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Sessão temática: Trabalho, Profissões e Organizações X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais Página 1/29 Trabalho, Profissões e Organizações Mesa: Saberes, competências e identidades na educação formal e não formal de grupos profissionais - 4 de Fevereiro - 19h - 211 Moderador: José Augusto Palhares Título Saberes profissionais e escola ID 1644 Autores Naira Lisboa Franzoi Resumo: O trabalho ora apresentado inscreve-se na continuidade de meus estudos de doutoramento. A partir da conclusão da tese, que discute trajetórias e identidades profissionais de trabalhadores com baixa escolaridade, coloca-se a questão sobre o corpus de saberes que embasam as diferentes profissões, e como estes saberes se produzem. É com esta grande interrogação que empreendo esta pesquisa, que tem por objetivo estudar as conexões entre os saberes profissionais de um grupo específico – pescadores – e escola. Como referencial teórico, utilizam-se autores que problematizam, ou contribuem indiretamente para pensar-se sobre a implicação do sujeito trabalhador em diferentes situações de trabalho e as relações entre o saber produzido nestas situações e aqueles produzidos na escola. O campo empírico é uma escola para jovens filhos de pescadores na região sul do Brasil. Estando a escola inserida em uma comunidade específica, trata-se de comprender os diálogos que se estabelecem entre escola e economia e cultura locais. Dentre os objetivos da escola, está o de estimular políticas para o setor da pesca, bem como o de valorizar a comunidade pesqueira e seu trabalho. Foram realizadas entrevistas em profundidade com alunos, professores e gestores da escola, bem como observações de campo, além de pesquisa documental sobre a escola. Chama atenção no depoimento dos alunos, por exemplo, o fato de que muitos deles abandonam outras escolas para passar a freqüentar a escola. Ao contrário desta, as escolas que freqüentavam, como referem, faziam-nos se sentir incapazes e desenvolviam nos mesmos uma relação de distanciamento e desinteresse frente a um conhecimento que, em grande parte, faz parte de seu dia-a-dia. À profissão de pescador é atribuído novo significado pelo simples fato de ser criada uma escola para pescadores na comunidade. Tais constatações nos remetem às contribuições teóricas de Bernard Charlot, Gerard Malglaive, Acácia Kuenzer dentre outros. Têm-se aí importantes indicativos para se refletir sobre a inteligibilidade dos conhecimentos que a escola propõe, a relação dos sujeitos com o saber, os sentidos que os alunos atribuem aos mesmos, os recursos que mobilizam para esta aprendizagem, e a relação entre teoria e prática. Embora nesta fase da pesquisa sejam apenas levantadas algumas hipóteses, tais elementos são discutidos. Título O Modelo de Competências: entre o pragmatismo e o tecnismo ID 1650 Autores Marise Ramos Resumo: Analisada em sua configuração contemporânea, os fundamentos teóricos da “pedagogia das competências” apóia-se numa epistemologia para a qual as aprendizagens significativas são aquelas que o indivíduo realiza por si mesmo, dirigidas por seus próprios interesses e necessidades. Incorporando a idéia da construtividade do conhecimento, as competências seriam essas estruturas ou os esquemas mentais responsáveis pela interação dinâmica entre os saberes prévios do indivíduo – construídos mediante as experiências – e os saberes formalizados. Nesse sentido, é mais importante que o estudante desenvolva um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de conhecimentos, do que venha a aprender os conhecimentos descobertos e elaborados por outras pessoas. Sendo este o seu fundamento teórico, identificamos, no campo empírico, uma incoerência, posto que esse modelo, quando convertido em política e prática pedagógica, especialmente na educação profissional, manifesta-se como um novo tecnicismo educacional. Isto devido à descrição de atividades de trabalho que pressupõem uma estabilidade do processo produtivo, tanto em seu desenvolvimento factual – nenhuma ocorrência de eventos – quanto na perspectiva de evolução ou alterações tecnológicas e organizacionais. Este texto aborda os fundamentos teórico-empíricos da pedagogia das competências e apresenta os resultados de uma pesquisa que procurou investigar as referências epistemológicas e pedagógicas que orientam concepções e práticas as escolas técnicas do sistema único de saúde do Brasil baseadas em competências, buscando identificar a pertinência da hipótese que compreende a pedagogia das competências como uma atualização do escolanovismo, cuja base epistemológica é o pragmatismo, com novas problemáticas postas pelo (neo)pragmatismo, resultando, entretanto, no plano empírico, em um (neo)tecnicismo. Título Cultura profissional: a construção de um objecto científico interdisciplinar ID 48 Autores Telmo H. Caria Resumo: A polissemia das noções de cultura e profissão e as múltiplas tradições das CS que trataram estes dois conceitos obrigam a um especial cuidado e rigor teórico-metodológico para que o objecto “cultura profissional” sirva o propósito de ser âncora de uma problemática que pretende tratar as relações entre educação, trabalho e conhecimento em grupos profissionais com elevado capital escolar. Esta problemática tem vindo a ser desenvolvida por um grupo/linha de investigação, sediado no norte de Portugal (grupo aspti: ) cujos estudos se pretender divulgar através desta comunicação. Título Reconstrução de identidades profissionais em contexto de mudança institucional: uma contribuição psicossociológica ID 1620 Autores Amélia Lopes Resumo: Em tempos que continuam a ser de mudança acelerada, de cruzamento de culturas, de questionamento de legitimidades antes “naturais”e de alterações profundas nas formas de ser e conviver, e passadas quase duas décadas de

Trabalho, Profissões e Organizações Mesa: Saberes ... · construção de identidades e profissionalização; educação formal e não formal e construção de identidades. Mesa:

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Mesa: Saberes, competências e identidades na educação formal e não formal de grupos profissionais - 4 de Fevereiro - 19h - 211 Moderador: José Augusto Palhares Título Saberes profissionais e escola ID 1644 Autores Naira Lisboa Franzoi Resumo: O trabalho ora apresentado inscreve-se na continuidade de meus estudos de doutoramento. A partir da conclusão da tese, que discute trajetórias e identidades profissionais de trabalhadores com baixa escolaridade, coloca-se a questão sobre o corpus de saberes que embasam as diferentes profissões, e como estes saberes se produzem. É com esta grande interrogação que empreendo esta pesquisa, que tem por objetivo estudar as conexões entre os saberes profissionais de um grupo específico – pescadores – e escola. Como referencial teórico, utilizam-se autores que problematizam, ou contribuem indiretamente para pensar-se sobre a implicação do sujeito trabalhador em diferentes situações de trabalho e as relações entre o saber produzido nestas situações e aqueles produzidos na escola. O campo empírico é uma escola para jovens filhos de pescadores na região sul do Brasil. Estando a escola inserida em uma comunidade específica, trata-se de comprender os diálogos que se estabelecem entre escola e economia e cultura locais. Dentre os objetivos da escola, está o de estimular políticas para o setor da pesca, bem como o de valorizar a comunidade pesqueira e seu trabalho. Foram realizadas entrevistas em profundidade com alunos, professores e gestores da escola, bem como observações de campo, além de pesquisa documental sobre a escola. Chama atenção no depoimento dos alunos, por exemplo, o fato de que muitos deles abandonam outras escolas para passar a freqüentar a escola. Ao contrário desta, as escolas que freqüentavam, como referem, faziam-nos se sentir incapazes e desenvolviam nos mesmos uma relação de distanciamento e desinteresse frente a um conhecimento que, em grande parte, faz parte de seu dia-a-dia. À profissão de pescador é atribuído novo significado pelo simples fato de ser criada uma escola para pescadores na comunidade. Tais constatações nos remetem às contribuições teóricas de Bernard Charlot, Gerard Malglaive, Acácia Kuenzer dentre outros. Têm-se aí importantes indicativos para se refletir sobre a inteligibilidade dos conhecimentos que a escola propõe, a relação dos sujeitos com o saber, os sentidos que os alunos atribuem aos mesmos, os recursos que mobilizam para esta aprendizagem, e a relação entre teoria e prática. Embora nesta fase da pesquisa sejam apenas levantadas algumas hipóteses, tais elementos são discutidos. Título O Modelo de Competências: entre o pragmatismo e o tecnismo ID 1650 Autores Marise Ramos Resumo: Analisada em sua configuração contemporânea, os fundamentos teóricos da “pedagogia das competências” apóia-se numa epistemologia para a qual as aprendizagens significativas são aquelas que o indivíduo realiza por si mesmo, dirigidas por seus próprios interesses e necessidades. Incorporando a idéia da construtividade do conhecimento, as competências seriam essas estruturas ou os esquemas mentais responsáveis pela interação dinâmica entre os saberes prévios do indivíduo – construídos mediante as experiências – e os saberes formalizados. Nesse sentido, é mais importante que o estudante desenvolva um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de conhecimentos, do que venha a aprender os conhecimentos descobertos e elaborados por outras pessoas. Sendo este o seu fundamento teórico, identificamos, no campo empírico, uma incoerência, posto que esse modelo, quando convertido em política e prática pedagógica, especialmente na educação profissional, manifesta-se como um novo tecnicismo educacional. Isto devido à descrição de atividades de trabalho que pressupõem uma estabilidade do processo produtivo, tanto em seu desenvolvimento factual – nenhuma ocorrência de eventos – quanto na perspectiva de evolução ou alterações tecnológicas e organizacionais. Este texto aborda os fundamentos teórico-empíricos da pedagogia das competências e apresenta os resultados de uma pesquisa que procurou investigar as referências epistemológicas e pedagógicas que orientam concepções e práticas as escolas técnicas do sistema único de saúde do Brasil baseadas em competências, buscando identificar a pertinência da hipótese que compreende a pedagogia das competências como uma atualização do escolanovismo, cuja base epistemológica é o pragmatismo, com novas problemáticas postas pelo (neo)pragmatismo, resultando, entretanto, no plano empírico, em um (neo)tecnicismo. Título Cultura profissional: a construção de um objecto científico interdisciplinar ID 48 Autores Telmo H. Caria Resumo: A polissemia das noções de cultura e profissão e as múltiplas tradições das CS que trataram estes dois conceitos obrigam a um especial cuidado e rigor teórico-metodológico para que o objecto “cultura profissional” sirva o propósito de ser âncora de uma problemática que pretende tratar as relações entre educação, trabalho e conhecimento em grupos profissionais com elevado capital escolar. Esta problemática tem vindo a ser desenvolvida por um grupo/linha de investigação, sediado no norte de Portugal (grupo aspti: ) cujos estudos se pretender divulgar através desta comunicação. Título Reconstrução de identidades profissionais em contexto de mudança institucional: uma contribuição psicossociológica ID 1620 Autores Amélia Lopes Resumo: Em tempos que continuam a ser de mudança acelerada, de cruzamento de culturas, de questionamento de legitimidades antes “naturais”e de alterações profundas nas formas de ser e conviver, e passadas quase duas décadas de

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uso intenso do termo identidade para dar nome a problemas e soluções, é ainda importante falar dela, esclarecer os seus contributos, perceber o seu carácter apelativo. Nesta comunicação, integrada na mesa “Saberes, competências e identidades em educação formal e não formal de grupos profissionais”, tentaremos explicitar o contributo dos estudos sobre a identidade para os grupos profissionais. A docência, profissão em que os saberes e as relações humanas ocupam um lugar central, servir-nos-á de pretexto e às vezes de texto. Começaremos por cartografar as principais linhas que desenham hoje o campo dos estudos sobre a identidade, com o objectivo de situarmos, no mapa traçado, o nosso ponto de vista, o qual será posteriormente exposto. Com o objectivo de explicitar os contributos centrais dos estudos da identidade para os grupos profissionais, analisaremos, então, as peripécias a que tem estado sujeita a (re)construção das identidades profissionais dos professores nas duas últimas décadas, dando conta do modo como os estudos sobre a(s) identidade(s) dos professores se têm desenvolvido com essas e nessas peripécias, nomeadamente aproximando-se dos estudos sobre o profissionalismo e a profissionalização. Finalizaremos, expondo sobre as relações a estabelecer entre: saberes, competências e construção de identidades; construção de identidades e profissionalização; educação formal e não formal e construção de identidades. Mesa: Trabalho e Empreendorismo: diferentes visões - 4 de Fevereiro - 19h - 212 Moderador: Patricia Sousa Título A incubadora tecnológica de cooperativas populares (ITCP/FURB) - consolidando a economia solidária em Blumenau e região ID 25 Autores Edinara Terezinha de Andrade, Lorena de Fátima Prim, Nazareno Loffi Schmoeller, Lucinéia Sanches, Carina Soares Resumo: A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/FURB) é um programa vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da Universidade Regional de Blumenau e lotado no Instituto de Pesquisa Sócias (IPS). Constituída em 19 de novembro de 1999 como uma linha de extensão universitária que disponibiliza um núcleo básico interdisciplinar formado por quadro docente, discente e técnico. Procura socializar o conhecimento da academia junto aos setores populares, para que consigam não só uma melhor inserção social no plano de trabalho como avançar na conquista da cidadania plena. Tem como objetivo central implementar, por meio da metodologia de incubação, Empreendimentos de Economia Solidária (EES), que buscam ações de geração de trabalho e renda para desempregados, trabalhadores informais e em risco de desemprego, com base nos princípios da Economia Solidária. A metodologia de trabalho busca aproximar a universidade e o conhecimento nela produzido, da sociedade em geral e de trabalhadores em particular, que vêem na organização associativa, uma alternativa de trabalho e de geração de renda. Atuando através de equipes de trabalho têm em sua estrutura as equipes de: mobilização, capacitação, organização e gestão e viabilidade econômica. A ITCP/FURB integra a Rede Nacional de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, atua como membro fundador do Fórum Catarinense de Economia Solidária, apóia e participa do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e neste, do Grupo de Trabalho de Formação em Economia Solidária. Título Feira livre: organização, trabalho e sociabilidade ID 153 Autores Leny Sato Resumo: Essa apresentação descreverá os processos cotidianos que organizam o trabalho na feira livre. O estudo empírico valeu-se de documentos, entrevistas e fotografias obtidos em prolongada convivência numa feira da cidade de São Paulo (Brasil). Em São Paulo, a feira livre existe desde o início do século XX. Atualmente instalam-se mais de cem feiras livres por dia. Esse trabalho gera renda para aproximadamente quarenta mil pessoas. A feira é espaço de trabalho, estético e de lazer. Por ser um comércio itinerante, obriga o feirante a situar-se em diferentes contextos (econômico, social, cultural e organizativo) a cada dia. Para organizar o trabalho, o feirante considera dois âmbitos organizativos: o da feira (conjunto de bancas) e o da própria banca (a unidade produtiva. A multiplicidade de formas adotadas para organizar a banca vincula-se às diferentes combinações de sensos de tempo (da natureza, o social e “do relógio”). A organização da feira dá-se: por redes de relações sustentadas na cooperação e na competição; na construção de regras tácitas e em micro-acordos; por meio de arranjos, combinações e permutações nas formas de realizar o trabalho; por vínculos de trabalho misturados aos de vizinhança, familiares e de amizade. Essa forma de organização facilita adaptações contínuas ao ambiente. Além dos feirantes, a feira acolhe ampla gama de trabalhadores pobres: ambulantes, carregadores, vendedores de insumos aos feirantes, vendedores de café e de rifa, fornecedores de dinheiro trocado e catadores de papelão. Título O ensino do empreendedorismo: explorando tendências recentes do mercado de trabalho e da formação profissional ID 314 Autores Antonia de Lourdes Colbari Resumo: As recentes mudanças na dinâmica do mercado de trabalho e no perfil dos trabalhadores, em curso na sociedade brasileira, têm alimentado o discurso que enfatiza a importância da educação empreendedora a ser implementada em diversas modalidades do ensino — básico, superior e profissionalizante — e em ações e programas de qualificação e de treinamento profissional. Partindo da constatação de que o Brasil apresenta uma alta propensão a empreender, este estudo problematiza alguns aspectos da proposta de ensinar empreendedorismo, no intuito de contribuir para a compreensão das razões de sua propagação, no decorrer das últimas décadas, bem como explicitar seus fundamentos teóricos e valorativos, nos quais se destaca uma modalidade específica de apropriação do ideário pedagógico

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construtivista. A pesquisa valeu-se de fontes bibliográficas e documentais e de dados secundários obtidos em instituições como o Global Entrepreneuership Monitor (GEM), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O texto estrutura-se em quatro seções: a primeira aborda alguns aspectos do perfil do empreendedor brasileiro; a segunda resgata elementos associados à imagem do empreendedor, sobretudo no discurso normativo-prescritivo que alimenta os debates sobre o assunto nos meios de comunicação e na literatura dirigida à gestão das empresas; a terceira analisa aspectos históricos e pedagógicos do ensino do empreendedorismo; e a quarta discute o sentido desta proposta de ensino, no contexto de novas referências valorativas e ideológicas que acompanham as mudanças na dinâmica das organizações, do mercado de trabalho e dos modelos de desenvolvimento. Mesa: Organização e "novas" formas de poder - 5 de Fevereiro - 11h15 - 217 Moderador: Ana Gomes Título Trabalho imaterial, poder emocional e desigualdade ID 65 Autores Daniel Andrade Resumo: O trabalho imaterial caracteriza-se por não possuir um conteúdo definido e envolver qualidades inseparáveis do trabalhador e obtidas fora do ambiente do trabalho (capacidades comunicacionais, relacionais, afetivas, criativas etc.). Tal trabalho é capaz de criar, além de produtos materiais, produtos intangíveis como sentimentos de confiança, segurança, conforto e cooperação. Seu alvo pode ser tanto os clientes, numa relação de produção-consumo, como os parceiros corporativos, no caso do trabalho em equipe ou em rede. Devido a suas características intrínsecas, o controle dessa forma de trabalho não pode se dar pelo poder disciplinar, mais apropriado a formas fixas de atividade, com conteúdo definido e menor autonomia de decisão. Por depender sobretudo do engajamento subjetivo de quem o executa, o trabalho imaterial recorre a novas formas de controle, entre elas o controle emocional. O controle emocional operacionaliza situações sensoriais e afetivas com o objetivo de incentivar e fidelizar clientes e motivar funcionários. Trata-se de uma técnica de poder que busca, por meio da administração do corpo vivido, desencadear formas de comportamento econômico no trabalho e no consumo. São exemplos de formas de controle emocional as técnicas de motivação, a cultura organizacional, a customização de serviços e produtos, as estratégias de relacionamento com clientes, os cursos de formação de competências atitudinais e comportamentais, entre outros. O aumento de demanda por performances emocionais já começa a objetivar a maior ou menor capacidade de modulação afetiva dos trabalhadores em escalas de inteligência emocional, desqualificando profissionalmente os menos aptos e criando novas formas de desigualdade. Título Um modelo de análise de relações euro-africanas em contextos organizacionais moçambicanos - contributo para uma reflexão ID 141 Autores João Feijó Resumo: A deficiente avaliação da heterogeneidade cultural e da interacção entre indivíduos e grupos portadores de diferentes códigos culturais tem contribuído para a criação de toda uma série de barreiras, incompreensões e outros entraves à comunicação e à cooperação, nomeadamente ao nível da gestão das organizações multinacionais e joint-ventures. A maioria dos intercultural e cross-cultural studies vem incidindo sobre as relações entre europeus (ou no continente europeu), norte e latino americanos ou de populações do sudeste asiático, constatando-se um défice de análises das relações entre africanos e europeus ou entre africanos e asiáticos, e respectivos descendentes, em especial na África lusófona. Num momento em que se assiste, em Angola e Moçambique, a um renovado interesse de empresários estrangeiros (com destaque para portugueses e chineses), urge problematizar novos modelos de análise da realidade intercultural. Um modelo de análise do relacionamento intercultural em contextos africanos deverá ser adaptado a contextos marcados pela existência de diferentes orientações culturais dos actores sociais e por fortes assimetrias ao nível da distribuição de recursos de poder. Este artigo pretende estruturar um conjunto de dimensões relacionadas com a cultura e com o poder, capazes de proporcionar a compreensão do relacionamento intercultural, em contexto organizacional, entre populações africanas e europeias na África lusófona. No campo da cultura, pretende-se distinguir diferentes orientações, estruturadas em torno dos eixos: distância vs proximidade hierárquica; individualismo vs colectivismo; performance vs bem-estar; e legalidade vs patrimonialidade. No campo do poder trata-se de considerar as (des)igualdades ao nível da distribuição de recursos, nomeadamente em termos económicos (salários, incentivos e benefícios) e não económicos (promoções, autonomia, participação, aprendizagem e reforço positivo). Título Maior dominação e uma nova configuração de poder na escola ID 259 Autores Geraldo Dias Ramos Ramos Resumo: As organizações de trabalho profissional têm-se estruturado na autonomia, na autoridade e no poder profissional. Por sua vez, a lógica dos profissionais é para a monopolização e o fechamento aos grupos de interesses externos. Foi dominante a premissa profissional de que os “públicos” seriam incompetentes para julgar, avaliar e controlar a qualidade dos serviços: tal premissa, socialmente legitimada, promoveu a autoridade e o poder profissional. Agora, surgem os “públicos” a definirem as suas necessidades e a entrarem na gestão da organização; os grupos de interesses externos entram na coligação do poder organizacional. O predomínio da autoridade profissional favorece a igualdade em vez da hierarquia. Na escola pública, acrescenta-se a impessoalidade e igualdade burocráticas. A modalidade consensual de progressão cilíndrica—não gerando incertezas,

