considerada o agente mais antigo

contra a DI. Sua administração se da por VI bem lento. Quando não

administrada por VI pode causar necrose. Vomito após a sua administração

pode correr e este pode ocorrer mesmo após o tratamento (NELSON e

COUTO, 2001).

Após o tratamento o paciente deve ser reavaliado minuciosamente em

busca de sinais de toxicidade.

A tiacetarsamida sódica inativa a maior parte dos parasitas machos e

algumas fêmeas jovens. A dose da tiacetarsamida sódica utilizada é 2,2 mg/kg

IV duas vezes ao dia, por dois dias, com intervalos de 6 a 8 horas entre as

doses (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004).

Para cães, o dicloridrato de melarsomina (RM340) é a única droga

aprovada pelo United States Food and Drug Administration (FDA) e tem

demonstrado maior efetividade e segurança referente às demais drogas

Page 40: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

41

disponíveis. É eficaz tanto contra os vermes adultos quanto os imaturos, e o

ajuste da dose pode ser controlado com ajuste da dose (SILVA & LANGONI,

2009), (RIBEIRO, 2004), (NELSON e COUTO, 2001).

A melarsomina tem apresentado mais eficácia quando comparada a

tiacetarsamida, isso pelo fato de poder haver mais tromboembolismo e

hipertensão pulmonar (NELSON e COUTO, 2001).

É de rápida absorção quando administrada por via intramuscular (IM),

sendo de excretado principalmente pelas fezes e de forma insignificante pela

urina. Durante o seu uso mudança no comportamento pode ocorrer, como por

exemplo tremores, letargia, oscilações, ataxia e inquietação. Alterações

pulmonares também podem ocorrer, como respiração ofegante ou superficial,

laboriosa e crepitação pulmonar. No local da aplicação pode ocorrer

vermelhidão, edema e dor (NELSON e COUTO, 2001).

Pode ser indicado em infecções leves e moderadas, na dose na classe I

e II da doença é de 2,5mg/ kg, duas doses com intervalo de 24 horas. Para

animais com doença grave e alta carga parasitária (classe III), o medicamento

deve ser administrado em uma dose, repetindo-se 30 dias após (SILVA e

LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004). A melarsomina (duas doses intramuscular,

intervaladas por 24 horas) tem eficácia aumentada, inativando mais de 95%

dos parasitas. Uma dose intramuscular e um reforço mensal, seguida de duas

doses 24 horas após, intervaladas por 24 horas, é uma alternativa segura em

cães com doença severa, sugerindo altas cargas de antígeno. Os cães que

recebem essa terapia devem se avaliados antes do tratamento e devem ser

hospitalizados para a administração da droga. Os resultados de testes com

antígeno 12 a 16 semanas após o tratamento adulticida bem sucedido devem

ser negativos (SILVA e LANGONI, 2009), (NELSON e COUTO, 2001).

Em algumas situações, a alternativa é tratar com ivermectina. Pode ser

utilizada na dose de 50µg/kg/VO, promovendo eliminação rápida, ou 6 a

12µg/kg/VO, com eliminação gradativa (SILVA e LANGONI, 2009).

A morte das MF e adultos pode causar complicações sérias em cães

com alta carga parasitária. Em cães que ainda permanecem positivos ao teste

de antígeno, a repetição do tratamento adulticida pode ser indicada após a

avaliação adequada do caso (SILVA e LANGONI 2009).

Page 41: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

42

Não há medicação aprovada para a infecção nos felinos. Recomenda-se

tratamento de suporte com doses pequenas e crescentes de prednisolona em

gatos com evidências clínicas e radiográficas de doença pulmonar. A terapia

adulticida pode ser adotada em gatos também, porem com supervisionamento

constante do paciente. A medicação normalmente adotada é a tiacetarsamida

sódica na dose de 2,2 mg/kg IV a cada 12 horas, durante dois dias. Após esse

tratamento, os gatos devem ser acompanhados para possíveis complicações

tromboembólicas pulmonares. Os gatos podem apresentar cura espontânea

(SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004).

14. PREVENÇÃO

Há uma variedade de métodos para a prevenção da infecção nos cães,

incluindo tabletes e gomas a base de oxime milbemicina e ivermectina, em

formulações de 6 e 100µg/kg, diárias e mensais, e soluções tópicas a base de

selamectina, mensalmente, seguras e econômicas (SILVA e LANGONI,

2009).

A Sociedade Americana do “Verme do Coração” (American Heartworm

Disease) recomenda a prevenção anual em todas as áreas que apresentam

grandes variações de temperaturas durante as estações do ano. As principais

drogas preventivas utilizadas nos cães são a dietilcarbamazina e a lactona

macrocíclica – ML. As ivermectinas orais foram as primeiras drogas aprovadas

pelo FDA. Ela e a oxime milbemicina, Interceptor ®, bloqueiam o

desenvolvimento das larvas. Podem ser usadas ainda a selamectina

topicamente e a moxidectina, Proheart ®, com benefícios similares às

ivermectinas (SILVA e LANGONI, 2009).

Os cães com idade superior a seis meses devem ser negativos para

testes de antígenos e MF antes do início da medicação preventiva. Cães

menores que seis meses de idade devem ser examinados novamente a cada

seis meses a um ano após o início da terapia preventiva, para pesquisa de

antígeno ou de microfilária circulante (SILVA e LANGONI, 2009).

Para gatos, a exemplo da prevenção para cães em termos

populacionais, recomenda-se evitar acesso a áreas endêmicas, com presença

Page 42: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

43

de vetores e casos caninos. Além disso, em áreas endêmicas, a introdução de

medicação preventiva para gatos é indicada. Assim, sugere-se que a

medicação profilática seja administrada em animais com quatro a seis semanas

de idade e continuada por toda a vida. Já em áreas não endêmicas, a baixa

prevalência não é suficiente para indicar a terapia preventiva nessa espécie

(SILVA e LANGONI, 2009).

Programas preventivos têm sido cada vez mais indicados para a

dirofilariose felina em áreas fortemente enzoóticas e consistem de milbemicina

e ivermectina. A infecção por DI em gatos pode ser prevenida com milbemicina

oxima na dose 0,5 a 0,99 mg/kg mensalmente (500µg/kg) ou ivermectina na

dose 0,024 mg/kg também mensalmente (24µg/kg). A selamectina tópica

também pode ser utilizada, a dose é 6 mg/kg, uso tópico, com a frequência

também uma vez ao mês (SILVA e LANGONI, 2009), (RIBEIRO, 2004).

