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Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T15 Braskem (BRKM3 BZ) 08 de maio de 2015 1 Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2015. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente, Mario Augusto da Silva, Vice-presidente de Finanças e RI, e Roberta Varella, Diretora de RI. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela Internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Roberta Varella, Diretora de RI da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Roberta, pode prosseguir. Roberta Varella: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do primeiro trimestre de 2015. Lembramos que em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. As informações financeiras aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes. Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários. No slide de número 3, falaremos dos principais destaques do primeiro trimestre de 2015. A taxa média de utilização dos crackers foi de 89%, um avanço de 3 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre. A normalização da operação do cracker de São Paulo, que teve parada programada de manutenção finalizada em outubro, e o melhor

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Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2015. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-Presidente, Mario Augusto da Silva, Vice-presidente de Finanças e RI, e Roberta Varella, Diretora de RI. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela Internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Roberta Varella, Diretora de RI da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Roberta, pode prosseguir. Roberta Varella: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do primeiro trimestre de 2015. Lembramos que em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. As informações financeiras aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes. Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários. No slide de número 3, falaremos dos principais destaques do primeiro trimestre de 2015. A taxa média de utilização dos crackers foi de 89%, um avanço de 3 pontos percentuais em relação ao quarto trimestre. A normalização da operação do cracker de São Paulo, que teve parada programada de manutenção finalizada em outubro, e o melhor

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desempenho do site de Triunfo, compensaram o menor fornecimento de matéria-prima para a central do Rio de Janeiro. A demanda brasileira por resinas termoplásticas foi de 1,4 milhão de toneladas, um crescimento de 6% e 9% na comparação com o 1T14 e o 4T14, respectivamente. A alta é explicada, principalmente, pela recomposição dos estoques da indústria de transformação. As vendas da Braskem, por sua vez, seguiram essa tendência e totalizaram 954 mil toneladas, uma alta de 6% e 12%. A Braskem registrou EBITDA consolidado de R$ 1, 5 bilhão, uma alta de 10% na comparação com o trimestre anterior. A redução dos spreads petroquímicos no mercado internacional foi compensada pelo maior volume de vendas de resinas; pela depreciação do real e pelo reconhecimento da restituição de R$ 220 milhões, que será explicada em mais detalhes no slide 5. Na comparação com o EBITDA recorrente do 1T14, a alta em reais foi de 9%. Nesse contexto, o lucro líquido foi de R$204 milhões. A alavancagem da Companhia, medida pela relação dívida líquida/EBITDA em dólares foi de 2,55x, uma redução de 1% em relação ao 4T14. No que tange o projeto do México, a construção seguiu avançando e o progresso físico do empreendimento atingiu 92%. As atividades de engenharia e procura foram finalizadas e as atividades de pré-comissionamento do complexo já foram iniciadas. No fim de abril, a subsidiária Braskem-Idesa sacou a 5ª parcela do project finance, no valor de US$ 291 milhões, totalizando cerca de US$ 3,2 bilhões. Passando para o próximo slide. No slide 4 falaremos sobre o desempenho do mercado brasileiro de resinas termoplásticas e das vendas da Braskem no primeiro trimestre de 2015. O mercado de resinas termoplásticas atingiu 1,4 milhão de toneladas, um crescimento de 6% e 9% na comparação com o 1T14 e o 4T14, respectivamente. Essa alta é explicada, principalmente, pelo movimento de recomposição de estoques da cadeia de transformação, que havia postergado parte do volume de compras no último trimestre em função da expectativa de redução de preços de resinas. Contribuiu ainda para esse desempenho a demanda dos setores relacionados a bens de consumo e ao agronegócio. Acompanhando a tendência do mercado, as vendas da Braskem apresentaram alta de 6% e 12% em relação ao 1T14 e 4T14, respectivamente, totalizando 954 mil toneladas. O market share foi de 67%, um avanço de dois pontos percentuais em relação ao 4T14. Passando para o slide 5. No slide 5 apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA no primeiro trimestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano anterior. O EBITDA consolidado da Companhia foi de R$ 1,5 bilhão, um crescimento de 9% em relação ao EBITDA recorrente do primeiro trimestre de 2014. Contribuíram para esse resultado o maior volume de vendas e o reconhecimento da restituição, de R$ 220 milhões, referente ao aditivo do contrato de fornecimento de nafta, encerrado em fevereiro.

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No fim de agosto de 2014, Braskem e Petrobras assinaram um novo aditivo ao contrato de nafta de 2009, válido de 1º de setembro a 28 de fevereiro de 2015. As condições originais ficaram mantidas, de maneira provisória, até a definição de um novo acordo de longo prazo; sendo que esse novo preço seria aplicado retroativamente a 1º de setembro. Por outro lado, ficou também definido que, caso não fosse assinado um novo contrato, a fórmula de preços a ser aplicada, para todo o período de vigência do aditivo, seria a média das bases de preços de negociação entre as partes. Aplicada essa média, foi apurada uma restituição para a Braskem no valor bruto de R$ 243 milhões. Excluindo-se da conta o PIS e Cofins, o valor reconhecido é de R$ 220 milhões, e está registrado na linha de “custo dos produtos vendidos” da demonstração de resultados do trimestre. Destaca-se ainda a apreciação do dólar médio, que gerou um efeito positivo de R$ 434 milhões, sendo cerca de R$ 1,7 bilhão positivo na receita e R$ 1,3 bilhão negativo no custo. Passando para o slide de número 6. Nesse slide apresentamos a evolução do EBITDA em relação ao último trimestre de 2014. O EBITDA da Braskem no primeiro trimestre de 2015 apresentou alta de 10% em relação ao 4T14. A redução dos spreads de petroquímicos no mercado internacional foi compensada pelo maior volume de vendas e pelo reconhecimento do ajuste de R$ 220 milhões referente ao aditivo do contrato de nafta, conforme explicado no slide anterior. Contribuiu ainda para esse crescimento a apreciação do dólar médio, que impactou positivamente o resultado em R$ 278 milhões, sendo cerca de R$ 1,1 bilhão positivo na receita e R$ 800 milhões negativo no custo. Passando para o slide de número 7. Esse slide ilustra o endividamento da Braskem. Pelo fato do investimento do projeto México, feito pela subsidiária Braskem-Idesa, ser financiado pela modalidade de project finance; onde a dívida deve ser repaga com a geração de caixa do próprio projeto, a análise, aqui apresentada, não considera o mesmo. Nesse contexto, em 31 de março de 2015, a companhia apresentou dívida bruta de US$ 7,2 bilhões, 6% inferior à registrada em 31 de dezembro de 2014. Quando medida em reais, a dívida foi 14% superior, influenciada pela apreciação da moeda norte-americana em 21% entre o fim dos períodos. A dívida bruta atrelada ao dólar foi de 73%. O saldo de caixa e aplicações totalizou US$ 1,5 bilhão, US$ 100 milhões superior ao apresentado no trimestre anterior. Por consequência, a dívida líquida da Braskem apresentou queda de 9%, totalizando US$ 5,7 bilhões. Quando medida em reais, a dívida foi 10% superior à registrada no final do quarto trimestre. A dívida líquida atrelada ao dólar foi de 80%. A Braskem, em função de sua estratégia de liquidez, possui ainda duas linhas de crédito rotativo, no valor de US$ 750 milhões e R$ 500 milhões e que não apresentam cláusulas restritivas de saque em momentos adversos de mercado.