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interdependências, nem escassez de recursos organizacionais—manteve padrões de baixa conflitualidade interna: uma cultura igualitária gregária, uma forte identidade, uma elevada coesão e o poder colectivo. Julgamos estar em processo de instalação um aparato de poder visando efeitos económicos (racionalização, eficiência e eficácia) e políticos (neutralizar os contra-poderes) assente na produção e circulação de informação, na visibilidade e na calculabilidade—poder disciplinar—facilitando o exercício do poder de recompensar e de punir. As mudanças introduzem (1) maior centralização do poder na organização; (2) maior escrutínio e avaliação (interna e externa); (3) linhas concorrenciais que estimulam as lutas pelo poder, a competição, a diferenciação, a individualização e a selecção. Consequentemente, há condições para a diminuição da autonomia e do poder profissional e sindical. Título Formas e importância da aprendizagem organizacional ID 293 Autores Orlando Petiz Pereira, Maria João Assoreira Raposo Resumo: Na presente economia do conhecimento, o acesso e a utilização eficiente da informação é uma condição necessária para o sucesso das organizações. Estas, já dão sinais de sensibilidade para os diferentes processos de aprendizagem, nomeadamente para a organizacional, porque ela é um processo complexo e interactivo de acesso, utilização, difusão e produção de conhecimento, cujos efeitos extravasam as organizações e invadem as sociedades. Mas, o sucesso de tal processo depende, entre outras, da aprendizagem para se trabalhar em grupo, da aprendizagem da motivação e da aprendizagem para uma comunicação aberta, assertiva e objectiva, cujas aquisição, distribuição e implementação do conhecimento, são três importantes fases do processo da aprendizagem organizacional. Baseados no pressuposto de que a aprendizagem organizacional influencia positivamente o ambiente inovador e que estes têm efeitos positivos sobre o desempenho individual, grupal e organizacional, o presente trabalho debruça-se sobre a análise de casos de empresas fornecedoras de produtos intensivos em conhecimento. Por recurso à informação primária, resultante de um inquérito próprio e que está em circulação desde Maio de 2008, o seu objectivo é identificar as suas formas de aprendizagem organizacional, medir o seu valor e identificar os seus efeitos sobre o desenvolvimento económico-social. O trabalho apresenta a seguinte estrutura metodológica: no primeiro capítulo fazemos um enquadramento teórico sobre a aprendizagem organizacional; no segundo capítulo fazemos o tratamento dos dados, com o suporte estatístico SPSS e apresentamos os principais resultados. Por fim, com base na produção das principais conclusões, apresentaremos pistas de reflexão futura. Título Os Direitos Humanos e o Trabalho na Perspectiva da Economia Solidária no Brasil ID 1005 Autores Cristiano Lima Resumo: Este artigo busca, em síntese, contribuir com a análise da emergência da ampliação e revisão dos direitos humanos relacionados com o trabalho. Com a preocupação de desvendar a acepção de trabalho expressa na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que se encontra ancorada num determinado paradigma de produção forjado no contexto da industrialização, toma-se como ponto de partida a formação da sociedade salarial, para se perceber o contexto em que se esboçou a configuração dos direitos humanos e, em especial, o direito do trabalho. Na seqüência, analisa-se o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em especial os artigos 6º ao 10º, para se indicar em que medida este Pacto equaciona intrinsecamente o trabalho com a esfera econômica, deixando de considerar outras dimensões do desenvolvimento social e humano que aquele tem a si atribuído. À luz das experiências de outras formas de trabalho promovidas pela economia solidária no Brasil, constata-se a necessidade de ampliação da concepção de trabalho nos direitos humanos, para que estes possam vir a constituir um novo sistema de regulação social que implique o reconhecimento de outras relações sócio-econômicas distintas da relação capital/trabalho, como portadoras de uma cidadania ativa. Mesa: Políticas de gestão de recursos humanos - 5 de Fevereiro – 14h30 - 206 Moderador: João Feijó Título Das fontes de satisfação no trabalho à satisfação organizacional ID 270 Autores Laureano Freixo, Nelson Lima-Santos Resumo: Assumindo-se o trabalho como o modo crucial do agir humano (Lima Santos, 1995) e como a actividade nuclear da vida dos indivíduos (Lima Santos & Pina Neves, 2001, Silva, 2007), daí poderá resultar o modo como se organizam, o espaço onde se movimentam e a forma como ocupam o seu tempo (Lima Santos & Pina Neves, 2001). Neste quadro, tendo ainda em consideração variáveis individuais, laborais e sócio-organizacionais, a forma como é percepcionado o esforço e o investimento pessoal, as características e o reconhecimento do trabalhado(r), remetem nos para uma dimensão psicossocial que compreende as fontes mais importantes que fundam a satisfação organizacional (Freixo & Lima Santos, 2006). Então, e no seguimento de trabalhos anteriores, realizamos, numa empresa metalúrgica do norte do país, com uma amostra de 309 trabalhadores, um estudo com as seguintes características: (i) adaptação e validação de uma nova Escala de Satisfação Organizacional (Freixo & Lima Santos, 2006b), com a introdução de novos itens, que procuraram operacionalizar aspectos considerados relevantes da empresa-alvo; (ii) realização de estudos diferenciais para avaliar a satisfação dos trabalhadores, constatando-se a existência de diferenças nas variáveis idade, escolaridade, antiguidade, função na empresa, nível de qualificação, tipo de contrato, local de trabalho, tipo de chefia e autonomia; (iii) investigação, em função do grau de satisfação global, das fontes de satisfação mais relevantes para os 25% dos trabalhadores mais e menos satisfeitos, tendo-se concluído pela maior importância da “segurança de emprego” para os trabalhadores mais satisfeitos e da “remuneração” para os menos satisfeitos.

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Título Precarização do trabalho docente nas universidades públicas federais brasileiras ID 487 Autores Vera Lúcia Jacob Chaves Resumo: Esta comunicação objetiva apresentar uma análise sobre o processo de precarização do trabalho docente nas Instituições Federais de Ensino Superior e sua relação com a política de expansão da educação superior pública, com ênfase em duas ações governamentais adotadas no Brasil: a instituição da Gratificação de Estímulo à Docência, no governo de Fernando Henrique Cardoso e a criação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais e do Banco de Professores Equivalentes, no governo de Luis Inácio Lula da Silva. Compreendemos que a contra-reforma da educação superior brasileira em curso é parte da reforma administrativo-gerencial do Estado e tem por finalidade ajustar suas ações para adequá-lo à nova ordem internacional do capital cuja centralidade fundamenta-se na redução orçamentária para a implementação das políticas sociais. Concluímos que a política de expansão adotada no Brasil, instituiu um novo modelo de organização e gestão nas universidades públicas fundamentado no paradigma gerencialista de administração via contratos de gestão, com vistas a ajustar essas instituições à lógica produtivista de privatização e mercantilização de bens e serviços acadêmicos. Princípios como flexibilidade, racionalidade, produtividade e competitividade foram adotados no interior das universidades públicas com vistas à contenção dos gastos públicos transformando sua função social mediante a quebra da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão e, ao mesmo tempo, tem criado as condições objetivas para a intensificação e precarização do trabalho docente tanto pela submissão a critérios de produtividade, como pelas formas de contratação e aumento da relação aluno-professor na sala de aula. Título Diversidade Étnica e os negros na organizações: um estudo em Betim ID 510 Autores Juliana Gertrudes Borges, Ronaldo André Rodrigues da Silva, Maria de Fátina Pereira Rossi Resumo: O objetivo neste artigo consiste em identificar, analisar e mapear as trajetórias e expectativas dos negros em relação às atividades profissionais e do trabalho nas organizações do município de Betim/MG. Procura, com isso, contribuir para com o debate sobre questões como a diversidade nas organizações, as oportunidades de trabalho, as expectativas e a inserção dos negros no mercado de trabalho. Pelas estatísticas oficiais os negros (pretos e pardos) representam 47% da população total brasileira (IBGE, 1991). Uma compreensão da complexidade da inserção, permanência e promoção do negro no mercado de trabalho brasileiro deve ser realizada e levar em conta aspectos históricos, sociais, econômicos e culturais que os afro-descendentes desempenham ao longo da história do País. Com base em uma metodologia qualitativa-descritiva, foram pesquisados documentos oficiais e entrevistados responsáveis pelas áreas de Recursos Humanos e trabalhadores negros em cargos diretivos. Os resultados encontrados deixam evidente que existe espaço para os negros em cargos diretivos por parte das organizações industriais de Betim. Considerando que ainda são poucas as pesquisas sobre o tema, e, sobretudo na região, espera-se que este trabalho contribua com informações importantes para novos questionamentos e pesquisas na área. Título Condições de Trabalho e Necessidades Formativas: Estudo com Familiares de Crianças de Escolas Públicas Brasileiras de Periferia Urbana ID 572 Autores Paulo Eduardo Gomes Bento Resumo: Atualmente, as sociedades humanas estão passando por profundas transformações. As inovações tecnológicas e organizacionais (automação microeletrônica, informática, a crescente difusão das telecomunicações) têm impactado todos os setores da sociedade, incluindo o mundo do trabalho. Nesse novo contexto onde o acesso à informação e ao conhecimento é fundamental, aumentam as possibilidades do aprofundamento das desigualdades sociais, especialmente em países como o Brasil, país onde essas desigualdades (econômicas, sociais e educacionais) ainda permanecem enormes. Cada vez mais o acesso à educação e à escolaridade formal de qualidade tem um papel fundamental para o combate às desigualdades e à exclusão social. É fundamental a existência de políticas públicas para garantir uma sociedade da informação e do conhecimento para todas as pessoas. Esse artigo tem por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa com familiares de alunos e alunas de três escolas públicas de periferia urbana de uma cidade do interior do Estado de São Paulo, Brasil. O objetivo da pesquisa foi caracterizar o tipo de emprego que estão exercendo, o grau de escolaridade, e o tipo de necessidades formativas que esses familiares têm e como eles vêem o papel que a escola do bairro onde suas crianças estudam tem para ampliar a sua escolaridade. Essa pesquisa faz parte de um estudo mais amplo que busca avaliar os resultados iniciais da implantação do Projeto Comunidades de Aprendizagem nessas três escolas citadas. Além de aprofundar o conhecimento teórico/acadêmico, a pesquisa busca também poder contribuir na formulação de políticas públicas municipais para o combate da exclusão social. Mesa: Reestruturação, Desemprego e Novas Competências - 5 de Fevereiro – 14h30 - A2 Moderador: Cristina Parente Título Reestruturação das telecomunicações no Brasil, trabalho e a constituição de competências industriosa ID 743 Autores José Eutáquio de Brito Resumo: Fundamentado na abordagem ergológica da atividade de trabalho, o texto analisa o processo de formação de competência industriosa de operadores que desenvolvem suas atividades na prestação de serviços a usuários da telefonia fixa de uma empresa de telecomunicações brasileira. Aborda a transição do regime de propriedade do setor de

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telecomunicações decorrente da privatização ocorrida no final da década de 1990 e focaliza as opções de estratégia de gestão que resultaram na adoção da terceirização como uma norma a presidir as relações de trabalho em vários segmentos da empresa. Partindo de uma compreensão abrangente acerca do fenômeno da competência, o texto problematiza a política de certificação de competências praticada pela empresa, apontando seus principais limites. Por essa razão, busca responder as seguintes questões: Quais são as formas de reconhecimento e validação social dos saberes constituídos no cotidiano das situações de trabalho vivenciadas por engenheiros, técnicos e operadores a partir da interação com o meio de trabalho? Que estratégias são desenvolvidas pelos trabalhadores para transformar suas competências industriosas em formas de pressão social, política e econômica visando à transformação das normas que incidem sobre suas atividades de trabalho? O texto conclui que, não obstante o conjunto de restrições impostas pela empresa, os trabalhadores recriam o meio de trabalho e suas normas mediante a construção de uma linguagem de um novo gênero sobre o trabalho, condição para o desenvolvimento de uma ação política transformadora. Título As atividades sócio-intelectuais na construção do consenso do trabalhador ID 791 Autores Cleonice Lopes Nogueira Nogueira Resumo: No contexto de reorganização das relações econômicas, o grande capital transnacional promove mudanças produtivas, na perspectiva de tornar o trabalho mais produtivo. Diante desse fenômeno, este estudo tomou para análise as indústrias manufatureiras de João Pessoa/PB/Brasil, dedicando-se a identificar as novas configurações das funções organizadoras do controle e da cultura do trabalho, atentando para o conteúdo dessas práticas político-pedagógicas de geração do consentimento do trabalhador. Foram pesquisados empresários e gerencias de Recursos Humanos de dez indústrias de grande e médio da Paraíba. Os resultados indicaram uma nova dinâmica de composição entre funções, combinando atividades de produção de riqueza e ações administrativas de reprodução das relações de trabalho, a partir de um conjunto de mecanismos construtores de relações simbólicas que alteram a identidade da classe do trabalhador. As funções intelectuais são transformadas em sistemas de funcionamento da empresa, a partir dos saberes, apropriados das atividades intelectuais pelo capital e transferidos para o operariado por meio de sistemas de autogestão, autocontrole e capacitação. As práticas de coesão e controle são repostas por mecanismos sócio-psicológicos que incidem sobre os sentimentos, emoções e auto-estima do trabalhador. Título A relação trabalho e educação no contexto empresarial ID 1049 Autores Marta Regina Farinelli Resumo: A presente investigação visa conhecer o processo que se efetiva na relação entre o trabalho e a educação nas indústrias de calçados de Franca - São Paulo – Brasil. Considerou-se para o estudo o momento histórico, político e econômico atual. A proposta ensejou consultas sobre o mundo do trabalho e a educação do trabalhador, cuja finalidade foi apreender como as relações de produção educam o trabalhador para o trabalho, destacando a influência dos valores e interesses da classe dominante nesse processo. Para maior compreensão da relação estabelecida entre trabalho e educação fez-se necessário resgatar a história da organização dos trabalhadores e sua vinculação com o processo educativo, desde suas origens até o momento atual, ressaltando a concepção da sociedade sobre a educação do trabalhador, inserindo Franca neste contexto. A análise dos dados levantados, aliada à prática profissional da pesquisadora desenvolvida nessas indústrias, possibilitou a compreensão da trajetória do trabalhador e as formas como este foi se definindo e redefinindo dentro da organização. Permitiu, ainda, constatar que o olhar sobre o trabalhador e deste sobre si mesmo ao longo do processo histórico assume várias dimensões, estabelecendo contornos mais favoráveis ao seu desenvolvimento pessoal e social. A investigação indica caminhos aos educadores que atuam na área organizacional e se deparam com novos desafios em sua jornada profissional visando contribuir com o trabalhador enquanto ator político e sujeito principal do processo de construção da sociedade. Título Novas profissões, expectativas e motivações na sociedade contemporânea: uma contribuição para o sector de gastronomia no Brasil ID 1356 Autores Nilma Paula Resumo: A mundialização enquanto facilitador da disseminação de informações gerou uma maior necessidade por profissionais especializados nas mais diferentes areas. A gastronomia, uma dessas areas, ocupa papel relevante nas esferas doméstica e comercial das relações humanas Este artigo tem por objetivo refletir sobre a nova prática profissional requerida pelo setor de gastronomia no Brasil. Considera as características da sociedade contemporânea no que concerne às práticas e hábitos alimentares, bem como às novas demandas do mercado por profissionais qualificados quando até recentemente o saber prático era suficiente. Analisa, sob a perspectiva da teoria de satisfação e motivação no trabalho, as expectativas e avaliação do exercício professional nas diversas categorias que compreendem o setor de gastronomia. Pesquisa de caráter qualitativo realizada junto a seis chefs de cozinha profissionais e seis chefs de cozinha práticos . Utiliza da técnica de Grupo Focal e da analise de conteúdo para obtenção das informações necessárias para atender seu objetivo maior. Título O desemprego e as políticas de enprego e renda do governo federal no período recente: uma análise da gestão Fernando Henique Cardodo ID 1563 Autores Jorge Souza Alves, Eliana Monteiro Moreira Resumo: Na década de 1990, a economia brasileira foi fortemente afetada pelas transformações nas estruturas produtivas, nas formas de organização e gestão da produção e do trabalho, e nas relações de trabalho, que alteraram profundamente o mercado de trabalho. Um dos fenômenos que mais chamou a atenção foi o aumento do desemprego, que cresceu de forma vertiginosa já nos meados da década. A partir de diagnósticos sobre as causas do desemprego no país, o Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) lançou várias medidas voltadas para a geração de emprego e renda no país, mas,

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entretanto, não lograram êxito. O objetivo do presente artigo é analisar os fatores que contribuíram para o crescimento deste fenômeno que marcou a realidade brasileira nesta década, à luz das principais teorias econômicas e sociológicas, bem como das políticas de geração de emprego e renda empreendidas nas duas gestões do Governo FHC (1995/1998 e 1999/2002). Uma das conclusões à que se chegou foi de que o insucesso dessas políticas está associado aos equívocos nos diagnósticos oficiais, interferindo diretamente nas políticas implementadas, que encontraram muitos obstáculos e ficaram muito aquém do que se esperava, pois atuaram marginalmente sobre a demanda e a oferta de força de trabalho, bem como sobre os principais grupos sociais afetados. Soma-se à isto também o fato de terem sido postas em prática num contexto de estagnação econômica. Título Trabalho e controle: um estudo sobre as empresas de telemarketing no Brasil ID 1008 Autores Fabio Dias Resumo: Cada vez mais presente em nosso cotidiano, as empresas de telemarketing vem sendo alvo de muitos estudos em sociologia do trabalho no Brasil. Os temas abordados pelos sociólogos brasileiros são vários: vão desde a questão do trabalho feminino até a discussão sobre a condição de classe dos que trabalham em tais empresas. Nesta comunicação, teremos como objetivo enriquecer ainda mais os estudos sobre as condições de trabalho no telemarketing, ao analisar as formas de controle que elas exercem sobre seus trabalhadores (operadores) no Brasil. Argumentamos nessa comunicação que o controle nessas empresas se exerce através das novas tecnologias informacionais, da relação “corpo a corpo” entre supervisores e operadores, bem como através da utilização dos scripts (roteiros que guiam o atendimento entre operadores e clientes). Controlados nesses três planos, os operadores de telemarketing muito longe de poderem desempenhar uma atividade criativa e enriquecedora, acabam por realizar uma forma de trabalho altamente repetitiva e robotizada, pois o controle do trabalho nessas empresas se exerce para garantir a total (ou quase total) padronização do trabalho – que, devido às exigências por produtividade, demonstra ser uma maneira eficaz de se conseguir obter as metas num tempo médio de atendimento cada vez menor. Contudo, nossa pesquisa também se indaga sobre os efeitos do controle empresarial sobre a disposição política dos trabalhadores em se organizarem em sindicatos. Concluímos que por ser um trabalho onde o controle é intermitente, a participação desses trabalhadores em sindicatos é bastante débil, porque as empresas impedem que eles mantenham relações entre si. Mesa: Trabalho e fronteiras de (i)legalidade - 5 de Fevereiro - 14h30 - 210 Moderador: Telmo Caria Título Trabalho, contrabando e clandestinidade: as transformações das práticas sociais na fronteira do Brasil com o Paraguai ID 10 Autores Eric Cardin Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar e problematizar as transformações ocorridas nas práticas de trabalho dos sujeitos sociais responsáveis pelo transporte de mercadorias adquiridas no mercado de Ciudad Del Este, Paraguai, e vendidas, sem a devida taxação de impostos, no Brasil. Ao longo das últimas três décadas, o serviço dos “laranjas”, como são denominados esses trabalhadores na Tríplice Fronteira (área de confluência dos limites do Brasil, Paraguai e Argentina), foi considerado “natural” e construtor de uma moral própria na região referida, todavia o aumento do rigor das políticas de fiscalização da Receita Federal brasileira exigiram mudanças radicais na maneira de atuar dessas pessoas, fazendo com que uma atividade considerada “normal” começasse gradativamente a ser criminalizada e colocada na clandestinidade no inicio do século XXI. Através de estudos qualitativos realizados com um conjunto de trabalhadores o presente estudo analisou o impacto de tais transformações no cotidiano destas pessoas, observando os aspectos identitários, relacionais e próprios do universo de trabalho na fronteira. Neste sentido, constatou-se que os antigos e tradicionais percursos trilhados pelos “laranjas” durante suas laborações foram substituídos por novos trajetos e novas relações, mais obscuras e mais próximas das desenvolvidas pelo trafico de armas e de drogas. Logo, práticas sociais que eram aceitas começaram a ser observadas com ressalvas, fazendo com que a precariedade existente nas formas de atuar refletissem no olhar destes trabalhadores referente ao mundo e a eles mesmos. Título Mobilidade da força de trabalho brasileira na fronteira Brasil-Paraguai ID 309 Autores Daline Moina Matsunaka Dutra, Jones Dari Goettert, Silvana de Abreu Resumo: A fronteira entre as cidades de Ponta Porã (Mato Grosso do Sul – Brasil) e Pedro Juan Caballero (Amambay – Paraguai) se caracteriza por se constituir como “fronteira seca” e pelo importante movimento comercial dado pela reexportação de produtos do lado paraguaio. Movimentos demográficos e econômicos têm papel fundamental na fronteira brasileira e paraguaia. A maior concentração de estabelecimentos comerciais de reexportação ocorre nos treze quilômetros de linha de fronteira entre as duas cidades. Nestes estabelecimentos prevalece a presença de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, principalmente mulheres jovens, atuando principalmente como vendedoras. Aos homens compete geralmente os empregos em lojas do ramo de eletrônicos e informática. Falar do Paraguai e de Pedro Juan Caballero significa enfrentar uma série de estereótipos e pressupostos que deformam nossa interpretação. São duas imagens diferentes: de um lado, o “paraíso das compras”, de outro, a ilegalidade e marginalidade. Ambas imagens estão relacionadas à dinâmica comercial que se desenrola na fronteira, porém não são as únicas. Mais do que um espaço de trocas comerciais, é um espaço de vivências, percebido e concebido diferentemente pelos que ali passam. Essa análise possibilita apontar que a diária mobilidade da força de trabalho é seletiva, especialmente de jovens, nos estabelecimentos de venda de produtos de “reexportação”. Destarte, a participação da força de trabalho brasileira atende ao consumidor do Brasil. A mobilidade de trabalhadores propicia contato entre as nacionalidades brasileira e paraguaia,

