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Trabalho da eletiva “Ética no Processo” Jimmi Austin Aragão Martins Matrícula 200910152211 O Código Ibero-americano de Ética Judicial estabelece treze princípios ou virtudes que devem nortear comportamento do juiz em sua profissão, em relação aos jurisdicionados, aos advogados, demais auxiliares da justiça e também em relação a toda a sociedade - a quem o juiz serve. Este trabalho apresentará de modo conciso cada um desses princípios, à luz do que ficou positivado no citado código. INDEPENDÊNCIA Ainda que a ordem dos princípios não revele estritamente sua importância, está fora de discussão o caráter decisivo da independência para a ética judicial. Precisamente em seu artigo inicial, destaca-se que a finalidade da independência não é colocar o juiz em uma situação de privilégio ou de benefício pessoal, mas dotá- lo de um status que facilite o cumprimento apropriado de sua função. A definição do art. 2º sublinha que é no âmbito da consciência jurídica e ética do juiz que se discerne, a partir do Direito vigente, a solução justa para a causa a ser resolvida, sem que fatores alheios a ele influam real ou aparentemente nessa decisão. A responsabilidade ética do juiz exige-lhe não apenas ser, mas também parecer, independente, evitando situações que possam levantar suspeita no sentido contrário. O juiz, como operador último ou autorizado do Direito deve levar em conta todo o Direito vigente,

Trabalho de Ética No Processo 2

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Trabalho da eletiva tica no ProcessoJimmi Austin Arago MartinsMatrcula 200910152211

O Cdigo Ibero-americano de tica Judicial estabelece treze princpios ou virtudes que devem nortear comportamento do juiz em sua profisso, em relao aos jurisdicionados, aos advogados, demais auxiliares da justia e tambm em relao a toda a sociedade - a quem o juiz serve. Este trabalho apresentar de modo conciso cada um desses princpios, luz do que ficou positivado no citado cdigo.

