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Princípios da Engenharia do Petróleo O Marco Regulatório do Petróleo no Brasil Entenda como estão sendo conduzidos os principais impactos na governança do ouro negro brasileiro Henrique Santana RA 74278 Trabalho Prático # 2 Set, 2010

Trabalho prático #2 (marco regulatório - henrique santana 74278)

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Princípios da

Engenharia do

Petróleo

O Marco

Regulatório do

Petróleo

no Brasil

Entenda como estão sendo

conduzidos os principais

impactos na governança

do ouro negro brasileiro

Henrique Santana – RA 74278 Trabalho Prático # 2 Set, 2010

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Marco Regulatório Set, 2010

Princ. Engenharia de Petróleo | 2

ÍNDICE

Definição

Histórico

O novo marco

Porque estamos mudando

Como funciona no mundo

Partilha

Pré-Sal Petróleo S/A

Fundo Social

Cessão onerosa

Referências

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Definição

É um conjunto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores nos quais

agentes privados prestam serviços de utilidade pública. Parece complicado, mas não é. Um

exemplo clássico de setor que precisa de marco regulatório no Brasil é o de telefonia. Em 1998,

empresas privadas passaram a atuar no ramo e foi necessário o estabelecimento de critérios

rígidos para garantir a continuidade, a qualidade e a confiabilidade dos serviços prestados à

população. O mesmo aconteceu com a área de energia elétrica e a de administração de rodovias.

A regulação é sempre feita por um organismo independente com condições de defender os

interesses dos cidadãos, do governo e das empresas concessionárias que obtiveram o direito de

explorar o setor. O marco regulatório é responsável pela criação de um ambiente que concilie a

saúde econômico-financeira das empresas com as exigências e as expectativas do mercado

consumidor. No caso específico da telefonia, esse organismo é a Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel). Existem muitas outras agências reguladoras, como a Agência Nacional

de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Além de estabelecer as regras

para o funcionamento do setor, o marco regulatório contempla a fiscalização do cumprimento das

normas, com auditorias técnicas, e o estabelecimento de indicadores de qualidade. A criação de

um marco regulatório claro e bem concebido é fundamental para estimular a confiança de

investidores e consumidores e para o bom andamento do setor. [1]

Histórico

Quando a atual legislação que regula o setor de petróleo foi criada, em 1997, o Brasil e a Petrobras

estavam inseridos num contexto de instabilidade econômica, e o preço do petróleo estava em

baixa (US$ 19 o barril). Além disso, os blocos exploratórios tinham alto risco, perspectiva de baixa

rentabilidade, e o País era grande importador de petróleo. O marco regulatório que adotou o

sistema de concessão foi criado, à época, para possibilitar retorno àqueles que assumiriam esse

alto risco. [2]

Em seguida a chamada “Rodada Zero” foi criada como um conjunto de negociações realizadas

após a promulgação da Lei 9.478/97 do Petróleo para definir a participação (abertura de mercado)

da Petrobras (Sociedade anônima de capital aberto e que atua em diversos segmentos da

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indústria de óleo, gás e energia) que até então era a única executora do monopólio que a União

exercia sobre as atividades de exploração e produção de petróleo. Consolidada em agosto de

1998, a Rodada Zero ratificou os direitos da Petrobras na forma de contratos de concessão,

conforme a Lei do Petróleo, sobre 282 campos em produção. Estas concessões foram celebradas

sem processo licitatório e cobriram área superior a 450.000 Km² em 115 blocos exploratórios. [3]

O Novo Marco

São as novas regras para

exploração e produção de

petróleo e gás natural na área

de ocorrência da camada Pré-

Sal e em áreas que venham a

ser consideradas estratégicas.

Estas regras foram enviadas

pelo governo para apreciação

do Poder Legislativo no dia 31

de agosto de 2009, na forma

de quatro projetos de lei (PL).

Figura – 01 (modelagem do novo marco regulatório)

Os projetos de lei definem o sistema de partilha de produção para a exploração e a produção nas

áreas ainda não licitadas do Pré-Sal; a criação de uma nova estatal (Pré-Sal Petróleo S/A); a

formação de um Fundo Social; e a cessão onerosa à Petrobras do direito de exercer atividades de

exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural em determinadas áreas do Pré-Sal, até o

limite de cinco bilhões de barris, além de uma capitalização da Companhia. Com a aprovação do

governo, o País passará a ter três sistemas para as atividades de E&P de petróleo e gás natural:

concessão, partilha de produção e cessão onerosa.

