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- i - MAÍRA ESTEVES BRITO TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS DO HUMOR CAMPINAS 2015

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MAÍRA ESTEVES BRITO

TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES

COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS

DO HUMOR

CAMPINAS

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

MAÍRA ESTEVES BRITO

TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES

COM DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS

DO HUMOR

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências Médicas, área de concentração em Ciências Biomédicas.

ORIENTAÇÃO: PROF. DR. PAULO DALGALARRONDO COORIENTAÇÃO: DR. LUIZ FERNANDO LONGUIM PEGORARO

CAMPINAS 2015

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA MAÍRA ESTEVES BRITO E ORIENTADA PELO PROF. DR. PAULO DALGALARRONDO.

____________________________________ Assinatura do Orientador

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RESUMO

Existem muitas teorias sobre o papel da personalidade nos transtornos do humor.

Investigar os traços de personalidade destes pacientes pode contribuir para

evidenciar especificidades importantes e para que estratégias mais eficazes de

tratamento sejam adotadas no contexto clínico. Objetivos: O objetivo deste estudo

foi avaliar e comparar os traços de personalidade e qualidade de vida em pacientes

com diagnóstico de transtorno afetivo bipolar (TAB) e transtorno depressivo, e em

indivíduos sem transtornos mentais (controles), além de verificar se existem

diferenças nos traços de personalidade de pacientes com e sem tentativas de

suicídio. Métodos: A amostra foi composta por 90 indivíduos, sendo 30 com TAB,

30 com transtorno depressivo e 30 controles saudáveis do ponto de vista

psiquiátrico. Todos foram inicialmente avaliados pelo instrumento M.I.N.I. Plus, para

confirmar ou descartar diagnósticos. Para investigar a presença de sintomas

depressivos e maníacos, no momento da avaliação, foram aplicadas duas escalas:

a Escala Avaliação para Depressão de Montgomery e Asberg e a Escala de

Avaliação de Mania de Young. A personalidade foi avaliada pelo Personality

Inventory for DSM-5 (PID-5), um instrumento que foi desenvolvido para identificar

traços desadaptativos da personalidade e que faz parte do modelo alternativo para

Transtornos de Personalidade que consta na seção III do DSM-5. A qualidade de

vida foi avaliada por meio do Whoqol-Bref. Foram feitas análises estatísticas

utilizando os programas o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) for

Windows e o Statistical Analysis System (SAS) for Windows. Resultados: o domínio

Distanciamento evidenciou diferenças entre os três grupos, sendo que os pacientes

com transtorno depressivo apresentaram as maiores pontuações. Os pacientes com

transtorno de humor obtiveram escores superiores nos domínios Afetividade

Negativa, Desinibição e Psicoticismo quando comparados aos controles, mas não

foram encontradas diferenças significativas entre unipolares de bipolares. Em

relação à dimensão Antagonismo, os bipolares se diferenciaram dos demais com

escores elevados. Encontrou-se que o aumento na dimensão Desinibição elevou a

chance do indivíduo pertencer a um dos grupos com transtorno de humor, e o

aumento na faceta Anedonia elevou a chance de pertencer ao grupo com transtorno

depressivo. Pacientes com tentativas prévias de suicídio apresentam maiores

escores no domínio Distanciamento e nas facetas Anedonia, Tendência à

Depressão, Hostilidade e Impulsividade. Sobre a qualidade de vida, o grupo controle

teve escores significativamente superiores aos dos pacientes com transtornos do

humor em todos os domínios avaliados. As dimensões Distanciamento e Afetividade

Negativa apresentaram as correlações negativas mais importantes com a qualidade

de vida geral nos pacientes com transtornos do humor. Conclusões: Os pacientes

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com transtorno do humor apresentaram perfil de personalidade diferente dos

controles, sendo que os traços avaliados se mostraram mais acentuados nos grupos

diagnósticos. O grupo com transtorno depressivo, além de ter apresentado escores

elevados na maioria das facetas, também mostrou piores resultados em qualidade

de vida e número superior de tentativas de suicídio, variáveis que mostraram

associação importante com alguns dos domínios investigados.

Palavras Chave: Personalidade; Transtornos do humor; Determinação da

personalidade; Qualidade de vida.

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ABSTRACT

There are many theories about the role of personality in affective disorders. To study

the personality profiles of these patients can contribute to evidence important

specificities as well to ensuring more efficacious strategies for the treatment adopted

in the clinical context. Objective: The study aimed to assess and compare the

personality traits and quality of life of individuals with a diagnosis of bipolar disorder,

depression and a healthy control group, and to identify whether there are differences

in personality traits of patients with and without suicide attempts. Methods: The

sample was composed of 90 individuals, 30 with bipolar disorder, 30 with depression

and 30 psychiatrically-healthy subjects. They were assessed using the M.I.N.I. Plus

to confirm or to exclude possible mental disorders. Two scales were used to assess

depressive and manic symptoms at the time of the evaluation: the Montgomery and

Asberg Depression Rating Scale and the Young Mania Rating Scale. To evaluate

personality was used the Personality Inventory for DSM-5 (PID-5), it is an instrument

that was developed as a measure of the maladaptive personality trait proposed by

the alternative model for Personality Disorders, included within Section III of

the DSM-5. Quality of life was assessed using the test Whoqol-Bref. All statistical

analyses were performed using SPSS Statistical Package and SAS (Statistical

Analysis System). Results: The domain Detachment showed differences among the

three groups, patients with depression present the highest scores in this domain.

Patients with mood disorders presented significantly higher scores in the domains of

Negative Affectivity, Disinhibition and Psychoticism when compared to the control

subjects. In relation to Antagonism, the bipolar patients stood out from the rest with

their high scores. An increase in the domain Disinhibition was shown to increase the

chances of an individual having a mood disorder and the increase in the trait

Anhedonia raises the chances of depression. Patients with previous suicide attempts

presented higher scores in the dimension Detachment and in the traits Anhedonia,

Depressivity, Hostility and Impulsivity. In relation to the quality of life, the healthy

control presented significantly higher scores when compared to patients in all

domains. Negative correlation between the domains Detachment and Negative

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Affectivity and general quality of life were found in the patients with mood disorders.

Conclusions: Patients with mood disorders presented different personality profile

when compared to healthy control group and the evaluated traits were higher in the

sample of patients. The depressive group, not only exhibited higher scores in the

majority facets, but also showed worse results in quality of life and more suicide

attempts. These variables presented significant association with some personality

domains assessed.

Key- words: Personality; Mood disorders; Personality assessment; Quality of life.

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SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................... vii

ABSTRACT ......................................................................................................................... ix

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................... xvii

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... xix

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1 Transtornos do Humor........................................................................................... 1

1.2 Personalidade ......................................................................................................... 4

1.3 Personalidade e Transtornos de Personalidade no DSM-5 ............................... 10

1.4 Personalidade e Transtornos do Humor ............................................................. 16

1.5 Comportamento Suicida ...................................................................................... 19

1.6 Qualidade de vida e Transtornos do Humor....................................................... 20

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 23

2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 23

2.2. Objetivos Específicos .......................................................................................... 23

3. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 25

3.1 Amostra ................................................................................................................ 25 3.1.1 Pacientes com Transtornos de Humor ...................................................... 25 3.1.2 Grupo Controle ........................................................................................... 26

3.2 Instrumentos ........................................................................................................ 27 3.2.1 Entrevista de identificação Sociodemográfica e dados clínicos ................ 27 3.2.2 Mini International Neuropsychiatric Interview Plus (M.I.N.I Plus) ............ 27 3.2.3 Personality Inventory for DSM-5 (PID-5) .................................................... 27 3.2.4 Whoqol-breve .............................................................................................. 32 3.2.5 Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery e Asberg (MADRS) 33 3.3.6 Escala de Avaliação de Mania de Young ..................................................... 33

3.3 Procedimento ....................................................................................................... 33

3.4 Aspectos Éticos ..................................................................................................... 36

3.5 Análise Estatística ................................................................................................. 37

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4. RESULTADOS ............................................................................................................... 39

4.1 Dados sociodemográficos dos participantes ...................................................... 39

4.2 Dados Clínicos dos pacientes com Transtorno de Humor ................................. 40

4.3 Comparação dos escores das dimensões do PID-5 ............................................ 42

4.4 Regressão logística PID-5 ..................................................................................... 46

4.5 Traços de Personalidade e Tentativa de Suicídio ............................................... 47

4.6 Comparação dos escores das dimensões do Whoqol-Breve ............................. 50

4.7 Regressão Logística Whoqol-Breve ..................................................................... 51

4.8 Correlação entre os domínios e facetas do PID-5 e qualidade de vida geral dos pacientes com transtornos do humor ................................................. 52

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 55

5.1 Dimensões Clínicas ............................................................................................... 55

5.2 Aspectos da Personalidade .................................................................................. 57

5.3 Qualidade de Vida ................................................................................................ 63

5.4 Qualidade de Vida e Traços de Personalidade ................................................... 64

5.5 Limitações e Qualidades do Estudo .................................................................... 67

6. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 69

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 73

APÊNDICES ...................................................................................................................... 93

ANEXO ........................................................................................................................... 113

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DEDICATÓRIA

Para Marco Antônio,

meu pai e exemplo de determinação e superação

Para Márcia,

minha mãe, por todo amor, dedicação e carinho

Para Marcela,

minha querida irmã que me completa com suas diferenças

Para Christiano,

o melhor companheiro que eu poderia ter

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Dalgalarrondo, pela confiança em mim

depositada e pelo inestimável ganho acadêmico que me proporcionou ao longo desta

experiência.

Ao meu coorientador, Dr. Luiz Fernando Longuim Pegoraro, pelas contribuições

dadas em todas as etapas da pesquisa.

À equipe do Ambulatório de Psiquiatria do HC da Unicamp, pelo suporte oferecido.

À equipe do Serviço Social, pela receptividade e colaboração.

Aos participantes que gentilmente aceitaram contribuir com este estudo.

À banca de qualificação composta pelo Prof. Dr. Cláudio Eduardo Muller Banzato,

pela Prof. Dra. Renata Cruz Soares de Azevedo e pela Prof. Dra. Clarissa de

Rosalmeida Dantas, pelos construtivos questionamentos e pelas valiosas

contribuições.

À amiga Lia Keuchguerian, pelas contribuições dadas ao meu trabalho, mas

principalmente por ser extremamente afetiva e generosa, por me confortar, encorajar

e compartilhar comigo suas experiências.

À Capes pelo apoio financeiro dado a esta pesquisa.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª Revisão

DSM-5 - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Revisão

EPI - Eysenck Personality Inventory

EPQ - Personality Eysenck Questionnaire

FCM - Faculdade de Ciências Médicas

MADRS - Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery e Asberg

MINI - Mini International Neuropsychiatric Interview

NEO-PI - Inventário de Personalidade NEO

OMS - Organização Mundial de Saúde

PID-5 - Personality Inventory for DSM-5

SAS - Statistical Analysis System

SPSS - Statistical Package for Social Sciences

TAB - Transtorno Afetivo Bipolar

TP - Transtorno de Personalidade

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos participantes com TAB,

depressão e grupo controle .......................................................................................... 40

Tabela 2 - Dados de história clínica dos participantes com transtorno de

humor ............................................................................................................................. 42

Tabela 3 - Diferença entre os grupos no domínio Afetividade Negativa do PID-5 ..... 44

Tabela 4 - Diferença entre os grupos no domínio Distanciamento do PID-5 ............. 44

Tabela 5 - Diferença entre os grupos no domínio Antagonismo do PID-5 ................. 45

Tabela 6 - Diferença entre os grupos no domínio Desinibição do PID-5 .................... 45

Tabela 7 - Diferença entre os grupos no domínio Psicoticismo do PID-5 ................... 46

Tabela 8 - Análise de regressão logística multivariada do PID-5 ................................. 46

Tabela 9 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

Afetividade Negativa do PID-5 ...................................................................................... 48

Tabela 10 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

Distanciamento .............................................................................................................. 48

Tabela 11 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

Antagonismo do PID-5 ................................................................................................... 49

Tabela 12 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

Desinibição do PID-5 ...................................................................................................... 49

Tabela 13 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

Psicoticismo do PID-5 .................................................................................................... 50

Tabela 14 - Diferença entre os grupos nos domínios do Whoqol-Breve .................... 51

Tabela 15 - Análise de regressão logística multivariada do Whoqol-Breve ................ 51

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Tabela 16 - Correlação entre o domínio Afetividade Negativa e Qualidade de

Vida geral do Whoqol-Breve ......................................................................................... 52

Tabela 17 - Correlação entre o domínio Distanciamento e Qualidade de Vida

geral do Whoqol-Breve ................................................................................................. 53

Tabela 18 - Correlação entre o domínio Antagonismo e Qualidade de Vida

geral do Whoqol-Breve .................................................................................................. 53

Tabela 19 - Correlação entre o domínio Desinibição e Qualidade de Vida geral

do Whoqol-Breve ........................................................................................................... 54

Tabela 20 - Correlação entre o domínio Psicoticismo e Qualidade de Vida geral

do Whoqol-Breve ........................................................................................................... 54

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- 1 -

1. INTRODUÇÃO

1.1 Transtornos do Humor

Os transtornos do humor tendem a apresentar caráter recorrente e envolvem

essencialmente alterações patológicas e persistentes no humor. Estas perturbações

centrais variam no sentido de manifestações de depressão até extrema elação e

podem ou não se associar a sintomas psicóticos [1].

Sobre a depressão, a Organização Mundial de Saúde, OMS, estima que 350

milhões de pessoas no mundo sofram deste transtorno [2]. Dados epidemiológicos

estimam que a prevalência da depressão, na população geral, situa-se em torno de

10 a 15% [3], ainda que existam variações consideráveis nestas taxas, a depender

do contexto nacional e sociocultural.

Outros estudos, realizados em diferentes culturas e que apresentaram

variações nas taxas de prevalência para 12 meses, mostraram consistência em

relação à idade média de início, ao grau em que a existência da depressão aumenta

a probabilidade de comorbidade com abuso de substâncias e à proporção entre

homens e mulheres[1]. Pesquisas apontam que a depressão ocorre

aproximadamente duas vezes mais em mulheres do que em homens [4-8].

A depressão foi considerada pela OMS a principal causa de incapacidade no

mundo [2]. Assim, além da alta prevalência, também está associada com elevadas

taxas de morbidade e mortalidade. Trata-se de uma condição em que a

sintomatologia costuma ser persistente, o que afeta a funcionalidade do indivíduo e

causa sofrimentos importantes [9].

O risco para a depressão torna-se aumentado em adultos jovens [10]. O

abrangente estudo de Kessler et al [11] que envolveu 18 países, entre eles o Brasil,

mostrou que, a idade de início permanece em torno de 27 a 29 anos.

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- 2 -

Na maioria dos casos, o transtorno é recorrente, sendo que o número de

episódios depressivos prévios pode ser compreendido como fator de risco

significativo para o desenvolvimento de novos períodos de crise. Pacientes com três

episódios prévios têm 90% de probabilidade de apresentarem novamente o quadro

[12]. Da mesma forma, Goodwin e Jamison [8] enfatizaram a questão da recorrência

a partir do terceiro episódio.

Ainda que seja comum a recorrência, existem tratamentos bastante eficientes

para a depressão, que envolvem, entre outras estratégias, medicações

antidepressivas. Porém, antes de assumir qualquer conduta medicamentosa, torna-

se relevante investigar um possível diagnóstico de TAB, que em muitos casos se

inicia com episódios depressivos. Em situações como esta, um episódio

maníaco/hipomaníaco pode ser desencadeado pelo uso de antidepressivos [13].

Segundo Akiskal [12], aproximadamente 5% a 10% dos indivíduos que

receberam diagnóstico primário de depressão unipolar apresentam um episódio

maníaco em um período de 6 a 10 anos após a manifestação do primeiro quadro

depressivo. De acordo com a revisão de Costa [14], estima-se que 69% dos

pacientes bipolares não sejam diagnosticados corretamente no início da doença,

sendo a depressão unipolar o maior confundidor.

O TAB é considerado uma condição recorrente, crônica e grave que afeta a

qualidade de vida do paciente, além de acarretar forte impacto para familiares e

sociedade em geral. A grande prevalência de comorbidade com outros transtornos

mentais e clínicos, o prejuízo funcional e a baixa adesão ao tratamento são fatores

que contribuem para a alta carga e custos associados à doença [14].

O transtorno, em geral, se manifesta na adolescência ou início da vida

adulta [15] e diferentemente do que ocorre na depressão, são encontradas

proporções de gênero equilibradas em grande parte dos estudos realizados em

diferentes

países [8].

As taxas de prevalência na população são de aproximadamente 1% [16,17],

porém estudos que consideram a existência de um espectro bipolar e condições

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- 3 -

subsindrômicas encontram taxas muito superiores [18,19]. Neste contexto,

Angst et al [20] encontraram fortes evidências que reforçam a existência deste

espectro bipolar e ainda sugerem que os critérios adotados para diagnosticar

quadros de hipomania sejam revistos, a fim de ampliar as fronteiras do transtorno.

Em relação à sua etiologia, sabe-se que o TAB é uma condição bastante

complexa que deve envolver a presença de genes de vulnerabilidade e a interação

destes com as múltiplas influências ambientais [21]. Considera-se que a presença de

transtorno bipolar na família é um dos fatores de risco mais importantes e

consistentes para a doença, sendo um transtorno com considerável herdabilidade.

