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AMANDA VAZ TOSTES CAMPOS MIARELI
ADAPTAO TRANSCULTURAL DA BRIEF
MULTIDIMENSIONAL MEASURE OF
RELIGIOUSNESS/SPIRITUALITY: 1999 REALIDADE
BRASILEIRA
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA UNIVS
POUSO ALEGRE MINAS GERAIS
2011
1
AMANDA VAZ TOSTES CAMPOS MIARELI
ADAPTAO TRANSCULTURAL DA BRIEF
MULTIDIMENSIONAL MEASURE OF
RELIGIOUSNESS/SPIRITUALITY: 1999 REALIDADE
BRASILEIRA
Dissertao apresentada ao Curso de Ps-
Graduao Stricto Sensu - Mestrado em
Biotica da Universidade do Vale do
Sapuca - Univs - Pouso Alegre - MG, para
obteno do ttulo de Mestre em Biotica.
Orientador: Prof. Dr. Jos Vitor da Silva
UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCA UNIVS
POUSO ALEGRE MINAS GERAIS
2011
0
MIARELLI, Amanda Vaz Tostes Campos.
Adaptao Transcultural da Brief Multidimensional
Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 Realidade
Brasileira/ Amanda Vaz Tostes Campos Miareli - Pouso Alegre:
Universidade do Vale do Sapuca - Univs -, 2011.
162. f.
Dissertao (Mestrado em Biotica) Curso de Ps- Graduao
Stricto Sensu.
Orientador: Prof. Dr. Jos Vitor da Silva
1. Adaptao transcultural; 2. Espiritualidade; 3. Religiosidade.
I. Ttulo.
1
Dedicatria
2
Dedico este estudo ao meu marido Breno, que com seu amor, dedicao
e companheirismo sempre esteve presente em todos os momentos,
incentivando e ajudando-me a alcanar meus objetivos.
Ao meu filho Felipe, pelo carinho, amor e compreenso nos momentos
de ausncia.
grande companheira e amiga Igna Luzia Forbetta, pelo constante
incentivo.
Aos meus pais, irmos e toda minha famlia.
3
Agradecimentos ____________________________________________________________
4
Agradeo a Deus pela fora para buscar mais essa conquista.
Aos colegas e docentes da terceira turma do Mestrado em Biotica da Univs, pela
amizade e companheirismo durante essa caminhada.
Aos autores do instrumento e ao Instituto Feltzer, que no hesitaram em disponibilizar a
escala para o desenvolvimento do trabalho.
A todos os participantes desta pesquisa: tradutores, corpo de juzes, participantes do
grupo focal, pela disponibilidade e contribuio.
colega Cristiane Schumann e ao prof. Alexander Moreira - Almeida, pela valiosa
contribuio.
professora Joelma, pela disponibilidade e grande contribuio.
grande amiga, prima, vizinha Igna Luzia Forbetta, pelo incentivo, pela
disponibilidade, pacincia, dedicao, companheirismo nas viagens e em todas as fases
do estudo. Voc muito especial para mim. Obrigada por tudo!
amiga Kathita, pela ateno, disponibilidade e auxilio em todas as horas em que a
solicitei.
Agradeo, especialmente, ao querido professor, doutor, orientador e grande amigo Jos
Vitor da Silva, que esteve presente a cada passo desta pesquisa, sempre indicando a
direo a ser tomada nos momentos de maior dificuldade, com muita pacincia e
dedicao, levando sempre palavras de apoio e confiana em meu trabalho. Quero que
saiba professor, que aprendi e apreendi muito com o senhor. Com sua capacidade,
competncia e humildade, sempre indicando o melhor caminho a seguir. No tenho
palavras para expressar minha gratido. Muito Obrigada por tudo!
Enfim, agradeo a todos e a todas que foram importantes nesta caminhada
de Mestrado e no desenvolvimento deste estudo. Muito Obrigada!
5
Resumo ______________________________________________________________________
6
MIARELI, Amanda Vaz Tostes Campos. Adaptao transcultural da Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 Realidade
Brasileira. Pouso Alegre-MG. 2011. Pesquisa- Universidade Vale do Sapuca-
UNIVAS.
RESUMO
Quando no se dispe de escalas originrias para mensurar um determinado conceito, a
estratgia existente adaptar culturalmente e validar instrumentos existentes em outros
pases. O objetivo do presente trabalho foi realizar a adaptao transcultural da Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 (BMMRS) realidade
brasileira. Este instrumento originrio dos Estados Unidos, formado por 11 domnios e
desenvolvido como um recurso que proporciona uma lista extensa de questes
relevantes religiosidade e espiritualidade relacionando-as com a sade. Para se
adquirir a primeira verso, foi realizada a sua traduo para lngua portuguesa,
separadamente, por trs peritos em ingls. A primeira verso foi submetida a um grupo
de cinco juzes para a realizao da Avaliao das Equivalncias Semnticas e
Idiomticas e, posteriormente, a Avaliao das Equivalncias Conceitual e Cultural
foi realizada por outro grupo, tambm de cinco juzes. Aps realizao das alteraes
sugeridas pelos juzes dos dois grupos e mediante a terceira verso da BMMRS, a escala
foi submetida a dois Grupos Focais (GF), que consistiram em verificar a sua
compreensibilidade por pessoas da comunidade de Campos Gerais, MG, de ambos os
gneros, diferentes faixas etrias, graus de instruo e religio. De posse das alteraes
dos GF, foram realizados os ajustes necessrios no instrumento e elaborada a quinta
verso que foi submetida back-translation. Aps a obteno da verso retro
traduzida da BMMRS, a escala foi enviada aos seus autores que tomaram conhecimento
da metodologia utilizada no processo de adaptao cultural e aps anlise da
backtranslation no sugeriram alterao alguma. De acordo com as etapas
metodolgicas desenvolvidas, considera-se o presente instrumento adaptado
culturalmente realidade brasileira.
Palavras-chave: Adaptao transcultural; Espiritualidade; Religiosidade.
7
Abstract
____________________________________________________________
8
MIARELI, Amanda Vaz Tostes Campos. Adaptao transcultural da Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/ Spirituality: 1999 Realidade
Brasileira. Pouso Alegre-MG. 2011. Pesquisa- Universidade Vale do Sapuca-
UNIVAS.
ABSTRACT
When there are no original scales to measure a specific concept, the existing strategy it
to culturally adapt and validate existing instruments from other countries. This paper
aimed at performing the cultural adaptation of Brief Multidimensional Measure of
Religiousness/ Spirituality: 1999 (BMMRS) to Brazilian context. This instrument come
from the United States and it is formed by 11 domains and developed as a resource that
provides an extensive list of relevant questions to religiosity and spirituality concerning
them to the health area. In order to reach the first version, it was performed the
translation to Portuguese Language, in a separated way, by three experts in the English
Language. The first version was submitted to a group of five judges in order to do the
Evaluation of Semantic and Idiomatic Equivalences and, afterwards, the Evaluation
of Conceptual and Cultural Equivalences was performed by another group, also
formed by five judges. Soon after performing the alterations suggested by the judges
from both groups and in face of a third version of the BMMRS, the scale was submitted
to two Focal Groups (FG), that aimed at verifying the comprehensibility of it by people
from the community in Campos Gerais, MG, both male and female, different age levels,
school levels and religious faith. After the alterations of the FG, the needed
reorganizations were performed in the instrument and a fifth version was done which
was submitted to back translation. After getting the retranslated version of the
BMMRS, the scale was sent to its authors that got into knowledge of the methodology
applied in the cultural adaptation process and after the analysis of the back translation,
no other alteration was suggested. According to the methodological steps developed, it
is possible to consider the following instrument suitable to the Brazilian context.
Keywords: Cultural Adaptation; Spirituality; Religiosity.
9
Lista de Abreviaturas
____________________________________________________________
10
LISTA DE ABREVIATURAS
NHB - Necessidade Humana Bsica
BMMRS - Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999
IVC ndice de Validade de Contedo
GF Grupo Focal
11
Lista de Figura
____________________________________________________________
12
LISTA DE FIGURA
Figura 1 - Etapas de desenvolvimento do estudo.................................................... 39
13
Lista de Quadro
____________________________________________________________
14
LISTA DE QUADRO
Quadro 1 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Semntica e
Idiomtica. Pouso Alegre, MG, 2010...........................................
43
Quadro 2 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Conceitual e
Cultural. Pouso Alegre, MG, 2010..............................................