Na figura 01 temos a modelagem do novo marco regulatório com a responsabilidade de não

alterar os processos nas áreas já concedidas, inclusive no Pré-sal. [2]

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Porque estamos mudando

O Brasil alcançou estabilidade econômica, atingiu a autossuficiência produtiva, os preços do

petróleo estão significativamente mais elevados, e as descobertas no Pré- Sal, uma das maiores

províncias petrolíferas do mundo, poderão, apenas com as áreas de Tupi, Iara, Guará e Jubarte,

dobrar o volume de reservas brasileiras. Pelos testes realizados, sabe-se que o risco exploratório é

baixo e a produtividade é alta nas descobertas localizadas na camada Pré-Sal.

Com base neste cenário e o regime de partilha, o governo pretende obter maior controle da

exploração dessa riqueza e fazer com que os recursos obtidos sejam revertidos de maneira mais

equânime para a sociedade brasileira. Portanto, esse modelo é mais apropriado ao contexto atual

e ao desenvolvimento social, econômico e ambiental do País. [2]

Como funciona no mundo

Cada país adota um diferente sistema ou sistemas

que agregam características específicas, de acordo

com as peculiaridades e necessidades de cada

nação. Há três sistemas mais utilizados: concessão,

partilha de produção e prestação de serviços.

A principal característica do sistema de concessão é

que as atividades são realizadas por conta e risco do

concessionário, sem interferência ou maior controle

dos governos nos projetos de exploração e

produção, respeitada a regulação existente. Caso

haja uma descoberta e ela seja desenvolvida, o

petróleo e gás natural, uma vez extraídos, passam a

pertencer aos concessionários após o pagamento

de royalties e outras participações governamentais.

Figura – 02 (ilustrativa)

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O sistema de partilha costuma ser usado por países com reservas abundantes e baixo risco

exploratório. Nesses contratos, a companhia ou consórcio que executa as atividades assume o

risco exploratório. Em caso de sucesso, tem os seus investimentos e custos ressarcidos em óleo (o

chamado óleo-custo). O lucro da atividade resulta da dedução dos investimentos e custos de

produção da receita total. Convertido em óleo, esse valor é chamado de óleo-lucro, que passa a

ser repartido entre a companhia (ou consórcio) e o governo, em porcentagens variáveis.

No sistema de prestação de serviços, uma empresa é contratada para realizar as atividades de

exploração e produção e tem seus serviços pagos segundo metodologias contratuais predefinidas.

Nesse modelo, toda a produção normalmente é de propriedade do Estado.

Cerca de 80% das reservas mundiais estão em países que adotam o modelo de partilha ou

sistemas mistos, que misturam características de mais de um modelo, mas com maior controle do

Estado sobre as atividades de exploração e produção. [2]

Partilha

O sistema de partilha de produção será vigente nas áreas ainda não licitadas do Pré-Sal e naquelas

que venham a ser definidas como estratégicas pelo Conselho Nacional de Política Energética

(CNPE).

Na partilha de produção, os

riscos das atividades são

assumidos pelos

contratados, que serão

ressarcidos apenas se

fizerem descobertas

comerciais. Esse

pagamento é feito com o

custo em óleo (chamado de

óleo-custo), em valor

suficiente para ressarcir as

despesas da(s) empresa(s)

contratada(s).

Figura – 03 (sistema de partilha no Brasil)

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O restante da produção (excedente em óleo, chamado de óleo-lucro) é dividido entre a União e

a(s) contratada(s).

Na figura 02 temos a demonstração do sistema de partilha proposto pelo novo marco regulatório,

com a representação dos papeis das empresas vencedoras da licitação e da união federal.

Segundo esse projeto de lei, a União poderá celebrar os contratos de duas formas: exclusivamente

com a Petrobras (100%) ou a partir de licitações, com livre participação das empresas, atribuindo-

se à Petrobras tanto a operação como um percentual mínimo de 30% em todos os consórcios.