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bem como se constitui como elemento material – pelos salários – de destaque na reprodução da existência no lado brasileiro. Título Indiscernibilidade do trabalho e acumulação capitalista: o estudo de caso de 700 mil revendedoras de cosméticos ID 1599 Autores Ludmila Abilio Resumo: Este artigo propõe uma discussão sobre a relação entre trabalho informal e acumulação capitalista. Problematiza-se o conceito de trabalho informal, pensando nas suas atuais (in)definições teóricas. Tem-se como objetivo levantar algumas das questões que hoje orientam a análise. Para tanto, a discussão realiza-se em diferentes momentos: 1. de uma historicização da discussão sobre o conceito de informalidade; 2. da relação entre trabalho e cidade como referência central para essa noção; 3. da informalidade pensada a partir das atuais reconfigurações trabalho. 4. da discussão sobre os elos entre desigualdade social e informalidade. Finalmente, apresenta-se um estudo de caso sobre revendedoras de uma empresa de cosméticos brasileira, totalizando hoje mais de setecentas mil mulheres que realizam o trabalho de distribuição dos produtos pelo país. Estão no cerne da análise: a (in)definição do conceito de informalidade; as transformações do trabalho e do processo produtivo que dotam de uma centralidade o trabalho informal; a experiência dessas revendedoras que ilustram hoje a perda de formas do trabalho e conseqüentemente do estatuto de trabalhador. Título Trabalho e nova precariedade salarial no Brasil da década de 2000 ID 1179 Autores Giovanni Alves Resumo: O objetivo é fazer a comunicação de resultados preliminares de pesquisa sociológica desenvolvida sobre os novos espaços-tempo de trabalho no Brasil, no decorrer da década de 2000, com destaque para as categorias de trabalhadores bancários e trabalhadores metalúrgicos no País, dois importantes contingentes de trabalhadores assalariados com alto nível de organização sindical-corporativa e que, na década passada, foram alvos de intenso processo de reestruturação produtiva. Acreditarmos que no decorrer da década de 2000, se constituiu e ampliou-se no Brasil, um novo (e precário) mundo do trabalho, um modo novo de precariedade salarial e experiências de relações de trabalho marcado pelas novas condições de exploração capitalista. Utilizando metodologia de pesquisa qualitativa – entrevistas semi-estruturadas e história oral (história de vida/história do trabalho) buscaremos apreender não apenas as determinações histórico-objetivas, mas as experiencias subjetivas dos novos “atores sociais”, resgatando suas percepções contingentes e narrativas de vida e trabalho da nova condição salarial. Título Os mecanismos e processos de adaptação às mudanças ambientais como meio de sobrevivência e crescimento das organizações ID 1635 Autores Carla Conte Martini, Diogo Zapparoli Manenti Resumo: A adaptação das organizações ao meio em que se inserem é, atualmente, questão de sobrevivência. Este artigo apresenta um estudo de caso do tipo explanatório realizado em uma empresa sediada em Luanda, Angola. Nos últimos trinta e cinco anos o país viveu a guerra pela independência, a ideologia marxista-leninista, trinta anos de guerra civil, o capitalismo, a abertura econômica e, atualmente, demonstra crescimento econômico significativo. O objetivo é mostrar como uma empresa familiar, angolana, com trinta e quatro anos de existência, consegue se adaptar, sobreviver e crescer neste meio. Os dados foram coletados através de documentos, entrevistas e observação direta durante cinco meses em 2007. Como modelo teórico utilizou-se De Geus (1998). Os resultados foram obtidos através de análise de conteúdo, evidenciando características do meio que influenciam a organização. Destaca-se: burocracia, corrupção, falta de mão-de-obra qualificada, pobreza, falta de cultura de trabalho, falta de infra-estrutura, necessidade de importação, escassez de indústrias, individualismo, falhas na cadeia produtiva e necessidade de consumo da nova elite local. Apesar de não se tratar de uma empresa viva na visão apresentada por De Geus (1998), percebe-se que o meio é determinante na definição dos processos, das decisões, das relações e da cultura da organização. O crescimento e a diversificação dos negócios advêm da capacidade de perceber as mudanças no meio e se adaptar a elas. Em um meio em franca transformação e seguindo para uma competitividade global, adaptar-se ao meio foi o caminho encontrado pela organização estudada para sobreviver e crescer no mercado angolano. Mesa: Organizações, Trabalho e sociabilidade no contexto da mundialização: precarização, redes e a emancipação dos produtores - 5 de Fevereiro - 16h15 - A4 Moderador: Orlando Petiz Pereira Título Percepção sobre a Gestão de RH dos trabalhadores de supermercados de Belém, Pará ID 59 Autores Ida Lenir Gonçalves Autores Maria Cristina Maneschy Resumo: Esta comunicação descreve os distanciamentos e aproximações da compreensão sobre a gestão de recursos humanos (RH) entre os trabalhadores que encontram no supermercado o seu primeiro emprego formal e aqueles com experiências anteriores. Foram entrevistadas 380 pessoas (7% da população) das lojas de quatro redes de supermercados da Região Metropolitana de Belém, Pará, de acordo com a disponibilidade dos respondentes. Na composição da amostra, procurou-se contemplar todos os setores e os cargos das atividades-fim. Para este trabalho, aplicou-se a técnica estatística “Análise de Correspondência” entre a variável "1º. emprego" e dezoito (18) itens concernentes à gestão RH, dispostos em uma escala tipo Likert denominada “GESOC”. Esses itens foram elaborados tendo como referência as normas internas e as avaliações de desempenho das empresas, que compõem dois fatores: 1) “Controle do posto de trabalho”; 2) “Introjeção das normas organizacionais”. A escala “GESOC” apresenta cinco graduações: nunca, raramente, algumas vezes,

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freqüentemente e sempre. O resultado da análise de correspondência apontou para robustas diferenças de percepção dos fatores relativos à gestão RH quanto à variável estudada. Título Artes, trabalho e precarização: músicos da OSTP e atores do Grupo de Teatro Cuíra ID 81 Autores Maria Angélica Alberto Resumo: A pesquisa se propõe é abordar as condições sociais e materiais de produção e reprodução dos indivíduos dedicados a atividades artísticas, cujos bens resultantes são imateriais, a partir de dois grupos na cidade de Belém, Estado do Pará: a Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz e o Grupo Teatral Cuíra. Desta forma, procuraremos responder questões tais como: Como se dá a formação e a profissionalização dos artistas? De que forma se dá sua inserção no mercado de trabalho? Quais relações sociais estabelecem na realização do trabalho e no desenvolvimento das carreiras artísticas? Quais as condições concretas em que seus trabalhos são desenvolvidos? Vale destacar que inexistem estudos na perspectiva da sociologia do trabalho sobre essas categorias profissionais nesta região, tal como o estudo aqui proposto, daí o interesse em sua realização. A pesquisa buscará alcançar os seguintes objetivos: Conhecer as condições de produção e reprodução do trabalho de músicos e atores, respectivamente membros da OSTP e do Grupo de Teatro Cuíra, na cidade de Belém, Estado do Pará; Traçar o perfil sócio-econômico e as trajetórias profissionais dos trabalhadores da OSTP e do Grupo de Teatro Cuíra; Identificar as relações de trabalho nesses grupos, incluindo os processos de recrutamento, em perspectiva sincrônica e diacrônica; Identificar as representações que os trabalhadores da OSTP e do Grupo de Teatro Cuíra têm de seus trabalhos; Identificar as relações sociais construídas na realização de seus trabalhos e no desenvolvimento de suas carreiras, relevando a pertinência ou não de laços sociais personalizados na constituição das carreiras; Analisar como enfrentam as necessidades de atualização de suas capacidades de trabalho de maneira a se manterem empregáveis, identificando os recursos de que lançam mão, tais como acesso a tecnologias de informação e comunicação, deslocamentos para qualificação e, ainda, se há programas de capacitação adequados na região. Título Organizações e Trabalho: Uma nova visão do Empreendedorismo Social ID 108 Autores Bernadete Bittencourt Resumo: Este ensaio teórico tem a proposta de apresentar, com base numa revisão bibliográfica e investigação científica, elementos que constituem debates em torno da mundialização, fatos que levaram as oganizações e o trabalho a inovarem, (re)adquirirem novas formas sócio-económicas com o objetivo de promover o desenvolvimento local sustentável, de modo participativo e inclusivo. Neste estudo o empreendedorismo social, a inovação social e as redes sociais surgem como uma reflexão sobre a importância das políticas públicas direcionadas a criação de emprego, na geração de trabalho e rendimento, e da sociabilidade nos países lusófonos em tempo da mundialização. Título Frutos em rede: estrutura e dinâmicas da Rocha do Oeste ID 110 Autores Ana Gomes Resumo: Através da análise de uma associação de produtores agrícolas do Oeste (ANP), e do percurso do seu produto de marca, a Pêra Rocha do Oeste, pretende-se revelar a estrutura e as dinâmicas de um fenómeno de criação de valor por incorporação de conhecimento, responsável pela revitalização agrícola de toda uma região e, simultaneamente, as razões que têm determinado a fraqueza da irradiação concêntrica das actividades que resultaram do aproveitamento do valor simbólico do fruto, assim como a falência da política de comunicação que sustentava o carácter colectivo da marca. A Rocha do Oeste revela toda uma história de modernização do tecido agrícola português, da importância das redes sociais em que as instituições públicas e as organizações gestoras de fundos de desenvolvimento continuam a desempenhar um papel central, todavia incapaz de ultrapassar a centenária desconfiança dos agricultores, a atracção da quantidade e do lucro imediato. O trabalho resulta de uma pesquisa levada a cabo na região Oeste (Portugal), em que foram feitas entrevistas semi-dirigidas a uma vasta panóplia de actores sociais relacionados com a ANP e a Pêra Rocha do Oeste, submetidas a análise de conteúdo. Simultaneamente, foram utilizadas metodologias de análise de redes sociais, que permitiram tornar mais visíveis as relações de centralidade e poder dentro da referida rede. As conclusões resultam do cruzamento dos dois tipos de metodologia. Título A divisão sexual do trabalho: um estudo das teleoperadoras no Brasil ID 1660 Autores Claudia Mazzei Nogueira Resumo: Este texto trata da questão da divisão sexual do trabalho tanto no espaço produtivo quanto no espaço reprodutivo, procurando entender a íntima relação existente entre a divisão de tarefas na esfera doméstica das trabalhadoras e as suas funções no mundo assalariado no ramo do telemarketing. A divisão sexual do trabalho pode ser compreendida como uma conceitualização, onde as situações dos homens e das mulheres não são produzidas por um destino biológico, mas são prioritariamente “construções sociais”. Essas relações compreendem, como todas as relações sociais, uma base concreta, dada pelo trabalho, e se explicitam através da divisão social do trabalho entre homens e mulheres, chamada, de forma mais precisa: divisão sexual do trabalho. (Kergoat, 2000: 35) Foi estudando a categoria profissional específica de trabalhadoras de telemarketing no Brasil, que procuramos entender como elas vivenciam a dimensão dúplice de trabalho, no que tange a divisão sexual nas esferas do trabalho e da reprodução.

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Mesa: Recursos Humanos, Trabalho e Emprego - 5 de Fevereiro - 16h15 - 209 Moderador: Leonor Lima Torres Título Tensões e desafios do emprego e formação na Administração local ID 937 Autores Ana Paula Marques, Helena Rita Moreira Resumo: No âmbito do projecto de investigação, intitulado “Estudo prospectivo sobre emprego e formação na Administração Local no âmbito do Programa Foral" (2007-2008), realizado em parceria entre o CEFA e o CICS da Universidade do Minho, a presente comunicação irá, justamente, (re)centrar-se nos problemas e desafios do emprego e da formação profissional na Administração Local. Tratando-se de um estudo de âmbito nacional, este projecto visou: i) analisar as dinâmicas tecnológicas, organizacionais, profissionais no quadro da evolução da Administração Local, em particular nos referenciais de emprego, nas competências em emergência, no seu papel nos processos de mudança organizacional de modo a implementar uma gestão de qualidade nas autarquias cuja finalidade consiste na prestação de serviços aos utentes e no desenvolvimento local; ii) disponibilizar informação de suporte à tomada de decisões estratégicas sobre a actuação ao nível da definição de políticas de emprego e formação adequadas à Administração Local; iii) propor cenários de actuação estratégica, visando forjar um novo quadro de funções, competências e formação adequado às especificidades da Administração Local, em particular à elaboração de “cartas de emprego” actual e previsível, bem como à definição das melhores estratégias de formação profissional. Actualmente, a acção pública confronta-se, cada vez mais, com incertezas ligadas à complexidade de redes, à multiplicidade de actores e ao enredo dos procedimentos de decisão, execução, monitorização e avaliação. Assim, são visíveis práticas de governo local no que diz respeito ao recurso a instrumentos de gestão estratégica diversificados, incluindo as parcerias público/ privadas, a modelos de organização do trabalho em rede e em equipa, mobilizando competências-chaves e responsabilizando os funcionários pelos resultados, a gestão individualizada de carreiras assente na avaliação do desempenho e na aprendizagem ao longo da vida. Não pretendendo aqui discutir os princípios de descentralização, contratualização e territorialização, que têm estado na base de políticas e práticas de desburocratização e modernização (ou pós-burocratização, segundo Rocha, 2001) da administração pública, iremos desenvolver, nesta comunicação, dois eixos analíticos: i) Balanço do Programa Foral: ponto de chegada ou de partida no que diz respeito às perspectivas de formação e modernização da administração da AL? ii) Impactos de novos perfis profissionais e contratualização individualizada nos modelos de organização do trabalho e gestão dos recursos humanos. Assume-se que os serviços públicos locais constituem um dos eixos estruturantes na configuração do modelo social europeu, já que contribuem para a coesão e equidade social e territorial. Somente com uma estrutura socioprofissional adequada será possível (re)orientar as estratégias de governação local para a maior proximidade das autarquias com os utentes/ cidadãos, para o desenvolvimento da comunidade local nas vertentes política, económica, e social. Título Formação e desenvolvimento de recursos humanos numa rede de empresas ID 1240 Autores Maria Manuel Serrano Resumo: Esta proposta de comunicação tem como objectivo apresentar alguns resultados de uma investigação empírica que sustentou uma tese de doutoramento subordinada ao tema “Estratégias e Práticas de Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos numa rede de empresas”. A estratégia de investigação baseou-se no estudo de casos (uma empresa multinacional e cinco empresas subcontratadas desta) e os procedimentos de recolha de informação basearam-se essencialmente na entrevista e no questionário, para além da informação documental disponibilizada pelas organizações envolvidas no estudo. Assim, como objectivo específico desta comunicação pretende-se estabelecer a comparação entre o discurso dos dirigentes e a percepção dos trabalhadores sobre as práticas efectivas de formação e desenvolvimento nas respectivas empresas. Estudaram-se as práticas de formação e desenvolvimento de recursos humanos na empresa subcontratante e nas empresas subcontratadas, seus objectivos e resultados esperados, bem como a percepção que os trabalhadores têm sobre as competências adquiridas e a sua utilidade para a melhoria do seu desempenho e da sua empregabilidade. De referir ainda que as várias empresas estudadas apresentam posturas diferentes face à formação, tendo sido identificadas as seguintes situações: - Promoção interna da formação com recursos próprios; - Compra de formação a empresas especializadas; - Permissão aos trabalhadores para frequentarem formação no exterior; - Os trabalhadores de algumas empresas subcontratadas só frequentam formação na multinacional. Em suma, nas empresas estudadas os resultados apontam para a predominância de uma postura utilitarista e imediatista face à formação. Esta é vista como um custo e um “mal necessário” que as empresas têm que assumir porque os sistemas formais de ensino e de formação não dão resposta às necessidades das empresas. Título A Área de Recursos Humanos e sua ligação com Sistemas de Suporte de Apoio à Decisão: Caminhos para o Futuro ID1384 Autores Noemi Alice Costa, Jofrina Patrício Resumo: No presente estudo pretendemos buscar a compreensão através da descrição da crescente interligação entre a área da computação e as diversas áreas do conhecimento, tendo como exemplo a área da Gestão de Recursos Humanos e a utilização e aplicação das etapas iniciais do Processo de Descoberta de Conhecimento (KDD), sobretudo a etapa do Data Mining (Mineração de dados) como uma ferramenta informática importante para o sistema de apoio à decisão empresarial seja numa organização privada, seja numa pública. O objectivo principal foi dar a conhecer a existência da