Recomenda-se que todos os gatos sejam testados para antígenos e

anticorpos previamente à administração preventiva da droga. Há três produtos

aprovados pelo FDA para utilização em gatos, ivermectina (24mg/kg PV, oral),

selemectina (6 a 12mg/kg PV, tópico), e oxime milbemicina (2mg/kg PV). Todos

eles são eficientes na prevenção do desenvolvimento de parasitas adultos

(SILVA e LANGONI, 2009).

Outras formas de controle da DI canina e felina consistem no combate

aos hospedeiros intermediários nos ambientes ou centrados nos cães, por

borrifação ou atrás de colares inseticidas. Em casos onde a incidência é alta o

tratamento preventivo é uma opção. A medicação microfilaricida utilizada pode

ser a ivermectina na dose de 0,006 a 0,012 mg/kg, em duas doses com

intervalo de duas semanas que promove eliminação gradual das MF. Para uma

eliminação rápida das MF a ivermectina pode ser usada na dose de 0,05mg/kg

em dose única, a milbemicina oxima na dose 0,5 a 1mg/kg em dose única

também pode ser utilizada para este fim (RIBEIRO, 2004).

O proprietário deve ser avisado que na terapia preventiva a proteção

contra a infecção pode ser incompleta e letal na maioria dos casos, mesmo os

gatos vivendo a maior parte do tempo no interior do domicílio (SILVA e

LANGONI, 2009).

Devido aos parasitas adultos terem uma longevidade diminuída nos

gatos, a possibilidade de recuperação espontânea é discutida. Complicações

Page 43: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

44

agudas espontâneas e morte em pequena porcentagem de gatos podem

ocorrer (SILVA e LANGONI, 2009).

Page 44: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

45

15. RELATO DE CASO CLÍNICO

Um animal da espécie canina, sem raça definida SRD, de 15 anos de

idade, fêmea castrada, 6,5kg foi conduzido ao Hospital Veterinário da

Universidade Federal do Paraná (UFPR) no dia 6 de Janeiro de 2015 com a

principal queixa de perda na visão com evolução há mais ou menos um ano.

Além disso, seu tutor relatou que a paciente apresentava poliúria (PU) e

polidipsia (PD), normorexia e norquesia (NQ). Relatou também que existiu há

seis meses episódios de coprofagia.

Uma outra queixa foi o aumento de um nódulo cutâneo na região

toracolombar direita. A responsável relata que este nódulo vem aumentando de

tamanho também há um ano. Antes este media de 1 a 1,5cm e no dia da

consulta estava medindo em média 3 cm.

A tutora negou sincope, relatou que a paciente se cansava muito

facilmente, nega tosse, espirros, secreção nasal e questionou que a paciente

vinha latindo menos nos últimos tempos. A paciente esta com as vacinas e

vermífugos atualizados.

Durante a inspeção da paciente, foi constatado que a mesma estava em

estado de alerta. Não apresentava nenhuma alteração cutânea, além do nódulo

não aderido a musculatura na região toracolombar (figura 11). As mucosas

estavam normocoradas, com tempo de preenchimento capilar (TPC) em 3

segundos e grau de hidratação normal.

O animal apresentava uma frequência cardíaca de 100 batimentos por

minuto (bpm), com frequência respiratória de 28 movimentos por minuto (mpm)

e temperatura retal de 38,6oC. E não evidenciou-se alteração em auscultação

pulmonar. A auscultação cardíaca evidenciou - se sopro grau IV de VI.

À palpação abdominal verificou-se ausência de organomegalia, dor

abdominal e sem repleção vesical. Não havia evidências de reatividade de

linfonodos e não foram determinadas outras alterações no exame físico.

Page 45: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

46

Figura 11: imagem onde se demonstra o nódulo citado no texto à cima. Nódulo este não

aderido a musculatura com aproximadamente 4cm de diâmetro.

Fonte: setor de anatomia patológica do Hospital Veterinário UFPR, 2015.

Diante disso, a paciente, foi encaminhada aos setores de cardiologia,

ecografia, oftalmologia e foram coletadas amostras de sangue, urina e citologia

do nódulo cutâneo para analise laboratorial. O animal não permaneceu

internado no hospital.

No eritrograma não evidenciou alterações. Entretanto, no leucograma

verificou-se leucopenia leve, sem alterações em neurófilos, bastonetes,

metamielócitos, eosinófilos e basófilos. Houve alterações leve em linfócitos

(linfopenia) e monócitos (monocitose) (ANEXO A).

Em bioquímico sérico foram realizados dosagem sanguínea de

creatinina, ureia, ALT/TGP, FA, proteína total, albumina, fosforo, colesterol

total, triglicerídeos, sódio, globulina e potássio. Nos quais estavam em

concentrações aumentadas são ALT/TGP, FA, proteína total, albumina,

colesterol total e triglicerídeos (ANEXO B).

Para a urinalise, a amostra de urina foi coletada por cistocentese

ecoguiada. Nela foi avaliado os aspectos físicos e químicos, assim como a

sedimentoscopia. Não houve alteração da avaliação física. Entretanto, houve

presença leve de proteinúria e hematúria. Não foram observados células

epiteliais nem bactérias no sedimento urinário (ANEXO C).

Para a citologia foi coletado duas amostras citológicas do nódulo

toracolombar direito. O material citológico foi coletado pela técnica de citologia

aspirativa por agulha fina (CAAF). O material foi corado com corante de Wright

(coloração tipo Romanowsky) nesta amostra existia uma grande quantidade de

Page 46: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

47

hemácias e agrupados de plaquetas observou – se nematódeos de morfologia

sugestiva de microfilaria sp.

No eletrocardiograma foi observado ritmo sinusal (normal), com um

aumento de onda P, sugerindo sobrecarga em átrio esquerdo. Houve também

um aumento na onda T (>1/4 QRS), o que sugere um distúrbio inespecífico de

repolarização ventricular, sugestivo de hipóxia do miocárdio, hipercalemia ou

doenças metabólicas (ANEXO D).

Em ecocardiografia ficou evidenciado uma frequência cardíaca de 90

bpm com ritmo regular. Houve uma regurgitação (insuficiência) importante em

válvula mitral, uma regurgitação moderada a importante em válvula tricúspide

(figura 12) e hipertensão arterial pulmonar. Foi estimado a pressão arterial

função sistólica sistêmica em 120mmHg e pressão arterial função sistólica

pulmonar em 40mmHg (ANEXO E).

Figura 9: na imagem à baixo esta representado a regurgitação de nível moderado a importante

em válvula tricúspide.

Fonte: Setor de Cardiologia do Hospital Veterinário UFPR

As válvulas mitral e tricúspide estavam espessadas, compatível com

degeneração valvar. Havia uma insuficiência importante de válvula mitral com

aumento de átrio esquerdo e uma insuficiência moderada em válvula tricúspide

e (figura 13).