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A redução da dívida líquida assegurou a queda da alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA, que passou de 2,58x para 2,55x em dólares. Em reais, a alavancagem foi para 3,30x, um avanço de 13%, explicado pela depreciação do real entre os períodos. Em 31 de março de 2015, o prazo médio do endividamento era de 16,4 anos, superior ao prazo médio de 15,7 anos registrado em 31 de dezembro de 2014. Se considerarmos apenas a parcela da dívida em dólares, o prazo médio fica em 21,3 anos. Apenas 6% do total da dívida têm vencimento em 2015 e o elevado patamar de liquidez da Companhia garante que seu saldo de disponibilidades cubra os vencimentos dos próximos 36 meses. Considerando as linhas de crédito rotativo, a cobertura é de 51 meses. Passando para o próximo slide. No slide 8 apresentamos a expectativa de investimento para 2015 e o valor realizado no primeiro trimestre. A Braskem, em linha com sua estratégia de gestão de portfólio e de seus gastos fixos, deverá investir em 2015 cerca de R$ 2 bilhões. Excluindo-se da análise o projeto do México, o desembolso previsto para o ano é de R$ 1,3 bilhão, uma redução de 31% em relação a 2014. Desse montante, cerca de 85% será direcionado para os investimentos operacionais relacionados à manutenção, eficiência operacional, entre outros. O saldo remanescente será direcionado para outros projetos. Nessa mesma base, o investimento do primeiro trimestre do ano foi de R$ 246 milhões. Em relação ao projeto no México, a Companhia divulgou em março que o valor do investimento foi atualizado para US$ 5,2 bilhões, uma contribuição adicional de US$ 600 milhões em relação à estimativa prevista. Essa contribuição será integralmente suportada pelos acionistas controladores e o valor correspondente à parcela da Braskem é da ordem de US$ 450 milhões. Previsto para entrar no final de 2015, o investimento da Braskem no trimestre foi de US$ 105 milhões, sendo que o valor previsto para o ano é de cerca de US$ 300 milhões. O saldo remanescente deverá ser aportado em de 2016. Passando para o slide 9. Nesse slide falaremos do cenário petroquímico global. O preço médio da nafta, principal matéria-prima utilizada pelo setor, continuou a seguir a dinâmica do mercado do petróleo e, no trimestre, registrou queda de 23% em relação ao 4T14. Com isso, os preços de petroquímicos também sofreram redução. Nesse cenário, os spreads de resinas termoplásticas e dos principais petroquímicos básicos caíram 19% e 33%, respectivamente. A expectativa de curto prazo, todavia, é de uma leve recuperação dos spreads, refletindo um mercado relativamente balanceado, em termos de oferta e demanda de petroquímicos. Os pontos de atenção permanecem relacionados aos riscos geopolíticos no Oriente Médio e norte da África, e seu impacto na dinâmica do mercado de petróleo e no PIB mundial.

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Para o médio e longo prazos, a expectativa para a indústria petroquímica global segue positiva. Conforme observado no gráfico, as projeções atualizadas em 2015 indicam postergações e/ou atrasos nos projetos previstos para entrar no período de 2015 a 2018. A expectativa, nesse contexto, é de que o aumento da oferta de petroquímicos fique num patamar similar ao do crescimento da demanda, e o mercado siga relativamente balanceado até meados de 2017. Soma-se ainda a esse cenário o menor patamar de preços de petróleo, que também tem motivado o cancelamento e/ou a postergação do anúncio de novos projetos petroquímicos, esperados para entrar em operação por volta de 2020. Passando para o último slide. Nesse slide apresentamos as concentrações da administração da Braskem para 2015. Destacam-se a renovação, em bases competitivas, do contrato de fornecimento de nafta com a Petrobras; a finalização da construção do projeto integrado no México e o início de sua operação no final de 2015; a renovação do contrato de energia com a Chesf, de modo a assegurar a competitividade de custos, viabilizando as operações eletro-intensivas da Braskem na região nordeste do Brasil; e a busca de uma política industrial que permita resgatar os fatores de competitividade da indústria brasileira, em paralelo às medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo. Em linha com seu compromisso com a higidez financeira e disciplina de custos, as prioridades da Braskem para 2015 contemplam ainda a redução pontual do seu nível de investimentos e o avanço na implementação de um programa de redução de gastos fixos. O programa inclui a revisão de processos com o objetivo de identificar sinergias e transversalidade entre os negócios, com consequentes ganhos de eficiência operacional e redução de custos. Encerramos aqui a nossa apresentação e passamos para a sessão de perguntas e respostas. Diego Mendes, Itaú BBA: Bom dia. Eu tenho três perguntas, na verdade. A primeira é em relação a esse atraso de novas ofertas na América do Norte. Gostaria de entender um pouquinho o motivo por trás desse atraso. É problema de construção dos crackers, ou o pessoal realmente está decidindo atrasar um pouco, frente ao novo cenário que estamos vendo de preço de petróleo? E também, se pudessem nos dar um pouco de update do projeto Ascent. A segunda pergunta é do lado da demanda doméstica. Vimos no 1T uma demanda bem forte, mas é uma demanda em cima de recomposição de estoque. Queria entender se essa recomposição já terminou, como devemos pensar a demanda até o final do ano e qual é o sentimento dos seus clientes, também. A terceira pergunta é com relação ao timing do corte de custo, da economia de R$300 milhões a R$400 milhões que vocês estão falando, se já conseguiremos ver isso 100% implementado até o final do ano. Obrigado.