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multidisciplinaridade das diversas áreas com a apresentação de uma ferramenta útil ao gestor de RH para melhor organizar sua área de trabalho e promover o crescimento e desenvolvimento estratégico da empresa ou instituição de forma a agilizar o processo de tomada de decisões. As quais influem na posição estratégica e competitiva do organização no mercado. O trabalho foi exemplificado através da utilização do programa em software livre Weka em um estudo de caso que teve por finalidade encontrar o perfil dos colaboradores que mais se adequam caso fosse necessária uma contratação futura, utilizando os dados já armazenados pelo departamento de pessoal. O resultado foi conhecer ferramentas importantes que podem auxiliar os gestores na direcção dos negócios em prol do desenvolvimento e crescimento no mercado competitivo. Especialmente para a área de Recursos Humanos, observou-se que a ferramenta possui grande utilidade para o controle e melhor definição de objectivos para a actuação estratégica desta área dentro da empresa. Título Os mecanismos e processos de adaptação às mudanças ambientais como meio de sobrevivência e crescimento das organizações: um estudo de caso em Angola ID 1545 Autores Carla Conte Martini, Diogo Zapparoli Manenti Resumo: adaptação das organizações ao meio em que se inserem é, atualmente, questão de sobrevivência. Este artigo apresenta um estudo de caso do tipo explanatório realizado em uma empresa sediada em Luanda, Angola. Nos últimos trinta e cinco anos o país viveu a guerra pela independência, a ideologia marxista-leninista, trinta anos de guerra civil, o capitalismo, a abertura econômica e, atualmente, demonstra crescimento econômico significativo. O objetivo é mostrar como uma empresa familiar, angolana, com trinta e quatro anos de existência, consegue se adaptar, sobreviver e crescer neste meio. Os dados foram coletados através de documentos, entrevistas e observação direta durante cinco meses em 2007. Como modelo teórico utilizou-se De Geus (1998). Os resultados foram obtidos através de análise de conteúdo, evidenciando características do meio que influenciam a organização. Destaca-se: burocracia, corrupção, falta de mão-de-obra qualificada, pobreza, falta de cultura de trabalho, falta de infra-estrutura, necessidade de importação, escassez de indústrias, individualismo, falhas na cadeia produtiva e necessidade de consumo da nova elite local. Apesar de não se tratar de uma empresa viva na visão apresentada por De Geus (1998), percebe-se que o meio é determinante na definição dos processos, das decisões, das relações e da cultura da organização. O crescimento e a diversificação dos negócios advêm da capacidade de perceber as mudanças no meio e se adaptar a elas. Em um meio em franca transformação e seguindo para uma competitividade global, adaptar-se ao meio foi o caminho encontrado pela organização estudada para sobreviver e crescer no mercado angolano. Título Sociologia da empresa e responsabilidade social ID 1304 Autores Ana Maria Kirschner Resumo: Até os anos 80 as ciências sociais não se aproximavam muito das empresas, seja para tomá-las como objeto de estudo, seja para tentar intervir sobre o mundo das empresas. A partir de meados da década de 80, esta situação se reverte. Nos anos 90, no Brasil, associações e fórum empresariais, assim como empresários isoladamente discutem a função social da empresa e a sua responsabilidade social. A responsabilidade social da empresa, embora amplamente exercida no Brasil, não tem ainda um substrato conceitual, dando margem, portanto, a muitos equívocos. Esta imprecisão é tão mais séria porque estamos vivendo uma época em que a sociedade interpela as empresas e simultaneamente os empresários sentem necessidade de melhorar sua imagem pública promovendo debates sobre ações sociais e intervindo de fato no social, ou seja, com freqüência há uma superposição dos campos privado e público. Neste artigo primeiramente formularemos algumas hipóteses para explicar esta valorização social que a empresa adquiriu ao longo de cerca de 20 anos. Em seguida questionamos a noção de responsabilidade social da empresa; a superposição das esferas pública e privada, e mostramos em que medida a sociologia da empresa pode ser útil para dar substrato a esta questão atual. Título As práticas de gestão de recursos humanos licenciados em humanidades, administração e ciências sociais da universidade do Porto: a perspectiva das entidades empregadoras ID 412 Autores Cristina Parente Resumo: Discutir alguns dos resultados de um projecto de investigação desenvolvido no Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP) sobre as práticas de gestão de Recursos Humanos de que os diplomados em Humanidades, Administração e Ciências Sociais da UP são alvo é o principal objectivo da comunicação. Trata-se de um dos vectores analíticos de uma investigação mais ampla sobre a precariedade profissional dos diplomados da UP e alternativas de inserção futura. Focaliza-se a atenção do lado das entidades empregadoras, em três grandes vectores de análise: i) as práticas de recrutamento e de selecção aplicadas aos recém- licenciados; ii) as práticas de acolhimento, formação e avaliação do desempenho; iii) as práticas de responsabilidade social no que se refere à promoção da igualdade de oportunidades e à conciliação entre a vida profissional e a vida familiar. Os três vectores analíticos são abordados a partir da análise qualitativa da informação recolhida a partir de 25 entrevistas semi-directivas que foram realizadas, durante o terceiro trimestre de 2007, aos dirigentes das organizações que integram os referidos licenciados nos diversos sectores de actividades económica, com particular incidência para o ramo dos serviços soft privados (hotelaria e restauração, actividades financeiras, bancos e seguros e serviços às empresas) e dos serviços sociais (saúde, educação e outros) privados, públicos e do terceiro sector. Título Apreciações sobre o conservadorismo no Serviço Social ID 1581 Autores Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Regina Maria Giffoni Marsiglia, Patrícia Barreto Cavalcanti, Mirian Alves da Silva, Claudenizia de Oliveira Pereira

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Resumo: Tendo a questão social, ou suas múltiplas expressões, como base social histórica para a profissionalização do Serviço Social, a profissão surge no Brasil envolta pela ideologia conservadora e pelo projeto da classe dominante que enfocava a questão social de modo despolitizado e individualizador. Esse pensamento conservador passou a ser questionado nos anos 1950, esbarrando com o Golpe Militar de 1964 cuja repressão compeliu a profissão para uma preocupação maior com seu instrumental e metodologias. Nos anos 1980, o Serviço Social se aproxima da vertente marxista que passa a orientar o projeto ético-político profissional na década seguinte. Contudo, é também neste momento que as idéias neoliberais passam a vigorar no plano econômico, trazendo importantes reflexos sobre os planos político e social, redundando em políticas sociais reducionistas que encontram na pós-modernidade o caminho fértil para a justificativa dessa perspectiva individualizadora e o questionamento da teoria marxista. Este conjunto de fatores, somado à permanência na profissão de práticas tuteladoras e burocratizadas perpassadas pelo pensamento conservador, contrárias ao projeto hegemônico profissional, mas que conviviam com o mesmo, abrem espaço para a recuperação de valores tradicionalistas na sociedade e para o fortalecimento das idéias conservadoras que partindo de questões como a responsabilização do cuidado, a valorização do local, do capital social, da solidariedade, do voluntariado e mesmo da família confluem perversamente com as propostas emancipatórias que se utilizam das mesmas questões, porém sob uma ótica diferente, exigindo do Assistente Social uma postura crítica no seu cotidiano profissional e clareza do seu referencial teórico e metodológico. Mesa: Saberes e dinâmicas profissionais em serviços públicos locais - 5 de Fevereiro - 16h15 - A2 Moderador: António Casimiro Ferreira Título O orientador educacional nas escolas da rede municipal de ensino no municipio de Pelotas/RS- Brasil ID 837 Autores Margarete Hirdes Antunes, Vera Maria Ribeiro Nogueira Resumo: A Pesquisa pretende realizar levantamento acerca do trabalho que desenvolve o Pedagogo com Habilitação em Orientação Educacional nas Escolas da rede Municipal de Ensino no Município de Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul no Brasil, com vistas a identificar as atribuições do profissional, o trabalho que é realizado e seus efeitos na construção de uma educação cidadã transformadora ou na preservação da Escola reprodutora, condições em que esse trabalho é executado e as dificuldades encontradas. Título Um olhar sobre o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde ID 860 Autores Mónica Bianco, Josiana Binda Resumo: A pesquisa em andamento é uma cartografia do trabalho dos agentes comunitários de saúde de uma Unidade da Saúde do município de Vitória, Espírito Santo, Brasil. O recorte do trabalho como objeto de estudo deu-se pela relevância do mesmo e pela aproximação de leituras do suporte teórico da Ergologia e da Cartografia para acompanhar o trabalho vivo e em atividade. A pesquisa se dá numa região periférica composta por onze bairros onde residem em condições de vida precárias mais de cinqüenta mil pessoas. A região surgiu pela ocupação de terrenos baldios sobre o mangue, onde palafitas foram erguidas onde funcionava um lixão a céu aberto. O lixo foi trabalho, sustento e base para aterro do mangue. Quarenta anos depois ainda há seqüelas na população residente, como dificuldade de qualificação e emprego, altos índices de natalidade entre adolescentes, tráfico de drogas e doenças provocadas pelo lixo. Estudar a dinâmica de trabalho dos agentes comunitários de saúde de uma das quatro Unidades da Saúde da Família que atende àquela região mostra a inserção desses atores na perspectiva da saúde preventiva, em que uma rede de atenção a saúde leva a prevenção e cura até a população. Preliminarmente percebe-se que esses profissionais, apesar de se reconhecerem imprescindíveis nessa rede não têm o mesmo reconhecimento por parte dos demais atores e principalmente dos gestores do Programa. A desintegração entre áreas como Saúde, Educação, Segurança, Prevenção de Endemias é outro ponto detectado e faz com que ações isoladas de cada área alcancem pouca efetividade. Título Discutindo a Humanização do Trabalho em Saúde em um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192 ID 1072 Autores Ana Rita Castro Trajano, Daisy Cunha, Carolina Trancoso, Roseli da Costa Oliveira Resumo: Objetiva-se analisar situações de conflito entre trabalhadores e hierarquia, estudando as relações que podem se estabelecer entre organização do trabalho e sofrimento psíquico, discutindo o impacto da violência contemporânea no trabalho em saúde e as estratégias de enfrentamento que os trabalhadores vão construindo em seu cotidiano, na perspectiva da humanização do trabalho em saúde. Toma-se o conceito de humanização da Política Nacional de Humanização (PNH) do SUS, em seu significado de valorização e fortalecimento dos sujeitos humanos como protagonistas e autônomos, co-responsáveis em processos de produção e gestão da saúde pública. Pesquisa essencialmente qualitativa, em que se busca o diálogo-confrontação entre diferentes saberes/poderes/sujeitos no sentido da construção coletiva da investigação participativa/intervenção, incluindo saberes acadêmicos-científicos e saberes "da experiência" através da constituição de Coletivo/Grupo de Pesquisa ou Comunidades Ampliadas de Pesquisa. Elege-se como foco o princípio da PNH referente à "inseparabilidade entre atenção e gestão dos processos de produção de saúde", tendo como referencial maior a Ergologia francesa, criada por Ives Schuartz, em suas formulações sobre a o trabalho como atividade humana e as relações entre trabalhar, gerir. O campo da pesquisa é o SAMU 192 (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do Sistema Único de Saúde (SUS) de Belo Horizonte, Brasil. Título Trabalho e profissão: Notas sobre o perfil do Serviço Social no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ID 1184 Autores Anália Silva, Márcia Silva

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Resumo: O trabalho visa apresentar o perfil do Serviço Social no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Foi delineado a partir da sistematização dos dados coletados através de um roteiro respondido por cerca de 60% dos profissionais que atuavam na instituição no ano de 2007. As principais questões abordadas no roteiro referiam-se ao perfil dos profissionais, à forma de inserção, e às estratégias de organização do trabalho profissional nos diferentes setores da instituição. Observou-se que mais de 80% dos profissionais de Serviço Social possuíam vínculo precarizado de trabalho e que, no universo pesquisado, 87% dos profissionais estavam formados há mais de dois anos e 56% possuíam especialização (lato e strictu sensu). Mais de 60% dos profissionais atuavam em setores onde não há projeto de trabalho sistematizado. O levantamento revelou, ainda, dificuldades no que tange à identificação dos objetivos, ações, atividades e instrumentos utilizados pelo Serviço Social, indicando a necessidade de aprofundamento das discussões que envolvem as dimensões teórico-metodológica, técnico-operativa, ético-política e investigativa da profissão. Além de evidenciar os elementos supramencionados, os resultados do levantamento mostram que as formas de gestão pública implementadas no processo de contra-reforma do Estado provocam impactos na forma de inserção dos assistentes sociais no MPRJ, o que requer a construção de estratégias coletivas para o fortalecimento da profissão no contexto institucional e contribuam para a garantia dos direitos dos usuários. Título A advocacia como profissão no Brasil imperial ID 1464 Autores Ricardo Falbo Resumo: A organização do Estado e a estruturação da sociedade no império do Brasil produziram processo suis generis de ordenação da advocacia num País caracterizado como “o mundo bárbaro das províncias”. Esta situação revelara o problema da caracterização da advocacia como profissão ou ocupação na chave do centralismo estatal condutor do processo civilizatório brasileiro e da inexistência de estruturas sócio-comunitárias na sociedade de corte do Brasil. A investigação desse problema fora realizada no âmbito de “pedidos de licença para advogar”. Provenientes das diversas capitanias e províncias do País, e situados entre os anos de 1808 (chegada de D. João VI ao Brasil) e 1824 (outorga da Constituição do Império), eles eram a expressão de súplicas de provisão que os interessados em advogar faziam ao monarca através do Desembargo do Paço, em uma época em que os cursos jurídicos não haviam sido ainda criados e que o número de bacharéis em direito diplomados por Coimbra era insuficiente para atender a demandas tanto da sociedade quando da burocracia do governo. Essa situação permitira o estudo da advocacia segundo dois critérios principais: teórico (formação universitária) e prático (exercício da advocacia sem diploma). A esse critério correspondera a diferenciação entre bacharéis, com atuação nas instâncias decisórias dos conflitos, e provisionados, com atuação na justiça local. Na caracterização da diversidade de formas de existência da advocacia, os advogados revelaram independência relativa em relação ao Estado e ao mercado e estreita dependência em relação à sociedade. Título Cotejos e análises sobre o protagonismo profissional e a qualidade em saúde no setor público ID 404 Autores Patricia Cavalcanti, Mirian Alves, Claudenizia Pereira, Ana Paula Miranda, Simone Rocha Resumo: O cotidiano dos serviços públicos de saúde continua reproduzindo características que retratam senão a inexistência, um baixo nível de comprometimento com os princípios básicos do Sistema Único de Saúde – SUS, ou seja, com a integralidade e a universalidade de ações, e o conseqüente respeito ao usuário. A ineficiência, somada ao desinteresse em melhorar o nível de qualidade do serviço público de saúde é algo latente que se expressa cotidianamente nos diversos níveis de atendimento. Nesse universo observam-se ainda, gestores habituados a trabalhar dentro de um sistema rígido de papéis profissionais e despreparados para atuar de acordo com os princípios básicos do SUS; forte interferência político-partidária nos rumos e diretrizes a serem tomadas no trato da saúde pública, tanto nas relações extra como inter-institucionais; inexistência de entrosamento técnico entre as estruturas gerenciais. Nesta investigação vinculou-se qualidade à organização dos serviços de saúde e às formas pelas quais eles são dispostos à população.. A pesquisa de cunho quali-quantitativo realizou-se em 4 hospitais de João Pessoa, de onde se retirou uma amostra de 30% de um total de 230 profissionais alocados nestas unidades, objetivando-se captar as singularidades de suas percepções sobre a qualidade no setor público de saúde através de entrevistas semi-estruturadas. O roteiro de entrevistas abordou quatro eixos discursivos: A qualidade na prestação do cuidado em saúde e processo de trabalho; A qualidade em saúde face ao processo de municipalização (modalidade de gestão); A qualidade em saúde e a saúde de quem presta o atendimento Mesa: Trabalho: reconfiguração, identidades e precariedade - 5 de Fevereiro - 18h30 - 317 Moderador: Maria Manuel Serrano Título Democracia laboral e flexigurança ID 699 Autores António Casimiro Ferreira Resumo: As reformas laborais construídas sob a égide da flexigurança sublinham a importância da confiança e do diálogo social enquanto elementos estruturantes deste modelo políticolaboral. Enquanto princípios sociopolíticos dos diferentes modelos de regulação laboral, encontram-se indissoluvelmente ligados à noção de democracia laboral. Com efeito, as diferentes expressões teóricas e práticas dos modelos de democracia e cidadania laborais não são concebíveis a não ser como resultado dos processos de democratização das relações laborais aos níveis macro, meso e micro-sociológicos, os quais requerem a existência de condições de confiança e de diálogo entre os diferentes actores sociais. Exploram-se, nesta comunicação, as possibilidades e as barreiras ao aprofundamento da democracia laboral emergentes do paradigma da flexigurança.

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Título Níveis de emprego na Zona Franca de Manaus: tendências e desafios contemporâneos ID 709 Autores Celso Nascimento Resumo: A agenda da sociedade brasileira tem caminhado nos últimos anos para o debate em torno da questão do emprego. Essa agenda é crucial e se conecta não apenas com aspectos conjunturais, relacionados às vicissitudes da política econômica, mas também com aqueles problemas de natureza estrutural, historicamente produzidos. A reestruturação produtiva desencadeou um processo de desterritorialização das fronteiras econômicas. Levando a economia mundial à abertura e à formação de blocos. O declínio da Zona Franca de Manaus se inscreve nesse processo, muitas empresas se deslocaram de Manaus em busca de áreas mais atrativas e outras reduziram cargos e até operações inteiras para evitar a imersão na crise. A Zona Franca de Manaus foi implementada em 1967 pelo Decreto-Lei nº 288. Trata-se de uma área aduaneira de livre comércio e com capacidade instalada para a organização do processo de trabalho industrial, em sua fase final. Este estudo é parte de nossa pesquisa de mestrado e tem como propósito perceber os impactos da reestruturação produtiva no modelo Zona Franca, apontando o índice de desemprego no âmbito local. Este tipo de estudo é importante não só para as ciências econômicas que se ocupa do exame do fenômeno industrial e das questões relativas ao desenvolvimento regional, como também aos Sindicatos dos Trabalhadores Metalúrgicos e Eletroeletrônicos do Amazonas que historicamente, tem participado das discussões sobre o modelo Zona Franca e seus desdobramentos sociais na região. O levantamento de dados foi realizado junto às fontes do DIEESE, Ministério do Trabalho na região e Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos e Eletroeletrônicos do Amazonas. A sua delimitação está circunscrita aos anos de 1990 a 1999, década nevrálgica do declínio do emprego no Amazonas e no resto do país. A partir dos dados levantados procedeu-se à análise do índice de desemprego no âmbito local. O desemprego assumiu formas progressivas na Zona Franca de Manaus desde o início da década de 90, período em que a permanência do trabalhador nas empresas ficou mais reduzida. Pode-se dizer que houve uma queda considerável do emprego em todo o território nacional, enquanto que em 1993 a taxa era de 14,6% em 2001 chegou a 16,6%. Em apenas dois anos (1998 – 2000)o número de trabalhadores sem carteira de trabalho cresceu de 23,5% para 25,5% (IBGE,2001). O número de empresas localizadas no Distrito Industrial de Manaus, até 1996, era 617. Em 1999, o índice era de 393 empresas e atualmente esse número caiu para pouco mais de 100 fábricas. Os resultados apresentam um índice médio de demissão anual em torno de 7.561 trabalhadores no Pólo Industrial de Manaus, chegando em 1999 com uma taxa anual de 5.797 desempregados. Nos anos de 2003 a 2007 houve um relativo crescimento no nível de emprego em face de estratégias de inclusão social adotadas no governo Lula, momento em que a sobrevida da Zona Franca de Manaus foi estendida para 2023. Mesmo em face desse aquecimento do emprego não deixaremos de perceber o declínio desse modelo de desenvolvimento. O desemprego, caracterizado pela ausência de relação empregatícia e/ou pela ausência de geração de renda por parte do trabalhador, quer seja no âmbito formal ou informal, priva-o dos meios de subsistência tornando-o um ser desprovido e vulnerável em todos os sentidos. Geralmente, a perda do emprego acarreta sérios problemas aos indivíduos, que vão desde os de ordem psicológica e emocional até aos problemas sociais como o alcoolismo, a perda da moradia e o submundo da criminalidade. As empresas não se preocuparam em qualificar a mão-de-obra nativa para o mercado de trabalho, esse é um dos fatores que contribuiu para o impacto da reestruturação produtiva no Amazonas. Esta pesquisa mostra que o modelo Zona Franca sob o discurso do propalado desenvolvimento regional deixa uma dívida social sem precedentes para com os trabalhadores, evidenciada num quadro de desemprego que a cada dia assume contornos assustadores, formando um corredor de exclusão social consignado na baixa do nível de vida desta população. Título Direitos humanos do trabalho e governação laboral em Portugal ID 711 Autores Marina Pessoa Henriques Resumo: Privilegiando a perspectiva da sociologia do direito, disciplina que tem vindo a consolidar diferentes quadros teóricos e instrumentos metodológicos ajustados ao estudo das relações entre o direito e a sociedade, desenvolve-se uma análise teórico-analítica em torno da tensão entre os paradigmas dos direitos humanos do trabalho e da governação laboral em função da realidade portuguesa. Atende-se aos diferentes actores do sistema de relações de trabalho, como as organizações internacionais, as instituições europeias, os governos e os parceiros sociais. De entre as organizações internacionais, destaca-se a importância da Organização Internacional do Trabalho (OIT) enquanto instância internacional de promoção e protecção dos direitos dos trabalhadores, tendo dado um forte contributo para a elaboração do actual modelo de governação laboral. Tendo em vista o estudo das relações laborais em Portugal, segue-se um modelo de análise das influências exógenas. Atende-se, por um lado, ao modo como a adopção das convenções e recomendações da OIT (controlo regular) contribuiu para a consolidação do paradigma da governação das relações laborais em Portugal. Por outro lado, o recurso, por parte dos actores nacionais, ao sistema de queixas e reclamações da OIT é uma questão relevante, considerando-se que as transformações e tensões emergentes do sistema de relações laborais encontram expressão neste mecanismo de recurso a uma entidade exógena, ou seja, presta-se especial atenção ao papel do controlo especial daquela organização no domínio da adjudicação internacional dos direitos humanos do trabalho. Título O Plano Territorial de Qualificação do Rio Grande do Sul (PlanTeQ/RS - 2007) em Perspectiva ID 1567 Autores Elida Rubini Liedke Resumo: Objetiva-se analisar comparativamente a concepção e a realização dos cursos de qualificação profissional oferecidos no Estado do Rio Grande do Sul, no âmbito da política nacional de qualificação do Governo Lula (PNQ) e do Governo FHC (Planfor). Busca-se contribuir para o debate acerca das potencialidades de políticas públicas ativas de mercado de trabalho quanto à melhoria das oportunidades ocupacionais dos trabalhadores. No que respeita aos resultados empíricos, toma-se como referência o Plano Territorial de Qualificação (PlanTeQ/RS 2007), contrastando-os, sempre que relevante, com os do Plano Estadual de Educação (PEQ/RS 2000). Abordam-se as características sócio-econômicas da população beneficiada (alunos dos cursos). Essa, segundo as diretrizes de ambos os Planos, deve estar composta de trabalhadores em situação vulnerável no mercado de trabalho. Ademais, tendo em conta que a proposta pedagógica de

