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Membros do grupo: Abednego Calombe Alfredo João Jamba Cesaldino Machado Manuel Esmirna Feliciana Catarina Nachipoque M’bakassy Fernando Francisco Ventura Ismael Felipe Armando Morais Isabel Lopes João Domingos Morais José Santana Manuel Jércio Saturnino Manuel Augusto

Trabalho de dto económico

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Membros do grupo:

Abednego Calombe Alfredo João Jamba Cesaldino Machado Manuel Esmirna Feliciana Catarina Nachipoque M’bakassy Fernando Francisco Ventura Ismael Felipe Armando Morais Isabel Lopes João Domingos Morais José Santana Manuel Jércio Saturnino Manuel Augusto

ÍNDICE

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Introdução............................................................................................................................3

Capítulo I – A evolução histórica do pensamento económico a partir do século XVII...................4

1.1. Mercantilismo............................................................................................................4

1.1.1. Tipos de mercantilismo........................................................................................4

1.2. Liberalismo................................................................................................................5

1.3. Socialismo.................................................................................................................7

1.4. O Intervencionismo....................................................................................................8

1.5. O Neoliberalismo........................................................................................................9

Capítulo II – Um olhar crítico ao processo histórico-evolutivo do pensamento económico e suas principais influências no surgimento do Direito Económico.....................................................11

2.1. Crítica.....................................................................................................................11

2.2. Influências...............................................................................................................11

Conclusão........................................................................................................................13

Bibliografia.........................................................................................................................14

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um exercício académico-científico na disciplina de Direito Económico orientado pela Drª Helena Prata Garrido Ferreira, regente da cadeira. O trabalho tem como tema “A evolução histórica do pensamento económico a partir do século XVII e suas principais

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influências no surgimento do Direito Económico”. Este trabalho reveste-se de capital importância na medida em que serve, por um lado, como um dos instrumento de avaliação dos estudantes, integrando-se no pacote de avaliação contínua; e, por outro, como um meio directo de suscitar um maior interesse dos estudantes em relação a disciplina, fornecendo ao estudante a oportunidade de participar mais activamente na sua formação e dando-lhe com isto uma maior compreensão dos factores que influenciaram o surgimento desta disciplina jurídica.

Como já é sabido a partir das aulas ministradas pela Drª Helena Prata Garrido Ferreira, e sem prejuízo de outras etapas cientificamente aceitáveis (como é o caso da antiguidade), a evolução histórica do pensamento económico pode ser visualizada, grosso modo, em sete (7)fases: 1ª fase: formação e apogeu do feudalismo (Alta Idade Média - séc. V a XI); 2ª fase: dissolução do feudalismo e início do capitalismo (Baixa Idade Média - séc. XI a XV); 3ª fase: formação do mercantilismo ou capitalismo comercial (Idade Moderna - séc. XV a XVIII); 4ª fase: liberalismo (Início da Idade Contemporânea - fim do séc. XVIII e todo séc. XIX); 5ª fase: socialismo (séc. XIX e XX); 6ª fase: intervencionismo - "Welfare State" (séc. XX); 7ª fase: neoliberalismo (séc. XXI). De referir que o presente trabalho tem como escopo analisar, de forma sintetizada, a evolução do pensamento económico apenas a partir do século XVII até aos nossos dias.

Para uma melhor compreensão do conteúdo, dividimos a pesquisa em dois capítulos: num primeiro, a abordagem recaí, tal como denuncia o próprio tema, a análise histórico-evolutiva do pensamento económico demostrando seus aspectos mais importantes, benefícios e malefícios na produção e circulação de riquezas em um Estado, seus antagonismos, bem como os seus cultores. No segundo capítulo, não menos importante que o primeiro, lançamos um olhar crítico ao processo histórico-evolutivo do pensamento económico e suas principais influências no surgimento do Direito Económico. As páginas que se seguem acabarão por ser mais elucidativas proporcionando ao leitor uma visita guiada ao longo do trabalho. Por fim, uma conclusão arremata a presente pesquisa, perscrutando, ainda que singelamente, num discurso à queima roupa as influências mais significativas.