Page 47: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

48

Figura 13: na figura à baixo esta demonstrado o aumento na espessura e da ecogenicidade

das válvulas mitral e tricúspide.

Fonte: Setor de Cardiologia do Hospital Veterinário UFPR

Em imagens ultrassonográficas abdominais houve alterações em fígado

com diferenciais como hepatopatia esteroidal, esteatose hepática e diabetes

mellitus. Em vesícula urinaria foi visualizado um possível diferencial processo

inflamatório/ infeccioso. Uma ultima alteração foi vista em glândula adrenal

esquerda, a qual se encontrava com aparência hiperplásica.

Nos exame de radiografia de tórax pode se observar um aumento difuso

da opacificação pulmonar sugerindo pneumonia, não podendo descartar

doença pulmonar fibrótica. Imagens radiográficas das artérias pulmonares tem

como diagnósticos diferenciais dirofilariose, hipertensão pulmonar, shunts

cardíacos. Cardiomegalia (figura 14).

Page 48: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

49

Figura 11: a baixo a representação da radiografia da paciente. Onde demonstra todas

alterações pulmonares e alterações cardíacas.

Fonte: Setor de Radiografia do Hospital Veterinário UFPR

A paciente ficou internada no Hospital Veterinário da UFPR três vezes

com o mesmo fim. A primeira internação se deu no dia 19 de janeiro de 2015,

no qual o tutor da paciente relatou que a mesma não vinha se alimentava bem

desde o ultimo sábado (dois dias antes desta consulta). Relatou que a paciente

urinava varias vezes ao dia, porem em pequenas quantidades (Oligúria).

Apresentou também episódios de vômito, assim a responsável administrou

Metoclopramida 4mg (Plasil®), 20 gotas por conta própria.

Em exame físico o animal apresentou frequência cardíaca de 88bpm,

frequência respiratória de 28mpm, temperatura de 38,7°C, TPC de 2 segundos,

pulso normal. O animal perdeu 500g de peso no período de 13 dias.

A paciente ficou internada para fluido-terapia e auxilio alimentar. Durante

este período o animal foi medicado com Amoxicilina com ácido Clavulanico

12,5 - 25mg/kg por via subcutânea (SC), a cada 12 horas (duas vezes ao dia –

BID); Omeprazol 0,5 – 1,0mg/kg, por via intravenosa (IV), BID; Ranitidina

2mg/kg, SC, BID; Ondansentrona 0,5 – 1,0mg/kg, IV, BID; Ciproeptadina 1 –

4mg, por via oral (VO), BID; Enalapril 0,25 – 1mg/kg, VO, BID; Furosimida 2 –

6mg/kg, IV, BID. Para hidratação foi utilizado solução de cloreto de sódio

(NaCl) 0,9% O volume calculado para 24 horas foi 285ml (1 gota a cada 5

segundos, equipo de macro gotas – cateter 22), o qual teve inicio as 17 horas.

Alimentação foi forçada por via oral sem ajuda de sonda. A alimentação

prescrita foi Hepatic Royal Canin pastosa, a cada 3 horas.

Page 49: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

50

Durante a internação o animal não teve episódios de vômitos e

apresentou grande quantidade de urina na gaiola, mesmo com passeios

frequentes.

Já para o tratamento doméstico a prescrição foi Enalapril 0,25 – 1mg/kg

BID; Sildenafil 0,5 – 3mg/kg, por via oral, a cada 8 horas (três vezes ao dia –

TID); Silimarina 20 - 50mg/kg, BID; Espironolactona 1 – 2mg/kg, BID;

Furosemida 2 - 6mg/kg, BID, Ciproeptadina 1 – 4 mg, BID, durante 15 dias;

Omeprazol 0,5 – 1,0mg/kg BID, durante 10 dias; Ranitidina 2mg/kg, BID,

durante 15 dias e metoclopramida 0,2 – 0,5mg/kg, seis gotas por via oral, BID,

durante 5 dias e Endogard.

A alta foi dada no dia 20 de janeiro, pois o animal estava se alimentando

sozinho, sem episódios de vômitos e ficou recomendado retornos após 7 adias

e no caso se houvesse piora do caso clinico retornar antes.

Também no dia 20 de janeiro de 2015 ficou pronto o resultado do exame

bacteriológico e antibiograma urinário da paciente. Este foi realizado para

descartar infecção tendo em vista que foi visualizado alterações estruturais em

ecografia abdominal. Na cultura e antibiograma, da urina, não foi visualizado

nenhum crescimento bacteriano.

A segunda internação deu se no dia 27 de janeiro de 2015. Nesta o tutor

relatou que a paciente estava sem se alimentar a quatro dias, que só estava

bebendo água, em grande quantidade (PD), tem urinado varias vezes ao dia

porem em pouca quantidade (Oligúria). Defecou apenas duas vezes depois da

alta do hospital no dia 20. A paciente apresentou mudanças de

comportamento, se encontrava mais agitada, andava sem parar, na maioria

das vezes em círculos e relatou dificuldades para administrar as medicações,

pois a paciente se apresentava agressiva.

Em exame físico a paciente apresentava frequência cardíaca de

112bpm, frequência respiratória 36mpm, temperatura 37,9°C, as mucosas

apresentavam normocoradas com TPC <2 segundos e desidratação entre 7 e

8%. Ao ser palpado a região abdominal sem organomegalia, porem com

presença de dor a palpação. Pode – se observar também um novo nódulo em

membro pélvico direito, este estando levemente ulcerado. Em ausculta

Page 50: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

51

cardíaca verificou – se sopro grau V de VI em foco mitral, sopro maior que

quando a primeira consulta no dia 6 de janeiro.

A paciente se manteve no hospital para fluidoterapia e auxilio alimentar.

O tratamento hospitalar se manteve o mesmo que o anterior, porem porem foi

incluído Glucosamina condroitina 15 – 30 mg/kg, VO, BID. Para a fluidoterapia

foi utilizado solução NaCl 0,9%. O volume calculado para 24 horas foi 285ml (1

gota a cada 5 segundos – equipo macro gotas – cateter 22), o qual teve inicio

as 18 horas.

A alimentação foi forçada por VO sem o auxilio de sonda, a prescrição

foi Recovery - Royal Canin e frango desfiado, a cada 3 horas.

No dia 30 de janeiro de 2015, foi feito um novo hemograma para que

fosse avaliado o estado geral da paciente. Não houve alterações no

eritrograma. No leucograma apresentou –se alterações como neutrofilia leve e

linfocitose leve (ANEXO F). Os bioquímicos séricos apresentaram alterações

nas enzimas como creatininas, ureia, ALT/TGP, FA e lactato, todos

aumentados (ANEXO G).