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ambos os Planos está centrada, em contraste com a visão taylorista, na formação de um novo tipo de trabalhador, autônomo, capaz de saber aprender, problemas de execução dos cursos e dificuldades enfrentadas por alunos e professores são considerados. Ao final, são debatidas questões que se colocam em jogo em uma política pública ativa de trabalho. Essas expressam, ao mesmo tempo, as barreiras sócio-culturais e políticas à realização de seus objetivos pedagógicos e as possíveis perspectivas de desdobramentos mais promissores de ações de qualificação do trabalhador, em contexto de incertezas face às mudanças do mercado de trabalho sob a égide da globalização. Título Relações de trabalho no contexto das transformações contemporâneas: tendências em uma região periférica da acumulação mundializada do capital ID 1679 Autores Marina Maciel Abreu, Josefa Batista Lopes, Cláudia Alves Durans Resumo: Aborda relações de trabalho no contexto da expansão capitalista no Maranhão, considerada na particularidade do desenvolvimento capitalista em uma região periférica, na periferia do sistema mundializado de acumulação do capital. A estrutura econômica desta região, marcada historicamente pela base eminentemente agrícola, pela pobreza e atraso econômico e político, é alterada com a instalação dos chamados “grandes projetos econômicos” que envolvem a industrialização via complexo mínero-metalúgico e o agronegócio. Estas condições não rompem, antes reconfiguram e aprofundam, no país, e em particular na sociedade maranhense a heterogeneidade estrutural dos processos econômicos base em que se engendram e consubstanciam as relações e condições de trabalho. Ocorre uma articulação de setores modernos e tradicionais com o aprofundamento das contradições históricas de um padrão autoritário de produção e consumo da força de trabalho, que inclui, principalmente, a agricultura de subsistência e outras formas de trabalho identificadas como não capitalistas, ou quase capitalistas, como pequenos empreendimentos que proliferam nas periferias urbanas (Arcangeli,1995); e pólos considerados modernos, também com uma diversidade de empresas capitalistas, comportando setores de baixa e de altíssima produtividade, inclusive com caráter de enclave. Nesse quadro, demarcam-se como tendências das relações de trabalho: reduzida inserção do grande contingente de trabalhadores nas relações formais de trabalho e intensificação da precarização das relações e condições de trabalho, com destaque para a ampliação do desemprego e trabalho informal. Mesa: Competências, Identidades de Grupos Profissionais e Discriminação Social - 6 de Fevereiro - 11h15 - 103 Moderador: Ana Paula Marques Título A mão de obra negra na mídia brasileira: Reflexões sobre os dados estatísticos no trabalho e educação. ID 896 Autores Elaine Jayme Ramos Resumo: A fim de compreender a dinâmica de inserção da população negra brasileira no mercado de trabalho midiático, este artigo pretende lançar mão de dados estatísticos que desenham a realidade deste grupo no mercado de trabalho formal. Tendo em vista o crescente desenvolvimento da mídia no Brasil e a ínfima participação dos negros nos diversos setores da mídia – a despeito das atuais ações governamentais voltadas para os afro-descendentes. As políticas públicas projetadas para diminuir o índice de analfabetismo no Brasil têm resultados incontestáveis, contudo torna-se imprescindível analisar as diversas experiências vivenciadas por bacharéis negros da área de comunicação. Ponderando, entre outros fatores, sexo, idade, região de moradia, origem familiar, renda, sua rede social, ocupação, além da sua função laborativa quando empregado. A luz dos recentes estudos sobre as desigualdades no país, este artigo procura ultrapassar as barreiras da mera comparação estatística, uma vez que no Brasil o racismo se apresenta de forma implícita e raramente mensurável nas interações sociais. Título A actividade profissional dos assistentes sociais, o saber que mobilizam e a construção da autonomia nos processo de interacção social. ID 1232 Autores Berta Granja Resumo: Esta comunicação apresenta um trabalho de investigação sobre a actividade profissional dos assistentes sociais exercida nos quadros de instituições/organizações que desenvolvem uma determinada política social e que têm por objectivo a satisfação de necessidades sociais, reconhecidas e legitimadas pela afectação de recursos sociais diversos. Mas estudar a actividade dos assistentes sociais não se esgota na avaliação das políticas que desenvolvem e nos resultados que obtêm. Por isso o trabalho de investigação realizado procura compreender as acções profissionais como recriação e construção permanentes e não pretende prescrever o que os profissionais devem fazer à luz do conhecimento científico acumulado sobre o social. Considera-se que o profissional é um sujeito com autonomia para exercer a actividade, o que significa ser capaz de seleccionar, escolher e reorganizar a actividade para definir intenções e sentidos para gerir as prescrições, estabelecer as estratégias profissionais aqui consideradas como as decisões calculadas para agir nas relações de força existentes, ultrapassar os constrangimentos para agir de forma autónoma e utilizar as hipóteses possíveis da acção. O saber profissional é pois entendido numa perspectiva antropológica como um saber para agir que se reproduz socialmente para exercer papéis e poderes sociais, interagir no seio de relações sociais. Este saber mobiliza uma estrutura sócio-cognitiva que integra capacidades individuais e do grupo profissional, estabilizadas em organizações mentais comunicaveis e transferiveis, que exigem um grau elevado de consciência e são aplicáveis em situações concretas. Título Discursos e práticas dos sindicatos e dos professores em relação a um novo estatuto da carreira docente ID 1244 Autores Irina Bettencourt Pereira, Alan Stoleroff

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Resumo: As medidas recentemente legisladas para a transformação das relações de emprego e da carreira dos professores do Ministério da Educação através da revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) situam-se no contexto da Reforma da Administração Pública implementada pelo actual Governo Socialista. Estas mudanças, bem como o projecto de mudança da gestão das escolas, têm sido corolários de uma estratégia pautada pela meta da "eficiência educativa" para a reestruturação do sistema de educação pública e a reconstrução do papel dos professores no sistema. Assim uma teia de conflito tem emergido nesta complexa articulação de objectivos reformistas do sector educativo. Os objectivos de reforma deste governo colidem com a defesa sindical de interesses laborais dos professores e das identidades e poderes profissionais dos professores. O objectivo geral desta comunicação será analisar a revisão do Estatuto da Carreira Docente e os padrões de conflito que têm emergido no sector público da educação no decorrer das negociações sobre a revisão do ECD. Um enfoque particular será dado à fase da implementação do modelo de avaliação do desempenho dos professores como o momento que cristalizou as oposições no tocante aos interesses e poderes que têm sido postos em causa ao longo da reforma e a intensidade da mobilização como a expressão da confluência de conflitos laborais e profissionais e organizacionais no sector e como evidência da emergência de um movimento social profissional. Título Direitos e Justiça do Trabalho no Brasil ID1438 Autores Elina Pessanha Resumo: A comunicação pretende apresentar um quadro do desenvolvimento dos direitos do trabalho no Brasil. Recupera as principais questões em pauta hoje, analisa o desempenho da Justiça do Trabalho e o perfil de seus principais operadores, os magistrados. Destaca marca anti-liberal presente na instituição e os desafios colocados pela desigualdade social, as pressões neoliberais e a consolidação democrática. Título Relações raciais no mercado de trabalho midiático: algumas categorias para análise ID 1023 Autores Elaine Jayme Ramos Rodrigues, Marcelo Alves de Oliveira Resumo: A fim de compreender a dinâmica de inserção da população negra brasileira no mercado de trabalho midiático, este artigo pretende lançar mão de dados estatísticos que desenham a realidade da população negra brasileira na educação e no mercado de trabalho formal. Tendo em vista o crescente desenvolvimento da mídia no Brasil e a ínfima participação dos negros neste setor – a despeito das atuais ações governamentais voltadas para os afro-descendentes. Nesse sentido, torna-se imprescindível analisar as diversas experiências vivenciadas por bacharéis negros da área de comunicação. Ponderando, entre outros fatores, sexo, idade, região de moradia, origem familiar, renda, sua rede social, ocupação, além da sua função laborativa quando empregado. A luz dos recentes estudos sobre as desigualdades no país, este artigo procura ultrapassar as barreiras da mera comparação estatística, uma vez que no Brasil a discriminação racial se apresenta de forma implícita e raramente mensurável nas interações sociais. Mesa: Trabalho e Categorias Geracionais - 6 de Fevereiro - 11h15 - 303 Moderador: Noemi Alice Costa Título Juventude, educação e trabalho: debates contemporâneos no Brasil. ID 779 Autores Ana Maria F. Teixeira, Veleida Anahí da Silva Resumo: Os estudos relacionados aos nexos entre Trabalho, Educação e Juventude ganharam especial relevância nos últimos anos evidenciando o debate em torno da educação para o trabalho. Esse debate ganha destaque diante do se aprofundamento da crise do trabalho assalariado que marca o final do século XX e a transição para o século XXI. O mundo do trabalho em sua mutação impõe desafios à sociedade atingindo particularmente, a população jovem. As estatísticas oficiais registram junto à população jovem brasileira, os índices de desemprego mais elevados quando comparados a outras faixas de idade. Por outro lado, o aprofundamento da precariedade do trabalho coloca em causa a possibilidade de pensar, para essa população, trajetórias de natureza linear. Apesar das análises apontarem uma tendência a elevação da escolaridade e da educação profissional o panorama da educação técnico-profissional no Brasil apresenta-se marcado pelo que denomina-se de “polarização de competências”: de um lado, diferentes modalidades de educação para a grande maioria exposta a uma formação de curta duração e baixo custo, de outro formação mais complexa, de custo elevado para aqueles que ocuparão cargos de concepção e gerência. Assim, a questão está em analisar em que medida a formação técnico-profissional disponibilizada para amplos setores da sociedade, mais especificamente para setores de baixa renda, se configura em aquisição determinante a inserção/reinserção de jovens trabalhadores no mercado de trabalho quando tomamos por referência o debate em torno das competências e da empregabilidade. Título Modelos sociais europeus e qualidade do emprego dos seniores ID 898 Autores Maria da Conceição Cerdeira Resumo: O aumento da participação na actividade económica das pessoas mais velhas e o adiamento da sua saída do mercado de trabalho, em grande parte por pressão do desafio demográfico e sustentabilidade dos sistemas de protecção social, são objectivos da agenda política comunitária. Estes encontram-se inscritos na Estratégia Europeia do Emprego saída da Cimeira de Estocolmo em 2001, que apontou elevar para 50% a taxa de emprego da faixa etária dos 55 aos 64 anos. Dados recentes indiciam que o emprego dos trabalhadores mais velhos tem sido uma das componentes mais dinâmicas do mercado laboral da UE nos últimos anos, tendo aumentado 7,8 pontos percentuais de 2000 a 2007. Apesar disso, mais de metade dos europeus deste grupo etário estão em situação de inactividade. As partidas precoces são muitas vezes sustentadas por um discurso que culpabiliza os trabalhadores de não se adaptarem às mudanças tecnológicas e organizacionais. No entanto, as fortes assimetrias das taxas de actividade dos Estados-Membros deitam por

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terra explicações tão simplistas sugerindo, antes, abordagens nacionais diferentes do envelhecimento activo. Os resultados do 4.º inquérito às condições de trabalho, realizado sob a responsabilidade da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, fornecem alguns dados interessantes sobre a qualidade do emprego dos trabalhadores mais velhos em 31 países europeus. A minha contribuição tem por objectivo apresentar e discutir tais dados à luz do debate sobre os diferentes modelos sociais europeus. Título Inserção do Jovem no mercado de trabalho pernambucano: Programa "Emprego Jovem" ID 1454 Autores Miriam de Souza Leão Albuquerque, Ana Cristina Arcoverde Resumo: Com a adoção de um modelo econômico dentro da lógica da acumulação flexível, a partir dos anos 80 e principalmente nos anos 90, o Brasil passou por transformações significativas no mundo do trabalho com considerável aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, observa-se no País, um interesse crescente acerca das políticas públicas de emprego, com implementação e desenvolvimento de ações que vão de reformulação do Sistema Nacional de Emprego e implementação de política de qualificação profissional à criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador e do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Como instrumento de combate ao desemprego juvenil em Pernambuco, o Governo do Estado lança em 2000 o Programa “Emprego Jovem”, focado na ausência de qualificação profissional dos jovens de 15 a 24 anos. O Programa revela, assim, a percepção generalizada de que a atividade produtiva provoca constante aumento dos quesitos de qualificação e que, para acessarem um posto de trabalho ou para se manterem empregados, os trabalhadores devem buscar recorrentemente se qualificarem. Neste artigo o desemprego e a precarização das relações de trabalho são compreendidos como fenômenos estruturais que atingem uma grande massa de trabalhadores, mas que são vivenciados também individualmente. O diagnóstico de que o empreendedorismo e a empregabilidade são as alternativas viáveis às mazelas do mercado de trabalho, culpabiliza o indivíduo e desloca o problema da ausência de vagas de seu eixo central: a dinâmica econômica. Título Bolseiros de Investigação científica: problemática dos recursos humanos em I&D ID 874 Autores Patricia Sousa, Emília Araújo Resumo: A condição de bolseiro, como o próprio nome indica, é, em si, precária e ambígua, pois refere-se a uma experiência de limbo: objectivamente, o bolseiro não está num lugar identitário único. A condição de bolseiro e as condições de vida e de trabalho dos mesmos nos centros de investigação têm sido objecto de análise e discussão política nos tempos mais recentes em que se coloca de forma mais visível o problema a saída de investigadores para o estrangeiro e a escassez de postos de emprego científico, não obstante o incremento no número de pessoas licenciadas e pós-graduadas (com o grau de mestre e de doutor). Esta comunicação decorre de uma pesquisa de tipo qualitativo realizada em 2006, sobre a experiência de vida dos bolseiros de investigação científica em Portugal. Hoje, o bolseiro não personifica apenas os interessados na carreira de investigação, grande parte dos quais estando consciente da dificuldade ou da impossibilidade em concretizar essa aspiração. O bolseiro identifica um grupo de pessoas, com idades e aspirações profissionais heterogéneas que, preenchendo alguns requisitos, nomeadamente a posse de um determinado curso e média, se candidatam a bolsas como forma de protelar a sua entrada no mercado de trabalho inexistente ou muito escasso, desde a fase da licenciatura. Como premissas centrais, podemos afirmar que, por um lado, a investigação assenta cada vez mais no trabalho dos bolseiros. Estes fazem parte de um grupo heterogéneo que transporta expectativas várias quer sobre a actividade de investigação, quer sobre o seu auto-conceito no contexto do trabalho científico e que importa analisar. Título População em Idade Activa, trabalho e qualificações ID 700 Autores José Santos, Maria Filomena Mendes Resumo: A população em idade activa tem sofrido grandes alterações em relação à sua actividade, com o desemprego a atingir níveis elevados, apesar do prolongamento dos estudos de muitos jovens amenizar de alguma forma o problema. O nosso objectivo é perceber a real dimensão do problema e também quais os requisitos necessários para entrar e permanecer no mercado de trabalho. Os microdados utilizados respeitam aos IE’s, do INE, correspondendo aos inquéritos dos quartos trimestres de 1998, 2000, 2002 e 2004. Só se recolheu informação da população em idade activa. A metodologia assenta em análise descritiva, análise de correspondências múltiplas entre situação perante a actividade, sexo, grupo etário e qualificações académicas e análise logit binomial e multinomial envolvendo as mesmas variáveis. A nível de resultados saliente-se a maior vulnerabilidade ao desemprego por parte dos mais jovens, dos menos qualificados e das mulheres apesar destas apresentarem níveis mais elevados de qualificações académicas. Destaque-se ainda a maior taxa de actividade masculina. Mesa: Selectividade, exclusão e sofrimento no trabalho - 6 de Fevereiro - 14h30 - 305 Moderador: Amélia Lopes Título As medidas de eliminação das discriminações no trabalho: uma análise da sinuosidade da linha abissal no Brasil ID 717 Autores Gilsilene Francischetto Resumo: A Constituição Brasileira de 1988 prevê um arcabouço de normas de não-discriminação envolvendo os mais variados aspectos da relação de trabalho, desde a remuneração percebida, até mesmo a contratação e os motivos da dispensa. O Sistema legal de combate à discriminação inclui normas constitucionais, infraconstitucionais (por exemplo a Lei

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9.029/95) e também normas de natureza internacional. Todo o arcabouço jurídico em torno do combate às várias formas de discriminação nas relações de trabalho, fez com que se pensasse que muitos trabalhadores tivessem conseguido ultrapassar a linha abissal que divide a realidade social em dois universos: o “lado de cá” da linha que é o espaço da cidadania e dos direitos e o “lado de lá” onde tais direitos não são aplicáveis e onde temos a tensão entre apropriação e violência. No entanto, apesar do aparente recuo no espaço da apropriação/violência assistimos a situações de neutrlização de tais efeitos. Assim, defende-se que no que diz respeito às normas de proteção ao trabalhador contra eventuais dicriminações, a linha abissal continua muito nítida e gerando seus efeitos danosos aos indivíduos. O texto busca discutir quais têm sido as forças que estão atuando dos dois lados da linha abissal, criando um aspecto de inclusão, mas que também representa inúmeras outras formas de exclusão dos trabalhadores. Título Acões e saberes mobilizados por professores da educação profissional técnica ID 1367 Autores Jussara Biagini, Mabel Rocha Couto Resumo: Este artigo pretende analisar, a partir de leituras interpretativas dos memoriais elaborados entre anos de 2004 a 2007, as ações e fazeres dos professores da Educação Profissional Técnica. Ante o desenvolvimento da carreira de docência, esclarece-se que esses professores investigados encontram-se em um estágio de sua profissionalidade, no qual a progressão funcional vertical é obtida a partir da confecção de um memorial. No âmbito da orientação legal, esse documento consiste em apresentar reflexões sobre experiência de trabalho e/ou estudo na área conhecimento que leciona, de modo a elucidar motivações e razões que justifiquem a obtenção de tal progressão. (Portaria ministerial n 475/87) Baseando-se no material analisado, pontua-se a emergência dos seguintes aspectos interdependentes e complementares a respeito das ações e saberes mobilizados pelos docentes investigados que desenvolvem a profissão professor em uma Instituição de Educação Profissional Técnica: o saber experiencial como veio condutor da profissionalização do ensino; a escola como organização de aprendizagem profissional; a consolidação da competência profissional postulada por um status do trabalho da docência. Título Competências, Formação, Mudança, Competição: Conflito ou Complemento? ID 1380 Autores Noemi Alice Costa, Jofrina Patrício Resumo: O desenvolvimento de competências no contexto de mudança paradigmática actual ainda tem como factor de importância a formação do indivíduo ou seu tipo de ligação com as organizações? Através de um estudo de caso realizado na área da saúde desenvolvemos um trabalho que busca explanar sobre a inevitabilidade da mudança nos contextos de “ser e estar” no mundo, onde a globalização, a competição, os avanços tecnológicos, as mudanças dos consumidores, as novas pressões sociais, reflectem o cenário actual. Através de um olhar sobre as atitudes individuais perante a mudança e suas perspectivas, a aceitação e a resistência ao “novo”, traz-se a reflexão sobre a formação e o seu papel para o desenvolvimento das competências, onde um de seus objectivos é desenvolver e aperfeiçoar o indivíduo no melhor desempenho de produtividade e eficiência que as empresas necessitam para actuar nos seus mercados globais e competitivos. Entendendo, pois que o estudo abrange as organizações, sejam elas públicas ou privadas, que também aqui pode-se se falar em competição num âmbito de países e seus meios de sustentação em termos de Estados Nacionais que necessitam crescer e responder convenientemente às necessidades sociais de suas populações e de sua competência enquanto soberanias, buscamos reflectir sobre a proposição do título, onde a interligação dos quatro factores, competência, formação, mudança e competição, podem ser entendidos como factores de conflito ou são complementares aos ambientes organizacionais? Título O movimento de inclusão nas organizações: relações entre educação e inclusão no trabalho ID 1511 Autores José Luiz Fonseca da Silva Filho Resumo: O presente texto pretende socializar os resultados sistematizados a partir de pesquisas realizadas pelo Laboratório de Educação Inclusiva (LEDI) a fim de diagnosticar o contexto de inclusão na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Investigamos as políticas públicas de Educação no Brasil a partir da constituição de 1988 e os dados numéricos acerca da escolarização das pessoas com deficiência na rede pública de ensino prioritariamente nas cidades onde a UDESC tem sede. Ainda, a fim de diagnosticar as carências do projeto de inclusão no ensino superior, buscou-se analisar a realidade da acessibilidade do espaço físico para ampliar a qualidade da participação da pessoa com deficiência no Ensino Superior. Buscamos ainda a partir dos dados de inclusão na universidade, pensar a perspectiva de formação nos cursos de administração e do espaço do trabalho para as pessoas com deficiência. Um dos argumentos utilizados para não implantar as cotas de deficientes nas empresas é o fato das organizações considerarem o público com deficiência com pouca formação para o trabalho. Neste estudo buscou-se desmistificar esta visão ao propor que as relações entre deficiência e trabalho sejam pensadas a partir da ergonomia na profissionalização dos administradores no âmbito da formação inicial. Mesa: Trabalho e Empreendorismo: diferentes visões - 6 de Fevereiro - 14h30 - 316 Moderador: Maria da Conceição Cerdeira Título Trabalho, identidades e políticas de requalificação em Belo Horizonte: Camêlo ou empreendedor popular? ID 367 Autores Juliana Gonzaga Jayme, Magda de Almeida Neves Resumo: Se o trabalho dos camelôs em Belo Horizonte existe desde a sua fundação, a partir de 1980 houve um aumento significativo dessa atividade, como em outras cidades brasileiras, já que esse período se caracterizou por fenômenos como a reestruturação produtiva, o fechamento de postos de trabalho nas indústrias, o crescente desemprego e o aumento das atividades (no mais das vezes informais) no setor de serviços. Por outro lado, por volta de 1990, tornaram-se comuns as