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Carlos Fadigas: Diego, bom dia. Vou endereçar os pontos que você colocou começando com o atraso na América do Norte. Na verdade, toda companhia faz o anúncio do seu investimento e começa a executá-lo. Na execução, temos conversado com as empresas que estão fazendo os investimentos nos Estados Unidos; aliás, a Braskem tem experiência do seu próprio investimento, e temos uma série de objetivos a serem cumpridos. Precisamos obter as licenças, e mesmo nos Estados Unidos isso toma bastante tempo; tem todo o processo de contratação do EPC. Então, talvez no final do dia, o meu ponto é que entre um primeiro anúncio de um projeto e a sua entrada em operação, há uma série de etapas a serem vencidas. Se olharemos três grandes empresas dos Estados Unidos que anunciaram, a Exxon, Dow e Chevron, todas elas falavam em um horizonte de expectativa, no primeiro momento chegaram a falar em 2016, mas à medida que vamos trabalhando para colocar o projeto há um tempo para obter a licença; como eu falei, temos um estudo de sell/trade que indica um custo, quando vamos contratar obra com o EPCista temos um número maior; aí voltamos ao Conselho para fazer essa aprovação. Enfim, são os obstáculos naturais. Ainda que a execução da construção siga bem, são empresas com boa disciplina de execução de investimento, temos o processo normal, que pode levar seis meses a mais, um ano a mais. Nem sempre esses seis meses ou um ano são na execução da construção, às vezes são até para iniciar a construção. Essa é uma dinâmica que já vimos acontecer; aconteceu no Oriente Médio no final da década passada, os projetos que entrariam em operação em 2007 e também entraram ao longo. Lá isso foi um pouco mais demorado, porque é uma região mais difícil de executar investimentos. Então, eu diria que na verdade isso é um processo natural de acomodação dos projetos quando partimos para executá-los. Não tem a ver com preço do petróleo, pois estamos falando de projetos que já estão em execução, e quando estão em execução as empresas tipicamente não param com 70%, 60%, 50% de projeto feito; não param porque o preço do petróleo caiu. E esse efeito do preço do petróleo causará impacto nos dos projetos novos. E aí eu passo para a sua pergunta sobre Ascent. Para ser bastante objetivo, não desistimos do projeto; muito pelo contrário, achamos que ele continua viável. O que nós estamos fazendo agora é incorporando um fator de volatilidade de preço de petróleo que não era esperado, por exemplo, um ano atrás. Se você voltarmos a maio de 2014, muito pouca gente previa uma volatilidade de preço de petróleo como vimos, com o petróleo chegando a mais de US$40 o barril. Com isso, estamos incorporando o cenário, a probabilidade deste cenário acontecer. Lembrando que nafta chegou a US$380 por tonelada, vindo de mais de US$900 por tonelada, esse fator diminui a competitividade de um projeto base gás.

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Então, estamos incorporando esse cenário entendendo a nova volatilidade, o novo risco para o projeto, mas continuamos muito empenhados em ter uma produção de polietileno dentro dos Estados Unidos a partir de gás de xisto. Passando para a sua segunda pergunta, sobre demanda doméstica e reestocagem, é sempre mais difícil prever a demanda de um trimestre pontualmente, e um pouco mais fácil prever – ou menos desafiador – a demanda do ano. Não temos nenhum motivo para acreditar que a demanda do ano seja muito diferente do que é a tendência de PIB no Brasil. Continuamos acreditando em uma demanda flat no ano. A demanda pontual do 2T vai depender também do que acontece até o final do trimestre. É como vimos no 1T: se no final do 2T tivermos o USD subindo, o preço internacional de resina subindo, pode haver mais demanda no mês de junho e isso distorce o número do trimestre novamente. Na nossa visão, não há reestocagem adicional relevante para acontecer. O que não quer dizer, de novo, que no final do trimestre o cliente não vá além do estoque razoável se ele achar que o preço vá subir, ou vice-versa; tem o estoque que ele repôs porque acha que o preço vai cair. Para ser bem sincero, vou evitar comentar a demanda específica do 2T. A tendência macroeconômica, tendência de demanda para o ano continua em linha com a expectativa de PIB, e o desempenho pontual desses próximos 90 dias do 2T vai depender um pouco da dinâmica do que acontece com o preço. Quanto a timing de redução de custo, eu darei um intervalo um pouco aberto, de R$100 milhões a R$200 milhões de economia de custo para este ano de 2015, porque estamos trabalhando na conclusão das iniciativas. São exatamente dez frentes de trabalho – é um número redondo, eu sei, mas são exatamente dez frentes diferentes, analisando iniciativas diferentes. Elas serão concluídas nos próximos dois meses, até o meio do ano, e começaremos a implementar. E aí teremos uma oportunidade melhor da velocidade de implementação dessas iniciativas e de captura dessas economias no ano de 2015. Para o ano que vem, acho que já chegaremos ao potencial total; o número que demos foi de R$300 milhões a R$400 milhões. É claro que a expectativa é que cheguemos à parte superior do intervalo. Com iniciativas começando a ser implementadas no 2S, talvez haja alguma coisa ainda em implementação no começo do ano que vem. Às vezes pode haver custos de implementação dentro ano que vem, e talvez não fiquemos no teto máximo. Mas, objetivamente, 2015, R$100 milhões a R$200 milhões; e para 2016 valem os R$300 milhões a R$400 milhões. E, de novo, trabalharemos para chegar à ponta alta desse intervalo. É isso.

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Diego Mendes: Está ótimo. Muito obrigado. Vicente Falanga, Bank of America: Bom dia. Eu tenho três perguntas também. Fadigas, hoje os jornais citam o seu nome a respeito da renovação do contrato com a Chesf. Pelo o que eu entendi do artigo, esse contrato deve ser renovado mediante a constituição de um fundo. A dúvida que ficou, particularmente para mim, é se os recursos desse fundo sairão já dos R$110 por MW ou se será algo adicional que as empresas terão que pagar. Minha segunda pergunta é em relação também ao que tem saído na mídia, dizendo que a Braskem estuda fazer mais plantas de PP não integradas nos Estados Unidos. Se você pudesse comentar um pouco sobre o racional dessa potencial estratégia, se existe demanda nos Estados Unidos, de onde vem essa demanda e como vem evoluindo a rentabilidade desse tipo de planta desde que vocês compraram os ativos da Dow. E minha última pergunta é um follow-up da pergunta do Diego, se vocês pretendem monitorar essa economia de custos periodicamente, e se divulgarão isso. Obrigado. Carlos Fadigas: Obrigado a você, Vicente. Quanto à Chesf, o conjunto de empresas que compram energia da Chesf e pagam hoje R$110 por MW. O artigo que você menciona traz de forma objetiva alguns comentários feitos na coletiva de imprensa de ontem, deixando claro o nosso ponto de vista de que essa energia não é subsidiada; nunca foi, ao longo dos 30 anos; e se compará-la aos piores momentos do mercado spot, o PLD não é razoável. Respondendo objetivamente a sua pergunta, isso ainda está sendo estruturado, não está sacramentado, mas o dinheiro do fundo viria dos mesmos R$110 que estão sendo pagos hoje. Porque a alternativa da Chesf, se ela não renovar com essas indústrias à R$110, ela terá que entregar essa energia a custo de O&M, como eles chamam, operação e manutenção, que é um custo de aproximadamente R$40 por MW – posso estar errado por R$10 para lá ou para cá. Mas enfim, se pegarmos R$40, teremos R$70 por MW aproximadamente, entre uma coisa e outra, porque as indústrias remuneram a Chesf melhor que a sua alternativa, e essa diferença geraria o recurso para o fundo. Em uma conta rápida: R$400 milhões por ano, que ao longo do tempo gerariam uma parcela de recursos interessante para fazer um investimento em energia renovável no Nordeste. Essa energia que custa R$110, em nossa visão, já não é tão competitiva quando comparamos com a energia de eletrointensivos em outros países, e o objetivo é que ela não suba. Isso é importante para a indústria, e o desenho final ainda está em aberto. Neste exato momento, nós, as várias indústrias, estamos negociando com o Governo.