No dia 31 de janeiro de 2015 o animal recebeu alta com as mesmas

recomendações que a alta anterior.

No dia 3 de fevereiro de 2015, a paciente retorna ao hospital, no qual a

tutora relata que a paciente estava com o paladar caprichoso (carne moída,

frango desfiado e fígado picado sem arroz), porem estava se alimentado

melhor que nas ultimas semanas. A paciente apresentava PU e PD. Continua

tendo dificuldades para administrar as medicações. Não houve mudanças no

comportamento, a paciente continua andando em círculos, mesmo com

restrição de espaço. Não houve episódios de vômito nem de diarreia.

Em exame físico o animal apresentou frequência cardíaca 100bpm,

frequência respiratória 48mpm, temperatura retal de 38°C, mucosas

normocoradas e com TPC <2 segundos. O tratamento prescrito foi o mesmo

que anteriormente prescrito.

Na terceira e ultima internação foi no dia 06 de agosto de 2015. A

paciente voltou ao Hospital Veterinário da UFPR com a principal queixa de

diarreia fétida de coloração amarelada com presença de sangue, há três dias.

A responsável assumiu que deixou de administrar as medicações há 3 meses

antes desta ultima consulta por conta própria com a justificativa que a paciente

Page 51: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

52

se apresentava muito agressiva na hora de administrar as medicações. Relatou

também que o animal não vinha se alimentado há alguns dias e vinha ingerido

uma grande quantidade de água.

A paciente ficou internada no Hospital Veterinário UFPR para manejo

alimentar, fluidoterapia e tratamento para as complicações da cardiopatia. A

terapia se manteve a mesma que as outras internações.

Em ausculta cardiopulmonar evidenciou – se que o sopro cardíaco se

manteve no mesmo grau, porem pode se auscultar uma crepitação pulmonar, o

que se suspeitou de edema pulmonar cardiogênico. A paciente apresentava

uma descompensação cardiopulmonar severa (dispneia) e ascite.

Em exames laboratoriais as alterações em hemograma foi uma anemia

leve com uma anisocitose discreta e metarrubrócitos. No leucograma houve

uma pequena linfopenia e com neutrófilos raros, com leve basofilia e rara

vacuolização citoplasmática (ANEXO H).

No mesmo dia o paciente passou por uma nova radiográfica torácica a

qual os sinais radiográficos sugeriam aumento cardíaco generalizado, mais

evidente em lado direito e tronco das artérias pulmonares (sinais de

hipertensão arterial pulmonar) o aspecto pulmonar tem como diferencial

pneumonia inflamatória, não podendo descartar tromboembolismo pulmonar.

O tratamento para as alterações cardíacas e pulmonares foram

adequadas, mantando dentre as medicações aquelas já utilizadas

anteriormente e com mesma dose.

Mesmo com todo o manejo alimentar e com tratamento para a

cardiopatia, a paciente não apresentou melhora significativa no primeiro dia de

internação. No segundo dia de internação foi discutido entre com os tutores e

os médicos veterinários responsáveis pela paciente sobre os resultados dos

exames, sobre a avaliação clínica geral da paciente, na necessidade de mante

– la internada por mais tempo e caso houvesse melhora, que o tratamento

domiciliar da cardiopatia deveria ser mantido sem interrupção, isso pelo fato da

grave cardiopatia que a paciente apresentava. Mesmo com a situação

cuidadosamente explicada, os tutores se negavam a manter o tratamento em

domicilio e não tinham condições de pagar um auxiliar veterinário ou ate

mesmo de leva – la ao hospital duas vezes ao dia para a administração das

Page 52: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

53

medicações. Diante disse e a pedido dos responsáveis a eutanásia foi

recomendada.

Após a eutanásia o corpo foi encaminhado para o setor de anatomia

patológica para a realização da necropsia. Na qual pode se confirmar a

Dirofilaria e as alterações em rins, fígado, coração, pulmão também

apresentadas nos exames complementares.

16. DISCUSSÃO

A paciente foi até o Hospital Veterinário da UFPR com a queixa principal

de cegueira e mudanças de comportamento de evolução há um ano

antecedente a primeira consulta. Em exames clínicos foi visto que a paciente

era uma cardiopata num grau importante com auscultação de sopro VI numa

escala de I a VI. Além desse quadro foi verificado um nódulo não aderido a

musculatura com evolução de quatro anos, tendo um maior crescimento

também no ultimo ano, este media uma media de 3 cm de diâmetro na região

toraco-lombar direita.

Nos exames complementares da paciente ficou evidenciado algumas

mudanças como uma leve linfopenia e uma leve monocitose. Em exames de

bioquímicos séricos evidenciou que ALT/TGP, FA, proteína total, albumina,

colesterol total e triglicerídeos estavam aumentados. De acordo com NELSON

e COUTO, 2001, a monocitose é comum em animais com dirofilariose por se

tratar de um quadro inflamatório/ infeccioso de caráter crônico e alterações nas

enzimas renais, hepáticas e seus produtos estarão relacionados em quadros

mais graves da doença.

Na urinalise mostrou – se uma pequena presença de proteínuria e

hematúria. No exame de ecografia abdominal não foi observado mudanças de

estratificação nas regiões medulares renais, nem nas regiões corticais. Porem

na necropsia ficou evidente áreas de lesões nas regiões corticais e medulares

renais. Entretanto a proteinuria pode ter diversas causas distintas além da

doença renal, tais como hiperalbuminemia e febre (NELSON e COUTO, 2001)

(figura 15).

Page 53: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

54

Figura 15: imagem representativa do rim da paciente em necropsia, onde visivelmente se vê

alterações ne medular e pontos hemorrágicos na cortical, outra evidencia são locais onde

sugere cicatrização do parênquima renal.

Fonte: setor de anatomia patológica da UFPR.

No exame citológico foi descrito que havia grande quantidade de

hemácias e agrupados de plaquetas, observou – se também nematódeos de

morfologia sugestiva de microfilaria sp. Na descrição da citologia foi descrito

que na coleta do material houve um sangramento intenso e uma pequena

diminuição no tamanho do nódulo. Entretanto, no dia da necropsia o nódulo

apresentava o mesmo tamanho/ ou maior descrito na primeira consulta (figura

16).

Figura 16: nesta imagem esta representado a face interna o nódulo cutâneo após a necropsia.

Fonte: setor de anatomia patológica da UFPR.

No exame radiográfico torácico observou – se um aumento difuso da

opacificação pulmonar, podendo ter diagnostico de pneumonia ou doença

Page 54: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

55

pulmonar fibrótica. Além disso, também pode se observar alterações das

artérias pulmonares com diferenciais de diagnostico de dirofilariose,

hipertensão pulmonar, shunts cardíacos. Pôde se ver que havia uma

cardiomegalia e foi sugerido exames de ecocardiograma para melhor avaliação

das estruturas cardíacas. O que se confirma nos trabalhos de SILVA e

LANGONI, 2009; RIBEIRO, 2004 e NELSON e COUTO, 2001.

