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    Programa de Educao pelo Trabalho para a Sade Agosto de 2014

    INFLUNCIA DOS HBITOS ALIMENTARES NO SURGIMENTO DE

    OBESIDADE INFANTIL E SUAS COMPLICAES

    JULLIANA FORNIELES DE SOUZA

    MARCELO MARTINS DOS SANTOS BRITO

    1. Acadmica de Medicina (Universidade Ceuma)

    2. Acadmico de Medicina (Universidade Ceuma)

    RESUMO

    (...)

    ABSTRACT

    (...)

    METODOLOGIA

    Este trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa bibliogrfica sobre a

    influncia dos hbitos alimentares na obesidade infantil, bem como suas

    consequncias. Para a realizao deste trabalho, foi realizada uma reviso

    sistemtica da literatura, sobre obesidade infantil e a influncia de hbitos

    alimentares inadequados, utilizando as bases de dados cientficas Scielo,

    Pubmed, Google acadmico, a partir das palavras chaves: obesidade infantil,

    influncia de maus hbitos alimentares na infncia. A busca bibliogrfica foi

    realizada, a partir da incluso de descritores de assunto nas diferentes bases

    de dados mencionadas.

    INTRODUO

    A obesidade considerada

    doena universal de prevalncia

    crescente e hoje assume carter

    epidemiolgico, como o principal

    problema de sade pblica na

    sociedade moderna (SABIA;

    SANTOS; RIBEIRO, 2004).

    O aumento da prevalncia de

    obesidade tem sido observado no

    Brasil em diferentes reas e

    segmentos sociais, caracterizando o

    processo de transio nutricional

    com o avano do predomnio da

    obesidade sobre a desnutrio

    (GUIMARES E BARROS, 2001).

    Na infncia, existem alguns momentos considerados crticos para o aumento de peso: no primeiro ano de vida, entre cinco e seis anos, e no incio adolescncia, quando o corpo passa por mudanas devido ao dos hormnios da puberdade (Damiani, Carvalho e Oliveira, 2000; Fisberg, 1995).

    Cuidar da alimentao infantil o primeiro passo para conter o avano das doenas agudas ou crnicas no transmissveis como anemia, diabetes, obesidade, hipertenso e outras doenas degenerativas que determinam complicaes de sade tanto na infncia quanto na idade adulta (ALMEIDA et AL.,2012).

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    Nessa fase, evidente a necessidade de diagnosticar o estado nutricional para correo de possveis deficincias e excessos nutricionais, melhorando a qualidade da alimentao, bem como a manuteno do peso e crescimento para prevenir futuras complicaes e prejuzos sade (FLAVIO et al., 2004).

    Dados da Pesquisa Nacional sobre Sade e Nutrio (PNSN) indicam a presena de aproximadamente 1,5 milho de crianas obesas, com maior prevalncia entre as meninas, principalmente nas regies sul e sudeste em relao regio nordeste, assim como entre os nveis socioeconmicos intermedirio e alto(BARRETO et al., 2007; FAGUNDES et al., 2008).

    Existem vrios mtodos diagnsticos para classificar o individuo em obeso e sobrepeso. O ndice de massa corporal(IMC, peso/estatura) e a medida da dobra cutnea do trceps (DCT) so bastante utilizados em estudos clnicos e epidemiolgicos. Os percentis 85 e 95 do IMC e da DCT so comumente utilizados para detectar sobrepeso e obesidade, respectivamente. (MELLO et al, 2004).

    A obesidade pode ser classificada, a partir de sua origem em: exgena e endgena. A obesidade do tipo endgena est relacionada a problemas hormonais ou doenas endcrinas e no a mais frequente; para sua interveno deve-se identificar a doena de base e trat-la (CARVALHO ET AL., 2005).

    A obesidade exgena origina-se do desequilbrio entre ingesto e gasto calrico, devendo ser manejada com orientao alimentar,

    especialmente mudanas de hbitos e otimizao da atividade fsica (MELLO; LUFT; MEYER, 2003). A obesidade exgena na infncia um distrbio nutricional de cunho multifatorial, influencivel por fenmenos como experincia intrauterina, desmame precoce, neofobia, meios de comunicao, a presena de sobrepeso na famlia e distrbios na dinmica familiar. FATORES QUE INFLUENCIAM NA OBESIDADE INFANTIL Experincias intrauterinas

    O feto exposto a uma variedade de estmulos sensoriais in tero. O aparelho necessrio para detectar tais estmulos, as papilas gustativas, aparece pela primeira vez por volta da 7 e 8 semana de gestao. (BEAUCHAMP & MENNELLA, 1999).