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Em relação a PP dos Estados Unidos, dois comentários, um na ponta do mercado e outro na ponta de matéria-prima. Começando por matéria-prima, na sua pergunta você fala de desintegrado. Entendo que você está fazendo uma referência ao fato de que no Brasil temos uma parte do propeno que vem dos nossos próprios crackers. Vou comentar um pouco sobre a dinâmica de matéria-prima nos Estados Unidos, porque ela é bastante importante e está na base dessa intenção de colocar capacidade adicional de polipropileno nos Estados Unidos. Lá nós temos cinco plantas; duas plantas estão no Nordeste/Midwest, que são as plantas da Pensilvânia e da West Virginia. Essas duas plantas têm uma estratégia de matéria prima associada ao fato de não haver outros clientes consumidores de propeno na região. Elas compram propeno em uma lógica de netback para o envio desse propeno para o golfo. Ou seja, o produtor desse propeno entrega no Nordeste Americano e dividimos um pouco do plano logístico de remeter isso para a região onde haveria outros consumidores, a região do golfo americano. Temos alguns contratos de longo prazo na região, algumas vantagens de matéria-prima, e isso nos dá um conforto de operar na região sem produzir nosso próprio propeno. No Texas, no golfo, onde temos três plantas, a estratégia é outra, é alavancar em cima do nosso tamanho. A Braskem é um dos maiores consumidores de propeno dos Estados Unidos, e foi em cima desse tamanho que fizemos um acordo com a Enterprise para comprar propeno advindo da desidrogenação de propano. A Enterprise está fazendo um investimento numa desidrogenadora de propano, que deve começar a operar em mais ou menos um ano. Então, temos tido conforto de operar comprando propeno no mercado usando essas duas alavancas; seja o porte, seja o fato de estarmos em uma região onde há poucos outros compradores. Uma planta nova viria em cima da lógica, de novo, de desidrogenação de propano. Estamos avaliando regiões onde se discute a construção de mais desidrogenadoras de propano; Estados Unidos têm propano disponível, exatamente o propano, o gás que fica disponível do shale gas. É uma das frações do gás. Existem discussões de investimento em novas desidrogenadoras de propano para gerar propeno competitivo, e se isso acontecer pretendemos capturar esse propeno convertendo-o em polipropileno. Na ponta de mercado, a economia americana vem se recuperando bem. A indústria automobilística, onde temos uma posição de market share positiva, boa, também tem crescido também nos Estados Unidos; embalagem rígida é outro mercado que tem se desenvolvido bem. Portanto, vemos demanda nos Estados Unidos. Lembrando que a Braskem é a maior produtora de PP dos Estados Unidos, então entendemos que temos que nos antecipar para atender à nova demanda.

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Então, acho que existe uma posição da Braskem, seja na ponta de matéria-prima, seja na ponta de mercado, que justificaria o investimento em uma planta nova. Somente um último comentário, na parte de matéria-prima: além de porte e da posição geográfica, temos também a capacidade de consumir propeno grau químico e propeno grau refinaria. E aí estamos entrando em um aspecto bem específico, mais técnico, mas são propenos que são negociados com desconto em relação ao propeno grau polímero, e nós temos strippers, que são equipamentos que purificam o propeno e nos dão mais uma vantagem de custo. Com isso eu vou para a sua terceira pergunta. Se você puder me lembrar sua terceira pergunta, Vicente, eu agradeço. Vicente Falanga: Era só para saber se vocês pretendem divulgar as economias de custos periodicamente, alguma coisa assim. Carlos Fadigas: Vicente, não tomamos uma decisão em relação a isso. O que eu posso lhe dizer é que eu tenho uma preocupação muito grande com programa de economia de custo, porque em um país com inflação de 8%, em um país em que uma parte do nosso custo fixo está atrelada a câmbio, porque está vinculada a serviços que vêm de fora, ou está associada a outros fatores que vêm de fora, é muito importante manter uma base de comparação. Nós temos uma base de custo, em termos absolutos, grande. Então, meu ponto aqui é de que teremos um grande esforço de monitoramento dessa economia para não nos perdermos no meio de inflação, IGP-M etc. E acho que é uma boa prática divulgarmos. Se avançarmos um pouco mais no trabalho, quando divulgarmos o resultado do 2T voltamos a essa discussão, e já teremos em mãos a conclusão das discussões de potencial de economia de custo; estamos discutindo também essa questão de tracking, e aí daremos a vocês a notícia a respeito de como pretendemos acompanhar essa redução, exatamente para não nos perdermos. A preocupação que sempre tivemos em relação à sinergia, temos em relação à economia de custo, para que essas metas não se percam no meio da inflação e de outros fatores. Vicente Falanga: Muito claro. Obrigado, Fadigas. Felipe Santos, JPMorgan: Tenho duas perguntas rápidas. Tem aparecido na imprensa sobre a evolução do projeto Ascent. Vocês têm algum update que poderiam compartilhar conosco?

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E segundo, a dinâmica de preços no 2T e 3T das consultorias terceirizadas tem mostrado uma divergência, com os preços de resinas subindo, não tanto, mas com a nafta um pouco mais defasada, o que, no seu caso, é ainda mais evidenciado pelo contrato para mais de três meses. Você pode comentar um pouco sobre essa dinâmica de preços aqui no Brasil, e o que você espera até o 3T? Obrigado. Carlos Fadigas: Sobre Ascent, continuamos com a equipe nos Estados Unidos trabalhando no projeto. O que estamos fazendo é incorporar no projeto a volatilidade recende do preço de petróleo, que não foi antecipado por ninguém e que tem potencial de mudar materialmente a vantagem desses projetos base gás. Estamos avaliando qual é a probabilidade de isso acontecer, como isso impacta o projeto especificamente. Não é um exercício fácil, porque é um projeto que precisa de uns cinco anos para construir e uns dez anos para retorná-lo, então estamos trabalhando para determinar nos próximos 15 anos, senão 20 anos, o spread entre petróleo e gás. Se voltarmos cinco anos no tempo, temos vários fatores que não foram previstos. O próprio gás de xisto, que no início de 2010 ainda era uma coisa incipiente. Então, é uma mudança de volatilidade nessa indústria, e na medida em que as tecnologias novas foram desenvolvidas, tornaram um pouco mais volátil, portanto a definição de investimento é um pouco mais desafiadora. Estamos contemplando isso em nossas análises, se decidimos avançar com curtos maiores de engenharia. Não temos um prazo para concluir essa análise. Nosso principal compromisso não é com o prazo do estudo, mas sim com sua qualidade e com a segurança possível de que será um bom projeto. Então, precisaremos de um pouco mais de tempos para poder incorporar essas análises. Com relação a spread, deixe-me comentar um pouco sobre o passado recente, porque o futuro dependerá também, de novo, de comportamento de petróleo etc. O que tivemos, especialmente para a Braskem, no 4T, e depois começamos sobre o 1T, foi que no 4T houve uma queda acentuada do preço do petróleo, muito rápida; tanto resina quanto petroquímicos básicos também caíram, mas de forma mais lenta, e o spread abriu. No 1T, o petróleo começou a voltar um pouco e as resinas e petroquímicos seguiram o processo de ajuste que havia sido um pouco mais lento, e aí o spread fechou um pouco. Acredito que, para 2T e 3T, seja difícil prevermos alguma mudança mais brusca; mas em relação ao 1T eu prefiro ser um pouco mais conservador e falar de manutenção de spread. Talvez alguma elevação de spread para a Braskem, 2T contra 1T, porque no 1T carregávamos estoques um pouco mais caros. Mas quanto ao mercado internacional, serei conservador e trabalharei com política de manutenção de spreads. Para a Braskem, isso se reflete em alguma melhora, na medida em que já transitou pelo DRE um pouco do estoque caro com o qual começamos o ano.