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políticas de revitalização das regiões centrais de grandes cidades, buscando valorizá-las, muitas vezes com um caráter higienizador e segregador. Hoje essas políticas vêm sendo repensadas e, se não a prática, pelo menos o discurso aponta para a valorização das áreas centrais, mas de maneira a abrigar os diferentes sujeitos que as utilizam como local de trabalho, lazer ou moradia. Em Belo Horizonte uma das ações da prefeitura - em parceria com setores privados - foi a construção de shoppings populares para abrigar os camelôs que passaram a ser denominados empreendedores populares. Este artigo busca discutir em que medida é possível pensar as relações entre trabalho e identidade a partir desse novo-velho trabalhador. Cabe então perguntar: os empreendedores populares se identificam como tal? Se sim, por que e em relação a quem? No atual cenário pode-se pensar que as identidades construídas a partir do trabalho sejam mais fluidas, exatamente porque o próprio “mundo do trabalho” não é mais tão sólido? Título Conexão entre Desenvolvimento Regional e Empreendimentos Populares ID 531 Autores Ana Maria Pires Mendes, Maria José Barbosa Zezé, Maria Madalena Freire Mada Resumo: Neste artigo, apresentamos a experiência do Projeto “Desenvolvimento Regional e Arranjos Produtivos Locais de Economia Solidária na Amazônia: mobilização, formação e inovação de Empreendimentos Solidários”, em parceria com a então Agência de Desenvolvimento da Amazônia – ADA/Pará, atual Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM, órgão de fomento de Política Pública de Desenvolvimento Regional. O referido Projeto está vinculado a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Populares – PITCPES, que é um Programa de Extensão da Universidade Federal do Pará, de assessoria a grupos de empreendimentos populares solidários, cujas ações constituem-se campo de articulação entre o ensino, pesquisa e a extensão. O projeto teve como área de abrangência os Estados do Pará ( Região Metropolitana de Belém), Acre e Roraima que fazem parte da Amazônia Legal, ficando sua coordenação geral com a ITCPES/Pará. Mas para efeito deste artigo daremos ênfase aos empreendimentos beneficiados da Região Metropolitana de Belém, em virtude de termos acompanhado diretamente esses grupos. O mesmo teve a duração de um ano, ocorreu no período de junho de 2006 a maio de 2007. Na região Metropolitana de Belém, inscreveram-se 25 empreendimentos populares, mas foram selecionados 10, deste apenas um não conseguiu acompanhar o projeto, o processo de operacionalização teve início com a mobilização, inscrição, seleção e acompanhamento dos empreendimentos, que ocorreu através de visitas técnicas, a aplicação de questionário e capacitação/formação (oficinas, reuniões e cursos). O referido projeto teve como objetivo principal criar alternativas concretas de inclusão sócio-econômica dos trabalhadores. Os empreendimentos beneficiários apresentaram o seguinte perfil: a maioria formado por grupo de mulheres, com baixa escolaridade, predominando o ensino fundamental, faixa etária entre 25 a 39 anos, com a predominância de renda até um salário mínimo. Título A Democracia dialógica: uma análise das iniciativas de economia solidária no Brasil ID 550 Autores Daniela Miranda Resumo: A economia solidária, também conhecida em outros países da América Latina como economia social, se caracteriza por experiências associativas de trabalho e renda sob o enfoque de uma outra forma de se fazer economia. Mais comprometidas com o desenvolvimento humano, as experiências autogestionárias representam atualmente no Brasil mais de 21.000 empreendimentos. O envolvimento de atores sociais nesse contexto constitui-se como um imperativo, uma vez que o agir social dos empreendimentos na esfera pública representam por si só uma outra lógica nas relações econômicas e de trabalho, que se estabelecem para além de uma simples alternativa ao desemprego. A democracia tem sido alvo de permanente debate teórico, principalmente diante do fato de que a democracia representativa não corresponde à complexidade social contemporânea, uma vez que as organizações partidárias tendem a supervalorizar as estruturas burocráticas, transformando a ação política em questão a ser tratada por “especialistas”, fazendo com que as formas de representação sirvam, via de regra, mais para dominar do que para servir às classes populares. Assim, o estudo se constitui no sentido de verificar a existência de práticas dialógicas nos empreendimentos de economia solidária, bem como se essas práticas se estabelecem como condições constitutivas dos empreendimentos. A questão de fundo tenciona investigar como se dá a participação democrática dos empreendimentos de economia solidária, em especial nas suas formas de articulação política e de representação na esfera pública. Para tanto, a pesquisa apóia-se em dados empíricos que demonstram a existência de vínculos sociais nos empreendimentos de economia solidária. Os dados pertencem a base de dados do governo federal, ou seja, do SIES (Sistema de Informações sobre Economia Solidária). Os dados empíricos partem de estudos já realizados sobre o tema, bem como em relação à análise dos dados do Primeiro Mapeamento Nacional de Economia Solidária do Brasil, constante na base de dados eletrônica do Sistema de Informação de Economia Solidária. Título Trabalho e Mulheres: Organização e estratégias de geração de renda ID 705 Autores Terezinha Moreira Lima Lima, Sara Diniz Nascimento, Sahra Caroline Rodrigues Trinta Resumo: As relações desiguais de gênero no mundo do trabalho têm se acentuado, sobretudo em relação aos processos de desenvolvimento capitalista caracterizados pelo desemprego, precarização e desregulamentação das leis de proteção social que atingem a mão de obra feminina, tanto pela falta de equidade em relação aos homens quanto pelas condições de trabalho impostas às mulheres. Os processos de flexibilização do capital e do desemprego estrutural tendem a influir mais sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho, reservando a elas as ocupações mais precárias com prolongadas jornadas de trabalho, sem garantias sociais e desnivelamento salarial em relação aos homens. Entretanto, no bojo das crises de reestruturação produtiva surgem alternativas de geração de trabalho e renda onde trabalhadores (as) recriam formas solidárias de trabalho fundadas em princípios da auto-gestão e cooperação denominadas de economia solidária com vista ao enfrentamento das crises do capitalismo e dos níveis abismais das desigualdades sociais. Destacam-se organizações de mulheres que objetivam não só a geração de trabalho e renda, mas, também, a aprendizagem de uma profissão e a elevação da auto-estima, não mais se restringindo à identidade de dona de casa, mãe e esposa, como exclusivamente das mulheres. Desta forma, as experiências do Arza Biojóia e da Associação de Mães do Rio Grande de

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São Luís congregam mulheres artesãs nessa nova forma de organização do mundo do trabalho, desenvolvendo estratégias de geração de renda a partir da cooperação, auto-gestão e solidariedade. Título Cooperativismo: uma alternativa organizacional do trabalho ID 1586 Autores Thatiana de Andrade Figueira Avila, João Eduardo Tombi Avila, Ariany Maia Santos, Leonardo Francisco Figueiredo Neto Resumo: O artigo analisa as cooperativas como uma alternativa viável de organização do trabalho, desvencilhando-se do modelo estrutural individualista e centralizado voltando o olhar para a cooperação. Algumas diferenças entre cooperativa e empresa privada são apresentadas, assim como uma apresentação da gestão cooperativa e alguns desafios são expostos no ato de cooperar. O objetivo é expor uma alternativa viável de trabalho e caracterizar a organização cooperativa bem como suas peculiaridades. Mesa: Trabalho e Precarização - 6 de Fevereiro - 14h30 - 315 Moderador: Celso Ferretti Título Relações de Trabalho no mundo globalizado ID 1353 Autores Maria José Oliveira Lima Resumo: O presente artigo pretende refletir sobre a possibilidade do processo de trabalho oferecer auto-realização ao homem mesmo com as alterações pelas quais passa o mundo do trabalho. As mudanças ocorridas após a segunda guerra mundial são fruto do desenvolvimento do sistema capitalista de produção que atinge níveis de mundialização a partir dos anos de 80 do século XX. Para Ianni (1992) a globalização, pode ser considerada como um processo caracterizado por mudanças em diferentes esferas da sociedade mundial e que altera relações, processos e atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, ainda que de modo desigual e contraditório. Observa-se que a globalização traz inúmeras mudanças na vida do trabalhador. Suas principais conseqüências resultam na precarização do trabalho, na flexibilização das relações de trabalho, no crescimento do desemprego e desregulamentação dos direitos trabalhistas, gerando assim, situações de exclusão social e privação dos direitos fundamentais da pessoa humana. Diante de tantas e rápidas transformações em volta do universo do trabalho, a classe trabalhadora pode ser dividida em dois grupos. A primeira, composta por trabalhadores inseridos nas empresas, com determinada segurança trabalhista, mais adaptável aos processos, flexíveis e móveis. A segunda, composta por trabalhadores empregados em tempo integral, possibilita habilidades facilmente disponíveis ao mercado de trabalho, com alta rotatividade. Ainda pertencente a este grupo, os trabalhadores em situação periférica, o que quer dizer: empregados em tempo parcial, casual, com contrato por tempo determinado, temporário e subcontratado. Título Novas formas de reprodução da precariedade nas relações de trabalho: Um estudo sobre os trabalhadores de moto-táxi em Campina Grande – PB ID 1381 Autores Jucelino Luna Resumo: No mundo contemporâneo assistimos o crescimento incontestável do desemprego, configurando-se no maior drama social da modernidade. Hoje, segundo dados da (OIT), quase um terço da força humana mundial disponível para o ato laborativo está exercendo trabalho parciais, precários, temporários ou vivencia as agruras do não-trabalho, do desemprego estrutural. Perambulam pelo mundo, como “prometeus” modernos, à cata de algo para sobreviver (ANTUNES, 2005). O propósito da comunicação é, de fato, discutir o fenômeno do moto-taxismo enquanto uma manifestação das novas formas de trabalho informal e precário. Trata-se de um fenômeno, o do moto-taxismo, que vem manifestando-se nas duas últimas décadas em todas as regiões do país, principalmente nas cidades interioranas de porte médio. Campina Grande, na Paraíba, é um caso típico, quanto a isso. Ao mesmo tempo, situa-se sob um contexto mais amplo, das novas formas de trabalho e de regulação das relações de trabalho, desencadeadas com a globalização. Entender esse contexto mais amplo é uma condição fundamental para a nossa pesquisa. A questão central que permeia o nosso trabalho é: que tipos de relações de trabalho e de formas de sociabilidade estão na base de constituição desse novo segmento de trabalhadores, tendo-se em conta os novos padrões de relações de trabalho que estão compondo na atualidade o mundo do trabalho. Título A Precarização do Trabalho e a Ausência de Proteção Social no Setor Produtivo de Confecções de Pernambuco ID 1501 Autores Ana Elizabete Mota, Viviane Souza, Luanne Alves Resumo: A pesquisa tem como propósito realizar um estudo sobre a experiência produtiva do município de Toritama, situado no Agreste Setentrional de Pernambuco. Trata-se de uma iniciativa de desenvolvimento local no ramo da indústria têxtil, mais especificamente no setor de vestuário com especialização na confecção de jeans, com grande absorção de força de trabalho no mercado local e regional. A pesquisa tem como foco a relação entre dinamismo econômico e as condições de vida e de trabalho da população, posto que o crescimento da economia local não vem garantindo desenvolvimento social e melhores condições gerais de vida da população local. Temos por suposto que o desenvolvimento / crescimento econômico, por si só, não significa, nem assegura o usufruto social da riqueza produzida. Embora haja expansão de emprego e de ocupações remuneradas, o município apresenta indícios e indicadores de pobreza. Por isso, o nosso intuito é fornecer subsídios para uma reflexão crítica e apresentar dados e argumentos que exponham o custo do desenvolvimento econômico, expondo as formas de precarização do trabalho e condições de vida da população, visto que a realidade do município revela uma visível precariedade nas condições de trabalho e ausência de

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proteção social na região, embora as estatísticas indiquem que Toritama alcançou elevados níveis de produção e absorção de mão-de-obra. Mesa: Cultura profissional e profissionalização: novos desafios e protagonistas - 6 de Fevereiro - 16h15 - 206 Moderador: José Eustáquio de Brito Título Modalidades de Inserção Profissional, Espaços de Atuação e Percepções do Jornalismo no Brasil ID166 Autores Fernanda Petrarca Resumo: Este artigo é resultado de uma tese de doutorado e analisa as condições sociais de ingresso e ascensão profissional no jornalismo no Brasil. O material empírico é constituído por uma pesquisa do conjunto dos jornalistas que ocupam posições dirigentes em diversos espaços de atuação profissional (como jornais, emissoras de rádio, canais de televisão, assessoria de imprensa, universidade, entidades associativas e de representação profissional). Parte-se do princípio que nas lutas profissionais por classificação e por acesso a certas posições os agentes comprometem os recursos que acumularam durante seu trajeto social e profissional e que resultam de sua origem social, formação escolar e inserção em outras esferas de atividade. Nesta investigação interessou, particularmente, a relação entre recursos sociais e esferas de atuação, com objetivo de identificar de que forma as esferas em que os jornalistas estão inseridos possibilitam, enquanto espaços de sociabilidade, a acumulação de um conjunto de recursos que podem ser reconvertidos em recursos profissionais. Além disso, tornou-se igualmente relevante investigar de que forma a inserção em certas esferas sociais contribui para determinadas concepções da profissão, uma vez que as esferas sociais são, ao mesmo tempo, espaços de interações concretas e uma estrutura de sentido. A capacidade de mobilizar diferentes inserções e reconverter recursos provenientes de diversos espaços sociais apresentou-se como uma garantia de “sucesso” profissional. Dentre os recursos mobilizados, estão aqueles proporcionados pelas origens sociais elevadas, os obtidos no interior das redações jornalísticas e aqueles acumulados pela experiência em movimentos sociais e atuação política. Título Apreciações sobre o conservadorismo no serviço social ID 178 Autores Ana Paula Rocha de Sales Miranda, Regina Maria Giffoni Marsiglia, Patrícia Barreto Cavalcanti, Mirian Alves da Silva, Claudenizia de Oliveira Pereira Resumo: Tendo a questão social, ou suas múltiplas expressões, como base social histórica para a profissionalização do Serviço Social, a profissão surge no Brasil envolta pela ideologia conservadora e pelo projeto da classe dominante que enfocava a questão social de modo despolitizado e individualizador. Esse pensamento conservador passou a ser questionada nos anos 1950, esbarrando com o Golpe Militar de 1964 cuja repressão compeliu a profissão para uma preocupação maior com seu instrumental e metodologias. Nos anos 1980, o Serviço Social se aproxima da vertente marxista que passa a orientar o projeto ético-político profissional na década seguinte. Contudo, é também neste momento que as idéias neoliberais passam a vigorar no plano econômico, trazendo importantes reflexos sobre os planos político e social, redundando em políticas sociais reducionistas que encontram na pós-modernidade o caminho fértil para a justificativa dessa perspectiva individualizadora e o questionamento da teoria marxista. Este conjunto de fatores, somado à permanência na profissão de práticas tuteladoras e burocratizadas perpassadas pelo pensamento conservador, contrárias ao projeto hegemônico profissional, mas que conviviam com o mesmo, abre espaço para a recuperação de valores tradicionalistas na sociedade e para o fortalecimento das idéias conservadoras que partindo de questões como a responsabilização do cuidado, a valorização do local, do capital social, da solidariedade, do voluntariado e mesmo da família confluem perversamente com as propostas emancipatórias que se utilizam das mesmas questões, porém sob uma ótica diferente, exigindo do Assistente Social uma postura crítica no seu cotidiano profissional e clareza do seu referencial teórico e metodológico. Título As tradicionais técnicas de construção naval artesanal maranhense e o conceito de bem cultural imaterial ID 685 Autores Raissa Moreira Lima Mendes Resumo: O trabalho analisa a inclusão do modo de fazer das tradicionais técnicas da construção naval artesanal maranhense no conceito de bem cultural de natureza imaterial formador do patrimônio cultural brasileiro. Verifica-se a cultura como direito social fundamental e o patrimônio cultural como direito difuso e foco de proteção do Direito Ambiental Brasileiro, a partir da atual visão holística de meio ambiente, que engloba fatores de ordem física, biológica e socioeconômica. O estudo identificou mecanismos legais de defesa e valorização do patrimônio cultural imaterial brasileiro, propícios ao reconhecimento do modo de fazer em questão. Constatou-se, portanto, ser possível a inclusão das técnicas da construção naval artesanal maranhense como bem cultural imaterial no Livro dos Saberes do Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, o que possibilita o reconhecimento e a salvaguarda legais que lhes são devidos, por constituírem referência à identidade, à ação e à memória de grupo formador da sociedade, revelando-se a riqueza da diversidade cultural do país. Título Intersecções entre capital e trabalho: a industria do calçado de Franca (Brasil) ID 1294 Autores Alexandre Marques Mendes, Agnaldo de Sousa Barbosa Resumo: Historicamente, a indústria de calçado é uma atividade de nível tecnológico baixo e, todavia, também nos dias atuais apresenta características manufatureiras. Esse aspecto se projeta diretamente na dinâmica de formação das classes sociais no setor: o trabalho manual além de ser o fator central nesse universo produtivo, ademais, é inclusive um elemento de conexão para a gênese de inúmeras trajetórias empresariais. Com base nesse contexto reflexivo, como pensar uma reestruturação do mundo do trabalho nesse setor produtivo? Em um tempo em que as referências à superação do fordismo