Nos exames no setor de cardiologia foram realizados dois exames. O

primeiro foi o eletrocardiográfico que mostrou uma sobrecarga no átrio

esquerdo e um distúrbio na repolarização ventricular. NELSON e COUTO,

2001, afirma o contrario, diz que normalmente a onda P esta com o tempo de

duração aumentado, o que sugere um aumento ou distensão no átrio direito, no

caso da alteração da paciente desta citação, as alterações pode ser devido a

insuficiência acentuada em válvula mitral.

Em exame ecocardiográfico apresentou – se uma insuficiência

importante em válvula mitral (lado esquerdo do coração), uma insuficiência

moderada/ importante de tricúspide (lado direito do coração), que pode se

observar na necropsia (figura 17), e uma hipertensão pulmonar elevada.

Mostrou – se também um aumento no átrio esquerdo e dilatação de artéria

pulmonar. Foi possível visualizar os parasitas, porem não foi citado no laudo

(figura 18). SILVA e LANGONI, 2009; RIBEIRO, 2004 e NELSON e COUTO,

2001 confirmam as alterações que ocorreu com a paciente.

Page 55: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

56

Figura 17: demonstrou – se “pontos” sugerindo o parasita em átrio direito e artéria pulmonar.

Fonte: setor de cardiologia da UFPR

Figura 15: na figura à baixo esta demonstrado o coração de Tika com um espessamento

importante de válvula tricúspide e ao lado uma larva já adulta.

Fonte: setor anatomia patológica UFPR.

Page 56: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

57

17. CONCLUSÃO

A dirofilariose é uma doença endêmica nos países tropicais

principalmente na área litorânea. Os principal vetor os mosquitos Aedes spp. e

Culex spp. são de difícil controle, tendo em vista seu desenvolvimento em água

parada e restos de matéria orgânica. Um bom parâmetro disso é que além da

DI e da DR estes artrópodes também são protagonistas de outras doenças

importantes para a saúde pública, como a dengue por exemplo.

Como toda doença cardíaca, a dirofilariose é progressiva e sua

gravidade depende diretamente do número parasitário no coração e nas

artérias pulmonares. Mesmo com a eliminação completa dos parasitas

dependendo das alterações cárdicas acometidas estas podem ser irreversíveis,

podendo ou não causar prejuízos eternos nos hospedeiros acometidos.

A principal forma de prevenção hoje é o uso de vermífugos que contem

o alcance contra o parasita na sua forma infectante, MF, o uso de medicações

isoladas como a ivermectina por exemplo. A principal maneira de prevenção da

doença é o controle do vetor, já que não a cura para essa parasitose nos

animais de pequeno porte.

Mesmo sendo uma zoonose importante a Dirofilariose vem sendo pouco

estudada e muito negligenciada quando se fala no diagnostico da doença,

principalmente nos países mais pobres, justamente as que tem a maior

incidência da doença.

Page 57: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

58

18. REFERÊNCIAS

AHID, S. M. M; OLIVEIRA, R. L; SARAIVA, L. Q. Dirofilariose canina na Ilha de

São Luís, Nordeste do Brasil: uma zoonose potencial Canine heartworm on

São Luís Island, Northeastern Brazil: a potential zoonosis. Cad. Saúde Pública,

Rio de Janeiro, 15(2):405-412, abr-jun, 1999.

AHID, S. M. M & OLIVEIRA, R. L; SARAIVA. Mosquitos vetores potenciais de

dirofilariose canina na Região Nordeste do Brasil. Mosquitoes potential vectors

of canine heartworm in the Northeast Region from Brazil. Rev. Saúde Pública,

33 (6): 560 – 65. 1999.

BRITO, A. C; VILA-NOVA, M. C; ROCHA, D. A. M; COSTA, L. G; ALMEIDA, W.

A. P; VIANA, L. S; JR, R. R. L; FONTES, G; ROCHA, E. M. M; REGIS, L.

Prevalência da filariose canina causada por Dirofilaria immitis e Dipetalonema

reconditum em Maceió, Alagoas, Brasil. Prevalence of canine filariasis by

Dirofilaria immitis and Dipetalonema reconditum in Maceió, Alagoas State,

Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 17(6):1497-1504, nov-dez, 2001.

http://www.bulas.med.br/p/bula. Consulta de indicações de medicamentos.

Acesso dia 16/11/2015 às 13:40.

http://www.medicinanet.com.br/bula. Consulta de indicações de medicamentos.

Acesso dia 16/11/2015 às 13:00.

GUILARTE, D. V; MARTÍNEZ, E. G; HEN, E. H; GUZMÁN, R; BLONDELL, D;

DÍAZ, M. T; SANTIAGO, J. Diagnóstico de Dirofilaria immitis en el municipio

Sucre, estado Sucre, Venezuela. Laboratorio de Especialidades

Parasitológicas, Escuela de Ciencias, Departamento de Bioanálisis, Núcleo de

Sucre, Universidad de Oriente. Laboratorio de Parasitología del Instituto de

Investigaciones en Biomedicina y Ciencias Aplicadas, Universidad de Oriente.

3 Laboratorio Clínico Bacteriolab, Cumaná, estado Sucre, Venezuela. Autor de

correspondencia: [email protected]. BOLETÍN DE MALARIOLOGÍA Y

SALUD AMBIENTAL, Vol. LI, Nº 1, Enero-Julio, 2011.

Page 58: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

59

GOMES, R. L; RODRIGUES, D. R.; MUNDIM, A. V; BARBOSA, F. C.

IDENTIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DE Acanthocheilonema reconditum EM UM

CÃO NO MUNICIPIO DE UBERLÂNDIA – MG. Vet. Not., Uberlândia, v.18, n. 2,

p. 126-130, jul./dez. 2013.

LABARTHE, N; SERRÃO, M. L; MELO, Y. F; OLIVEIRA, S. J; LOURENÇO-DE-

OLIVEIRA, R. MOSQUITO FREQUENCY AND FEEDING HABITS IN NA

ENZOOTIC CANINE DIROFILARIASIS AREA IN NITERÓI, STATE OF RIO DE

JANEIRO, BRAZIL. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 93(2): 145-

154, Mar./Apr. 1998.

LARSSON, M.H.M.A.; PRETEROTE, M.; MIRANDOLA, R.M.S. Diagnóstico de

dirofilariose oculta pelo teste de ELISA, em cães do Estado de São

Paulo. Braz. J. vei. Res. anim.Sci., São Paulo, v.29, n.1, p.93-6, 1992.