O risco é, em média, 10 vezes maior para parentes de primeiro grau adultos de

pessoas com TAB [1,22].

O transtorno é caracterizado pela existência de episódios maníacos ou

hipomaníacos, isto é, por períodos em que há uma perturbação do humor que se

mantém persistentemente elevado [1]. A diferença entre os dois quadros, maníaco e

hipomaníaco, não está centrada nos sintomas, que pouco se diferem, mas sim no

impacto que estes sintomas exercem no funcionamento do indivíduo. Na mania

esse prejuízo deve ser significativo, enquanto na hipomania os sintomas não devem

ocasionar prejuízos tão severos e diretos [8].

O DSM-5 [1] propõe que o TAB seja dividido em três tipos:

Tipo I - quando foram atendidos critérios para pelo menos um episódio

maníaco.

Tipo II - caracterizado pela presença de um ou mais episódios depressivos

maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco, sem que tenha ocorrido episódio

maníaco.

Ciclotimia - quando há uma perturbação crônica e oscilante do humor que

envolve numerosos períodos com sintomas de elevação do humor e outros

numerosos períodos com sintomas depressivos, durante pelo menos dois anos,

sendo que estes são insuficientes para satisfazer os critérios que caracterizam um

episódio.

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A ocorrência de um episódio depressivo não se faz necessária para o

diagnóstico de TAB tipo I e aproximadamente 5% dos pacientes vivenciam apenas

sintomas maníacos [23]. A literatura disponível até o momento, apesar de encontrar

algumas diferenças nas características clínicas da mania monopolar e bipolar, não

possui dados consistentes e estudados em diferentes contextos culturais. Esta é

uma das questões que merece ser mais explorada para ampliar o conhecimento

que se tem acerca da doença [24].

Certamente, ainda existem muitas questões que devem ser investigadas e

aprofundadas, o que se sabe é que as manifestações clínicas e o prognóstico dos

transtornos do humor costumam ser bastante peculiares e variáveis. Sendo assim,

na tentativa de compreender possíveis causas destas diferenças, pesquisadores

têm investigado, entre outros fatores, se alguns traços específicos de personalidade

podem estar associados aos transtornos de humor e se, de algum modo, estão

relacionados com estas variações [25,26].

1.2 Personalidade

Personalidade é tema de marcante e incontornável complexidade, de modo

que, conceituá-la precisamente tornou-se um importante desafio para os estudiosos

do assunto. Diante disso, muitas teorias foram elaboradas buscando linhas diretivas

para a conceituação e para o estudo da personalidade humana [27].

A definição da personalidade requer o embasamento de uma linha teórica de

referência que será utilizada para a pesquisa do construto em questão. Desse

modo, a personalidade passa a ser definida por diferentes conceitos que estão

presentes nestas teorias particulares que objetivam descrever e orientar a

compreensão do comportamento humano [28].

Gordon Allport [29, p. 50] definiu a personalidade como “a organização dinâmica,

no indivíduo, dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seu

pensamento característico”. O termo psicofísico foi empregado pelo autor para

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- 5 -

elucidar que a personalidade não é uma estrutura exclusivamente mental e nem

exclusivamente física e neural. A personalidade seria resultado de um

funcionamento, de uma relação inseparável do corpo e da mente.

Nesta direção, D´Andrea [27] discute que o desenvolvimento da personalidade

está intimamente relacionado ao desenvolvimento físico da pessoa. Porém, enfatiza

que esta não pode ser simplesmente compreendida como uma soma de funções

vitais, mas sim como uma integração dinâmica que se expressa pelo

comportamento individual diante dos variados estímulos do ambiente. Logo, o autor

considera a personalidade como a unidade individual que se desenvolve em um

determinado meio.

Pervin e John [30] sugerem que a personalidade se refere às características

que explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e

comportamentos. A maneira como estes sentimentos, pensamentos e

comportamentos interagem irão constituir um indivíduo único e peculiar.

Rebollo e Harris [31], por sua vez, enfatizam que a personalidade está

relacionada aos padrões de comportamento e atitudes de um indivíduo, sendo estes

padrões considerados relativamente constantes e estáveis ao longo da vida.

Tavares [32] resume que a personalidade pode ser compreendida como um

conjunto de características que torna possível que cada sujeito tenha uma

identidade e um padrão de relacionamentos único e próprio. O autor também discute

que essas características se estabelecem através da interação entre as disposições

naturais e as experiências, de forma consideravelmente estável ao longo do tempo.

Sobre as conceituações de personalidade, Pervin e John [30] discutem que

diferentes definições são possíveis e que elas se fazem úteis enquanto contribuem

com o desenvolvimento do campo como ciência. Da mesma forma, Allport [29] afirma

que não existem definições corretas ou incorretas, ocorre que os termos podem ser

definidos de maneira útil para um objetivo específico. Hall et al [28] ressaltam que

nenhuma definição de personalidade quando analisada de forma isolada pode ser

considerada completa.

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Uma noção que ganhou destaque entre os pesquisadores da personalidade

foi a de traços. O pressuposto básico da perspectiva de traços seria o de que os

indivíduos possuem distintas e variadas predisposições para responder de

determinadas maneiras frente às situações, apresentando um conjunto de traços

que configuram sua personalidade [30].

Este conceito foi central na teoria de Allport. O autor acreditava que os traços

eram unidades básicas da personalidade que representavam disposições

generalizadas que resultavam na regularidade do funcionamento do indivíduo em

situações distintas e ao longo do tempo. De forma sucinta os traços poderiam ser

descritos como “um amplo sistema de tendências para ação

semelhante” [33, p. 420].

Conforme destacaram Pervin e John [30], os traços podem assumir três

importantes funções: resumir, prever e explicar a conduta de um indivíduo. Isto é,

os traços proporcionam maneiras econômicas de resumir como as pessoas diferem

em seus comportamentos, permitem criar uma expectativa de como determinada

pessoa irá agir e ainda sugerem que a explicação para os comportamentos sejam

encontradas no próprio indivíduo e não na situação.

Schultz e Schultz [34] sugerem que os traços existiriam de fato em todas as

pessoas, que surgiriam como resposta a certos estímulos e que produziriam

determinados comportamentos na interação com o ambiente. Eles estariam inter-

relacionados, e poderiam variar em algumas situações.

Na concepção de Allport, o reconhecimento da singularidade era muito

importante. Por esta razão, o estudioso sugeriu que existiriam traços únicos em

cada sujeito e defendia que para avaliar a personalidade humana deveria ser

priorizado o método idiográfico, pois este permitia uma avaliação mais aprofundada

da mesma. Entretanto, vários outros autores propuseram métodos padronizados

para avaliar os traços [30].

Neste contexto da teoria dos traços, emergiu, entre alguns teóricos da área,

um modelo em que existiriam cinco fatores para descrever a estrutura básica da

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personalidade humana e que ficou conhecido como modelo dos Cinco Grandes

Fatores ou Big Five [30].

Este modelo não foi desenvolvido a partir de uma teoria prévia e os achados

não se deram através de instrumentos desenvolvidos a priori para mensurá-los. A

descoberta e a descrição destes cinco fatores se deram, de fato, através de estudos

empíricos e análise fatorial. Diante da replicação frequente dos achados permitiu-

se fazer uma generalização empírica bastante abrangente [35].

Para o surgimento desse modelo, foi central a questão da hipótese lexical

fundamental que propõe que “as diferenças individuais mais significativas nas

interações diárias das pessoas são codificadas na linguagem” [36, p. 204]. Ou seja, era

realizada uma análise da linguagem utilizada pelas pessoas para descrever as

diferenças individuais, pois se acreditava que, ao longo do tempo, os indivíduos

percebiam características relevantes nas relações sociais e acabavam

desenvolvendo termos para se referir a elas ou descrevê-las com mais facilidade.

Dessa forma, as evidências que corroboram a hipótese do modelo dos cinco

fatores provêm principalmente de três áreas: análise fatorial de grandes conjuntos

de termos linguísticos associados aos traços, pesquisas em diferentes contextos

culturais que testam a universalidade das dimensões e dos traços, e ainda a relação

encontrada entre os instrumentos que se baseiam em traços e outras

avaliações [30].

O modelo dos Cinco Grandes Fatores da personalidade é hierárquico e

mensurado em dois níveis. Em um nível inferior são considerados os traços, que

são bastante específicos, e no nível superior estão os cinco amplos fatores [37]. De

acordo com Costa e Mccrae [38] os cinco grandes fatores descritos por esta linha de

investigação são:

Neuroticismo: avalia ajustamento versus instabilidade emocional. Busca

identificar os indivíduos que estão propensos a vivenciar perturbações

psicológicas e afetos negativos, apresentar respostas mal-adaptativas e

mostrar pouca habilidade para controlar seus impulsos. Pessoas com

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altos escores em neuroticismo tendem a ser preocupadas, nervosas,

inadequadas, inseguras, ansiosas.

Extroversão: avalia a quantidade e a qualidade das interações pessoais,

está relacionada com a capacidade de socialização, com o nível de

atividade, com a necessidade de estimulação e capacidade de alegrar-

se.

Abertura: investiga a atividade proativa e a apreciação da experiência

por si só, além da tolerância, exploração e reconhecimento da importância

de se ter novas situações. Indivíduos com altos resultados nesta

dimensão são curiosos, imaginativos, criativos, divertem-se com novas

ideias e com valores não convencionais.

Amabilidade: é considerada uma dimensão interpessoal que envolve os

pensamentos, sentimentos e ações do indivíduo, direcionados aos

demais ao longo de um contínuo que se estende da compaixão ao

antagonismo. Pessoas com altos resultados neste domínio tendem a ser

empáticas, generosas, bondosas, afáveis, prestativas, honestas e

altruístas. Já os indivíduos com baixos escores baixos tendem a ser

cínicos, rudes, desconfiados, não cooperativos, irritáveis, manipuladores

e vingativos.

Conscienciosidade: avalia o grau de organização, persistência, controle

e motivação para alcançar objetivos. Indivíduos com altos escores neste

domínio tendem a ser organizados, confiáveis, trabalhadores, decididos,

pontuais, escrupulosos, ambiciosos e perseverantes. No outro extremo

estariam aqueles que tendem a não ter objetivos claros e não se

mostrarem confiáveis e geralmente descritos como sendo preguiçosos,

descuidados, negligentes.

Destaca-se que esses cinco domínios podem ser encontrados com diferentes

nomenclaturas na literatura e, embora a denominação dos fatores ainda não seja

consensual, isto não se configura como um problema insolúvel, pois os traços de

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personalidade que os constituem e sua forma de agrupamento se mostram

equivalentes nas diferentes abordagens do modelo [39].

Este é atualmente o modelo de traço mais bem estabelecido empiricamente

na psicologia da personalidade e fornece uma descrição bastante abrangente das

diferenças individuais estáveis e tendências comportamentais normativas, além

disso, também permite a possibilidade de se identificar relações significativas com

transtornos de personalidade [40].

Ainda que o modelo apresente considerável aceitação, não existe

unanimidade entre os pesquisadores da área. Muitos defendem que alguns fatores

não são capazes de descrever tamanha complexidade da personalidade humana,

e outros, ainda que concordem com a premissa dos cinco fatores, discordam sobre

quais são eles de fato [34].

Existem limitações inerentes às medidas de personalidade e esta é uma das

razões pelas quais se afirma que um teste, isoladamente, não deve ser considerado

suficiente para produzir um diagnóstico confiável. Entretanto, isto não desmerece a

utilização de instrumentos de avaliação da personalidade com os mais diversos fins,

desde que sejam respeitadas e conhecidas as limitações de cada modelo e de cada

instrumento [35].

Na literatura científica são encontradas diversas pesquisas que relacionam

os fatores da personalidade deste modelo com inúmeros construtos, como: auto-

estima, desempenho no trabalho, tabagismo, uso de álcool, inteligência, entre

outros. Costa e McCrae [41] acreditam que, em contextos clínicos, o mapeamento

destes cinco domínios pode ser relevante para identificar demandas de tratamento

e possíveis sintomas de transtornos da personalidade.

O transtorno de personalidade (TP) ocorreria quando estes traços de

personalidade do sujeito fossem inflexíveis, mal adaptativos, persistentes e

causariam prejuízo funcional e sofrimento subjetivo [32]. Os TPs são crônicos e sua

prevalência estimada na população geral situa-se entre 10 e 20%. A presença

destes transtornos na população de pessoas com diagnósticos psiquiátricos de eixo

I é bastante frequente [42].

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Embora seja reconhecida a complexidade e o impacto dos TPs na vida dos

indivíduos afetados, as bases para seu diagnóstico ainda são muito discutidas e

problemáticas [43].

1.3 Personalidade e Transtornos de Personalidade no DSM-5

O DSM-5 [1] foi divulgado mantendo a abordagem categórica dos TPs na

Seção II e incluindo uma proposta alternativa na Seção III, em que constam os

modelos emergentes. Esta decisão refletiu a tentativa de preservar a continuidade

da prática clínica que vem sendo feita e, ao mesmo tempo, apresentar uma nova

abordagem para personalidade e TPs. Esta nova abordagem visa avançar em

relação às deficiências do modelo atual, mas ainda requer pesquisas para avaliá-la

e aprimorá-la.

O manual, na Seção II, apresenta um modelo categorial e define o transtorno

de personalidade como “um padrão persistente de experiência interna e

comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do

indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta,

é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo” [1, p.645].

Este modelo classifica dez transtornos de personalidade que são

organizados em três agrupamentos. São eles [1, p.649]:

Agrupamento A

Transtorno da Personalidade Paranóide: padrão de desconfiança e

suspeita das pessoas;

Transtorno da Personalidade Esquizóide: envolve distanciamento das

relações sociais e expressões emocionais restritas;

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Transtorno da Personalidade Esquizotípica: padrão de déficits sociais

e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida

para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas, perceptivas

e comportamento excêntrico.

Agrupamento B

Transtorno da Personalidade Antissocial: envolve desconsideração e

violação dos direitos alheios;

Transtorno da Personalidade Boderline: padrão de instabilidade das

relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos, além de

impulsividade acentuada

Transtorno da Personalidade Histriônica: emocionalidade e busca de

atenção excessiva;

Transtorno da Personalidade Narcisista: envolve um padrão de

grandiosidade, necessidade exagerada de admiração e ausência de

empatia.

Agrupamento C

Transtorno da Personalidade Evitativa: inibição social, sentimentos

frequentes de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa;

Transtorno da Personalidade Dependente: necessidade exagerada de

ser cuidado que envolve comportamento de submissão;

Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva: preocupação

com ordem, perfeccionismo e controle que resulta em falta de

flexibilidade, abertura e eficiência.

O DSM adota o sistema categorial para avaliar os diferentes transtornos de

personalidade. Este sistema apresenta vantagens, entre elas, o fato de ser objetivo

e simples de utilizar, enquanto a abordagem dimensional de classificação parece

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ser inerentemente mais complexa na proposta de fornecer informações mais

precisas e específicas [44].

As discriminações categóricas costumam ser bastante eficazes quando os

constructos têm fronteiras bem definidas, enquanto as avaliações dimensionais

visam apontar um valor em um continuum, o que parece torná-las mais sensíveis,

desde que sejam avaliadas cuidadosamente quais dimensões do constructo devem

consideradas em sua conceituação [43].

Nenhuma destas abordagens, por si só, deve ser considerada melhor do que

a outra, a questão central é adotar a mais adequada para determinado

transtorno [45]. No caso dos TPs, estudos sobre o uso do modelo categorial

demonstram que ele é falho em diversos aspectos que comprometem sua utilidade

clínica [46,47].

O sistema categórico consegue agregar muitas informações nos casos mais

típicos e graves, porém em casos atípicos ou subclínicos, em que os traços de

personalidade produzem impactos na vida do paciente, mas não são suficientes

para atingir critérios diagnósticos, contribuem pouco [48].

A classificação dos TPs no DSM-IV passou a ser contestada e considerada

insatisfatória por diferentes razões, entre elas: a descrição pobre dos diferentes

tipos de personalidade; a vasta heterogeneidade encontrada dentro de um mesmo

diagnóstico; e, sobretudo, a recorrente sobreposição que ocorre entre os diferentes

transtornos propostos [49]. Esta última gera dúvidas, inclusive, em relação à validade

e consistência destes como transtornos independentes [43].

As sobreposições são geradas por conta das fronteiras estabelecidas pelo

modelo categorial e provocam comorbidades excessivas e artificiais [44]. Os critérios

categóricos podem, nestes casos, forçar a separação de condições que podem

estar relacionadas entre si [50].

Além dessas questões, os critérios gerais para diagnóstico dos TPs foram

introduzidos no DSM-IV sem uma base empírica consistente, o que fez com que

novas definições e critérios passassem a ser estudados e desenvolvidos [51].

Diante dessa situação, o processo de revisão dos TPs para o DSM-5 iniciou-

se em dezembro 2004 visando criar alternativas dimensionais para o modelo até

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então vigente. Isso ocorreu devido às discussões que já ocorriam previamente, à

concordância de que o modelo do DSM-IV apresentava diversos problemas e ao

fato de que o DSM-5 seria uma oportunidade de implementar uma abordagem

dimensional com uma base empírica mais sólida [52].

