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Transformações na alimentação em São João do Ivaí 1950 a ... · população se deslocava para os centros urbanos, dirigindo para as novas fronteiras ... tomate, repolho, alface,

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Transformações na alimentação em São João do Ivaí 1950 a 2010 .

Verônica Castro de Carvalho¹

Resumo

O intuito deste artigo é relatar a experiência da utilização da história da alimentação

como uma possibilidade temática para o estudo de História no Ensino Fundamental.

Num primeiro momento, apresenta-se uma contextualização do processo de

urbanização e industrialização ocorrido no Paraná nas décadas de 1950 a 2010. Na

sequência estabele-se alguns pontos históricos da alimentação de São João do Ivaí

deste período, relacionando-os com o processo citado acima. Para finalizar, relata-

se a experiência pedagógica realizada no decorrer do processo de implementação

do trabalho, analisando diferentes fontes,resultados, conclusões que os alunos

construíram e as mudanças que ocorreram nos conceitos que os mesmos tinham

inicialmente sobre o tema. O resultado foi satisfatório, sinalizando a necessidade de

se trabalhar outros temas que venham de encontro com a realidade dos alunos e os

interajam de forma participativa e atuante no processo educativo.

Palavras-Chaves: Ensino de História; História local; História da alimentação.

Abstract: The intention of this article is to discuss the experience of using the

feeding history as a thematical possibility to the study of History in the Elementary

School. At the first moment, there is a contextualization of the urbanization and

industrialization processes that occurred in Paraná at the decades of 1950 to 2010.

Previously, there is some historical points of the feeding of São Jão do Ivaí at this

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period, relating to the mentioned above process. To conclude, there is a report of the

pedagogical experience achieved as the work process passes by, analyzing different

sources, results, conclusions the students constructed and the changes that occurred

in the concepts that they used to have initially about the theme.

Key-words: History Education; Local History; Feeding History

¹Professora da rede Estadual de Ensino do Paraná atua no Colégio Estadual Arthur

de Azevedo. Email [email protected]

Introdução

O ensino de História nas escolas da rede pública do Paraná busca, há

algumas décadas, levar à sala de aula uma “história” que não se resuma ao simples

relato de fatos, personagens e heróis, muitas vezes sem sentido algum para o aluno.

Com o PDE e a construção das novas Diretrizes Curriculares, objetivam-se novas

aulas e novos objetos históricos. Neste sentido, nasce o tema da pesquisa relatada

neste artigo, a história da alimentação, relegada muitas vezes como “curiosidade”

dentro dos livros didáticos, mas que já demonstrava em experiências, em anos

anteriores, e pesquisas ser um bom encaminhamento pedagógico.

Viu-se na história da alimentação uma possibilidade de realizar uma

intervenção pedagógica que pudesse dar conta não só da área de história, mas que

interagisse com outras disciplinas, pois como diz Santos:

O tema da alimentação, finalmente, começa a invadir a História,

impulsionando maior diálogo multi, inter e transdisciplinar [...]. As

pesquisas acadêmicas – muitas que redundaram em dissertações e

teses de pós-graduação – que abrangem processos históricos com

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enfoque social, cultural, econômico, político, tecnológico, nutricional

ou antropológico, e mesmo como monografias sobre determinados

alimentos, buscam recuperar os tempos da memória gustativa,

possibilitando as desejáveis articulações entre a História e outras

disciplinas (SANTOS, 2005, p. 11).

Segundo Rubens Leonardo Panegassi (2008, p. 9), “há cinco enfoques

predominantes entre os estudos dedicados à alimentação: o biológico, o econômico,

o social, o cultural e o filosófico”. Dentre estes, procuramos dar especial atenção ao

aspecto cultural, entendendo a história da alimentação como um eixo a partir do qual

se pode analisar as significações sociais criadas pela alimentação e suas

repercussões em outras áreas. Buscamos com isso sentir o “cheiro” da história

através das memórias gustativas dos alunos e da comunidade onde estamos

inseridos.

As pessoas ao saírem da zona rural e chegarem à zona urbana, passaram a

ter hábitos diferentes, se alimentando de café, pão, leite e manteiga, por não terem

mais seus produtos naturais disponíveis.

Nesse período, as vendas foram se ampliando, e começaram a dar lugar em

suas prateleiras a produtos industrializados. Os anos de 1960 marcaram também

mudanças na comercialização dos gêneros alimentícios. “A fidelização das marcas

começam a se destacar (...) ’’( TOMAZINI,2008,p.07). Inicia-se aí o desejo de

consumir produtos novos, de marcas diferentes e que tivessem rótulos atrativos que

despertasse a vontade de adquirí-los.

História da alimentação em São João do Ivaí, 1950 a 2010: alguns

apontamentos.

Em 1945, ocorreu a chegada dos primeiros moradores para a colonização do

município de São João do Ivaí, em 1948, residia aqui o Sr Orozimbo Martins. Ele

ergue uma cabana, nela instalou uma pequena venda, que na época ressalvando-se

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as proporções, vendia alimentos, tecidos, remédios, ferragens e até um banco

funcionava no local, o qual servia a região.Foi dado ao pequeno patrimônio o nome

de Ocalina, em homenagem a progenitora do Sr Orozimbo, mas esse nome

descontentou a população. Em 28 de abril de 1964, de acordo com a lei 4.859, o

município foi emancipado, dando-se o nome de São João do Ivaí em louvor ao santo

João Batista e Ivaí pelo rio que limita o município.

