Trabalho de Ética - Morte 21maio2014 (16h48m)

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SUMRIOIntroduoEste um trabalho de pesquisa bibliogrfica sobre Biotica que tem como objetivo compreender os diversos aspectos da morte assistida.O Sentido da MorteNada certo na vida, com exceo ao fato de que, uma ve! nascidos, a qualquer momento morreremos. "egundo #$N%&'(E" )*++,- a morte indispensvel para a renovao e para a evoluo da vida. .Espcies inteiras desapareceram e outras apareceram ao longo dos milh/es de anos em que a vida existe na 0erra. $ 1ommo "apiens "apiens uma das mais recentes, e a sua exist2ncia s3 foi poss4vel devido a este processo de renovao e adaptao cont4nua.5 $s homens sabem que a morte inevitvel. No entanto ela nos parece como uma possibilidade distante, sem hora marcada, como algo que eventualmente s3 acontea com os outros. 6aradoxalmente, elanosaterrori!aeemumasituaonormal, noaqueremos, eaindamenosa buscamos.&verdadequesempretodasas civili!a/es sempreansiarampela imortalidade e sempre houve sistemas que ajudaram as pessoas a conviverem com a suafinitude. 7essessistemas, omaisimportanteareligio, que, nopodendo prometer a vida eterna neste mundo, promete em outro, eventualmente melhor. #$N%&'(E" )*++,- afirma que apesar da 8nsia de ludibriar a morte, o sofrimento provocado por certas doenas f4sicas e psicol3gicas leva alguns a desejar ou buscar a morte o que vai de encontro com a tradio mdica de prolongar a vida a qualquer custo. & vida, porm, no um bem absoluto, nem a morte um mal absoluto, ambas fa!emparte deummesmoprocessoe, sea mortepodeemmuitos casos ser apropriadamente evitada, noutros a morte o fim que melhor serve os interesses das pessoas..$ morrer pertence 9 vida, assim como o nascer. 6ara andar, primeiro levantamos o p e, depois no cho :...; &lgum dia saberemosquea morte no pode roubar nada quenossaalmativer conquistado, porquesuasconquistasseidentificamcoma pr3pria vida5, assim se expressou 0agore, o poeta indiano, ao incorporar a morte como parte integrante dasua e no como intrusa indesejvel. No h vida semmorte, e a4 temos quest/es centrais de finitude e a de transitoriedade da exist2ncia. ?" )*++@- afirma quea concepo da vida com sagrada e a atitude de tentar preservAla a todo custo causadora de um dos maiores temores da atualidade, o de morrer emmeioagrandesofrimento, so!inho, comdoreseligado9mquinas. 7entro deste contexto, nos perguntamos se poss4vel ter controle sobre a pr3pria morte.Bltimamente muito tem se falado sobre a dignidade no processo de morrer, que nem oapressamentodamorte, aeutansia, nemoprolongamentodoprocessode morrer com intenso sofrimento, a distansia.Entre as grandes quest/es sobre o fim da vida, a autora destaca as seguintesC D 6odeAse planejar a pr3pria morteE D 0em a pessoa o direito de decidir sobre sua pr3pria morte, buscando dignidadeE D $s mdicos podem atender um pedido para morrerE. 0ratamentos com o mero objetivode prolongar da vida, sem garantia da qualidade da mesma, podem ser interrompidosEEstes so a temas que sero abordados no decorrerdeste trabalho. Um Evento Social7e acordo com #$N%&'(E" )*++,-, a forma de encarar a morte algo que difere no apenas de indiv4duo para indiv4duo, mas tambm de acordo com a cultura ao longo do tempo. Na idade mdia a morte era um acontecimento encarado com naturalidade. $ desconhecimento de medidas sanitrias, a ineficcia da medicina da poca e a vida dura da populao fa!iam com que a morte fosse uma ocorr2ncia frequentemente. $s pais no se apegavamaos seus beb2s porque sentiamque havia grande possibilidade