Entre as reformulações que foram propostas para o DSM-5, uma delas

consistiu na redução do número de transtornos específicos de personalidade de dez

para seis, sendo que os que deveriam ser mantidos seriam: Antissocial, Borderline,

Esquizotípico, Evitativo, Narcisista e Obsessivo-Compulsiva. Isso se deve ao fato

de que cada transtorno que consta no DSM-IV foi amplamente revisado e nestes,

acima citados, foram encontradas evidências empíricas e de utilidade clínica, o que

não foi observado nos demais [51].

Outra modificação remete a forma como estes transtornos são descritos.

Sugeriu-se que estes transtornos fossem estruturados em um formato narrativo que

permitisse identificar tanto déficits típicos no funcionamento interno e interpessoal,

assim como as combinações particulares de traços e comportamentos. Além disso,

foi proposto ainda um modelo misto de avaliação, ou seja, que combinasse tanto

elementos categóricos quanto dimensionais [52].

Quadro 1 - Critérios para diagnóstico de Transtorno da Personalidade - Seção III [1, p. 761]

CRITÉRIOS GERAIS PARA TRANSTORNO DA PERSONALIDADE

A. Prejuízo moderado ou grave no funcionamento da personalidade (self/interpessoal)

B. Um ou mais traços de personalidade patológicos

C. Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão de traços de personalidade do indivíduo são relativamente inflexíveis e difusos dentro de uma ampla faixa de situações pessoais e sociais

D. Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão dos traços de personalidade do indivíduo são relativamente estáveis ao longo do tempo, podendo seu início remontar no mínimo à adolescência ou ao começo da idade adulta

E. Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão dos traços de personalidade do indivíduo não são mais bem explicados por outro transtorno mental

F. Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão dos traços de personalidade do indivíduo não são unicamente atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica

G. Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão dos traços de personalidade do indivíduo não são mais bem entendidos como normais para o estágio do desenvolvimento de um indivíduo ou para seu ambiente sociocultural

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No contexto desta proposta para o diagnóstico, exige-se que seja feita uma

avaliação do nível de prejuízo no funcionamento da personalidade, necessária para

o critério A e uma avaliação categórica dos traços de personalidade patológicos

para satisfazer o critério B. De modo a constituir um modelo híbrido de avaliação

com aspectos dimensionais e categóricos [1].

Assim, foi criada uma escala de níveis de funcionamento da personalidade,

composta por cinco níveis para avaliar os pacientes. O nível 0 seria representativo

de um funcionamento saudável, com pouco ou nenhum comprometimento. No nível

1 existiria algum prejuízo, no nível 2 o prejuízo seria moderado, o nível 3 seria um

prejuízo grave e por fim, o nível 4 caracteriza um prejuízo extremo [1].

Essa escala se propõe a avaliar os pacientes nos domínios pessoal e

interpessoal, pois se considerou que a psicopatologia da personalidade está

centrada essencialmente em perturbações nestas duas esferas [1].

O autofuncionamento engloba dimensões da identidade e

autodirecionamento. A identidade seria a experiência de si mesmo como único, com

limites claros entre si próprio e os outros; estabilidade da autoestima; capacidade

de regular experiências emocionais. Já o autodirecionamento seria a capacidade de

estabelecer a alcançar objetivos a curto e longo prazo; utilização de padrões

internos de comportamentos construtivos e pró-sociais [1].

Já a esfera interpessoal envolve a capacidade de empatia e a dimensão

intimidade. A empatia reflete a compreensão e apreciação das experiências e

motivações dos outros, tolerância a perspectivas divergentes, e o entendimento

sobre as consequências dos próprios comportamentos no outro. Enquanto a

intimidade seria a capacidade de estabelecer relações mais profundas e duradouras

com os outros, assim como respeito mútuo refletido no comportamento interpessoal

[1].

Além disso, foi desenvolvido um inventário, o Personality Inventory for DSM-

5, PID-5 [53], para a avaliação de cinco domínios e 25 facetas de traços de

personalidade. Este é utilizado para avaliar os traços potencialmente disfuncionais

de personalidade, conforme preconiza o critério B. Os domínios considerados pelo

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instrumento são: Afetividade Negativa, Distanciamento, Antagonismo, Desinibição

e Psicoticismo [1].

Widiger e Simonsen [54] avaliaram dezoito modelos diferentes de

personalidade normal e mal-adaptativa e concluíram que, embora existam

diferenças na composição das escalas de ordem inferior, todos os modelos

continham ou poderiam ser descritos por quatro domínios gerais: Extroversão vs.

Introversão/Distanciamento; Amabilidade vs. Antagonismo; Estabilidade emocional

vs. Neuroticismo; Conscienciosidade vs. Desinibição.

Sobre o quinto domínio da personalidade, em modelos que avaliam os traços

normais, é comum encontrar o domínio de Abertura à Experiência [55], enquanto nos

modelos que estudam os traços desadaptativos tem sido incluída a dimensão

Psicoticismo visando extrair conteúdos relacionados a alterações do pensamento,

percepção e comportamento [56-58].

A intenção ao criar o PID-5 [53] foi conectar o DSM-5 com a vasta literatura

sobre modelos empíricos de personalidade. A crescente literatura sobre a estrutura

do PID-5 sugere relações significativas e diretas entre o modelo de traço do DSM-5

e outros modelos [52].

Havia uma preocupação em relação à utilidade clínica de se usar o modelo

dos cinco grandes fatores, pois as versões atuais focam primariamente nas

variantes normais do funcionamento da personalidade que provavelmente não

seriam o alvo principal das intervenções. E assim, um modelo integrativo, que

avaliasse as variantes patológicas poderia descrever melhor quais comportamentos

e traços merecem atenção clínica [43].

Uma das vantagens de se integrar a classificação dos transtornos de

personalidade com a pesquisa já existente sobre a estrutura geral da personalidade

é o fato de fornecer descrições mais amplas, incluindo traços proeminentes. Com

isto, se torna mais fácil compreender o sujeito e conduzir o tratamento. Além disso,

o indivíduo com o diagnóstico de transtorno de personalidade não seria considerado

como alguém com um funcionamento qualitativamente diferente do da população

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geral, mas sim apresentaria variantes desadaptativas de traços que estão presentes

em todas as pessoas [49].

1.4 Personalidade e Transtornos do Humor

Muitos fenômenos psicopatológicos estão fundamentados na forma como se

organizam as dimensões da personalidade [59]. Estudiosos da área acreditam que

os traços de personalidade têm impacto sobre a maneira como os indivíduos

respondem ao estresse e expressam o humor. Sendo assim, investigar estes traços

pode auxiliar na compreensão acerca da heterogeneidade psicopatológica

encontrada nos transtornos afetivos [26].

Neste contexto, muitos pesquisadores investigaram as complexas interações

entre personalidade e transtornos afetivos. A partir disso, foram formulados quatro

modelos básicos [8]:

a. a personalidade como uma predisposição ao transtorno afetivo: neste

modelo os padrões da personalidade precedem e contribuem para o

desenvolvimento do transtorno afetivo, sendo assim, a organização da

personalidade funciona como uma predisposição, ou fator de risco para o

desenvolvimento de doenças afetivas.

b. a personalidade como uma expressão do transtorno afetivo: considera-

se que o temperamento está invariavelmente ligado à predisposição genética

para mania e depressão e dessa forma, a personalidade passa a ser vista

como manifestação da doença afetiva subjacente.

c. a personalidade como um modificador do transtorno afetivo: neste

modelo a estrutura da personalidade irá determinar como será a

apresentação do quadro clínico e do curso do transtorno, ou seja, estará

relacionada com os sintomas, adesão e resposta ao tratamento, tendência a

desenvolver dependências químicas e capacidade de lidar com os eventos

estressores da vida e aqueles associados ao transtorno.

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d. a personalidade sendo alterada pelo transtorno afetivo: as vivências do

transtorno afetivo, que incluem mudanças nos padrões de autoestima e

interação social, constantes alterações do humor, energia e pensamento,

provocariam mudanças reversíveis ou não na personalidade do indivíduo.

Em concordância com a premissa do primeiro modelo descrito acima (a),

alguns pesquisadores acreditam que os traços de personalidade podem ser

considerados como importantes indicadores de vulnerabilidade para transtornos do

humor [26,60].

Resultados de estudos na área de depressão unipolar sugerem que os traços

de personalidade podem se relacionar com maior gravidade dos sintomas, com

recaídas mais frequentes e piores resultados frente ao tratamento [25]. Ou seja, neste

caso, a personalidade seria um fator modificador que agrava o transtorno afetivo.

Justo e Calil [61] afirmam que é notável o impacto da experiência do

transtorno sobre a personalidade do indivíduo acometido, uma vez que ela acarreta

alterações no modo de vida do paciente, ainda que os sintomas do humor

propriamente ditos não estejam mais aparentes. Neste caso, prevalece a ideia de

que a personalidade é alterada a partir da vivência do transtorno do humor.

Diversas pesquisas tentam relacionar as dimensões da personalidade com

os transtornos do humor. A pesquisa de Jylhä et a [62] concluiu que altos índices de

Neuroticismo podem ser considerados como um indicador de vulnerabilidade tanto

para a depressão unipolar quanto para o transtorno afetivo bipolar (TAB). Bagby et

al [63] acrescentam que a capacidade de experienciar afetos positivos pode ser um

fator para distinguir estes dois grupos. Já Farmer et al [64] encontraram que altos

níveis de Extroversão podem funcionar como fatores de proteção contra a

depressão.

Outras pesquisas relacionam os transtornos de humor não só com aspectos

da personalidade, mas sim com os TPs e destacam que essa comorbidade é

comumente encontrada [65-68].

Bukh e colaboradores [66] encontraram maior comorbidade de TP entre

pacientes com início relativamente precoce de transtorno de humor. Da mesma

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forma, Altindag et al [67] relataram que os pacientes que apresentavam comorbidade,

tiveram um início mais precoce do TAB quando comparados aos pacientes que não

foram diagnosticados com TP. Na pesquisa de Fava et al [69] houve uma maior

prevalência de TP em pacientes que tiveram início mais precoce do transtorno

depressivo maior (abaixo de 18 anos) em comparação com pacientes de início mais

tardio.

As comorbidades com os TPs do cluster B são frequentemente investigadas.

A relação da depressão com o transtorno de personalidade borderline, por exemplo,

já é reconhecida e estudada por pesquisadores e clínicos. Nestes casos, a presença

do transtorno de personalidade parece exercer influência negativa no

funcionamento dos pacientes com depressão impactando no curso, recorrência e

bem-estar [70]. Outra associação encontrada é entre a depressão e transtorno de

personalidade histriônica. Alguns estudos consideram que esse transtorno de

personalidade torna as pessoas acometidas vulneráveis a quadros de depressão e

ansiedade devido à interferência que provoca nas relações interpessoais

estabelecidas por estes indivíduos [43].

Apfelbaum et al [71] encontraram que nos casos de comorbidade de TAB e

TPs do cluster B parece ocorrer um tipo mais grave de desregulação emocional em

comparação com outros grupos de diagnóstico, incluindo o TAB e TPs do cluster B

isoladamente.

O impacto da comorbidade entre TAB e TPs tem sido alvo de diversos

estudos nos últimos anos, os quais associam a presença dos TPs à baixa adesão

ao tratamento, pior resposta ao tratamento com lítio, maior uso abusivo de álcool e

drogas, e sintomas residuais mais graves [67]. Hirschfeld e Vornik [68] destacam que

esta comorbidade, além de complicar a evolução do transtorno, ainda tende a tornar

o diagnóstico mais difícil. De modo geral, o manejo clínico dos casos que envolvem

comorbidades é mais trabalhoso e a remissão torna-se mais difícil de ser atingida

[72].

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1.5 Comportamento Suicida

A relação entre suicídio e transtornos psiquiátricos é uma importante e

complexa questão. A revisão de Rihmer [73] descreve que a maioria dos pacientes

com transtornos do humor tentam ou cometem suicídio durante a vigência de

episódios depressivos e que esse comportamento raramente ocorre durante os

quadros de mania eufórica e períodos de eutimia. Para o autor estes seriam indícios

de que pode se tratar de um fenômeno fortemente influenciado pelo estado que o

paciente com transtorno do humor vivencia.

As pessoas com transtorno do humor apresentam uma maior probabilidade

de cometer suicídio do que a população geral [8]. Dados apontam que o risco para

pacientes com TAB chega a ser 30 vezes maior em relação às pessoas sem doença

psiquiátrica [74-76]. Ainda assim, a presença do transtorno mental, embora seja um

fator predisponente, não é suficiente para explicar a ocorrência dessas tentativas,

uma vez que não são todos os indivíduos com o mesmo transtorno que apresentam

comportamento suicida [8]. Desta forma, pesquisadores tentam compreender quais

outros fatores podem estar associados a este fenômeno [77-82].

O comportamento suicida é multideterminado, ou seja, parece envolver uma

interação complexa de diferentes fatores [73]. Neste sentido, existem trabalhos

evidenciando elementos que sugerem a influência dos aspectos genéticos [83,84] e

que sustentam que a herdabilidade do comportamento suicida ocorre de forma

independente dos transtornos de humor [85-88].

Outros aspectos como o ambiente familiar, a ocorrência de eventos de vida

negativos e a ausência de apoio social também já foram relacionados a tentativas

de suicídio em pacientes com TAB [87]. Além desses eventos, existem achados, na

literatura científica, que depõem a favor da associação de determinados traços de

personalidade com o comportamento suicida [77,78]. Neste contexto, o traço

Impulsividade tornou-se um dos traços mais estudados e associados às tentativas

de suicídio [79].

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Entre as dimensões da personalidade, a Extroversão e o Neuroticismo são

as que apresentam resultados mais consistentes em relação ao comportamento

suicida, sendo a primeira considerada um fator de proteção e a segunda relacionada

com ideação e tentativa de suicídio [78,80,81].

1.6 Qualidade de vida e Transtornos do Humor

A OMS define qualidade de vida como as percepções de um indivíduo sobre

suas posições na vida, inserido no seu contexto cultural e sistemas de valores, e

em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações [89].

Trata-se de um constructo bastante abrangente, complexo e

multidimensional. Assim, a qualidade de vida está baseada na percepção que o

indivíduo tem da sua saúde física, estado psicológico, nível de independência,

relações sociais e fatores do meio ambiente [89].

Na tentativa de mensurar a qualidade de vida, muitos instrumentos foram

desenvolvidos. Ainda que seja difícil realizar esta avaliação de forma precisa,

existem muitas evidências de que a qualidade de vida é um significativo indicador

de bem-estar, que deve ser considerado ao avaliar clinicamente o paciente [90].

Nos últimos anos verificou-se um aumento de pesquisas destinadas a

estudar detalhadamente a qualidade de vida de pessoas com transtornos

psiquiátricos, na tentativa de avaliar a extensão do impacto destas condições na

vida destes indivíduos [91]. Neste contexto, vários estudos apontam que a qualidade

de vida está substancialmente afetada pela presença de diferentes transtornos

mentais [92-96], inclusive pelos transtornos de humor [97-101].

Michalak et al [90] realizaram uma ampla revisão da literatura, e encontraram

que, ainda que os trabalhos na área sejam bastante heterogêneos, na maioria deles,

a qualidade de vida de pessoas com TAB estava claramente prejudicada, mesmo

quando estes se encontravam eutímicos.

O trabalho de Gazalle et al [102], por sua vez, comparou a qualidade de vida

entre pacientes com TAB que estavam deprimidos, com sintomas subsindrômicos

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e em remissão. Os achados indicaram que os sintomas depressivos foram

determinantes na qualidade de vida dos pacientes com TAB. De forma que os

maiores escores de qualidade de vida foram encontrados nos pacientes com

remissão completa, enquanto o episódio de depressão bipolar e os sintomas

residuais de depressão se mostraram negativamente correlacionados com

qualidade de vida destes pacientes.

Pesquisas que compararam o impacto do transtorno depressivo na qualidade

de vida de pacientes unipolares e bipolares encontraram que ambos apresentaram

significativos prejuízos na qualidade de vida, mas que estes tendem a ser ainda

piores na depressão bipolar [103,104].

A literatura é mais escassa em relação ao impacto dos sintomas maníacos

na qualidade de vida. O estudo de Gazalle et al [105] encontrou que estes sintomas

também estão relacionados com perdas na qualidade de vida e alertou para a

importância do impacto da mania ser mais amplamente investigado. Dias et al [106]

enfatizam que a percepção e o relato dos pacientes sobre sua qualidade de vida

podem ser fortemente afetados pelos sintomas e pela falta de insight,

frequentemente associada aos quadros maníacos.

Além das associações com os transtornos do humor, inclusive com indícios

de que os prejuízos não se limitam aos episódios, também existem achados que

apontam que a qualidade de vida se relaciona com aspectos da personalidade. Esta

associação foi encontrada em indivíduos saudáveis [107], em pessoas com

transtornos físicos [107] e com transtornos mentais [108].

O estudo de Straten et al [109] encontrou que os traços de personalidade se

relacionaram com a qualidade de vida independentemente de outras variáveis como

diferenças sociodemográfica e a presença de psicopatologias. A partir disso, os

autores entendem que estes achados indicam que a qualidade de vida não é

unicamente influenciada pela atual situação ou estado de saúde física e mental da

pessoa, e sim que é também delimitada pelos traços de personalidade, que são

relativamente estáveis ao longo da vida.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O estudo tem por objetivo realizar uma avaliação dos traços de personalidade

e da qualidade de vida em pacientes com diagnóstico de transtorno afetivo bipolar

(TAB) e transtorno depressivo, no contexto do serviço ambulatorial de psiquiatria do

HC da UNICAMP, comparando com indivíduos sem transtornos mentais (controles).

