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1
TRABALHO E ADOECIMENTO NOS CANAVIAIS ALAGOANOS: O CASO DOS
IRRIGANTES E OPERADORES DE HERBICIDA
Charles dos Santos1
RESUMO
Atualmente, uma das principais medidas adotadas pela
agroindústria canavieira alagoana é a opção por trabalhadores
jovens e “altamente produtivos”, os quais, no intento de se
adequarem às pesadas exigências, tornam-se muitas vezes
vítimas de sérios problemas de saúde. Isto, junto a outros
fatores, faz do trabalho que desempenham uma experiência
“sofrida” e “desvalorizada”. Esse estudo procura observar os
impactos do “trabalho duro” dos canaviais na vida dos jovens
que retiram dali seus meios de subsistência. Para tanto, além de
pesquisas em fontes bibliográficas e secundárias, foram
realizadas entrevistas com jovens trabalhadores de duas
importantes cidades canavieiras: Teotônio Vilela/AL e Pilar/AL.
Palavras-chave: Alagoas; Juventude; Trabalho; Agroindústria
Canavieira; Precarização.
ABSTRACT
Currently, one of the principal measures adopted by the
sugarcane industry from Alagoas is the option for young and
"highly productive" workers, which, in the attempt to fit the
heavy demands, often become victims of serious health
problems. This, along with other factors, converts his work in a
"suffered” and "undervalued" experience. This study seeks to
observe the impacts of "hard work" with sugarcane in the lives
of young people who derive their livelihood from there. For this
purpose, besides research in the literature and in secondary
sources, I made interviews with young workers from two
important cities: Teotônio Vilela/AL and Pilar/AL.
Keywords: Alagoas (Brazil); Youth; Work; Sugarcane
Agribusiness; Precariousness.
1 – INTRODUÇÃO
O presente artigo resulta de um estudo que venho realizando sobre as condições de
vida e trabalho dos jovens que estão inseridos nas malhas de produção da agroindústria
1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos
(PPGS/UFSCar). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e
membro do Grupo de Pesquisa/CNPq Trabalho e Capitalismo Contemporâneo. E-mail:
2
canavieira alagoana. Inscreve-se ainda nas atividades de pesquisa do projeto “Novas
configurações do trabalho nos canaviais: um estudo comparativo entre os estados de São
Paulo e Alagoas”, que conta com o apoio do CNPq e que é coordenado pelas professoras Dra.
Maria Aparecida de Moraes Silva (UFSCar) e Dra. Alice Anabuki Plancherel (UFAL).
No estudo procuro discutir os impactos da realização de um trabalho precário nas
condições de saúde daqueles jovens que lidam em atividades como a irrigação e a aplicação
de herbicida. Discuto também os mecanismos de seleção e de controle da mão-de-obra em
serviços rurais das usinas de açúcar e álcool de Alagoas. Ademais, procuro compreender, a
partir da articulação entre a teoria e a prática, de que modo o trabalho realizado nos canaviais
ganha uma adjetivação negativa e é, mesmo assim, o que mais recruta jovens em algumas das
regiões mais pobres do estado, como a Zona da Mata e o Sertão.
2 – DESENVOLVIMENTO
2.1 – A irrigação nas usinas alagoanas: um breve esboço do processo laboral
Uma das áreas que mais refletem o boom de investimentos feitos no campo por parte
das usinas de açúcar e álcool é a da irrigação, que conforme uma análise atenta dos discursos
de técnicos e empresários é a “menina dos olhos” do setor agroindustrial canavieiro alagoano.
A Usina Coruripe – estudada pelo sociólogo Luciano Padrão nos anos 90 –, por exemplo,
investe pesadamente em irrigação desde os anos 80, sendo que hoje, dos 30 mil hectares que
aquela mantém 25,5 mil são irrigados (FRANCO, 2011). As áreas que são irrigadas chegam a
produzir até 25% de toneladas de cana a mais do que aquelas que não contam com esse
investimento.
Usinas situadas em municípios como São Miguel dos Campos, Igreja Nova e Teotônio
Vilela, entre outros, também não ficam para trás. A irrigação é apresentada como uma “área
estratégica”, e faz parte do segundo ciclo de investimentos tecnológicos do setor, sendo o
primeiro caracterizado pelas pesadas aplicações de recursos no desenvolvimento de
variedades de cana2 que fossem resistentes à seca (FRANCO, 2011).