47
15
Sumrio
____________________________________________________________
16
SUMRIO
1. INTRODUO ......................................................................................................... 18 1.1 Interesse pelo Tema................................................................................................... 20
1.2 Justificativa ............................................................................................................... 20
1.3 Objetivo ..................................................................................................................... 24
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 25 2.1 Biotica/ Espiritualidade e Religiosidade ................................................................. 25
2.2 Adaptao Cultural dos Instrumentos de Medida ..................................................... 29
3 TRAJETRIA METODOLGICA ........................................................................ 37 3.1 Escolha do instrumento ............................................................................................. 37
3.2 Desenvolvimento do estudo ...................................................................................... 38
3.3 Delineamento do estudo ............................................................................................ 40
3.4 Aspectos ticos da pesquisa ...................................................................................... 40
4 RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................... 41 4.1 A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:
1999 ............................................................................................................................... 41
4.2 Avaliao por Corpo de Juzes .................................................................................. 42
4.4 Back-Translation ou retrotraduo ....................................................................... 52
5 CONCLUSO E CONSIDERAES FINAIS ...................................................... 54 6.1 Concluso .................................................................................................................. 54
6.2 Consideraes Finais ................................................................................................. 54
REFERNCIAS ............................................................................................................ 57
APNDICES .................................................................................................................. 61 Apndice A - Solicitao para uso da Brief Multidimensional Measure Of
Religiousness/Spirituality (1999) .................................................................................... 61
Apndice B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................... 63
Apndice C - Relatrio do GF I ...................................................................................... 65
Apndice D- Relatrio do GF I I.................................................................................... 68
Apndice E ...................................................................................................................... 71
ANEXOS ........................................................................................................................ 72 Anexo A- Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 ........... 72
Anexo B- Autorizao para uso da Brief Multidimensional Measure Of
Religiousness/Spirituality (1999) .................................................................................... 79
Anexo C- Verso I originria das tradues ................................................................... 80
Anexo D - Avaliao das Equivalncias Semntica e Idiomtica entre as Verses
Original e Traduzida do Instrumento Brief Multidimensional Measure of
Religiousness/Spirituality: 1999.................................................................................... 87
../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359833../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359834../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359835../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359836../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359837../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359838../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359839../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359840../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359841../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359842../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359843../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359844../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359845../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359846../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359846../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359847../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359848../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359849../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359850../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359851../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359852../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359853../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359854../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359854../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359855../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359856../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359857../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359858../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359859../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359860../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359861../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359861../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359862../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359863
17
Anexo E- Verso II Originria da Avaliao das Equivalncias Semntica e Idiomtica
....................................................................................................................................... 106
Anexo F Avaliao das Equivalncias Cultural e Conceitual da Verso Traduzida de
Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 ...................... 113
Anexo G Verso III Originria da Avaliao das Equivalncias Cultural e Conceitual
....................................................................................................................................... 126
Anexo H- Verso IV Originria do Grupo Focal I ....................................................... 133
Anexo I - Verso V Originria do Grupo Focal II ........................................................ 140
Anexo J - Verso - Backtranlation ................................................................................ 147
Anexo K - ltima verso do Instrumento aps envio dos autores ................................ 153
Anexo L - Parecer Consubstanciado do Comit de tica em Pesquisa ....................... 160
../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359864../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359864../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359865../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359865../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359866../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359866../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359867../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359868../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359869../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359870../AppData/Local/Users/jvitor/AppData/Local/Microsoft/Windows/Temporary%20Internet%20Files/Content.Outlook/0VMUWX89/Dissertao%20%20Amanda%20formatada%2008%2005%202011.doc#_Toc292359871
18
1 INTRODUO
A Biotica devido a sua natureza multi e interdisciplinar, assim como multi e
profissional tem assumido diversos temas e entre tantos, a religiosidade e a
espiritualidade fazem parte do grande elenco biotico (PESSINI, 2006).
A espiritualidade e a religiosidade so campos de elaborao subjetiva em que
a maioria da populao latino-americana e, especificamente, o Brasil constri de forma
simblica o sentido da sua vida e busca motivao para a superao da crise existencial
colocada pela doena e outras situaes da vida (KOENIG, 2007).
referncia central para a organizao de grande parte das mobilizaes
comunitrias para enfrentamento dos problemas de sade. o espao em que a maioria
dos profissionais de sade estrutura o sentido e a motivao para o seu trabalho.
Valorizar as dimenses religiosa e espiritual da realidade no uma questo de ter ou
no f em Deus, mas considerar processos da realidade subjetiva e social que tm uma
existncia claramente objetiva. Sem entender o olhar e a elaborao religiosa e
espiritual no se pode compreender a perspectiva com que a maioria dos usurios de
servios de sade e dos seus profissionais se relaciona com a realidade (KOENIG,
2007).
Assim, por mais paradoxal que possa parecer do ponto de vista do progresso da
prpria cincia, desconsiderar a importncia da religiosidade e espiritualidade da imensa
maioria das pessoas preconceito e negao do esprito de objetividade cientfica. Mas,
para valorizar essas dimenses, no basta reconhecer apenas o contexto cultural e
psicolgico, preciso considerar no trabalho em sade a imensa quantidade de estudos
que vm sendo feitos no campo da antropologia, sociologia, psicologia, filosofia,
neurobiologia, cincias da religio e epidemiologia para melhor compreender os
pacientes e os profissionais de sade (SILVA, 2010).
Estes estudos so fundamentais no planejamento das aes de sade
individuais e coletivas, bem como no gerenciamento e formao dos recursos humanos
das instituies de sade. Em virtude do usual preconceito dos pesquisadores e
planejadores do campo da sade com os fenmenos religioso e espiritual, estas
reflexes tm sido desconsideradas e evitadas, deixando espao para que a religiosidade
e a espiritualidade dos profissionais de sade se adentrem nos servios de sade de
19
forma no debatida, acrtica e, portanto, sujeita a interesses no explcitos de grupos
particulares, no que pode ser denominado de retorno descontrolado do recalcado
(VASCONCELOS, 2004).
Em estudos recentes, tem-se valorizado muito o conceito de religiosidade e
espiritualidade, uma forma ampliada de tratar estes fenmenos, que incluem formas no
religiosas e espirituais de lidar com as dimenses profundas da subjetividade (KOENIG,
2007).
No Brasil, nota-se que grande nmero de profissionais de sade vem se
interessando por esses temas. Muitas publicaes sobre religiosidade e sade e
espiritualidade e sade tm tido grande sucesso editorial, mas, muitas vezes, so feitas
sem rigor conceitual ou marcadas por uma perspectiva religiosa particular que dificulta
sua aceitao no debate nas universidades ou nos centros formadores de recursos
humanos das instituies de sade (SILVA, 2010).
Neste contexto, est se consolidando uma situao em que os profissionais e os
usurios dos servios de sade e aqueles que so cuidadores de seus familiares tm
valorizado de forma crescente o tema da religiosidade e da espiritualidade em suas vidas
privadas, mas no encontram espao para trazer e elaborar de forma clara e aberta suas
consideraes e aprendizados para o planejamento das prticas individuais e coletivas
das instituies de sade. No Brasil, apenas no campo da psicologia fenomenolgica e
existencial e da oncologia j organizaram grupos acadmicos para o estudo do tema
(VASCONCELOS, 2004).
Os motivos que levam manifestao da Biotica no que tange dimenso
religiosa e espiritual, se devem ao fato dos profissionais da rea de sade no
respeitarem ou desconsiderarem os aspectos espirituais e religiosos das pessoas
(SILVA, 2010).
imprescindvel para atender a essas dimenses, entre outros recursos
necessrios, a disponibilidade de instrumentos que possam aferir ou avaliar a
religiosidade e a espiritualidade. Quando no se dispe de escalas originrias para
mensurar um determinado conceito, a estratgia existente adaptar transculturalmente e
validar instrumentos existentes em outros pases.
A proposta do presente trabalho adaptar culturalmente a Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999. Considerando que esta
medida para avaliao da espiritualidade um instrumento com ampla aceitao em
20
diversos pases, acredita-se que o mesmo possa atender os requisitos de objetividade,
simplicidade, rapidez e facilidade na aplicao no Brasil.
O contedo do presente estudo abrange fundamentao terica sobre Biotica,
religiosidade e espiritualidade, assim como sobre adaptao transcultural, e
procedimentos metodolgicos para o desenvolvimento desta pesquisa.
1.1 Interesse pelo Tema
A valorizao das dimenses religiosa e espiritual de fundamental importncia
no cuidado integral ao paciente. Sou graduada em enfermagem h quatro anos e desde o
perodo acadmico e at o presente momento sentia dificuldades em contribuir para o
cuidado espiritual do paciente, uma vez que, trata-se de uma necessidade humana bsica
que deve ser atendida na assistncia de enfermagem. Entretanto, nunca tive a
oportunidade de vivenciar a prtica da assistncia espiritual durante a minha formao e
atuao profissional, entre os docentes e os enfermeiros de servios. Consequentemente
me formei com defasagem na assistncia de enfermagem quanto dimenso religiosa e
espiritual. Logo, o presente trabalho veio suprir em mim essa lacuna de conhecimento.