2.2. Objetivos Específicos

Comparar a qualidade de vida dos pacientes dos dois grupos diagnósticos

e grupo controle

Verificar se há correlação entre os traços de personalidade e a qualidade

de vida nos grupos diagnósticos estudados

Verificar se há diferenças nos traços de personalidade de pacientes com

e sem tentativas de suicídio

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Amostra

3.1.1 Pacientes com Transtornos de Humor

Participaram deste grupo 60 pessoas com transtornos do humor, com idades

entre 18 e 65 anos. Todos os participantes foram selecionados no Ambulatório de

Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp que é um hospital geral universitário

situado no município de Campinas.

Os critérios de inclusão foram os seguintes:

Ter diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar ou Transtorno Depressivo,

segundo avaliação da equipe do ambulatório (composta obrigatoriamente

por docentes de psiquiatria e médicos residentes) responsável pelo

tratamento do paciente;

Idade entre 18 e 65 anos;

Ser alfabetizado;

Apresentar concordância com o que está previsto no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1).

Foram excluídos da amostra pessoas com condições clínicas ou intelectuais

que pudessem interferir na avaliação e limitar a compreensão das perguntas

(pessoas com déficit intelectual, demências, doenças físicas graves). Além disso,

também foram excluídos pacientes que obtiveram pontuação igual ou superior a 25

na escala de avaliação para depressão de Montgomery e Asberg, MADRS [110], ou

seja, pacientes que pontuaram para depressão moderada ou grave, durante as

avaliações, não foram considerados aptos a participar da pesquisa.

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Essa medida foi adotada, pois se considerou que a avaliação da

personalidade poderia ficar prejudicada se os pacientes, no momento da

investigação, apresentassem sintomas agudos do eixo I, podendo afetar o relato

fidedigno dos traços de personalidade.

Embora os pacientes não estivessem em episódio atual de depressão, de

acordo com o M.I.N.I. Plus, muitos deles tinham histórico de episódio recente, além

de se tratar de uma população particularmente grave, cuja sintomatologia costuma

ser persistente.

Ainda a fim de evitar estas possíveis interferências, também não foram

avaliados pacientes em estado de hipomania ou mania. Além disso, nenhum

paciente que pontuou para sintomas moderados em algum aspecto da escala de

mania de Young foi incluído na pesquisa.

3.1.2 Grupo Controle

Foi formado por 30 adultos com idades entre 19 e 65 anos. T ais sujeitos

eram pais ou acompanhantes de crianças e adolescentes atendidos, por questões

clínicas variadas, no Ambulatório de Pediatria do Hospital de Clínicas da Unicamp

(n=20) e funcionários do serviço social e recepção do Hospital de Clínicas da

Unicamp (n=10).

Os critérios de inclusão foram os seguintes:

Idade entre 18 e 65 anos;

Apresentar concordância com o que está previsto no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 1);

Ser alfabetizado;

Ter inteligência normal (após avaliação qualitativa da entrevistadora)

Estes participantes não poderiam ter histórico de transtorno psiquiátrico, o

que foi avaliado através do instrumento M.I.N.I. Plus [111,112]. E, além disso, foram

buscados de forma compatível com a idade, gênero e escolaridade dos outros dois

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grupos, visando evitar possíveis influências destas variáveis e tornar a população

mais homogênea para aumentar a confiabilidade dos dados.

3.2 Instrumentos

3.2.1 Entrevista de identificação Sociodemográfica e dados clínicos

Entrevista estruturada, baseada em modelo padronizado que consta nos

prontuários médicos de todos os pacientes do ambulatório de Psiquiatria do HC da

UNICAMP, para coleta de dados sociodemográficos e de história psiquiátrica, tais

como: gênero, idade, etnia, cidade em que reside, religião, situação quanto a

vínculos conjugais, escolaridade, profissão, tempo de tratamento psiquiátrico,

tratamento farmacológico, número de internações psiquiátricas e uso regular da

medicação (Apêndice 2).

3.2.2 Mini International Neuropsychiatric Interview Plus (M.I.N.I Plus)

Entrevista diagnóstica padronizada breve, tendo sido utilizada a versão

brasileira para confirmar o diagnóstico dos pacientes e excluir da amostra do grupo

controle pessoas com transtornos do Eixo I [111,112].

3.2.3 Personality Inventory for DSM-5 (PID-5)

Trata-se de um instrumento de autorrelato, que possui 220 itens, com quatro

alternativas de respostas, que são dadas numa escala tipo Likert (1= falso, não tem

a ver comigo; 2= algumas vezes falso, tem pouco a ver comigo; 3= algumas vezes

verdadeiro, tem a ver comigo; 4= verdadeiro, tem muito a ver comigo) [53].

Foi utilizada uma versão autorizada e traduzida para o português,

desenvolvida para um estudo de validação intitulado “Validação da Versão Brasileira

do Inventário de Personalidade para o DSM-5”. O estudo se encontra em fase de

testes empíricos para avaliação das propriedades psicométricas e padronização

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para população brasileira, e é coordenado pelo professor Dr. Ricardo Primi do

Laboratório de Avaliação Psicológica e Educacional do Programa de Pós-

Graduação em Psicologia da Universidade São Francisco (USF), com participação

de professores da UFRGS e UNIFESP (Apêndice 3).

O instrumento avalia os traços de personalidade patológicos propostos pelo

novo sistema de classificação do DSM-5. Esses traços de personalidade devem ser

compreendidos como uma tendência de sentir, perceber, pensar e se comportar de

maneiras relativamente consistentes ao longo do tempo, pois embora não sejam

imutáveis, tendem a apresentar considerável estabilidade durante a vida [1].

Com este inventário é possível avaliar 25 facetas organizadas em cinco

domínios [1]:

Afetividade Negativa (vs. Estabilidade Emocional): frequentes e

intensas vivências de altos níveis de uma ampla variedade de emoções

negativas (tristeza, ansiedade, culpa, vergonha, preocupação, raiva) e

suas manifestações comportamentais e interpessoais. Engloba as

facetas:

Labilidade emocional: instabilidade das experiências emocionais e do

humor; as emoções são facilmente despertadas, são intensas e/ou

desproporcionais em relação aos fatos e às circunstâncias.

Ansiedade: sentimentos de nervosismo, tensão ou pânico em reação

a diversas situações, preocupação frequente com possibilidades

negativas futuras; sente-se temeroso e apreensivo quanto a

incertezas; expectativa de que o pior aconteça.

Insegurança de separação: medo de ficar sozinho, de ser rejeitado,

falta de confiança na própria capacidade de cuidar de si mesmo, tanto

física como emocionalmente.

Submissão: adaptação do próprio comportamento aos interesses e

desejos reais ou percebidos dos outros, mesmo quando isso contraria

os próprios interesses e necessidades.

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Hostilidade: sentimentos persistentes ou frequentes de raiva; raiva ou

irritabilidade em resposta a desprezo e insultos mínimos;

comportamento maldoso, grosseiro e vingativo.

Perseverança: persistência em tarefas ou em uma forma particular de

fazer as coisas mesmo depois de o comportamento ter deixado de ser

funcional ou efetivo, de repetidos fracassos ou ainda de claras razões

para interrompê-lo.

(Ausência de) Afetividade restrita: pouca reação a situações

emocionalmente estimulantes; experiência e expressão emocional

restrita; indiferença e distanciamento em circunstâncias normalmente

atraentes.

Distanciamento (vs. Extroversão): evitação da experiência

socioemocional e de interações interpessoais desde aquelas casuais e

cotidianas até amizades e relacionamentos íntimos, além de

capacidade limitada de obtenção de prazer. Inclui as facetas:

Retraimento: preferência por estar sozinho a estar com outras

pessoas; evitação de contatos e atividades sociais; ausência de

iniciativa no contato social.

Evitação de intimidade: evitação de relacionamentos íntimos ou

amorosos e vínculos interpessoais.

Anedonia: falta de prazer, envolvimento ou energia para as

experiências de vida; déficits na capacidade de sentir prazer e ter

interesse nas coisas.

Tendência à depressão: sentimentos de estar desanimado, infeliz

e/ou sem esperança; dificuldade de se recuperar desses estados;

pessimismo quanto ao futuro; sentimentos de desvalia; pensamentos

e comportamentos suicidas.

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Desconfiança: sensibilidade a sinais de más intenções ou dano

interpessoal; dúvidas quanto à lealdade e à fidelidade dos outros;

sentimentos de ser maltratado, usado e/ou perseguido pelos outros.

Antagonismo (vs. Afabilidade): comportamentos que colocam a

pessoa em divergência com os demais. Inclui sentimento exagerado

da própria importância e a falta de compreensão das necessidades e

sentimentos alheios. Engloba as facetas:

Manipulação: uso de subterfúgios para influenciar ou controlar os

outros; uso de sedução, charme, loquacidade ou comportamento

insinuante para atingir seus fins.

Desonestidade: desonestidade e fraudulência; representação

deturpada de si mesmo; embelezamento ou invenção no relato de

acontecimentos.

Grandiosidade: acreditar que é superior aos outros e que merece

tratamento especial; egocentrismo; condescendência em relação aos

outros.

Busca de atenção: envolvimento em comportamento concebido para

atrair a atenção e tornar-se foco da atenção e admiração dos outros.

Insensibilidade: ausência de preocupação pelos sentimentos ou

problemas dos outros; ausência de culpa ou remorso quanto aos

efeitos negativos ou prejudiciais das próprias ações sobre os outros.

Desinibição (vs. Meticulosidade): orientação para gratificação

imediata, comportamentos impulsivos que desconsideram o

aprendizado com experiências passadas e com as consequências

futuras. Inclui as facetas:

Irresponsabilidade: negligência com obrigações e compromissos;

falta de respeito por combinações e promessas.

Impulsividade: ação sob o impulso do momento sem consideração

dos resultados; dificuldade no estabelecimento e seguimento de

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planos; senso de urgência; comportamento de autoagressão sob

angústia emocional.

Distratibilidade: dificuldade de concentração e de foco nas tarefas; a

atenção é facilmente desviada por estímulos externos; dificuldade na

manutenção de comportamento focado nos objetivos, incluindo o

planejamento e a conclusão das tarefas.

Exposição a riscos: envolvimento desnecessário em atividades

perigosas, arriscadas e potencialmente prejudiciais sem

consideração quanto às consequências; falta de preocupação com as

próprias limitações; busca irresponsável dos objetivos.

(Ausência de) Perfeccionismo rígido: insistência rígida em que tudo

seja impecável, perfeito e sem erros, incluindo o desempenho dos

outros e o próprio; sacrifício de oportunidades para assegurar a

correção de todos os detalhes; dificuldade de mudar de ideia e/ou

ponto de vista; preocupação com detalhes, organização e ordem.

Psicoticismo (vs. Lucidez): ampla gama de comportamentos e

pensamentos estranhos, incomuns, excêntricos que não são

condizentes com o contexto cultural. Fazem parte as facetas:

Crenças e experiências incomuns: crença de ter habilidades

incomuns, tais como leitura da mente, fusão de pensamento-ação;

experiências incomuns de realidade, incluindo experiências

semelhantes a alucinações.

Excentricidade: comportamento, aparência e/ou discurso estranho,

incomum ou bizarro; ter pensamentos estranhos e imprevisíveis; dizer

coisas incomuns ou inapropriadas.

Disfunção perceptiva: processos de pensamento e experiências

estranhos ou incomuns, incluindo despersonalização, desrealização

e experiências dissociativas; experiências de controle do

pensamento.

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As facetas são avaliadas por uma quantidade diferente de itens que variam

de quatro a 14, e alguns itens específicos devem ser ter sua pontuação recodificada

antes de serem contabilizados nos domínios. No presente estudo foi utilizado um

modelo de cálculo no qual os itens foram somados para compor os traços, e em

seguida, os traços foram agrupados para formar os domínios [53].

3.2.4 Whoqol-breve

O grupo de Qualidade de Vida da OMS, para desenvolver uma avaliação da

qualidade de vida, fez um estudo multicêntrico, envolvendo simultaneamente 15

países. Desse estudo transcultural, originou-se o Whoqol, um instrumento com 100

perguntas que abordam diferentes tipos de domínios [113].

O Whoqol-breve, utilizado na presente pesquisa, é a versão reduzida do

formato original citado acima. Os dados que deram origem à versão abreviada

também foram extraídos de um teste de campo que envolveu 18 países [113].

Essa versão com número de questões reduzidas foi criada a partir da

demanda de se obter instrumentos que exigem menor tempo de

aplicação/preenchimento e que ainda assim preservem satisfatoriamente as

características psicométricas [114].

Trata-se de um questionário composto por 26 questões, cujas respostas são

dadas em uma escala do tipo Likert. Sendo duas questões gerais de qualidade de

vida e saúde e 24 facetas que se agrupam em quatro domínios: psicológico, físico,

meio ambiente e relações sociais [113].

No teste completo cada uma das facetas é avaliada a partir de quatro

questões, já no Whoqol-breve cada faceta é avaliada por apenas uma

questão [113].

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3.2.5 Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery e Asberg (MADRS)

A escala contém 10 itens, sendo eles: tristeza aparente; tristeza relatada;

tensão interior; sono diminuído; diminuição do apetite; dificuldade de concentração;

lassidão; incapacidade de sentir; pensamentos pessimistas; pensamentos suicidas.

Cada item é avaliado segundo uma escala que varia de 0 a 6 de intensidade, sendo

1, 3 e 5 valores intermediários para as respostas descritas. A pontuação total de 15

a 24 indica depressão leve; 25 a 30 depressão moderada; 31 a 43 depressão grave

e superior a 44 depressão muito grave. O instrumento deve ser respondido por um

avaliador [110].

3.2.6 Escala de Avaliação de Mania de Young

O instrumento é composto por 11 itens, são eles: humor e afeto; atividade

motora; interesse sexual; sono; irritabilidade; fala (velocidade e quantidade);

linguagem; conteúdo; comportamento disruptivo agressivo; aparência; insight. A

pontuação de cada item varia de 0 (ausência do sintoma) a 4 (presença do sintoma

em sua forma mais grave). Sendo que o item comportamento disruptivo agressivo

varia de 0 a 6 e os itens irritabilidade, velocidade e quantidade da fala, conteúdo do

pensamento variam de 0 a 8. A escala deve ser preenchida por um avaliador [115].

3.3 Procedimento

A pesquisadora participou das atividades do Ambulatório de Psiquiatria Geral

do Hospital das Clínicas da Unicamp, local de realização de parte do estudo, desde

a fase de elaboração do projeto de pesquisa para que se tornasse possível

conhecer a rotina do ambulatório, os pacientes, os médicos e demais profissionais

envolvidos. Assim foi possível fazer um levantamento dos possíveis pacientes a

serem contatados e estabelecer um vínculo com a equipe.

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A coleta dos dados com o grupo de pacientes iniciou-se no mês de maio de

2013 e se estendeu até janeiro de 2015. A pesquisadora verificava os prontuários

dos pacientes com transtornos depressivos e TAB que seriam atendidos na data e

conversava com os médicos residentes responsáveis pelos casos, os quais já

haviam sido previamente informados sobre a pesquisa e os instrumentos utilizados.

Assim, os residentes indicavam os pacientes que tinham condições cognitivas

minimamente suficientes para participar, que estavam clinicamente estáveis e em

remissão do episódio de transtorno de humor. Esta avaliação clínica era

posteriormente confirmada por meio da utilização de escalas de avaliação de

humor.

O primeiro contato com estes participantes foi feito, na maior parte das vezes,

após a consulta médica, ainda na sala de atendimento, visando esclarecer a

pesquisa e convidá-los a participar. Caso o paciente concordasse em participar e

tivesse disponibilidade, a avaliação era realizada imediatamente após o término do

seu atendimento. Em algumas situações, entretanto, a pesquisa foi agendada para

a data da consulta seguinte.

Quando o paciente chegava com muita antecedência para o atendimento, a

pesquisadora e o médico responsável faziam o contato com o paciente ainda na

sala de espera visando utilizar esse período de aguardo para parte da coleta de

dados. Nestas ocasiões, o médico apresentava a pesquisadora para o paciente e a

mesma explicava as condições da pesquisa e formalizava o convite para

participação. Em grande parte dos casos houve concordância em participar e assim,

a pesquisadora e o paciente se dirigiam para uma sala disponível. Encerrada a

avaliação, o paciente retornava para a sala de espera e aguardava o início de sua

consulta.

Houve recusa de 12 pacientes convidados em fazer parte do estudo. Destes,

a maioria, alegou falta disponibilidade para ficar após a consulta, por motivos de

trabalho, horário de transporte ou outros compromissos. Outros ainda apontaram

falta de vontade de participar ou não estarem em condições psicológicas adequadas

para contribuir. Nestes casos, a pesquisadora agradecia a atenção, enfatizava que

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a recusa não implicaria em nenhum prejuízo para o tratamento e eles eram

imediatamente liberados.

Todos os pacientes que se disponibilizaram a participar foram orientados, no

início da entrevista, a ler ou ouvir a leitura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (Apêndice 1) e, somente após a compreensão e concordância do que

estava preconizado no termo, era iniciada a pesquisa.