    Um estudo realizado com prematuros demonstrou ocorrer salivao diante da administrao oral de gotas de suco limo puro e suco diminuda em resposta a solues de quinina. Isso sugere que as papilas gustativas so capazes de conduzir informaes sensoriais ao sistema nervoso central no 6 ms de gestao e que as conexes neurais so adequadas para provocar alteraes na salivao e na suco (BEAUCHAMP & MENNELLA, 1999).

    possvel que experincias intrauterinas contribuam para preferncias de sabores. O lquido amnitico aromtico e o seu odor influenciado pela dieta da me. A semelhana de aromas entre o lquido amnitico e o leite materno pode estar envolvida na preferncia do recm-nascido pelo cheiro do

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    leite materno (GIULIANI & VICTORA, 2000 ).

    A sensibilidade ao sabor doce j aparece na fase pr-natal, provavelmente estimulada pelas substncias qumicas do lquido amnitico (RAMOS & STEIN, 2000).

    Estudos com ratos demonstraram que os filhotes, cujas mes haviam sido submetidas a uma rigorosa privao do sal durante a fase precoce da gestao, apresentaram reduzida sensibilidade ao sal. (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999 5).

    A exposio do feto a algum tipo de odor in tero pode resultar em uma preferncia pelo referido odor aps o nascimento. Por exemplo, quando testado imediatamente aps o nascimento, filhotes de ratos nascidos atravs de operaes cesarianas preferiram o odor do fluido amnitico da prpria me ao de outros ratos, indicando que esta preferncia adquirida antes do nascimento (BEAUCHAMP & MENELLA, 1999 5). Desmame precoce

    No incio da vida, o leite

    materno o mais adequado e deve ser dado em exclusivo at aos 6 meses de vida da criana. Este perfeitamente adaptado sua imaturidade digestiva e, devido s suas caractersticas, protege-a de doenas infecciosas e alrgicas, promove um melhor desenvolvimento intelectual e psico-motor e, sobretudo, promove a vinculao, facilitando a interaco me-beb (Levy, 2008; WHO, 2009). O leite materno composto por fatores criativos como hormnios insulina, T3 e T4 e a leptina que agem no centro da alimentao e saciedade, localizado

    no hipotlamo, regulando o balano energtico do metabolismo infantil (SILVA et al., 2004).

    No segundo semestre de vida, com o crescimento e desenvolvimento acelerado, a criana necessita de outros alimentos que lhe permitam fazer face s necessidades biolgicas, contribuindo estes progressivamente com 20 a 50% de energia.

    Fisberg (2005) afirma que o aumento da obesidade em lactentes resultado de um desmame precoce e incorreto; decorrente, de erros alimentares no primeiro ano de vida, principalmente, nas populaes urbanas as quais abandonam precocemente o aleitamento materno e o substituem por alimentao com excesso de carboidratos, em quantidades superiores s necessrias para seu crescimento e desenvolvimento.

    Um elemento que est frequentemente presente no cenrio da amamentao ineficaz e tambm se relaciona ao ganho excessivo de peso nos lactentes, o uso de frmulas lcteas artificiais. A interrupo precoce da amamentao em detrimento da adoo de uma alimentao artificial eleva o consumo energtico infantil em 15% a 20% quando comparado ao consumo energtico de criana em aleitamento materno exclusivo. Isto aponta que a criana alimentada com frmulas artificiais est ingerindo uma alimentao hipercalrica em relao s que ingerem o natural, o leite materno (NEJAR et al., 2004). Neofobia

    Em geral as crianas tendem

    a rejeitar alimentos que no lhe so

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    familiares e este comportamento normal e denominado de neofobia, desenvolvido pela espcie na sua evoluo para proteg-la de envenenamentos ou intoxicaes pelo contato com alimentos estranhos. Porm, com exposies frequentes, os alimentos novos passam a ser aceitos, podendo ser incorporados dieta da criana(ALMEIDA et al, 2012).

    As alteraes na aceitao de alimentos resultantes da exposio repetida so provavelmente atribuveis segurana aprendida. Quando o consumo de um novo alimento, em repetidas ocasies, no seguido de nuseas ou vmitos, aprendemos, gradualmente, que se pode comer o referido alimento sem receio e que ele pode tornar-se parte da dieta. Nesta perspectiva, a rejeio precoce de novos alimentos pelas crianas pode ser considerada como um exerccio de adaptao (BIRCH, 1999).

