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1.INTRODUÇÃO Os transtornos do humor hoje são classificados como transtornos psiquiátricos segundo o DSM IV, onde engloba um conjunto de patologias onde a principal característica é o distúrbio do humor. Dentre eles podemos citar o transtorno depressivo maior, transtorno distímico, transtorno bipolar, entre outros (Vandenbos, 2010). Segundo Abbagnano, filosoficamente, a definição de humor caracteriza-se por um estado afetivo que não possui direcionamento. A definição de humor distingue-se da emoção porque não possui objeto, ou este é indeterminável, ou seja, quando sentimos emoção, essa é direcionada a algo ou alguém. Como exemplo podemos citar: o medo de escuro ou alegria por passar no vestibular. Já a modificação do humor não possui uma causa facilmente identificável, apenas se altera e não remete a um objeto ou mesmo a causas biológicas. O termo humor, cunhado atualmente pela psiquiatria, foi usado pelo filósofo grego Hipócrates já na Grécia antiga. O humor era o nome dado à líquidos corporais que eram subdivididos em quatro (bile amarela, bile negra, fleuma e sangue). E se acreditava que esses líquidos eram responsáveis pelas características físicas e psicológicas de uma pessoa (Vandenbos, 2010). Hipócrates sugeriu uma teoria que explicasse os distúrbios mentais. Ele acreditava que esses transtornos eram causados pelo desequilíbrio de um dos quatro humores. No caso da melancolia, esta era causada pelo aumento da concentração da bile negra. Ainda na Grécia antiga, Aristóteles apresenta a

Transtorno de Humor

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1. INTRODUÇÃO

Os transtornos do humor hoje são classificados como transtornos

psiquiátricos segundo o DSM IV, onde engloba um conjunto de patologias onde a

principal característica é o distúrbio do humor. Dentre eles podemos citar o

transtorno depressivo maior, transtorno distímico, transtorno bipolar, entre outros

(Vandenbos, 2010).

Segundo Abbagnano, filosoficamente, a definição de humor caracteriza-se por

um estado afetivo que não possui direcionamento. A definição de humor distingue-se

da emoção porque não possui objeto, ou este é indeterminável, ou seja, quando

sentimos emoção, essa é direcionada a algo ou alguém. Como exemplo podemos

citar: o medo de escuro ou alegria por passar no vestibular. Já a modificação do

humor não possui uma causa facilmente identificável, apenas se altera e não remete

a um objeto ou mesmo a causas biológicas.

O termo humor, cunhado atualmente pela psiquiatria, foi usado pelo filósofo

grego Hipócrates já na Grécia antiga. O humor era o nome dado à líquidos corporais

que eram subdivididos em quatro (bile amarela, bile negra, fleuma e sangue). E se

acreditava que esses líquidos eram responsáveis pelas características físicas e

psicológicas de uma pessoa (Vandenbos, 2010).

Hipócrates sugeriu uma teoria que explicasse os distúrbios mentais. Ele

acreditava que esses transtornos eram causados pelo desequilíbrio de um dos

quatro humores. No caso da melancolia, esta era causada pelo aumento da

concentração da bile negra. Ainda na Grécia antiga, Aristóteles apresenta a

melancolia como uma doença que afetava na maioria pessoas ilustres, já que

acreditava-se que uma grande quantidade de bile negra era sinônimo de

genialidade. Sendo assim, na Grécia antiga a melancolia era tida como um ponto de

vista positivo.

Os gregos já consideravam a melancolia um distúrbio psíquico (Doron e

Parot, 2002). E surpreendentemente a melancolia, atualmente chamada de

depressão, já era considerada uma doença muito similar como a vemos atualmente.

Inclusive Hipócrates apud Gonçalves e Machado citava:

“(...) perda de sono, falta de apetite, desejo de morte (...). Já se procurava a

origem biológica da patologia: “essa bílis negra que ao nos invadir, age sobre o corpo

e sobre a alma para criar tristeza e cansaço.”

O termo melancolia percorre os tempos e chega até o século XIX, onde é

substituído pelo termo depressão, nos moldes que perduram até os dias atuais.