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são habituais e freqüentes, nas Ciências Sociais, muitas vezes com a fala do “fim do trabalho”, como refletir acerca de uma atividade industrial em que, por suas especificidades, mantém traços característicos do passado do capitalismo industrial? Nosso intento, com esta ponência é articular os resultados das investigações feitas em nosso doutoramento, contestando correntes teóricas clássicas, partindo de pressupostos distintos, do capital e trabalho, indicando que estes apresentam mais convergências que uma consideração a priori poderia presumir. Título Rolo compressor e água da fonte: jovens, reprodução e técnicas de subjetivação capitalísticas contemporâneas ID 1562 Autores Igor Vinicius Lima Valentim, Nadine Friedrich Cabral Resumo: Setembro de 2008. Jornais noticiam incertezas quanto a uma suposta recessão de escala mundial prestes a estourar. Supostos especialistas em economia ganham as telas dos televisores mundo afora e não se cansam de repetir os perigos que corremos se ganhar maiores proporções uma crise mundial no setor financeiro graças a ‘grandes’ empresas americanas. Setecentos bilhões de dólares. Esse é o tamanho preliminar da ‘ajuda’ dos Estados Unidos da América às suas empresas para enfrentar a mais nova ‘crise’ do capitalismo contemporâneo e acalmar os ânimos, com a intenção de tudo continue na mais perfeita normalidade. Setembro de 2006. Sala de reuniões de uma das maiores empresas americanas. Em conversa com os mais novos contratados da companhia, cerca de vinte universitários recém-formados em instituições ‘de prestígio’, o presidente da corporação discursa sobre a necessidade de que os novos ‘colaboradores’ tenham foco nos resultados e ressalta a importância de que estes ‘talentos’ entendam a necessidade de serem ‘rolos compressores’. Horas mais tarde, em outra reunião, uma alta executiva da área de recursos humanos discorre sobre a necessidade que os mesmos funcionários se comportem como a água, mantendo suas propriedades enquanto se moldam às mais diferentes situações. Este artigo busca, por meio do cruzamento das cenas acima expostas, investigar que técnicas de subjetivação saltam aos nossos olhos e nos alertam neste cenário injusto e discrepante da contemporaneidade? Como os jovens participam disso? E mais, é possível falar em crise financeira com tanto dinheiro à disposição destas organizações capitalistas? Título Confiança Organizacional num contexto de Desenvolvimento Organizacional ID 1641 Autores Ana Paula Aguiar Martins Resumo: O enquadramento temático no qual se desenvolve este estudo é o da confiança organizacional e o desenvolvimento organizacional. O objectivo deste estudo é analisar como a confiança organizacional interage de forma diferenciadora, enquanto um elemento intrínseco, num clima de mudança e de procura do desenvolvimento organizacional, que visa orientações para o sucesso da organização ao nível dos recursos humanos. Dada a especificidade do tema, a abordagem orientada será qualitativa e o método de investigação será um estudo de caso único, baseado na “Grounded theory”, esta metodologia tem como objectivo último gerar teoria que é construída com base na recolha e análise sistemática e rigorosa dos dados e na orientação dos investigadores, através de um processo indutivo de produção de conhecimento. Este estudo se realizará num centro de formação, na região Norte do país, cujas necessidades vão de encontro a essa temática. Neste contexto, o estudo analisará a confiança organizacional, buscando verificar hipóteses teóricas de que esta pode constituir uma variável crítica, capaz de influenciar a eficácia de um processo de mudança e de desenvolvimento organizacional. Dado que a literatura existente sobre a confiança organizacional é relativamente recente, por conseguinte, relaciona-la com a mudança e o desenvolvimento organizacional ao nível dos recursos humanos, dará sem dúvida, a originalidade necessária para a investigação, que advém da inter-relação entre os três conjuntos de processos, a citar: confiança, mudança e desenvolvimento organizacional. Pesquisas sobre a confiança organizacional e o desenvolvimento organizacional são importantes para minimizar os conflitos entre os indivíduos e as organizações, assim sendo, é de grande importância esta investigação, que na altura da realização do Congresso, espero já ter dados empíricos consistentes para demonstrar. Mesa: Políticas de gestão de recursos humanos - 6 de Fevereiro - 16h15 - 208 Moderador: Ana Maria F. Teixeira Título Incubadora de economia solidária e potencialização do desenvolvimento sustentável e da autonomia das experiências de geração de trabalho e renda em São Borja e na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul ID 1262 Autores Caroline Goerck, Sheila Kocourek, Monique Bronzoni Damascena Resumo: A assessoria pode ser entendida como uma forma de acompanhamento e monitoramento de uma determinada demanda, em que o assessor normalmente não tem vínculo permanente com o local da prestação e realização desse trabalho. Pretende-se por meio desta atividade de assessoria implantar uma Incubadora de Economia Solidária no Centro de Ciências Sociais – Campus São Borja/UNIPAMPA –, com vistas a potencializar e fortalecer o desenvolvimento sustentável e a autonomia das experiências de geração de trabalho e renda incubadas em São Borja e na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Por meio deste projeto de extensão comunitária, que visa a implantação de uma nova incubadora, pretende-se fortalecer e contribuir para o processo de constituição de uma rede que envolva os empreendimentos coletivos, com vistas a incluir os sujeitos que se encontram a margem do mercado formal de trabalho na sociedade. Primeiramente serão quatro experiências incubadas no município de São Borja, posteriormente pretende-se assessorar outros empreendimentos da Região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Refere-se que por meio do processo de incubação, objetiva-se que os trabalhadores inseridos nos empreendimentos assessorados alcancem uma renda mensal de um salário mínimo. Pretende-se também promover a melhoria na qualidade e condições de vida dos trabalhadores pertencentes às experiências incubadas, que estão em situação de vulnerabilidade social.

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Título As funcionárias terceirizadas da Universidade de Brasília e seus filhos no trabalho: conseqüências da falta de escolas públicas de tempo integral. ID 628 Autores Kelly Barbi Resumo: Este estudo buscou analisar quais as razões para as funcionárias terceirizadas da Universidade de Brasília levarem seus filhos para o ambiente de trabalho. Foram realizadas dez entrevistas com a categoria selecionada. A coleta de dados baseou-se nas observações: ordinária e participante, seguida de entrevistas não-estruturadas do tipo guiadas. Os principais tópicos abordados na entrevista permitiram uma visão ampliada acerca do problema colocado, transitando nas esferas particular e global. Questões como a situação atual do emprego; suas preferências quando o assunto é a escola; o real desejo de seus filhos; seus sentimentos pela Universidade sintetizam alguns dos pontos trabalhados com essas mães. Os resultados demonstram que há uma significativa demanda por escolas públicas de tempo integral. A dupla jornada de trabalho feminino se mostrou uma peça-chave para a manutenção da dinâmica familiar. Por fim, revela a necessidade de mais pesquisas sobre escolas de tempo integral na tentativa de solucionar uma demanda real e concreta. Título O bom-senso como competência politica dos profissionais de recursos humanosB545 ID 690 Autores António José Almeida Resumo: Colocados no terreno da gestão das relações de trabalho, os profissionais de recursos humanos vêem-se confrontados, particularmente no contexto das sociedades de capitalismo avançado, com a crescente sofisticação simbólica dos instrumentos de dominação ao serem chamados a implementar politicas de docilização consentida da mão-de-obra numa sociedade em que o culto da performance se transformou no valor social hegemónico (Ehrenberg, 1991). A implementação de políticas de docilização, embora recorra a um aparato técnico-instrumental cada vez mais sofisticado, de que a gestão pelas competências ou a avaliação de desempenho a 360º são exemplos, parece fazer-se, sobretudo, através da mobilização de recursos discursivos capazes de funcionar como mecanismos de disciplinarização (Fournier, 1999). Para actuar neste contexto dominado pela conformação ideológica através do controlo simbólico, os profissionais de recursos humanos são chamados a mobilizar um conjunto de competências de natureza política de que o bom-senso parece ser o elemento aglutinador (Reed, 1997). Partindo da problemática enunciada, a presente comunicação pretende dar conta dos resultados preliminares de um projecto de investigação em curso para obtenção do grau de doutor em que, a partir da análise de conteúdo de cinco entrevistas semi-directivas a directores de recursos humanos de grandes empresas portuguesas, procuramos discutir o papel das competências políticas no exercício quotidiano das suas práticas profissionais. Os resultados obtidos confirmam a centralidade deste tipo de competências, de que o bom-senso é o elemento discursivo de referência, em virtude da natureza eminentemente relacional e simbólica do papel que os profissionais de recursos humanos são chamados a desempenhar. Título Educação, formação para o trabalho e hegemonia ID 472 Autores Filippina Chinelli Resumo: No esforço de articular e justificar o chamado novo paradigma produtivo – no permanente processo de construção e manutenção da hegemonia –, nunca, como hoje, as instituições educacionais estiveram tão profundamente impregnadas e orientadas pela ideologia do mercado, assumindo o empresariado um protagonismo cada vez mais direto no campo educacional. A educação vem se constituindo em instrumento privilegiado de inculcação de dispositivos ideológicos capazes de produzir trabalhadores “dóceis”, ativos “colaboradores” do capital. São analisados os novos formatos educacionais acionados pelas empresas – a “educação corporativa” e suas variações –, associando-os aos processos de mudança que vêm ocorrendo no país, no contexto de mundialização do capital. A investigação empírica foi realizada com “colaboradores” da maior empresa de telecomunicações do país e com trabalhadores tercerizados que a ela prestam serviços, para os quais a mesma empresa financiou programa de elevação de escolaridade, estruturado com autonomia pedagógica pelo sindicato da categoria – Sinttel-Rio. Título Estratégias empresariais e gestão da formação no sector de componentes para automóvel ID 450 Autores João Pedro Cordeiro, Paulo Manuel Almeida Lima Resumo: A evolução das organizações e a complexidade envolvida na sua gestão têm feito com que a gestão de recursos humanos seja reconhecida como um dos factores importantes para a eficiência organizacional. As empresas consideram os recursos humanos como o factor gerador de saberes e competências, proporcionando uma posição diferenciada face à concorrência. Apesar da importância do factor humano, os gestores encontram ainda dificuldade em estabelecer ligações entre as práticas de gestão de recursos humanos e a estratégia organizacional. Todavia, conforme reflectido por alguns autores, as organizações com pessoal motivado, flexível e comprometido possuem maior capacidade para implementar as estratégias concebidas. Deve pois haver a responsabilidade de colocar nas organizações profissionais capacitados, qualificados e competentes, que serão os principias responsáveis pela identificação e implementação das estratégias. Neste sentido, o objectivo desta comunicação é o de compreender as inter-relações existentes entre as práticas de gestão da formação dos quadros superiores e as estratégias empresariais no sector de componentes para automóvel. As estratégias empresariais constituem um conjunto de objectivos e de políticas voltadas para orientar o comportamento global da empresa em relação ao seu ambiente interno e externo. Ao nível das estratégias empresariais, procurar-se-á identificar qual é a estratégia principal preconizada pelas empresas. A gestão de quadros pode contribuir para a maximização da eficácia das organizações, desde que as práticas de gestão sejam capazes de orientar os comportamentos na busca dos objectivos estratégicos estabelecidos. Ao nível da gestão de quadros, procurar-se-á caracterizar as práticas de gestão da formação para os quadros superiores.

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Título Os Trabalhadores sociais e os novos desafios na contemporaneidade ID 697 Autores Celeste Aparecida Barbosa, Nanci Soares Resumo: A vertente temática, sociedades desiguais e paradigmas em confronto, expressam a interpretação dos acontecimentos nas últimas décadas, tomamos como ponto de partida às modificações no mundo do trabalho, as quais podem ser percebidas na sociedade, no Brasil são intensas essas alterações, o que exige do trabalhador social compromisso com a construção da cidadania, defesa da esfera pública, cultivo da democracia, equidade e liberdade. O mundo atual passa pela crescente precarização do trabalho, a ocorrência do aumento do desemprego estrutural, o avanço tecnológico, a necessidade premente de adequação aos novos padrões de produção que em seu recente formato tem aumentado à legião daqueles que se encontram privados de vender a sua força de trabalho, pode ser visto como um dos meios geradores da desigualdade social. A situação de exclusão da qual a maioria dos brasileiros está exposta, violenta a pessoa humana negando a própria razão da vida social. O fenômeno do desemprego tem sido motivo de intenso debate considerando-o como eixo das discussões no âmbito das propostas de intervenção do assistente social. O Serviço Social como ciência social aplicada, caracteriza-se e identifica-se historicamente, pela prática da assistência social. A direção do agir profissional foi estabelecida pelo capitalismo e suas estratégias e mecanismos de opressão social e reprodução da ideologia dominante, o grande desafio na contemporaneidade ocorre quando a ação desloca-se dentro de um processo mediador de duas realidades: de um lado uma minoria privilegiada que direciona seus interesses e por outro, cidadãos que necessitam exercitar seus direitos na luta pela cidadania. Mesa: Trabalho, Saúde e Desprotecção Social - 6 de Fevereiro - 16h15 - 211 Moderador: Iolanda Maria Alves Évora Título Trabalho e Sociabilidade na Construção Civil ID 745 Autores Ivonaldo Leite Resumo: Como fenômeno que medeia a relação entre o ser humano e a natureza (entendendo-se que ele próprio é parte da natureza), o trabalho é, portanto, um dispositivo que produz cultura. Assim, pode afirmar-se que o acto de transformação da natureza é também um acto de liberdade, pois se num primeiro momento a natureza se apresenta aos homens como destino, é o trabalho a condição de superação dos determinismos. De outra parte, o trabalho deve ser concebido como fenómeno de dupla dimensão: por um lado, ele é essa relação de intercâmbio com a natureza, impulso de encontro do humano consigo mesmo e com a liberdade, e por outro, ele é uma relação social, no limite, marcada pelo sofrimento, na medida em que, como resultado do assalariamento, ela reveste o trabalho humano de alienação (do latim alienare, afastar, distanciar, separar). Tendo como referência este enquadramento teórico, a comunicação objectiva analisar as manifestação de sociabilidade entre os trabalhadores da construção civil, a partir de uma investigação levada a efeito na cidade de Mossoró, estado do Rio Grande do Norte/Brasil. Como resultados, entre outras constatações, obteve-se o seguinte: 1) o sofrimento profissional é uma das marcas do trabalho na construção civil; 2) em segmentos da mesma, não há, por parte dos trabalhadores, sentimento de identidade profissional, em decorrência da precariedade laboral; 3) são frequentes os casos de alcoolismo entre os trabalhadores. Conclusivamente, realça-se, por exemplo, que o desenvolvimento autônomo da sociabilidade no sector tem sido bloqueado. Título A Máscar caiu… uma análise qualitativa sobre Assédio Moral em Iinstituições de Ensino Superior no Brasil. ID 1064 Autores Françoise Dominique Valéry, Ivanilde Maria Severiano Resumo: Estudos e pesquisas sobre assédio moral estão se multiplicando no Brasil, focalizando a ocorrência deste fenômeno no ambiente de trabalho, em diversas organizações e empresas. Com base em inúmeras denúncias de funcionários, alunos e professores de Instituições de Ensino Superior – IES, a pesquisa busca identificar as diversas modalidades e especificidades do assédio moral em IES no Brasil. A equipe já efetuou um levantamento preliminar, de natureza quantitativo, sobre a freqüência e modalidades de assédio moral em IES públicas (esfera federal e estadual) no Brasil e comparou dados levantados em diversas regiões. Com base no perfil dos respondentes e na análise qualitativa de suas respostas, o trabalho pretende desvendar um pouco mais deste fenômeno, a partir das percepções de docentes e discentes que vivenciaram diversas modalidades de assédio moral no ambiente universitário. Utiliza-se de categorias tais como: relações hierárquicas, relações de poder, relações de gênero, classe, cor e idade, preconceito e discriminação, aspectos sexuais e aspectos psicológicos. Tais categorias ilustradas pelas falas dos sujeitos pesquisados revelam que o assédio moral vai bem alem da agressão verbal ou física e que suas conseqüências na instauração de um “império do medo” no ambiente de trabalho e estudo requererem intensa mobilização no combate institucional à este fenômeno, ainda menosprezado ou pouco tratado pelas IES no Brasil. Colocando em filigrana as dimensões da educação, ética e moral, cidadania e direitos humanos, o trabalho oferece subsídios para o combate ao assédio moral no seio do mundo universitário. Título Condições de Trabalho e Acidentes Laborais em Portugal: entre regulação e competitividade económica ID 1079 Autores Teresa Maneca Lima Resumo: As profundas mudanças observadas na organização dos processos de trabalho, visando o aumento da produtividade, da flexibilidade e a redução os custos de produção, geralmente não vêm acompanhadas de uma melhoria efectiva das condições de trabalho. Se, por um lado, a (des)regulação e a privatização económica são usadas em nome do aumento da produtividade, permitindo que a definição de políticas públicas e o próprio direito laboral nacional se transformem em vantagens comparativas. Por outro lado, a globalização e a liberalização dos mercados trouxe para as agendas públicas e políticas o debate em torno da promoção dos direitos laborais.

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Partindo desta discussão e da relação entre Estado e Mercado, este paper pretende discutir, à luz das alterações económicas e laborais actuais, o fenómeno da sinistralidade laboral em Portugal, que apesar de não ser um fenómeno novo ou exclusivo da nossa sociedade, permanece como um problema laboral e social grave, uma vez que, não obstante o investimento sucessivo em políticas de prevenção e campanhas de sensibilização, os números relativos a acidentes de trabalho (mortais e não mortais) se mantém elevados. Este cenário parece mostrar, então, que as políticas de prevenção e a regulação do fenómeno dos riscos laborais falharam, demonstrando de igual modo uma maior fragilidade e erosão dos direitos dos trabalhadores, nomeadamente o direito à segurança e saúde no trabalho, o direito a um trabalho digno e decente. Título Plano Simplificado da Previdência Social: é a solução para inclusão previdenciária brasileira ? ID 1106 Autores Amelia Pegas Pereira da Silva Resumo: A década de 80 foi palco de algumas inflexões que apontaram para a emergência de reformas na Previdência Brasileira. A Constituição de 1988 instituiu um sistema de Seguridade Social que visa através de ações dos poderes públicos garantir os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social. Com a crise econômica vigente no Brasil, a seguridade se torna vulnerável e vítima do excessivo grau de informalização da economia brasileira. Nesse sentido, a Previdência Social, buscando ampliar a proteção e a promoção sociais através do aumento da cobertura previdenciária e assistencial, instituiu o Programa de Educação Previdenciária. As ações desenvolvidas nesse programa têm como público alvo os contribuintes e não contribuintes do sistema previdenciário e são realizadas através de palestras, cursos de disseminadores, orientação e informação sobre os benefícios e planos da Previdência Social, atendendo aos interesses e necessidades, partindo da realidade da população alvo. Um dos mais recentes planos para promover a inclusão previdenciária de cidadãos não contribuintes foi o Plano Simplificado, aprovado pelo Decreto nº. 6.042 em 12 de fevereiro de 2007, que dispõe sobre a redução da alíquota de contribuição de 20% para 11% do salário mínimo vigente na época. Mas será que esse plano é a solução para a inclusão previdenciária? Diante do exposto, o presente estudo objetiva analisar o Plano Simplificado enquanto alternativa para inclusão no Regime Geral da Previdência Social, comparando com o Plano Tradicional e com a realidade vivenciada pelo Programa de Educação Previdenciária no Brasil. Título Trabalho e trabalhadores no complexo agroindustrial canavieiro no Brasil ID 1236 Autores José Roberto Pereira Novaes Resumo: A comunicação está baseada em pesquisas sobre as mudanças tecnológicas na lavoura canavieira do Brasil e suas consequências na dinâmica do mercado de trabalho gerando novas formas de arregimentação, organização e gestão do trabalho agrícola. A despeito dos benefícios da mecanização agrícola, em tempos de produção de etanol, mudanças no padrão de produtividade intensificam o ritmo e precarizam relações de trabalho no campo. Ao mesmo tempo em que os Departamentos de Recursos Humanos se utilizam de modernas técnicas de motivação e premiação para os trabalhadores "campeões de produtividade", os jornais do ESttado de São Paulo - o mais rico do Brasil - noticiam mortes por exaustão de trabalhadores nos canaviais. Novos critérios de arregimentação e gestão da mão de obra fazem com que, nos dias atuais, entre os cortadores de cana predominem jovens trabalhadores migrantes no vigor de sua força física que devem se mostrar capazes de cortar, no mínimo, 10 toneladas de cana por dia. A reflexão proposta trata do paradoxo presente na equação: modernização agrícola/ caimbras e doenças resultantes da superexploração da força de trabalho. Título A violência visível e invisível dos acidentes de trabalho na polícia militar do Rio Grande do Sul/Brasil ID 1308 Autores Cristina Kologeski Fraga Resumo: Trata-se de uma pesquisa que originou a tese de Doutorado em Serviço Social que investigou o acidente trabalho na Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul – Brigada Militar – no Brasil, ancorando-se na hipótese de que o mesmo expressa formas de violência construídas na sociedade contemporânea, instituídas e legitimadas na Brigada Militar (BM). Na BM, essas formas de violência refletem as condições de trabalho policial (formas de execução: precariedade, sobrecarga devido aos trabalhos extras, pressão social e institucional) e sua organização rigidamente hierarquizada (baseada na centralização de decisões, divisão e padronização das tarefas). A análise se deu por meio de uma abordagem que entrelaçou a violência, saúde do trabalhador e Polícia Militar e concretizou-se em um estudo de caso no qual se privilegiou a BM como unidade de referência. Os procedimentos de coleta articulam dados quantitativos e qualitativos sobre o acidente: com os profissionais da saúde, gestores da BM e as famílias das vítimas de acidente. O objetivo foi dar visibilidade às instâncias e dimensões pelas quais se constroem os mecanismos de invisibilidade nos acidentes na BM, captando as múltiplas formas de violência que ocorrem no trabalho do policial. Para a análise utilizou-se a análise de conteúdo e a triangulação. As conclusões sugerem que há uma representação institucional restringindo o acidente à atividade-fim, contrapondo-se às variadas formas e circunstâncias em que estes ocorrem. Evidenciou-se, ainda, a preocupação da instituição com o acidentado que, em muitos momentos, é refém da precariedade de políticas públicas. Mesa: Trabalho: reconfiguração, identidades e precariedade - 6 de Fevereiro - 16h15 - 210 Moderador: Marilia Veronese Título O trabalho do agente comunitário de saúde e a política de atenção básica em São Paulo/Brasil ID 114 Autores Maria Luísa Sandoval Schmidt, Tatiana Freitas Stockler das Neves Resumo: A comunicação será aberta com breve apresentação de pesquisa participante em equipamento de atenção básica em saúde da cidade de São Paulo/Brasil, cujo objetivo foi compreender aspectos da implementação de política pública de atenção primária no embate com o modelo médico-assistencial hegemônico no país. Esta apresentação focalizará dois contextos: a) grupos de discussão com agentes comunitários de saúde (ACSs) e b) observação participante