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Essa é a melhor visibilidade que consigo lhe dar. Eu não vou me atrever a discutir 3T a essa altura. Vamos aguardar um pouco para falarmos de 3T mais adiante. Não sei se com isso eu respondi sua pergunta. Felipe Santos: Foi perfeito. Obrigado. Auro Rozenbaum, Bradesco: Bom dia. Fadigas, se você pudesse comentar um pouco mais sobre esse programa de redução de custos, se existe algum ângulo mais específico, considerando que a vastíssima maioria dos seus custos é de matéria-prima, e o próprio impacto que o câmbio acaba exercendo na dinâmica da Braskem. Essa é a primeira pergunta, para ter um pouco mais de cor sobre onde estariam essas ineficiências ou potenciais de redução de custo, exatamente. E se você pudesse falar um sobre essa recente volatilidade de spread, como você está vendo o decorrer de 2015 nesse sentido. Carlos Fadigas: Auro, é sobre programa de redução de custos, certo? Primeiro ponto é o seguinte: temos uma parcela de custos que está de atrelada ao câmbio, de certa forma. Então, quando falamos de redução de custos, e na resposta à pergunta do Vicente eu falei sobre o desafio de rastrearmos isso. Nós temos uma base de custos que teria uma dinâmica de inflação em parte dela e uma dinâmica de câmbio em outra parte, os dois naturalmente pressionando para cima. É em cima dessa base que buscaremos reduzir R$300 milhões a R$400 milhões de reais. As iniciativas são as mais clássicas. Não tem nenhuma grande criatividade neste exercício; eu até gostaria de ter. Estamos falando de rever atividades que são feitas, que seriam interrompidas; estamos falando de atividades que temos em mais de uma área da Companhia, que consideramos concentrar. Por exemplo, temos pequenos núcleos de controladoria, ou de apuração de desempenho dos nossos negócios. O pessoal de PP nos Estados Unidos, PP na Europa, PP no Brasil, PE no Brasil, petroquímicos básicos no Brasil, PE Verde. Esse é outro tipo de iniciativa. Estamos falando, por exemplo, de custos com manutenção, onde temos também as unidades de negócio com razoável autonomia, e durante um bom tempo com núcleos de manutenção próximos, que operam de acordo com a prioridade; nós chamamos de ‘pequena empresa’ internamente, dentro da prioridade do negócio. Estamos discutindo se nós não podemos simplificar e unificar essas estruturas e, ainda assim, ter a agilidade de respostas que elas têm hoje. Então, serei bem sincero, são medidas que outras empresas estudam. Estão vindo exatamente daí.

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Temos uma base de custo fixo, quando olhamos a Braskem a inteira temos iniciativas ligadas à logística, também. Há uma variedade grande de iniciativas. Eu comentei a coincidência de um número de dez frentes de trabalho diferentes, cada uma liderada por uma equipe com uma pessoa responsável, e são elas que detalharemos ao longo do tempo. Serei bastante objetivo: quando você olhar DRE de 2016 contra DRE de 2015, não estamos falando que você encontrará um número absoluto R$400 milhões menor que o deste ano. Será muito difícil anularmos 8% de inflação e ainda conseguir R$400 milhões. Não é isso. Se conseguirmos anular uma parte do efeito da inflação, ótimo. Mas o ponto é, sobre uma base de custos que tem sua inércia, queremos andar para trás R$400 milhões. Com relação a spread, quando falamos de spread de uma maneira geral do ano de 2015 em relação ao ano de 2014. Aí temos duas dinâmicas um pouco diferentes internacionalmente. Acho que será um ano melhor para resinas, com crescimento de demanda de resina, sem adição de capacidade muito significativa em resina. Tendemos a ter spreads melhores para resina. Quando vamos para petroquímicos básicos, começamos a cair em uma dinâmica, onde outros fatores também têm sua relevância. Por exemplo, quando falamos de butadieno, estamos falando de demanda por borracha no final do dia, concorrência com borracha natural, investimento feito no Sudeste Asiático para produção de borracha natural, e aí temos enfraquecimento. Quando falamos também em cadeias como para-xileno, PTA, PET, um investimento grande feito na China que deprime o preço de PTA, parte do preço de para-xileno. Enfim, esperamos uma redução no spread de petroquímicos básicos na comparação de um ano contra o outro. E falando ano contra ano, o que tende a ajudar também é câmbio. Eu fiquei surpreso quando levantamos a conta de câmbio médio do ano de 2014, porque nos acostumamos com um número mais recente, mas o câmbio médio do ano passado foi de R$2,35. Estamos agora com um câmbio de R$3. E isso tem um efeito duplo: tem um efeito de tradução do nosso EBITDA para Reais, e entendemos que a dinâmica de geração de EBITDA da Companhia é em USD. A moeda funcional da Companhia, o mercado em que operamos está todo dolarizado. Então, se fizéssemos o mesmo EBITDA em USD, haveria um efeito de tradução que ajudaria. Mas existe um segundo efeito que ajuda a nos tornarmos mais competitivos internacionalmente: nossa base de custo é em Real e, expressa em USD, ela diminui. A Empresa fica um pouco mais competitiva. Então, em linhas gerais, quando falamos de spread, quando falamos dos fatores que afetarão o resultado da Companhia, acho que são esses os principais fatores, dado que na demanda em si de resina não esperamos mudança material no Brasil.