LEITE, C. L; NAVARRO-SILVA, M. A; LUZ, E; MOLINARI, H. P; CÍRIO, S. M;

MARINONI, L. P; DINIZ, J. M. F; LEITE, S. C; LUNELLI, D; SCALET, W. R.

PREVALÊNCIA DE Dirofilaria immitis (LEIDY, 1856) EM CÃES DO CANIL

MUNICIPAL DE GUARATUBA, PARANÁ, BRASIL. Prevalence of Dirofilaria

immitis (Leidy, 1856) in dogs of Canil Municipal Guaratuba, Parana, Brazil.

Estud. Biol. jan/mar; v29, n.66, p.73-79, 2007.

MORAES, T; 2015. http://desconversa.com.br/biologia/resumo-sistema-

excretor/. Acesso 09/12/2015 as 11:00.

NELSON, R. W. & C. G. COUTO. MEDICINA INTERNA DE PEQUENOS

ANIMAIS. SMALL ANIMAL INTERNAL MEDICINE SECOND EDITION. Editora:

GUANABARA KOOGAN S.A. Rio de Janeiro – RJ. Segunda Edição; 40-55;

104-109; 2001.

PANTCHEV, N; NORDEN, N; LORENTZEN, L; ROSSI, M; ROSSI, M; BRAND,

BASTIAN; DYACHENKO, V. PARASITOLOGY RESEARCH. CURRENT

SURVEYS ON THE PREVALENCE ANDE DISTRIBUTION OF DIROFILARIA

Page 59: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

60

ssp. IN DOGS IN GERMANY. AUGUST 2009, v. 105, Issue 1, pp 63- 74, 28

june 2009.

RIBEIRO, V. M. CONTROLE DE HELMINTOS DE CÃES E GATOS. XIII

Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária & I Simpósio Latino-

Americano de Ricketisioses, Ouro Preto, MG, 2004. Rev. Bras. Parasitol.Vet.,

v.13, suplemento 1, 2004.

ROSA, N. J. G. C. RASTREIO DE DIROFILARIOSE E DE LEISHMANIOSE EM

GATOS DA ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA. UNIVERSIDADE

TÉCNICA DE LISBOA. 2009 Lisboa.

SERRÃO, M. L; BATISTA, R; ALMEIDA, E. P; SANTOS, P. MELO, Y. F. M;

LABARTHE, N. Descrição da população de animais de companhia e

epidemiologia da dirofilariose canina em ltacoatiara, município de Niterói, RJ.

Description of pet population and canine heartworm epidemiology in

ltacoatiara, municipality of Niterói, RJ. R. bras. Ci. Vet. v. 7, n. 1, p. 29-32,

jan/abr. 2000. http://dx.doi.org/10.4322/rbcv.2015.171.

SILVA, R. C. & LANGONI, H. Dirofilariose. Zoonose emergente negligenciada

Dirofilariasis. Neglected emerging zoonosis. Ciência Rural, Santa Maria,

v.39, n.5, p.1614-1623, ago, 2009.

SOTO, J. M. R. FIRST RECORD OF DIROFILARIA SPECTANS FREITAS &

LENT, 1949. (NEMATODA, FILARIIDAE) IN LUTRA LONGICAUDIS OLFERS,

1818 (MAMMALIA, MUSTELIDAE). Rev. Bras. Parasitol. Vet., 9, 2, 157-158

(2000).

SZÉNÁSI, Z; KOVÁCS, A. H; PAMPIGLIONE, S; FIORAVANTI, M. L;

KUCSERA, I; TÁNCZOS, B; TISZLAVICZ, L. WIENER KLINISCHE

WOCHENSCHRIFT. HUMAN DIROFILARIOSIS IN HUNGARY: NA

EMERGING ZOONOSIS IN CENTRAL EUROPE. FEBRUARY 2008, v. 120,

Issue 3, pp 96 – 102.

Page 60: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

61

ANEXOS

ANEXO A - HEMOGRAMA

Tabela 3 – Eritrograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Contagem de eritrócitos 6,8 5,5 - 8,5 milhões/μL

Hematócrito 48% 37 - 55%

Hemoglobina 14,8 12 - 18 g/dL

VGM 71 60 - 77 fL

CHGM 31 32 - 36 %

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 4 – Leucograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Leucócitos totais

5.800

6.000 - 17.000

% Valor absoluto (/μL) % Valor absoluto (/μL)

Segmentados 66 3.828 60 - 77 3.000 - 11.500

Bastonetes 0 0 0 - 3 0 - 300

Metamielócitos 0 0 0 0

Linfócitos 17 986 12 - 30 1.000 - 4.800

Eosinófilos 5 290 2 - 10 100 - 1.250

Monócitos 12 696 3 - 10 150 - 1.350

Basófilos 0 0 Raros Raros

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 5 – Dosagem de proteínas totais e estimativa de plaquetas realizados no cão Tika.

Parâmetro Resultado Valor de referência para cães

Proteína Plasmática Total (g/dL) 8 6,0 - 8,0

Page 61: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

62

Estimativa de plaquetas (/μL) 420.000 200.000 – 500.000

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO B – BIOQUÍMICA SÉRICA

Tabela 6 – Exames de bioquímica sérica realizados no cão Tika.

Observações: soro lipêmico

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO C – URINÁLISE

Tabela 7 – Exame físico de urina realizado no cão Tika.

Exames Resultado Valor de referência para cães

Alanina aminotransferase (UI/L) 176,7 21 - 102

Creatinina (mg/dL) 1,1 0,5 - 1,5

Fosfatase alcalina (UI/L) 351 20 – 156

Fósforo (mg/dL) 4,1 2,6 - 6,2

Potássio (mmol/L) 5,2 4,4 – 5,3

Ureia (mg/dL) 47,1 21 - 60

Sódio (mmol/L) 147 141 - 152

Proteína Total (g/dL) 7,4 5,4 – 7,1

Albumina (g/dL) 3,4 2,6 – 3,3

Colesterol Total (mg/dL) 339,7 135 - 210

Triglicerídeos (mg/dL) 343,8 20 - 112

Globulina (mL/dL) 4 2,7 – 4,4

Exame Físico Resultado Valor de referência para cães

Volume (mL) 7 -

Cor Amarelo Amarelo

Page 62: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

63

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 8 – Exame químico da urina realizado no cão Tika.

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO D – ELETROCARDIOGRAFIA

Tabela 9 – eletrocardiografia realizada no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Frequência Cardíaca 120 bpm 70 – 160 bpm

Ritmo Ritmo sinusal normal Ritmo sinusal normal, arritmia sinusal

e marcapasso migratório.