2 Merecem destaque aqui os pesquisadores ligados à Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que contribuíram
e contribuem sobremaneira para o desenvolvimento dessas variedades. A UFAL, inclusive, faz parte da Rede
Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA), formada ainda por mais 8
universidades federais, entre as quais a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Causa espanto, contudo,
perceber que, se por um lado os estudos realizados nas dependências da UFAL são convertidos em tecnologia de
ponta a ser utilizada pelo setor sucroenergético local e nacional, por outro são poucos e insuficientemente
conhecidos aqueles trabalhos que tratam das condições socioeconômicas das famílias de trabalhadores
3
Algumas unidades contam até com um sistema computadorizado de irrigação, a partir
do qual é possível saber quais as áreas mais e menos irrigadas, as que carecem de mais
fertilizantes etc. Com isso, a gestão da força de trabalho no campo passa pelo controle e
disciplinamento que são determinados de “dentro” da usina. Os trabalhos do corte de cana, da
irrigação e da queima, só para citar alguns descritos como “rurais” pelos empregados e
institores, têm sua intensidade definida pelos procedimentos que têm lugar na planta fabril,
como bem lembra a socióloga Maria Aparecida de Moraes Silva (1990, p. 9).
Indo adiante, se num ponto a mecanização da colheita da cana é um processo que vem
se alargando nos canaviais de Alagoas e gerando medo e desconfiança entre aquelas pessoas
que dependem do emprego na colheita manual para sobreviver, noutro os avultantes
investimentos em irrigação feitos pelas usinas – que têm adquirido modernas máquinas e
usado sistemas inovadores para irrigar suas plantações – têm tornado o trabalho do operário
irrigante um tanto mais complexo e exigente.
Mesmo assim, a irrigação por aspersão ainda é muito utilizada pelas usinas alagoanas.
Nesse sistema, a água ou um subproduto – como a vinhaça3 – é lançada/o sobre a cana ou a
terra cultivada através de um mecanismo conhecido técnica e também popularmente por
“canhão”. A água ou o subproduto chega até o canhão por meio de redes4, sendo que há uma
rede fixa e duas redes laterais, estas últimas móveis – no dizer dos trabalhadores irrigantes:
“rede principal” (fixa) e “redes maior e menor” (laterais).
A montagem das redes constitui uma atividade extremamente dispendiosa. Os
trabalhadores – geralmente dois, nesse sistema – têm que conduzir o canhão – que é bastante
pesado – e tubos de aço ou alumínio até o local a ser irrigado e ali fazer o trabalho da trela5. É
canavieiros que residem até no próprio entorno da universidade. De acordo com Maurício Tragtenberg (1990), a
universidade “[...] é uma instituição dominante ligada à dominação”. Pensar o papel da RIDESA, bem como de
outros “núcleos especializados”, talvez possa ajudar a problematizar a polêmica frase do referido sociólogo. 3 A vinhaça, também chamada de “tiborna”, é um resíduo pastoso e de cheiro nauseabundo que sobra após a
destilação do caldo da cana-de-açúcar. Quando entra em contato com os rios ou nascentes, a vinhaça pode causar
graves danos ambientais. Algumas usinas utilizam uma mistura composta por vinhaça e a água da lavagem das
canas para fertilizar a terra ou irrigar as suas plantações. 4 O sistema montado pela acoplagem dos tubos e que faz com que a água ou o subproduto, com a ajuda de uma
bomba, flua de um canal em direção a área a ser irrigada. 5 A trela é uma peça de ferro colocada numa das pontas do tubo, e que o prende a outro no momento da
acoplagem. “Trelar a rede” significa encaixar bem todos os tubos, de modo a evitar qualquer tipo de vasamento
no momento de aspersão da água ou da vinhaça. É interessante frisar que esse “universo laboral” é marcado por
termos que remetem diretamente à relação dominação/subordinação. Trela, de acordo com o dicionário, é
originalmente uma peça de couro ou metal a que se prende um animal; em sua acepção metafórica, trela significa
subordinação, dependência, ausência de liberdade. Por outro lado, “bitola”, a peça de metal que se coloca no
canhão para que o mesmo não dirija água ou vinhaça para locais indesejados, em um de seus sentidos remete a
limitar, prender, “tornar algo estreito”; um “sujeito bitolado”, no dizer popular, é alguém que “só consegue ver
até determinado ponto”. Cf. Houaiss, 2009.
