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Tradição antiga atribui este evangelho a Mateus, o Apóstolo (Mc 2,13ss; Mt 9,9ss e Lc 5,27ss). Hoje não se pensa assim. Papias: Mt escreveu em Hebraico ou Aramaico. Nada prova. Deve ter sido um escriba judeu helenista: cita sempre a LXX Data provável: Anos 80; Local: Antioquia. Provavelmente Ma-teus não viva mais nos anos 80. Fonte: Mc e Q O EVANGELHO DE MATEUS

Tradição antiga atribui este evangelho a Mateus, o Apóstolo (Mc 2,13ss; Mt 9,9ss e Lc 5,27ss). Hoje não se pensa assim. Papias: Mt escreveu em Hebraico

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Page 1: Tradição antiga atribui este evangelho a Mateus, o Apóstolo (Mc 2,13ss; Mt 9,9ss e Lc 5,27ss). Hoje não se pensa assim. Papias: Mt escreveu em Hebraico

Tradição antiga atribui este evangelho a Mateus, o Apóstolo (Mc 2,13ss; Mt 9,9ss e Lc 5,27ss). Hoje não se pensa assim.

Papias: Mt escreveu em Hebraico ou Aramaico. Nada prova.

Deve ter sido um escriba judeu helenista: cita sempre a LXX

Data provável: Anos 80; Local: Antioquia. Provavelmente Ma-teus não viva mais nos anos 80.

Fonte: Mc e Q

O EVANGELHO DE MATEUS

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Quem, o que, quando, aonde?Mt é fruto de um mutirão das comunidades do

norte da Galileia e da Síria (Golan). Não se sabe quem é o redator final, mas parece ser uma comunidade de judeu-cristã (13,52).Pensa-se serem líderes comunitários (16,13-28).

O local parece ser norte da Galileia, Golan ou Antioquia, na Síria. Lá Pedro e Paulo se chocam (Gl 2,11-14). Mt destaca a figura de Pedro (14,28-31; 15,15; 16,13ss; 17,24-27; 18,21; 19,27).

As comunidades refletem o período pós guerra judaica (66-73 d.C. O consenso para a maioria dos biblistas é que estamos nos anos 80.

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Quem, o que, quando, aonde?As comunidades cristãs de Golan vi-vem

tempos difíceis. Jerusalém: des-truída. Cristãos convivem com os pa-gãos e com judeus fanáticos que os culpam pelas desgraças da cidade santa dos anos 70.Em 75, na cidade de Jâmnia, os judeus se reestruturam, animados Por Ben Zakkai. Refazem o judaísmo e conde-nam os judeus considerados traidores.

Nas comunidades de Mt convivem cris-tãos judeus observantes da lei, judeus helenistas sem lei e cristãos não ju-deus. Os primeiros querem observar a lei (5,17ss), para os demais, a lei já era (9,17).

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Quem, o que, quando, aonde? Os cristãos passam a ser mal vistos, ex-

pulsos das sinagogas e condenados. Is-to deixava muitos cristãos de origem ju-daica em crise. Eles se questionavam: “Será que somos traidores de Moisés e da antiga Aliança?” Mateus quer animar esta gente, por isto relê Jesus conforme as Escrituras:

“Tudo isto aconteceu para que se cumprissem as Escritu-ras”(1,22; 2,15.17.23; 8,17; 12,17; 13,35; 21,4; 26,54.56; 27,9). Jesus é a realização do AT. Mt escreve para judeus.

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Quem, o que, quando, aonde?

Convivem em Golán cristãos vindos do judaísmo e do paganis-mo. Os judeu-cristãos querem impor seu modus vivendi. Ma-teus alerta que Jesus foi aberto aos pagãos: - Os magos do oriente (1-2) - Jesus envia para todos (28,19-20) - Jesus atende a cananéia (15,28) - Jesus atende ao centurião (8,5-13).