O processo de avaliação ocorreu de forma individual e foi realizado somente

pela pesquisadora. Na maioria dos casos, ocorreu em um encontro de,

aproximadamente, duas horas de duração, embora este tempo tenha sido muito

variável, se estendendo por até três horas e 30 minutos. Com cinco indivíduos,

ocorreu em dois encontros de, aproximadamente, uma hora. Essa situação se

estabelecia quando, por quaisquer motivos, o paciente tinha que se ausentar antes

da conclusão do processo de avaliação.

Os testes de qualidade de vida e de personalidade, que poderiam ser lidos e

respondidos pelos pacientes, foram aplicados pela pesquisadora que lia em voz alta

as questões e as alternativas de resposta para os participantes. Este procedimento

foi adotado, pois foi observado anteriormente que a maioria dos pacientes não se

mostrava disposta a ler todas as perguntas e apresentava dificuldade de

compreender o texto, apesar de serem alfabetizados. As dificuldades e dúvidas

eram ainda mais frequentes em relação às alternativas de resposta do teste de

personalidade quando se tratavam de negações.

Com relação aos controles saudáveis, o grupo foi formado por funcionários

do setor de serviço social e recepção e por acompanhantes de

crianças/adolescentes atendidos no Ambulatório de Pediatria. A pesquisadora

frequentou, a partir de outubro de 2014, um grupo de atendimento oferecido para

pais e acompanhantes de crianças e adolescentes atendidos no serviço de

pediatria. O grupo era conduzido por profissionais do Serviço Social que ao final das

discussões pertinentes permitia que a psicóloga falasse sobre a pesquisa e fizesse

o convite para que os acompanhantes participassem.

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O procedimento de avaliação foi o mesmo detalhado anteriormente com os

pacientes, exceto pela aplicação das escalas que avaliam os sintomas de

transtornos de humor.

3.4 Aspectos Éticos

A presente pesquisa teve seu projeto submetido ao Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e foi iniciada

somente após obter aprovação do referido órgão, conforme parecer No 234.074,

CAAE 08040212.9.0000.5404 (Anexo). Foram cumpridos, neste trabalho, os

princípios éticos preconizados pela Resolução 196/96 para pesquisa com seres

humanos.

Todos os participantes foram devidamente informados sobre a participação

ser voluntária e foi afirmado que a recusa não implicaria em nenhum tipo de prejuízo

ao atendimento oferecido pelo serviço. Além disso, foi explicitado que não haveria

nenhuma despesa e nenhum tipo de remuneração pela colaboração no estudo.

A pesquisadora também enfatizou que os resultados da pesquisa seriam

analisados e posteriormente publicados, mas que a identidade do participante não

seria divulgada em hipótese alguma, sendo mantida em sigilo e garantindo o

anonimato.

Somente participaram da pesquisa aqueles que leram e concordaram em

assinar o TCLE (Apêndice 1) que foi aplicado antes do início do estudo. A

pesquisadora se mostrou disponível para responder eventuais dúvidas e prestar os

esclarecimentos necessários acerca da pesquisa para as pessoas que foram

contatadas.

Ressalta-se que todas as avaliações ocorreram apenas em datas nas quais

o paciente estava presente no hospital para consultas médicas. Esta medida foi

adotada para evitar que eles arcassem com despesas de transporte e alimentação.

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Esta avaliação não foi considerada um procedimento invasivo e não ofereceu

riscos, ainda assim, os envolvidos tiveram liberdade para interromper o processo

em qualquer momento, sem que isso gerasse qualquer prejuízo ou desconforto.

3.5 Análise Estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o suporte técnico da equipe de

Bioestatística da Câmara de Pesquisa da FCM – UNICAMP. Os programas

utilizados foram o Statistical Analysis System (SAS) for Windows, versão 9.4 [116] e

o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) for Windows, versão 17.0 [117].

Foi realizada análise exploratória de dados através de medidas resumo

(média, desvio padrão, mínimo, mediana, máximo, frequência e porcentagem). A

análise descritiva foi realizada através de medidas de posição e dispersão para

variáveis contínuas e tabelas de frequência para variáveis categóricas.

A comparação entre os grupos foi realizada através do teste qui-quadrado ou

exato de Fisher (variáveis categóricas) e da ANCOVA (Análise de Covariância) com

as variáveis respostas transformadas em postos, seguida do teste de comparações

múltiplas de Tukey (variáveis numéricas) para localização de diferença entre os

grupos. Para a comparação das variáveis contínuas da história clínica dos pacientes

foi utilizado o Teste T de Student.

A avaliação dos fatores foi realizada através de regressão logística. Na

análise múltipla o critério de seleção de variáveis utilizado foi o stepwise.

Foram utilizados os coeficientes de correlação de Spearman e de Pearson

para testar as correlações entre escores nos domínios e facetas do PID-5 e escores

no domínio geral de qualidade de vida medido pelo Whoqol, e as correlações entre

o número de tentativas de suicídio e os escores do PID-5, respectivamente.

O nível de significância adotado foi de 5%.

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- 39 -

4. RESULTADOS

4.1 Dados sociodemográficos dos participantes

Participaram desta pesquisa 90 adultos, sendo 30 com diagnóstico de TAB

(tipo I=26; tipo II=4), 30 com diagnóstico de transtorno depressivo e 30 do grupo

controle.

A comparação entre os grupos mostrou que não foi estatisticamente

significante a diferença na proporção entre homens e mulheres nos três grupos,

assim como as diferenças em escolaridade, religião e estado civil.

As idades variaram entre 18 e 59 anos no grupo de pacientes com TAB, 25

e 65 anos no grupo de pacientes com transtorno depressivo e 19 e 65 no grupo

controle. Foi encontrada diferença significativa (p=0,014) entre o grupo de pacientes

com TAB (m=34,0; DP=11,7) e transtorno depressivo (m=42,0; DP= 10,4).

A caracterização sociodemográfica da amostra revela que em relação ao

nível de escolaridade, 43,3% da amostra total concluiu o Ensino Médio. Quanto ao

estado civil, 53,3% são casados ou vivem em união estável. Tratando-se de

religião, obteve-se que 47,8% de todos os participantes envolvidos são católicos. A

distribuição detalhada destas variáveis (idade, escolaridade, gênero, vínculos

conjugais e religião) pode ser consultada abaixo na tabela 1.

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Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos participantes com TAB, depressão e grupo controle

VARIÁVEL TAB

(Grupo 1) DEPRESSÃO

(Grupo 2) CONTROLE (Grupo 3)

P

Idade - anos (M, DP) 34,0 (11,7) 42,0 (10,4) 39,1 (12,6) 0,014 (1) a

Gênero - Feminino (N, %) 21 (70%) 21 (70%) 24 (80%) 0,60 (2)

Escolaridade - anos (M, DP) 10,7 (3,4) 9,8 (3,7) 9,6 (3,5) 0,34 (1)

Trabalham/Estudam (N,%) 20 (66,7%) 13 (43,3%) 27 (90%) < 0,01(1) b

Vínculos Conjugais (N, %) 0,40(2)

Solteiro 12 (40%) 9 (30%) 6 (20%)

Casado/União Estável 12 (40%) 17 (56,7%) 19 (63,3%)

Separado 6 (20%) 4 (13,3%) 5 (16,7%)

Religião (N, %) 0,55(2)

Católica 12 (40%) 14 (46,7%) 17 (56,7%)

Sem religião 1 (3,3%) 3 (10%) 1 (3,3%)

Outras religiões 17 (56,7%) 13 (43,3%) 12 (40%)

M= Média; DP= Desvio Padrão; N= Número a Diferença significativa TAB X Depressão na análise post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão na análise post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas

comparações (1) ANOVA (2) Qui-Quadrado

4.2 Dados Clínicos dos pacientes com Transtorno de Humor

Considerando os dados clínicos e a história psiquiátrica, os resultados

obtidos mostram que a idade média de início de tratamento psiquiátrico foi

significativamente menor nos pacientes com diagnóstico de TAB e que esta variou

entre 15 e 48 anos (m=24,9; DP=8,8), enquanto no grupo com transtorno depressivo

variou entre 20 e 62 anos (m=36,0; DP=11,4).

O grupo com TAB também apresentou maior tempo de tratamento ao longo

da vida e número superior de internações psiquiátricas, com média de 2,9 (DP=3,0)

variando entre 0 e 11. O grupo de participantes com depressão apresentou média

de 0,9 (DP=1,2) e variou entre 0 e 4 hospitalizações.

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- 41 -

Entre os pacientes entrevistados, 38,3% revelaram já ter feito tentativa de

suicídio. Houve diferença significativa entre os dois grupos nessa variável, sendo

que as tentativas foram mais prevalentes no grupo com depressão.

Atualmente 15% dos pacientes com transtorno de humor fazem tratamento

psicológico e 68,3% revelaram já ter feito algum tipo de psicoterapia. Não houve

diferença significativa entre os grupos nestas variáveis.

Em relação à presença de comorbidades, 20% já apresentaram outros

diagnósticos de eixo I e eixo II e não houve diferença significativa entre os grupos.

Os transtornos do eixo I observados foram o Transtorno de Pânico e o Transtorno

Obsessivo-Compulsivo. Já em relação aos transtornos de eixo II, os transtornos

presentes foram: Transtorno de Personalidade Histriônica, Borderline, Dependente

e Obsessivo-Compulsiva.

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- 42 -

Tabela 2 - Dados de história clínica dos participantes com transtorno de humor

VARIÁVEL TAB DEPRESSÃO p

Idade Início Tratamento - anos (M, DP) 24,9 (8,8) 36,0 (11,4) < 0,001(1)

Tempo de Tratamento - meses (M, DP) 96,03 (79,15) 61,27 (71,50) 0,079(1)

Internações Psiquiátricas (M, DP) 2,87 (3,01) 0,87 (1,2) 0,001(1)

Tentativa de Suicídio (N,%) 7 (23,3%) 16 (53,3%) 0,017(2)

Número de Tentativas de Suicídio (M, DP) 0,5 (1,25) 1,73 (2,6) 0,023(1)

Ideação Suicida Atual (N, %) 1 (3,3%) 6 (20%) 0,044(2)

Fez Tratamento Psicológico (N,%) 22 (73,3%) 19 (63,3%) 0,405

Faz Tratamento Psicológico (N,%) 4 (13,3%) 5 (16,7%) 0,718

Comorbidades (N, %) 4 (13,3%) 8 (26,7%)

Eixo I (N,%) 2 (6,6%) 4 (13,3%) 0,690

Pânico 1 (3,3%) 2 (6,6%) -

Obsessivo-Compulsivo 1 (3,3%) 2 (6,6%) -

Eixo II (N,%) 2 (6,6%) 5 (16,7%) 0,424

Borderline 1 (3,3%) 1 (3,3%) -

Histriônica 1 (3,3%) 3 (10%) -

Dependente - 1 (3,3%) -

Obsessivo-Compulsiva - 1 (3,3%) -

Escala de Mania

Média (DP) 0,47 (1,01) - -

Mín-Máx 0-3 - -

Escala de Depressão

Média (DP) 4,80 (5,17) 12,77 (8,74) < 0,01(1)

Mín-Máx 0-20 0-24

M= Média; DP= Desvio Padrão; N= Número TS = tentativas de suicídio TP = transtorno de personalidade (1) Teste T de Student

(2) Qui-Quadrado

4.3 Comparação dos escores das dimensões do PID-5

A análise estatística do PID-5 que comparou os três grupos revelou

diferenças significativas nos cinco domínios avaliados. Nos domínios Afetividade

Negativa, Desinibição e Psicoticismo os pacientes com transtornos do humor

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- 43 -

apresentaram pontuações significativamente superiores em relação ao grupo

controle. No domínio Distanciamento, os pacientes com transtorno depressivo

obtiveram as maiores pontuações e no domínio Antagonismo os pacientes com TAB

apresentaram os maiores escores.

Foram analisadas e comparadas ainda cada uma das 25 facetas que

compõem as cinco dimensões e em apenas quatro delas não foram encontradas

diferenças significativas entre os grupos: Afetividade Restrita, Evitação de

Intimidade, Desconfiança e Grandiosidade. Em 16 das 25 facetas, o grupo com

transtorno depressivo obteve os maiores escores, nas nove restantes as maiores

pontuações foram obtidas pelos pacientes com TAB, de forma que em nenhuma

faceta a pontuação dos controles saudáveis foi superior a dos participantes com

transtorno de humor.

Os dados detalhados estão expostos no gráfico 1 e nas tabelas 3, 4,

5, 6 e 7.

Gráfico 1 - Resultados dos três grupos nos cinco domínios do PID-5

0

20

40

60

80

100

120

TAB

DEPRESSÃO

CONTROLE

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- 44 -

Tabela 3 - Diferença entre os grupos no domínio Afetividade Negativa do PID-5

DOMÍNIO/FACETA TAB

M (DP) DEPRESÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p (1)

AFETIVIDADE NEGATIVA 106,50 (26,22) 116,97 (29,02) 83,93 (13,15) <.0001 a,b

Labilidade emocional 15,13 (6,12) 18,83 (5,46) 12,5 (3,52) <.0001 b,c

Ansiedade 20,80 (6,40) 24,57 (7,55) 18,50 (4,69) < 0.05 b

Insegurança de Separação 14,37 (6,24) 13,87 (6,22) 9,10 (2,76) <.001 a,b

Perseverança 15,63 (5,72) 16,80 (6,74) 10,93 (2,59) <.0001 a,b

Submissão 7,33 (2,94) 7,37 (3,02) 5,67 (2,22) < 0.05 a,b

Hostilidade 19,77 (6,67) 22,66 (7,20) 16,37 (5,01) < 0.05 b

Afetividade restrita 13,47 (4,68) 13,40 (5,10) 10,87 (3,70) 0,068

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1) ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

Tabela 4 - Diferença entre os grupos no domínio Distanciamento do PID-5

DOMÍNIO/FACETA TAB

M (DP) DEPRESSÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p(1)

DISTANCIAMENTO 85,50 (25,83) 108,93 (31,36) 66,00 (11,69) <.0001 a,b,c

Retraimento 20,57 (9,20) 26,83 (8,94) 15,10 (4,46) <.0001 a,b,c

Anedonia 16,90 (6,03) 23,03 (7,31) 12,03 (2,77) <.001 a,b,c

Evitação de Intimidade 9,43 (4,10) 10,13 (4,04) 8,37 (3,42) 0.091

Tendência à depressão 23,03 (9,67) 31,53 (12,63) 16,13 (2,73) <.0001 a,b,c

Desconfiança 15,57 (4,10) 17,40 (5,44) 14,37 (3,75) 0.068

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1)ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

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- 45 -

Tabela 5 - Diferença entre os grupos no domínio Antagonismo do PID-5

DOMÍNIO/FACETA TAB

M (DP) DEPRESSÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p(1)

ANTAGONISMO 65,20 (15,26) 55,67 (12,79) 51,00 (8,14) <.0001 a,c

Manipulação 7,73 (2,98) 5,67 (1,60) 6,10 (1,69) < 0.01 a,c

Desonestidade 13,97 (4,56) 11,50 (2,01) 10,97 (1,27) < 0.05 a,c

Grandiosidade 8,77 (2,92) 7,77 (2,96) 7,67 (1,77) 0.48

Busca de atenção 15,13 (6,05) 11,67 (4,45) 9,83 (2,72) <.001 a,c

Insensibilidade 19,60 (4,55) 19,07 (4,86) 16,43 (3,40) <.001a,b

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1) ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

Tabela 6 - Diferença entre os grupos no domínio Desinibição do PID-5

DOMÍNIO/FACETA TAB

M (DP) DEPRESSÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p (1)

DESINIBIÇÃO 88,50 (17,37) 91,83 (22,94) 64,67 (10,08) <.0001 a,b

Irresponsabilidade 11,10 (2,60) 11,37 (3,84) 8,27 (1,66) <.0001 a,b

Impulsividade 13,10 (5,54) 16,50 (6,75) 10,23 (4,69) <.001 b

Perfeccionismo Rígido 18,50 (6,45) 17,97 (8,71) 13,97 (3,66) < 0.05 a

Distratibilidade 18,97 (6,67) 20,60 (6,58) 12,13 (2,89) <.0001 a,b

Exposição a Riscos 26,83 (7,93) 25,40 (9,11) 20,07 (5,31) < 0.01 a

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1) ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

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- 46 -

Tabela 7 - Diferença entre os grupos no domínio Psicoticismo do PID-5

DOMÍNIO/FACETA TAB

M (DP) DEPRESSÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p (1)

PSICOTICISMO 48,70 (17,28) 52,50 (25,12) 34,80 (4,36) <.0001 a,b

Experiências Incomuns 10,70 (4,40) 11,40 (5,76) 8,37 (1,65) <.001 a,b

Excentricidade 21,07 (9,61) 22,37 (12,23) 13,70 (1,58) <.0001 a,b

Disfunção Perceptiva 16,93 (6,07) 18,73 (8,73) 12,73 (1,78) <.0001 a,b

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1) ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

4.4 Regressão logística PID-5

Na tabela 8 é apresentada a análise de regressão logística multivariada que

permite que se identifiquem as variáveis que podem diferenciar os grupos, de forma

independente.