Horta (1979) enfatiza que a assistncia espiritual deve ser atendida com qualidade
porque tambm, uma necessidade bsica do ser humano.
Assim, poder contar com escalas de mensurao dessa dimenso do paciente
muito contribuir para uma assistncia de enfermagem holstica, assim como ser
estratgia para sua melhor recuperao, reabilitao e consequente qualidade de vida.
1.2 Justificativa
O avano cientfico e tecnolgico que o mundo vem conquistando, dados aos
cleres e profundos saltos qualitativos da tecnocincia, fez com que o homem
acreditasse que a cincia daria conta de resolver todas as questes que permeiam o ser
humano. O cuidado mecnico e o sentido mercantilista da prestao de servios,
21
principalmente na rea da sade, nunca foi to evidente e escancarado como na
contemporaneidade, levando o homem a uma crise de valores (SILVA, 2010).
A atual crise de valores tem sua origem em uma crise mais profunda e
complexa, a crise do prprio homem, que era meio e no fim, que no reconhece sua
dignidade pessoal e a de seus semelhantes (SILVA, 2002).
De acordo com Boff (2006, p.111), mundialmente, h uma demanda por
valores no materiais, por uma redefinio do ser humano como um ser que busca um
sentido plenificador, que est procura de valores que inspirem profundamente sua
vida. Nesse sentido e do ponto de vista de reflexo filosfica, a procura por
significado de vida uma das necessidades fundamentais do homem, o que o distingue
das demais espcies. neste cenrio que se d a necessidade do resgate dos valores
subjetivos, a busca por algo que possa dar incio ao preenchimento do vazio trazido
pelos avanos da cincia.
Observa-se que os desenvolvimentos da cincia e tecnologia resolveram e
abreviaram a soluo de inmeros problemas de sade, porm, de outro lado, afastaram
o homem do prprio homem. O relacionamento do profissional da rea de sade com o
paciente se tornou distante. Somente se valoriza os efeitos tecnolgicos ou da cincia.
Os valores humanos e culturais tornaram-se secundrios ou at mesmo desconhecidos
(SILVA, 2010 e KOENIG, 2007).
A Biotica que por sua vez estabeleceu a ponte entre a cincia, a tecnologia e o
homem, assumiu a espiritualidade como uma estratgia de evidenciar o ser humano na
sua essncia, mostrando que no s devem ser atendidas as necessidades biolgicas,
mas tambm as psicolgicas, sociais e tambm as espirituais, pois o homem um ser
multidimensional. Para tanto, deve ser atendido sob uma viso mais abrangente. A sua
subjetividade deve ser levada em considerao (VASCONCELOS, 2004).
Corroborando com o autor, Selli; Alves (2007) destaca que:
... para a valorizao da dimenso subjetiva, preciso o desenvolvimento de
um novo olhar, de uma nova forma de atuar frente a essa realidade. No se
trata de deixar de lado as inovaes cientficas e tecnolgicas, mas sim de
agregar valores humanos s relaes que ocorrem nas instituies de sade
buscando uma articulao baseada nos princpios ticos, respeitando e
valorizando as pessoas envolvidas (SELLI; ALVES, 2007, p. 45).
Para as autoras, o corpo fsico apenas um reflexo do esprito e a
espiritualidade algo intrnseco ao ser humano, constituindo campo de elaborao
subjetiva no qual a pessoa constri de forma simblica o sentido de sua vida e busca
22
fazer frente vulnerabilidade desencadeada por situaes que apontam para a
fragilidade da vida humana.
Assim, para Giovelli et al.(2008, p. 6) , o ser humano um ser em relao:
consigo mesmo, com seus semelhantes, com a natureza, com a divindade. A
espiritualidade sempre tem a ver com o transcender a si mesmo e para transcender a si
mesmo preciso entrar em relao. Dessa forma, de acordo com Salgado (2006),
identifica-se um paradoxo na postura cientfica ao rejeitar o transcendente.
No entanto, quando se fala em espiritualidade, o assunto ainda muito
polmico, pois tudo que no quantificvel e objetivo foge ao domnio da Cincia. Aos
cientistas permitido apenas a investigao de certos fenmenos a ela relacionados, de
forma restrita e pontual, o que talvez nunca venha a ser suficiente para oferecer-lhes o
esclarecimento que desejariam obter sobre o tema (DESCARTES, 1962).
Porm, a literatura mostra trabalhos que comprovam o efeito da espiritualidade
na sade e sua relao com ela. Para Vasconcelos (2004), doentes que com garra e
sabedoria, mantm a ternura, a generosidade, a capacidade de apoiar as pessoas e, at a
alegria, ensinam que o bom funcionamento fsico do corpo, embora importante, no o
valor mais fundamental. Demonstram socialmente a existncia no ser humano de foras
interiores capazes de suplantar as mais duras adversidades.
A espiritualidade pode surgir, na doena, como um recurso interno que
favorece a aceitao, o empenho no restabelecimento, a aceitao de
sentimentos dolorosos, o contato e o aproveitamento da ajuda das outras
pessoas e at a prpria reabilitao. A dimenso espiritual formar um novo
paradigma social. Cada vez mais se reconhece que a f ajuda no processo de
recuperao da sade e enfrentamento da doena (SELLI; ALVES, 2007, p.
47).
No Brasil, Wanda de Aguiar Horta, enfermeira e filsofa, doutora em
enfermagem pela Universidade de So Paulo, defendeu e publicou a Teoria das
Necessidades Humanas Bsicas, colocando a Espiritualidade como uma necessidade
bsica do ser humano a ser observada e cuidada pelo enfermeiro em seu planejamento
de assistncia (HORTA, 1979). A classificao das Necessidades Humanas Bsicas
(NHB), segundo Horta (1979), dividida em Necessidades Psicobiolgicas,
Necessidades Psicossociais e Necessidades Psicoespirituais. De acordo com a autora, as
duas primeiras se referem aos seres vivos de uma forma geral, porm, a ltima se refere
apenas condio de ser humano. Ela relaciona tambm, a necessidade psicoespiritual
como uma necessidade religiosa ou teolgica, tica ou de filosofia de vida.
23
Segundo Horta (1979), para identificar se a NHB psicoespiritual est afetada, o
profissional pode [...] colher dados a respeito da participao do cliente na vida
religiosa: comunicao com Deus, papel da religio na vida do paciente, prticas
religiosas, papis desempenhados na vida religiosa [...], entre outros. Aps coletados
os dados sobre a histria do paciente um plano de cuidados de enfermagem ser
desenvolvido, de acordo com os diagnsticos de enfermagem encontrados.
A comprovao da utilizao de aspectos distintos da espiritualidade e da
religiosidade como suporte, teraputica e determinao de desfechos
positivos em diversas doenas tem constitudo emblemtico desafio para a
cincia mdica. Em se considerando as limitaes ticas e de mtodo,
demonstra-se o quo dificultoso se faz mensurar e quantificar o impacto de
experincias religiosas e espirituais pelos mtodos cientficos tradicionais
(GIOVELLI et al., 2008, s/p).
Por ser uma questo um tanto abstrata, no objetificada, difcil de mensurar,
percebe-se que a espiritualidade, por estar confundida muitas vezes com questes
religiosas e de doutrinas afins, pode-se dizer que o tema foi deixado de lado pelas
pesquisas uma vez que sua essncia no tem sido captada para a construo de
instrumentos de medida que pudessem trabalhar essa temtica.
Porm, ao se buscar instrumentos que pudessem ser utilizados para mensurao
da espiritualidade, verificou-se que todos encontrados eram originrios dos Estados
Unidos. Nesse sentido, temos duas opes: a construo de um instrumento e sua
validao ou a adaptao cultural e validao de um instrumento existente em outro
pas.
So numerosas as vantagens de utilizarmos instrumentos de medida j
validados e amplamente utilizados por outros pesquisadores. Alm de nos
poupar tempo e dinheiro uma vez que a concepo, desenvolvimento e
consolidao de um novo instrumento muito trabalhosa e dispendiosa ,
permite-nos tambm comparar os resultados obtidos em pesquisas com
populaes distintas (VILETE et al., 2006, s/p).
Mediante isso, pretende-se adaptar a escala Brief Multidimensional Measure
of Religiousness/Spirituality: 1999- BMMRS, buscando trabalhar a temtica da relao
entre a espiritualidade, religiosidade no campo da biotica, com nfase no cuidado da
sade.