Eixo elétrico médio Entre 60° e 90° Entre 40° e 100°

Onda P – amplitude 0,2Mv Máximo de 0,4mV

Largura 0,067s Máximo de 0,47s

Intervalo P – R 0,13s Entre 0,06 e 0,13 s

QRS amplitude onde R 0,96Mv Entre 0,5 e 2,5mV

Largura de QRS 0,06s Máximo de 0,061s

Aspecto Límpido Límpido

Densidade 1,016 1,015 – 1,045

Exame Químico Resultado Valor de referência para cães

pH 6,5 5,5 - 7,5

Proteínas Traços Negativo

Urobilinogênio Normal Normal

Bilirrubina Negativo Negativo

Sangue 5-10/ca Negativo

Glicose Normal Normal

Corpos Cetônicos Negativo Negativo

Nitrito Negativo Negativo

Page 63: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

64

Segmento S – T Isoelétrico Infradesnível ≤ 0,2mV Supradesnível

≤ 0,15MV

Onda T 0,37mV – Positiva <1/4 QRS; positiva, negativa, bifásica

Intervalo Q – T 0,217s Entre 0,15 e 0,25s

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO E – ECOCARDIOGRAMA

Tabela 10 – ecocardiograma realizada no cão Tika.

Avaliação do Ventrículo Esquerdo

Diástole: Septo: espessura 4,7mm normal Sístole: Septo: espessura 10,5mm normal

Cavidade: Diâmetro 37,3 mm aumentada Cavidade: Diâmetro 21,4 mm aumentada

Parede: Espessura 6,6 mm normal Parede: Espessura10,1 mm normal

Fração de Encurtamento: 43% normal Fração de Ejeção: 75% normal

Distancia do ponto E ao septo: 1,9mm normal Movimento normal

Avaliação do Estrutural

Átrio Esquerdo: 31mm aumentado Aorta: 16,5mm normal

Relação átrio esquerdo/ aorta: 1,88 aumentada

Valvas átrio – ventriculares: mitral espessada Tricúspide espessada

Valvas Sigmóideas: aórtica normal Pulmonar normal

Pericárdio normal

Ecograma Doppler

Fluxo

Características

(Laminar/ turbulento)

Velocidade

Gradiente de Pressão

Regurgitação

Mitral Laminar Normal E: 126cm/s – A: 75 cm/s Importante

Page 64: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

65

E/A: 1,68 normal 509cm/s 105mmHg

Aórtico Laminar Normal 99,6 cm/s normal 40 mmHg Ausente

Tricúspide Laminar Normal 94,8 cm/s normal Moderada 299cm/s

35mmHg

Pulmonar Laminar Normal 67,2 cm/s normal 1,8 mmHg Ausente

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO F – HEMOGRAMA

Tabela 11– Eritrograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Contagem de eritrócitos 6,8 5,5 - 8,5 milhões/μL

Hematócrito 44% 37 - 55%

Hemoglobina 14,4 12 - 18 g/dL

VGM 65 60 - 77 fL

CHGM 33 32 - 36 %

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 12 – Leucograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Leucócitos totais

9.700

6.000 - 17.000

% Valor absoluto (/μL) % Valor absoluto (/μL)

Segmentados 84 8.148 60 - 77 3.000 - 11.500

Bastonetes 0 0 0 - 3 0 - 300

Metamielócitos 0 0 0 0

Linfócitos 10 970 12 - 30 1.000 - 4.800

Eosinófilos 2 194 2 - 10 100 - 1.250

Monócitos 4 388 3 - 10 150 - 1.350

Basófilos 0 0 Raros Raros

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Page 65: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

66

Tabela 13 – Dosagem de proteínas totais e estivamativa de plaquetas realizados no cão Tika.

Parâmetro Resultado Valor de referência para cães

Proteína Plasmática Total (g/dL) 6,6 6,0 - 8,0

Estimativa de plaquetas (/μL) 409.000 200.000 – 500.000

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO G – BIOQUÍMICA SÉRICA

Tabela 14 – Exames de bioquímica sérica realizados no cão Tika.

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínca do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

ANEXO H – HEMOGRAMA

Tabela 15 – Eritrograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Contagem de eritrócitos 4,7 5,5 - 8,5 milhões/μL

Hematócrito 35% 37 - 55%

Hemoglobina 10,5 12 - 18 g/dL

Exames Resultado Valor de referência para cães

Alanina aminotransferase (UI/L) 211,7 21 - 102

Creatinina (mg/dL) 2,9 0,5 - 1,5

Fosfatase alcalina (UI/L) 157,7 20 – 156

Ureia (mg/dL) 220,6 21 - 60

Proteína Total (g/dL) 5,7 5,4 – 7,1

Albumina (g/dL) 3,0 2,6 – 3,3

Cloretos (mmol/L) 112,1 105 - 115

Lactato (mmol/L) 4,0 1,0 – 3,0

Globulina (mg/dL) 2,7 2,7 – 4,4

Page 66: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

67

VGM 74 60 - 77 fL

CHGM 30 32 - 36 %

Anisocitose discreta

Policromatófilos (/campo) Raros

Metarrubrócitos (/100 leucócitos) 1

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 16 – Leucograma realizado no cão Tika.

Parâmetros Resultado Valor de referência para cães

Leucócitos totais

11.500

6.000 - 17.000

% Valor absoluto (/μL) % Valor absoluto (/μL)

Segmentados 83 9.545 60 - 77 3.000 - 11.500

Bastonetes 1 115 0 - 3 0 - 300

Metamielócitos 0 0 0 0

Linfócitos 6 690 12 - 30 1.000 - 4.800

Eosinófilos 7 805 2 - 10 100 - 1.250

Monócitos 3 345 3 - 10 150 - 1.350

Basófilos 0 0 Raros Raros

Neutrófilos tóxicos raros com leve basofilía e rara vacuolização citoplasmática

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Tabela 17 – Dosagem de proteínas totais e estivamativa de plaquetas realizados no cão Tika.

Parâmetro Resultado Valor de referência para cães

Proteína Plasmática Total (g/dL) 6,4 6,0 - 8,0

Estimativa de plaquetas (/μL) 368.000 200.000 – 500.000

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Page 67: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

68

ANEXO I – BIOQUÍMICA SÉRICA

Tabela 18 – Exames de bioquímica sérica realizados no cão Tika.

Fonte: Adaptado do Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná.