Tabela 8 - Análise de regressão logística multivariada do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

Anedonia

1 vs 3 1.215 0.995 - 1.483 0.0561

2 vs 3 1.395 1.134 - 1.717 0.0016

2 vs 1 1.149 1.032 - 1.279 0.0114

Desinibição

1 vs 3 1.105 1.040 - 1.175 0.0013

2 vs 3 1.094 1.026 - 1.167 0.0061

2 vs 1 0.990 0.955 - 1.026 0.5824

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle OR= Odds Ratio A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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- 47 -

Na análise de regressão logística multivariada verificou-se a influência

conjunta dos seguintes fatores para diferenciar os grupos: faceta Anedonia e

domínio Desinibição. O aumento em Anedonia eleva a chance de o indivíduo estar

no grupo depressão em 14,9% e 39,5% quando comparado com TAB e controle,

respectivamente. Já o aumento no domínio Desinibição eleva a chance do indivíduo

estar no grupo TAB e depressão em 10,5% e 9,4%, respectivamente, comparado

com o grupo controle (Tabela 8). Os dados detalhados da regressão logística

simples constam em apêndice (Apêndice 4).

4.5 Traços de Personalidade e Tentativa de Suicídio

Realizou-se análise com o Teste T de Student para identificar possíveis

diferenças nos escores dos traços de personalidade de pacientes que tentaram

suicídio versus os que nunca tentaram. Tal análise mostrou diferenças significativas

no domínio Distanciamento (p <0,05) e em quatro facetas: Hostilidade (p <0,05),

Tendência à depressão (p <0,05), Anedonia (p <0,05) e Impulsividade (p <0,05).

Sendo que os indivíduos que fizeram tentativas de suicídio tiveram escores mais

altos no domínio e nessas facetas da personalidade.

Além disso, nas tabelas 9, 10, 11, 12 e 13 são apresentados os resultados

do teste Correlação de Pearson que verificou associação entre os traços de

personalidade e o número de tentativas de suicídio dos pacientes com Transtornos

de Humor. Essas análises indicaram associação positiva e moderada entre os

domínios Afetividade Negativa, Distanciamento, Desinibição e Psicoticismo e

comportamento suicida.

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- 48 -

Tabela 9 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio Afetividade Negativa do PID-5

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE

PEARSON

AFETIVIDADE NEGATIVA 0,418 **

Labilidade emocional 0,305 *

Ansiedade 0,364 *

Insegurança de separação 0,433 **

Perseverança 0,128

Submissão 0,145

Hostilidade 0,374 **

Afetividade restrita 0, 140

*p < 0,05 ; **p < 0,01

Tabela 10 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE

PEARSON

DISTANCIAMENTO 0,539 **

Retraimento 0,363 **

Anedonia 0,441 **

Evitação de Intimidade 0,313 *

Tendência à depressão 0,617 **

Desconfiança 0,261 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

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- 49 -

Tabela 11 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio Antagonismo do PID-5

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE

PEARSON

ANTAGONISMO - 0,007

Manipulação - 0,136

Desonestidade - 0,052

Grandiosidade - 0,013

Busca de atenção - 0,101

Insensibilidade 0,224

*p < 0,05 ; **p < 0,01

Tabela 12 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio Desinibição do PID-5

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE

PEARSON

DESINIBIÇÃO 0,396 **

Irresponsabilidade 0,341 **

Impulsividade 0,381 **

Perfeccionismo Rígido - 0,010

Distratibilidade 0,434 **

Exposição a Riscos 0,282 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

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- 50 -

Tabela 13 - Correlação entre o número de tentativas de suicídio e domínio Psicoticismo do PID-5

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE

PEARSON

PSICOTICISMO 0,431 **

Experiências Incomuns 0,347 **

Excentricidade 0,414 **

Disfunção Perceptiva 0,394 **

*p < 0,05 ; **p < 0,01

4.6 Comparação dos escores das dimensões do Whoqol-Breve

No que diz respeito à qualidade de vida, o grupo controle diferiu

significativamente dos pacientes com transtornos do humor em todos os domínios

avaliados. O domínio psicológico foi o único que diferenciou o grupo com TAB do

grupo com transtorno depressivo.

É importante ressaltar que em todos os domínios os participantes com

depressão obtiveram os menores escores, seguidos pelos pacientes com TAB. Os

controles, por sua vez, obtiveram as maiores pontuações em qualidade de vida.

Gráfico 2 - Diferença entre os grupos nos domínios do Whoqol-Breve

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Geral Físico Psicológico Social Ambiental

TAB

DEPRESSÃO

CONTROLE

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- 51 -

Tabela 14 - Diferença entre os grupos nos domínios do Whoqol-Breve

DOMÍNIO TAB

M (DP) DEPRESSÃO

M (DP) CONTROLE

M (DP) p(1)

Geral 57,36 (12,36) 48,32 (17,16) 70,09 (11,07) <.0001 a,b

Físico 60,00 (18,17) 54,65 (15,56) 77,14 (14,37) <.0001 a,b

Psicológico 60,83 (17,96) 44,04 (23,38) 73,06 (11,78) <.0001 a,b,c

Social 50,27 (20,58) 45,50 (23,54) 66,11 (17,51) < 0.01 a,b

Ambiental 58,35 (9,40) 49,08 (17,61) 64,08 (12,37) < 0.01 a,b

M= Média; DP= Desvio Padrão

(1) ANCOVA, idade como covariável a Diferença significativa Controle X TAB no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações b Diferença significativa Controle X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações c Diferença significativa TAB X Depressão no post-hoc com ajuste de Tukey para múltiplas comparações

4.7 Regressão Logística Whoqol-Breve

Pelos resultados da análise de regressão logística múltipla, com critério de

seleção stepwise, verificou-se que o domínio geral de qualidade de vida é o principal

fator para diferenciar os grupos. O aumento neste domínio aumenta a chance do

indivíduo estar no grupo TAB em 4,1% quando comparado com depressão e

aumenta a chance do indivíduo estar no grupo controle em 14,0 % e 9,5% quando

comparado com depressão e TAB, respectivamente (Tabela 15).

Tabela 15 - Análise de regressão logística multivariada do Whoqol-Breve

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

Qualidade de Vida Geral

1 vs 2 1.041 1.002 - 1.082 0.0378

3 vs 2 1.140 1.077 - 1.206 <.0001

3 vs 1 1.095 1.039 - 1.153 0.0006

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle OR= Odds Ratio; A OR e o p-valor foram ajustados para idade

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4.8 Correlação entre os domínios e facetas do PID-5 e qualidade de vida geral dos pacientes com transtornos do humor

Encontrou-se robusta correlação negativa entre o domínio Distanciamento

e a qualidade de vida geral quando analisados os resultados de pacientes com

TAB e transtorno depressivo. As facetas Tendência à depressão e Anedonia

também apresentaram importante correlação negativa em ambos os grupo.

O domínio Afetividade Negativa apresentou correlação negativa moderada

com a qualidade de vida geral dos pacientes com TAB e transtorno depressivo, já o

domínio Desinibição apresentou correlação negativa moderada apenas nos

pacientes com transtorno depressivo. A faceta Distratibilidade apresentou forte e

média correlação negativa nos pacientes com transtorno depressivo e TAB,

respectivamente.

No domínio Psicoticismo e em suas facetas, houve correlação negativa

moderada para os pacientes com transtorno depressivo, o que não foi observado

nos pacientes com TAB, uma vez que não foram encontradas correlações

significativas. Na dimensão Antagonismo não foram encontradas correlações

significativas.

Tabela 16 - Correlação entre o domínio Afetividade Negativa e Qualidade de Vida geral do Whoqol-Breve

DOMÍNIO/FACETA

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

TAB DEPRESSÃO

AFETIVIDADE NEGATIVA - 0,490 ** - 0,615 **

Labilidade emocional - 0,210 - 0,328

Ansiedade - 0,500 ** - 0,577 **

Insegurança de separação - 0,289 - 0,454 *

Perseverança - 0,532 ** - 0,455 *

Submissão - 0,532 ** - 0,268

Hostilidade - 0,112 - 0,373 *

Afetividade restrita - 0, 253 - 0,452 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

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Tabela 17 - Correlação entre o domínio Distanciamento e Qualidade de Vida geral do Whoqol-Breve

DOMÍNIO/FACETA

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

TAB DEPRESSÃO

DISTANCIAMENTO - 0,735 ** - 0,810 **

Retraimento - 0,626 ** - 0,584**

Anedonia - 0,757 ** - 0, 761 **

Evitação de Intimidade - 0,651 ** - 0, 516 **

Tendência à depressão - 0,678 ** - 0,789 **

Desconfiança 0,135 - 0,474 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

Tabela 18 - Correlação entre o domínio Antagonismo e Qualidade de Vida geral do Whoqol-Breve

DOMÍNIO/FACETA

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

TAB DEPRESSÃO

ANTAGONISMO - 0,032 - 0,164

Manipulação 0,173 0,210

Desonestidade 0,029 0,076

Grandiosidade - 0,050 - 0,176

Busca de atenção - 0,071 - 0,035

Insensibilidade - 0,123 - 0,394 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

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Tabela 19 - Correlação entre o domínio Desinibição e Qualidade de Vida geral do Whoqol-Breve

DOMÍNIO/FACETA COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

TAB DEPRESSÃO

DESINIBIÇÃO - 0, 239 - 0,583**

Irresponsabilidade 0,155 - 0,522**

Impulsividade - 0,388* - 0,270

Perfeccionismo Rígido - 0,215 - 0,262

Distratibilidade - 0,534 ** - 0,760 **

Exposição a Riscos 0,422 * - 0,226

*p < 0,05 ; **p < 0,01

Tabela 20 - Correlação entre o domínio Psicoticismo e Qualidade de Vida geral do Whoqol-Breve

DOMÍNIO/FACETA

COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

TAB DEPRESSÃO

PSICOTICISMO - 0,248 - 0,528 **

Experiências Incomuns - 0,219 - 0,417 *

Excentricidade - 0,167 - 0,614 **

Disfunção Perceptiva - 0,282 - 0,382 *

*p < 0,05 ; **p < 0,01

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5. DISCUSSÃO

Muitas pesquisas [25,26,62,63,118-120] tentam relacionar as dimensões da

personalidade com os transtornos do humor, na tentativa de ampliar o conhecimento

que se tem acerca destas condições e suas variações. Neste contexto, o aspecto

central deste estudo é comparar e discutir as dimensões da personalidade de

pessoas com transtornos de humor e controles saudáveis, sobretudo, a partir dos

resultados obtidos com a utilização do PID-5.

5.1 Dimensões Clínicas

Inicialmente, analisando brevemente a caracterização clínica dos

participantes com transtornos de humor, foi possível observar uma idade de início

de tratamento significativamente menor nos pacientes com TAB. A média de idade

encontrada, pelo presente estudo, foi de 24,9 anos e está de acordo com os outros

estudos que encontraram médias entre 20 e 26,7 anos [121-125]. Stephens e

McHugh[121] também encontraram que os pacientes bipolares apresentaram idade

de início, em média, seis anos mais baixa que aqueles que tinham diagnóstico de

transtorno depressivo. Assim, mesmo o estudo tendo sido realizado com uma

amostra clínica, ela parece refletir, em parte, a epidemiologia geral destas

condições.

Os elevados números de internações psiquiátricas e tentativas de suicídio

sugerem que a amostra clínica, de ambos os grupos diagnósticos, foi composta por

indivíduos com quadros graves, o que se justifica por tratar-se de um serviço de

atendimento terciário. Entre os participantes com TAB, 23,3% já fizeram tentativa

de suicídio, o que corrobora os achados da revisão da literatura de Costa[125] que

afirma que aproximadamente 25% das pessoas com TAB tentam suicídio.

Foi observado um número significativamente superior de tentativas de

suicídio no grupo de pacientes com transtorno depressivo, o que está de acordo

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- 56 -

com os achados da pesquisa de Angst [7]. Porém, no geral, os estudos que

comparam se as tentativas de suicídio tendem a ser mais frequentes em pacientes

unipolares ou bipolares, são díspares, e isso se deve provavelmente a

heterogeneidade encontrada nos pacientes, a problemas diagnósticos e diferenças

metodológicas. Ainda assim, o que se sabe é que pacientes com transtornos de

humor têm uma probabilidade muito maior de cometer suicídio do que pessoas com

outras condições psiquiátricas ou clínicas [8].

No presente estudo, os pacientes que tentaram suicídio apresentaram

escores significativamente superiores na faceta Impulsividade, quando comparados

com aqueles que não fizeram tentativas. Destaca-se que a Impulsividade é um dos

traços mais estudados e associados às tentativas de suicídio [79].

O estudo longitudinal de Yen et al [82] encontrou que o domínio Afetividade

Negativa (semelhante ao Neuroticismo) parece ser um preditor ainda mais

consistente de tentativas de suicídio do que a faceta Impulsividade. No presente

estudo, no entanto, não foram encontradas diferenças relevantes em relação à

pontuação das pessoas que tentaram ou não suicídio nesta dimensão.

Os pacientes que fizeram tentativas de suicídio tiveram resultados mais altos

no domínio Distanciamento e nas facetas Hostilidade, Tendência à Depressão e

Anedonia. Logo, parecem ser pessoas mais introvertidas, propensas a vivenciar

frequente e intensamente sentimentos de raiva, irritabilidade, desânimo,

desesperança, e com importante dificuldade de se interessar e sentir prazer. Estes

dados concordam com os achados de Pompili et al [77] que encontraram que

pacientes com TAB, transtorno depressivo e transtorno psicótico com tendências

suicidas eram mais introvertidos e deprimidos do que os demais.

Dados provenientes de outra análise realizada mostraram que o número de

tentativas de suicídio esteve correlacionado positiva e moderadamente com quatro

dos cinco domínios da personalidade avaliados, sendo eles: Distanciamento,

Psicoticismo, Afetividade Negativa e Desinibição.

Em resumo, este estudo encontrou que pacientes com transtorno

depressivo têm mais comportamento suicida. Em especial, aspectos da

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personalidade identificados com o PID-5 mostraram-se relacionados com tal

comportamento.

5.2 Aspectos da Personalidade

A dimensão Afetividade Negativa proposta pelo PID-5 [53] engloba

frequentes e intensas vivências de emoções negativas e se aproxima do domínio

Neuroticismo, amplamente discutido na literatura e que está presente no modelo

dos cinco grandes fatores. O Neuroticismo já foi apontado como um importante fator

de risco pré-mórbido para o desenvolvimento do transtorno depressivo [118,126,127] e

também relacionado com o possível aumento dos sintomas e episódios depressivos

em pacientes com TAB [25,128,129].

Os resultados encontrados, no presente estudo, apontaram que o domínio

Afetividade Negativa foi significativamente maior nos pacientes com transtornos do

humor quando comparados com o grupo de controle saudáveis. Embora tenha sido

mais alto nos pacientes com transtorno depressivo, não revelou perfis

significativamente distintos para pacientes com TAB e transtorno depressivo.

Estes dados vão ao encontro de muitos estudos da área que também

relataram que a dimensão Neuroticismo parece ser elevada em indivíduos com

transtornos do humor quando comparados com a população em

geral [26,62,63,119,130,131]. Jylhä et al [62] sugeriram que altos índices de Neuroticismo

podem ser considerados como um indicador de vulnerabilidade para ambos os

transtornos e também não encontraram diferenças entre pessoas com TAB e

depressão, através do instrumento Eysenck Personality Inventory (EPI).

Sariusz-Skapska et al [132] e Smillie et al [133], utilizando o instrumento

Personality Eysenck Questionnaire (EPQ-R), encontraram elevação do

Neuroticismo nos casos de depressão. Entretanto, diferentemente dos achados da

presente pesquisa, Sariusz-Skapska et al [132] conseguiram diferenciar, através

deste domínio, unipolares, bipolares e grupo controle, no sentido de unipolares

apresentarem maior Neuroticismo.

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Embora pareça estar presente em altos níveis nos dois transtornos, Akiskal

et al [134] discutem que o Neuroticismo na depressão unipolar parece estar mais

relacionado à presença do humor deprimido, enquanto no TAB, a elevação dos

escores parece se relacionar com a instabilidade emocional que estes pacientes

enfrentam.

Neste contexto, ainda que a faceta Labilidade Emocional pareça estar mais

relacionada ao TAB, encontramos nos pacientes com transtorno depressivo escores

significativamente mais altos em relação aos bipolares, sendo que esta foi a única

faceta do domínio Afetividade Negativa capaz de discriminar os dois grupos com

transtorno de humor.

Em relação a este dado, observou-se qualitativamente, nas entrevistas, que

os pacientes com transtorno depressivo relataram perceber esta instabilidade como

algo que permanece mesmo fora dos episódios. Enquanto os indivíduos com TAB

pareciam associar esta labilidade apenas aos períodos de crise, e não como algo

que os constitui e faz parte da sua personalidade. Embora tais relatos qualitativos

não sejam o objeto específico deste estudo, eles foram observados e podem ser

relevantes de alguma forma.

O fator Extroversão, oposto à dimensão Distanciamento, apresenta

achados menos consistentes quando comparados com a dimensão Neuroticismo

[135] e sua relação com os transtornos de humor é mais controversa [120]. Ainda

assim, alguns estudos apontam para a existência de correlações negativas entre a

Extroversão e a depressão [64, 135-137].

Altos índices em Distanciamento sugerem evitação de interações e

capacidade de obtenção de prazer particularmente limitada. Na presente pesquisa,

a dimensão Distanciamento foi a única capaz de evidenciar diferenças presentes

entre os três grupos, corroborando estudos que indicam que esta parece ser uma

dimensão estável e capaz de diferenciar pessoas com transtornos bipolar e

unipolar [132,138].