No que diz repeito a elaboração do trabalho escrito (digitação e impressão), o grupo fez recurso à meios informáticos e didácticos mais conhecidos (computadores, impressoras, papel e esferográficas). Já no tocante ao conteúdo fez-se recurso aos livros (pesquisa bibliográfica), à pesquisa na internet, bem como aos diálogos informais com estudantes do 4º ano.

Humildemente, boa leitura!

CAPÍTULO I – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO ECONÓMICO A PARTIR DO

SÉCULO XVII

Tal como já foi dito na introdução, reiteramos a informação de que a nossa análise cinge-se a partir do séc. XVII em diante, como aliás já denuncia o próprio tema, dito doutro modo, a partir dos anos 1601 até aos nossos dias. Em sede desta abordagem, a primeira corrente de pensamento que abordaremos é o mercantilismo seguindo-se as demais.

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1.1. Mercantilismo

Em linhas gerais, o mercantilismo ou capitalismo comercial vigorou no século XV até meados do século XVIII, e defendia fundamentalmmente uma forte intervenção estatal na economia. Serviu como uma fase de transição entre o pensamento feudal para o pensamento capitalista. Vários foram os tipos de mercantilismo adoptados nos mais diversos países, mas todos, basicamente, tinham como princípios o acúmulo de metais preciosos (metalismo), balança comercial favorável (exportar mais e importar menos), protecionismo, e como dito, uma grande intervenção do Estado (absolutista), que agia, por exemplo, controlando preços, fixando tarifas alfandegárias e controlando a quantidade de mercadorias. No mundo começa a surgir os principais defensores das práticas mercantilistas: Damián de Olivares, Santis-Ortiz e Antonio Serra da Espanha e Portugal; Antoine Montchristien, Jean Bodin, Richard Cantillon e Jean Baptiste Colbert na França; Gerald de Malynes, Thomas Mun e chalés Devanant na Inglaterra; Ludwing von Seckendorff, Johann Joachin Becher na Alemanha. O mercantilismo era assim no dizer de Adam Smith um sistema de regulamentações.

1.1.1. Tipos de mercantilismo

1.1.1.1. A forma espanhola ou bulionista

A primeira – e também a mais rudimentar – forma de mercantilismo coincide com a descoberta e exploração das minas de ouro da América, e tem nascimento no país que recebe este metal precioso: a Espanha. Os principais representantes bulionistas são Ortiz, Botéro, entre outros. Para se conseguir acumular o máximo de ouro e prata, dois são os processos preconizados e empregues:- impedir que o metal precioso saia do país, através de medidas intervencionistas em diversos campos. Atraem-se também as moedas estrangeiras para o interior do país, mediante a adopção de uma política de taxa de juros elevada; depois, a fim de impedir a saída do metal, falsificam-se as moedas;- a balança de contratos.

Os mercantilistas compreendem a importância das trocas entre nações, mas, em contraposição, perceberam também que esse comércio acarreta um deslocamento dos stocks metálicos. Por isso, impõem medidas de controlo: os navios espanhóis que vão vender mercadorias no exterior, devem, obrigatoriamente, trazer para a Espanha o valor da sua carga em ouro. Por outro lado, os navios estrangeiros, que desembarcam os produtos dos seus países de origem na Espanha, devem, necessariamente, levar, ao partir, o valor da sua carga em produtos espanhóis.

Estes processos esbarravam na dificuldade de fiscalizar os contratos continuadamente, e a sua aplicação só seria possível por parte de um pequeno número de países. É assim que a balança de contratos vai dar lugar à balança de comércio e, com ela, o alargamento da concepção mercantilista: admite-se a entrada e saída de ouro, desde que se assegure uma balança de comércio favorável.

1.1.1.2.. A forma francesa ou colbertismo

Com o mesmo objectivo de aumentar os stocks monetários, a França vai orientar a sua acção para o fomento da indústria, uma vez que não pode recorrer às fontes directas de metais preciosos. A indústria é preferida, por um lado, em virtude da sua produção ser mais certa e regular, e, por outro, pelo facto dos produtos fabricados para a exportação terem um valor específico maior. O esforço em prol do desenvolvimento industrial é acompanhado de numerosas medidas intervencionistas: o Estado outorga monopólio de produção e regulamenta a

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indústria de modo estrito; há interdição do trabalho livre. A mão-de-obra representa, na produção, a parte mais importante do preço de custo dos produtos. Por conseguinte, é fixado o salário máximo, a fim de colocar os produtos nacionais em condições vantajosas no mercado internacional. A taxa de juros é também fixada pelo Estado.