Se remontarmos a história da melancolia desde a Grécia antiga até os dias

atuais poderemos perceber como a importância dada a esses distúrbios, as

percepções sociais, as classificações e os modos de tratamento foram modificando-

se ao percorrer dos tempos.

A melancolia considerada como positiva persistiu até a idade média, onde as

idéias médicas entraram em conflito com a igreja católica. Vencendo então as

influências religiosas.

O cristianismo tomado como forma política e religiosa alterou os rumos da

ciência racionalista proposta pelos gregos. O misticismo religioso tomou lugar da

medicina racional.

Passou-se então a melancolia significar afastamento de Deus, um

distanciamento do que era sagrado. A melancolia passou a ser considerada uma

doença da alma, era uma tentação dos demônios. Pessoas acometidas desse mal

deveriam ser aprisionadas ou afastadas da sociedade.

Já no renascimento houve um retorno às idéias aristotélicas, e a melancolia

volta a ser vista como positiva, onde pessoas que assim o fosse eram capazes de

grandes inspirações e produções. A renascença retirou da melancolia seu caráter

pecaminoso.

No século XVIII a figura do melancólico começou a cair em descrédito. Esses

passaram a representar indivíduos auto-indulgentes que não eram suficientemente

disciplinados para dominar suas emoções, sendo novamente estigmatizada. O

trabalho duro foi considerado como o melhor remédio para a melancolia.

No século XIX a melancolia passa a ser vista como algo enobrecedor

novamente devido a era do romantismo. Porém paralelamente e idéia romântica da

época em questão, começa a se disseminar idéias médicas em torno da melancolia,

onde já existiam tentativas de enquadrá-la em padrões científicos. Já nesta época

houve grandes descobertas em torno da biologia, na física, na química, na anatomia,

na neurologia, na bioquímica, etc. o que permitiu relacionar doenças mentais com a

patologia orgânica do cérebro. Foi um período de classificações. Grandes teóricos

debateram a natureza da doença e seus parâmetros, o que antes foi classificado

simplesmente em melancolia fora dividido em grupos e sub-grupos.

Em meados do século XIX surge o termo depressão em lugar da melancolia,

como forma de diferenciar a nova ciência da teoria dos humores. Os estudos de

Pinel deram origem a uma teoria que desbancou a hipótese da bile negra,

enfatizando a observação dos sinais e sintomas. A depressão, ora considerada

como um estado espiritual que nos era trazido por forças externas, ora como um

desequilíbrio dos quatro humores, passou a ser baseada em princípios sintomáticos

e biológicos. Kraepelin também foi o responsável por separar e classificar os

transtornos, subdividindo-os em: delirantes, maníacos, circulares e depressivos.

Emil Kraepelin, que formulou teorias sobre os transtornos psiquiátricos,

influenciou nossos atuais critérios diagnósticos: o DSM IV e o CID 10.

A partir de Kraepelin, um novo panorama surge para a psicopatologia dos

transtornos mentais. Da teoria humoral, que perdurou por aproximadamente 25

séculos, surge uma nova proposta, um novo horizonte. Esse novo modelo continua

sendo largamente estudado até hoje. É a partir dele que a sociedade atual

desenvolve estudos acadêmicos, tratamentos, intervenções e medicamentos. Com

essa perspectiva recém-nascida (quando comparada a teoria de Hipócrates) é que

tentamos explicar o que a teoria dos humores, considerada ultrapassada, não

conseguiu explicar em 2500 anos de história.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Os transtornos de humor dividem-se em síndromes depressivas e síndromes

maníacas. No presente relatório nos ateremos às síndromes depressivas, que

segundo Dalgalarrondo (2008) têm como elementos mais salientes o humor triste e

o desânimo. Abaixo seguem dados da OMS referente ao transtorno, os principais

sintomas e os tipos mais freqüentes de depressão.

2.1.DADOS

Em vinte e seis de julho de 2011 foi divulgado pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) os resultados de uma pesquisa em artigo publicado na revista BMC

Medicine realizada em 18 países, de alta e de baixa renda, incluindo o Brasil.