de no vingarem. Na fam4lia, entre os vi!inhos e conhecidos sempre havia algum gravemente doente e que morreria em breve, e esta pessoa era visitada durante a vida e acompanhado ap3s a morte por todas as pessoas da comunidade. Encarada com naturalidade, a morte era um acontecimento srio e terr4vel, mas no aopontodefa!ercomqueaspessoasfugissemdela, procedessemcomoseno existisse ou maquiassem a sua apar2ncia, a exemplo do que ocorre hoje em nossa sociedade. &t o per4odo da primeira grande guerra, em nossa cultura, o vel3rio, enterro e luto de um indiv4duo eram momentos solenes que contavam com a participao de familiares, amigos evi!inhos estavampresentes. &os poucos as visitas iamAse espaando at que a vida voltasse ao normal, continuando apenas as visitas peri3dicas ao cemitrio. & casa onde ocorrera a morte era identificada com um aviso de luto afixado 9 porta. 1ouve um tempo mesmo em que o caixo, era exposto 9 portadacasa, demodoqueamorteeraumacontecimentosocialepFblicoque envolvia toda a comunidade. &omoribundocabiaumaatitudedeaceitaodoseudestino, aindaque morrer no fosse o seu desejo. Era considerava essencial que ele conhecesse o seu destino, a fimde que se preparasse espiritualmente e tomasse suas Fltimas provid2ncias, quegeralmenteeramtomadas por umsacerdote, demodoquea entrada do padre no quarto de um moribundo era considerada o sinal de que a estava pr3xima, deixando de ser necessria qualquer outra formalidade. &visar uma pessoa de sua morte era sempre considerado uma tarefa desagradvel, mas necessria, porm a partir da segunda metade do sculo G?" )*++@- observou que ,+J dos entrevistados aceitariam a questo dosuic4dioassistidoparasi, seestivessesofrendodedor crInica, comdoena terminal, perdademobilidade, daindepend2ncia, ouquandosetornassemuma carga para os outros. Bm tero gostaria de morrer se estivesse incontinente ou que ir para umasilo. Entretanto, as pessoas mais velhas ou gravemente enfermas concordaram menos com a ideia do suic4dio assistido. Bma hip3tese provvel que a proximidade da possibilidade da morte aumente tambm o medo de morrer. Fases da MorteEm K"er e 0empoK 1E?" )*++@-relataque muitosdoentes,na fasefinal de suas doenas, pedempara morrer e reflete sobre o que provocaria estes pedidos, uma dor intolervel oudepresso. Ele prossegue mencionandoumestudo efetuadopor ?hochinov et al em MNNX em que foram estudaram *++ pacientes terminais e foi verificadoquesomenteV,XJdestespediramparater suasmortesapressadas, e nesses casos observouAse hist3rias de depresso e abandono por parte da fam4lias. Em muitos casos o pedido para morrer est relacionado com o fato de no estarem recebendo cuidados adequados, tendo sua dor subtratada. $utros pacientes expressamumsentimento de falta de controle. Puitos consideramsua vida insuportvel ousentemAsecomoumpesopara afam4lia. Estointernados em hospitais, solitrios, abandonados e impotentes diante da vida e da morte. Par\son &6B7 =$(>?" )*++@- alerta para que no se considerem todos os pedidos para morrer comoirracionais, delirantes, ouvindos de uma profunda depresso. 0odos os pedidos devemser escutados econtextuali!ados, ejamais devem receber respostas rpidas e impensadas. Numa cultura que sacrali!a a vida e v2 a morte como um inimigo a ser combatido a todo custo, sem dFvida, valores importantes so questionados nestes casos. 