Associado à importância crescente da indústria está também a noção de populacionismo, já que é favorável a produção. A intervenção do Estado vai também influir no sector do consumo: para aumentar o volume das exportações de objectos de luxo limita-se o seu consumo interno.

1.1.1. 3. A forma inglesa ou comercialista

Num período de grandes descobertas, o mercantilismo inglês vai sofrer a influência desse facto. Foi perante as potencialidades comerciais dos Descobrimentos que os comerciantes solicitaram a abolição da proibição da saída de metais precioso do país. O argumento é simples: as Índias Orientais fornecem aos compradores preciosas especiarias, as quais são revendidas ais estrangeiros a um preço muito elevado. Ora, os indígenas não querem vender contra pagamento em outros produtos, mas, sim, em metal precioso. A exportação desse metal permitiria, portanto, ao comerciante inglês, auferir lucros que se traduziriam, no fim de contas, em importação do metal precioso, com vantagem para o país.

Na concepção mercantilista, é a nação – e não o indivíduo – o comerciante. Cabe-lhe, pois, envidar todos os esforços para conseguir uma balança de comércio exterior saldada mediante a entrada de metal. No entanto, como se exige que a balança seja favorável, todo um sistema de regulamentações é elaborado: o Estado regulamenta a produção, fiscaliza as exportações e controla as vendas no exterior. Essa regulamentação é tanto mais rigorosa quando, na verdade, à preocupação metalista se vai juntar a preocupação política: é assim que a fiscalização das exportações visará também impedir a saída de produtos e matérias-primas que possam ser úteis à defesa do país ou à condução da guerra.

1.2. Liberalismo

O liberalismo foi o pensamento que se contrapôs ao intervencionismo estatal defendido pelo mercantilismo. Defendia a livre iniciativa dos particulares na economia, pontificando que a economia não deveria sofrer ingerências do Estado, pois deveria ser regido pelas próprias “leis” do mercado. Ou seja, o pensamento liberal clássico entendia que as leis naturais do mercado (como a livre oferta e procura) por si só eram suficientes e melhor regulariam o mercado, não necessitando da intervenção estatal. Por isto, seu grande lema era "laissez faire, laissez paisser, le monde va de lui même" (deixa fazer, deixa passar, que o mundo anda por si mesmo), tendo como percursor o economista inglês Adam Smith (da Escola Clássica) que considerava o estado como incompetente economicamente.

O liberalismo foi, em verdade, um modelo econômico concebido à luz de idéias iluministas, criando um plano propício ao desenvolvimento do capitalismo e da burguesia que se viam amarradas ao poder decisório de uma monarquia absolutista e da estagnação de um sistema económico mercantilista. Segundo Paulo Henrique Rocha (2000, p. 40):

"O liberalismo, tão essencial à caracterização do Estado ocidental moderno, nasceu como uma nova visão global do mundo advinda da conjugação do racionalismo dos séculos XVII e XVIII – das diretrizes racionalistas que situaram o homem no centro da sociedade, levando-o a se opor contra o absolutismo – com o liberalismo econômico de Adam Smith, tornando-se a expressão revolucionária de uma ética individualista voltada para a noção de liberdade plena e servindo de elemento essencial à composição da nova estrutura social empregada na satisfação das

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necessidades econômicas cotidianas do homem moderno: a estrutura capitalista." (SCOTT, 2000, p. 40).

A burguesia utilizou os ideais iluministas (igualdade, liberdade e fraternidade), aliou-se aos camponeses (que juntamente formavam o chamado terceiro estado) e rebelou-se contra a nobreza (revolução francesa) dando origem ao Estado Moderno, com um poder político descentralizado (com fulcro na separação dos poderes de Montesquieu), sem intervenção, dando plena liberdade para a atuação dos burgueses na exploração da atividade econômica.