A avaliao do fenmeno da espiritualidade e religiosidade pode ser importante
neste momento em que o sistema pblico de sade brasileiro e muitos grupos privados
de assistncia sade buscam reorientar suas prticas de ateno de forma que melhor
24
se ajustem realidade cultural da populao e realidade subjetiva dos profissionais de
sade que neles atuam.
Em relao biotica, o presente estudo disponibilizar comunidade
cientfica instrumentos adaptados culturalmente e confiveis para mensurar assuntos
relevantes do seu contedo.
Com esta pesquisa os profissionais de sade e, em especial o enfermeiro,
podero contar com escalas de mensurao da espiritualidade que ser disponibilizada
para auxiliar na Sistematizao da Assistncia de Enfermagem e para avaliao desse
fenmeno, auxiliando a assistncia espiritual, pois ela identificar as necessidades
espirituais das pessoas sob cuidados.
A importncia social do presente trabalho refere-se ao fato do paciente poder
contar com uma assistncia que o atenda de forma holstica, contribuindo para sua
melhor recuperao, reabilitao e consequente qualidade de vida.
imprescindvel que os profissionais da rea de sade se despertem para o
atendimento das necessidades espirituais dos pacientes, pois, assim procedendo estaro
vislumbrando a pessoa humana na sua totalidade e, consequentemente, estaro
disponveis ao atendimento das necessidades emergentes dos pacientes e no originrias
do prprio profissional. Agindo assim, eles estaro sendo mais competentes e,
sobretudo, ticos na difcil arte e cincia do cuidar.
1.3 Objetivo
- Realizar a adaptao transcultural da Brief Multidimensional Measure of
Religiousness/ Spirituality: 1999 realidade brasileira.
25
2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 Biotica/ Espiritualidade e Religiosidade
O surgimento da Biotica data de 1970. O termo foi descrito pela primeira vez
em um artigo de Van Rensselaer Potter, The science of survival e, no ano seguinte, num
livro do mesmo autor, Bioethics: bridge to the future. Tambm em 1971, Andr
Hellegers utiliza esse termo para nomear o Institute for Study of Human Reproduction
and Bioethics, instituio importante na gnese e desenvolvimento da Biotica. Para
Boccatto (2007), discutir sobre a Biotica, que procede do grego bios, vida e ethos,
tica, significa discutir sobre a tica da vida. Mas determinar o seu nascimento no
fcil, vrios so os fatos e documentos que tiveram impacto na sua gnese e
desenvolvimento.
De acordo com Giovelli et al. (2008), a Biotica a ponte entre a cincia e as
humanidades. Ela une o conhecimento biolgico e valores humanos, para atingir uma
nova sabedoria. uma tica aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias
na rea das cincias mdicas e da soluo adequada dos dilemas morais por elas
apresentados. considerada uma atitude diante da vida. Assim, est envolvido com o
nascer, o viver e o morrer, o que faz com que seja primordial, tanto para a nossa vida
pessoal, quanto para a profissional.
Na concepo de Boccatto (2007), a Biotica transdisciplinar, pluralista,
secularizada, multiprofissional e intercultural, tendo como centro de suas aes a
valorizao do ser humano em todas as suas dimenses. Portanto, os dilemas bioticos
devem ser considerados sob vrios aspectos na tentativa de harmonizar os melhores
caminhos.
Biotica um espao de reflexo procura de respostas para os diferentes
dilemas bioticos, no sendo apenas, um questionamento do proibido e do
permitido. Ela busca o resgate da dignidade da pessoa humana, com nfase
na qualidade de vida dos seres vivos e na proteo do meio ambiente.
Portanto, a Biotica um chamado para nos tornarmos livres pensadores
rumo cidadania (BOCCATTO, 2007, p.3)
26
Neste sentido, na opinio de Selli; Alves (2007), falar em biotica falar em
medidas que englobam a pessoa de uma forma integral: biolgica (biofsica),
emocional, mental, psicolgica, social e espiritual, que se inicia sensibilizando a todos
da existncia dessas dimenses em si mesmo. S possvel cuidar integralmente do
outro se todas as dimenses so consideradas.
A Biotica por assumir um carter multidisciplinar propicia para si espaos a
todas as reas de conhecimento. Dentro desse contexto, encontra-se situada a
Espiritualidade.
Espiritualidade aquilo que produz dentro de ns uma mudana. O ser
humano um ser de mudanas, pois nunca est pronto, est se fazendo,
fsica, psquica, social e culturalmente. Mas h mudanas e mudanas. H
mudanas que no transformam nossa estrutura de base. So superficiais e
exteriores, ou meramente quantitativas (BOFF, 2006, p. 14).
Segundo Selli; Alves (2007), a Biotica subsidia o respeito aos aspectos
espirituais e religiosos, pois se prima pelo carter plural na anlise e discusso de
situaes concretas, evitando assim assumir posies sectrias. Sempre que se pensa em
cuidado, os aspectos espiritualidade, sade e biotica esto inclusos, pois so conceitos
que se implicam e se interpenetram. Dessa forma, torna-se possvel concluir que a
biotica e a espiritualidade constituem ferramentas no sentido de ajudarem a ultrapassar
a idia curativa da sade e voltar-se para a potencializao do sujeito visto em suas
mltiplas dimenses.
No se pode falar de espiritualidade sem trazer questes quanto religiosidade.
Koenig (2007) explica a espiritualidade como um fenmeno inerente a religiosidade. A
dimenso espiritual algo que poder estar presente na religiosidade. Entretanto, a
espiritualidade pode ocorrer tambm na ausncia da religiosidade.
Para Boff (2006, p. 15), ... religio est relacionada com a crena no direito
salvao pregada por qualquer tradio de f, associados a isso esto ensinamentos ou
dogmas religiosos, rituais, oraes e assim por diante.
Na concepo de Giovelli et al. (2008), a espiritualidade o conjunto de todas
as emoes e convices de natureza no material, com a suposio que h mais no
viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questes
significadas e sentidas da vida, no se limitando a qualquer tipo de crena ou prtica
religiosa. Segundo esses autores, a religiosidade, espiritualidade e crenas pessoais dos
pacientes necessitam ser inseridas no entendimento da prtica clnica do profissional de
sade, mdico, psiclogo, dentre outros, como forma de estabelecimento de uma prtica
27
que respeite os valores do paciente, sendo, portanto, fundamental para o vnculo
profissional-paciente.
Para Selli; Alves (2007), a espiritualidade traduz-se em sermos seres espirituais
e possuirmos, transitoriamente, um corpo fsico. Pesquisas realizadas pelas cincias
naturais, como a fsica e a biologia, tm endossado essa afirmao. O corpo fsico
apenas um reflexo do esprito. Na assertiva apresentada pela autora verifica-se que a
espiritualidade pode surgir, na doena, como um recurso interno.
A ateno ao aspecto da espiritualidade se torna cada vez mais necessria na
prtica de assistncia sade. A cincia tem procurado aliar-se dimenso espiritual,
considerando que o ser humano tem necessidade de buscar o transcendental.
Transcender buscar significado, e a espiritualidade um meio utilizado para esta
busca. A espiritualidade reconhecida como um fator que contribui para a sade e a
qualidade de vida de muitas pessoas. Esse conceito encontrado em todas as culturas e
sociedades (PERES et al., 2007).
No entanto, o que se tem conhecimento que a espiritualidade influencia o
processo de adoecer e morrer. Questionamentos sobre a vida e a morte levam reflexo
sobre a transcendncia humana, algo que vai alm do entendimento da cincia e remete
ao pensamento da possvel existncia de algum superior, algo supremo que decide
sobre o destino dos seres humanos. Dessa forma, a espiritualidade surge como uma
dimenso na qual o ser humano busca amparo para suas inquietaes existenciais
(PERES et al., 2007).
Segundo Cipriano (2008), a espiritualidade faz parte da dimenso do homem,
que cresce, amadurece e se fortifica segundo o modo de viver e de reagir perante as
experincias. Acredita-se que a doena e o sofrimento so fatores desencadeantes de
diferentes tipos de reao. A doena e o sofrimento em geral, podem ser causa de vazio
e at podem colocar a pessoa em condio de se sentir despersonalizada.