4
prática o cabo6 e seu “ajudante” levarem os tubos em uma carroça acoplada num trator, e
despejá-los num ponto estratégico, onde os trabalhadores possam pegá-los. Os dois irrigantes
montam as redes – a principal fora do “partido de cana” a ser irrigado, em linha reta, e as
outras duas entrando no canavial, a primeira chegando até o fim daquele, e a segunda um
pouco menor – e as conectam a uma bomba, que faz a água ou o subproduto fluir na direção
em que o canhão foi disposto. A cada duas horas – ou até menos, a depender das orientações
técnicas da gerência de campo –, os trabalhadores devem mudar a “posição”, isto é, adiantar
as duas redes móveis, para que áreas ainda não irrigadas recebam a água ou a vinhaça.
Até a safra 2006/2007 os irrigantes chegavam a trabalhar 12 horas diárias na maior
parte das usinas alagoanas, sendo uma semana “pelo dia” e outra “pela noite”, como se
referem os trabalhadores. Se for levado em conta o tempo gasto no percurso casa-
trabalho/trabalho-casa, a quantidade de horas trabalhadas saltava para 14 ou até 16. Já na safra
seguinte, ficou acordado entre as usinas e os representantes sindicais que a jornada de trabalho
nesse setor seria de 8 horas7. Os mesmos problemas, porém, com as chamadas horas in
itinere8, continuaram a ocorrer, como é possível perceber na fala de um irrigante entrevistado
9
no município de Teotônio Vilela:
Romário: Os caras do sítio mesmo ficaram tudo revoltado porque... quem mora na
cidade, por uma parte é bom... nós chega em casa doze horas (00h00)... e os caras do
sítio? É três horas da manhã, quatro... todo dia!
Pesquisador: No caso, para quem é do sítio é pior?
Romário: É pior! Eles sofrem mais! Teve um dia desses que os caras chegaram em
casa sete horas (07hs00)... os caras que trabalham mais eu mesmo, que moram no
sítio ali perto de Junqueiro...
Pesquisador: E como é que vocês fazem para chegar em casa?
Romário: Quando a gente está pelo dia, a semana toda a gente vem de carona... eu e
meu parceiro. Se a gente for esperar pelo carro, que sempre vem quebrando...
quando a gente trabalha pelo dia é a semana todinha! Agora quando é pela noite tem
que esperar, que de noite é ruim pra pegar carona... ai espera o carro da irrigação,
que demora que só. (Entrevista realizada em 09/02/2012).
6 O cabo, nessa atividade, é o trabalhador responsável por organizar e fiscalizar a equipe de irrigantes de uma
determinada área. Os cabos da irrigação, pelo que pude apreender, são também tratoristas, e podem, dependendo
do caso, serem enviados para trabalhar em outros setores da usina. Na irrigação o trator é usado para transportar
peças de uma região para outra, bem como para ajudar na locomoção do cabo, que precisa de tempos em tempos
circular e avaliar o trabalho de seu pessoal. O irrigante tomado por ajudante é um forte candidato a ascender à
condição de cabo e, consequentemente, de tratorista da usina. 7 A diária na safra 2011/2012 custava, segundo Romário, R$23,00. Cotação do dólar em 09/02/2012 (data da
entrevista): R$1,71 para compra e R$1,72 para venda. 8 As horas in itinere, no jargão jurídico, ocorrem quando o empregador garante aos seus empregados um meio de
transporte que os leve de sua residência para o local de trabalho e vice-versa, sendo o local da atividade laboral
de difícil acesso ou que não conte com serviços de transporte público. Nesse caso, o tempo gasto no trajeto de
ida e volta deve ser computado na jornada de trabalho. 9 Romário – nome fictício – tem 21 anos e estudou até a 8ª série do ensino fundamental. Na safra 2011/2012
trabalhou como irrigante na Usina Guaxuma, situada em Coruripe/AL.
5
Romário não soube me dizer ao certo se a empresa aponta ou não as horas in itinere;
mas tem uma ligeira impressão de que não. Sua fala é importante, dentre outras coisas, por dar
visibilidade ao modo inconsequente com que os empresários do setor tratam a vida daqueles
que lhes vendem sua força de trabalho. Destaco a seguir três aspectos desta inconsequência.