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das reuniões mensais de profissionais da unidade, durante a permanência de dois anos em campo. Passará à análise do material de campo, priorizando duas linhas interpretativas: a) dimensão política das relações de saber-poder no interior das equipes do Programa de Saúde da Família compostas por médicos generalistas, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACSs e destas equipes com outros profissionais da unidade (médicos especialistas, pessoal administrativo, fonoaudiólogo, educador, entre outros) e b) dimensão ideológica por meio das representações de si e dos outros nas relações de trabalho, contemplando a dinâmica do par identidade/alteridade. A análise revela a centralidade da figura do ACS, a quem se atribui o papel de intermediário entre o sistema público de saúde e a população usuária dos bairros/comunidades pobres da cidade. Este lugar de fronteira configurado pela prática dos ACSs sofre e denuncia as contradições e tensões de uma política cujas metas são definidas à revelia da experiência e dos saberes populares e que, concretamente, reforça os lugares de saber-poder estatais. Título Um trabalho em espiral: o processo de trabalho de agentes comunitários em saúde nas favelas do Rio de Janeiro ID 265 Autores Marize Bastos da Cunha Resumo: O trabalho resulta de uma pesquisa sobre o processo de trabalho educadores comunitários que atuam em favelas do Rio de Janeiro, desenvolvendo ações em saúde, integrados a programas governamentais ou não governamentais. Concebemos o campo de trabalho destes educadores, como um terreno de “fronteira”, espaço não homogêneo, que se forjou historicamente, sendo constituído por relações entre diferentes agentes sociais, localizados em espaços diferenciados do mundo social. Considerando a ação dos educadores na “fronteira”, analisamos o processo de trabalho, demarcando suas determinações e características. E buscamos compreender as experiências e os conhecimentos produzidos pelos agentes. A pesquisa conclui que o terreno de “fronteira” vem se alargando, submetido à lógica do mercado e do jogo político-partidário. Os programas e projetos sociais são criados, mobilizando recursos, mas atuando de forma setorizada, e num ritmo sazonal. No âmbito desta dinâmica, os educadores são inseridos precariamente, as demandas sociais são controladas e respondidas de forma precária. É uma dinâmica que não universaliza direitos, nem estabelece estruturas permanentes. O trabalho destes agentes cresce “em espiral”. Procuram dar resposta aos dramas que presenciam, sem meios para isso, pois não contam com uma estrutura institucional que dê sustentação a suas ações. Enfrentam a precariedade de suas condições de trabalho e da favela, recorrendo a suas experiências de vida e ao conhecimento que acumularam em relação às comunidades. Neste processo, produzem saberes e práticas que constituem “segredos de ofício”. Título Mudanças no trabalho e perspectivas para jovens portadores de necessidades especiais ID 266 Autores Celso Ferretti Resumo: O objetivo deste artigo é o de discutir as transformações no âmbito do trabalho que vêm ocorrendo no Brasil desde a década de 1980 e suas relações com a educação, bem como as perspectivas que se delineiam para os jovens portadores de necessidades especiais nesse contexto. O texto foi estruturado em torno de quatro grandes temas: a) as transformações no trabalho e as demandas que estas originaram para o campo educacional; b) alguns aspectos das reformas educacionais produzidas no país na década de 1990; c) a situação dos jovens frente ao trabalho e à educação no país, de 1990 até o presente; d) situação dos portadores de necessidades especiais relativamente ao trabalho e à educação no país. Entendemos que as transformações que ocorreram no trabalho no plano mundial e as demandas para a constituição de um novo sujeito social, apto a viver nas denominadas “sociedades pós-industriais”, carrearam para a educação expectativas exageradas relativamente à contribuição que esta pode oferecer para a inserção de potenciais trabalhadores no mercado de trabalho. Consideramos que essa contribuição existe, mas é menos central do que se pretende fazer crer, na medida em que tal inserção depende da complexa relação existente entre determinações de caráter econômico, político, social e cultural. Dentre as de caráter sócio-cultural, estão as diferentes formas de discriminação que afetam amplos contingentes da população. Estas atingem especialmente os portadores de necessidades especiais, apesar das convenções e recomendações da OIT e dos vários dispositivos legais em âmbito nacional que se propõem evitá-las ou combatê-las. Título Abandono aprendido: da investigação às propostas de acção ID 269 Autores Nuno Lima-Santos, Nelson Lima-Santos Resumo: Este estudo tem como mote a visão da psicologia social sobre a exclusão social, particularmente a relação entre trabalho e pobreza, no Grande Porto. O objectivo geral deste trabalho é o de abordar os impactos psicológicos do desemprego e os efeitos psicossociais da duração do desemprego. Procura-se, assim, construir um modelo explicativo integrador, a partir de abordagens teóricas como a teoria atribucional do abandono aprendido, a teoria da expectativa-valor, da auto-eficácia, ou do desenvolvimento do ciclo de vida (life-span). Este modelo procura enfatizar o papel das atribuições causais e do abandono aprendido no que se refere à autonomia, concretamente em diferentes tipologias de desempregados à procura de emprego. Finalizamos com a apresentação de um estudo empírico, que investiga o abandono aprendido em contexto sócio-laboral, particularmente entre empregados e desempregados do sector corticeiro, utilizando uma amostra de 188 sujeitos, empregados no sector ou desempregados com experiência profissional anterior neste sector. Os resultados do estudo das qualidades psicométricas da Escala de Abandono Aprendido evidenciam bons índices de validade, fidelidade e sensibilidade. Foram ainda realizados estudos diferenciais, em função das variáveis sexo (feminino 51,5% e masculino 48,4%), idade (dos 16 aos 30 anos 52,1% e dos 31 aos 45 anos 47,9%), escolaridade (1º ciclo 25,5%, 2º ciclo 26,5%, 3º ciclo 28,1% e secundário 19,6%) e situação sócio-laboral (empregados 50% e desempregados 50%), cujos resultados evidenciam que os sujeitos com maior escolaridade, tal como os sujeitos empregados, apresentam menor abandono aprendido do que, respectivamente, os participantes com menor escolaridade e os desempregados.

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Título Interfarce entre modernização e precariedade: trabalhadores rurais no semi-árido brasileiro ID 475 Autores Sabrina França, Aldenôr Gomes da Silva Resumo: Este trabalho tem por objetivo estudar a lógica de reprodução de formas de assalariamento “espúrias” e precárias de trabalhadores rurais em áreas tecnologicamente avançadas de produção capitalista. A hipótese central é que a relação entre modernização e precarização não pode ser explicada apenas pela dinâmica da globalização acelerada, tendo que se considerar as condições da dinâmica social, suas expressões jurídico-institucionais e as relações que se estabelecem e se renovam continuamente entre o Estado, as empresas e a sociedade civil. Metodologicamente destacam-se: Pesquisa bibliográfica circunscrita dentro do tema de estudo da sociologia rural e da sociologia do trabalho e, pesquisa de campo no Pólo de fruticultura irrigado do Vale do Açu, na região Baixo-Açu, utilizando-se de entrevistas semi-estruturada e da aplicação de questionários a mediadores locais, empresários, líderes sindicais, instituições e, aos trabalhadores rurais das empresas agrícolas que estão envolvidos com o plantio e com a colheita das frutas irrigadas. Os resultados obtidos ratificaram a hipótese do trabalho nos seguintes aspectos: 1) O trabalho agrícola no Baixo-Açú revela uma flexibilização laboral com modalidades combinadas de assalariados “puros”, trabalho temporário e contratos informais. 2) As mudanças contemporâneas de expansão e acumulação nas cadeias agroalimentares e suas relações com os sistemas agrícolas nacionais/regionais têm se moldado, através de forças diversas e contraditórias no âmbito local. 3) A organização do processo produtivo desenvolvido em alguns setores da produção de frutas combina formas diversas de métodos fordistas e tayloristas, assim como sistemas paternalistas de controle da força de trabalho. Título Perfis identitários e ethos profissional dos Auditores-fiscais da Receita Federal do Brasil – do Projeto de Reforma do Estado à “Super-Receita” ID 635 Autores Mónica de Fátima Bianco, Antonia de Lourdes Colbari, Augusto Oliveira Silva Neto Resumo: As mudanças nos padrões tecnológicos e socioculturais, ocorridas nas últimas décadas, promoveram impactos significativos nas organizações públicas e privadas. No caso do setor público brasileiro, também a construção de uma ordenação política democrática tem demandado o fortalecimento das instituições públicas e, conseqüentemente, a valorização de certas categorias profissionais, sobretudo daquelas com atribuições específicas e exclusivamente executadas pelo Estado. Entre elas estão os Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, responsáveis pelas atividades vinculadas à tributação federal - uma categoria de servidores públicos marcada por percursos acadêmicos heterogêneos e cujo ingresso na carreira se dá por meio de um processo seletivo altamente competitivo. Neste cenário, a observação, a pesquisa documental, a aplicação de questionários e a realização de entrevistas forneceram a substância para a realização de um estudo que se estrutura a partir de dois eixos analíticos: as mutações gerenciais e tecnológicas que têm afetado o serviço público em geral e a Receita Federal em particular, principalmente a partir das reformas administrativas propostas pelo governo federal em meados da década de 1990, culminando com a constituição da “Super-Receita (a fusão entre as Secretarias da Receita Federal e a da Receita Previdenciária); e as especificidades da categoria dos Auditores Fiscais no que tange às trajetórias escolares e profissionais e às ambigüidades presentes nas percepções a respeito dos impactos das mudanças técnicas e organizacionais nos processos de trabalho (as novas competências e a reestruturação das relações de poder), bem como na configuração da identidade e do ethos profissional. Título Estudo sobre o assédio moral nas relações de trabalho em agências bancárias na cidade de Astorga, no estado do Paraná. ID 688 Autores Augusto Cesare de Campos Soares Resumo: O assédio moral é um problema grave e insidioso, que pode acontecer em família, em sociedade ou nas empresas. Trata-se de um conjunto de comportamentos que, voluntário ou involuntariamente, leva a vítima ao desequilíbrio psicológico e à instabilidade emocional, (manipulação perversa, terrorismo psicológico) caracteriza-se por ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psíquica, e que tenha por efeito excluir a posição do empregado no emprego ou deteriorar o ambiente de trabalho, durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. O assédio moral, uma espécie de dano à pessoa, está presente em todo o mundo, e por essa razão seu conceito e características variam de acordo com a cultura e o contexto de cada país. A pressão das empresas para superar metas e ser competitivas transforma cada vez mais o local de trabalho em ambiente de "terror psicológico". Com mais consciência de seus direitos, cresce o número de trabalhadores que denunciam serem vítimas de assédio moral. A vítima do assédio moral ao perceber que está sendo assediada, ela deve buscar informações sobre o assunto, denunciar ao departamento de Recursos Humanos da empresa ou sindicatos profissionais e caso não obtenha êxito denunciar o assédio ao Ministério do Trabalho e Emprego e ao Ministério Público do Trabalho Mesa: Trabalho, Informalidade e Economia Solidária - 6 de Fevereiro - 18h30 - 315 Moderador: Ivonaldo Leite Título Feiras livres e mercados no espaço lusófono: perspectivas de um estudo em psicologia social ID 718 Autores Iolanda Maria Alves Évora, Leny Sato Resumo: Neste projecto, apresentamos uma proposta de estudo sobre o trabalho e os processos organizativos que caracterizam mercados e feiras livres no espaço lusófono. Em cidades como São Paulo, Praia e Bissau constituíram-se em importantes universos de actividade e sobrevivência humanas, marcando a urbanidade dessas capitais. Pretende-se estudar as condições para a construção de uma base de trabalho que possibilite aos trabalhadores dos mercados e feiras livres gerarem renda através do trabalho em micro-empreendimentos. Especificamente, procuraremos

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descrever as condições materiais e psicossociais que possibilitaram tornar-se trabalhador nesses mercados livres. Igualmente, pretende-se identificar quais são os componentes de uma base de trabalho que possibilite construir um micro-empreendimento. Por fim, deve identificar e descrever como os trabalhadores construíram e adquiriram o conhecimento para se inserirem nessa actividade de trabalho. O estudo deve contribuir para a construção de um conhecimento cumulativo das diferentes realidades, considerando os especificidades e as coincidências que caracterizam as condições e a organização do trabalho experimentadas pelos segmentos pobres da população. A realidade de trabalho nesses segmentos tem sido pouco estudada pela psicologia do trabalho e das organizações, mesmo reconhecendo-se a diversidade de situações de trabalho nesses países e a relevância do trabalho autónomo, do pequeno negócio e do trabalho por conta própria desenvolvido no mercado informal de trabalho. Título Da vida das ruas para a associação coletiva: confiança interpessoal e a necessidade da re-significação conceitual na Economia Solidária ID 818 Autores Igor Valentim Resumo: A Economia Solidária (ES) representa uma realidade múltipla e complexa que congrega milhares de empreendimentos em diversos países. Dentro de seu escopo são travadas lutas diárias por meio de alternativas baseada em valores como o igualitarismo, a autogestão e a primazia do humano frente ao capital e representa hoje iniciativas de geração de trabalho, renda e subsistência para um grande número de pessoas organizadas coletivamente. Em sociedades nas quais o mito do self-made man é a referência e um verdadeiro darwinismo social é a regra dominante, não é surpresa que a confiança esteja em voga nos estudos científicos nas últimas décadas: muitos consideram que vivemos uma crise baseada na desconfiança, já que a confiança seria justamente um dos atributos que mais impactariam as relações interpessoais. Se a confiança interpessoal parece ser fundamental para a ES, a literatura sobre o conceito é majoritariamente européia e construída em contextos que não aqueles da ES. Podemos estudar o fenômeno da ES com teorias desenvolvidas em outros contextos? Ao utilizarmos aportes ‘estrangeiros’ sobre confiança podemos dizer que eles se aplicam a contextos como os da ES? Objetivamos questionar, a partir de um estudo de caso realizado em Porto Alegre, sobre a urgência da necessária re-significação conceitual na ES. Até quando estudaremos um fenômeno único com teorias que não se encaixam a ele? Se mudanças sociais são esperadas a partir do fenômenos da ES, deve ser feito o esforço de que os conceitos estudados tenham suas significações trazidas dos campos específicos estudados. Título Um estudo luso brasileiro acerca das estratégias de disciplinarização nos espaços sociais das Feiras do Norte de Portugal e do Nordeste do Brasil ID 862 Autores Juliana Doronin, Giovanna Araújo Resumo: O presente trabalho objetiva discutir a cultura associada a temática poder disciplinar, analisando a cartografia espacial das feiras do norte de Portugal, nas cidades de Barcelos, Braga, Ponte de Lima e Vila do Conde, traçando um paralelo com as feiras livres do nordeste do Brasil, em especial as de Campina Grande-PB e Caruaru-PE, relacionando à questão da disciplina e organização dos espaços; controle de tempo; regras impostas pelo mercado que desprezam a relação face a face entre os feirantes e fregueses no que diz respeito ao controle dos gestos; regras comportamentais impostas pelo Estado e sociedade; a questão da vigilância; possibilitando reduzir o poder de resistência e a possibilidade de revolta. Outrossim, observamos a capacidade de astúcias, táticas e artimanhas que fazem com que estes sujeitos não se tornem apáticos e passivos diante das situações advindas da modernidade e de um mundo austero e “ordenado”. Serão abordados trechos dos depoimentos dos sujeitos sociais pesquisados e tendo seus discursos analisados a partir da ótica dos Historiadores e Cientistas Sociais: Michel de Certeau, Michel Foucault, E.P. Thompson e James Scott. Título Identidade e trabalho na economia solidária ID 1186 Autores Marilia Veronese, Resumo: A comunicação propõe uma articulação das categorias identidade e trabalho autogestionário na economia solidária. No campo das ciências sociais, as discussões sobre a identidade dividem-se principalmente em duas vertentes: a psicodinâmica e a sociológica. A primeira enfatiza a constituição de uma estrutura psíquica, que tende a estabelecer-se de forma mais ou menos estável. A tradição sociológica está ligada ao meio social, sendo impossível conceber a identidade fora das interações desse âmbito. Nessa concepção a identidade é sujeita às transformações ocorridas ao longo do processo de interação do indivíduo com os seus grupos sociais, sendo sempre assimilada através dum processo de interação com os outros. Sobre a participação central do trabalho na conformação desses processos já há extensa literatura. A realidade da economia solidária é bastante complexa, formada por empreendimentos econômicos de diversos segmentos e tipos, que apresentam graus variáveis de gestão coletiva. Segundo pesquisas recentemente conduzidas junto a cooperativa e associações no sul do Brasil, já é possível listar algumas características identitárias que fazem os trabalhadores associados do campo da economia solidária mostrarem-se portadores de uma identidade psicossocial própria. Os sócios-trabalhadores de cooperativas autogeridas tendem a esperar certas características psicossociais como próprias de um sócio-trabalhador. Assim, compromisso e solidariedade com o grupo de cooperadores; envolvimento e responsabilidade com o trabalho; prontidão para considerar opiniões e interesses aparentemente opostos; e preocupação com as condições de vida (sociais, sanitárias, econômicas ambientais etc.) na comunidade (vila e/ou cidade) onde está localizada a cooperativa são algumas entre muitas características esperadas dos sócio-trabalhadores pelos seus pares. Título A contribuição da politica/programa de economia solidária para a viabilidade das experiências de geração de renda ID 1260 Autores Caroline Goerck, Leonia Capaverde Bulla

Sessão temática: Trabalho, Profissões e Organizações

X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais Página 29/29

Resumo: No final do século XX e limiar do século XXI, acentuam-se experiências associativistas e cooperativistas no Brasil e no mundo, como uma forma de resistência da classe trabalhadora às manifestações da questão social (entre elas, a falta de trabalhos formais). A Economia Popular Solidária pode ser considerada uma alternativa aos trabalhadores ante o acirramento da questão social, gerado pela III Revolução Industrial. É manifestada por cooperativas e associações de trabalho, entre outros, que têm como objetivo a geração de trabalho e renda, bem como as inclusões sociais e econômicas desses trabalhadores. Com o alarmante desemprego e conseqüentemente com a acirrada desigualdade social, desde 2003, o Governo do Presidente Lula, através da Lei nº 10.683 e do Decreto nº 4.764 (BRASIL, 2003), tornou a Economia Solidária integrante da agenda pública brasileira. Diante desta realidade, para este projeto de pesquisa (que resultara na tese de doutoramento) estabeleceu-se o seguinte problema de estudo: como a Política/Programa de Economia Solidária pode contribuir para potencializar a viabilidade das experiências coletivas de geração de trabalho e renda? A pesquisa está delimitada no Estado do Rio Grande do Sul, sendo que serão mapeados todos os municípios/prefeituras do RS, que estão vinculadas à Política/Programa de Economia Solidária, e que estão assessorando experiências de geração de trabalho e renda. Num segundo momento, serão entrevistadas as instituições que assessoram as experiências coletivas, bem como os próprios trabalhadores destes empreendimentos.