Destarte, não temos como ousadia dizer que a própria criação do Estado Moderno (com base na filosofia contratualista de Rousseau, Montesquieu, Locke, Hobbes) foi apenas um meio encontrado para se atingir um desígnio econômico da burguesia que, posteriormente, veio a se tornar a classe dominante no sistema econômico capitalista e liberal. Ora, defender a liberdade e a igualdade dos camponeses (que vieram a se tornar o proletariado) não era ostentar humanismo, mas sim, criar um novo mercado de consumo e uma massa laborativa legitimada, sem nenhuma ingerência do Estado. O liberalismo vigorou em todo o século XIX, dando ampla liberdade aos particulares à livre iniciativa e concorrência, conforme ensina Paulo Henrique Rocha (2000, p. 42):

"No final do século XVIII e em todo o século XIX, de modo mais acentuado entre as décadas de 1830 e 1850, a normalidade das actividades económicas ficou vinculada exclusivamente à concorrência estabelecida pelo mercado. (...) De modo geral, especialmente se enfocada a realidade dos países centrais, é possível afirmar que naquele século a liberdade econômica foi quase absoluta, tendo na livre concorrência o critério mais significativo de organização e definição dos vencedores da disputa econômica." (SCOTT, 2000, p. 42).

Todavia, o liberalismo estava fadado ao insucesso, o qual a humanidade teve que provar empiricamente. Isto é, a mão invisível (como dizia Adam Smith) do liberalismo foi insuficiente para evitar a dominação de mercados. Entre seus malefícios podemos apontar o trabalho escravo, os abusos na atividade econômica, a desigualdade social, a expurgação da concorrência (consequentemente o aumento de preços, a diminuição de qualidade dos bens e serviços produzidos). Sobre a “crise da liberdade económica”, discorre Paulo Henrique Rocha1:

"Ademais, como ficou suficientemente comprovado no século XX, a economia de mercado se mostrou ineficaz para enfrentar mudanças de grandes proporções; quando fosse necessário transferir recursos num grau significativo, os seus métodos se revelavam demasiadamente lentos e cruéis sob o ponto de vista social. Uma situação de escassez, por exemplo, não podia ser eliminada com rapidez – com isso, algumas pessoas acabavam obtendo rendas elevadas à custa do público, já que as utilidades escassas restavam distribuídas de maneira injusta -, assim como um eventual excesso de produção não poderia ser revertido com a celeridade necessária."

Muitas correntes de pensamentos surgiram a partir do liberalismo clássico. Apontamos alguns pensadores como: Thomas Maltus que acreditava que a densidade demográfica era maior que as possibilidades dos meios de produção; Stuart Mill que se oporia às leis naturais do liberalismo setecentista; Friedrich List que defendia o Estado como protetor da produção e distribuição de riquezas; e até, mais tarde, o próprio John Keynes, que não era contrário ao liberalismo, apenas defendia a intervenção do Estado de forma racionalizada como um meio de defender este modelo econômico.

1 SCOTT, Paulo Henrique Rocha. Direito Constitucional Econômico: Estado e Normatização da Economia. Porto Alegre. Sérgio Antônio Fabris Editor. 2000, pág. 44 citado por joão Marcelino no texto publicado no Recanto das Letras em 15/03/2008.

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1.3. Socialismo

As idéias socialistas tiveram com principal defensor Karl Marx, através de suas obras “O Capital” e o "Manifesto Comunista”. Se opunha ao capitalismo liberal ao defender que os meios de produção não deveriam ficar com os particulares, isto é, deveriam estar sobre o controle do Estado, que poderia, assim, planejar a produção.

A omissão do Estado nas atividades económicas gera uma concentração de renda em poder de uma minoria (classe dominante), detendo estes os meios de produção e a livre decisão sobre o destino dos bens produzidos, ao passo que a maioria dos indivíduos (proletariado) possui apenas sua força produtiva, que é explorada ao alvedrio daquela minoria, detentora do poder econômico. Destarte, o pensamento socialista tinha como ponto nuclear o repúdio à apropriação privada dos meios de produção e à exploração da força produtiva, defendendo a distribuição igualitária dos bens produzidos norteado por um planejamento estatal sobre os meios de produção (que seriam de propriedade coletiva). Conforme Paulo Henrique Rocha, "Foi na Rússia Soviética que, após a primeira grande guerra mundial, deu-se, em termos concretos a primeira experiência socialista. (...) Neste sistema , baseado na idéia de propriedade coletiva dos meios de produção e no qual o Estado detinha os poderes para direção e administração empresarial, o planejamento se revelou como o elemento essencial de caracterização – diferentemente do que ocorria nos sistemas capitalistas."2

Entretanto, o socialismo, ao longo de sua curta existência prática, foi demonstrando, também, algumas deficiências. A socialização dos meios de produção e o poder decisório do Estado na atividade econômica cerceou novas possibilidades de produção e, consequentemente, de uma organização de consumo. Isto é, os bens produzidos (e igualitariamente distribuídos) em um Estado socialista eram aqueles estritamente necessários à subsistência humana, excluindo aqueles derivados das chamadas “necessidades artificias” do ser humano.