O estudo foi coordenado pelo sociólogo Ronald Kessler, da Universidade

Harvard, nos Estados Unidos. Segundo o relatório, aproximadamente 14,6% da

população dos países com alta renda já teve depressão, com média de 5,5% no ano

passado. Já entre o grupo de renda baixa e média, 11,1% das pessoas apresentou o

distúrbio em algum momento da vida e 5,9% nos últimos 12 meses.

A maior prevalência no ano anterior à pesquisa foi registrada no Brasil, com

10,4%, e a menor no Japão, com 2,2%. Além disso, os pesquisadores observaram

que nos países mais ricos a idade média de início dos episódios de depressão é

25,7 anos, contra os 24 anos dos menos desenvolvidos. Ainda assim, nos países

com alta renda os jovens são o grupo mais vulnerável. Já nos outros lugares os

idosos mostraram maior probabilidade de ficar deprimidos. Nos dois grupos a

separação de um parceiro foi o fator mais importante, a ocorrência foi duas vezes

maior em mulheres e a incapacitação funcional mostrou-se associada a

manifestações recentes de depressão.

Os dados referentes ao Brasil foram colhidos na região metropolitana de São

Paulo, em 2009: 5037 pessoas participaram do estudo, que mapeou outros

transtornos relacionados à depressão como ansiedade, pânico e fobias. Os

resultados indicam que 44,8% dos paulistas já apresentaram algum transtorno

mental, com frequência de 29,6% no ano anterior à entrevista.

Segundo uma das autoras da pesquisa brasileira, Maria Carmem Viana,

professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito

Santo (Ufes), as estatísticas podem ser úteis para a criação de políticas públicas de

prevenção e tratamento específicas para cada população.

2.2.SINTOMAS DE DEPRESSÃO

Holmes (1997) sugere quatro tipos de sintomas característicos dos quadros

depressivos: os de humor, os cognitivos, os motores e os somáticos.

2.2.1. Sintomas de Humor

Os maiores problemas em torno do transtorno depressivo giram em torno do

humor (Holmes, 1997). São comuns sentimentos e emoções que envolvem

melancolia, tristeza, desesperança, desencorajamento. Muitas vezes sentem-se

isoladas, rejeitadas e não amadas.

Outra característica da depressão é que às vezes ela pode vir acompanhada

de ansiedade, especialmente no período prodrômico. Devido este fato acaba se

tornando difícil determinar se o caso se trata de depressão ou ansiedade na fase

inicial da doença. Porém com o passar do tempo e o processo da doença os níveis

de ansiedade são reduzidos e o nível de depressão aumenta.

2.2.2. Sintomas Cognitivos

Holmes (1997) considera pelo menos seis sintomas principais que são

representativos nos casoss de depressão:

A auto-estima muito baixa seria um primeiro sintoma, já que os indivíduos, via

de regra, sentem-se inferiores, incapazes, incompetentes, entre outros. Alem de

muitas vezes sentirem-se culpados pelo seu fracasso.

O pessimismo seria o segundo sintoma. Deprimidos sentem-se incapazes de

resolverem seus próprios problemas.

A redução da motivação, terceiro sintoma, mostra que deprimidos não vêem

razão para trabalharem sobre seus problemas, já que se mostram sem esperança e

julgam-se casos perdidos.

A generalização de atitudes negativas aparece como o quarto sintoma.

Pesquisas mostram que o grau de generalização é diretamente proporcional ao grau

da seriedade da depressão. Os indivíduos mostram a tendência que ao se dar conta

de uma falha, se remetem à outras falhas e remoem outros erros cada vez mais.

O quinto sintoma seria o exagero da seriedade dos problemas. Em casos

mais graves os indivíduos acreditam tão profundamente na seriedade de seus

problemas que podem vir a desenvolver um delírio, e por mais que evidências

mostrem ao contrário, eles não são capazes de mudar de opinião.

O sexto e ultimo sintoma são os processos de pensamento mais lentos.