6or outro lado, h tambm aqueles pacientes que no aguentam mais a vida, masnoseachamnodireitodepedirinforma/essobreseuestadodesaFdee progn3stico de suas doenas. Pishara &6B7 =$(>?" )*++@- observou que a dor e o sofrimento esto na base de inFmeros pedidos para apressar a morte. $bserva, ainda, que est havendo maior incid2ncia de pedidos de eutansia, suic4dio e comportamentos autoAdestrutivos em pessoas com depresso, perdas significativas, falta de apoio social e dificuldades emdar contadavida. Puitos pedemparamorrer, oucometemo suic4dio, quandose v2mdiante da possibilidade de depend2ncia, aliada a um sentimento de perda de dignidade. No caso do c8ncer e &ids, os tratamentos podem causar tanto malAestar e desespero que os doentes preferem morrer. $ autor afirma que h maior toler8ncia da sociedade com relao aos pedidos de eutansia quando estes so manifestos por pacientes gravemente enfermos, ainda que nem sempre a morte esteja to pr3xima. $ filme .$ colecionador de ossos5,adaptado do livro homInimo, ilustra bem a situaoera!/es de umenfermoaopedir para morrer. 7en!el _ashington interpreta um policial que sofre um grave acidente quando uma viga cai sobre ele e que o deixa preso a uma cama onde no tem controle de parte alguma do corpo abaixodopescoo. ?" )*++@- considera que N+Jdos pedidos de eutansia desapareceriam se os doentes se sentissem menos solido e dor f4sica. $ autor lana um outro olhar para a questo, ao afirmar que, quando o doente pede para morrer, pede tambm que se olhe para ele, para o seu sofrimento, para que se sinta legitimado na sua dor. $ pedido para morrer pode ser visto como um pedido de ateno, uma afirmao de que se humano, que ainda se est vivo. `s ve!es, o pacienteesttodeformadoquenosesentemaisvivo, tampoucovistomais assim. No pede necessariamente que se faa algo, mas para que seja visto e ouvido. Nosepodeesquecer daimport8nciados Fltimos momentos devidaparaum doente e para os seus familiares. H importante ressaltarC ser que o desejo de morrer est sempre relacionado comsofrimento e depressoE "er que, emalguns casos, no a simples constatao de que a vida chegou ao seu trminoE & diferena est no fato de que, no primeiro caso, os pacientes exalam triste!a e, no segundo, serenidade. Puitos doentes noconseguemmorrer epedemajudaparalibertaremAse. 6ermitir morrer no igual a matar. "egundo 1enne!el &6B7 =$(>?" )*++@- .9s ve!es, o medo de morrer to grande que h enorme necessidade de pa!, segurana e, 9 semelhana do parto, a busca de um contato que no retm, e sim liberta5. 1enne!el &6B7 =$(>?" )*++@- afirma ainda que alguns familiares acabam pedindo que se apresse a morte dopaciente por noaguentammais ver seu sofrimentoR o fim da vida pode ser muito assustador, o paciente pode se tornarAse umestranho para si mesmo e para aqueles que lhe so mais pr3ximos. Em contrapartida, quando o per4odo final da doena prolongado, os pr3prios familiares, esgotados pelas semanas de vig4lia ao p do leito, pedempara o abreviamento da situao. & equipe de saFde no sabe o que fa!er quando surge o pedido de morte pelo paciente.&tend2nciamais comumadepreservar avida, noentantocomo aumento da expectativa de vida e as doenas resultantes, comeaAse a pensar at que ponto leg4timo o prolongamento da vida, 9 custa de tanto sofrimento. &pesquisa de ?hochinov et al. )MNNX- indicou que XQJdos mdicos entrevistados consideram o pedido de morte ra!ovel ao levarem em conta o grau de sofrimentodopaciente, mas quandoquestionados sobreapossibilidadedeeles mesmos reali!arem a eutansia ou suic4dio assistido, a porcentagem cai para @@J. $ que mais complicado nos hospitais no a morte em si, mas os dramas atqueelaocorra, aagonia. Hquandosurgeatentaodealiviarosofrimento, indu!indo a morte. =$(>?" )*++@-"egundooargumentoafavor dorespeito9autonomia, amorteassistida permitiria que os doentes tivessem controle sobre o fim das suas vidas no que di! respeito ao momento e 9s circunst8ncias em que sua morte ocorreria, de modo que a morteassistidarespeitariaodireitodessas pessoas aviveremsegundoos seus pr3prios valores e nas condi/es que considerassem aceitveis. 