Assim, em se tratando de adoecimento, a pessoa humana muitas vezes
necessita mobilizar ou criar estratgias para enfrentar o sofrimento, seja ele psquico,
fsico ou espiritual, a fim de minimizar o estresse que a situao de adoecer traz em si
mesma ou para buscar a prpria cura. No dia-a-dia das instituies de sade, alguns
clientes expressam a busca da religiosidade para o tratamento de seus problemas de
sade, consciente ou inconscientemente, com a finalidade de serem assistidos
holisticamente, j que o modelo biomdico, estando balizado numa viso reducionista
do ser humano, no satisfaz seu sentido de sade (SALGADO, 2006).
28
Para Peres et al.(2007) e Salgado (2006), as maneiras de lidar com as dores
fsicas, com as perdas, com as limitaes, variam bastante de acordo com o contexto
scio-cultural em que se vive e com o entendimento de vida e de mundo de cada pessoa.
Dentro dessa tica, observou-se que a expresso da religiosidade influi de diferentes
maneiras no cuidar, podendo favorec-lo ou no, ou seja, trazer ou no benefcios para a
assistncia prestada clientela. Porm, isto depende tambm da formao cultural e
profissional das pessoas da rea da sade.
Neste sentido, Vasconcelos (2004) ressalta que nesta situao de silncio,
dor, dependncia do cuidado de outros e encontro com a possibilidade de morte, que
sentimentos fortes como a raiva, a inveja, o ressentimento, a autopiedade, a
vulnerabilidade, o medo, o desespero, bem como as fantasias e os desejos confusos que
so evocados, parecem tomar a mente por perodos prolongados. Estas vivncias
dolorosas criam um estado de sensibilidade em que gestos pequenos dos cuidadores
passam a ter um significado profundo. Dessa forma, a nfase no conceito de
espiritualidade pode ajudar a desbloquear resistncias, uma vez que se refere a prticas
no necessariamente ligadas s religies.
A espiritualidade ressalta principalmente a dinmica de aproximao com o eu
profundo que no corresponde necessariamente aos caminhos padronizados difundidos
pelas hierarquias religiosas tradicionais. A dimenso espiritual uma parte integrante
do indivduo, sendo importante para os enfermeiros avali-la e nela intervir quando
necessrio. Entretanto, essa dimenso deve ser diferenciada do aspecto religioso do
indivduo e do seu comportamento psicossocial. Para diferenciar esse aspecto
importante que haja estudos que definam a espiritualidade por meio de reflexes nas
quais sua especificidade seja levada em conta (BENKO; SILVA, 1996).
Segundo essas autoras, possivelmente a maior ameaa para a ampla aceitao
da sade espiritual, como uma rea de estudo legtima, seja o impacto do cientificismo
nas disciplinas de sade. A viso de mundo que prevalece nas disciplinas de sade tem
razes no empirismo e nas cincias naturais, que tm como base metodolgica, de
alguma forma, o naturalismo (a viso de que todos os fenmenos podem ser explicados
com base nas leis e nas causas naturais). Dessa forma, elas destacam que:
(...) de acordo com a metodologia naturalista, a cincia nem confirma, nem
nega questes metafsicas, tais como o conceito de espiritualidade. Em
resumo, as metodologias cientficas atualmente so legitimamente
fundamentadas no naturalismo metodolgico; entretanto, dando-se muita
nfase nessa viso de metodologia cientfica, existe o risco de excluir outras
29
epistemologias as quais podem servir de um legtimo ponto de partida para o
estudo das realidades espirituais. (BENKO; SILVA, 1996, p. 2).
Neste sentido, h uma carncia muito grande de formas de mensurao ou de
avaliao para essa dimenso, que por meio de diversos estudos influenciam na
recuperao da sade e bem estar do doente. Para isso, faz-se necessria a construo ou
a utilizao de instrumentos construdos em outros pases. Assim, na utilizao desses
instrumentos, devemos realizar os procedimentos de adaptao cultural e validao de
escalas realidade brasileira, de forma a fornecer dados vlidos com relao quilo que
esto se propondo a pesquisar.
2.2 Adaptao Cultural dos Instrumentos de Medida
crescente o interesse por questionrios previamente validados para mensurar
fatores de risco para doenas e agravos sade, exposies de interesse e desfechos
multidimensionais, como a qualidade de vida. Entretanto, nem sempre esto disponveis
em determinado contexto sociocultural, instrumentos vlidos para a aferio dos
diversos aspectos ligados sade e qualidade de vida. Existem duas opes para lidar
com essa falta de instrumentos, so elas: o desenvolvimento de um novo instrumento de
aferio para ser aplicado na cultura alvo ou a utilizao de um instrumento
previamente desenvolvido em outra cultura. Para a utilizao de questionrios validados
em outras culturas, torna-se necessria uma abordagem sistemtica do processo de
traduo e adaptao transcultural destes instrumentos (AIRES; WERNECK, 2006).
Novato et al. (2007), tambm concordam com essa questo da adaptao
transcultural dos instrumentos quando h inexistncia deles em uma determinada
cultura. Segundo eles, na ausncia de um instrumento disponvel em determinado
idioma e cultura, tem sido recomendada a adaptao transcultural de outro j existente,
minimizando tempo e custos e tornando possvel a comparao de resultados em
estudos multicntricos (NOVATO et al., 2007, p. 3).
Se dentro de um mesmo pas, j se observam importantes diferenas
socioculturais que podem diminuir a validade de instrumentos pouco adaptados ao
contexto local, a utilizao dos elaborados em outras culturas requer ateno redobrada.
30
Torna-se cada vez mais evidente que uma simples traduo no o suficiente
(REICHENHEIM; MORAES, 2003).
Com relao adaptao cultural, Oku et al. (2006), enfatizam que as
diferenas existentes entre as definies, crenas e comportamentos impem que a
utilizao de um instrumento elaborado em outros contextos culturais seja precedida,
alm de uma traduo confivel, uma adaptao cultural para o pas ou regio em que
vem sendo aplicado, de forma que mantenha os mesmos conceitos do original. Essa
adaptao no se restringe apenas s situaes que envolvem pases e/ou idiomas
distintos. Ajustes locais e regionais tambm requerem ateno. Em pases com razes
culturais to heterogneas como o Brasil, a proposio de termos coloquiais tpicos,
facilmente aceitos e compreendidos em uma determinada regio poderia no ser
pertinente a outra.
Reichenheim; Moraes (2007), corroborando com os autores anteriores,
comentam que difcil caracterizar se foi ou no alcanada uma sintonia com a
populao na qual a verso ser usada. Uma deciso deve ponderar o quanto se ganha
com a aproximao cultural e o quanto se perde em termos de generalizao e
comparabilidade. Tambm merece meno que adaptaes transculturais no se
restringem ao espao. Mudanas lingusticas acontecem em uma mesma populao ao
longo de anos e, logo, adaptaes temporais so possveis e, por vezes, necessrias.
O pouco rigor quanto ao uso de instrumentos de aferio desenvolvidos em
outras localidades um problema a ser enfrentado. No incomum um pesquisador
traduzir informalmente um instrumento ou mesmo alterar o nmero e contedo dos
itens constituintes. Ainda que possivelmente bem intencionado, no sintonizar as
escolhas terminolgicas populao-alvo, incluir itens novos e/ou excluir outros sem
subsequentemente implementar testes rigorosos, pode comprometer sobremaneira a
qualidade da informao. No limite, pode at impedir a comparao de casusticas e
estudos sobre o mesmo tema (REICHENHEIM; MORAES, 2007).
Aceitando-se que de grande interesse comparar perfis epidemiolgicos de
diferentes culturas, vrios autores recomendam que um instrumento consolidado em
certo contexto seja somente utilizado em outro, aps uma rigorosa adaptao que
permita ligar e harmonizar os construtos e dimenses subjacentes (REICHENHEIM;
MORAES, 2003).
De acordo com esses autores, as primeiras adaptaes de instrumentos
calcavam-se em simples tradues realizadas pelos prprios pesquisadores ou, quando
31
muito, em processos de traduo-retraduo nos quais se avaliava somente o grau de
equivalncia semntica entre o original e sua verso. Mais recentemente, diferentes
estratgias vm sendo propostas. A literatura sobre o tema tem aumentado
progressivamente, principalmente s custas dos numerosos estudos comparativos
internacionais desenvolvidos por pesquisadores das reas de Antropologia e Sociologia.
No entanto, para que tais instrumentos sejam utilizados em diferentes
realidades socioculturais, necessrio um processo de traduo e adaptao
abrangentes, na tentativa de alcanar uma equivalncia cultural, com posterior estudo de
sua validade nesta nova populao. Historicamente, a adaptao de instrumentos
elaborados em outro idioma se detinha simples traduo do original ou,
excepcionalmente, comparao literal deste com verses retraduzidas. Atualmente, no
entanto, reconhecido que, se medidas devem ser usadas por meio de culturas, os itens
no devem ser apenas bem traduzidos linguisticamente, mas devem tambm ser
adaptados culturalmente, para manterem a validade de contedo do instrumento em um
nvel conceitual (VILETE et al., 2006).