Indivíduos deprimidos apresentam desempenho intelectual muito pobre, sobretudo

em tarefas que requerem velocidade ou esforço de processamento. A memória é

uma alteração cognitiva proeminente na depressão.

2.2.3. Sintomas Motores

Segundo Holmes (1997, o retardo psicomotor é o sintoma mais importante na

depressão. Essa característica pode ser facilmente percebida quando são

observados detalhes como a postura, pois geralmente são encurvadas. Os

movimentos são feitos com lentidão e pesar. E muitas vezes a fala é lentificada e de

difícil compreensão. Muitas vezes interrompem a fala no meio porque não tem

interesse ou energia em terminar as sentenças começadas.

Em contrapartida, alguns depressivos apresentam agitação psicomotora,

sendo incapazes de ficar paradas. Uma característica importante é que esses

indivíduos desempenham uma atividade aleatoriamente, e não conseguem atingir

uma meta especifica. Dispersam com facilidade.

Essa característica é bem menos comum quando comparado ao retardo

psicomotor.

2.2.4. Sintomas Somáticos

Um dos sintomas mais comum é o padrão de sono perturbado. Que pode ser

notado em indivíduos que despertam muito cedo, algo em torno das duas da manha,

e não conseguem voltar a dormir. Ou então os indivíduos podem passar a sofrer de

hipersonia, que seria dormir mais do que o habitual.

Padrões alimentares perturbados também são característicos nas

depressões. E essas perturbações variam entre comer muito menos, passar a fazer

alimentações completamente desbalanceadas ou comer compulsivamente.

Um outro fator freqüente é a perda ou diminuição da libido sexual.

Os deprimidos são também mais suscetíveis a doenças, aparentemente em

decorrência de uma deficiência no sistema imunológico.

2.3.TIPOS DE TRANSTORNOS DEPRESSIVOS

A classificação da depressão é um desafio psicopatológico. Segue abaixo os

principais subtipos de síndromes e transtornos depressivos segundo Dalgalarrondo

(2008).

2.3.1. Episódio ou Fase Depressiva e Transtorno Depressivo recorrente

No episódio depressivo, evidentes sintomas depressivos (humor deprimido,

fadiga, diminuição da concentração, transtornos do sono e do apetite) devem estar

presentes por pelo menos duas semanas, e não mais do que por dois anos de forma

ininterrupta. Os episódios duram geralmente entre três a doze meses. Para

detectarmos tal transtorno é necessário pelo menos cinco critérios por duas

semanas, com prejuízo no funcionamento psicossocial, ou sofrimento significativo.

Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer.

Quando o paciente apresenta, ao longo de sua vida, mais de um episódio

depressivo, que nunca foram intercalados por episódios maníacos ou hipomaníacos,

faz-se então o diagnostico de transtorno depressivo recorrente. (Dalgalarrondo,

2008)

2.3.2. Distimia

É uma depressão crônica, geralmente de intensidade leve, muito duradora.

Começa no inicio da vida adulta e persiste por vários anos. A distimia começa

sempre de forma muito gradual, como falta de apetite ou apetite em excesso insônia

ou hipersônia, falta de energia ou fadiga, baixa da auto-estima, dificuldade de

concentrar-se ou tomar decisões, sentimento de falta de esperança e etc.

2.3.3. Depressão Atípica

É um subtipo de depressão que pode ocorrer em episódios depressivos de

intensidade leve a grave, em transtorno unipolar ou bipolar. Além dos sintomas

depressivos gerais, ocorre o aumento do apetite principalmente para doces,

hipersônia, sensação do corpo muito pesado, sensibilidade exarcebada indicativos

de rejeição, reatividade do humor, fobias e aspectos histriônicos, um comportamento

bastante imprevisível e de sentimentos exagerados.

2.3.4. Depressão Tipo Melancólica ou Endógena

Na depressão melancólica, ocorrem lentificação psicomotora, anedonia,

alterações do sono e do apetite, piora dos sintomas no período da manhã (melhora

no período da tarde e da noite) e idéias de culpa.