O primeiro diz respeito ao fato de não está claro para os trabalhadores nem para a
sociedade como um todo se as horas in itinere são ou não computadas na jornada de trabalho
no referido setor.
O segundo, faz menção ao desrespeito de que os trabalhadores são vítimas, pois
segundo Romário, mesmo terminando o trabalho às 22hs00, após um desgastante turno de 8
horas, os irrigantes que moram na zona urbana só conseguem chegar em casa por volta de
meia noite10
; sendo pior o caso daqueles que residem na zona rural, que podem chegar em
casa faltando menos de 8 horas para o retorno ao serviço.
O terceiro, e que está estreitamente ligado ao que destaquei no parágrafo anterior,
relaciona-se aos riscos que os trabalhadores correm já mesmo no percurso de ida para o
trabalho.
Romário revela que os ônibus fornecidos pelas usinas para o transporte do pessoal que
trabalha no campo põem em risco diuturnamente a vida do mesmo. São ônibus velhos, sem
freio, com pneus “carecas” etc. Ir para o trabalho, nas condições narradas a seguir, mas parece
partir para uma aventura:
Romário: O ônibus quebra, ai na última hora ligam... vão lá buscar outro ônibus...
não têm segurança os ônibus! Os pneus tudo careca! Teve dia de a gente ir pra o
trabalho em ônibus sem freio... de vir um ônibus sem embreagem... ai, meu amigo!
Pra parar, cadê?! Pra sair tinha que botar a primeira... o ônibus não tinha nem
chave... era fio. Tocava assim o fio o carro ligava... ligação direta. Quando liga ele
sai na carreira, sem embreagem. Tocava o fio ele saia na carreira... a gente tem que
se segurar. (Entrevista realizada em 09/02/2012 na cidade de Teotônio
Vilela/AL).
Meu interlocutor reconhece que há uma evidente disparidade no modo como são
tratados os trabalhadores “de dentro” e os “de fora” da fábrica. O transporte do pessoal da
usina, que às vezes dá carona para os irrigantes e cortadores de cana, é mais seguro. São
ônibus novos ou seminovos, confortáveis e limpos. Na usina em que Romário trabalha,
inclusive, os ônibus que transportam os funcionários da fábrica são de uma empresa
10
Ficou visto, tanto nas entrevistas realizadas em Pilar quanto em Teotônio Vilela, que o medo da violência ali é
uma constante nos dias que seguem. Romário, por exemplo, entende que o fato de ele e seus companheiros de
trabalho andarem pelas ruas “tarde da noite” os torna bastante vulneráveis a ataques de criminosos.
6
terceirizada diferente daquela que é proprietária dos ônibus que servem os trabalhadores
rurais.
O “pessoal do campo” recebe um tratamento “diferenciado”, mas não no “bom
sentido” do termo. Pelo contrário, os fatos apresentados por Romário demonstram que a usina
tem uma “política” que rebaixa o trabalhador rural frente aos trabalhadores fabris e da
administração11
.
2.2 – A cisão entre “os de dentro” e “os de fora”, e a preferência pelos “mais jovens”
Uma questão muito importante percebida no setor da irrigação, e que pode ajudar a
entender melhor as mudanças empreendidas pelas usinas nos últimos anos, é o uso de uma
força de trabalho jovem e, até certo ponto, inexperiente. Romário, por exemplo, tem apenas
21 anos de idade, e uma boa parte de seus companheiros está na faixa etária dos 19 aos 30
anos. Assim como na atividade do corte de cana, em que há uma notória preferência por
trabalhadores que sejam jovens e, ademais, produtivos, no trabalho da irrigação os jovens são
vistos como o “pessoal mais adequado” e mais “disposto” a realizar esse tipo de serviço.
Romário contou que na safra 2011/2012 a usina em que trabalhava deixou de contratar um
número considerável de trabalhadores “mais antigos”12
. No lugar destes, fichou a carteira de
muitos novatos, inclusive jovens que, segundo meu informante, não sabiam até então o que
era um tubo, um “chapeu”13
ou até mesmo um canhão.
Os jovens não são preferência somente pela força física ou disposição para o trabalho.
Eles o são também pelo fato de estarem mais “suscetíveis” a se comprometerem com a usina.