A crise do café nas décadas de 1960 e 1970, agravada pelas constantes

geadas acelerou a substituição dessa cultura por pastagens e soja. Os centros

urbanos tornaram-se mais atrativos para aqueles que haviam ficado desempregados

na lavoura cafeeira, ocorreu assim, uma intensa saída de pessoas do campo para a

cidade. Após o esgotamento do ciclo cafeeiro, o qual ocorreu devido a geada intensa

dos anos 70, a alternativa mais atraente para os proprietários rurais foi a cultura do

soja. Segundo Dennison de Oliveira: “os efeitos dessa nova cultura sobre a

urbanização e industrialização paranaenses foram enormes.”(OLIVEIRA,2001,p.36).

Tais efeitos podem ser observados no modo de cultivo do café, pois o mesmo

necessitava de uma vasta mão-de-obra, oportunizando emprego nas diversas

etapas de sua produção, como no plantio, manutenção das roças, colheita,

derriçagem, abanagem, secagem nos terreirões, comercialização e transporte. Toda

a família do sitiante participava da colheita, inclusive mulheres e crianças, que

variam as ruas, debaixo dos ramos do cafezal. Já a soja é uma atividade em que a

máquina substitui o trabalho do homem.

O resultado de todo esse processo da economia foi o êxodo rural, a

população se deslocava para os centros urbanos, dirigindo para as novas fronteiras

agrícolas ou se integraram ao contingente de despossuídos que engrossavam as

favelas e cortiços das cidades paranaenses e de outros estados. Esse deslocamento

gerou modificações nos hábitos alimentares dos indivíduos. Quando viviam no meio

rural se alimentavam de cereais, verduras, legumes, carne em menor quantidade,

ovos em maior quantidade, feijão e arroz. Utilizavam as terras das fileiras entre um

café e outro para o cultivo de plantas rasteiras como, alho, cebola, abóbora, milho,

feijão, arroz e melancia.

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Ao chegarem às cidades, os indivíduos se depararam com diversas

mudanças, a rotina do campo não existia mais. O fator alimentar modificou-se

rapidamente, a lavoura de subsistência perdeu o seu lugar para as vendas.

O processo de urbanização e industrialização continua, ocorre a utilização

cada vez maior de alimentos industrializados. Segundo Tomazini, o arroz, feijão,

farinhas passam a ser empacotadas em sacos de plásticos ao invés de serem

comprados a granel em lojas de secos e molhados ou quitandas (TOMAZINI,2008,

p.3).

O comércio de alimentos em São João do Ivaí.

Muitas transformações ocorreram nesse período, por volta de 1962, surge a

venda do proprietário Demercindo Honório dos Santos, o mesmo relatou em uma

entrevista informal que os produtos eram vendidos por quilo e ficavam armazenados

em grandes prateleiras. Era uma pequena porta e as vendas eram todas anotadas

em uma caderneta. Muitos compradores deixavam as compras pendentes, mas para

o Sr Demencindo, os homens na época, honravam suas dívidas, e por isso ele não

tinha problemas para receber.

Em 1974, essa venda transformou em mercado São José, e passou a

vender produtos já embalados e enlatados. Para o senhor Demercindo entre as

inúmeras mudanças e inovações na alimentação, a que mais chamaram a atenção

dos habitantes eram o extrato de tomate, ervilha, milho, leite condensado enlatados,

além do macarrão, bolachas e iogurte.

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Foto nº 1 fachada do Supermercado São José- 2011

Devido o Município ser pequeno, com poucas oportunidades de empregos

muitos abandonaram a cidade em busca de melhores condições de vida. Os que

não foram embora se deslocam todos os dias para trabalharem em outras cidades.

Algumas pessoas trabalham no município vizinho, São Pedro do Ivaí, no

corte de cana-de-açúcar ou em outras funções na usina de açúcar e álcool . Outros

viajam cerca de três horas para trabalharem em um frigorífico em Rolândia.

Transformações nos hábitos alimentares

As mudanças ocorridas, apontadas acima, contribuíram também para as

transformações dos hábitos alimentares e na alimentação no contexto sociocultural

da urbanização. As longas distâncias entre trabalho e moradia resultaram na

refeição fora do lar, sendo necessária a mudança de hábitos alimentares e

adequações próprias as necessidades de cada um, uns optaram pela marmita

pronta de casa, outros pelas cantinas, restaurantes, lanchonetes e padarias,

ofertados pela cidade hoje.

Esse tipo de alimentação desvinculou a cultura da família de sentar junto à

mesa nas horas das refeições, devido às mudanças de horários, hábitos

alimentares, tempo para as refeições e aumentou a comercialização de diversas

opções rápidas e práticas de alimentos. Além disso, os tipos de alimentos adquiridos

também mudaram, aumentando a aquisição de refrigerantes, produtos congelados

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prontos ou semiprontos. Alimentos pré-cozidos, pré-temperados, hoje, fazem parte

da lista de compras da população São Joanense. A rede de indústria e comércio

aproveita esse novo padrão para sempre oferecer novos produtos, muitas vezes

ricos em gordura, açúcares, aditivos e pobres em vitaminas e sais minerais.

