TRABALHO PRÁTICA DE ENSINO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

ALUNO: GLAUCIO VINICIUS DE SOUZA ALVESPROFESSOR: ROBERTO RONDONDISCIPLINA: PRTICA DE ENSINO

RESENHA: As mltiplas dimenses do aprender, de Slvio Gallo

Em geral, muito embora vrias concepes tenham surgido ao longo da histria, a educao no Ocidente considerada segundo o modelo platnico o do aprender como recognio. O autor elenca algumas teorias pedaggicas hodiernas que pensaram essa problemtica segundo a vinculao estrita entre ensino e aprendizagem, ou seja, s se pode aprender com algum que ensine. Desse modo, pensa-se numa boa margem de controle a respeito do quanto e de como algum aprende. Por esta abordagem cientfica, chega-se a uma uniformizao do ensino, na qual todos aprendem as mesmas coisas, da mesma maneira (a ideia resguardada pela etimologia do verbo ensinar exatamente a de transmitir algo a algum, de indicar algum caminho, de orientar), conforme a concluso de Gallo. Em Deleuze, podemos encontrar o sentido de aprender como um encontro com signos, mas no enfatizando o ensinar, isto , a emisso, mas no aprender, relacionando-se com e interpretando os signos, independentemente de quem ou do que os tenha emitido. Numa palavra: a mera relao com pessoas ou coisas potencialmente nos viabiliza um aprendizado, mesmo que seus significado s seja configurado posteriormente, resultando da relao (mesmo que inconsciente) com os signos. Como diz o autor francs, s se aprende nesse encontro com os signos, perdendo tempo, e no pela assimilao de contedos objetivos. E ainda: o aprender em Deleuze , de fato, um acontecimento da ordem do problemtico, para alm de uma recognio; um acontecimento nico, singular, diz Gallo. Aprender implica no um reconhecimento, mas um acontecimento.Para o autor de Diferena e repetio, o aprendizado tem a ver no com uma conduo, um ato bilateral, descrito meramente como a relao entre um emissor e um receptor, mas sim com uma relao com o imprevisvel, no passvel de controle ou medio por um mtodo cientfico. Se segundo a perspectiva platnica o importante o saber, que pode assim ser medido e verificado em sua efetividade, por assim dizer, Deleuze privilegia o aprender como passagem entre o saber e o no-saber, defendendo que (nas palavras de Gallo) a aprendizagem est mais bem representada pelo rato no labirinto (que aprende com sua errncia, sem nunca achar uma sada) do que pelo filsofo que saiu do fundo da caverna, que coloca nfase no saber, no no processo do aprender. Outra diferena evidenciada por Gallo que, no pensamento do francs, o aprender no imitar, e sim fazer com. O exemplo evocado no texto bastante esclarecedor: o indivduo que se prope aprender a nadar no pode se dar por satisfeito simplesmente em ouvir como resposta de um instrutor que deve fazer como ele [o instrutor] faz, mas tem de ousar o contato, a mistura com a gua, entrar em confluncia com ela. Aprendemos na convivncia, na experincia, na realidade na qual mergulhamos com a sensibilidade, no com o simples movimentar-se de ideias. isso que vemos nos excertos de Pennac, que traz tona um tempo verbal da aprendizagem, estreitamente vinculado quela colocao espacial demandada pela universo sensorial no qual se do os signos. A chamada no texto quase-teoria do aprender deleuzeana ainda d conta de um ltimo aspecto: a heterogeneidade, a saber, o aprendizado sempre como o encontro com o outro, com a diferena, para alm da reprodutibilidade. bem verdade o expresso na fala de Gallo: seguindo esta concepo, o professor prepara o terreno para o seu prprio desaparecimento. O professor deve, hoje, apenas estar atento mais ao processo do aprendizado do que com o seu resultado.