Assim sendo, Reichenheim; Moraes (2003) consideram que o processo de
adaptao deve iniciar com uma apreciao da pertinncia dos conceitos e domnios
apreendidos pelo instrumento original na cultura-alvo da nova verso (equivalncia
conceitual). O modelo tambm prescreve que se avalie a adequao de cada item
proposto no instrumento original em termos da capacidade de representar tais conceitos
e domnios na populao-alvo (equivalncia de itens). Somente depois disto, se passa
avaliao da equivalncia semntica e lingstica entre os itens originais e vertidos
(equivalncia semntica). Adequao e a pertinncia de aspectos operacionais, forma de
administrao, instrues, nmero de opes de resposta, entre outros aspectos, tambm
necessitam de ateno (equivalncia operacional). Na seqncia, avalia-se a
equivalncia entre as propriedades psicomtricas do instrumento original e de sua nova
verso (equivalncia de mensurao).
Quando em outra lngua, determinado instrumento de medida para um tema j
est validado e com seus estudos mais avanados, cria-se a necessidade de se
desenvolver medidas especificamente para utilizao em pases, cujo idioma no
corresponde ao de origem do instrumento (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON,
1993). Tais etapas para o desenvolvimento destas medidas so sugeridas de duas
formas: 1- desenvolvendo uma nova medida; 2- modificando e adaptando uma medida
32
previamente validada em outra lngua, por meio do processo chamado de adaptao
cultural.
A primeira opo demanda uma quantidade maior de tempo, empenho pessoal
e financeiro para elaborar a criao de um instrumento indito. J na segunda opo,
no basta que o instrumento seja somente traduzido; necessria uma avaliao
rigorosa de sua adaptao cultural, alm da avaliao de suas propriedades de medida
aps sua traduo (CICONELLI, 1997).
Com relao adaptao cultural, Guillemin; Bombardier; Beaton (1993)
relatam que ela pressupe duas etapas interligadas, as quais so: 1) traduo do
instrumento e adaptao e 2) validao.
O processo de adaptao cultural proposto por Herdman et al. e divulgado por
Hasselmann; Reichenheim; Moraes et al. apud Pesce et al. (2005), consiste em:
- Equivalncia Conceitual: refere-se equivalncia do conceito na
cultura original em comparao cultura-alvo, executada pela discusso entre
especialistas na rea. Esta etapa visa conhecer os conceitos e definies tericas que
embasam o construto, bem como as estratgias utilizadas para a escolha dos itens que
compem a escala.
- Equivalncia de Itens: indica se os itens que compem a escala
verificada estimam os mesmos domnios e se so relevantes nas duas culturas.
- Equivalncia Semntica e Lingstica: consiste na traduo do
instrumento original no s conservando o significado das palavras entre dois idiomas
diferentes, como tambm buscando atingir o mesmo efeito em culturas distintas.
- Equivalncia Operacional: visa manter caractersticas operacionais do
universo original, propiciando maior confiabilidade e validade do instrumento, por
intermdio de medidas empregadas antes e durante a aplicao da escala, tais como:
mesmo nmero de questes e mesmas opes, pois a adequao e a pertinncia de
aspectos operacionais como a forma de administrao, instrues, nmero de opes de
resposta entre outras, tambm necessitam de ateno.
Em relao ao processo de traduo, outra proposta em relao adaptao
cultural de instrumentos de pesquisa relatada por Jorge (1998), que sugere
procedimentos complementares. O esquema bsico, segundo o autor, constitudo pela
traduo por pessoas bilngues, retraduo por pessoa no familiarizada com a verso
original, anlise das trs verses por um painel de peritos (nas duas lnguas, no
instrumento de avaliao e nas condies psicopatolgicas em foco), estudo piloto na
33
populao-alvo e reavaliao com base nos dados resultantes do estudo piloto.
Variantes mais completas incluem o envolvimento de pessoas scio-demograficamente
diversas no processo de traduo, novo teste da verso retraduzida por pessoas leigas
em relao ao assunto da pesquisa (para verificao da compreensibilidade dos
diferentes itens) e conduo do estudo piloto em amostras constitudas por diferentes
indivduos da populao-alvo.
A utilizao de instrumentos importados, alm de econmica, permite a
comparao de populaes de pases ou culturas diferentes (CICONELLI, 1997). Nesse
contexto, criou-se uma demanda por critrios e procedimentos para a traduo e
adaptao cultural de instrumentos (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993).
O processo de traduo e adaptao cultural de instrumento segundo
Guillemin; Bombardier; Beaton (1993) e Guirardello (2005) envolvem as seguintes
etapas e que sero adotadas neste trabalho:
a) traduo do instrumento para o portugus;
b) back-translation ou traduo da verso de volta para o ingls;
c) avaliao por um grupo de juzes;
d) grupo focal;
e) pr-teste da verso final.
Segundo esses pesquisadores, o processo de traduo e adaptao de
instrumentos deve envolver alguns passos e estes sero mencionados a seguir:
A) Traduo para lngua portuguesa: essa etapa consiste na traduo da
verso original do instrumento para a lngua portuguesa, por dois tradutores
independentes, resultando assim em duas verses. A seguir, as duas verses devem ser
avaliadas individualmente, e depois comparadas uma com a outra por dois outros
pesquisadores, para obteno de uma nica verso em portugus. Isto permite a
deteco de erros e interpretaes divergentes de itens com significados ambguos na
verso original, (GUILLEMIN; BOMBARDIER; BEATON, 1993).
B) Back-translation, traduo do instrumento de volta para o idioma de
origem: esse procedimento permite avaliar se a verso em portugus corresponde
adequadamente verso em ingls. Tambm conhecida como back-translation, ou
retrotraduo, se baseando em traduzir o contedo do instrumento na segunda lngua
para o idioma de origem. Com o auxilio de dois tradutores cuja lngua materna o
ingls, resultando assim em duas verses que devem ser avaliadas individualmente e
comparadas com o original em ingls e as discrepncias devero ser analisadas.
34
C) Avaliao por um grupo ou comit de juzes: aps a obteno da verso
final traduzida para o portugus, o prximo passo metodolgico consiste na validao
da mesma por um grupo de juzes, caracterizando-se assim a terceira etapa do processo
de adaptao cultural do instrumento. Os juzes avaliam as equivalncias semntica e
idiomtica e equivalncias cultural e conceitual do instrumento, por meio de instrues
especficas (KIMURA, 1999), sendo essas realizadas individualmente.
Kimura (1999) relata que esta etapa do processo de traduo consiste na
avaliao da equivalncia da verso original e final, usando o procedimento do pr-teste
no qual duas tcnicas podem ser utilizadas: tcnica da prova e a avaliao por bilngues
para verificao de equivalncia de itens, no entanto a recomendao dos autores em
geral de que se opte apenas por uma das tcnicas.
De acordo com Guillemin; Bombardier; Beaton (1993), diversos termos e
procedimentos tm sido propostos para a avaliao de equivalncia cultural das verses
original e final de instrumentos de medida. Portanto, os autores propem a anlise dos
seguintes aspectos:
Equivalncia semntica refere-se ao significado das palavras; o vocabulrio
e a gramtica podem sofrer alteraes na construo das sentenas.
Equivalncia idiomtica busca analisar as expresses idiomticas e
coloquiais, que devem ser substitudas por expresses equivalentes na cultura alvo.
Equivalncia experimental ou cultural relativa s situaes retratadas na
verso original que, devem ser coerentes com o contexto original, para o qual o
instrumento ser traduzido. H possibilidade de modificao ou descarte de itens.
Equivalncia conceitual analisa a validade do conceito explorado e as
experincias dos indivduos da cultura-alvo, pois alguns itens podem ser equivalentes
em relao ao significado, mas distintos em relao ao conceito.
D) Grupo Focal: segundo Minayo (2007), a tcnica de grupo focal das mais
comuns para a atividade de pesquisa. Constitui-se num tipo de entrevista ou conversa
em grupos pequenos e homogneos. Para ser bem sucedida precisa ser planejada, pois
visa a obter informaes, aprofundando a interao entre os participantes, seja para
gerar consenso, seja para explicar divergncias. A tcnica deve ser aplicada mediante
um roteiro que vai do geral ao especfico, em ambiente no diretivo, sob a coordenao
de um moderador capaz de conseguir a participao e o ponto de vista de todos e de
cada um. O valor principal dessa tcnica fundamenta-se na capacidade humana de
35
formar opinies e atitudes na interao com outros indivduos. Nesse sentido, o uso dos
grupos focais contrasta com a aplicao de questionrios fechados e de entrevistas em
que cada um chamado a emitir opinies individualmente.