Quando o judaísmo se reorganizam, come-çam a perseguir os judeus que se tornaram cristãos. Além disto, os cristãos tem a difícil tarefa de harmonizar a convivência de ju-deus e não judeus (impuros). Isto tudo fez com que os cristãos fossem expulsos das sinagogas:Mt 10,17-23; Jo 9. Mt foi escrito neste clima de briga (Mt 23).

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Quem, o que, quando, aonde? Convivem ricos e pobres. A maioria é extre-

mamente pobre. Há muitos diaristas, desem-pregados. Muitos ficam malucos (8,31; 9,33; 10,8, etc. Há muita gente endividada. Dívida dá cadeia e escravidão (18,25-34). O redator recorre a Jesus para iluminar esta realidade:

- A vida de diaristas (20,1-16) = não acumular.- Julgamento final (25,31-46) = O que se faz aos pobres, aos presos por causa das dívidas, aos estrangeiros (inadimplentes que fugiam para não virar escravo).- Pai-Nosso (6,11-12) = o grito do pobre. O pão falta aos desem-pregados, suas dívidas devem ser perdoadas.- Multiplicação dos pães (14,15-21; 15,29-39) = A eucaristia lem-bra a partilha entre os pobres.- Denúncias contra os donos do poder (9,36-37) = Ovelhas sem pastor.- Denúncias contra os escribas (23,13ss) = roubam as viúvas.

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Quem, o que, quando, aonde?Há muita discriminação contra a mulher. Busca-

se em Jesus inspiração para superar tal problema.

- A cananeia questiona Jesus (15,21-28): Ne-nhum rabino permitiria isto.- Duas mulheres são testemunhas da ressur-reição (28,1-10): mulher não podia ser teste-munha.- O reino é como a mulher que toma fermen-to (13,33): trabalho da mulher é modelo.- Na genealogia de Jesus (1,1-16) nomeia-se cinco mulheres, quatro são de má fama: Ta-mar (Gn 38,6ss), Raab (Js 2,1ss), Rute (Rt,1,14ss) Betsabéia (2Sm 12,24).

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Quem, o que, quando, aonde?Há vícios trazidos do judaísmo e do paganismo:

- Discursos vazios (7,21-23).- Líderes interesseiros (20,20-25).- Brigas ( 5,21-26).- Divórcios (5,31).- Falta de perdão (5,43-45).- Desanimados (13,31-32).- Ânimos exaltados (13,24-27).- Grupos fechados 5,13-16).

Surgem falsos profetas. Onde há miséria sempre surge al-guém querendo tirar proveito. Isto ofusca a imagem de Jesus:

- Não se deixar enganar (24,23-24).- Lobos em pele de ovelhas (7,15-20.

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Por isso todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e velhas (Mt 13,52). Seria Mateus?

c) No meio dos discursos estão dez milagres: (8,1ss; 8,5ss; 8,14ss; 8,16ss; 8,23ss; 8,28ss; 9,1ss; 9,18ss; 9,27ss; 9,32ss). Referência às dez maravilhas do Êxodo 5-12.d) Referência ao AT. “Tudo isto aconteceu para que se cumprissem as escrituras”(1,22; 2,15.17.23; 8,17; 12,17; 13,35; 21,4; 26,54.56; 27,9). Jesus é a realização do AT. Mt escreve para judeus.

a) Muitos discursos - Jesus é um catequista.b) Cinco grandes discursos: Monte (5-7 v. 7,28); Missão (10,1-42 v. 11,1); Parábolas (13,1-52 v. 13,53); Igreja (18,1-35 v.19,1); Escatológico (24-25 v. 26,1). Seria uma provável alusão aos cinco livros do Pentateuco.

