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Patriarcado
de Lisboa
Instituto
Diocesano da
Formação Cristã
JUAN AMBROSIO / PAULO PAIVA
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | TRADIÇÃO | Fé| Teologia
2º SEMESTRE
ANO LETIVO 2013 | 2014
TRADIÇÃO
1. O SER HUMANO É SEMPRE UM
HERDEIRO
2. TRADIÇÃO, CULTURA E RELIGIÃO
3. TRADIÇÃO
4. TRADIÇÃO E CONFLITO DE
INTERPRETAÇÕES
5. TRADIÇÃO E SOTERIOLOGIA
6. TRADIÇÃO E MEMÓRIA
7. A MODO DE CONCLUSÃO
www.teologiafundamental.weebly.com
O ser humano é sempre um herdeiro
PATRIARCADO DE LISBOA
ESCOLA DE LEIGOS
TEOLOGIA FUNDAMENTAL
Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
O ser humano é sempre um herdeiro.
Uma adequada receção, contextualização e assimilação da herança torna-se decisiva para a existência e para a ‘saúde’ do ser humano.
Sem a memória há perdas que dificultarão a humanização do ser
humano.
Esta é facilitada na medida em que viva em comunidades de memória.
São estas comunidades que permitem ganhar o desafio ao trabalho,
muitas vezes, desarticulador do tempo.
A memória permitir situar cada indivíduo numa história concreta, fora da qual o presente é pouco consistente e o futuro improvável.
O ser humano é sempre um herdeiro
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Funções da memória:
Função de transmissão (insere na continuidade de uma história com as suas particularidades).
Função de vivência (vinculada à experiência afetiva e amorosa dos
outros vivos e defuntos).
Função reflexiva (faz a avaliação crítica de tudo o que é transmitido).
A «patologia do esquecimento» impede a verdadeira experiência
da existência e a construção da história.
São necessárias comunidades que promovam e trabalhem a memória.
Tradição, Cultura e Religião
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A cultura e a religião encontram-se estreitamente vinculadas ao ensinar e aprender. O ensinar e o aprender só são possíveis no contexto de referências explícitas a
uma determinada tradição. De, facto, o ser humano nunca pode deixar de ser um ser ‘tradicional’…
…que se movimenta sempre entre a continuidade e a mudança, entre permanências e transformações.
Tradição
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A tradição constitui um conjunto de sedimentações intersubjetivas, que
podem ser reconhecidas, recordadas e transmitidas pela memória individual
e coletiva, constituindo uma espécie de biografia comum de todos os
indivíduos que lhe pertencem.
Tradição
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Etimologicamente a palavra tradição provem de dois verbos latinos:
Tradere (algo que se dá, algo material ou espiritual que muda de
mãos por causa de um contrato, de um acordo, de uma venda, de uma
dádiva);
Transmittere (que destaca o ato de um sujeito humano que é o
protagonista de uma transmissão concreta).
Toda a tradição implica pois:
Algo que se transmite;
O ato de transmitir (transmissão);
O ato de receber (receção).
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A transmissão/receção implica obrigatoriamente:
um antes;
e um agora.
A não perceção desta diferença dá lugar a diferentes tipos de
fundamentalização, ou seja, dá lugar ao império do semper idem, à rotina,
ao esquecimento do facto de que o ser humano é sempre histórico, ainda
que seja irredutível à simples história.
Tradição
Tradição
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A presença do passado no presente implica que a verdadeira tradição seja,
em cada aqui e agora, uma recriação, uma utilização efetiva das
capacidades retrospetivas e antecipadoras do ser humano, de modo a
permitir o seu exercício de habitar responsavelmente a história e o mundo.
A tradição é verdadeiramente mais um assunto do presente do que do
passado.
Tradição
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A tradição não deveria reduzir-se nunca a um corpus imobilizado e
hierarquizado de referências textuais religiosas, cultuais ou morais, porque, de
facto, ela implica sempre um processo hermenêutico mediante o qual uma
comunidade humana relê tanto a praxis religiosa, ética e social que surgiu da
sua própria história, como as elaborações teóricas que foram formuladas a
partir da sua própria tradição instituída.
Este processo de releitura constitui uma maneira de relacionar-se e religar-se
criticamente com o passado de acordo com as exigências e os desafios do
momento presente. É esta releitura que torna possível a reeleição da
mensagem que se deve anunciar e da qual se deve ser testemunha aqui e
agora.