Os dados encontrados mostram que os pacientes com transtorno depressivo

apresentaram os maiores escores e que o grupo controle teve a menor pontuação

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- 59 -

neste domínio. Nossos dados estão de acordo com os achados de Sariusz-Skapska

et al [132] que também identificaram níveis significativamente inferiores em

Extroversão no transtorno depressivo em relação ao TAB, mas se mostram

contrários aos resultados de Jylhä et al [62] que não identificaram diferenças

relevantes entre estes dois grupos. Entretanto, ambos os estudos [62,132]

encontraram resultados convergentes quanto ao fato de as pessoas com

transtornos do humor apresentarem escores mais baixos em relação aos

participantes sem transtornos psiquiátricos nesta dimensão.

O estudo de Barnett et al [119] apontou que os sintomas maníacos podem

estar associados ao aumento nos níveis de Extroversão. Pode-se entender esta

alteração citada pelo autor como sendo relacionada à falta de insight do paciente

durante a vigência da mania ou hipomania. Particularmente no caso da Extroversão,

alguns sintomas presentes no momento poderiam ser percebidos, pelo paciente,

como características compatíveis com as de uma pessoa extrovertida.

Dados como este nos obrigam a refletir a respeito da interpretação de

resultados de avaliações de autorrelato em pacientes que se encontram em fase

maníaca, depressiva ou em remissão. De acordo com Goodwin e Jamison [8] as

avaliações de personalidade feitas durante os episódios refletem a impactante

influência das oscilações de humor e das alterações comportamentais causadas

pelos transtornos afetivos, não revelando de fato algo permanente na personalidade

desses indivíduos.

Muitos estudos apontam que não existem diferenças consideráveis entre

TAB em remissão e controles saudáveis em Extroversão [8,139,140]. Coulston et al [141]

sugeriram que esta dimensão poderia estar associada a resultados clínicos mais

favoráveis, a estilos mais adaptativos de enfrentamento e que comumente se

mostra mais prevalente em indivíduos com TAB do que nas pessoas com transtorno

depressivo.

Dados como este sugerem que o TAB parece ser uma condição mais

"funcional" durante a remissão e reforçam a importância de serem associadas

estratégias não farmacológicas ao tratamento dos pacientes unipolares [141].

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- 60 -

Destaca-se que, na presente pesquisa, o número de indivíduos com TAB ativos

laboralmente (n=20) foi superior ao encontrado no grupo com transtorno depressivo

(n=13), o que também remete à questão da funcionalidade.

Facetas do domínio Distanciamento que diferenciaram estes dois grupos,

como Anedonia, Retraimento e Tendência à Depressão, que foram mais elevadas

no transtorno depressivo, indicam que estes indivíduos tendem a apresentar menor

interesse, envolvimento e energia para as atividades, preferência por estar sozinho,

além de vivenciar mais frequente e intensamente sentimentos de desânimo,

vergonha, culpa, desvalia e dificuldade de se recuperar dessas experiências. Ou

seja, traços que acentuados tendem a impactar negativamente em diversas esferas

da vida, seja no tratamento, nas relações interpessoais ou na busca e permanência

em um emprego.

Diante destes achados, a dimensão Distanciamento merece atenção e mais

investigações, uma vez que por meio dela foi possível evidenciar diferenças

importantes na personalidade dos pacientes unipolares e bipolares que parecem

estar relacionadas com aspectos relevantes do tratamento e funcionalidade destas

pessoas.

Em relação à dimensão Antagonismo, oposta à Amabilidade, os achados

do presente estudo mostraram que os indivíduos com TAB apresentaram escores

significativamente superiores quando comparados com os pacientes com transtorno

depressivo e o grupo controle. Na mesma direção destes resultados, um estudo

com uma amostra expressiva de pacientes bipolares que utilizou o NEO-PI [38] para

avaliar a personalidade, encontrou baixos escores em Amabilidade nesses

indivíduos [119]. Outras pesquisas encontraram associação entre baixos níveis de

Amabilidade e a ocorrência de episódios maníacos [25,128,1137].

No presente estudo, pode-se afirmar com certa segurança que, de modo

geral, no momento da avaliação, os pacientes com TAB não se apresentavam em

episódio maníaco. Assim, estes altos índices em Antagonismo, que se relacionam

com a presença de comportamentos pouco empáticos e inadequados socialmente,

podem sugerir que estes traços sejam de alguma forma estáveis na personalidade

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- 61 -

destes pacientes e não estejam somente associados à vigência dos episódios.

Porém, por ser um estudo transversal, temos que considerar que nos faltam

elementos para afirmar de forma categórica que se trata de um traço estável e

permanente, e que estes altos escores podem, na verdade, estar associados a

sintomas residuais, não identificados por nós, dos episódios maníacos.

Este é um domínio que também deve ser mais amplamente investigado, por

meio de diferentes instrumentos e em momentos distintos do transtorno, uma vez

que revelou diferenças importantes dos participantes com transtorno de humor,

ainda que estas sejam passíveis de questionamento.

Sobre o domínio Psicoticismo, o presente estudo encontrou que o grupo

formado pelas pessoas com transtornos do humor apresentou escores

significativamente mais elevados nesta dimensão quando comparados ao grupo

controle. Contrário a isto, Sariusz-Skapsdka et al [132] não encontraram diferenças

significativas entre pacientes e controles. Já Lewis et al [140], através do EPQ,

encontraram escores aumentados em pacientes sindrômicos e subsindrômicos com

TAB, o que não ocorreu com os eutímicos.

Em relação a isto, ressalta-se novamente que a amostra clínica foi composta

por indivíduos que apresentavam formas graves da doença. Talvez amostras

provenientes de outros contextos, onde a gravidade seja menor, possam apresentar

resultados diferentes.

É válido ampliar esta questão e tentar identificar o quanto estas diferenças

encontradas nos estudos se devem a uma limitação das avaliações que são feitas

por meio de instrumentos de autorrelato e com pacientes com diferentes níveis de

gravidade e sintomatologia [119]. Esta discussão se torna pertinente neste tipo de

investigação, pois a relação entre os transtornos do humor e personalidade ainda é

permeada por muitas divergências e questões metodológicas que devem ser

esclarecidas e aprofundadas.

Sobre a dimensão Desinibição, que se opõe ao fator Conscienciosidade,

encontrou-se que ela diferenciou significativamente as pessoas com transtorno de

humor dos controles saudáveis, de forma que os pacientes mostraram ter maior

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tendência para comportamentos impulsivos e orientados para gratificação imediata,

do que as pessoas que não tinham esses transtornos psiquiátricos.

Estes dados corroboram estudos que apontam que indivíduos com TAB e

transtorno depressivo tendem a apresentar escores mais baixos em

Conscienciosidade do que controles saudáveis [119,130,142]. Além disso, baixos níveis

de Conscienciosidade já foram relatados como sendo uma característica estável

dos pacientes com transtorno depressivo, que parece ser relativamente

independente do estado de humor [142].

Por fim, destaca-se que o presente estudo, através da análise de regressão

logística multivariada, encontrou que o aumento na dimensão Desinibição associou-

se tanto com o transtorno depressivo quanto com o TAB. Além disso, o aumento na

faceta Anedonia esteve associado ao transtorno depressivo. Isto significa dizer que

pessoas com redução da capacidade de sentir prazer, ter interesse e engajar-se em

diferentes aspectos e atividades da vida estão mais propensas a pertencer ao grupo

com transtorno depressivo.

Este dado, embora seja um achado importante da pesquisa, desperta

questionamentos pela aproximação do construto traço de personalidade Anedonia

com o construto psicopatológico sintoma anedonia, que é considerado um sintoma

importante dos quadros depressivos.

Os traços apresentam mais consistência em relação aos sintomas que

tendem a surgir e desaparecer com mais facilidade [1], mas não é possível afirmar

se estes pacientes avaliados apresentam de fato estas características de anedonia,

como algo estável, ou se após a manifestação do transtorno depressivo ficam com

sintomas residuais persistentes que passam a se “confundir” com traços. Estudos

longitudinais talvez possam esclarecer tal dúvida.

Ressalta-se que os pacientes foram repetida e enfaticamente orientados a

responder às perguntas com base na sua forma de pensar, sentir e se comportar

ao longo do tempo e não apenas considerando o atual momento ou fase da vida.

Porém, não temos respaldo suficiente para descartar que pode ter ocorrido uma

contaminação destas informações pela vivência dos episódios do transtorno. Ainda

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é necessário considerar que há a possibilidade de que o transtorno seja capaz de

provocar alterações, de curta ou longa duração, em aspectos da personalidade

destes indivíduos.

O recorte transversal, ainda que seja cercado de cuidados metodológicos,

não permite responder de forma cabal se determinadas características encontradas

pelas avaliações estão exclusivamente relacionadas com o perfil de personalidade,

ou se estão associadas aos sintomas agudos e residuais dos transtornos, ou ainda

com transformações decorrentes da vivência anterior da psicopatologia.

5.3 Qualidade de Vida

A pesquisa também teve como objetivo avaliar e comparar a qualidade de

vida entre os grupos estudados e suas relações com os traços de personalidade.

Sobre isto, encontrou-se que os pacientes com transtorno do humor tiveram

resultados significativamente inferiores em todas as dimensões avaliadas pelo

instrumento. Ou seja, estes pacientes, mesmo fora dos períodos de crise, parecem

ter importantes prejuízos nos diferentes aspectos envolvidos na qualidade de vida

quando comparados aos controles saudáveis.

Estes dados corroboram os achados de uma pesquisa também realizada com

adultos brasileiros (n=1560) com transtornos do humor. O estudo encontrou

pontuações significativamente mais baixas em todos os domínios da qualidade de

vida destes pacientes quando comparados com os resultados da população geral.

O impacto na qualidade de vida foi maior entre os indivíduos com episódios mistos,

seguido por aqueles que manifestavam episódios depressivos [91].

Outro estudo, realizado na Noruega, com amostra bastante expressiva

(n=2000) encontrou que pacientes com transtornos do humor têm sua qualidade de

vida afetada e reduzida, tanto durante os episódios como em fase de remissão [101].

A qualidade de vida de pacientes com TAB parece ficar fortemente

prejudicada na vigência de episódios depressivos [102,104,143-145], inclusive,

apresentando resultados inferiores quando comparados com pacientes com

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depressão unipolar [104]. Fatores como a intensidade dos sintomas depressivos

[104,106,143-145], ser do sexo feminino [146] e tempo de doença não diagnosticada [147]

foram identificados como preditores de pior qualidade de vida em amostras de

pacientes bipolares.

Sobre os prejuízos persistirem mesmo nos estados de remissão, muitos

autores também obtiveram achados neste sentido [90,105,145,146,148]. Os prejuízos

acarretados pelos transtornos do humor, fora dos episódios, parecem ser de fato

importantes, visto que alguns estudos encontraram que indivíduos com TAB

apresentam qualidade de vida inferior quando comparados com pacientes com

outras condições clínicas como obesidade, asma e dor lombar crônica [143,146,149].

Ainda neste sentido, um estudo com pacientes com problemas hepáticos

identificou que a presença do transtorno depressivo exerceu maior impacto negativo

na qualidade de vida do que a gravidade da doença hepática que os pacientes

estavam enfrentando [150].

Em relação a outras condições médicas crônicas, a depressão parece afetar

negativamente a qualidade de vida e o funcionamento social, acarretando um

comprometimento muito maior do que aquele causado por muitas doenças físicas

[151-154]. Além disso, identificou-se que quanto maior a intensidade dos sintomas

depressivos, pior era a avaliação de saúde nos pacientes com alguma condição

médica crônica em unidades de atendimento primário [155].

5.4 Qualidade de Vida e Traços de Personalidade

Dados que indicam que pacientes que apresentam o mesmo transtorno do

humor podem apresentar diferentes escores em qualidade de vida, revelam a

necessidade de se investigar outros fatores que podem também ser determinantes

para a qualidade de vida. Assumir que a personalidade é uma inclinação

relativamente estável para reagir de uma determinada maneira em diferentes

circunstâncias, é um dos indícios de que ela possa exercer um papel importante

neste aspecto [109].

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- 65 -

De acordo com Dubayova et al [156] os traços de personalidade parecem ser

importantes na qualidade de vida na maioria das doenças crônicas. Sobre esta

relação, no presente estudo, encontrou-se uma correlação negativa moderada entre

a qualidade de vida geral e o domínio Afetividade Negativa e uma forte correlação

negativa com o domínio Distanciamento, quando analisados os resultados de

pacientes com TAB e transtorno depressivo.

Estes dados sugerem que o domínio Distanciamento foi o que mais se

associou com impacto negativo significativo na qualidade de vida dos indivíduos

com transtornos de humor e que quanto mais introvertido é o paciente, pior tende a

ser sua qualidade de vida (ou vice-versa). Em relação às facetas deste domínio,

Tendência à Depressão e Anedonia apresentaram forte correlação negativa em

ambos os grupos.

Em geral, estudos envolvendo pessoas saudáveis e pacientes com diferentes

condições associam a Extroversão com uma melhor qualidade de vida [109,157-159].

Ainda assim, existem divergências a este respeito, o estudo de Glavić [160], por

exemplo, não encontrou nenhuma correlação entre os aspectos da qualidade de

vida de pacientes com câncer e a Extroversão. A pesquisa de Dubayova et al [156]

encontrou que maiores pontuações em Extroversão, em pacientes com diagnóstico

de Parkinson, foram significativamente associadas a melhor bem-estar emocional

no sexo masculino, mas, surpreendentemente, com piores resultados em bem-estar

emocional no sexo feminino.

Na mesma pesquisa, Dubayova et al [156] encontraram que o Neuroticismo foi

considerado a segunda variável mais importante associada à qualidade de vida,

depois da gravidade da doença, em particular para domínios associados aos

aspectos psicológicos. Em uma pesquisa com pacientes que tiveram acidente

vascular cerebral, encontrou-se que o aumento do Neuroticismo esteve relacionado

com piores resultados em todas as dimensões avaliadas pelo Whoqol-Breve [161].

Straten et al [109] estudaram pacientes com transtorno de humor e transtorno

ansioso e concluíram que o Neuroticismo parece estar negativamente

correlacionado com os índices de qualidade de vida, independentemente do

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transtorno ou dos sintomas estarem presentes. O estudo também encontrou que

altos escores em Amabilidade estão relacionados com melhores resultados da

saúde física. Uma possível interpretação para este dado, sugerida pelos autores, é

considerar que estas pessoas como possuem melhores relações afetivas estão

mais amparadas e cercadas por familiares e amigos, e que por isso tenderiam a

ficar menos focadas em suas possíveis dores e desconfortos físicos.

Ainda que existam aspectos pouco explorados e achados contraditórios, os

estudos convergem quanto ao fato de que são inegáveis os prejuízos na qualidade

de vida dos pacientes com transtornos do humor. O desafio que se coloca é tentar

compreender melhor o quanto este impacto negativo está vinculado ao diagnóstico,

ao estigma, a disfunções e/ou à sintomatologia que ele impõe ao paciente. E mais

do que isso, tentar também entender como os traços de personalidade atuam nesta

questão, atenuando, agravando ou sendo, de alguma forma, responsáveis mais

diretos por estas perdas.

O fato de que certos prejuízos parecem persistir mesmo em pacientes

remitidos merece atenção. Se os sintomas já não estão presentes, significa que

outros fatores estariam envolvidos nestas perdas, e a partir disso, algumas

possibilidades podem ser consideradas. No caso da influência dos traços de

personalidade, partindo do pressuposto de que eles tendem a ser estáveis,

podemos questionar se estes pacientes já teriam sua qualidade de vida prejudicada

mesmo antes do eclodir e/ou diagnóstico de transtorno do humor em função da

presença de traços desadaptativos. E assim, poderia o diagnóstico de TAB ou

transtorno depressivo ser o agravante de prejuízos já existentes e não o contrário?

Responder a perguntas como esta ainda é bastante difícil, pois os transtornos

do humor e a personalidade parecem estar relacionados de uma forma muito íntima

e complexa, o que inviabiliza estabelecer qualquer tipo de relação causal simples a

partir dos dados que dispomos. Algo que poderá auxiliar neste sentido são estudos

longitudinais com avaliações nas fases prodrômicas, e ao longo do curso total da

condição.

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De qualquer forma, pesquisas que nos instigam tais questionamentos já nos

ajudam a ampliar o olhar direcionado a estas complexas interações e certamente

fornecem novas ferramentas para repensar estratégias, enfoques e condutas. Isto

permite aos profissionais envolvidos avançar em direção a um dos objetivos

inerentes a qualquer tratamento que é o de atuar para a melhora da qualidade de

vida dos pacientes.

5.5 Limitações e Qualidades do Estudo

Torna-se importante discutir algumas das limitações mais evidentes do

estudo que devem ser devidamente comentadas. Os grupos foram compostos por

uma maioria de mulheres e por um número pequeno de participantes. Foi também

identificada uma diferença significativa de idade entre dois dos três grupos, porém

de modo geral buscou-se controlar tal diferença através de recursos estatísticos.

A amostra clínica foi constituída integralmente por indivíduos atendidos por

serviço terciário de saúde pública, o que implica frequentemente quadros graves e

crônicos. Além disso, embora tenham sido buscados pacientes eutímicos para o

estudo, pode-se observar pela pontuação das escalas de avaliação de sintomas

que estava presente certa sintomatologia residual no momento da avaliação.