Muitos dos “mais antigos” que ficaram desempregados já não demonstravam mais o mesmo
11
A carona que os trabalhadores do campo pegam nos ônibus que fazem a “manobra da usina” ajuda a pensar
esse rebaixamento. Os cortadores de cana e irrigantes passam a ser o foco de olhares atentos e curiosos, afinal,
entram no ônibus vestindo roupas surradas, portando garrafas, facões, mochilas com marcas de carvão etc.;
ademais, alguns exalam um leve cheiro de vinhaça – no caso daqueles que lidam com esse subproduto na
irrigação. De acordo com Pierre Bourdieu, a aparência é apreendida como símbolo da condição social e
econômica dum certo indivíduo (2006, p. 86). Ao entrarem no “ônibus da usina”, os trabalhadores rurais se
chocam com um “mundo” que não é o seu, um “mundo diferente”, e essa diferença é externalizada no contraste
que há nas roupas, nos instrumentos de trabalho à mostra, na hexis corporal (BOURDIEU, 2006, p. 86) etc. O
próprio fato de estarem pegando carona já é emblemático: o ônibus da usina, ao contrário dos que deveriam lhes
transportar, passa na hora certa e não “vem quebrando”. É a representação daquela dualização do mercado de
trabalho de que trata Robert Castel (2009, p. 523-524) o que se vê na narrativa acima, em que de um lado há
elementos qualificados e melhor pagos, e de outro um pessoal precário e extremamente vulnerável? 12
Trabalhadores com uma idade já avançada e com muitos anos de serviço prestados à usina. 13
O chapeu é uma peça que serve de base à válvula que abre e fecha a passagem da água ou subproduto da rede
fixa para as redes laterais. Confundir a peça com o acessório (chapeu, boné etc.), o que já ocorreu diversas vezes,
segundo Romário, é uma situação que revela a inexperiência de muitos dos jovens que são “fichados” no setor da
irrigação.
7
grau de comprometimento exigido pela empresa. Apesar de não ser um “trabalho por peça”14
,
na concepção proposta por Marx (2003), o trabalho de irrigante mantém algumas normas bem
rígidas, como por exemplo, não deixar com que o canhão lance água ou vinhaça durante
muito tempo sobre uma mesma área plantada, sob risco de a cana dali tornar-se imprestável e
trazer prejuízo à usina. Os trabalhadores mais velhos, na visão de Romário, podem ter
“relaxado de mais”15
e deixado de cumprir o “básico” de sua atividade.
Depreende-se disso que os trabalhadores jovens, por procurarem sem sucesso um
“primeiro emprego” em outra atividade, por não quererem causar “vergonha” a quem os
indicou aos contratantes – geralmente uma pessoa bem mais velha, respeitada pelos prepostos
e dotada de um bom “capital de relações sociais” (BOURDIEU, 2008, p. 107) – ou por
encontrar ali o único arrimo para a realização de um projeto afetivo-familiar, compõem,
portanto, o “pessoal” que tratará de interiorizar16
as normas da empresa sem muitos danos
para esta; o pessoal que, por conta das especificidades geracionais, introjetará, talvez com
mais facilidade, os mecanismos externos de controle, tornando-se ele próprio autocontrole17
(SILVA, 1990, p. 9).
2.3 – Os impactos do trabalho canavieiro na saúde do trabalhador: o caso dos irrigantes
e dos operadores de herbicida
14
No pagamento por produção (ou por peça) o trabalhador recebe por peça produzida, a qual tem seu valor
previamente fixado. O salário por peça (ou salário por produção) pode ser medido tanto pela quantidade de peças
produzida num espaço de tempo quanto pela duração do trabalho. O pagamento pelo corte da cana, por exemplo,
é realizado por produção, que conforme Alves (2008, p. 12), é uma forma de remuneração que “[...] leva os
trabalhadores a terem de assumir o ônus dos baixos salários recebidos”. 15
Para muitos o trabalho da irrigação é uma “bênção”; pelo menos em comparação com o serviço do corte de
cana. Naquele, a remuneração é por diária, neste, é por produção (por “peça”); lá, o trabalhador pode parar pelo
menos durante o tempo em que o canhão roda sobre uma determinada área, aqui, ele só pára na hora do almoço e
em momentos de extremo cansaço; no primeiro, há sempre a possibilidade de trabalhar perto da praia, do rio ou
de uma lagoa de águas límpidas (e banhar-se nos momentos de descanso), no segundo, mesmo com tudo isso à
volta, a necessidade de produzir torna a “fuga” quase impossível. Por relaxar de mais entenda-se deixar de
realizar o essencial da profissão para aproveitar mais as “fugas” que esta pode oferecer. Para Romário, está claro
que um dos pontos basilares da atividade é não faltar. “Os mais antigos só queriam beber, faltar [...]”, ele diz. Os
mais velhos, então, não foram preteridos porque não se achavam em condições de “pegar no pesado”, mas
porque as demonstrações de seu “consentimento” aos propósitos da usina começaram a falhar. 16
O poder disciplinar tem um papel muito importante nesse processo de interiorização das normas e prescrições.