6ara 6eter "inger &6B7)#$N%&'(E", *++,- a justificao da eutansia voluntria reside na autonomia das pessoas que, perante uma situao de sofrimento insuportvel, podem decidir que a melhor soluo para si a morte. ?ontra argumentaAse, por outro lado, que no confere a ningum o direito a matar, nem a si pr3prio, ainda que a pedido, nema assistir nosuic4diouma pessoa ainda que comointuitode beneficiarAse. $utros advogam o respeito pela autonomia, mas a rejeitam na prtica, como ocorre na 1olanda, onde h doentes que so mortos sem que o tenham pedido e outros que pedem a morte assistida e tem seu pedido rejeitado. ' *XJ dos casos de eutansia ocorrem sem o pedido expresso dos doentes e inclui crianas, adultos quenuncaforamcompetentes edoentes comatosos cujos desejos jamais foram conhecidos, de modo que, em Fltima anlise, no o doente quem decide, mas o mdico.7avid (elleman &6B7)#$N%&'(E",*++,-argumentaqueofactodeo direito 9 eutansia estar institu4do no aumenta necessariamente a autonomia dos doentes. $factodesereconhecer umdireitoamorrer podeprejudicar alguns doentes pelo simples facto de essa opo existir, ou seja, a possibilidade de opo pela eutansia tiraAlhes a possibilidade de poderem ficar vivos sem terem de fa!er quaisquer op/es e permanecer vivo deixaria de ser o que natural, aquilo que no necessita de justificao. Bma ve! oferecida a uma pessoa a escolha entre viver e morrer, ela ser responsabilidade sobrea pr3pria sobreviv2ncia e poder se sentir na obrigao de justificar sua escolha 9queles que sofrem emocional e financeiramente pelo prolongamento da sua vida. 7esta forma, os pacientes poderiam ser sutilmente pressionados a optarem pela eutansia, ainda que considere que a sua vida vale a penaser vivida, portantooferecer aopodemorrer paraessas pessoas pode significar dar a elas novas ra!/es para fa!2Alo.1, desta forma, o risco de que os pedidosdeeutansiateremoutrasmotiva/esalmdesimplesmanifestaoda autonomia das pessoas.=$(>?" )*++@- aponta ainda a import8ncia de se pensar numa biotica para oterceiromundo, para os exclu4dos, os pobres, para quemnosediscutea eutansia voluntria, mas a involuntria. "o aqueles que morrem antes do tempo, no por sua vontade, mas pela falta de atendimento adequado e pelas condi/es subAhumanas de vida.Hnestecontextoque a noo deequidade fundamental para atender um nFmero maior de pessoas nas suas necessidades, tanto na alocao de recursos, quanto na sua qualidade e magnitude. Neste quadro, a teologia tem a sua grande foraC a justia, a solidariedade e a f. Alvio do o!rimento&lguns consideram que a justificativa da morte do paciente no o respeito a sua autonomia, mas o al4vio de seu sofrimento, porm segundo os proponentes da morteassistida, apenass3ospr3priosdoentespodemdeterminar quandooseu sofrimentosetorna intolervel. $utros argumentamafavor damorte assistida referindo que esta seria provavelmente utili!ada apenas por uma minoria de doentes, mas saber que, se o seu sofrimento se tornasse intolervel, poderiam dispor de um meio fcil para lhe escapar, tornaria os doentes mais seguros quanto ao seu futuro. & sociedade tambm ficaria mais segura se dispusesse da morte assistida como opo para acabar com um eventual sofrimento intolervel. )#$N%&'(E", *++,-Ar"umentos e Contra Ar"umentos #e"ais"egundo WLE7EL