INDEPENDNCIAAinda que a ordem dos princpios no revele estritamente sua importncia, est fora de discusso o carter decisivo da independncia para a tica judicial. Precisamente em seu artigo inicial,destaca-seque a finalidade da independncia no colocar o juiz em uma situao de privilgio ou de benefcio pessoal, masdot-lode umstatusque facilite o cumprimento apropriado de sua funo.A definio do art. 2 sublinha que no mbito da conscincia jurdica e tica do juiz que se discerne, a partir do Direito vigente, a soluo justa para a causa a ser resolvida, sem que fatores alheios a ele influam real ou aparentemente nessa deciso.A responsabilidade tica do juizexige-lheno apenas ser, mas tambm parecer, independente, evitando situaes que possam levantar suspeita no sentido contrrio. O juiz, como operador ltimo ou autorizado do Direito deve levar em conta todo o Direito vigente, constitudo por normas, princpios e valores, e sua tarefa ser realizar a justia e a equidade (a justia do caso concreto) por intermdio dele. J o art. 43 do Estatuto do Juiz Ibero-Americano recomenda aos juzestemperar com critrios de equidade as consequncias pessoais, familiares ou sociais desfavorveis.Um aspecto particular da independncia a atividadepoltico-partidria e, a esse respeito,exige-seque o juiz se abstenha departicipar de qualquer maneiradessa atividade. Sem dvida uma exigncia categrica fundamentada em mandatos constitucionais e reclamada pela sociedade que confere uma parte do poder do Estado aos juzes,deslindando-osdos outros poderes.O dever tico da independncia no se refere apenas aos poderes exteriores ao mbito judicial, mas opera dentro dele e, por isso, regula tambm a relao entre colegas e inclui o dever de denunciar qualquer tentativa sediciosa da independncia.A tica no pode pretender o impossvel e por isso, ao reclamar um determinado comportamento, deve fornecer os meios necessrios para satisfazer suas exigncias. Lembremos que a doutrina constitucional comparada destaca a intangibilidade salarial e a estabilidade no cargo como garantias da independncia. IMPARCIALIDADEOutra das exigncias intrnsecas tarefa judicial a da imparcialidade, que se orienta no sentido de evitar todo tratamento desigual ou discriminatrio para as partes e seus advogados.Um juiz imparcial aquele que no s persegue objetividade no seu trabalho especfico, mas rejeitatodo tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposio ou prejuzo(art. 10). Com esses fins, deveabster-se de participar das causas nas quaisesteja comprometida sua imparcialidade ou nas quais um observador razovel possa entender que h motivo para pensar assim (art. 11). Essa exigncia tica da imparcialidaderevela-seem matria de presentes ou benefcios que um juiz pode eventualmente receber de maneira direta ou indireta. A tal respeito, o art. 14 do Cdigo recorre mais uma vez ao olhar de um observador razovel. O princpio tambm se revela no que se refere s reunies do juiz com as partes ou seus advogados, e o art. 15limita-sea recomendar que elas sejam evitadas especialmente fora de seu escritrio caso no possam ser razoavelmente justificadas.Os dois artigos finais includos no princpio da imparcialidade apresentam derivaes que podem tambmreferir-seem outras exigncias ticas. No entanto, em qualquer caso, parece conveniente exigir do juiz que respeite o direito das partes ao debate contraditrio no marco do devido processo (art. 16) e que procure hbitos pessoais de honestidade intelectual e de autocrtica (art. 17).MOTIVAOCom efeito, a ideia central que uma deciso que carece de motivao, em princpio, uma deciso arbitrria, somente tolervel na medida em que uma expressa disposio jurdica justificada o permita(art. 20). Convm ressaltar que o termo utilizado em relao s decises imotivadas tolerar e que para se chegar a isso preciso que alguma norma jurdica justificada o permita.O dever tico judicial de motivar consiste emexpressar, de maneira ordenada e clara, razes juridicamente vlidas, aptas para justificar a deciso (art. 19). Consequentemente, aparece em dita exigncia um pedido que remete lgica formal e a outros critrios no estritamente formais que, no entanto, tm como limite o Direito vigente (art. 27).Se por um lado o dever de motivar se refere tanto matria de fato como de direito, ele adquire um peso especfico quando se trata de decises restritivas ou privativas de direitos, ou quando o juiz conta com um poder discricionrio para adotar a deciso. A motivao no consiste na mera invocao das normas aplicveis nem na mera referncia genrica prova produzida. O juiz deve procurar assinalar o peso ou a significao que adquirem os argumentos fticos ou normativos a fim de respaldar a deciso adotada.A obrigao de motivao tem como finalidade (art. 18) legitimar o juiz, facilitar um apropriado funcionamento das impugnaes processuais, controlar o poder do juiz e contribuir para a justia das decises,dotando-asde racionalidade e de razoabilidade.CONHECIMENTO E CAPACITAOAo definir a exigncia em questo, o art. 29 requer que a idoneidade do juiz no se limite ao conhecimento do Direito vigente, mas que se estenda s capacidades e s atitudes ticas adequadas paraaplic-locorretamente. Des se modo, o Cdigo tenta superar o modelo de juiz vigente at ento em nosso pas e segundo o qual a idoneidade judicial se circunscreve no conhecimento do Direito vigente. O Cdigo pretende que o juiz saiba, alm disso, comous-lo de maneira prudente e equitativa em cada caso, o que supe que em algumas ocasies deva recorrer a saberes no estritamente jurdicos (art. 30).H tambm a nfase na importncia de buscar o mximo respeito aos direitos humanos e aos valores constitucionais (art. 31) em todos os mbitos da atuao judicial.Pede-seaos juzes que favoream a formao dos demais integrantes de seu tribunal, que os auxiliam cotidianamente em seu trabalho. Uma vez que a exigncia de conhecimento e capacitao tenha por objetivo que o servio de justia seja prestado com qualidade (art. 28), compreensvel que se pea ao juiz que, na medida de suas possibilidades, contribua para essa formao (art. 33).JUSTIA E EQIDADEO art. 35, ao definir a finalidade da exigncia da justia e da equidade,determina o propsito da atividade judicial, que realizar a justia por meio do Direito. Mas o art. 36 se refere especificamente equidade, uma vez que seu objetivo amenizar as consequncias pessoais, familiares ou sociais desfavorveis.No art. 39, a equidade se vincula com a igualdade ante a lei, pois essa a dimenso que essencialmente preciso levar em conta na aplicao judicial do Direito.No art. 37, o juiz equitativo definido como aquele que, no marco do Direito vigente, projeta coerentemente os valores do ordenamento ao caso que resolve, consciente de que a soluo judicial por ele aplicada deve poder se estender a todos os casos substancialmente semelhantes. Esse artigo, somado ao art. 40, que obriga o juiz ao seguimento no s do texto das normas jurdicas, mas das razes nas quais elas se fundamentam, traduz uma concepo do Direito afastada de uma viso puramente formalista.RESPONSABILIDADE INSTITUCIONALA finalidade desta exigncia tica implica lembrar que a qualidade no exerccio da justia no apenas uma questo individual de cada juiz, mas requer uma estrutura institucional apropriada, de maneira que h desenhos institucionais que favorecem e outros que dificultam a realizao da justia. A partir desse planejamento e considerando que todos os juzes exeram o poder com independncia de suas hierarquias e concorrncias,entende-seque o juiz deva assumirum compromisso ativo pelo bom funcionamento de todo o sistema judicial(art. 42).Se o juiz tem uma responsabilidade que transcende seu tribunal e suas causas, abrangendo toda a instituio judicial, a ele imposto o dever de denunciar a quem possa interessar as graves violaes em que possam incorrer seus colegas(art. 45), assim como o dever de promover a confiana cidad na administrao da justia (art. 43) e no perturbar o servio favorecendo ascenses irregulares ou injustificadas (art. 46).Dentro desta VI exigncia se inclui a disposio do juiz de responder voluntariamente por suas aes omisses(art. 44), sem incorrer em mora ou mostrando qualquer atitude que reflita uma falta de responsabilidade institucional.CORTESIANo art. 48, o dever de cortesia se remete moral, e cortesia se define (no artigo seguinte) comoo respeito e considerao que os juzes devem a seus colegas, a outros membros da serventia, aos advogados, s testemunhas, aos jurisdicionados e, em geral, a todos que se relacionam com a administrao da justia.Trata-sede uma ressalva de que a funo que o juiz exerce conta com uma dimenso tica qual se aplica ao bem de todos aqueles interessados no melhor resultado.Como projees particulares do princpio analisado, o captulo VII inclui o dever do juiz derelacionar-secom os serventurios que trabalham a seu lado sem incorrer em favoritismo ou arbitrariedade (art. 51), e demostrar-setolerante para com as crticas que se formulem a partir de suas decises e comportamentos (art. 52).