Como recorda Michel Foucault, a disciplina cria corpos economicamente produtivos e politicamente dóceis para
quem dela faz uso (FOUCAULT, 1987, p. 164). Um entrevistado, Cleiton, contou que em meados dos anos 90,
quando cortava cana para uma usina situada no município de Coruripe/AL, o “silêncio” dos trabalhadores era
mantido graças à arma que o cabo trazia à cintura do início ao fim do dia de trabalho. “Quem era doido reclamar
de alguma coisa?” Com o tempo os cabos deixaram de andar armados, mas o “silêncio” de que a usina tanto
precisa passou a ser garantido por outros mecanismos de controle, como a disciplina, as ameaças de demissão e o
assédio moral. A entrevista com Cleiton – nome fictício, 29 anos, ex-cortador de cana – ocorreu em Teotônio
Vilela/AL em 12/01/2012. 17
Ou nas palavras de Silva: “O mecanismo de controle externo acaba sendo introjetado pelo próprio trabalhador,
de tal forma que ele se transforma em auto-controle, deixando de ser um controle de atos, para ser do próprio
indivíduo” (1990, p. 9).
8
Já tive oportunidade, em um estudo anterior18
, de tratar das condições de saúde dos
trabalhadores cortadores de cana de Alagoas. Na ocasião, vali-me de um conceito muito
utilizado pelas pesquisadoras Neiry Primo Alessi e Vera Lúcia Navarro, a saber, o conceito de
cargas laborais. De acordo com estas autoras, as cargas laborais são o conjunto formado pelos
fatores externos – que podem ser físicos, químicos, mecânicos e biológicos – e internos – que
por sua vez podem ser fisiológicos e psíquicos –, os quais interagem entre si e com o ser
humano, podendo ou não desencadear padrões de desgastes específicos (ALESSI;
NAVARRO, 1997, p. 113). Passo agora a discutir, também com o apoio do referido conceito,
os impactos do trabalho na saúde de pessoas ligadas a duas outras categorias laborais
presentes no universo canavieiro alagoano, sendo uma a dos irrigantes, e a outra a dos
operadores de herbicida. Assim como os cortadores de cana, estes profissionais estão expostos
a uma série de elementos que, se não forjam eles mesmos a existência de um quadro
patológico, são os responsáveis por agravar, e de forma bastante acentuada, aqueles que por
conta de outros fatores já existiam.
Os irrigantes, como colocado em páginas anteriores, são trabalhadores que podem
atuar tanto no período diurno quanto no noturno. Além da imposição de uma "maleabilidade”
pouco ou nada saudável ao organismo dos trabalhadores, que têm de “ora trocar o dia pela
noite, ora a noite pelo dia”, nota-se que um dos medos mais relatados é o de, trabalhando à
noite, o irrigante ser atacado por animais peçonhentos – como cobras e escorpiões – ou outros,
como raposas19
e gatos-do-mato.
“Levar carreira” de uma raposa é algo que pode ocorrer mesmo durante o dia, mas o
risco maior está no turno da noite, quando, a depender da área em que o trabalhador se
encontrar, a única luz disponível pode ser apenas aquela refletida pela lua e/ou de lanternas.
Outro temor mencionado é o de ferimentos nos momentos de montagem e
desmontagem das redes. É tarefa do irrigante transportar pesadas peças para poder instalar
todo o aparato de irrigação, além de abrir picadas e ramais no canavial, mesmo no período da
noite. São tubos, artefatos como o canhão e a “sapata”20
, válvulas etc. Conforme Romário me
contou, o risco de acidentes nas mãos quando da montagem e desmontagem das redes é
18
“’Serviço pesado’: uma análise das condições de saúde do trabalhador canavieiro alagoano” (SANTOS, 2009). 19
Romário disse o seguinte a respeito do risco de ser atacado por raposas: “Eu mesmo trabalho cismado... o
povo diz que se aquilo morder tu, tu morre. [...] Meus amigos já viram, já levaram carreira já... se ela estiver
choca e morder... o cara morre, morre na hora”. 20
Pesada peça metálica que serve de base de apoio para o canhão. O manuseio da sapata deve ser feito com
muito cuidado; caso a mesma caia sobre mãos, pés ou outra parte do corpo, os danos físicos podem ser imensos.