2.3.5. Depressão Psicótica

O paciente demonstra sintomas psicóticos, como delírio de ruína, ou

culpa delírio hipocondríaco, ou negação de órgãos, ou alucinações como

conteúdos depressivos.

2.3.6. Estupor Depressivo

Estado depressivo grave, no qual o paciente permanece dias na cama, ou

sentado, em estado de catalepsia (imóvel, em geral rígido), como negativismo que

se exprime pela ausência de respostas às solicitações ambientais.

2.3.7. Depressão Agitada ou Ansiosa

Na depressão agitada, o paciente queixa-se de angustia intensa associada

aos sintomas depressivos; não pára quieto; insone; irritado; anda de um lado para

outro; desespera-se e um alto risco de suicídio.

2.3.8. Depressão Secundária ou Orgânica

É uma síndrome depressiva causada ou fortemente associada a uma doença

ou um quadro clínico somático, seja ele primariamente cerebral ou sistêmico.

3. DESCRIÇÃO

Segue abaixo as descrições da depressão segundo o DSM IV e o CID 10.

3.1.DSM IV

296.xx Transtorno Depressivo Maior

Critérios Diagnósticos

A. No mínimo cinco dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo

período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento

anterior, pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do

interesse ou prazer.

(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias indicado por relato

subjetivo (p. ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por terceiros (p. ex.,

chora muito). Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.

(2) acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as

atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo

ou observação feita por terceiros)

(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (p.ex., mais de 5% do

peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.

Nota: Em crianças, considerar incapacidade de apresentar os ganhos de peso

esperados.

(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias

(5) Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não

meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento)

(6) Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

(7) Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser

delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por

estar doente)

(8) Capacidade diminuida de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os

dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros).

(9) Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação

suicida recorrene sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico

para cometer suicídio

B. Os sintomas não satisfazem os critérios para um Episódio Misto (p. 362).

C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no

funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do

indivíduo.

D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p.

ex., droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (p.

ex.,hipotireoidismo).

E. Os sintomas não são mais bem explicados por Luto, ou seja, após a perda de um

ente querido, os sintomas persistem por mais de 2 meses ou são caracterizados por

acentuado prejuízo funcional, preocupação mórbida com desvalia, ideação suicida,

sintomas psicóticos ou retardo psicomotor.

3.2.CID 10

F32 Episódios depressivos

Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou

grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e

diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer,

perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em

geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral

problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da

auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de

indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco de dia para

dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos

"somáticos", por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce,

várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da

depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de

peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar

três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.

Inclui:

· episódios isolados de (um) (uma):

· depressão:

· psicogênica

· reativa

· reação depressiva

Exclui:

quando associados com transtornos de conduta em F91.- (F92.0)

transtornos (de):

· adaptação (F43.2)

· depressivo recorrente (F33.-)

F32.0 Episódio depressivo leve

Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados

anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas mas

provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades.

F32.1 Episódio depressivo moderado

Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o

paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as

atividades de rotina.

F32.2 Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos

Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes,

tipicamente a perda da auto-estima e idéias de desvalia ou culpa. As idéias e os atos

suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas "somáticos".

Depressão:

· agitada

· maior episódio único sem sintomas psicóticos

· vital

F32.3 Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos

Episódio depressivo correspondente á descrição de um episódio depressivo grave

(F32.2) mas acompanhado de alucinações, idéias delirantes, de uma lentidão

psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais

normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de

desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não

corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo.

Episódios isolados de:

· depressão:

· major com sintomas psicóticos

· psicótica

· psicose depressiva:

· psicogênica

· reativa

F32.8 Outros episódios depressivos

Depressão atípica

Episódios isolados de uma depressão "mascarada" SOE

F32.9 Episódio depressivo não especificado

Depressão SOE

Transtorno depressivo SOE

F33 Transtorno depressivo recorrente

Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos

correspondentes à descrição de um episódio depressivo (F32.-) na ausência de todo

antecedente de episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de

energia (mania). O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios

caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade(hipomania),

sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados por

um tratamento antidepressivo. As formas mais graves do transtorno depressivo

recorrente (F33.2 e F33.3) apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos

anteriores da depressão maníaco-depressiva, melancolia, depressão vital e

depressão endógena. O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da

infância à senilidade, sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração

variável de algumas semanas a alguns meses. O risco de ocorrência de um episódio

maníaco não pode jamais ser completamente descartado em um paciente com um

transtorno depressivo recorrente, qualquer que seja o número de episódios

depressivos apresentados. Em caso de ocorrência de um episódio maníaco, o

diagnóstico deve ser alterado pelo de transtorno afetivo bipolar (F31.-).