"Um dos problemas revelados pelo sistema socialista soviético e a sua solução de direção econômica absolutamente centralizada - preocupada em ajustar o desenvolvimento industrial às disponibilidades e potencialidades da nação – foi a dificuldade de criar soluções eficazes para manter a organização do consumo. A ausência de liberdade – já que o planejamento se estruturou de modo a desconsiderar a importância do elemento democrático, da descentralização democrática das escolhas – suprimiu caminhos relevantes como a participação da comunidade, seus desejos e necessidades de consumo, do processo de produção de bens de consumo. A decisão se restringia a uma casta burocrática, ficando excluída a criatividade social."3

Assim, ficava suprimida qualquer possibilidade de novos mecanismos na escolha da forma de produção, bem como dos bens produzidos, tolhendo os eventuais benefícios trazidos ao consumidor (v.g. novos produtos, novas tecnologias, maior qualidade e eficiência na produção) típicos de uma sistema capitalista.

1.4. O Intervencionismo

Não obstante as falhas demonstradas pelo sistema económico socialista, ele foi de crucial importância para o desenvolvimento do pensamento económico. Ensina Paulo Henrique Rocha (2000, p. 53):

2 Op. Cit, pág. 50 e 513 Ibdem, pág. 53

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"Os influxos da ideologia socialista tiveram tamanha repercussão sobre o sistema económico dos países da estrutura econômica capitalista que acabou se tornando a principal causa do surgimento de um novo perfil de organização sócio-econômica estatal: o Estado Social." (SCOTT, 2000, p. 53).

A preocupação com o bem estar social em detrimento de uma política econômica liberal foi corroborada com acontecimentos históricos do século XX, como a primeira (1914 -1918) e a segunda guerra mundial (1939 - 1945), e a quebra da bolsa de Nova York (1929). O amadurecimento da consciência social levou a necessidade de intervenção do Estado nas actividades económicas, com o intuito de assegurar existência digna a todos, combatendo o desemprego, distribuindo eqüitativamente as riquezas, regulando preços, garantindo moradia etc. Ou seja, o "Walfare State" está preocupado com as anseios da coletividade e não de uma minoria detentora do poder econômico.

Porém, ao contrário de sistema socialista, para a consecução destes fins, não defende, de modo peremptório, a aquisição absoluta dos meios de produção pelo Estado, nem de uma centralização decisória e/ou um planejamento estatal coativo. Trata-se, então, de uma racionalização na intervenção do Estado a fim de conciliar os interesses sociais com os benefícios do liberalismo.

Em face às imperfeições do liberalismo, cujas principais podem ser resumidas no surgimento dos monopólios, no advento de cíclicas crises econômicas e no exacerbamento do conflito capital versus trabalho, aliadas à incapacidade de auto-regulação dos mercados e concreção dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, surge a ordem econômica intervencionista.

Como corolário das características próprias do Estado social, aparece o aspecto da intervenção, substituindo a antiga postura do poder público abstencionista e inerte diante da atuação dos particulares na vida social, acabando por se revelar a existência de entidades, por meio das quais se desenvolvem os processos coletivos de satisfação das necessidades, como uma necessidade para os indivíduos.

Os reflexos sentidos na ordem econômica intervencionista são originários de um novo significado ideológico, que pode ser perquirido em duas distintas faixas, conforme seja encarada predominantemente na perspectiva da filosofia do direito ou da sociologia política, “Na primeira faixa, a intervenção justifica-se pela necessidade de submeter a vida econômica aos imperativos da Justiça. A ordem econômica caracterizada por essa atitude ingerente do Estado não é manifestação típica da ordem política traçada nas Constituições. Os princípios e preceitos orientados nesse rumo visam a “introduzir no fortuito domínio da economia os ditames da Justiça”.

