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CEMEIT CENTRO DE ENSINO MÉDIO EIT REDAÇÃO – 2º BIMESTRE Professor(a): Kathia Alves Data: / 07 / 2012 Nota Nome: NÚMERO SÉRIE TURMA TRABALHO – LITERATURA (Valor 2,0) Leia com atenção para responder às questões. Em “Senhora”, Aurélia e Fernando apaixonam-se, mas ele a troca por outra devido ao dote. Ao receber uma herança inesperada, a jovem, por intermédio de um tutor, contrata casamento com ele, mantendo sua identidade anônima. Ao descobrir que é com Aurélia que se casa, Fernando fica muito feliz, mas na noite de núpcias a noiva o rejeita, vingando-se. O casal passa a viver, então, uma vida de aparências: para os outros se comporta como um casal feliz; a sós, Aurélia trata o marido como uma propriedade sua. Depois de devolver a Aurélia o valor do dote, Fernando recebe a notícia de que a jovem ainda o amava, pois o tornara o único herdeiro de sua fortuna e os dois, enfim, entregam-se ao amor. Leia o trecho inicial desse romance, considerado uma das obras-primas de José de Alencar. “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem como raio de sol no prisma do diamante. Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor? [...} Aurélia era órfã; e tinha e sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta. A convicção geral era que o futuro da moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta. A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações ou de seu capricho; e por isso todas as adorações se iam prostrar aos próprios pés do ídolo. Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que a ameaçavam. Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam a sua beleza, aliás, tão correta e cinzelada para a meiga e serena expansão d’alma. [...] As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa, a vassalagem que lhe rendiam.

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CEMEIT

CENTRO DE ENSINO MÉDIO EITREDAÇÃO – 2º BIMESTREProfessor(a): Kathia Alves Data: / 07 / 2012

Nota

Nome: NÚMERO SÉRIE

TURMA

TRABALHO – LITERATURA (Valor 2,0)

Leia com atenção para responder às questões.

Em “Senhora”, Aurélia e Fernando apaixonam-se, mas ele a troca por outra devido ao dote. Ao receber uma herança inesperada, a jovem, por intermédio de um tutor, contrata casamento com ele, mantendo sua identidade anônima. Ao descobrir que é com Aurélia que se casa, Fernando fica muito feliz, mas na noite de núpcias a noiva o rejeita, vingando-se. O casal passa a viver, então, uma vida de aparências: para os outros se comporta como um casal feliz; a sós, Aurélia trata o marido como uma propriedade sua. Depois de devolver a Aurélia o valor do dote, Fernando recebe a notícia de que a jovem ainda o amava, pois o tornara o único herdeiro de sua fortuna e os dois, enfim, entregam-se ao amor. Leia o trecho inicial desse romance, considerado uma das obras-primas de José de Alencar.

“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos

salões.Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.Era rica e formosa.Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se

refletem como raio de sol no prisma do diamante.Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante

meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?[...}Aurélia era órfã; e tinha e sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que

sempre acompanhava na sociedade.Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da

sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do

firme caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.A convicção geral era que o futuro da moça não declinava um instante do firme propósito de

governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo

caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações ou de

seu capricho; e por isso todas as adorações se iam prostrar aos próprios pés do ídolo.Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia,

com sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que a ameaçavam.

Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que eriçavam a sua beleza, aliás, tão correta e cinzelada para a meiga e serena expansão d’alma.

[...]As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono,

e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa, a vassalagem que lhe rendiam.

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Por isso mesmo considerava ela o ouro, um vil metal que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia um só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis.”

ALENCAR, José de. Senhora, 4.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957. p. 95-97.

QUESTÃO 1 O romance se inicia com descrição de Aurélia. É possível identificar nessa descrição traços do Romantismo? Quais? Explique-os.

QUESTÃO 2

No oitavo parágrafo do trecho, o narrador afirma que Aurélia frequenta os bailes na companhia de uma parenta que exercia o papel de mãe de encomenda. Qual a razão dessa necessidade? Que crítica o narrador faz à sociedade brasileira por meio desse fato?

QUESTÃO 3

Caracterize, a partir do trecho lido, a personalidade de Aurélia.

QUESTÃO 4

Um dos temas românticos é o de que a posse do dinheiro degrada moralmente as pessoas. Esse tema é trabalhado de modo implícito ou explícito no trecho lido? Justifique sua resposta.

QUESTÃO 5

O romance “Senhora” é dividido em quatro partes: O preço, Quitação, Posse e Resgate. O caráter econômico desses títulos já evidencia o tema central do romance: as relações entre amor e dinheiro. Com base nessas informações, explique a ambiguidade presente no título do romance.

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