Os grupos focais podem ter uma funo complementar observao
participante e s entrevistas individuais ou, ao contrrio, ser a modalidade especfica de
abordagem qualitativa. Por isso so usadas para: (a) focalizar a pesquisa e formular
questes mais precisas; (b) complementar informaes sobre conhecimentos peculiares
a um grupo em relao s crenas, atitudes e percepes; (c) desenvolver hipteses para
estudos complementares; (d) ou, cada vez mais, como tcnica exclusiva (MINAYO,
2007).
Do ponto de vista operacional, a discusso nos grupos focais se faz em
reunies com um pequeno nmero de informantes (seis a doze). A tcnica exige a
presena de um animador e de um relator. O primeiro tem o papel de focalizar o tema,
promover a participao de todos, inibir os monopolizadores da palavra e aprofundar a
discusso. O papel do animador: (a) introduzir a discusso e a mant-la acessa; (b)
enfatizar para o grupo que no h respostas certas ou erradas; (c) observar os
participantes, encorajando a palavra de cada um; (d) buscar as deixas para propor
aprofundamentos; (e) construir relaes com os participantes para aprofundar,
individualmente, respostas e comentrios considerados relevantes para a pesquisa; (f)
observar as comunicaes no verbais e (g) monitorar o ritmo do grupo visando a
finalizar o debate no tempo previsto. Geralmente o tempo de durao de uma reunio
no deve ultrapassar uma hora e meia (MINAYO, 2007).
No mbito das abordagens qualitativas em pesquisa social, a tcnica do grupo
focal vem sendo cada vez mais utilizada. Em geral, podemos caracterizar essa tcnica
como derivada das diferentes formas de trabalho com grupos, amplamente desenvolvida
na psicologia social. Privilegia-se a seleo dos participantes segundo alguns critrios
conforme o problema em estudo -, desde que eles possuam algumas caractersticas em
comum que os qualificam para a discusso da questo que ser o foco do trabalho
interativo e da coleta do material discursivo/expressivo. Os participantes devem ter
alguma vivncia com o tema a ser discutido, de tal modo que a sua participao possa
trazer elementos ancorados em suas experincias cotidianas (GATTI, 2005).
Na conduo do grupo focal, importante o respeito ao princpio da no
diretividade, e o facilitador ou moderador da discusso deve cuidar para que o grupo
desenvolva a comunicao sem ingerncias indevidas da parte dele, como intervenes
36
afirmativas ou negativas, emisses de opinies particulares, concluses ou outras
formas de interveno direta. No se trata, contudo, de uma posio no diretiva
absoluta, ou do tipo laissez-faire, por parte do moderador. Este dever fazer
encaminhamentos quanto ao tema e fazer intervenes que facilitem as trocas, como
tambm procurar manter os objetivos de trabalho do grupo. O que ele no deve se
posicionar, fechar a questo, fazer snteses, propor idias, inquirir diretamente. Fazer a
discusso fluir entre os participantes sua funo, lembrando que no est realizando
uma entrevista com um grupo, mas criando condies para que esta se situe, explicite
pontos de vista, analise, infira, faa crticas, abra perspectivas diante da problemtica
para o qual foi convidado a conversar coletivamente. A nfase recai sobre a interao
dentro do grupo e no em perguntas e respostas entre moderador e membros do grupo.
A interao que se estabelece e as trocas efetivadas sero estudadas pelo pesquisador
em funo de seus objetivos. H interesse no somente no que as pessoas pensam e
expressam, mas tambm em como elas pensam e porque pensam o que pensam
(GATTI, 2005).
Kitzinger (1994) assinala alguns aspectos importantes trazidos pelas interaes
ocorridas nos grupos focais. Segundo a autora, por meio delas, podemos:
- clarear atitudes, prioridades, linguagem e referncias de compreenso dos
participantes;
- encorajar uma grande variedade de comunicaes entre os membros do
grupo, incidindo em variados processos e formas de compreenso;
- ajudar a identificar as normas do grupo;
- oferecer insight sobre a relao entre funcionamento do grupo e processos
sociais na articulao de informao (por exemplo, mediante ao exame de qual
informao censurada ou silenciada no grupo);
- encorajar uma conversao aberta sobre tpicos embaraosos para as pessoas;
- facilitar a expresso de idias e de experincias que podem ficar pouco
desenvolvidas em entrevista individual.
E) Pr-teste da verso final do instrumento: ltima etapa do processo de
adaptao cultural. Aps os ajustes necessrios, a verso final do instrumento
submetida a um pr-teste para anlise da compreensibilidade dos itens. Este
procedimento permite avaliar a validade do instrumento que est sendo adaptado nova
cultura.
37
3 TRAJETRIA METODOLGICA
3.1 Escolha do instrumento
Considerando que a medida para avaliao da espiritualidade Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999 um instrumento com
ampla aceitao em diversos pases, acredita-se que o mesmo possa atender os
requisitos de objetividade, simplicidade, rapidez e facilidade na aplicao brasileira.
Pretende-se, assim, com este estudo, disponibilizar no meio acadmico e cientfico um
instrumento de mensurao da espiritualidade, com essas caractersticas, para utilizao
na assistncia e em pesquisa de enfermagem (FETZER INSTITUTE, 2003).
A Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999, que
encontra-se em Anexo A, foi construda por Ellen L. Idler, Marc A. Musick,
Christopher G. Ellison, Linda K. George, Neal Krause, Marcia G. Ory, Kenneth I.
Pargament, Lynda H. Powell, Lynn G. Underwood, David R. Williams. O instrumento
foi desenvolvido como um recurso que proporciona uma lista extensa de questes
relevantes religiosidade e espiritualidade relacionando-as com a sade. Ele foi
organizado por domnio. Cada seo identifica um domnio, descreve a sua relao com
a sade. Os domnios da espiritualidade e da religiosidade includos nesse documento
so destinados para o uso em estudos que avaliam a relao entre religiosidade,
espiritualidade e sade. A Escala est formada por 11 domnios que so os seguintes: 1)
Experincias espirituais dirias; 2) Valores/crenas; 3) Perdo; 4) Prticas religiosas
particulares; 5) Superao religiosa e Espiritual; 6) Suporte religioso; 7) Histria
religiosa/espiritual; 8) Comprometimento; 9) Religiosidade organizacional;
10)Preferncias religiosas e 11) Auto-avaliao Global. A pontuao de cada domnio
especfica e quanto menor melhor a posio em relao dimenso. (FETZER
INSTITUTE, 2003)
Frequentemente os estudos na rea de sade apresentam limitaes de tempo e
espao. Por causa dessas limitaes, os autores deste instrumento julgaram ser til o
desenvolvimento de uma medida breve baseada substancialmente nos itens selecionados
de cada um dos domnios. (FETZER INSTITUTE, 2003)
38
Existem vrias maneiras de se usar este instrumento. Os pesquisadores que
almejam olhar puramente na direo dos efeitos dos domnios selecionados de
religiosidade/espiritualidade na sade podem usar as medidas recomendadas para um
domnio especifico. Por exemplo, um investigador pode simplesmente avaliar a
interface entre a religiosidade/espiritualidade particular e sade, ou suporte religioso e
sade, ou as experincias espirituais dirias e sade, e assim por diante. Tal abordagem
simples e fcil de ser implementada, mas pode omitir o fato de que existem inter-
relaes potencialmente importantes entre os diferentes domnios. Avaliando essas,
tambm como os seus efeitos mais imediatos na sade, provvel que seja conduzida
uma viso mais informada dos efeitos da religiosidade/espiritualidade na sade.
(FETZER INSTITUTE, 2003)
No Apndice A encontra-se a solicitao para utilizao da escala e no Anexo
B a autorizao dos autores.
3.2 Desenvolvimento do estudo
Com o propsito de melhor compreenso da operacionalizao do presente
estudo, elaborou-se um diagrama fundamentado na proposta de Kimura (1999), que
nortear o desenvolvimento deste trabalho. As etapas de desenvolvimento da adaptao
transcultural da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999
(Medida Multidimensional Breve de Religiosidade/Espiritualidade 1999) podem ser
observadas na Figura 1.