Na segunda faixa, agrupam-se todos aqueles que reputam os preceitos interventivos expressões jurídicas da tendência socializante latu sensu motivada pelo esgotamento do liberalismo econômico e pela decadência do sistema capitalista de produção.” Complementado o quanto exposto acima, pode-se afirmar que o fenômeno da intervenção do Estado gera técnicas diferentes das liberais em decorrência de ter saído do seu domínio tradicional de atividades, ao assumir funções novas. Essas mutações dar-se-ão para absorver as funções do Estado do bem-estar e do desenvolvimento.

Em decorrência do necessidade de satisfação das necessidades coletivas, passa o Estado a exercer “um poder, cujo objeto é o arbítrio racional orientado axiologicamente no sentido de promover, dentro de certos limites, modificações dirigidas à totalidade ou a uma parte considerável da ordem social”.

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A transformação do direito a que se refere este tópico tem como marco o instante em que as precedentes ordens econômicas (mundo do dever ser) passam a servir de instrumento para a implementação de políticas públicas.

1.5. O Neoliberalismo

O vocábulo “neoliberalismo” pode ser entendido em diferentes acepções. Pode significar o retorno ao liberalismo clássico, sem a intervenção do Estado nas actividades económicas, ou então, uma intervenção moderada, baseada em um sistema liberal com inspirações sociais trazidas à baila pelo socialismo, ou mesmo, um novo sistema econômico baseado na integração econômica internacional, como um reflexo do processo de globalização. Conforme Paulo Henrique Rocha (2000, p. 48 e 49):

"Essa nova estratégia do Estado, alargando as sua funções e intervindo para afastar tudo que pudesse desvirtuar o livre jogo dos preços, inaugurou a fase do neoliberalismo, também denominado de capitalismo regulamentar ou, ainda, intervencionismo liberal. Durante o século XX, esta expressão assumiu sentidos diversos – neste parágrafo, está designando, evidentemente, uma flexibilização da regra de isolamento da atuação política do Estado em relação ao campo das atividades econômicas privadas." (SCOTT, 2000, p. 48 e 49).

O neoliberalismo está a designar aqui uma nova proposta de política econômica, que defende a desoneração dos excessivos encargos sociais do Estado, bem como a sua diminuição de atuação (menos Estado e mais sociedade civil).

A estagnação da economia de um país se deve, além de outros fatores, de uma excessiva tutela estatal, conseqüência do pensamento econômico socialista. Defende-se, então, a diminuição destes excessivos benefícios sociais como uma forma de alavancar a economia de um país, como ocorreu em países como Estados Unidos e Inglaterra (de Regan e Margareth Tatcher).

Todavia, não apenas a diminuição (e não supressão) dos encargos sociais do país caracteriza o neoliberalismo, mas também, a diminuição do próprio papel de atuação do Estado. Wilson Ramos Filho, (citado por Celso Ribeiro Bastos) ensina que a principal tensão social dentro do Estado neoliberal, de um modo geral, se dá:

"Entre a desformalização ou deslegalização e a relegalização (cada organismo cria sua norma particular, não mais universal e genérica; um direito mínimo; descentralização dos direito positivo em face da fundamentação cada vez mais contratual para os direitos e deveres), no campo dos movimentos sociais pela reincorporação/reconhecimento dos direitos, inclusive novos direitos públicos, e no campo da empresas, pela relegalização das relações pelos blocos econômicos, pelas novas cadeias normativas, pelas empresas, pela rede, que cria direitos civis (em oposição aos direitos que provém do Estado)." (RAMOS FILHO "apud" BASTOS, 2003, p. 27).

Nesta perspectiva, o neoliberalismo defende a livre iniciativa (livre exercício da actividade econômica pelos particulares), e a livre concorrência (rechaçando a concorrência desleal), tudo isto, em um cenário cada vez menos estatal, baseado nas relações contratuais livres dos particulares, mitigando a intervenção do Estado, não apenas na economia, como em todas as relações sociais.

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CAPÍTULO II – UM OLHAR CRÍTICO AO PROCESSO HISTÓRICO-EVOLUTIVO DO PENSAMENTO ECONÓMICO E SUAS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS NO SURGIMENTO DO DIREITO ECONÓMICO.