9
grande. O trabalhador precisa ser cauteloso para não sofrer cortes ou até mesmo perder um
dos dedos.
Há ainda os problemas causados pelo contato constante com a vinhaça. Uma excessiva
exposição a este resíduo – o que é o caso dos irrigantes – pode provocar fortes dores de
cabeça, tonturas e ânsia de vômito.
Foi visto também que mesmo expostos a vários fatores de risco, os trabalhadores não
contam com um apoio médico nas proximidades de onde estão. “E hospital, cadê? Um
socorro ali, cadê?”, questiona Romário.
Os operadores de herbicida têm uma rotina diferente da dos irrigantes e cortadores de
cana. Seu turno de trabalho começa às 05hs00 e se estende até às 10hs00. Muitos, no entanto,
como Cícero21
, precisam está de pé às 02hs00, para ter tempo de arrumar o material22
, a
marmita e chegar até o ponto do ônibus da usina. Casado, sua mulher participa ativamente
desse processo. No serviço, nosso interlocutor aplica herbicida para matar as pragas que
atingem tanto as canas pequenas quanto as canas grandes.
De acordo com Cícero, seu trabalho é o “pior que alguém na face da terra poderia
fazer”.
Cícero: Péssimo, né?! A gente trabalha porque é o jeito, né? Não trabalha porque
quer, trabalha porque precisa. Na parte dos serviços do campo, ele é o pior. [...]
Quando você corta cana você não tem o risco de se contaminar em nada, né? E o
veneno não; você pode se contaminar depois que o veneno entra no sangue... ai já
era, né? (Entrevista realizada em 13/02/2012 no município de Pilar/AL).
O principal medo dos que trabalham neste setor é o da contaminação. É o risco
permanente de ser contaminado que torna a atividade a “pior”. Mas não bastasse isso, meu
interlocutor revela outros fatores que tornam a sua experiência e a de seus companheiros um
tanto mais sofrida e angustiante.
Foi visto, por exemplo, que cada trabalhador deve aplicar no mínimo 12 bombas
(pulverizadores) de herbicida por dia de trabalho. Cada bomba, que o aplicador leva às costas
com a ajuda de um suporte específico, deveria conter uma combinação de 17L de água e 1L
21
À época da entrevista, em 13/02/2012, na cidade de Pilar/AL, Cícero – nome fictício – completava 1 ano e 4
meses de trabalho na Usina Utinga Leão, situada em Rio Largo/AL. Casado, 21 anos; estudou até a 8ª Série do
Ensino Fundamental. 22
Estes profissionais recebem da usina máscaras, aventais, perneiras, luvas, chapeus etc. Assim como nas
atividades do corte de cana e da irrigação, os aplicadores de herbicida participam de palestras sobre segurança do
trabalho no dia de entrega dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). Os trabalhadores destes três
segmentos, porém, reclamam das dificuldades para obter EPI’s novos. Há relatos na literatura especializada sobre pessoas que se vêem obrigadas a trabalhar com botas velhas e de numeração menor, luvas rasgadas,
macacões surrados etc. Cf. “Coluna, depressão e alcoolismo: os males da cana no Vale do Jequitinhonha”
(LARA, 2008).
10
de veneno (“dosagem”). Ocorre que é comum os responsáveis pelas turmas colocarem uma
quantidade superior à indicada, como 18L de água e 1L de veneno, 19L de água e 1L de
veneno, e assim sucessivamente. Além do peso que recai sobre os que têm de transportar a
combinação, há o risco de esta “esborrar” e atingir o corpo dos trabalhadores, o que pode
gerar sérios problemas de saúde. Dores de cabeça, fraqueza, manchas amareladas pelo corpo e
coceira intensa são alguns dos primeiros sintomas.