39
Figura 1- Etapas de desenvolvimento do estudo
Escolha do instrumento BMMRS
Traduo inicial
Primeira Verso Traduzida do BMMRS
Avaliao do corpo de juzes
10 juzes
Equivalncia semntica e idiomtica
Equivalncia cultural
e conceitual
Segunda verso
Terceira verso
Grupo Focal I
Quarta Verso
Grupo Focal II
Quinta Verso
Back Translation
ou retrotraduo
Envio para os autores
Verso Final do BMMRS
A back translation foi realizada aps avaliao do grupo focal, porque segundo
a experincia de Kimura (1999), em relao adaptao cultural, os autores das escalas
sempre solicitam que aquele procedimento seja realizado aps a ltima etapa do
processo de adaptao cultural (grupo focal).
Trs tradutores
independentes
Compatibilizao das
trs tradues pelo
pesquisador
5 juzes 5 juzes
Compatibilizao das
duas retrotradues pelo
pesquisador por um
tradutor
Dois retradutores
independentes
40
3.3 Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo do tipo metodolgico e descritivo.
De acordo com Polit; Beck; Hungler (2004), os estudos metodolgicos referem-
se s pesquisas dos mtodos de obteno, organizao e anlise dos dados, realizando a
elaborao, validao e avaliao dos instrumentos e tcnicas de pesquisa, podendo
adaptar ou modificar um instrumento existente.
Para Gil (2004), as pesquisas descritivas propem descrio das caractersticas
de determinada populao ou fenmeno.
3.4 Aspectos ticos da pesquisa
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa da Unidade Sade da
Faculdade de Cincias Mdicas Dr. Jos Antonio Garcia, da Universidade do Vale do
Sapuca, Pouso Alegre MG, conforme Parecer Consubstanciado do Comit de tica em
Pesquisa que encontra-se em Anexo L com o ttulo Adaptao Cultural e Validao da
Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999.
Embora o trabalho tenha se limitado Adaptao Cultural da escala Brief
Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality: 1999, manteve-se o Parecer
Consubstanciado com o ttulo de Validao porque h inteno de se continuar o
presente trabalho.
Finalmente, preciso evidenciar que o presente estudo contou com a participao de
pessoas da comunidade de Campos Gerais/MG para realizao do grupo focal, cujo Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido encontra-se em Apndice B, seguindo-se os preceitos
estabelecidos pela Resoluo 196/96, de 16/10/1996, do Ministrio da Sade.
41
4 RESULTADOS E DISCUSSO
Os resultados do presente estudo consistem na descrio das diversas etapas que
constituram o processo de adaptao transcultural da Brief Multidimensional Measure
of Religiousness/Spirituality: 1999, que foram as seguintes: traduo, avaliao por
corpo de juzes, grupo focal e back translation.
4.1 A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:
1999
A traduo da Brief Multidimensional Measure of Religiousness/Spirituality:
1999 para a lngua portuguesa foi realizada, separadamente, por trs peritos em ingls.
As tradues procuraram considerar os aspectos lingusticos e o significado atribudo
aos termos na cultura brasileira. As trs verses traduzidas foram analisadas pela
pesquisadora e, a partir delas, foi elaborada outra verso (primeira verso traduzida da
Brief Multidimensional Measure of Religiousness / Spirituality: 1999 - Medida
Multidimensional Breve de Religiosidade / Espiritualidade: 1999), que se encontra em
Anexo C.
De acordo com Guillemin; Bombardier; Beaton (1993), para garantir uma
traduo de qualidade necessrio que a sua realizao seja feita por, no mnimo, dois
tradutores independentes. Corroborando, Serrano (2009), aconselha-se o mnimo de
duas tradues independentes, permitindo a deteco de erros e interpretaes
divergentes de itens no original. Webhe (2008) ressalta que o objetivo obter uma
verso que preserve a integridade do instrumento de medida, mantendo ao mximo o
mesmo significado de cada item da lngua de origem para lngua alvo da adaptao.
42
4.2 Avaliao por Corpo de Juzes
A primeira verso elaborada pela pesquisadora foi encaminhada a um corpo de
cinco juzes e solicitado a avaliao das verses original e final do instrumento (1
verso traduzida da Medida Multidimensional Breve de
Religiosidade/Espiritualidade: 1999). Este grupo de juzes efetuou a anlise das
equivalncias semntica e idiomtica dos itens do instrumento.
Para compor o comit de especialistas para a avaliao das equivalncias
semntica e idiomtica, foi considerado o critrio de domnio da lngua inglesa. Para
avaliao dessas equivalncias, foi utilizado o instrumento Avaliao das
Equivalncias Semntica e Idiomtica (Anexo D), assim como o ndice de Validade
de Contedo (IVC), apresentado a seguir:
Onde IVC = ndice de Validade de Contedo.
Aps as anlises, foram realizadas as alteraes sugeridas pelo citado corpo de
juzes e, a partir disso, constituda a segunda verso traduzida da Medida
Multidimensional Breve de Religiosidade/Espiritualidade: 1999, que se encontra em
Anexo E.
Para Pedroso et al (2004), a equivalncia semntica avalia a equivalncia
gramatical e de vocabulrio, pois muitas palavras de um determinado idioma no
possuem traduo adequada para outro. A equivalncia idiomtica refere-se a
dificuldades em traduzir expresses coloquiais de um determinado idioma, sendo etapas
de grande relevncia no processo de adaptao do instrumento.
As modificaes efetuadas nos itens aps a sugesto do comit de juzes
referente avaliao semntica e idiomtica podem ser observadas no Quadro 1.
43
Quadro 1 Modificaes dos itens da Brief Multidimensional Measure of
Religiouness/Spirituality: 1999 aps Avaliao Semntica e Idiomtica. Pouso
Alegre, MG, 2010.
ITEM EQUIVALNCIA MODIFICAES
1 100% SEM MODIFICAES
2 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo a
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando o item
para: Com que frequncia
tem as seguintes
experincias.
3 80% SEM MODIFICAES
4 100% SEM MODIFICAES
5 100% SEM MODIFICAES
6 100% SEM MODIFICAES
7 100% SEM MODIFICAES
8 80% SEM MODIFICAES
9 100% SEM MODIFICAES
10 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas para: 1.
concordo totalmente;
2. Concordo; 3. Discordo;
4. Discordo totalmente
11 100% SEM MODIFICAES
12 80% SEM MODIFICAES
13 100% SEM MODIFICAES
14 80% SEM MODIFICAES
15 60% Com 60% de equivalncia,
houve a necessidade de se
alterar o item para melhor
compreenso, mudando-o
para: De acordo com sua
44
tradio religiosa ou
espiritual, com que
frequncia voc medita?
16 100% SEM MODIFICAES
17 80% SEM MODIFICAES
18 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando o item
para: Com que frequncia
so feitas oraes ou
agradecimentos antes ou
aps as refeies em sua
casa.
19 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca
20 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca
21 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca
22 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando para:
45
Vejo Deus como fora,
suporte e guia e as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca .
23 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca
24 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando as
alternativas: 1. Muito;
2. Em parte; 3. Pouco;
4. Nunca
25 100% SEM MODIFICAES
26 80% SEM MODIFICAES
27 100% SEM MODIFICAES
28 100% SEM MODIFICAES
29 100% SEM MODIFICAES
30 80% SEM MODIFICAES
31 100% SEM MODIFICAES
32 100% SEM MODIFICAES
33 100% SEM MODIFICAES
34 60% Com 60% de equivalncia,
houve a necessidade de se
alterar o item para melhor
compreenso, mudando-o
para: Eu tento levar
fortemente minhas crenas
religiosas ao longo de
minha vida.
35 100% SEM MODIFICAES
36 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
46
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando para:
Em uma semana, quantas
horas voc dedica em
atividades da sua igreja ou
atividades que voc faz por
razes religiosas ou
espirituais.
37 80% SEM MODIFICAES
38 100% SEM MODIFICAES
39 80% Apesar de 80% de
equivalncia, o autor do
presente estudo, partindo da
observao de um juiz,
decidiu levar em conta sua
sugesto, mudando para:
Qual sua religio no
momento.
40 100% SEM MODIFICAES
41 100% SEM MODIFICAES
A segunda verso foi encaminhada a outro comit, constitudo tambm por
cinco juzes, com ttulo de doutor e com formao profissional em medicina,
enfermagem e psicologia, para a anlise das equivalncias cultural e conceitual dos
itens.
Para o estabelecimento dos critrios de incluso dos juzes, tanto para a
avaliao das equivalncias semntica e idiomtica como para as equivalncias cultural
e conceitual, baseou-se no estudo de Kimura (1999).
Os critrios estabelecidos para os juzes da avaliao das equivalncias cultural
e conceitual foram os seguintes:
Pessoas que:
1- Fossem profissionais da rea de sade e humanas (mdico, enfermeiro e
psiclogo).
2- Tivessem domnio da lngua