2.1. Crítica

Criticar não se confunde necessáriamente com reprovar, até porque existem críticas construtivas e se quisermos positivas. Criticar significa a nosso ver reflectir sobre as vantagens e desvantagens de um dado assunto ou fenómeno e dar o nosso humilde parecer. Hoc sensu, chegamos agora ao segundo elemnto com que a nossa abordagem trabalha, a saber, “a súmula analítica que resulta do exposto no capítulo anterior.

O aspecto mais marcante em termos de pensamento económico e que é de preocupação comum em todas estas correntes de pensamento prende-se com o papel, o lugar do estado na economia. Na era do mercantilismo o estado chamava a si a regulamentação, a fiscalização ou ainda a direcção da economia. Depois passou-se para uma fase em que o estado de abstencionismo, sendo que o estado foi considerado inapto e não era tido nem achado como agente económico. Na visão dos clássicos, em caso de desiquilíbrios o próprio mercado, ´so de per si, naturalmente se equilibraria.

Do período de autoregulação económica, dito doutro modo, de um capitalismo ao sabor dos interesses dos agentes que nele actuavam, passamos para um período de hetero-regulação em que o estado saí da sua função residual, abstencionista, para chamar a si a regulamentação dos mercados, realizando assim, de maneira mais completa a sua função primária de satisfação das necessidades colectivas.

Actualmente assiste-se a um fenómeno interessante em que existe uma coordenação económica entre o estado, que regula o mercado, e os restantes agentes económicos sendo que há um trabalho comum em muitos casos na criação de comandos que disciplinam o exercício de determinadas actividades, bem como se tem registado uma publicização do sector privado, como também uma constante privatização da propriedade e actividade do Estado. Encontramos particulares a gerirem as actividades que são originariamente do Estado. A nosso ver esta é um boa maneira de gerir, visto que descongestiona o fluxo de actividades do Estado.

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Por último, regista-se uma crescente internacionalização das economias. A título de exemplo apontamos o facto de após às duas grandes guerras terem sido criadas duas grandes instituições: o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

2.2. Influências

Todo o pensamento económico que foi evoluindo ao longo dos tempos foi dando subsídios, foi contribuindo para o surgimento do direito económico. Parafraseando a Drª Helena Prata4, pode afirmar-se que, embora a ordenação jurídica da economia seja bem mais antiga, o Direito económico, como ramo específico de Direito é uma criação do séc. XX, posterior à primeira guerra mundial.

Uma das grandes influências prende-se com o facto de se ter criado a ideia da necessidade de regulação em maior ou menosr grau do mercado, tornando-se possível apenas com a criação de normas jurídicas pelo Estado. A criação deste complexo normativo, a nosso ver, suscitou constantes estudos de um ramo que começava a autonomizar-se, possuia um campo próprio de estudo, princípios e institutos que lhe eram característico e uma disciplina própria para regular as diversas posições jurídico-económicas.

Falta

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4 Lições de Direito Económico, Editora: Casa das Ideias, 1ª edição – revista e actualizada: Luanda 2010, pág. 27

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CONCLUSÃO

Não se pretende de maneira nenhuma fechar o debate por aqui, até porque tal tema não se esgota em tão poucas páginas, nem tampouco num único estudo. Sabemos que o mundo da ciência é aberto, é vasto. O que fazemos aqui é apenas aflorar as conclusões a que o grupo chegou com o que acima ficou dito, servindo apenas de um passo para aqueles que futuramente se vão debruçar sobre o assunto. Nesta perspectiva, realçamos em gesto de conclusão os seguintes aspectos:

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Ccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccccc xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

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BIBLIOGRAFIA

GARRIDO, Helena Prata Ferreira. Lições de Direito Económico. 1ª Edição revista e actualizada, Luanda: Casa da Ideias – Divisão Eitorial, 2010

SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do Desenvolvimento Económico: Uma Investigação Sobre Lucros, Capital, Crédito, Juro e o Ciclo Económico; tradução de Maria silva Possas. 3ª edição – São Paulo: Nova Cultural, 1988.

Sites

http://www.ambito-juridico.com.br

http://jus.uol.com.br/direito-economico-e-cidadania.htm

http://recantodasletras.uol.com.br/textosjuridicos

http://www.miradaglobal.com

http://pt.wikipedia.org

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