Os contratos, até que seja publicada legislação específica, terão que pagar royalties, na forma da

Lei 9.478/97, e bônus de assinatura fixo, definido contrato a contrato, que não será critério de

licitação. O projeto prevê ainda que, até a edição de regulamento específico, será devida a

participação especial, na forma da Lei 9.478/97, a ser paga a partir da receita obtida pela venda da

produção que couber à União. [2]

Pré-Sal Petróleo S/A

A Pré-Sal Petróleo foi criada em 07/07/2010 para monitorar as atividades sob o regime de partilha

do petróleo e gás do pré-sal, inclusive participando dos consórcios que se apresentarem (tendo

sempre a Petrobras como participante) para disputar a exploração de áreas do pré-sal. Entretanto,

ela não participará da venda do petróleo.

O Plenário do Senado aprovou o projeto do

governo sem modificações, mas recebeu uma

emenda de redação para mudança de nome.

Inicialmente, o nome da nova estatal seria

Petro-Sal, mas já existia uma empresa com

esse nome no Rio Grande do Norte. [4]

Observação: Todos os investimentos no pré-

sal serão feitos pela Petrobras e por eventuais

sócios. A Pré-Sal Petróleo S/A não será

responsável pela execução direta ou indireta

das atividades de exploração,

desenvolvimento, produção e comercialização de petróleo e gás natural e, por isso, não

concorrerá com a Petrobras nem compartilhará os recursos humanos ou financeiros. [2]

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Fundo social

Nos termos previstos no projeto de lei, o Fundo Social será um fundo financeiro constituído por

recursos gerados pela partilha de produção, destinados às seguintes atividades prioritárias:

combate à pobreza, educação, cultura, ciência e tecnologia, e sustentabilidade ambiental.

A receita do Fundo Social será proveniente da comercialização da parcela do excedente em óleo

da União proveniente dos contratos de partilha, do bônus de assinatura e dos royalties que forem

destinados à União. [2]

Cessão onerosa

A cessão onerosa de direitos prevê que a União poderá ceder à Petrobras o direito de exercer

atividades de E&P, em determinadas áreas do Pré-Sal, sem licitação, no limite de até 5 bilhões de

barris de petróleo e gás natural. A companhia arcará com todos os custos e assumirá os riscos de

produção. O valor desta cessão onerosa será avaliado segundo as melhores práticas da indústria

do petróleo, e a Petrobras pagará à União este valor. Segundo o projeto de lei, o pagamento da

Petrobras ao governo poderá ser feito por meio de

títulos da dívida pública mobiliária federal, cujo preço

será fixado segundo o valor de mercado. Quanto aos

critérios para definir o valor dos direitos de produção

da cessão onerosa, serão estabelecidos por meio de

negociações entre a União e a Petrobras, a partir de

laudos técnicos elaborados por entidades

certificadoras internacionais, observadas as melhores

práticas da indústria do petróleo. Caberá à ANP e à

Petrobras obter os citados laudos técnicos. [2]

Figura – 04 (ilustrativa)

Com a apresentação dos laudos técnicos e diversas negociações entre a união Federal e a

Petrobras, o governo definiu quais foram as áreas de exploração (seis) - Franco, Iara, Florim, Tupi

Nordeste, Guará Leste e Tupi Sul. Juntas, elas fornecerão 4.999.569 barris de óleo equivalente.

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O preço do barril variou de um poço para outro, oscilando de US$ 5,82 (Iara) a US$ 9,04 (Franco)

por barril de óleo equivalente. O preço médio da cessão onerosa foi calculado em US$ 8,51 por

barril de óleo equivalente. Desta forma, a cessão onerosa totalizou US$ 42,533 bilhões.

Franco será a principal área de exploração, respondendo por 3,058 bilhões dos cinco bilhões de

barris de óleo equivalente da cessão onerosa. [5]

Referências

[1] (IPEA)

http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edi

coes/19/artigo14917-1.php

[2] (Petrobras)

http://www.petrobras.com.br/minisite/p

resal/pt/perguntas-respostas/default.asp

[3] (ANP – Agência Nacional de Petróleo)

http://www.anp.gov.br/?pg=19444&m=&t1=&t2=&t3=&t4=&ar=&ps=&cachebust=1282755430889

[4] (Valor online)

http://www.valoronline.com.br/online/p

etro-sal/39741/300267/senado-aprova-

criacao-da-petro-sal-mas-muda-nome

[5] (Valor online)

http://www.valoronline.com.br/online/e

mpresas/44/304509/barril-de-cessao-

onerosa-tera-preco-medio-de-us-851

Observação geral: Algumas citações em

referência foram resumidas e

interpretadas de acordo com o critério

estabelecido pelo autor do material.