Tradição e conflito de interpretações
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Porque toda a tradição se encontra constantemente ameaçada pelo perigo
de cair na incoerência e na irrelevância, é necessário, sempre e de novo,
uma reconstrução dos argumentos que utiliza para fazer-se inteligível e
credível em cada momento presente.
Daqui resulta que a tensão e mesmo o conflito estejam presentes, tanto no
interior de cada tradição, como na relação entre as diversas tradições.
Torna-se, deste modo evidente, que a história das tradições rivais e/ou a
diversidade de interpretações de uma mesma tradição, façam parte e
pertençam à própria tradição.
Tradição e conflito de interpretações
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
A tentação fundamentalista, sobretudo no que diz respeito às tradições
religiosas, consiste precisamente na pretensão de afirmar o caráter a-
histórico e não hermenêutico dos seus textos sagrados, litúrgicos e do
magistério.
O âmbito da tradição é também o âmbito da parcialidade, da eleição, das
diversas acentuações conjunturais, justamente porque ela também é
constituída por uma pluralidade de vozes, nas quais, com modulações muito
diversas, ressoa polifonicamente o passado e se vislumbra, mais ou menos
confusamente, o futuro.
Tradição e soteriologia
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Através da tradição religiosa os crentes têm à sua disposição como que uma
lente viva e complexa através da qual se podem tornar conscientes da
presença do divino ‘vendo-o’ e podendo fazer a experiência do encontro
com ele.
Mas as diversas tradições religiosas deveriam compreender-se a si mesmas
mais como pontos de partida, como projetos de salvação, como caminhos
de procura e de possibilidade de encontro, do que como meta de chegada e
de posse da verdade absoluta.
Tradição e memoria
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Toda a tradição religiosa implica a mobilização específica de uma memória
coletiva, uma memória que, de facto, consiste numa série de atos de
rememoração, de modo a cada uma dessas tradições possa exercer, em
cada aqui e agora, a capacidade soteriológica que lhe é própria.
A memória religiosa (memória humana), ao contrário da memória dos
computadores, é de natureza seletiva e interpretativa, o que faz dela uma
memória móbil, que constantemente perde e ganha, censura e acrescenta,
faz ressaltar e dilui, rememora e antecipa.
Tradição e memoria
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
É entre a imobilidade e o significado supratemporal do passado e as
mobilidades e significados parciais e constantemente refeitos do presente
que vai sendo construída a identidade de cada crente e da comunidade
crente.
A confissão, como continuidade no meio das mudanças, como memória não
interrompida, permite transcender a história sempre presente, de modo a ir
consolidando a identidade.
A confissão possibilita que aquele ponto de partida, situado no passado, e
que deu origem à tradição da comunidade, constitua um continuum de
identidade ao longo de toda a história.
Tradição e memória
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
Na tradição cristã, o facto que testemunha a importância decisiva da
memória é justamente o ato cultual por excelência: a anamnese da vida de
Jesus Cristo.
É essa anamnese que nos faz cair na conta da realidade salvífica do viver de
Jesus Cristo, no meio das múltiplas formas e dos múltiplos estilos que a
identidade cristã pode e deve adotar em cada momento presente.
A modo de conclusão
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
“A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como
luz para a estrada, orientando os nossos passos no tempo. Por um lado
provém do passado: é a luz duma memória basilar – a vida de Jesus -, onde
o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas,
por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos atrai
de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós
horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso «eu» isolado, abrindo-o
à amplitude da comunhão.”
(LF 4)
A modo de conclusão
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Revelação | Tradição | FÉ | Teologia
“[…]. É verdade que a fé de Abraão, enquanto resposta a uma Palavra que a
precede, será sempre um ato de memória; contudo esta memória não o fixa
no passado, porque sendo memória de uma promessa, torna-se capaz de
abrir ao futuro, de iluminar os passos ao longo do caminho. Assim se vê
como a fé, enquanto memória do futuro, está intimamente ligada à
esperança.”
(LF 9)
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Orientações bibliográficas:
Lluis Duch, Religión y comunicación, Fragmenta Editorial, Barcelona
2012.
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4. TRADIÇÃO E CONFLITO DE
INTERPRETAÇÕES
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6. TRADIÇÃO E MEMÓRIA
7. A MODO DE CONCLUSÃO