Devido às mudanças de hábitos, consomem-se a cada dia menos feijão,

raízes, tubérculos, verduras e frutas. As transformações nos hábitos alimentares

ocorridas na população local podem ser vista na Praça da Bíblia, localizada no

centro de São João do Ivaí, apesar de ser um espaço pequeno, encontram-se cinco

barracas de lanches, vendendo cachorro-quente, cheese bacon, cheese salada,

cheese calabresa, além de refrigerantes, doces e bebidas alcoólicas. Os

frequentadores desses locais são trabalhadores que retornam do trabalho tarde e

cansados, recorrendo a alimentação rápida e pronta. O município conta também

com a realização de duas feiras, que ocorrem nas manhãs de sábado e nas noites

de quarta- feira, é caracterizada por aproximadamente dez barracas vendendo os

mais variados tipos de alimentos. Os feirantes são pequenos agricultores que se

deslocam para a cidade com o intuito de vender os produtos extraídos de suas

propriedades e assim complementarem a renda. No sábado, a feira começa bem

cedo, por volta das 06h00min horas, o público alvo são as donas de casa, que

buscam ali produtos frescos para utilizarem.

Existe uma grande variedade entre as barracas, ali se encontram frutas

como: banana, maracujá, abacaxi, acerola, laranja e mamão, verduras como:

tomate, repolho, alface, galinhas, ovos caipiras, leite de vaca, queijo, melado, caldo

de cana, rapadura, mel, mandioca, feijão, batata-doce, milho verde, torresmo,

gordura de porco, amendoim, peixes, pão, bolos, bolachas e compotas de doce de

figo, pêssego, mamão, banana, entre outras. A procura dos produtos é bem grande,

os consumidores alegam um bom preço e qualidade. Ao meio dia as barracas

esvaziam-se e os feirantes deixam o local, geralmente transportam suas barracas

em tratores ou em pequenos caminhões.

Alguns moradores recorrem às feiras na expectativa de “lembrarem o sabor da

roça”, muitos já habitaram a zona rural e sentem prazer em comprar um frango para

eles próprios abater, despenar, limpar e preparar.

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Já na quarta-feira, a feira começa por volta das 19h30min horas e vai até as

23h00min horas, o público alvo são os jovens. Ali além dos produtos ofertados no

sábado, ocorre a comercialização dos mais variados alimentos. Na quarta feira a

praça central da cidade fica bem movimentada, muitas famílias deslocam-se até lá

para se alimentarem, levam os filhos para passear e se divertirem, pois há um

espaço com cama elástica, piscina de bolinha e entre outros.

Foto n. 2 feira do produtor rural foto n. 3 feira livre noturna

Existe a barraca do salgado, que contém pastel, bolinha de queijo, risólis e

coxinha, barraca da panqueca, do biscoito mineiro com bolachas, bolos e pães

caseiros, assados no forno a lenha, do espetinho de carne e a do Bom Bom, com os

mais variados sabores de chocolate artesanal, recheados com uva, abacaxi,

morango, coco, leite condensado, brigadeiro, entre outros, além da barraca do

Krep´s suíço e das bebidas. O que os jovens mais apreciam são as atrações, pois

geralmente ocorrem shows com bandas. As feiras tornaram-se tradição na cidade,

pois ali muitos moradores compram os alimentos por não possuírem hortas em casa.

Não possuem hortas em casa, pois, além da falta de tempo, outro fator que

contribuiu para o fim do cultivo de alguns legumes e verduras no quintal é pelo fato

da atividade principal do município ser o cultivo da soja, muitas plantações

localizam-se muito próximas ao espaço urbano, e o frequente uso de agrotóxicos na

soja, prejudicam as hortas. As pessoas que tentam manter as hortas em casa

percebem que as verduras não se desenvolvem como o esperado, pois são afetadas

pelos agrotóxicos.

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As duas frutarias existentes no município, provém do CEASA de Maringá e

Londrina, os alimentos são buscados em caminhões nas terças-feiras e nas sextas-

feiras. Devido à longa viagem as frutas nem sempre tem aparência de estarem

frescas, além de o preço ficar bem mais elevado.

Outros espaços de alimentação

No município de São João do Ivaí, também ocorre anualmente um evento muito

importante, a festa do padroeiro São João Batista, realizada no dia 24 de junho, é a

festa do produtor.

A festa tem como objetivo agradecer a boa colheita e reunir a população

para festejar. Nesta festa, procura-se retratar a importância do homem do campo,

pois ele é quem produz muitos alimentos que chegam cotidianamente na mesa da

população urbana.

A festa oferece os mais variados alimentos que lembram o campo,

pamonha, bolo de milho, milho assado, pipoca, cocada, porções de frango, porco e

mandioca. Por junho ser um mês frio e típico para festas juninas, as bebidas

principiais são o quentão e o chá de amendoim. Ocorrem shows, danças, bingos e

leilões de gado, além do parque de diversão que faz a alegria da criançada.

Com as mudanças ocorridas, principalmente na agricultura em São João do

Ivaí, muito se modificou no cotidiano da população, inclusive a maneira de se

alimentar, porém, percebe-se que muitas pessoas ainda buscam o que é natural ou

tradicional. É importante lembrar como as mudanças foram tomando espaço e

modificando a maneira de vida das pessoas.