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Auro Rozenbaum: Quando consideramos que essa elevação significativa de câmbio que você acabou de mencionar teve em parte uma compensação por essa forte queda no preço do petróleo, nafta, básicos e até resina, devo acreditar que essa amenização pela queda de preço de petróleo facilita para vocês o repasse da alta de câmbio? Carlos Fadigas: O repasse de alta de câmbio é sempre difícil. Ele sempre toma alguns meses. Historicamente, na nossa experiência, dois a três meses. Isso variará também com a economia real, e o momento atual da economia não é tão positivo. Velocidade de repasse de câmbio varia por duas coisas, Auro. Poderíamos explorar mais detalhes, mas se eu tiver de resumir, é dinâmica de economia. Com a economia andando de lado, os transformadores têm dificuldade de repassar; e o próprio preço em USD. Então, qual é o cenário ideal? Se o preço de PE em USD está caindo e o câmbio está subindo, fica mais fácil para o transformador, porque não precisa mexer; fica mais fácil para Braskem e para o transformador, porque não se mexe no preço em Reais. A manutenção do preço em Reais reflete um PE mais barato em USD, com câmbio mais alto. Quando temos os dois fatores vindo ao mesmo tempo, com preço de PE subindo e câmbio subindo, fica difícil. Porque, quando caminhamos para frente na cadeia, a lógica de USD fica cada vez mais difícil de ser repassada. Vamos do começo: contrato de nafta de Petrobras e Braskem é dolarizado; zero de esforço para a Petrobras de repassar, isso está no contrato. Da Braskem com seus clientes, não são contratos polarizados. Nem todos os clientes, inclusive, têm contrato. Então, temos um período para conseguir repassar. Quando vamos para o transformador, existe mais dificuldade ainda de convencer. Se olharmos as grandes redes varejistas, a sacolinha plástica tem que variar com o câmbio. E se a economia não vai bem, temos ainda mais dificuldade de repasse. Então, parte do repasse da alta do câmbio foi, sim, favorecida por uma dinâmica de redução do preço das resinas em USD lá fora; por outro lado, uma economia mais fraca dificultou um pouco esse repasse. Esse é um resumo dessa dinâmica. Auro Rozenbaum: Obrigado. Gustavo Gattass, BTG Pactual: Bom dia. Eu tenho duas perguntas aqui que gostaria de trabalhar um pouco, mais focadas no trimestre, o que ele pode significar. Fadigas, primeiro, você poderia nos falar um pouco sobre como foi essa dinâmica de preço de resina para vocês no 1T? E se isso tem alguma implicação para os trimestres que vêm, principalmente em cima

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dos fatos que temos aqui, de uma redução significativa do preço de vocês, muito maior que o preço que aconteceu lá fora. Vimos que a sua margem de conveniência, pelo menos pelas contas que fazemos, caiu muito no 1T. Eu só queria saber se o mercado mais difícil continua, ou se isso talvez seja um efeito de estarmos olhando os trimestres e não os meses. Só para entendermos como devemos pensar para 2T e 3T mais por esse lado. A segunda coisa, francamente, eu só queria entender um pouco melhor como funcionou esse valor de compensação da Nafta, e entender o que isso pode significar para os contratos que estão vindo. Se houver mais adiamento, é uma situação onde haverá mais compensação de nafta? O que deu origem esse negócio realmente e como fica daqui para frente? Obrigado. Carlos Fadigas: Obrigado a você, Gattass. Preço do 1T. Um ponto importante para destacar do 1T foi a volatilidade do câmbio, que foi muito grande. Eu comentei um pouco na pergunta do Auro sobre essa questão de repasse de câmbio, e nós tipicamente temos uma política de preço mensal. Dentro da volatilidade do que foi o 1T, começamos o ano com o câmbio por volta de R$2,60 e ele foi a mais de R$3, foi a R$3,20, foi uma volatilidade muito grande. Claro, em alguns momentos tivemos que anunciar um aumento de preço dentro do mix. E aí miramos um preço R$3,10 e o câmbio volta para cerca de R$2,90 e pouco. Então, parte da precificação da Braskem no 1T foi dificultada para a equipe comercial da Braskem pela enorme volatilidade do câmbio. Isso não significa, quando falamos de margem de serviço, mudança de postura da Braskem para frente. De certa forma, nós corremos atrás do câmbio em alguns momentos do trimestre. O câmbio é muito volátil, muito rápido, nós corremos atrás dele para poder inclusive ajustar a margem de serviço, sem muita segurança de que um ajuste de preço seria sustentável, porque se o câmbio voltasse ficaríamos com um preço fora da realidade. Mas a nossa política em termos de margem de serviço não mudou, e a tendência de médio e longo prazo segue sendo a mesma. Com relação ao R$220 milhões, vou comentar o passado, porque o passado não condiciona o futuro neste caso. E depois eu volto para o futuro. Em relação ao passado, em agosto do ano passado assinamos um contrato de seis meses, e mantivemos, para efeito de faturamento e pagamento apenas – precisamos ter um número para a Petrobras mandar a fatura para a Braskem, precisamos ter um número para fazer nosso contas a pagar – com a fórmula antiga de 2009. Que é uma fórmula que varia, ora está acima, ora está abaixo. E deixamos muito claro que era um preço provisório. Quando fizemos esse aditivo, e trabalhamos de forma determinada, tínhamos a firme intenção de assinar o contrato novo, e esse preço seria desconsiderado em favor do preço do contrato novo.

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Inclusive, a pedido da Petrobras, incluímos também uma previsão de que, se não chegássemos a um contrato novo, aquele preço seria provisório também. Em chegando ao contrato novo, liberaríamos o preço do contrato novo; não chegando o preço do contrato novo, migraríamos para a média das intenções dos dois lados da negociação. Foi algo tão criativo quanto a isso. Não chegando a um acordo entre a nossa proposta e a deles, soma e divide por dois, é isso que valeria. Portanto, quando terminou o trimestre, vimos que, aplicada essa regra, pagamos a mais R$220 milhões, que estão sendo restituídos. Isso é o passado. Não tem nada a ver com o futuro. No futuro, trabalharemos para ter um contrato de longo prazo; contrato esse que fará com que o faturamento, que continua sendo feito em cima da soma de 2009, e se Deus quiser isso ficará obsoleto, em favor de um contrato de longo prazo. Qual será esse contrato? Como ele se comportará em relação à referência ARA? Essa é exatamente a pergunta que está no ar e que estamos trabalhando para responder da melhor forma. Mas eu vou evitar aqui especular exatamente o que vai ser. Nossa intenção, como vocês conhecem, buscamos um contrato competitivo. Os clientes do setor químico principalmente não têm condição de conviver com o repasse de preço. Vocês conhecem também nossa produção em relação a custos de importação, que não são pertinentes, são nosso setor. Eles nasceram de um desequilíbrio na demanda de gasolina, e não na demanda de nafta, que é a mesma há 15 anos. Todos os nossos argumentos, vocês conhecem. E eu vou, se você me permitir, evitar especular a respeito do que vamos conseguir negociar nos contratos de nafta, porque de fato isso ainda está em aberto. Gustavo Gattass: Está ótimo, Fadigas. Eu gostaria só de fazer dois follow-ups. Eu sei que estamos bem no final do call, mas se você me permitir, são importantes. O primeiro deles, só para entender, a sua dinâmica de preço, se eu pensar em Reais, durante todo o 1T foi uma dinâmica de preço ascendente? Porque a média em Reais é tão menor também que a média do 4T que para nós é difícil de visualizar. Só para entender se o preço já havia caído muito até dezembro, e consequentemente o esforço aqui foi só de subida, que não foi capaz de capturar tudo. Isso seria uma visão diferente do que havíamos enxergado em cima dos números médios. E a segunda pergunta, gostaria, não sei se é um esclarecimento, mas de um feeling seu: seria justo imaginar que vocês tiveram esse ajuste a seu favor em função da queda rápida da nafta durante o período, ou é realmente verdade que a base de negociação entre o que vocês querem e o que a Petrobras quer é de fato menor que aquilo que vocês vêm pagando? Quer dizer, isso é um efeito conjuntural ou é isso mesmo, vocês estão mirando tão mais baixo que o contrato atual que o que eu imagino que a Petrobras esteja mirando acima do contrato atual na média fica ainda menor? Só para entender isso.