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e) Briga muito com os chefes judeus: fariseus, saduceus (7,29; 9,3-8.11-13; 12,24-32.38-42, etc.). Isto tudo reflete uma igreja que está se distanciando das sinagogas. Alguns cristãos foram perseguidos pelos judeus (5,11-12).f) Usa 54xx Reino dos Céus (de Deus) enquanto Lc só usa 45xx, Mc 19xx e Jo 5xx.g) Usa muitas expressões hebraicas e aramaicas: raka/imbecil (5,22), Beelze-bu/senhor das moscas; (10,25; 12,24) cór-ban/oferenda a Deus 15,5s), etc. Ao todo são 329 expressões. h) Usa números (símbolos judeus): o n.5: 5 discursos, 5 regiões (4,25). O 5 lembra o agir de Deus. O n. 7: 7 pedidos no Pai-Nosso (6,9-13), 7 demônios (12,45), 7 “Ais” (23,13-32). 7 é totalidade.

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Eis que a jovem concebeu e dará à luz um filho e dar-lhe-á o nome de Emanuel (Is 7,14). Eis que a virgem conceberá e

dará à luz um filho e o cha-marão de Emanuel (Mt 1,23).

i) Emprega técnicas dos escribas: - Midrash (pesquisa): Mt 1-2 midrash de: Moisés (Ex 1-3)

Emanuel (Is 7,14). Filho de Deus (Os 11,1). Mt 5,1-11 midrash da Aliança (Ex 19-24). - Mishná (repetir): Mt 5-7 - repetição oral da Lei Escri-ta, dando-lhe novo sentido. - Mishal (dito): Mt 13

j) Fala de pobres, doentes, miseráveis (4,24; 5,3; 8,2; 9,2, etc.l) Linguagem interiorana. Jesus não se dá bem na cidade (14,13; 10,14-15; 21,17). Jesus nasce no interior (2,1) e também reinicia sua missão, depois da ressurreição, no interior (28,16-20). Difere de Lc. 

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Concluindo: Mt é um texto feito em mutirão na comunidade. Certamente de comunidade da roça, de gente pobre, na ma-ioria judeus. O próprio redator final (Mateus) parece ser escriba (13,51). A redação final se dá por volta de 80-90 nas colinas de Golán, entre a Síria e a Galiléia, ou talvez na Antioquia. Os destinatários eram roceiros das colinas de Golán, ou os sírios.

Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás... Eu, porém, vos digo... Ouvistes o que foi dito: não cometerás adulté-rio...Eu, porém, vos digo... Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo... Eu, porém vos digo... (Mt 5,21ss).

Eis que dias virão – oráculo de Iahweh – em que con-cluirei com a casa de Isra-el e com a casa de Judá... Porei minha lei no fundo de seu ser e a escreverei em seu coração (Jr 31-33).

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 II - A novidade confiada aos discípulos 4,17-9,341) Dinamismo da ação de Jesus (4,17-25).2) O Sermão da Montanha (5-7).3) A ação messiânica de Jesus (8,1-9,34). III - O confronto entre o velho e o novo 9,35-13,521) Confronto e perseguições (9,35-10,42).2) Jesus é o confronto (11,1-30).3) Jesus, Senhor (12,1-21).4) Exigências de discernimento (12,22-50).5) Revelação do mistério do Reino (13,1-52).

IV - A Igreja como sujeito da novidade 13,53-25,461) Jesus reúne o novo povo de Deus (13,53-16,12).2) Fé e seguimento a Jesus (16,13-17,27).3) A comunidade vive o amor e o perdão (18,1-35).4) A graça constitui a novidade (19,1-23,39).5) A vinda do Filho do Homem (24-25).V - Paixão, Morte e Ressurreição 26-281) A entrega do Filho do Homem e o pastor ferido (26,1-75).2) A venda do Justo e morte (27,1-56).3) O Ressuscitado é o Senhor (27,57-28,20).

ESQUEMA I - Anúncio da pessoa e da missão de Jesus 1,1-4,16 1) Quem é Jesus (1-2): seu messianismo. 2) Conteúdo da prática messiânica (3,1-4,16).