Exames Resultado Valor de referência para cães

Alanina aminotransferase (UI/L) 124,1 21 - 102

Creatinina (mg/dL) 2,9 0,5 - 1,5

Fosfatase alcalina (UI/L) 497,3 20 – 156

Ureia (mg/dL) 184,5 21 - 60

Proteína Total (g/dL) 5,4 5,4 – 7,1

Albumina (g/dL) 3,0 2,6 – 3,3

Globulina (mg/dL) 2,7 2,7 – 4,4

Page 68: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

69

ANEXO J – CASUÍSTICA DAS DOEÇAS ACOMPANHADAS

Tabela 19 – Casuística das doenças acompanhadas no setor de Clínica Médica no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, campus Agrarias durante o período de estágio

curricular.

Sistemas Afecções Número de casos

Pele e anexos tegumentares

Otite 10

Dermatite Alérgica à Saliva da Pulga 4

Inflamação de Glândula Perianal 1

Otohematoma 1

Demodiciose 1

Tratamento de Ferida Aberta 2

Farmacodermia 1

Dermatite Seborreica 1

Dermatite Actínia 1

Atopia 6

Otocariase 1

Piodermite Profunda 1

Escabiose 2

Hipersensibilidade Alimentar 1

Dermatofitose 7

Nefrologia e Urologia

Doença Renal Crônica 4

Ruptura de Uretra Peniana 1

Cistite 4

Obstrução Uretral 1

Gastroenterologia

Ingestão de Corpo Estranho 1

Ulcera Gástrica 2

Ruptura Gástrica 1

Fecaloma 1

Doença Gastrointestinal Crônica 4

Pancreatite 3

Endocrinologia Hiperadrenocorticismo 2

Page 69: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

70

Hipotireoidismo 3

Diabetes Mellitus 4

Cetoacidose Diabética 2

Hepatologia Colangio Hepatite 1

Encefalopatia Hepática 2

Neuromuscular Mega Esôfago 1

Sequelas de Cinomose 2

Neoplasia

Neoplasia Mamária 4

Neoplasia de Adrenal 1

Neoplasia de Ovário 1

Lipoma 4

Insulinoma 1

Metástase Pulmonar 1

Neoplasia Cutânea 1

Neoplasia Esplênica 1

Neoplasia Intracraniana 2

Mieloma Múltiplo 1

Neoplasia Hepática 1

Doenças Infecciosas

Leishmaniose 1

Erliquiose 1

Giardíase 1

Rinotraqueite Infecciosa Felina 2

Hemoparasitose Felino 1

Peritonite Infecciosa Felina 1

Leucemia Viral Felina FELV 2

Vírus da Imunideficiencia Felina FIV 1

Traqueobronquite Infecciosa Canina 1

Cinomose 4

Parvocirose 2

Leptospirose 4

Neurologia Epilepsia 2

Page 70: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

71

Doença de Disco Intervertebral DDIV 3

Meningoencefalite Granulomatosa 1

Distúrbio Cognitivo 2

Convulsões 4

Cardiologia e Angiologia

Sopros – Graus Diversos 8

Edema de Membros 2

Sincope 1

Endrocardiose Bacteriana 1

Ortopedia Poliartrite 1

Check-up Check-up 3

Hiperplasia Prostatica 2

Sistema Reprodutor Piomentra 2

Pseudosiese 1

Bronquite 1

Sistema Respiratório Colapso de Traqueia 1

Edema Pulmonar 3

Pneumonia 1

Imunização Vacinação 22

Oftalmologia Ulcera de Córnea 1

Hérnias Hérnia Inguinal Encarcerada 2

Hérnia Diafragmática 2

Traumatologia Atropelamento 4

Mordidas 2

Eutanásia 3

Drenagem de Tórax 2

Citologia 3

Procedimentos Ambulatoriais Lavado Traqueal 2

Ressuscitação Cardiocerebropulmonar 2

Ressuscitação Cardiocerebropulmonar Tórax Aberto 2

Page 71: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

72

Tabela 20 – Casuística das doenças acompanhadas no setor de Cardiologia do Hospital

Veterinário da Universidade Federal do Paraná durante o período de estágio curricular.

Sistemas Número de casos

Sem Alterações em Ecocardio 7

Endocardiose de Mitral Discreta com Insuficiência de Mital

Discreta. Sem remodelamento Cardiáco (Atrio Esquerdo). 4

Endocardiose de Mitral e de Tricúspide Discreta. Sem

Remodelamento Cardíaco (Atrio Esquerdo). 4

Endocardiose de Mitral Moderada com Insuficiência de

Mitral Discreta. Sem remodelamento cardíaco (Atrio

Esquerdo). 5

Endocardiose de Mitral e Tricúspide Discreta com

Insuficiência de Mitral Discreta. Com Remodelamento Cardíaco

(Atrio Esquerdo). 5

Endocardiose de Mitral e Tricúspide Moderada com

Insuficiência Moderalda. Sem Remodelamento Cardíaco (Atrio

Esquerdo). 4

Endocardiose de Mitral e Tricuspide Moderada com

Insuficiência de Mitral e Tricúspide Moderada. Sem

Remodelamento Cardíaco (Atrio Esquerdo) e com Discenesia de

Ventrículo Esquedo e septo interventricular. 1

Endocardiose de Mitral e Tricúspide Moderada com

Insuficiência de Mitral e Tricúspide Moderada. Com

Remodelamento Cardíaco (Atrio Esquerdo). 2

Endocardiode de Mitral Importante com Insuficiência de

Mitral Importante. Com Remodelamento Cardíaco (Atrio

Esquerdo) 1

Endocardiose de Mitral Importante e Tricúspide

Moderada com Insuficiência de 1

Page 72: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELATÓRIO DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/DIROFILARIOSE-EM-CAES-E-GATOS.pdf · universidade tuiuti do paranÁ medicina veterinÁria mariana

73

Mitral Importante e de Tricúspide Moderada. Com Remodelamento

Cardíaco (Atrio Esquerdo) e Hipertensão Pulmonar.

Endocardiose de Mitral e Tricúdpide Importante com

Insuficiência de Mitral e Tricúspide Importante. Com Remodelamento Cardíaco

importante (Atrio Esquerdo), Prolapso de Válvulas Mital e

Tricúspide, Hipertensão Pulmonar e Edema Pulmonar. 1

Endocardiose de Tricúspide Discreta com insficiciência de

Tricúspide Discreta. Sem Remodelamento Cardíaco (Atrio

Esquerdo) 1

Hipertensão Pulmonar 2

Neoplasia de Toráx – Compressão Cardíaca 1

Tumor em Base Cardíaca 1

Fibrilação Atrial com remodelamento de átrio direito e

de átrio esquerdo. 3

Fibrilação Atrial. Com Remodelamento de átrio

esquerdo e de átrio direito, hipertrofia excêntrica de

ventrículo esquerdo. 1

Cardiomiopatia dilatada 2

Cardiomiopatia Hipertrófica 3

Comunicação Interventricular 1

Estenose Subaortica 2

Dirofilariose 1