Implementação do projeto- Possibilidades pedagógicas

Ao retornar à escola, no segundo ano do PDE, tínhamos como missão

aplicar um projeto elaborado durante o primeiro ano do programa. Pretendíamos,

enquanto proposta pedagógica, mostrar um novo objeto de estudo da historiografia,

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a história da alimentação. Com esse trabalho também buscamos exercitar uma

prática escolar que relacionasse a Teoria da História com a Didática da História,

utilizando para isso diversas fontes, partindo dos conhecimentos dos alunos,

relacionando-os com a história local.

Segundo Circe Bittencourt, esta prática tem sido indicada como necessária

ao ensino, por possibilitar a compreensão entorno do aluno, identificando o passado

sempre presente nos vários espaços de convivência de escola, casa, comunidade,

trabalho e lazer -, e igualmente por situar os problemas significativos da história do

presente (BITTENCOURT, 2004, p. 168).

“A História depende da experiência e da interpretação”,como afirma Rusen

(2006, p. 14).

Devemos, portanto, relacioná-la com a vida prática e com a aprendizagem, conseguindo assim, que os alunos construam e adquiram sua consciência histórica, pois é ela quem dá estrutura ao conhecimento como um meio de entender o tempo presente e antecipar o futuro. “Ela é uma combinação complexa que contém a apreensão do passado regulada pela necessidade de entender o presente e de presumir o futuro” (RÜSEN, 2006, p. 14).

Nesta visão, foi escolhida, em conjunto com a equipe pedagógica, a turma

de 8ª série do ensino fundamental; do Colégio Estadual Diogo Álvares Correia-

ensino Fundamental e Médio, localizado no distrito de Santa Luzia da Alvorada no

município de São João do Ivaí. A escolha por esta série foi intencional e baseou-se

no fato de que os mesmos já haviam trabalhado este conteúdo em anos anteriores.

Assim, ajustamos a temática ao estudo da urbanização e industrialização do Paraná,

a partir da década de 1950, estabelecendo um paralelo com a história de São João

do Ivaí das décadas de 1950 a 2010. Contemplando com isso as Diretrizes, quando

esta afirma que. ‘“O estudo das histórias locais é uma opção metodológica que

enriquece e inova a relação de conteúdos a serem abordados, além de promover a

busca de produções historiográficas diversas” (PARANÁ, 2008, p.71).

Para iniciar o trabalho, os alunos conheceram todos os passos da proposta,

interagindo com os conteúdo que seriam desenvolvidos durante todo o processo de

implementação do projeto.

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Dessa forma, se fez necessário conhecer os conhecimentos prévios dos

alunos sobre a história da sua alimentação, o que foi feito por meio de uma conversa

com os mesmos e a aplicação de um questionário investigativo. O intuito era fazer

com que os alunos refletissem sobre sua alimentação, relacionando-a com a história

do local em que vivem. Após a aplicação do questionário, foi organizado um debate

para que eles percebessem a importância do tema alimentação, pois ela se faz

presente no dia-a-dia de cada um, e pode ser analisada em vários aspectos, seja o

biológico, cultural, social, econômico e religioso.

Foi utilizado o seguinte questionário:

Questionário Investigativo 1.Nome: __________________________________________________________

Idade: _______________________________________________________

Endereço: _________________________________________________________

2- Quantas pessoas residem em sua casa?

A( ) 2

B( ) 3

C( ) 4

D( ) 5 ou mais

3- Quantas refeições você costuma ter por dia?

A( ) 2

B( ) 3

C( ) 4

D( ) 5 ou mais

4-Enumere em ordem crescente os alimentos mais utilizados em suas refeições:

A( ) carne

B( ) ovos

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C( ) verduras e legumes

D( ) massas em geral

5- Enumere em ordem crescente as bebidas mais consumidas em sua casa:

A( ) Café

B( ) Leite

C( ) Refrigerante

D( ) sucos

6-Dos utensílios domésticos assinale qual ou quais são presentes em sua casa:

A( ) fogão a gás

B( ) fogão a lenha

C( ) geladeira

D( ) freezer

E( ) micro-ondas

F( ) liquidificador

G( ) batedeira

7-Assinale a alternativa que mais se enquadra nos seus hábitos alimentares.

Frequência que você consome fast-food ( lanches, pizzas, etc).

A( ) uma vez por mês

B( )uma vez por semana

C( )mais de uma vez por semana

D( )raramente

8-Circule de vermelho os alimentos que você consome com mais frequência e em

azul aqueles que você consome com menos frequência:

OVOS ARROZ QUEIJOS FEIJÃO

PIZZA PEIXES ENLATADOS/CONSERVAS

PÃO BOLACHAS CARNE SUINA

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CHOCOLATE VERDURAS/LEGUMES SALGADINHO/CHIPS MACARRÃO IOGURTES CARNE FRANGO FRUTAS

CARNE BOVINA LEITE CAFÉ REFRIGERANTE SUCOS

LANCHES

CEREAIS

Mediante o questionário respondido pela turma, a professora pode

comparar a história da alimentação do aluno e a história pesquisada. Com isso,

inicia-se o processo de aplicação da proposta, onde o conhecimento prévio do aluno

e a história pesquisada caminharam juntos, enriquecendo assim toda prática-

pedagógica.

Na questão n. 1, observou-se que todos os alunos pertencentes da 8ª série

do Colégio Estadual Diogo Álvares Correia, residem no Distrito de Santa Luzia da

Alvorada, localizado no Município de São João do Ivaí.

Local onde moram os entrevistados

100%

0%

Santa Luzia da

Alvorada

Outros lugares

Gráfico n.1- Local de moradia dos entrevistados

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Na questão n. 2, dos 20 alunos que responderem, 8 morram com 4 pessoas

e 12 assinalaram morar com 5 ou mais pessoas.

Quantidade de pessoas na residência

0%

40%

60%

Moram com 3

pessoas

Moram com 4

pessoas

Moram com 5 ou

mais pessoas

Gráfico n. 2 –Quantidade de pessoas em cada residência

Na questão n.3, os 20 alunos assinalaram que fazem 5 refeições ou mais ao

longo do dia.

Quantidade de refeições diárias

0%

0%

100%

3 refeições

4 refeições

5 ou mais

refeições

Gráfico n.3- Quantidade de refeições diárias

Na pergunta n.4, a seqüência assinalada pelos 17 alunos em ordem

crescente foi: carne, verduras e legumes, ovos, massas em geral, 3 alunos

responderem: carne, massas em geral, verduras, legumes e ovos

15

Alimentos mais consumidos

45%

30%

15%

10%Carnes

Verduras e Legumes

Ovos

Massas em geral

Gráfico n.4 Alimentos mais consumidos

Na questão n.5 em ordem crescente, as bebidas mais consumidas pelos

alunos foram: café, leite, sucos e refrigerante.

Bebida mais consumida

40%

35%

20%

5%Café

Leite

Suco

Refrigerante

Gráfico n. 5 - Bebida Bebidas mais consumidas

Na questão n.6, fica evidente que dos 20 alunos, os 20 possuem fogão a

gás, geladeira e liquidificador, 8 possuem fogão a lenha, 4 possuem freezer, e 3

alunos possuem microondas em suas residências.

Eletrodomésticos que possuem em casa

100%

100%100%

40%

20%

15%

Fogão a gás

Liquidificador

Geladeira

Fogão a lenha

Freezer

Microondas

16

Gráfico n.6 Eletrodomésticos que possuem em casa

Na questão n.7, a qual perguntava aos alunos a frequência que os mesmos

consomem fast-food, dos 20 alunos, 11 responderam 1 vez por semana, 6

responderam 1vez por mês e 3 alunos responderam raramente.

Consumo de fast-foods

55%30%

15%

1 vez na semana

1 vez ao mês

Raramente

Gráfico n.7 consumo de fast-foods

Na ultima questão de n.8, os principais alimentos que foram circulados em

vermelho são: arroz, feijão, ovos, carnes suínas, bovinas, de frango, macarrão,

verduras, legumes, leite e café. Já os circulados em azul foram: salgadinhos chips,

conservas, enlatados, pizza, peixes e cereais.

Após a realização do questionário foi realizado o estudo do texto “ História

oral e o ensino da História” da obra “ Ensinar História”, das autoras de Maria

Auxiliadora Schimdt e Marlene Cainelli (capitulo 08, p.132), onde as autoras

apresentam algumas sugestões sobre a interação entre conhecer a história por meio

da oralidade. Mediante isso, os alunos fizeram as atividades sendo orientados pela

professora e na seqüência conheceram a importância da entrevista, tendo como

objetivo fazer com que o aluno conhecessem as possibilidades do trabalho com a

história oral como estratégia de aprendizagem.

Após o aluno conhecer os limites e as possibilidades do uso da entrevista e

da história oral no ensino da História, foi discutido como os mesmos os

procedimentos que seriam utilizados na realização da entrevista realizada com os

pioneiros da cidade, para que pudessem alcançar com sucesso os resultados da

pesquisa.

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Com os resultados em mãos e em sala de aula, organizamos uma roda de

conversa para que todos pudessem expor as respostas obtidas, e a partir delas

expressarem suas opiniões, motivando assim o debate, as trocas de experiências e

curiosidades sobre o tema alimentação.

Estudo do texto: História oral e o ensino da História.

Tema : Alimentação Dimensão: Relação entre a alimentação do passado e a do presente Procedimentos- o aluno deverá:

Enumerar os alimentos atuais.

Identificar os alimentos tradicionais.

Reconhecer as fontes de informação sobre alimentos. tradicionais nos avós, pais, vizinhos e em pessoas idosas.

Participar na preparação da obtenção de informações orais sobre alimentação tradicional, organizando roteiros de entrevista que podem conter perguntas sobre os diferentes locais de venda de alimentos, tipos de cozinha de antigamente e seus respectivos utensílios, combustíveis usados, receitas e hábitos alimentares tradicionais.

Recolher as informações com os entrevistados.

Expor, oralmente, ao grupo as informações coletadas.

Sistematizar as informações recolhidas por escrito, com desenhos ou oralmente.

Elaborar dossiês temáticos, com temas como utensílios de cozinha de antigamente e os de hoje, o preparo de alimentos no passado e o preparo no presente, receitas do passado e receitas do presente.

Local de venda do passado e local de venda hoje.

(SCHIMDT e CAINELLI, 2005, p.132)

3-Entrevista realizada com os pioneiros.

1 - Nome:

Data de Nascimento:

Endereço:

Profissão:

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Data da entrevista:

2 - Década da chegada da sua família em São João do Ivaí:

( ) 1950-1960 ( ) 1961-1970 ( ) 1971-1980 ( ) 1981-1990 ( ) 1991-2000 ( ) 2001-2010

3 -Você acha que os seus hábitos alimentares mudaram com o passar do Tempo? ( ) sim ( ) Não

4 - Em relação a alimentação relate:

Quais utensílios eram utilizados para a preparação dos alimentos?

Como os alimentos eram conservados?

5 - Em relação á disponibilidade dos alimentos, descreva.

A)alimentos comuns

B)Alimentos mais raros

6 - Sua família tinha preferência por algum tipo de alimentos?

7 - De onde provinha a maior parte dos alimentos utilizados por sua família? Eram

comprados? Plantados?

8 - Em relação aos locais de compra e venda de alimentos (açougues, vendas,

mercearias) relate:

A- Principais diferenças e semelhanças entre esses estabelecimentos e os

estabelecimentos de hoje.

B- Quais eram os alimentos mais procurados nas vendas e mercearias da cidade?

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C- Como era realizado o pagamento das compras? Apenas à vista, a credito,

permuta?

D- Relate os pontos de compra e venda de alimentos que você se recorda.

9 - Você sente saudade de algum tipo de alimento ou prato? Qual(s)?

10 - Você acha que se alimenta melhor antes ou hoje? Justifique a sua resposta.

Análise da entrevista:

Foram entrevistadas 20 pessoas, entre 47 a 80 anos. As entrevistas foram

realizadas de 04 a 08 de outubro de 2011. Os entrevistados residem no distrito de

Santa Luzia da Alvorada, no município de São João do Ivaí e suas profissões são:

agricultor, dona de casa e aposentados. Dos 20 entrevistados, 18 assinalaram a

década da chegada dos seus familiares a São João do Ivaí entre 1950 a 1960 e 2 de

1961 a 1970.

Todos os entrevistados assinalaram que seus hábitos alimentares

modificaram-se. Para a preparação dos alimentos os utensílios destacados pelos

entrevistados foram: Panela de ferro, alumínios, pratos esmaltados, caçarolas,

tachos, bules e entre outros. E que os alimentos eram salgados ou colocados em

latas para a sua conservação, a água era em temperatura ambiente já que não

possuíam geladeira.

Os alimentos mais comuns eram: arroz, feijão, carne de porco na lata,

gordura (banha de porco), galinha caipira e ovos, e os mais raros macarrão e

refrigerantes, os refrigerantes eram consumidos apenas em ocasiões especiais.

Em relação à preferência de alimentos destacaram-se: a galinha caipira com

polenta, macarrão e bolo de fubá.

A maior parte dos alimentos das famílias dos entrevistados provinha de

plantações ou carne de animais criados por eles mesmos. Quando faltava, os

20

mesmos eram comprados em mercearias e pagos com o dinheiro que iria se obter

na próxima safra, por isso era venda à crédito, permuta.

Quando foi perguntado aos entrevistados se os mesmos sentiam falta de

algum alimento ou prato, eles responderam:

”Comida da mãe, e carne de porco enlatada”.

“A carne seca era bem mais saborosa do que hoje em dia”

“Sopa de galinha gorda”

“Polenta com frango caipira”

“Pamonha de milho feita no tacho”

“Pão assado no forno de barro”

“Roscas doces”

“Polentas assadas que sobravam do dia anterior”

E quando perguntou se a alimentação de antes era melhor do que as de hoje,

as respostas foram unânimes. “Sim”. Justificam que a comida era muito mais

saborosa e também mais saudável.

Os resultados da entrevista foram satisfatórios, pois os alunos refletiram a

cerca das respostas e posteriormente em sala, todos deram suas contribuições e

relatos das experiências. As respostas dos entrevistados fizeram os alunos a

voltarem no tempo, possibilitando um novo olhar para a temática proposta, eles

relataram que puderam perceber o quanto a alimentação pode revelar o modo de

vida dos seus familiares. Dessa forma, o trabalho fruiu de forma desejada, pois

todos participaram com muito interesse e motivação.

3 - A música

Audição e análise da música “Franguinho na panela” de Craveiro e Cravinho-

1999

Como o tema alimentação se faz presente em todo o contexto social, a aula

3 foi trabalhar a letra de uma música “ franginho na panela”, a fim de que os alunos

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percebessem através da linguagem musical a descrição de uma determinada

localidade e de como a alimentação se fazia presente naquela região.

A audição e análise da música, “franguinho na panela”, proporcionou ao

aluno uma reflexão à cerca da história local e de determinados hábitos alimentares.

Após a audição da música, os alunos comentaram sobre a mesma e

responderam algumas questões elaboradas pela professora que lhes auxiliaram na

compreensão da música.

Música “Franguinho na Panela”.

No recanto onde moro é uma linda passarela O carijó canta cedo, bem pertinho da janela Eu levanto quando bate o sininho da capela E lá vou eu pro roçado, tenho Deus de sentinela Têm dia que meu almoço, é um pão com mortadela Mais lá no meu ranchinho a mulher e os filhinhos Tem franguinho na panela...

http://www.vagalume.com.br/guilherme-e-santiago/franguinho,-na-panela.html, acesso em 02 de junho de 2011. Atividades para maior compreensão.

1- O local descrito na música tem características de um ambiente?

A( ) Urbano B( ) rural

Que características comprovam a sua resposta?

2-O que os compositores retratam na letra da música?

3-Como era a alimentação descrita da música ?

Nesse momento da implementação percebeu-se uma grande participação e

envolvimento dos alunos, todos cantaram a música e deram suas contribuições

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para que o debate à cerca da letra da música se tornasse enriquecedor ao tema

alimentação.

Os alunos perceberam na letra da música uma vida simples no campo, em

que em meio as dificuldades, os hábitos alimentares eram preservados.

Pesquisaram também os alimentos ou receitas que se faziam presentes na vida das

pessoas descritas na canção.

Foto n.3 alunos analisando a letra da música “franguinho na panela”.

4 - Memórias gustativas em álbuns de família

Na aula 4, os alunos foram conduzidos à biblioteca para usufruírem de um

espaço mais amplo, pois os mesmos consultaram os álbuns de família, com o intuito

de observar como a alimentação em geral se faziam presentes em determinadas

ocasiões.

Foram então utilizadas as fotos antigas para serem comparadas com as

fotos mais recentes. A maior parte das fotos estava retratando festas de aniversários

e casamentos, os alunos puderam perceber que muitos dos alimentos utilizados

nessas ocasiões foram desaparecendo ou sendo substituídos.

5 - História na mesa

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Foto n. 4 do acervo da família da aluna Maria Beatriz foto n.5 do acervo da família do aluno Cássio.

Foto n.6 do acervo da família da aluna Mariane foto n.7 do acervo da aluna Luana

O intuito da aula 5, foi buscar nas famílias dos alunos a lembrança de uma

receita muito tradicional e usada pela mesma. Buscou-se também por este fim, a

troca de receitas entre a turma para que todos pudessem usufruir das receitas.

Nesse momento, a participação dos alunos foi muito maior do que na aula

anterior, os mesmos seguiram o roteiro elaborado pela professora e em seguida

escreveram as receitas pesquisadas, compartilhando com os amigos.

Percebeu-se nas receitas apresentadas em sala, pratos tradicionais das

famílias dos alunos, como frango com polenta, pães, bolos, farofas, cada um com

um “segredinho” diferentes quanto ao modo de preparar ou tempero utilizado, os

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alunos ficaram animados e ansiosos, pois as receitas seriam preparadas por eles

para serem degustadas na última aula da implementação.

Roteiro utilizado :

1-Dono da receita

2-Nome da receita

3- Ingredientes utilizados

4- Modo de preparo

5-Tempo de preparo

6- Rendimento

7- Em que momento ou ocasiões essa receita é preparada?

8- Ela é considerada tradicional para sua família? Justifique sua resposta.

Foto n.8 Diário da aluna Mariane

6 - Organização do diário

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O registro é fundamental para o sucesso de todo o trabalho durante o

processo de desenvolvimento do projeto, todas as atividades foram registradas.

Assim, na aula 6, os alunos organizaram todas as atividades desenvolvidas durante

o projeto, no diário individual, o qual foi selecionado para este fim.

Foram arquivados:

Relatos de experiências

Atividades propostas

Receitas

Fotos

Entrevistas

Questionários

Formulários

Após a organização do diário, a professora de Português, revisou e fez

algumas correções no mesmo. Para finalizar os alunos responderam um

questionário sobre a contribuição do Programa de Desenvolvimento Educacional

para o processo de ensino-aprendizagem, o qual foi elaborado pela professora, com

a finalidade de obter informações mediante as falhas apresentadas. O resultado foi

ótimo, visto que, todos responderam que o trabalho realizado foi de grande valor

para o enriquecimento do saber, e que, outros temas devem ser trabalhados da

mesma forma.

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Foto n. 9 Diário dos alunos

QUESTIONÁRIO

1 - Você acha que o Programa de Desenvolvimento Educacional, aplicado pela

professora Verônica Castro de Carvalho com a temática: Transformações na

alimentação em São João do Ivaí, 1950-2010, contribuiu em algo para o seu

conhecimento? Justifique a sua resposta.

2 - O que você mais gostou ao longo do desenvolvimento das atividades?

3 - Descreva qual a importância de estudar a história local.

4 - A alimentação no município de São João do Ivaí modificou-se ao longo do

tempo? Justifique a sua resposta.

A seguir alguns relatos dos alunos.

“Com esse trabalho eu conheci mais a alimentação dos meus familiares, avós, pais

e tios (...)”

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“A entrevista foi algo que eu gostei muito, fiquei surpresa ao saber como era os

hábitos alimentares de antes”.

“(...) Ao saber mais sobre a alimentação da minha cidade é possível conhecer

melhor a nossa própria historia.”

“As receitas pesquisadas foram interessantes para conhecermos melhor como os

nossos familiares se alimentavam, chegou a dar água na boca”.

“A alimentação mudou muito com o passar do tempo, os produtos industrializados

estão sendo predominantes em nossas mesas (...)”

“ Esse trabalho proporcionou saber mais sobre a nossa própria história, coisas que

eu não sabia, e agora tenho mais interesse e curiosidade.

7 - Evento cultural: memórias gustativas

Chegou o momento mais esperado pela turma, o Evento Cultural: memórias

gustativas, que foi realizado no dia 16 de novembro de 2011. Nesse momento os

alunos puderam apresentar seus trabalhos realizados durante todo o processo de

implementação e também degustar as receitas preparadas por eles. O evento foi

organizado no Colégio Estadual Diogo Álvares Correia para os alunos, professores,

funcionários e comunidade escolar. Também participaram os pais dos alunos, os

quais contribuíram muito para o sucesso de todo o desenvolvimento do projeto.

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Foto n. 10 Convite para o Evento Cultural Memórias Gustativas

Cada aluno ficou encarregado de preparar a receita estudada na aula 5,

História na mesa, e a professora proporcionou o jantar tendo como cardápio: arroz

branco, tutu de feijão ( tradição local), leitoa no tacho e saladas, tendo como

sobremesa sorvete com caldas.

O diário dos alunos contendo todas as atividades foi exposto no Evento

cultural para serem observados pelos presentes. Os pratos que fizeram ou fazem

parte da alimentação dos alunos e também os mais tradicionais do local foram

degustados no jantar, onde todos participaram com muita alegria.

A maioria dos pais ou responsáveis comparecerem, e ficaram felizes ao

poderem presenciar de perto o trabalho realizado pelos filhos. Os mesmos fizeram

questão de preparar a receita tradicional da sua família, apresentada em sala

anteriormente.

foto n. 11 Evento cultural Memórias Gustativas foto n. 12 Evento cultural Memórias Gustativas

O relato da mãe de uma aluna chamou a atenção de todos, dizendo:

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“ Minha filha pediu para que eu preparasse um frango caipira na panela de

ferro, a princípio eu não queria, estava com vergonha, achei que deveria pegar uma

panela mais nova para preparar, foi então que ela me explicou, que seria muito

interresante mostrar para as demais pessoas presentes no jantar a panela de ferro,

que pertence a minha família há quase cinqüenta anos, e que sempre foi muito

utilizada na preparação de algumas receitas tradicionais para a minha família ”.

Todos contribuíram para a realização do jantar, que se tornou um momento

de integração entre escola e comunidade. Puderam compreender como o tema

alimentação foi estudado em sala de aula, assim, o processo de ensino e

aprendizagem ocorreu de maneira muito positiva.

Foto n.13 panela de ferro da família da aluna Sabrina

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Foto n. 14 Evento cultural Memórias Gustativas

Considerações finais

Após a conclusão do projeto, pode-se perceber o quanto os alunos se

interresaram pelo tema proposto. Como já mencionado, esta pesquisa não se

encerra com a entrega deste artigo, atividade final do PDE, é um trabalho em

construção, pretende-se continuá-lo nos próximos anos, corrigindo falhas e

melhorando sempre que for necessário, para que cada vez mais pessoas possam

conhecer e estudar a alimentação do local em que vivem.

A escolha por abordar o tema (Alimentação), utilizando a história local,

mostrou-se ao mesmo tempo ser interessante e viável, pois, como destaca as

Diretrizes, as ideias históricas dos estudantes são marcadas pelas suas

experiências de vida. Por isso, ao analisar as narrativas produzidas pelos alunos

podem-se encontrar as concepções históricas da comunidade as quais pertencem,

seja na forma de adesão a essas ideias, seja na sua crítica. Neste sentido, a história

da alimentação, apesar de ser um tema simples, mostrou-se pertinente, pois serviu

de utilização de novos objetos e fontes. Isto foi útil para a articulação de diferentes

conteúdos trabalhados em sala de aula, buscando com isso construir um diálogo

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entre o presente e o passado, não reproduzir conhecimentos neutros e acabados

sobre fatos que ocorreram em outras sociedades e outras épocas.

Esse foi o grande desafio, colocar o aluno como sujeito da história para que

o mesmo percebesse o quanto é importante o estudo da localidade em que vive,

independente se este local seja grandes centros urbanos, ou até mesmo pequenos

municípios, mas que podem revelar muitos fatos e personagens que em maior parte

são esquecidos ao longo do tempo.

Pesquisar os hábitos alimentares do município de São João do Ivaí foi de

suma importância para um novo conhecimento, e fez despertar nos alunos um maior

interesse não só pelo tema alimentação, mas também pela história do local onde

vivem.

Referências: ARAÙJO, Socorro. Tradição e Cultura, cozinha Quilombola do Paraná. Curitiba: SEED. PR.2008.

XAVIER, Amador C. Documentário de São João do Ivaí 21 anos. São João

do Ivaí.1985. BITTENCOURT. M. C. Ensino de Historia : Fundamentos e métodos. São Paulo:Cortez,2004. CARNEIRO, Henrique. Comida e sociedade, uma história da alimentação.

Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. CASCUDO, Luis da Câmara. História da Alimentação no Brasil. Belo Horizonte.Global,2004. OLIVEIRA, Dennison.Urbanização e Industrialização no Paraná. Curitiba.

SEED,2001. PARANÀ. Governo. Secretaria de Estado da educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Diretrizes curriculares da Educação Básica. História.2008.

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SCHIMDT, M.A; CAINELLI,M. Ensinar história.São Paulo: Scipione,2004.(

Pensamento e ação no magistério) SANTOS, Carlos RA. A alimentação e seu lugar na história: Os tempos na memória gustativa. Curitiba. UFPR.2005. TOMAZINI, Elizabete Cristina. Memórias gustativas: História da alimentação em Londrina 1950 a 2008. possibilidades pedagógicas.SEED. PR,2008. THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. 3ª ed. São Paulo,2002.