É possível perceber também que para ganhar mais do que a ínfima quantia de
R$700,00 por mês, ai já incluído o adicional de insalubridade, os aplicadores são incentivados
a entrar num “esquema de produtividade”, ou seja, caso o trabalhador aplique tão somente as
12 bombas do dia, ele é remunerado no método da diária – R$21,0023
por dia à época da
entrevista; caso ultrapasse as 12 bombas, ele passa a receber uma quantia por cada bomba a
mais. O desgaste psicofísico torna-se, portanto, mais acentuado.
Assim como no corte de cana, em que os “roubos” na pesagem é uma das principais
queixas dos que ali trabalham, Cícero diz que em sua atividade também ocorre de o cabo usar
de má fé no momento de “apontar” as bombas: “Se você fez 18, eles apontam 14, 15 [...]”.
Os dados apresentados mostram, portanto, que a socialização laboral, como bem
sugere Scopinho (2000), é um dos principais fatores que devem ser levados em consideração
quando da análise do processo de adoecimento de determinado público. Mostram, ainda, que
é preciso desconfiar24
sempre daqueles cabos, chefes de turma e gerentes de campo que,
diante de um adoecimento ou mesmo morte por excesso de trabalho nos canaviais, afirmam
tratar-se de “algo próprio do trabalhador”, “algo que já veio com ele mesmo” (PROFISSÃO
REPÓRTER, 2006). Ouvir a versão dos trabalhadores, de suas esposas, filhos/as e amigos/as,
é um exercício bastante útil ao aclaramento das reais condições de vida e trabalho que recaem
sobre os canavieiros e seus familiares.
3 – CONCLUSÃO
A preocupação central deste estudo foi trazer a lume as condições de vida e trabalho
de pessoas que têm suas existências relacionadas à agroindústria canavieira alagoana. Foi
dado um destaque à experiência dos jovens, pois entendo que a análise de sua inserção e
23
Cotação do dólar em 13/02/2012 (data da entrevista com Cícero): R$1,71 para compra e R$1,71 para venda. 24
Ou como escreve Howard Becker: “[...] Duvide de tudo que lhe for dito por qualquer pessoa que detenha
poder. Instituições sempre procuram dar a melhor impressão possível em público. As pessoas que as dirigem,
sendo responsáveis por suas atividades e reputações, sempre mentem um pouco, polindo asperezas, escondendo
dificuldades, negando a existência de problemas” (2007, p. 124).
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socialização laboral nas usinas de açúcar e álcool tem muito a revelar sobre o atual processo
econômico-social que se desenrola em Alagoas.
Ao tratar das situações vivenciadas por pessoas que ganham a vida em atividades
extremamente precárias e dilapidadoras como a irrigação e a aplicação de herbicida nos
canaviais, quisemos chamar a atenção para o fato de que há, conforme sugerem Dieterich
(1999) e Moura (2004), uma “população precária” que vem sendo inserida também por “vias
precárias” no mundo do trabalho.
Conforme foi possível perceber, a maioria dos jovens que ingressam nas malhas do
trabalho rural das usinas alagoanas são de famílias pobres e detêm uma baixíssima
escolaridade, como também aponta o estudo de Bertoldo et al. (2011). Para esses jovens, o
trabalho como cortadores de cana, irrigantes ou operadores de herbicida constitui muitas
vezes a única alternativa ao temido e sempre incômodo desemprego.
Foi visto ainda que se por um lado as usinas alagoanas despontam como algumas das
principais unidades produtoras de açúcar e álcool do nordeste (CARVALHO, 2000), por outro
o modo com que tratam as pessoas que lhes vendem a sua força de trabalho está longe daquilo
que representa o respeito e o reconhecimento pelo ser humano. Os constantes casos de
adoecimento e mortes nos canaviais revelam a outra face dessa modalidade do agronegócio.
Como falar em energia limpa com tanta dor e sofrimento engasgados nas engrenagens deste
setor?
Cabe aos trabalhadores e aos movimentos sociais não silenciarem diante da situação
que aqui foi apenas salpicada. Cabe também à Sociologia e a quem a esta se dedica, expor de
forma lúcida e bem fundamentada o contraste que há entre o discurso oficial, que privilegia a
ordem e um desenvolvimento irregular – por tratar-se de um processo econômico dissociado
das demandas sociais –, e o discurso “anti”, que procura chamar a atenção para as mazelas
causadas por um sistema que, infelizmente, toma as cifras e não as pessoas como prioridade.
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