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Carlos Fadigas: Gustavo, com relação a preço em Reais ao longo do 1T, se ele foi o tempo inteiro ascendente, não foi. O preço lá fora em resina caiu aproximadamente 20%, quando olhamos a média de preço do 1T contra o 4T. Então, resina entrou o ano caindo, e na média, foi menor. Nós, quando entramos o ano, o câmbio estava a R$2m60, a resina estava despencando lá fora, e nós entramos o ano reduzindo o preço, se não corríamos o risco de ficar com a margem de serviço 20% defasada, os clientes iriam importar. Em determinado momento, o preço lá fora parou de cair e o câmbio começou a subir. Temos que fazer o ajuste na mão contrária. Foi um trimestre excepcionalmente volátil, com duas variáveis fortes em dimensão, queda de 20% em média; imagine a velocidade de queda em alguns momentos, e com um câmbio muito ascendente, um câmbio em R$2,70. Se imaginarmos que ele foi a mais de R$3,10, R$3,20, são 20% de aumento em algum momento. Então, foi muito volátil. Se ele fica em uma tendência só de queda ou só de subida, fica mais fácil enxergar o lag; e claro que eu prefiro o lag quando ele está caindo, porque esse delay joga a nosso favor. Mas quando ele cai e sobe nessa velocidade, fica mais difícil a precificação. Então, não foi só nós correndo atrás de repassar, isso aconteceu mais para o final do trimestre, mas houve também uma fase de ajuste de preço para baixo. Com relação ao contrato, como existe uma negociação em andamento, Gustavo, eu vou lhe pedir para ser um pouco mais cauteloso aqui. E até quando você fala de Petrobras, vamos lembrar que houve uma mudança de diretoria da Petrobras, com a Petrobras passando por um momento diferente, com uma diretoria tentando administrar a crise, depois chegou uma diretoria nova, que felizmente soltou o balanço, já está falando de colocar um plano de negócio. Só um comentário, que não tem a ver com a sua pergunta: espero que vejamos uma recuperação da Petrobras. O preço de ação já mostrou um pouco isso, uma virada de página. Mas enfim, a Braskem busca, sim, um contrato mais competitivo; a Petrobras busca remunerar o que ela entende que são seus custos de atendimento do mercado petroquímico. Nós temos uma divergência fundamental entre o que significa custo de atendimento do mercado petroquímico, porque há custos de importação que consideramos que não são pertinentes, e existe outra divergência a respeito da necessidade e competitividade do setor. Vou só lembrar dois pontos: estamos falando de spread subindo etc., mas vou lembrar que como setor – e para a Braskem não é tão diferente – nós tivemos a pior taxa de operação, A Abiquim divulgou 78% de taxa média de operação para o setor, o que mostra a dificuldade dos clientes da Braskem e da própria Braskem, também. Nós tivemos uma penetração de importados, como o setor, dados de Abiquim, de 36%. Isso pega a Braskem também, market share de 67%. Eu já deixei claro no passado que nossa meta era ter um market share sutilmente acima de 70%. Então, entramos

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no ano tentado recuperar market share para 70%, 71%, 72%, e isso fica sempre abaixo. A própria indústria brasileira, nos últimos 12 meses recuou 6%. Não é um número normal. Esse é o pano de fundo. A indústria química de plásticos representa 10% da indústria brasileira, e esse é o pano de fundo das nossas demandas para a Petrobras. Em que isso irá resultará? Há dois anos não conseguimos chegar a essa resposta, e eu não vou me atrever a dizer em que isso resultará. Estamos trabalhando para que isso resulte em uma coisa produtiva para a indústria petroquímica, mas não tenho como antecipar o que será. Gustavo Gattass: Obrigado. Pedro Medeiros, Citibank: Obrigado. Eu tenho três perguntas, também. Duas são mais sobre algo que parece atípico do 1T, mas queria entender se houve alguma mudança de estratégia na Companhia, e o que nós podemos esperar para os próximos trimestres. A primeira delas, quando acompanhamos as licenças de importação de combustíveis e produtos químicos, nota-se que a Braskem cresceu bastante o volume licenciado para importar nafta versus os últimos um ou dois anos ao longo desse 1T. Queria saber se você pode comentar qual é a estratégia por trás dessa mudança, e se essa mudança é fruto do momento de preço de mercado, se está atrelada a alguma estratégia de estocagem, ou mesmo se existe alguma mudança estrutural em torno de como a Braskem importa nafta, ou compra nafta na sua totalidade. A segunda, quando olhamos sua composição de vendas no 1T, a venda de gasolina também foi bastante forte neste trimestre em comparação à média histórica para o mercado legal. Imagino que isso tenha sido fruto das condições atípicas de margem de venda de gasolina no Brasil no 1T, mas queria entender se de fato existe alguma mudança, ou se esse é esperado que esse tipo de movimento continue ao longo do ano. Por último, uma pergunta sobre o projeto do México. Queria saber se você pode comentar, ou até objetivamente destrinchar esse incremento de US$600 milhões no investimento. O que é de fato cost overrun, o que é capital de giro? E se existe alguma mudança que engloba mudança no projeto, porque eu tinha a impressão de que o consórcio estava considerando mudança na área de geração de energia do projeto. Se puder sobre isso também, eu agradeço, por favor. Carlos Fadigas: Está ótimo, Pedro. Com relação à importação de nafta, nós não temos nenhuma estratégia diferente de continuarmos sendo abastecidos pela Petrobras em 7 milhões de toneladas por ano, um volume que a Petrobras sempre foi capaz de entregar, continua absolutamente capaz de entregar e continua absolutamente fundamental para uma indústria química saudável. Um País produtor de petróleo, superavitário em