Inclui:

episódios recorrentes de uma:

· depressão

· psicogênica

· reativa

· reação depressiva

· transtorno depressivo sazonal

Exclui:

episódios depressivos recorrentes breves (F38.1)

F33.0 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve

Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o

episódio atual leve, tal como descrito em

F32.0, na ausência de qualquer antecedente de mania.

F33.1 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado

Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o

episódio atual de moderada gravidade, tal como descrito em F32.1, na ausência de

qualquer antecedente de mania.

F33.2 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas

psicóticos

Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o

episódio atual grave, sem sintomas psicóticos, tal como descrito em F32.2, na

ausência de qualquer antecedente de mania.

Depressão:

· endógena

· maior recorrente sem sintomas psicóticos

· vital recorrente

Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva sem sintomas psicóticos

F33.3 Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas

psicóticos

Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos, sendo o

episódio atual grave, com sintomas psicóticos, tal como descrito em F32.3, na

ausência de qualquer antecedente de mania.

Depressão endógena com sintomas psicóticos

Episódio recorrente grave (de):

· depressão:

· major com sintomas psicóticos

· psicótica

· psicose depressiva:

· psicogênica

· reativa

Psicose maníaco-depressiva, forma depressiva, com sintomas psicóticos

F33.4 Transtorno depressivo recorrente, atualmente em remissão

O paciente teve no passado dois ou mais transtornos depressivos como descritos

acima (F33.0-F33.3) mas não apresenta atualmente nenhum sintoma depressivo e

isto há vários meses.

F33.8 Outros transtornos depressivos recorrentes

F33.9 Transtorno depressivo recorrente sem especificação

Depressão unipolar SOE

F34 Transtornos de humor [afetivos] persistentes

Transtornos do humor persistentes e habitualmente flutuantes, nos quais os

episódios individuais não são suficientemente graves para justificar um diagnóstico

de episódio maníaco ou de episódio depressivo leve. Como persistem por anos e,

por vezes, durante a maior parte da vida adulta do paciente, levam contudo a um

sofrimento e à incapacidade consideráveis. Em certos casos, episódios maníacos ou

depressivos recorrentes ou isolados podem se superpor a um transtorno afetivo

persistente.

F34.0 Ciclotimia

Instabilidade persistente do humor que comporta numerosos períodos de depressão

ou de leve elação nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para

responder aos critérios de um transtorno afetivo bipolar (F31.-) ou de um transtorno

depressivo recorrente (F33.-). O transtorno se encontra freqüentemente em

familiares de pacientes que apresentam um transtorno afetivo bipolar. Algumas

pessoas ciclotímicas apresentarão elas próprias ulteriormente um transtorno afetivo

bipolar.

Personalidade:

· ciclóide

· ciclotímica

Transtorno afetivo da personalidade

F34.1 Distimia

Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja

gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos para

responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou leve

(F33.-).

Depressão:

· ansiosa persistente

· neurótica

Neurose depressiva

Personalidade depressiva

Exclui:

depressão ansiosa (leve ou não-persistente) (F41.2)

F34.8 Outros transtornos do humor [afetivos] persistentes

F34.9 Transtorno do humor [afetivo] persistente não especificado

F38 Outros transtornos do humor [afetivos]

Quaisquer outros transtornos de humor que não justificam ser classificados em F30-

F34 por não apresentarem gravidade ou duração suficientes.