Destaca-se ainda que foi feita apenas uma avaliação transversal, logo

existem as limitações inerentes a este tipo de estudo. A avaliação da personalidade

foi baseada exclusivamente no autorrelato dos pacientes entrevistados pela autora

desta dissertação, o que não permite que outros pontos de vista (de familiares,

amigos, colegas de trabalho, etc.) sejam considerados a respeito destas

personalidades.

O estudo tentou ser criterioso em relação aos diagnósticos e descrição dos

níveis de sintomatologia. Além disso, trata-se de um estudo pioneiro, no contexto

brasileiro, por utilizar um instrumento novo que faz parte da proposta alternativa do

DSM-5 de avaliação dos transtornos da personalidade. Neste sentido, a pesquisa

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agrega informações sobre a utilidade do instrumento e sobre a estrutura de

personalidade de pessoas com transtornos do humor.

Sobre o instrumento no contexto em que foi aplicado, percebemos que muitos

pacientes apresentaram dificuldades pela linguagem utilizada, grau de abstração

exigido e tempo envolvido. Porém, a questão que se destacou como positiva foi a

de se estudar a personalidade dessa forma, ou seja, enfocando os traços

desadaptativos e não apenas os transtornos. Entendemos que essa maneira de

avaliar mostra-se mais relevante clinicamente, pois permite uma melhor

comunicação entre as avaliações e o manejo clínico, uma vez que fornece

informações que podem auxiliar na individualização do tratamento.

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6. CONCLUSÕES

O estudo teve como objetivo comparar os traços de personalidade e os

aspectos da qualidade de vida de pacientes com transtornos do humor e controles

saudáveis. Diante dos achados concluímos que:

Sobre o PID-5

Mostrou-se sensível para discriminar principalmente os pacientes com

transtornos do humor dos controles saudáveis

As dimensões Antagonismo e Distanciamento revelaram diferenças

significativas entre pacientes unipolares e bipolares

Distanciamento discriminou todos os grupos

Aumento na pontuação da faceta Anedonia eleva a chance de pertencer

ao grupo com transtorno depressivo

Aumento na pontuação da dimensão Desinibição eleva a chance de

pertencer tanto ao grupo de TAB quanto ao de transtorno depressivo

Pacientes com tentativas prévias de suicídio apresentam maiores

escores em Distanciamento, Anedonia, Tendência à Depressão,

Hostilidade e Impulsividade

Sobre a qualidade de Vida

O grupo controle teve escores significativamente superiores aos dos

pacientes com transtornos do humor em todos os domínios avaliados

O domínio psicológico de qualidade de vida foi o único que diferenciou

pacientes bipolares de unipolares

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Encontrou-se forte correlação negativa entre o domínio Distanciamento

e a qualidade de vida geral nos pacientes com TAB e transtorno

depressivo

Encontrou-se moderada correlação negativa entre o domínio Afetividade

Negativa e a qualidade de vida geral nos pacientes com TAB e transtorno

depressivo

De modo geral, concluímos que os pacientes com transtorno do humor, que

participaram deste estudo, apresentaram um perfil de personalidade diferente dos

controles, sendo que os traços avaliados se mostraram mais acentuados nos grupos

diagnósticos.

Observamos, entretanto, que os perfis de personalidade dos pacientes

também mostraram peculiaridades. O grupo com transtorno depressivo pareceu

apresentar comprometimentos que se revelaram mais consistentemente na

dificuldade de estabelecer e manter vínculos interpessoais, de se interessar e

engajar em diferentes atividades, de orientar o comportamento pelos resultados e

não apenas pelo impulso do momento, além de uma maior tendência a vivenciar

instabilidades emocionais e diferentes tipos de sentimentos negativos.

Enquanto os pacientes com diagnóstico de TAB se destacaram pela maior

tendência a exibir comportamentos orientados para atrair a atenção e admiração

das pessoas, tentativas de controlar ou influenciar as pessoas se utilizando de

diferentes recursos, possíveis distorções no de relato de acontecimentos, e mais

envolvimentos desnecessários em situações arriscadas.

Dessa forma, embora esses indivíduos compartilhem o fato de ter um

diagnóstico de transtorno do humor, a análise do conjunto de traços permite marcar

particularidades relevantes que implicam comportamentos e dificuldades distintas.

Destaca-se que o grupo com transtorno depressivo, além de ter apresentado

escores elevados na maioria das facetas, também mostrou piores resultados em

qualidade de vida e número superior de tentativas de suicídio. Como foram

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identificadas correlações importantes entre essas duas variáveis e os traços da

personalidade, podemos sugerir que esses pacientes parecem apresentar uma

psicopatologia mais contínua e que pode estar mais intimamente ancorada na

personalidade desses indivíduos, quando comparados aos pacientes com TAB.

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APÊNDICES

APÊNDICE 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Pacientes)

Titulo do estudo: “Traços de Personalidade em pacientes com diagnóstico de

Transtornos do Humor”

Você está sendo convidado a participar desta pesquisa cujo objetivo é

investigar os traços de personalidade presentes em pacientes com diagnóstico de

transtorno de humor. A participação é voluntária, isto é, ninguém é obrigado a

participar do estudo. Você poderá não concordar que os dados do atendimento e

outras informações coletadas sejam incluídos numa pesquisa, e isto não irá

prejudicar o atendimento que receberá neste serviço, agora ou no futuro.

Nesta pesquisa serão colhidos dados do prontuário médico do participante

no Hospital das Clínicas. Serão coletadas também informações sobre o diagnóstico

realizado pelo médico psiquiatra. O participante também será avaliado pela

psicóloga pesquisadora que utilizará para tanto alguns instrumentos.

Será realizado um encontro com o participante, de aproximadamente 1 hora

e 30 minutos, no ambulatório de psiquiatria do Hospital das Clínicas da Unicamp,

preferencialmente no dia de sua consulta com o médico.

Não haverá identificação do nome do participante, de seus familiares e outras

pessoas, de tal modo que o anonimato seja preservado.

A sua contribuição auxiliará os médicos e profissionais deste serviço de

saúde a oferecerem tratamento mais adequado a sua condição, além de beneficiar

outras pessoas em situação semelhante.

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Os resultados dessa pesquisa poderão ser utilizados em trabalhos

científicos, ou apresentados e publicados em congressos e revistas científicas,

mantendo o sigilo e anonimato sobre os participantes.

Não haverá nenhum pagamento pela participação na pesquisa.

Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, ou sobre este termo de

consentimento, esclareça suas questões com a pesquisadora. Ao assinar este

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, você declara que leu,

compreendeu, tirou suas dúvidas e concordou em participar do estudo.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

FCM/UNICAMP, conforme decisão nº 234.074, CAAE 08040212.9.0000.5404

Campinas, _____ de ______________________ de 2014.

Nome do Participante Nome: _____________________________________________________

RG:______________________CPF: ______________________________

Assinatura: _________________________________________________

Responsável pela aplicação

Nome: _____________________________________________________

RG: ______________________ CPF _____________________________

Assinatura: _________________________________________________

Responsável pela pesquisa

Maíra Esteves Brito – (19) 35217514

Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria - FCM/Unicamp

Comitê de Ética em Pesquisa

CEP - FCM/Unicamp Fone: (19) 3521-8936 – Fax: (19) 3521-7187

E-mail: [email protected] Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 Caixa Postal 6111 CEP: 13083 -887

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Grupo Controle)

TITULO DO ESTUDO: “TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM

DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DO HUMOR”

A presente pesquisa tem o objetivo de investigar os traços de personalidade

presentes em pacientes com diagnóstico de transtorno de humor e compará-los com

os da população em geral, ou seja, pessoas que não possuem depressão ou

transtorno afetivo bipolar.

Para o grupo que representa a população geral, serão incluídas pessoas de

ambos os gêneros (masculino e feminino), com idade igual ou superior a 18 anos,

alfabetizadas e que não sejam portadoras de distúrbios do humor.

Você está sendo convidado a participar desse estudo para compor os dados

da população geral, pois não possui transtorno de humor, tem mais de 18 anos e

foi alfabetizado.

A sua participação é voluntária, isto é, ninguém é obrigado a participar do

estudo. Se depois de consentir em sua participação, você desistir de continuar

participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer

fase da pesquisa.

Não haverá nenhuma despesa e também não haverá nenhuma

remuneração pela participação.

Concordando em participar, você será avaliado pela psicóloga pesquisadora

que utilizará para tanto alguns instrumentos. Será realizado um encontro com o

participante de aproximadamente uma hora.

Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua

identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo.

Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, ou sobre este termo de

consentimento, esclareça suas questões com a pesquisadora. Ao assinar este

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, você declara que leu,

compreendeu, tirou suas dúvidas e concordou em participar do estudo.

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Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

FCM/UNICAMP, conforme decisão nº 234.074, CAAE 08040212.9.0000.5404

Campinas, _____ de ______________________ de 2014.

Nome do Participante Nome: _____________________________________________________

RG:______________________CPF: ______________________________

Assinatura: _________________________________________________

Responsável pela aplicação

Nome: _____________________________________________________

RG: ______________________ CPF _____________________________

Assinatura: _________________________________________________

Responsável pela pesquisa

Maíra Esteves Brito – (19) 35217514

Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria - FCM/Unicamp

Comitê de Ética em Pesquisa

CEP - FCM/Unicamp Fone: (19) 3521-8936 – Fax: (19) 3521-7187

E-mail: [email protected] Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 Caixa Postal 6111 CEP: 13083 -887

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- 97 -

APÊNDICE 2

Entrevista de Identificação Sócio-Demográfica

IDENTIFICAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

1. Nome: _________________________________________________________

2. Sexo: m f

3. Idade: _________

4. Situação conjugal:

solteiro casado viúvo separado

5. Cor da pele:

branco pardo negro origem oriental

6. Profissão: ______________________________________________________

7. Escolaridde: ____________________________________________________

8. Cidade: ________________________________________________________

9. Religião: _______________________________________________________

10. Diagnóstico Médico: ______________________________________________

11. Tratamento Farmacológico: ________________________________________

12. Internações Psiquiátricas: _________________________________________

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APÊNDICE 3

PID-5

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APÊNDICE 4

Regressão Logística Simples – Domínios PID-5

Tabela– Análise de regressão logística simples para o domínio Afetividade Negativa do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

AFETIVIDADE NEGATIVA

1 vs 3 1.069 1.030 - 1.109 0.0004

2 vs 3 1.086 1.045 - 1.128 <.0001

2 vs 1 1.016 0.996-1.037 0.0004

Labilidade emocional

1 vs 3 1.154 1.023 - 1.302 0.0199

2 vs 3 1.301 1.142 - 1.482 <.0001

2 vs 1 1.127 1.019 - 1.247 0.0199

Ansiedade

1 vs 3 1.087 0.991 - 1.191 0.0757

2 vs 3 1.171 1.064 - 1.287 0.0012

2 vs 1 1.077 0.992 -1.170 0.0755

Insegurança de

1 vs 3 1.299 1.112 - 1.516 0.0009

2 vs 3 1.282 1.099 - 1.494 0.0015

2 vs 1 0.987 0.905 - 1.077 0.7702

Perseverança 1 vs 3 1.352 1.125 - 1.624 0.0013

2 vs 3 1.403 1.167 - 1.688 0.0003

Submissão

1 vs 3 1.333 1.064 - 1.672 0.0126

2 vs 3 1.300 1.042 - 1.621 0.0198

2 vs 1 0.975 0.813 - 1.169 0.7835

Hostilidade

1 vs 3 1.091 0.998 - 1.192 0.0547

2 vs 3 1.173 1.069 - 1.288 0.0008

2 vs 1 1.075 0.988 - 1.170 0.0910

Afetividade Restrita

1 vs 3 1.140 1.004 - 1.294 0.0435

2 vs 3 1.153 1.017 - 1.307 0.0267

2 vs 1 1.011 0.905 - 1.130 0.8417

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle OR= Odds Ratio A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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- 108 -

Tabela – Análise de regressão logística simples para o domínio Distanciamento do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

DISTANCIAMENTO

1 vs 3 1.059 1.021 - 1.098 0.0020

2 vs 3 1.089 1.048 - 1.132 <.0001

2 vs 1 1.028 1.008 - 1.050 0.0074

Retraimento

1 vs 3 1.127 1.035 - 1.226 0.0057

2 vs 3 1.204 1.104 - 1.313 <.0001

2 vs 1 1.068 1.003 - 1.139 0.0412

Anedonia

1 vs 3 1.286 1.099 - 1.505 0.0017

2 vs 3 1.454 1.230 - 1.718 <.0001

2 vs 1 1.130 1.036 - 1.234 0.0060

Evitação de intimidade

1 vs 3 1.079 0.930 - 1.252 0.3142

2 vs 3 1.142 0.988 - 1.321 0.0720

2 vs 1 1.058 0.928 - 1.207 0.3963

Tendência à depressão

1 vs 3 1.305 1.112 - 1.530 0.0011

2 vs 3 1.404 1.192 - 1.653 <.0001

2 vs 1 1.076 1.021 - 1.135 0.0065

Desconfiança

1 vs 3 1.075 0.955 - 1.209 0.2312

2 vs 3 1.167 1.032 - 1.321 0.0140

2 vs 1 1.086 0.964 - 1.225 0.1756

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle

OR= Odds Ratio

A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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Tabela – Análise de regressão logística simples para o domínio Antagonismo do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

ANTAGONISMO

1 vs 3 1.134 1.049 - 1.226 0.0015

2 vs 3 1.096 1.014 - 1.185 0.0203

2 vs 1 1.034 0.990 - 1.080 0.1277

Manipulação

1 vs 3 1.278 0.998 - 1.637 0.0523

2 vs 3 0.883 0.634 - 1.230 0.4625

1 vs 2 0.691 0.507 - 0.943 0.0196

Desonestidade

1 vs 3 1.520 1.100 - 2.101 0.0112

2 vs 3 1.264 0.905 - 1.765 0.1702

1 vs 2 0.831 0.675 - 1.023 0.0807

Grandiosidade

1 vs 3 1.147 0.928 - 1.417 0.2047

2 vs 3 1.044 0.827 - 1.320 0.7153

1 vs 2 0.911 0.744 - 1.115 0.3666

Busca de atenção

1 vs 3 1.315 1.109 - 1.559 0.0016

2 vs 3 1.188 1.000 - 1.412 0.0502

1 vs 2 0.904 0.810 - 1.008 0.0690

Insensibilidade

1 vs 3 1.267 1.057 - 1.518 0.0106

2 vs 3 1.287 1.070 - 1.548 0.0074

2 vs 1 1.016 0.910 - 1.135 0.7790

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle OR= Odds Ratio A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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Tabela – Análise de regressão logística simples para o domínio Desinibição do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

DESINIBIÇÃO

1 vs 3 1.115 1.056 - 1.176 <.0001

2 vs 3 1.133 1.072 - 1.198 <.0001

2 vs 1 1.016 0.989 - 1.045 0.2475

Irresponsabilidade

1 vs 3 1.587 1.220 - 2.065 0.0006

2 vs 3 1.668 1.277 - 2.179 0.0002

2 vs 1 1.051 0.888 - 1.243 0.5638

Impulsividade

1 vs 3 1.110 1.003 - 1.229 0.0439

2 vs 3 1.204 1.087 - 1.334 0.0004

2 vs 1 1.085 0.993 - 1.185 0.0721

Perfeccionismo Rígido

1 vs 3 1.129 1.028 - 1.241 0.0113

2 vs 3 1.121 1.020 - 1.232 0.0175

2 vs 1 0.992 0.922 - 1.068 0.8390

Distratibilidade

1 vs 3 1.428 1.203 - 1.696 <.0001

2 vs 3 1.477 1.240 - 1.759 <.0001

2 vs 1 1.034 0.953 - 1.123 0.4211

Exposição a riscos

1 vs 3 1.145 1.043 - 1.256 0.0044

2 vs 3 1.167 1.061 - 1.283 0.0015

2 vs 1 1.019 0.950 - 1.093 0.5932

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo; Grupo 3= Controle OR= Odds Ratio A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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TABELA – Análise de regressão logística simples para o domínio Psicoticismo do PID-5

VARIÁVEL Grupo OR IC 95% OR Valor p

PSICOTICISMO

1 vs 3 1.311 1.091 - 1.576 0.0039

2 vs 3 1.332 1.107 - 1.601 0.0023

2 vs 1 1.016 0.990 - 1.043 0.2390

Experiências Incomuns

1 vs 3 1.464 1.001 - 2.141 0.0496

2 vs 3 1.540 1.050 - 2.257 0.0269

2 vs 1 1.052 0.944 - 1.172 0.3596

Excentricidade

1 vs 3 1.396 1.067 - 1.827 0.0151

2 vs 3 1.431 1.092 - 1.875 0.0094

2 vs 1 1.025 0.974 - 1.078 0.3436

Disfunção Perceptiva

1 vs 3 2.552 1.578 - 4.126 0.0001

2 vs 3 2.687 1.659 - 4.349 <.0001

2 vs 1 1.053 0.975 - 1.137 0.1885

Grupo 1 = TAB; Grupo 2= Transtorno Depressivo ; Grupo 3= Controle

OR= Odds Ratio

A OR e o p-valor foram ajustados para idade em todas as variáveis do PID5

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- 113 -

ANEXO

Anexo 1

Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – FCM/Unicamp