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petróleo; País produtor de nafta, com uma empresa que tem capacidade de entregar e uma demanda que há 15 anos que não sobre. Se eu tivesse que fazer uma manifestação de desejo era de que os outros 3 milhões de toneladas, as outras toneladas que nós importamos, fossem gradualmente atendidas domesticamente, para que 30% da matéria-prima do setor não tivesse sido importada de outros países. Mas o aumento pontual de licença não reflete uma mudança de intenção de Braskem nessa direção. Em termos de estocagem, que você também comentou, temos em média uma capacidade de estocagem de não passa de sete dias. 10 milhões de toneladas, o que dá quase 1 milhão de toneladas de consumo mensal, é um volume muito grande de produto para que possamos estocar. A logística disso é bastante complicada. E quando falo ‘complicada’, é uma logística grande. Tem uma equipe de Braskem dedicada, navios, tanques, dutos. Não podemos jogar muito com isso, não. Essa margem de manobra é tão pequena que, por exemplo, quando o tempo está muito ruim no Rio Grande do Sul e temos dificuldade de atracação de navio, já chegamos a reduzir taxa de operação do cracker do Rio Grande do Sul. Então, temos pouca margem para jogar com isso, e a intenção de longo prazo continua sendo rigorosamente a mesma. Sobre venda de gasolina, tem a ver com a melhor remuneração da gasolina que a Braskem produz. Nós exportamos ou colocamos no mercado interno. Quando o mercado interno fica artificialmente baixo, a Braskem naturalmente vai em busca de sua melhor remuneração; quando o mercado interna fica artificialmente mais alto, a Braskem direciona um pouco mais de sua gasolina para o mercado interno. Então, vai muito mais da oportunidade, e onde colocaremos no futuro dependerá de onde seja melhor essa colocação. Com relação aos US$600 milhões adicionais, gostaria de fazer dois comentários. Estamos falando de US$600 milhões em relação à base de US$4,5 bilhões, e isso representa por volta de 12%, 13% de diferença em relação ao orçamento original, que não é todo cost overrun. Tem uma parte de mudança de escopo. Tem um trade-off entre gastar um pouco mais agora e gastar um pouco menos adiante, a exemplo da turbina de geração de energia, de 150 MW, que geraremos para dar mais autossuficiência ao complexo. Lembrando que, nesse horizonte de construção do complexo, nossa experiência com essa questão de consumo de energia no Brasil foi muito ruim. 2011, 2012 e 2013 foram anos de apagão, com prejuízo relevante para a Braskem. Vou me manter no agregado, Pedro, para as duas coisas. Seguramente, 13% está muito abaixo dos desvios. Tem uma empresa de benchmark chamada IPA, baseada em Washington, que acompanha megaprojetos. Eles têm todo um benchmark de custo e estouro de custo em projetos. Eu poderia fazer um discurso aqui de que esse número é materialmente menor do que temos visto em grandes projetos, mas, na verdade, minha meta, que não foi obtida plenamente nesse projeto, é de zero em relação ao custo. Foi isso que conseguimos em um projeto de R$1 bilhão, que foi a planta de PVC, em Alagoas; foi isso que

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conseguimos na planta de PE verde; foi isso que conseguimos na planta de PP de Paulínia; foi isso que nós conseguimos na planta de butadieno. E é isso que gostaríamos de ter obtido de forma plena. E uma parte das empresas têm, sim, investimento adicional que foi feito, um pouco de cost overrun nisso. Vamos até trabalhar um pouco mais internamente, segregando uma coisa da outra, mas não é um número que eu tenha agora e não é um detalhe no qual eu esteja preparado para entrar agora. Nós estamos trabalhando, o foco principal é cumprir prazo, cumprir esse novo custo, e evitar qualquer outra surpresa em relação ao que tivemos. É isso. Pedro Medeiros: Está ótimo. Obrigado, Fadigas. Só fazendo um follow-up rápido em relação a isso, e adicionando um detalhe que eu preciso para a minha modelagem nos próximos trimestres, no tocando ao projeto do México, então o incremento de fato foi 150 MW como mudança de projeto? E a segunda pergunta, com relação à modelagem, o take-or-pay do contrato para o pipeline de etano, se não me engano começa a operar agora no 2T. A contraparte desse projeto é a Pemex, ou a Braskem Idesa tem que de fato já incorrer em um desembolso diante desse take-or-pay? Carlos Fadigas: A contraparte desse contrato é a Pemex. Ele começa no 2S, de forma muito gradual, e já prevê possibilidades de compensação no tempo. O que você não consome, pode ser consumido nos semestres seguintes, sem ter que fazer pagamento na frente. Essa condição já era pensada pela própria Pemex como fornecedora e pelos diversos consórcios que concorreram por esse contrato lá na origem. Ela já estava embutida aí. Talvez o resumo da ópera seja que não esperamos pagamento, ou pelo menos não esperamos nenhum pagamento material. Não esperamos pagamento de multa por conta e não consumo. E aí tem outras coisas também: podemos usar uma parte desse etano para usar consumo energético também, queimá-lo como consumo energético, além de consumo como matéria-prima; e a flexibilidade de uso nos próximos trimestres também nos ajuda, porque prevemos uma entrada em uma curva de ramp-up de produção um pouco maior do que estava previsto no contrato de fornecimento de gás. Então, consumimos menos, ou não consumimos no começo, mas consumimos mais no semestre seguinte. Uma coisa compensa a outra. Não é um fator de preocupação nosso neste exato momento. Pedro Medeiros: Está ótimo.

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Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T15 Braskem (BRKM3 BZ) 08 de maio de 2015

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Operadora: Obrigada. Não havendo mais perguntas, gostaria de passar a palavra para a Companhia para as considerações finais. Carlos Fadigas: Muito brevemente, obrigado pelo interesse e participação no call. A agenda continua como em anos anteriores, duas agendas em paralelo; uma agenda de conviver com as dificuldades do Brasil e buscar a garantia de que essas dificuldades não afetem a Braskem, seja apagão, que felizmente não tivemos em 2014, porque a central já está protegida em relação a isso; seja racionamento, que felizmente não tivemos; seja contrato nafta, em que temos conseguido, via postergação, manter o fornecimento de nafta para a Braskem, em contratos de energia elétrica estamos trabalhando para renovar o contrato com a Chesf. É uma agenda de conviver com as dificuldades da indústria brasileira e garantir que a Braskem siga operando da melhor forma possível, gerando resultado em sua base atual de ativos. E a outra agenda é a agenda de crescimento, em que a Braskem também está bastante atenta. Estamos produzindo mais linear no Brasil, convertemos a linha de alta densidade da Bahia para linear; estamos tocando nosso projeto do México em frente; aumentamos a capacidade da planta de Seadrift, no Texas, nos Estados Unidos, e estamos considerando uma planta nova também nos Estados Unidos; estamos começando um investimento em um projeto de Utec nos Estados Unidos, o polietileno de ultra-alto peso molecular; Ascent continua em estudo. Segue a agenda de preservar a base atual e continuar gerando resultado, segue a agenda de buscar crescimento competitivo para a Braskem. Esse é o nosso esforço. Novamente novo agradeço a atenção de vocês e desejo a todos um bom final de semana. Obrigado. Operadora: Obrigada. A teleconferência de resultados da Braskem está encerrada. Desconectem suas linhas, e tenham uma boa tarde. “Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de relações com investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”