    Em mdia so necessrias de oito a dez exposies a um novo alimento para que ele seja aceito pela criana. Muitos pais, talvez por falta de informao, no entendem esse comportamento como sendo normal e interpretam a rejeio inicial pelo alimento como uma averso permanente, desistindo de oferec-lo criana. Apesar de a averso ao alimento frustrar os pais, ela no se constitui em rejeio permanente.(ALMEIDA et al, 2012) Meios de comunicao

    A televiso um dos fatores

    potenciais que estimulam a alimentao (GORE, et al, 2003). O poder da televiso, atravs de seus agentes sociais, age na criao de valores mticos como liberdade,

    autonomia, felicidade e bem-estar, prescrevendo, simultaneamente, comportamentos adequados ao alcance de tais fins (ANDRADE, 2003).

    A exposio de apenas 30 segundos a comerciais de alimentos capaz de influenciar a escolha de crianas por determinados produtos (ALMEIDA, NASCIMENTO & QUAIOTI,2002).

    Uma anlise realizada com a qualidade dos alimentos veiculados pela televiso, demonstrou que 60% dos produtos estavam classificados nas categorias gorduras, leos e acares. A predominncia de produtos com altos teores de gordura e/ou acar pode estar contribuindo para uma mudana nos hbitos alimentares de crianas e jovens e agravando o problema da obesidade na populao (ALMEIDA, NASCIMENTO & QUAIOTI, 2002 2).

    As crianas que assistiram mais a televiso durante a infncia tiveram grande aumento da massa gorda, de acordo com um estudo longitudinal realizado com 106 crianas de 4 anos de idade, que foram acompanhadas at os 11 anos, no qual seus pais responderam, anualmente, a um questionrio sobre o hbito de seus filhos assistirem televiso (PROCTOR, et al,2003). A televiso, alm de promover o sedentarismo, estimula a ingesto de alimentos calricos. (HALFORD, et al, 2003 ).Assim um comportamento sedentrio de assistir TV, aliado aos dados da anlise qualitativa dos alimentos anunciados, indica uma situao preocupante no campo da sade pblica.(ALMEIDA; NASCIMENTO; QUAIOTI, 2002). Hbitos familiares

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    Durante a infncia, a famlia

    responsvel pela formao do comportamento alimentar da criana atravs da aprendizagem social, tendo os pais o papel de primeiros educadores nutricionais. Neste mbito, os fatores culturais e psicossociais da famlia influenciam as experincias alimentares da criana desde o momento do nascimento, dando incio ao processo de aprendizagem, (Ramos e Stein, 2000).

    Os hbitos alimentares adotados pela maioria das pessoas habitantes das grandes cidades so decorrentes de um ritmo de vida acelerado, que traz como consequncia a necessidade de alimentar-se de forma prtica e rpida (Cordas e Azevedo, 2007). Para responder as demandas desse novo estilo de vida entram em cena os alimentos industrializados e prontos para o consumo, que em sua maioria no possuem as qualidades nutricionais indispensveis para o desenvolvimento saudvel de crianas e adolescentes, explicam Gama, Carvalho e Chaves (2007). O momento atual de oferta incansvel de produtos alimentcios com forte apelo ao consumidor infanto-juvenil, o que pode dificultar a determinao de limites pelas famlias s suas crianas.

    Fatores econmicos e de disponibilidade dos alimentos, constituem igualmente determinantes nas escolhas alimentares da famlia. O custo dos alimentos um dos fatores primordiais no processo de escolha e est diretamente relacionado com o nvel socioeconmico. Grupos de baixa renda tm uma maior tendncia para consumir dietas

    desequilibradas e, em particular, com baixa ingesto de frutas e produtos hortcolas (EUFIC, 2005).

    A interao que estabelecida entre os pais e a criana, sobretudo durante as refeies, influencia a alimentao da criana e o seu peso, nomeadamente atravs de estratgias de excessivo controle externo, como o incitamento a comer, o ritmo da alimentao e a restrio de certos alimentos, (Birth et al., 2001; Faith, et al. 2004). Forar ou coagir a criana a comer resulta, habitualmente, em reaes de oposio, diminuindo a preferncia da criana por esses alimentos. Estas prticas alimentares controladoras tm igualmente sido associadas a uma menor autorregulao da criana, podendo impedir o autocontrole, responsvel pela sensao de fome e saciedade, resultando em alteraes do comportamento alimentar, com maior risco para obesidade futura (Birch et al, 2001).