INTEGRIDADEA integridade se orienta pelo dever judicial de decoro, e seu contedorefere-seaos comportamentos no mbito de seu trabalho e no espao pblicono profissional.Nessa perspectiva, destaca-se queda conduta do juiz fora do mbito estrito da atividade jurisdicional contribui para que os cidado tenham mais confiana na judicatura(art. 53). No entanto, ainda que a tica judicial se estenda a comportamentos realizados fora do exerccio estritamente profissional, existe um limite a esse alcance que, por sua vez,vincula-se com a sociedade para a qual o juiz desempenha sua funo.TRANSPARNCIAEsta exigncia se pauta na perspectiva de que o juiz no aparea como algum que oculta informao (cujo dever oferecer) ou que gera desconfiana acerca do modo como se desempenha. Nas sociedades contemporneas, a transparncia tem uma projeo destacada em relao aos meios de comunicao social, por isso, alm de o art. 58 lembrar o dever genrico de publicidade e de documentao dos atos judiciais, o artigo seguinte exige do juiz um trato equitativo e prudente para que os direitos e interesses legtimos das partes e dos advogados no fiquem prejudicados.SEGREDO PROFISSIONALTrata-sede uma exigncia genrica de todas as ticas profissionais, uma vez que estas exigem que o profissional guarde segredo e reserva de qualquer informao obtida no exerccio de seu trabalho, cujo uso no pode ser outro seno o melhor desempenho profissional. Esse ponto ratificado pelos arts. 61 e 62, somando-sea esses o art. 66, cuja exignciarefere-setanto aos meios de informao institucionalizados como ao mbito estritamente privado. tambm fixado pelo art. 67, que diz que o segredo judicial no se refere apenas s decises adotadas, mas tambm ao procedimento que se segue nas causas. O art. 64, por sua vez, vinculado tambm a outras exigncias ticas ( parte da do segredo), lembra da proibio ao juiz devaler-sede meios ilegtimos na busca da verdade dos fatos.PRUDNCIAO juiz prudente definido como aquele que pauta seus comportamentos e decises em julgamentos racionalmente justificados que derivam da meditao e valorao de argumentos econtra-argumentosdisponveis no marco do Direito vigente.A virtude clssica da prudncia se relaciona com a razo prtica que, vista das circunstncias da causa, avalia alternativas e consequncias, optando pela melhor, depois de uma reflexo e ponderao apropriada eesforando-seem todo momento para ser objetiva (art. 72).DILIGNCIAA razo de ser dessa importante exignciabaseia-seno artigo inicial que vincula a deciso tardia injustia, da o fato de se reivindicar ao juiz que os processos se resolvam em um prazo razovel (art. 74), considerando as circunstncias particulares da sua prestao de servio e o conseguinte dever de pontualidade e de sancionar as prticas dilatrias ou contrrias boa-fprocessual.HONESTIDADE PROFISSIONALEsta ltima exigncia da tica judicial tem como finalidade fazer com que os cidados confiem no servio da justia, da deriva, entre outros, o dever de o juizabster-sede receber benefcios alm daqueles que por direito lhe correspondem (art. 80).A honestidade judicial requer que o juiz no se aproveite de maneira ilegtima, irregular ou incorreta do trabalho dos demais integrantes do escritrio judicial (art. 81).A honestidade profissional do juiz tambm remete ao dever de adotar as medidas necessrias para evitar que possa surgir qualquer dvida razovel sobre a legitimidade de seus patrimnio e de sua situao profissional.