F38.0 Outros transtornos do humor [afetivos] isolados

Episódio afetivo misto

F38.1 Outros transtornos do humor [afetivos] recorrentes

Episódio depressivo recorrente breve

F38.8 Outros transtornos especificados do humor [afetivos]

F39 Transtorno do humor [afetivo] não especificado

Psicose afetiva SOE

4. COMPREENSÃO

Estrutura da personalidade. Aquelas descrições que a profª da em sala de

aula. Teremos que desenvolver.

5. TRATAMENTO

O Transtorno de humor, conhecida popularmente como depressão e

também denominada “o mau do século” , “da moda”, sendo uma doença com maior

impacto social. È comum ver as pessoas dizendo que estão deprimidas, e não dizem

que estão tristes, o problema maior neste caso é que as pessoas estão confundindo

depressão e tristeza.

Sendo que os dois estados são completamente diferentes um do outro, a

tristeza faz parte da condição humana, todos nós sentimos, e a depressão nem

sempre é caracterizada por tristeza.

A depressão é uma profunda impotência funcional perante a vida, que

podendo manifestar indivíduos de qualquer faixa etária, mas essa falta de interesse

nas atividades cotidianas pode ser confundida também como um problema de

caráter, de falta de vontade, preguiça e retardo psicomotor, esse transtorno é uma

patologia do humor que necessita ser identificada, diagnosticada e tratada.

Os sintomas mais comuns da depressão são: mau humor, sensação de vazio,

aperto no peito, angústia, choro fácil, perda da libido, desinteresse pela vida, falta ou

excesso de apetite, transtorno do sono, isolamento, cansaço, desânimo, dificuldade

de atenção, concentração, de raciocinar, pensamentos suicidas, etc. Esses sintomas

variam de acordo com cada individuo.

È uma doença que afeta o individuo física e emocionalmente, dessa forma a

chance de um bom resultado num tratamento tem que abordar ambos os aspectos,

tratar o paciente de forma multidisciplinar, isso que significa que o doente além de

atendimento médico, precisa de apoio psicológico e outras profissões da área da

saúde, o atendimento de um paciente deixou de ser exclusividade do médico.

Dependendo do grau da depressão pode-se exigir um tratamento

multidisciplinar medicamentoso, com antidepressivos , exames de laboratório,

pesquisa de outras doenças sistêmicas, efeito de medicamentos, terapias psico-

educação à família, terapia alternativas tais como: acupuntura, relaxamento ,

massagem, exercícios físicos.

Os estudos que relacionam a prática de atividade física à redução dos

sintomas da depressão consideraram os seguintes aspectos: exercícios agudos e

crônicos; tipo de exercícios aeróbios (caminhada, corrida entre outros) e não

aeróbios tais como relaxamento, alongamento e musculação; freqüência e

intensidade do esforço realizado e, duração da sessão ou do programa.

É importante salientar que no caso da depressão não basta retirar os

sintomas que se apresentaram, mas avaliar a situação anterior que levou a pessoa a

iniciar com esses sintomas. O tratamento terapêutico é a busca por identificar e

clarear para a pessoa eventuais ganhos secundários com a depressão e também

restaurar a vontade de viver, de superar adversidades e mudar a forma de encarar o

cotidiano. É um tratamento de médio prazo, porém seus benefícios vão além do que

a pessoa espera, transformando-a em uma nova pessoa com visões mais positivas

e animadoras.

A médica explica que o paciente deprimido sofre alterações endócrinas e

imunológicas graves, que afetam o funcionamento do cérebro.

Dependendo do grau da depressão pode-se exigir um tratamento multidisciplinar medicamentoso, com antidepressivos. O objetivo é a remissão dos sintomas, redução do risco de recaídas, melhora da qualidade de vida e estado clinico geral. É bom salientar que os medicamentos podem conter efeitos colaterais como boca

seca, constipação intestinal, sedação, aumento de peso, disfunção sexual, retenção urinária. No tratamento da depressão os mais toleráveis são os ISRS (inibidor seletivo da recaptação de serotonina) e os mais eficazes são os ADT.

Felizes ficam as indústrias farmacêuticas que produzem esses medicamentos. Não é difícil concluir que esse mesmo indivíduo poderá dispensar todo e qualquer medicamento para depressão se surgir, em sua vida, MOTIVAÇÃO.Sem motivação, sentimo-nos deprimidos.

Especialistas tratam depressão como uma situação que pode ser resolvida apenas com medicamentos.Muitos pacientes recebem prescrições de substâncias para serem usadas por toda a vida.Estima-se que 28 milhões de americanos tomam anti-depressivos prescritos por seus médicos (grande negócio, não?)

Especialistas tratam depressão como uma situação que pode ser resolvida apenas com medicamentos.Muitos pacientes recebem prescrições de substâncias para serem usadas por toda a vida.Estima-se que 28 milhões de americanos tomam anti-depressivos prescritos por seus médicos (grande negócio, não?).

Se um paciente vai ao consultório médico sentindo-se infeliz porque perdeu o emprêgo, está mal relacionado com a sua mulher, não vê grandes perspectivas em seu futuro, é muito cômodo para o médico prescrever um anti-depressivo pela manhã e um tranquilizante para que ele durma melhor à noite e fica tudo resolvido, não

é mesmo? Nesse caso, o médico resolveu o seu próprio problema e não o do paciente. Basta esse indivíduo sentir que as luzes se acendem em sua vida, perspectivas novas aparecem e ele, certamente, poderá jogar os remédios prescritos na lata do lixo pois aparecem motivos

é mesmo? Nesse caso, o médico resolveu o seu próprio problema e não o do paciente. Basta esse indivíduo sentir que as luzes se acendem em sua vida, perspectivas novas aparecem e ele, certamente, poderá jogar os remédios prescritos na lata do lixo pois aparecem motivos para se motivar e, com isso, a

depressão pode ser "curada".É claro que não me refiro a todos os casos mas, em muitos, essa conduta indiscriminada de receitar remédios é uma constante.

Não necessariamente. Um estudo mostrou que grande parte da população que toma antidepressivos não sente efeito nenhum. Aproximadamente três milhões de pessoas, anualmente, fazem uso dos remédios sem obter resultados.

Há muitas razões para isso, mas uma delas é que grande parte das pessoas diagnosticadas com depressão não estão realmente doentes. Elas se sentem um pouco tristes e decidem recorrer à forma mais fácil de resolver seus problemas. Além disso a indústria farmacêutica pode estar atribuindo efeitos milagrosos aos remédios que na verdade não possuem tantas propriedades assim

São inúmeros os estudos medindo a relação da qualidade de vida da pessoa

e a depressão. Os estudos mostram também que os pacientes que demoram mais a

receber o diagnóstico correto, ou seja, aqueles que passam mais anos sem o

diagnóstico e intervenção adequadas, têm piores escores nas várias escalas de

qualidade de vida. Muitos indivíduos podem passar anos e anos com sintomas

menores ou subclínicos, carregando quilos nos ombros, literalmente se arrastando

na vida, sem sequer imaginar que ele possa estar deprimido.

Os familiares e cuidadores de crianças e adultos com depressão também

precisam saber que tenderão a ficar mais sensíveis ou até mesmo deprimidos. O

clima em casa fica mais pesado e sério, e como a depressão tem o seu componente

genético e familiar, as chances de mais familiares se deprimirem também ocorre.

Os antidepressivos modernos são altamente eficazes e com muito poucos

efeitos adversos.

A professora pediu para falarmos sobre multidisciplinar com ênfase em

psicoterapia.

6. CONCLUSÃO

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNAMO, N. Dicionário de Filosofia. 1ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

DORON, R; PAROT, F. Dicionário de Psicologia. São Paulo: Ática, 2002.

HOLMES, DAVID S. Psicologia dos Transtornos Mentais.. 2ª Ed. Porto Alegre: ARTMED, 1997.

LICINIO, J [et. al.]. Biologia da Depressão. Porto Alegre: ARTMED, 2007.

VANDENBOS, G (org.). APA: Dicionário de Psicologia. 1ª Ed. São Paulo: ARTMED, 2010.

Artigos:

Melancolia e depressão na historia;

Depressao o mal do século: de que século?

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=234