    Uma adequada introduo de novos alimentos no primeiro ano de vida, com uma correta socializao alimentar a partir deste perodo, assim como a oferta de alimentos variados e saudveis, em ambiente alimentar agradvel, permite criana iniciar a aquisio das preferncias alimentares responsveis pela determinao do seu padro de consumo (Birch, 1998). CONSEQUNCIAS DOS MAUS HBITOS ALIMENTARES

    Reconhece-se, hoje, que uma alimentao saudvel durante a infncia duplamente benfica, pois, por um lado, facilita o desenvolvimento intelectual e o

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    crescimento adequado para a idade, e, por outro, previne uma srie de patologias relacionadas com uma alimentao incorreta e desequilibrada, como a anemia, obesidade, desnutrio, cries dentrias, atraso de crescimento, entre outras complicaes (Rego et al., 2004).

    A obesidade, j na infncia, est relacionada a vrias complicaes, como tambm a uma maior taxa de mortalidade. E, quanto mais tempo o indivduo se mantm obeso, maior a chance das complicaes ocorrerem, assim como mais precocemente. A Tabela 1 mostra as possveis complicaes da obesidade.

    (obs:colocar referencia da tabela: obesidade inf: como podemos ser eficazes?)

    Em um estudo sobre estresse conduzido pela American Psychological Association [APA]

    (2010) nos Estados Unidos, constatou-se que crianas e adultos obesos tm maior tendncia ao estresse do que os no obesos. A respeito das condies de sade na infncia, a pesquisa verificou que as crianas obesas apresentam mais problemas do que as crianas de peso normal, como maior prevalncia de dificuldades de sono, dor de cabea, dor de estmago, alteraes no apetite, desnimo, agressividade e baixo desempenho escolar. Especialmente no perodo entre o final da infncia e incio da adolescncia, o estresse pode trazer consequncias danosas sade das crianas, pelas mudanas hormonais que ocorrem nessa etapa e que as tornam mais sensveis rejeio, aceitao e ao modo como interpretam as atitudes dos outros em relao a si mesmo (APA, 2010).

    Os resultados de um estudo realizado por Costa et al (2012) mostraram que o preconceito, as gozaes, as chacotas e as perseguies direcionadas aos estudantes obesos so percebidos pelos professores, que apontam essas atitudes como o principal problema enfrentado por tais alunos no ambiente escolar. Outros problemas, segundo a percepo dos professores, parecem ocorrer em consequncia desse problema maior.

    Seguindo essa perspectiva, podemos destacar as associaes feitas por diversos professores entre timidez, falta de participao, isolamento e problemas de aprendizagem, e o fato de esses alunos serem alvos de perseguies, preconceitos e gozaes, ou seja, o fato de serem vtimas de bullying.

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    A probabilidade de que uma criana obesa permanea obesa na idade adulta varia de 20% a 50% antes da puberdade e 50% a 70% aps a puberdade. Esse risco de obesidade na idade adulta predispe a criana obesa a complicaes da obesidade na idade adulta. O risco de morte em adultos obesos que foram crianas ou adolescentes obesos em comparao aos adultos magros cuja infncia e adolescncia foram de peso normal significativamente maior. (ABESO, 2010)

    O interesse na preveno da obesidade infantil se justifica pelo aumento de sua prevalncia com permanncia na vida adulta, pela potencialidade enquanto fator de risco para as doenas crnico-degenerativas (LEO et al., 2003). CONSIDERAES FINAIS

    A alimentao constitui uma necessidade fundamental do ser humano, sendo reconhecida como um dos fatores de maior impacto na sade dos indivduos.

    Podemos dizer que a formao dos hbitos alimentares inicia-se desde a gestao e amamentao, portanto, a me deve estar atenta a variedade de alimentos na sua dieta.

    A influncia dos pais, assim como a de outros cuidadores na alimentao das crianas, no somente se dar em relao as atitudes tomadas, como tambm pelo exemplo dado, j que a

    observao de outras pessoas se alimentarem favorece a aceitao por novos alimentos.

    Seria importante que desde a infncia a criana convivesse com situaes educativas quanto a sua alimentao. A educao nutricional envolve transferncia de informaes, desenvolvimento de motivao e ainda quando necessrio mudanas de hbitos. Os hbitos alimentares adquiridos na infncia tendem a se solidificar na vida adulta, fazendo-se importante as medidas de promoo de sade nessa fase da vida.

    Diante do exposto, faz-se necessria a implementao de medidas intervencionista no combate e preveno a obesidade infantil.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS