52
TRATAMENTO ANAL ´ ITICO PARA OBTENC ¸ ˜ AO DO PERFIL DE VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE UMA PLACA PLANA Lucas Rodrigues dos Santos Projeto de Gradua¸ ao apresentado ao Curso de Engenharia Mecˆ anica da Escola Polit´ ecnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como partedosrequisitosnecess´arios`aobten¸c˜aodo ıtulo de Engenheiro. Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz D.Sc. Rio de Janeiro Julho de 2016

Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

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TRATAMENTO ANALITICO PARA OBTENCAO DO PERFIL DE

VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE UMA PLACA

PLANA

Lucas Rodrigues dos Santos

Projeto de Graduacao apresentado ao Curso de

Engenharia Mecanica da Escola Politecnica, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessarios a obtencao do

tıtulo de Engenheiro.

Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz

D.Sc.

Rio de Janeiro

Julho de 2016

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TRATAMENTO ANALITICO PARA OBTENCAO DO PERFIL DE

VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE UMA PLACA

PLANA

Lucas Rodrigues dos Santos

PROJETO DE GRADUACAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA MECANICA DA ESCOLA POLITECNICA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSARIOS PARA A OBTENCAO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECANICO.

Examinado por:

Prof. Atila Pantaleao Silva Freire, Ph.D.

Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz, D.Sc.

Prof. Juliana Braga Rodrigues Loureiro, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JULHO DE 2016

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dos Santos, Lucas Rodrigues

Tratamento analıtico para obtencao do perfil de

velocidade de escoamentos turbulentos sobre uma placa

plana/Lucas Rodrigues dos Santos. – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politecnica, 2016.

XIII, 39 p.: il.; 29, 7cm.

Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz D.Sc.

Projeto de Graduacao – UFRJ/Escola Politecnica/Curso

de Engenharia Mecanica, 2016.

Referencias Bibliograficas: p. 38 – 39.

1. Turbulencia. 2. Lei da parede. 3. Lei logarıtmica.

4. Camada limite. 5. Tratamento analıtico. I. D.Sc.,

Daniel Onofre de Almeida Cruz. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politecnica, Curso de Engenharia

Mecanica. III. Tıtulo.

iii

Page 4: Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

a minha famılia, base da minha

vida

iv

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Agradecimentos

Primeiramente, gostaria de agradecer minha mae Ana Maria, meu pai Antonio

Carlos e ao meu irmao Antonio Carlos Junior por toda a dedicacao e carinho ao

longo de minha vida.

Gostaria de agradecer meus amigos pelos inumeros sorrisos e brincadeiras nesses

5 anos.

Gostaria de agradecer ao professor Daniel Onofre de Almeida Cruz por me dar a

oportunidade de realizar esse projeto.

v

Page 6: Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

Resumo do Projeto de Graduacao apresentado a Escola Politecnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessarios para a obtencao do grau de Engenheiro Mecanico.

TRATAMENTO ANALITICO PARA OBTENCAO DO PERFIL DE

VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE UMA PLACA

PLANA

Lucas Rodrigues dos Santos

Julho/2016

Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz D.Sc.

Curso: Engenharia Mecanica

Neste projeto final de graduacao e apresentado uma nova maneira de obter o perfil

de velocidades medio em escoamentos turbulentos incompressıveis sem gradiente de

pressao sobre uma placa plana. Esse projeto apresenta duas modelagens para esse

tipo de escoamento. Para cada uma delas, foi realizado um tratamento analıtico a fim

de adquirir expressoes do perfil de velocidades analıticas e explıcitas. Os resultados

obtidos foram comparados com dados experimentais e preposicoes disponıveis na

literatura apresentando boa concordancia.

Palavras-chave: Tubulenca, Lei da Parede, Lei Logarıtmica, Camada limite,

Tratamento Analıtico

vi

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Engineer.

ANALYTICAL TREATMENT FOR OBTAINMENT OF THE VELOCITY

PROFILE OF TURBULENT FLOW OVER A FLAT PLATE

Lucas Rodrigues dos Santos

July/2016

Advisor: Daniel Onofre de Almeida Cruz D.Sc.

Department: Mechanical Engineering

In this undergraduate project, it is presented a new way for obtaining the mean

velocity profile for incompressible turbulent flow with no gradient pressure. This

project presents two modellings for this type of flow. For each of them, it was done

an analytical treatment in order to acquire analytical and explicit expressions of the

velocity profile. The results obtained were compared with experimental data and

other propositions available in the literature and they showed good agreement.

Keywords: : Turbulence, Law of the wall, Logarithmic law, Boundary Layer,

Analytical Treatment

vii

Page 8: Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

Sumario

Lista de Figuras x

Lista de Tabelas xi

1 1

1.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.4 Organizacao do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Revisao Bibliografica: Teoria classica para o calculo do perfil de

velocidades 4

2.1 Modelagem Turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Conceito de Media de Reynolds . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2.3 Regioes da Camada Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3.1 Subcamada Viscosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3.2 Regiao Turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.3.3 Camada amortecedora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3.4 Regiao da Esteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3.5 Equacao para o coeficiente de atrito local . . . . . . . . . . . . 12

2.3.6 Resumo da Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3 Proposicoes para o perfil de velocidade presentes na literatura 14

3.1 Introducao a Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1.1 Conceitos basicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.1.2 Espessura da Subcamada Viscosa . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Proposicoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2.1 Teoria de Reichardt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2.2 Teoria de Rotta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.2.3 Teoria de Van Driest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2.4 Teoria de Rannie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.2.5 Teoria de Spalding . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

viii

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3.2.6 Teoria de Rasmussen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2.7 Teoria de Musker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2.8 Teoria de Haritonidis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2.9 Teoria de Barenblatt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.2.10 Uma expressao alternativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.3 Interpolacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4 Teoria proposta: calculo do perfil de velocidades e equacao para o

atrito 21

4.1 Introducao ao Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.2 Equacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4.3 Tratamento Analıtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4.3.1 Primeira modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4.3.2 Segunda Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

4.4 Avaliacao da solucao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4.4.1 Afastado da parede(y → ∞) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4.4.2 Proximo da parede(y+ → 0) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5 Resultados e Discussao 27

5.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5.2 Analise das Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5.3 Numero de termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.4 Erro Comparativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

5.4.1 Comparacao Spalding e Nova proposicao modificada . . . . . . 31

5.5 Equacao do atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

5.6 Comparacao entre a nova formulacao para a lei da parede com teorias

de diversos diversos autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

6 Consideracoes Finais 36

6.1 Conclusao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

6.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Referencias Bibliograficas 38

ix

Page 10: Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

Lista de Figuras

2.1 Conceito de media de Reynolds aplicado a velocidade e pressao . . . . 5

2.2 Divisoes da Camada Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.3 Teoria do perfil de velocidade media . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.4 Perfil de velocidade media comparado com dados experimentais . . . 12

3.1 DNS e interpolacao u+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2 DNS e interpolacao du+

dy+ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5.1 Comparacao ∂u+

∂y+ para a =0.01; a= 0.02 e a = 0.03 . . . . . . . . . . . 27

5.2 Comparacao ∂u+

∂y+ com a nova modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.3 Comparacao dos resultados experimentais de ANDERSEN com a

equacao (2.34) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.4 Comparacao entres a formulacoes do presente trabalho . . . . . . . . 32

5.5 Comparacao com a teoria de Reichardt . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5.6 Comparacao com a teoria de Rotta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.7 Comparacao com a teoria de Van Driest . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.8 Comparacao com a teoria de Rannie . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.9 Comparacao com a teoria de Spalding . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.10 Comparacao com a teoria de Rasmussen . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.11 Comparacao com a teoria de Musker . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

5.12 Comparacao com a teoria de Haritodinis . . . . . . . . . . . . . . . . 35

5.13 Comparacao com a expressao alternativa de SILVA FREIRE [2016] . 35

x

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Lista de Tabelas

2.1 Estrutura da camada limite turbulenta. . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

5.1 comparacao do numero de termos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

5.2 comparacao do numero de termos da nova proposicao . . . . . . . . 30

5.3 comparacao diferentes proposicoes dados experimentais de SIMPSOM1 30

5.4 comparacao diferentes proposicoes dados experimentais de SIMPSOM2 30

5.5 comparacao Spalding e a nova proposicao modificada . . . . . . . . . 31

xi

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Nomenclatura

p Pressao media

u Velocidade media horizontal do campo de velocidades

v Componente da velocidade media na direcao perpendicular do cisalhamento

A Constante de Integracao

C Constante

Cf Coeficiente de arrasto

l Comprimento de mistura

n numero de termos

p Pressao

p′ Flutuacao da pressao

Re Numero de Reynolds geral

Reδ Numero de Reynolds u∞δν

u Componente da velocidade na direcao do cisalhamento

u′ Flutuacao da componente horizontal do campo de velocidades

u+ Velocidade adimensional

uτ Velocidade de friccao

v Componente da velocidade na direcao perpendicular do cisalhamento

v′ Flutuacao da componente vertical do campo de velocidades

y+ Comprimento adimensional

Letras gregas

xii

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δ+l Espessura da subcamada viscosa adimensional

δl Espessura da subcamada viscosa

ε Erro relativo

εmax Erro maximo

Γ Funcao de interpolacao

µ Viscosidade absoluta, dinamica ou newtoniana

ν Viscosidade cinematica

νt Viscosidade turbulenta

ρ Massa especıfica

ρw Massa especıfica na regiao da parede

τ Tensao de cisalhamento

τl Tensao laminar

τt Tensao turbulenta

τw Tensao na parede

κ Constante de von Karman

xiii

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Capıtulo 1

1.1 Introducao

O estudo de escoamentos turbulentos sempre foi um desafio para a humanidade

devido a sua complexidade. Ao mesmo tempo, esse fenomeno esta presente consi-

deravelmente no cotidiano, uma vez que fluidos como ar e agua tendem a escoar

nesse regime. Dessa maneira, a turbulencia se faz presente em diversas areas do

conhecimento: Na medicina, atraves de estudos do fluxo sanguıneo e a respiracao; na

metrologia, com o estudo da atmosfera e, evidentemente, na engenharia.

Por ser um fenomeno extremamente intrigante, ele vem sido foco estudo desde o

perıodo classico, quando os conceitos de mecanica dos fluidos ainda nao tinham sido

criados.

No renascimento, um dos princıpios fundamentais da mecanica dos fluidos, o de

que massa e conservada foi cuidadosamente investigado por da Vinci. Observando o

escoamento em um rio, da Vinci percebeu que em regioes de constricao a corrente

aumentava de velocidade. Mais ainda, ele percebeu que em regioes onde a area

transversal ao escoamento diminuıa por um fator de 4 vezes a velocidade aumentava

por um fator de 4 vezes. Portanto, pela primeira vez na historia, uma afirmacao

quantitativa sobre a equacao da continuidade foi feita.

Anos mais tarde, Newton revolucionou o mundo com suas tres leis fundamentais

da mecanica. Para a mecanica dos fluidos, sua segunda lei, que relaciona a forca

a taxa de variacao da quantidade de movimento para um corpo em movimento,

se tornou a equacao basica para todo o estudo teorico doravante feito. De fato, a

segunda lei de Newton seria utilizada no futuro por Euler, Navier e Stokes para obter

as equacoes fundamentais do movimento de um fluido.

Atualmente, muito se tem estudado sobre esse fenomeno, sendo de total relevancia

na industria naval, aeronautica e de oleo e gas. Uma formulacao de equacoes para

o comportamento do fluido ja foi criada, porem sem solucao e apenas a prova

da unicidade de sua solucao vale um milhao de dolares. Mesmo que ainda que

nao se tenha descoberto a solucao para essas equacoes, os avancos computacionais

possibilitam a engenharia a criar maravilhas. Nao podendo ser diferente, o objeto de

1

Page 15: Tratamento analítico para obtenção do perfil de velocidade ... · Julho de 2016. TRATAMENTO ANAL ITICO PARA OBTENC˘AO DO PERFIL DE~ VELOCIDADE DE ESCOAMENTOS TURBULENTOS SOBRE

estudo desse trabalho e o escoamento turbulento sobre uma placa plana.

1.2 Motivacao

Como exposto na introducao o estudo de escoamentos turbulentos e de extremo

valor na engenharia. Entretanto, o tratamento das condicoes de contorno na parede

tem sido um obstaculo no calculo de escoamentos de fluidos turbulentos, especialmente

quando previsoes precisas de friccao e de transferencia de calor sao os principais

alvos. O problema e pertinente quando os metodos RANS - Reynolds-averaged

Navier–Stokes sao aplicados aos fluxos complexos, onde as grades computacionais

normalmente acessıveis sao muito grossas para permitir uma integracao das equacoes

governantes sobre a parede e a utilizacao das exatas condicoes de contorno. O mesmo

problema surge para simulacoes LES (large-eddy-simulations) de fluxos com alto

numero de Reynolds, onde adequada solucao do escoamento das regioes proximas a

parede exige grades extremamente densas e recursos computacionais excessivos. Para

o caso de um escoamento turbulento, completamente desenvolvido, sem gradiente

de pressao e bidimensional, existe um boa formulacao do perfil de velocidade para

a regiao bem proxima a parede, conhecida como subcamada viscosa, e a regiao

relativamente afastada da parede conhecida como regiao turbulenta. Entretanto, para

a regiao intermediaria entre essas duas regioes, conhecida como camada amortecedora,

utilizam-se metodos computacionais que conectem esses dois perfis. Para resolver

esse problema, muitos pesquisadores criaram modelagens que satisfacam todo ou

parcialmente todo o perfil de escoamento e algumas destas serao mostradas nesse

trabalho. Uma segunda abordagem tambem mostrada e uma modelagem que utiliza

de uma interpolacao entre o escoamento proximo da parede e o totalmente turbulento,

usando funcoes de mistura que garantam uma transicao suave entre as duas camadas.

1.3 Objetivos

O foco de estudo desse trabalho e o escoamento turbulento, completamente

desenvolvido, sem gradiente de pressao e bidimensional. Desse modo, ressaltam-se

dois objetivos principais: O primeiro e expor algumas das modelagens para tal

escoamento e compara-las com dados experimentais. O segundo e propor uma nova

proposicao para o perfil de velocidades e comparara-la com dados experimentais.

1.4 Organizacao do Trabalho

Este trabalho esta organizado em um total de 6 capıtulos. No Capıtulo 2

e apresentada uma revisao da literatura, abordando a descricao do escoamento

2

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sobre placa plana na subcamada viscosa e na regiao turbulenta. No capıtulo 3,

algumas proposicoes elaboradas por diversos autores sobre o assunto. O Capıtulo

4 e explicado como foi a metodologia para obter uma nova proposicao e o capıtulo

5 apresenta o resultado, mostrando uma comparacao entre a nova proposicao e as

proposicoes existentes, assim como uma comparacao com dados experimentais e

modelos computacionais. Para finalizar, o capıtulo 6 e focado em dar ao leitor um

conclusoes sobre o projeto e propostas para trabalhos futuros.

3

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Capıtulo 2

Revisao Bibliografica: Teoria

classica para o calculo do perfil de

velocidades

2.1 Modelagem Turbulenta

Como ja enunciado no capıtulo 1, as equacoes de Navier-Stokes revolucionaram o

mundo. Ela fornece um meio realmente preciso de calcular o movimento dos fluidos.

Com ela, modernos jatos, submarinos rapidos e silenciosos e carros de corrida de

formula um foram possıveis de serem desenvolvidos. Basicamente, ela e a segunda

lei de Newton disfarcada. O termo da esquerda da equacao representa a aceleracao

de um volume de fluido infinitesimal, enquanto que o termo a direita representa as

forcas que atuam nele, conforme a figura abaixo:

ρ(∂v∂t

+ v.∇v)

= −∇p+∇.T (2.1)

Analisemos, entao, tais equacoes para o caso bidimensional aliadas com a equacao

de continuidade:

∂u

∂t+ u

∂u

∂x+ v

∂u

∂y= −1

ρ

∂p

∂x+ ν

(∂2u

∂x2+∂2u

∂y2

)

∂v

∂t+ u

∂v

∂x+ v

∂v

∂y= −1

ρ

∂p

∂y+ ν

(∂2v

∂x2+∂2v

∂y2

) (2.2)

∂u

∂x+∂v

∂y= 0 (2.3)

Vale ressaltar que essas equacoes satisfazem tanto escoamentos laminares quanto

4

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escoamentos turbulentos. Como sera mostrado na proxima secao, a diferenca e que n

regime turbulento as velocidades apresentam flutuacoes aleatorias que modificam

um pouco as equacoes.

2.2 Conceito de Media de Reynolds

Devido as grandes flutuacoes do regime turbulento, cada termo de velocidade

e pressao da equacao de Navier-Stokes varia aleatoriamente no tempo e espaco.

Atualmente, a matematica disponıvel nao consegue lidar com tal mudanca instantanea.

Dessa maneira, como engenheiros a solucao para modelar o problema e olhar para

os valores medios das variaveis. Essa foi a abordagem feita por Osborne Reynold

quando reescreveu as equacoes em termos das medias das variaveis. Para isso, ele

criou uma modelagem que considera a velocidade, por exemplo, como uma soma

entre sua media e uma flutuacao, conforme mostrado a seguir:

Figura 2.1: Conceito de media de Reynolds aplicado a velocidade e pressao

A proxima etapa do processo seria a definir como seria calculada essa media.

Queria-se que tais medias fossem independentes do tempo, entao, a velocidade media

foi definida assim:

u =1

T

∫ T

0

u dt

Onde T e um perıodo medio escolhido maior que qualquer significante perıodo de

oscilacao de u’.

Resumindo, Reynolds modelou cada propriedade como:

u = u+ u′ v = v + v′ p = p+ p′

Para reescrever as equacoes foi necessario levar em conta algumas regras sobre

media:

5

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∂u

∂x=∂u

∂x

u+ v = u+ v

u · v = u · v

uu′ = u · u′ = 0

Apos aplicar as medias em ambos os lados da equacao de Navier-Stokes, chega-se

as seguintes equacoes para o caso unidirecional, bidimensional:

∂u

∂t+ u

∂u

∂x+ v

∂u

∂y= −1

ρ

∂p

∂x+ ν

(∂2u

∂x2+∂2u

∂y2

)− ∂u′v′

∂y− ∂u′2

∂x

∂v

∂t+ u

∂v

∂x+ v

∂v

∂y= −1

ρ

∂p

∂y+ ν

(∂2v

∂x2+∂2v

∂y2

)− ∂u′v′

∂y− ∂v′2

∂x

(2.4)

∂u

∂x+∂v

∂y= 0 (2.5)

Note que tal modelagem faz aparecer dois novos termos em cada equacao. Esses

termos representam as tensoes turbulentas geradas pelas flutuacoes com o escoamento

medio. Para o caso tridimensional,pode-se representar as tensoes de cisalhamento no

regime turbulento atraves do tensor de Reynolds:

τij = −ρ

u′2 u′v′ u′w′

u′v′ v′2 v′w′

u′w′ v′w′ w′2

(2.6)

Usando a analise de ordem de grandeza para as equacoes (2.16) instantaneas,

essas equacoes de camada limite turbulenta geralmente reduzem-se para sua forma

classica:

∂u

∂t+ u

∂u

∂x+ v

∂u

∂y= −1

ρ

∂p

∂x+ ν

∂2u

∂y2− ∂u′v′

∂y(2.7)

1

ρ

∂p

∂y= 0 (2.8)

∂u

∂x+∂v

∂y= 0

6

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2.3 Regioes da Camada Limite

A camada limite turbulenta pode ser dividida em tres sub-regioes chamadas

de subcamada viscosa, camada de amortecimento (camada amortecedora) e zona

turbulenta, formada pela regiao turbulenta e regiao de esteira.

Figura 2.2: Divisoes da Camada Limite

Nas proximas secoes serao descritas as descricoes do perfil de velocidades para

cada uma dessas regioes.

2.3.1 Subcamada Viscosa

A subcamada viscosa e a regiao da camada limite turbulenta mais proxima da

parede. Nela, o termo viscoso ∂∂y

(ν ∂u∂y

)na equacao (2.4) domina e o escoamento e

laminar. Uma lei de similaridade e o perfil de velocidades nessa regiao podem ser

obtidos da seguinte maneira: na subcamada viscosa o termo turbulento ∂∂y

( ¯−u′v′)e o convectivo na direcao horizontal na u∂u

∂yequacao (2.4) sao desprezıveis quando

comparados com os outros termos, logo, esta assume a seguinte forma:

− 1

ρ

∂p

∂x+

∂y

(ν∂u

∂y

)= 0 (2.9)

Estamos estudando o caso onde nao existe gradiente de pressao,entao, o termo:

− 1

ρ

∂p

∂x= 0 (2.10)

Agora, integrando em relacao a y obtemos e multiplicando tudo por ρ:

µ∂u

∂y= C (2.11)

Integrando, novamente, a equacao em y:

u =C

µy +B (2.12)

7

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Assim, utilizando a equacao de Newton para fluidos e a condicao de nao desliza-

mento obtem-se as condicoes de contorno na parede (y=0)

µ∂u

∂y

∣∣∣∣y=0

= τw

u|y=0 = 0

Aplicando essas condicoes de contorno, obtem-se a seguinte solucao:

u =τwµy (2.13)

Para analisar a parede, define-se uma velocidade caracterıstica uτ como:

uτ =

√τwρw

(2.14)

uτ e a velocidade de friccao.

Substituindo (2.14) em (2.13) tem-se:

u =u2τ

νy

u

uτ=uτνy

(2.15)

2.3.2 Regiao Turbulenta

A regiao turbulenta e a regiao da camada limite turbulenta mais afastada da

parede, onde, ao contrario da subcamada viscosa, e o termo viscoso ∂∂y

(−u′v′

)Dessa

maneira, o perfil de velocidades nessa regiao pode ser obtido desprezando o termo

viscoso ∂∂y

(ν ∂u∂y

)e o convectivo na direcao horizontal na u∂u

∂yequacao 2.1. Logo,

considerado o gradiente de pressao nulo, a equacao assume a seguinte forma:

∂y(−u′v′) = 0 (2.16)

Novamente, integrando em relacao a y obtemos e multiplicando tudo por ρ:

− ρu′v′ = C (2.17)

Como a tensao na subcamada viscosa e constante e a tensao na regiao turbulenta

tambem e constante, o valor da constante C e τw. Logo:

8

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− ρu′v′ = τw (2.18)

O Comprimento de Mistura

O problema da equacao (2.18) e determinar o valor de u′v′. Uma solucao e usar o

conceito de comprimento de mistura (l), o qual considera que u′ e dado pela diferenca

do valor das velocidades medias em y e y + l de acordo com a equacao abaixo:

u′ = u(y)− u(y + l) (2.19)

Expandindo u(y + l) em um serie de taylor, obtem-se:

u(y + l) = u(y) + l∂u

∂y+ ... (2.20)

Truncando na primeira derivada:

u′ = u(y)− u(y + l) = l∂u

∂y(2.21)

considerando o escoamento isotropico,ou seja, os valores medios das flutuacoes

das velocidades em qualquer posicao e para qualquer tempo sao iguais:

u′v′ =(l∂u

∂y

)2

(2.22)

PRANDTL [1925] forneceu um modelo de comprimento de mistura (l) onde l e

proporcional a distancia ate a parede:

u′v′ =(κy

∂u

∂y

)2

(2.23)

Combinando as equacoes (2.18) e (2.23):

(κy

∂u

∂y

)2

=τwρ

(2.24)

Tirando a raız:

κy∂u

∂y=(τwρ

)1/2

= uτ (2.25)

Dividindo ambos os lados por κy:

∂u

∂y=uτκy

(2.26)

Integrando obtemos a solucao:

9

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u =1

κln y + A′ (2.27)

Adimensionalizando a (2.27):

u

uτ=

1

κlnuτy

ν+ A (2.28)

em que κ e a constante de von Karman e A e outra constante universal, igual a 5

para um escoamento sobre uma placa plana.

2.3.3 Camada amortecedora

A camada amortecedora ou buffer layer e a camada intermediaria entre a regiao

turbulenta e a subcamada viscosa. Para essa zona existe uma dificuldade de deter-

minar uma funcao analıtica para o perfil de velocidade, uma vez que tanto o termo

viscoso quanto o termo turbulento devem ser considerados. A complicacao, portanto,

e determinar um modelo de comprimento mistura ou uma outra modelagem que seja

valida ao longo de todo o perfil de escoamento, uma que o comprimento de mistura

apresentado por Prandlt e apropriado somente para a regiao turbulenta.

2.3.4 Regiao da Esteira

Esta e a porcao mais externa da camada limite. Para descrever o escoamento

nesta porcao do escoamento, COLES [1956], apos inumeros experimentos, sugeriu

uma funcao universal

W (y/δ) =P

k

(1− cos

(πy

δ

))(2.29)

Estendendo a (2.28) :

u

uτ=

1

κlnuτy

ν+ A+

P

κ

(1− cos

(πy

δ

))(2.30)

em que P depende do gradiente de pressao e se chama de perfil da esteira.

Em seguida um quadro e duas imagens que resumem bem as regioes da camada

limite:

10

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Tabela 2.1: Estrutura da camada limite turbulenta.

Regiao Perfil de velocidade Equacao do perfilSubcamada viscosa Linear (2.15)

Buffer Layer — transicao Superposicao (2.15) e (2.28)Turbulencia Logarıtmico Lei da Parede (2.28)

Inercia — esteira Funcao da pressao Lei da Esteira (2.30)

Figura 2.3: Teoria do perfil de velocidade media

11

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Figura 2.4: Perfil de velocidade comparado com dados experimentais

2.3.5 Equacao para o coeficiente de atrito local

A tensao local na parede pode ser obtida da equacao (2.30) quando tomada em

(y, u) = (δ, u∞). Para uma placa plana, P = 0.55 , κ = 0.41 e A = 5.

Assim, dado um perfil de velocidades u+ = f(y+) + Pκ

(1− cos

(πyδ

)), a equacao

do para o atrito local fica:

u∞uτ

= f(δ+) + 2.68 (2.31)

onde δ+ = δuτν

. Os valores de Cf , entao, podem ser obtidos em funcao do numero

de Renolds Rδ de acordo com as seguintes relacoes:

Cf2

=

(uτu∞

)2

(2.32)

Rδ =δu∞ν

(2.33)

Assim, chegamos a seguinte equacao para o fator de atrito:√2

Cf= f

(Rδ

√Cf2

)+ 2.68 (2.34)

2.3.6 Resumo da Teoria

Como mostrado nas secoes anteriores, a teoria para o perfil de velocidades das

equacoes da camada limite ainda nao foi definida ao longo de todo escoamento.

Sabe-se o comportamento proximo da parede, definido na secao 2.3.1 e afastado da

parede, definido na secao 2.3.2. Porem, a literatura ainda nao foi capaz de definir

12

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um unico perfil que seja valido para essas duas regioes, assim como para a camada

amortecedora. Portanto, no proximo capıtulo serao mostradas proposicoes de diversos

autores focadas em resolver o problema exposto e as hipoteses de cada proposicao.

No capıtulo 5, sera mostrado as proposicoes do presente projeto, focadas na mesma

questao.

13

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Capıtulo 3

Proposicoes para o perfil de

velocidade presentes na literatura

3.1 Introducao a Teoria

Esse capıtulo tem como objetivo introduzir ao leitor o conceito de tensao laminar

e tensao turbulenta, ao rever a equacao basica da camada limite para o caso bidi-

mensional, sem gradiente de pressao. Posteriormente, e apresentado as proposicoes

existentes na literatura sobre o assunto.

3.1.1 Conceitos basicos

Levando em consideracao o efeito turbulento e o viscoso para um escoamento

completamente desenvolvido, unidirecional, bi-dimensional e sem gradiente de pressao,

obtem-se a seguinte equacao:

∂y

(µ∂u

∂y− ρu′v′

)= 0 (3.1)

Resultando na seguinte expressao apos a integracao:

µ∂u

∂y− ρu′v′ = τ (3.2)

Uma forma analoga de enxergar essa equacao e separar a equacao em parte

laminar e parte turbulenta, de acordo com a equacao abaixo:

τl + τt = τ (3.3)

Onde τl = µ∂u∂y

e τt = −ρu′v′.Adicionalmente, e comum na literatura observar o termo viscosidade turbulenta

onde a equacao (3.2) e trocado por:

14

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(ν + νt

)∂u∂y

ρ(3.4)

3.1.2 Espessura da Subcamada Viscosa

Reichardt e Rotta focaram suas modelagens na espessura da subcamada viscosa.

Para defini-la, deve considerar que proximo da parade deve existir uma regiao onde

a tensao laminar e tensao turbulenta possuem a mesma relevancia. Logo

0(ν∂u

∂y

)= 0(u′v′) (3.5)

Sabe-se por analise experimental que as flutuacoes possuem mesma ordem que a

velocidade de atrito uτ e que a ordem de ∂u∂y

e igual a ordem de uτy

. Seja agora δl a

espessura da camada limite laminar onde a relacao (3.5) e satisfeita:

νuτδl

= 0(u2τ ) (3.6)

Ou seja,

δl = 0( νuτ

)(3.7)

Algumas literaturas definem a tal espessura como:

δl = 5ν

uτ(3.8)

Ja CHRISS e CALDWELL [1984] definem essa espessura como o encontro das

projecoes da subcamada viscosa e a lei logarıtmica. Assim:

δlν

uτ=

1

κln(δlν

)+B (3.9)

Considerando δ+l = uτ δl

ν, κ = 0.41 e B = 5,obtem-se δ+

l ≈ 11.

3.2 Proposicoes

SILVA FREIRE [2016] enunciou 10 preposicoes para o perfil de velocidades. Estas

sao mostradas e comentadas abaixo:

3.2.1 Teoria de Reichardt

REICHARDT [1940] mostrou que distribuicao da viscosidade turbulenta ao longo

da parede precisa satisfazer duas condicoes:

15

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limy+→0

νtν

= Cy+3 (3.10)

Ao mesmo tempo:

limy+→∞

νtν

= Cy+ (3.11)

Para que o perfil de velocidades tenda a solucao logarıtmica.

Assim, Reichardt propos uma relacao entre as viscosidades laminar e turbulenta

que satisfaz as duas condicoes:

νtν

= κ(y+ − δ+

l tanhy+

δ+l

)(3.12)

Onde δl representa a espessura da subcamada viscosa, explicado na secao anterior,

e δ+l = uτ δl

ν.

Substituindo na equacao (3.4), nao e possıvel obter um resultado analıtico, porem

uma solucao aproximada e dada por:

u+ =1

κln(1 + κy+) + c

(1− e

− y+

δ+l −−y

+

δ+l

e−0.33y+)

(3.13)

Foi verificado comparando com dados experimentais que δ+l = 11 e c = 7.4

3.2.2 Teoria de Rotta

ROTTA [1950] formulou um novo modelo para o comprimento de mistura consi-

derando a camada limite laminar:

lm = κ(y − δl) (3.14)

Gerando a seguinte solucao:

u+ =1

2κl+m

(1−√

1 + 4(l+m)2 +1

κln(2l+m +

√1 + 4(l+m)2) + δ+

l

)(3.15)

onde lm+ = uτ lmν

e δ+l = uτ δl

ν

A dificuldade da teoria e identificar o valor da camada limite laminar. Foi

considerado, a priori, δ+l = 5, porem isso resultava baixos de u+ para a lei logarıtimica.

Quando comparada com dados experimentais de ANDERSEN PS [1972] e PURTELL

et al. [1981] verificou-se empiricamente que δ+l = 6.7.

16

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3.2.3 Teoria de Van Driest

VAN DRIEST [1956] estabeleceu um valor da viscosidade turbulenta considerando

um amortecimento, com o objetivo de garantir uma transicao suave do regime laminar

para o regime turbulento:

νt = κ2y2(1− e−y+/A)∂u

∂y(3.16)

A solucao considerando (3.16):

u+ =

∫ y+

0

dy+(1 + [1 + 4κ2y+2(1− e− y

+

A )]1/2) (3.17)

A solucao e uma integral que nao pode ser obtida analiticamente, mas ela pode

ser facilmente obtida utilizando algum metodo numerico. Apos avaliacoes com dados

experimentais, Van Driest considerou A = 26.

3.2.4 Teoria de Rannie

Para valores proximos da parede, sabe-se que a viscosidade turbulenta deve ser,

pelo menos, da ordem de y+3. Porem, RANNIE [1956] considerou que para valores

finitos de y+, o comportamento de νt seria da ordem de y+2. Para justificar esse

raciocınio, Rannie propos para a regiao y+ 6 27.5 a seguinte relacao:

νtν

= sinh (σy+) (3.18)

Resultando na seguinte expressao:

u+ =1

σtanh (σy+) (3.19)

onde σ = 0.0688.

3.2.5 Teoria de Spalding

A motivacao do SPALDING [1961] foi a de criar uma boa formula para o perfil de

velocidade e que fosse ao mesmo tempo mais simples daquelas apresentadas por Van

Driest e Reichardt. A ideia seria que esta tivesse poucos erros quando comparado

com resultado experimentais. Ele criou, portanto, a seguinte proposicao:

y+ = u+C[eκu+ − 1− κu−

(κu+)2

2!− (κu+)3

3!− (κu+)4

4!] (3.20)

Onde C = e−κA e A a constante padrao para a lei da parede, geralmente igual

a 5. Vale ressaltar que por mais que a formulacao de Spalding seja simples, ela e

17

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implıcita , o que a torna difıcil de utilizar.

3.2.6 Teoria de Rasmussen

Com um pensamento similar do Spalding, Ramussen propos um perfil similar,

porem com menos termos:

y+ = u+eA[2 cosh (κu+)− (κu+)2 − 2] (3.21)

Esse perfil apresenta todos as cnsideracoes feitas por Spalding e ainda a condicao

(y = δ, ∂u∂y

= 0) e apreseta bons valores para u+ > 20. Assim como a proposicao do

Spalding, a equacao de Rasmussen e implıcita .

3.2.7 Teoria de Musker

MUSKER [1979] propos que a distribuicao da velocidade turbulenta fosse uma

poderacao do comportamento proximo da parade(νt ∼ y+3) e afastado da parede

(νt ∼ y+):

ν

νt=

1

Cy+3+

1

κy+(3.22)

Onde C = 0.001093.

Resultando na seguinte equacao diferencial:

du+

dy+=

κ + Cy+2

κ + Cy+2 + Cy+3(3.23)

Cuja a integracao nos oferece:

u+ = 5.454 arctan[2y − 8.15

16.7] + Log10[

(y + 10.6)9.6

(y2 − 8.15y + 86)2 ]− 3.52 + 2.44; (3.24)

3.2.8 Teoria de Haritonidis

HARITONIDIS [1989] propos a seguinte expressao para o perfil de velocidade

sobre uma placa plana:

u+ =1

λarctan [λy] +

1

2λ2α ln[1 + λ2y2

]; (3.25)

onde λ2 = 0.00877 e um parametro que depende do tempo medio de injecoes do

fluido na parede. Foi verificado que quando o gradiente de pressao e nulo α = 0.

Assim como RANNIE [1956], ela e apresenta boa concordancia apenas para falores

de y+ < 27.5.

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3.2.9 Teoria de Barenblatt

Segundo BARENBLATT [1993], y+ ∂u+

∂y+ tende a valores finitos quando y+ e o

numero de Reynolds tende a infinito. Dessa maneira, ele sugeriu que o gradiente de

velocidade tivesse um comportamento assintotico, onde o expoente e o parametro

multiplicador fossem dependentes de Re. Logo:

u+ = C(y+)α (3.26)

C =

(√3 + 5α

)(3.27)

onde α = 32 ln[Re]

;.

3.2.10 Uma expressao alternativa

Acreditando que cada uma das proposicoes apresenta alguma deficiencia,

SILVA FREIRE [2016] propos um solucao alternativa que combina as ideias do

Rotta, Spalding e Van Driest:

u+ =1

κ(1−

√1 + 4(κy+)2

2+ ln[2κy+ +

√1 + 4(κy+)2 (3.28)

Foi verificado que essa proposicao falhava para grandes valores de y+. Assim, um

termo corretivo foi adicionado:

u+ =1

κ(1−

√1 + 4(κy+)2

2κy++ ln[2κy+ +

√1 + 4(κy+)2 +

6.7

2(1 +Tanh[

2κy+ − 8

8])

(3.29)

3.3 Interpolacao

Na literatura, segundo POPOVAC e HANJALIC [2007], uma maneira de calcular

o perfil de velocidades e usando uma funcao de interpolacao que garanta uma transicao

do regime laminar e turbulento, do seguinte modo:

u+ = y+e−Γ + (1

κln(y+))e

−1Γ (3.30)

onde

Γ =0.01y+4

1 + 5y+(3.31)

19

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Uma foto do perfil de velocidade e de sua derivada comparada a resultados obtidos

com DNS(direct numerical solution) e apresenta abaixo:

Figura 3.1: DNS e interpolacao u+

Figura 3.2: DNS e interpolacao du+

dy+

20

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Capıtulo 4

Teoria proposta: calculo do perfil

de velocidades e equacao para o

atrito

4.1 Introducao ao Projeto

Esse capıtulo tem como objetivo fornecedor ao leitor duas modelagens do perfil

de velocidade da camada limite para o caso bidimensional, sem gradiente de pressao.

Como falado anteriormente, o objetivo era de obter uma expressao analıtica para tal

perfil, e o tratamento analıtico para as modelagens feitas na proxima secao 4.2 esta

presente na secao 4.3.

4.2 Equacao

Como ja foi mostrado anteriormente, a equacao diferencial a ser resolvida:

µ∂u

∂y− ρu′v′ = τw (4.1)

Usando o modelo de comprimento de mistura e dividindo a equacao por ρ :

ν∂u

∂y+ l2

(∂u

∂y

)2

=τwρ

(4.2)

A priori, o objetivo era propor um comprimento de mistura (l), tal qual a equacao

tivesse uma solulao analıtica e ao mesmo tempo seja suficiente para todo o perfil de

velocidade. Uma boa proposta para o comprimento de mistura e aquela proposta

por VAN DRIEST [1956]:

l = κy( 1− e−yA )

21

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Quando y → ∞ , e−yA → 0, o comprimento de mistura tende a comprimento de

mistura de Prandlt, Adicionalmente, quando y → 0, e−yA → 1, l → 0 , reduzindo

os efeitos turbulentos para valores pequenos de y.

Entretanto, sabe-se que a equacao com esse comprimento de mistura nao possui

solucao analıtica. O que foi proposto, portanto, foi uma modelagem similar, onde o

termo ao quadrado foi alterado por um termo simples e para nao perder a dimensao

de velocidade, a velocidade caracterıstica foi multiplicada:

− u′v′ = uc∂u

∂y

(κy( 1− e−

yA ))

(4.4)

Desse modo a equacao a ser resolvida e a seguinte:

ν∂u

∂y+ uc

∂u

∂y

(κy( 1− e−

yA ))

=τwρ

(4.5)

Colocando∂u∂y em evidencia:

(ν + uc

(κy(1− e−

yA )))∂u

∂y=τwρ

(4.6)

Adimensionalizando a equacao:

∂u+

∂y+=

1(1 + κy+( 1− e− y

+

A )) (4.7)

Onde u+ = uuτ

e y+ = νyuτ

22

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Ao propor essa modelagem, foi importante avaliar se, de fato, ela e suficiente.

Um jeito de realizar essa verificacao e comparar o valor de ∂u+

∂y+ com resultados

numericos de DNS (direct numerical simulation). Foi verificado que essa modelagem

nao coincidia perfeitamente com os dados do DNS para nenhum valor de A na regiao

de interesse, a camada amortecedora.

Para melhorar esse resultado, foi proposto uma ligeira modificacao:

∂u+

∂y+=

1(1 + κy+(1− e− y

+

A )(tanh2 (ln b− y+

A)) (4.8)

Essa segunda modelagem apresentou uma concordancia melhor, como sera mos-

trado na proxima secao.

4.3 Tratamento Analıtico

4.3.1 Primeira modelagem

Integrando ambos os lados da equacao (4.7) chega-se ao seguinte:

u+ =

∫dy+(

1 + κy+( 1− e− y+

A )) (4.9)

Infelizmente, nao e possıvel resolver tal integral analiticamente. O que foi feito,

entao, foi expandir o integrando em uma serie de potencia ao redor de z = e−ay+

= 0

, da seguinte maneira:

f (z) =1

(1 + κ (− ln z/a) ( 1− z ))

onde y+ = − lnza

Serie de potencia:∞∑n=0

an(z − z0)n

Resultado obtido usando o Wolfram Mathematica:

an =a(κ (− ln z))n

(a− κ ln z)n+1

Dessa maneira obtem-se:

a0 =a

(a− κ ln z)

23

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a1 =−aκ ln z

(a− κ ln z)2

a2 =aκ2 ln2 z

(a− κ ln z)3

a3 =−aκ3 ln3 z

(a− κ ln z)4

. . .

Assim:

f (z) =1

(1 + κ(ln z/− a)( 1− z ))= a0 + a1 (z − 0) + a2(z − 0)2 + . . .

Resultando em:

f (z) =1

(1 + κ(ln z/− a)( 1− z ))=

a

(a− κ ln z)+−aκ ln z

(a− κ ln z)2 +aκ2 ln2 z

(a− κ ln z)3 +. . .

Agora, basta fazer z → e−y+

A e a = 1/A:

f (z) = frac1(1 + κ(ln z/− a)( 1− z )) =1

(1 + κy+)+

κ y+e−y+

A

(1 + κy+)2 +2κ2y+2e−

2y+

A

(1 + κy+)3 +. . .

Voltando para a equacao (4.9):

u+ =

∫ (1

(1 + κy+)+

κy+e−y+

A

(1 + κy+)2 +2κ2y2e−

2y+

A

(1 + κy+)3 + . . .

)dy+

u+ =ln (1 + κy+)

κ+

e−y+

A (κ + e1A( 1

κ +y+) ( 1A

+ κ)

(1 + κy+)Ei[−1+κy+

Aκ ]

κ2 (1 + κy+)+

e−2y+

A κ

(2(1+κy+)

A+κ(3+4κy+)

)(1+κy+)2 + 2e

2Aκ (2

(1A

)2+ 4κ

A+ κ2)Ei[−2(1+κy+)

Aκ ]

κ3+ . . . + C

Onde C e a constante de integracao e Ei a funcao integral exponencial.

Para determinar o valor dessa constante, deve-se aplicar a condicao de contorno:

24

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u+ (0) = 0

Logo,

C= -

(ln (1)κ +

(κ+e1A( 1

κ )( 1A

+κ)(1+κy+)Ei[− 1Aκ ]

κ2 +

κ( 2A

+3κ)(1+κ+)2 + 2e

2Aκ (2

(1A

)2+ 4κ

A+ κ2)Ei[− 2

Aκ ]

κ3+ . . . )

4.3.2 Segunda Modelagem

Para a segunda modelagem a solucao passa a ser:

u+ =

∫dy+(

1 + κy+( 1− e− y+

A )(tanh2 (ln b− y+

A)) (4.10)

Assim como anteriormente, essa integral nao possui primitiva. Assim, expandindo

o integrando em serie:

f (z) =1(

1 + κ (− ln z/a) ( 1− z )(tanh2(ln bz))

onde y+ = − lnza

Serie de potencia:∞∑n=0

an(z − z0)n

Resultado obtido usando o comando series do Wolfram Mathematica:

a0 =a

(a− κ ln z)

a1 =−aκ ln z

(a− κ ln z)2

a2 =(aκ ln z)(−4ab2 + κ(1 + 4b2 ln z))

(a− κ ln z)3

a3 =(4a2b2κ ln z − aκ3(1 + 4b2 ln z3))

(a− κ ln z)4

. . .

25

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Resultando em:

f (z) =a

(a− κ ln z)+−aκ ln z

(a− κ ln z)2 z +(aκ ln z)(−4ab2 + κ(1 + 4b2 ln z))

(a− κ ln z)3 z2 + ...

Como na secao anterior, z foi substituıdo por e−ay+

e constante de integracao C

foi obtida usando a condicao de contorno u+(0) = 0

4.4 Avaliacao da solucao

4.4.1 Afastado da parede(y → ∞)

Observando o tratamento analıtico para a primeira modelagem mais detalhada-

mente, observa-se que esta apresenta a seguinte caracterıstica:

u+ =ln (1 + κy+)

κ+ f

(e−

y+

A , Ei(−1 + κy+

Aκ)

)+ Constante

Quando y+ →∞, f(− y

+

A , Ei(−1+κ+

Aκ ))→ 0, obtendo:

u+ =ln (1 + κy+)

κ+ Constante

Como essa constante e funcao de “A”, o seu valor foi definido de tal maneira que

Constante = 5, conforme mostrado no proximo capıtulo. Vale ressaltar que para

valores grandes de y+ a u+ encontrado e praticamente equivalente ao perfil que a

teoria demonstra com a excecao de que no lugar de ln (y+) esta ln (1 + κy+), porem

para valores suficientemente grades de y+ essa diferenca se mostrou irrelevante.

O tratamento analıtica da segunda modelagem demosntrou o mesmo comporta-

mento.

4.4.2 Proximo da parede(y+ → 0)

Nao e trivial verificar que o perfil de velocidade tende a uma reta para valores

pequenos de y+, porem no proximo capıtulo foi feito uma comparacao com o perfil de

reta presente na literatura e e possıvel verificar que a solucao encontrada apresenta

um comportamento satisfatorio.

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Capıtulo 5

Resultados e Discussao

5.1 Resultados

Nesse capıtulo, e apresentado os resultados comparativos entre as duas novas

proposicoes, os dados experimentais e as proposicoes existentes.

5.2 Analise das Derivadas

Como dita anteriormente, uma boa maneira de verificar se a modelagem e boa

para a descricao do perfil de velocidades e compara-la com dados de DNS. A seguir,

apresenta-se o comportamento da primeira modelagem quando variamos a constante

a = 1/A. Essa verificacao foi realizada usando o comando Manipulate do Wolfram

Mathematica:

∂u+

∂y+=

1(1 + κy+( 1− e− y

+

A )) (5.1)

Figura 5.1: Comparacao ∂u+

∂y+ para a =0.01; a= 0.02 e a = 0.03

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Realizando uma analise dos graficos, e facil perceber que nao e possıvel determinar

um valor de a tal qual a funcao a ser integrada coincida com os pontos do DNS. Ao

mesmo tempo, e possıvel determinar que o valor de a otimo, que minimiza a erro,

esta entre 0.01 e 0.03.

Para a segunda modelagem, usando o comando Minimize do Wolfram Mathe-

matica, pode-se varia os valores de a = 1/A e de b para a funcao se adequar a

curva:

∂u+

∂y+=

1(1 + κy+(1− e− y

+

A )(tanh2 (ln b− y+

A)) (5.2)

Figura 5.2: Comparacao ∂u+

∂y+ com a nova modelagem

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5.3 Numero de termos

E evidente que para a analise da solucao, nao e possıvel considerar uma serie

infinita. Ao mesmo tempo, sabe-se que o valor da constante a = 1/A no primeiro

caso e (a, b) no segundo caso sao definidos fisicamente de tal modo que a funcao

tenda a u+ = 1κ ln y+ + 5 para valores grandes de y+. Foi verificado que esse valor

varia em funcao do numero de termos da serie. A seguir, sera apresentado uma

tabela comparando o valor da funcao e os resultados experimentais de SIMPSON

[1967]. Foram selecionados dois conjuntos de dados(SIMPSON1,SIMPSON2). As

contantes foram determinadas de tal maneira que o erro em comparacao a esses

dados fosse minimizado. O comando usado para minimizar o erro foi o Minimize

do Wolfram Mathematica. O objetivo e determinar o menor numero de termos que

apresenta resultados suficientemente aceitaveis.

A tabela abaixo apresenta uma comparacao entre a nova proposicao e os resultados

experimentais de SIMPSON [1967]. εmedio e a diferenca relativa media entre o valor

da funcao e o resultado experimental e εmax o erro relativo maximo encontrado.

Definidos abaixo:

εmedio =1

N

N∑i=1

hi [y+Simpson1]− u+

i Simpson1

u+i Simpson1

εmax = max

(h [y+Simpson1]− u+Simpson1

u+Simpson1

)

Tabela 5.1: comparacao do numero de termos

a=1/A A εmedio εmax

n=2 0.01610 62.11 11.82% 21.55%n=3 0.02227 44.90 9.00% 17.57%n=4 0.02536 39.43 7.71% 15.70%n=5 0.02696 37.09 7.08% 14.77%n=6 0.02780 35.97 6.75% 14.29%n=7 0.02826 35.38 6.57% 14.04%n=8 0.02852 35.06 6.47% 13.90%n=9 0.02866 34.88 6.41% 13.83%n=10 0.02874 34.79 6.38% 13.80%n=11 0.02879 34.73 6.36% 13.77%n=12 0.02882 34.70 6.35% 13.76%n=13 0.02884 34.68 6.35% 13.76%n=14 0.02885 34.67 6.34% 13.75%n=15 0.02885 34.66 6.34% 13.74%

Como a a partir do decimo termo a variacao de do numero de termos possui

pouca influencia no erro, foi decidido escolher 10 termos. Assim, A=34.79.

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A mesma comparacao foi feita usando a segunda modelagem. Pode-me verificar

que com um numero muito menor de termos pode-se obter resultados melhores:

Tabela 5.2: comparacao do numero de termos da nova proposicao

a=1/A b εmedio εmax

n=2 0.03888 0.5908 2.40% 5.321%n=3 0.04341 0.5432 1.96% 4.156%n=4 0.04973 0.5721 1.64% 4.160%n=5 0.05326 0.6946 2.03% 6.892%

E importante ressaltar que erro nao decaiu com o acrescimo do quinto termo.

Isso acontece, pois a Tanh[y] cria ondulacoes na funcao, como sera visto na proxima

sessao.

5.4 Erro Comparativo

Para algumas das proposicoes foi realizado uma comparacao do erro em relacao

aos dados do Simpson.

Tabela 5.3: comparacao diferentes proposicoes dados experimentais de SIMPSOM1

Proposicao εmedioNP(Modificada) 1.50%

Spalding 1.92%Musker 2.77%

Van Driest 3.23%Rotta 4.51%

Reichardt 4.52%Popovac eHanjalic

6.65%

Tabela 5.4: comparacao diferentes proposicoes dados experimentais de SIMPSOM2

Proposicao εmedioNP(Modificada) 1.85%

Spalding 2.27%Musker 2.13%

Van Driest 2.70%Rotta 4.73%

Reichardt 3.70%Popovac eHanjalic

5.75%

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5.4.1 Comparacao Spalding e Nova proposicao modificada

Como a teoria de Spalding apresentou valores muito proximos aos valores da

nova proposicao, foi feito uma comparacao mais detalhada entre essas formulacoes

na regiao da camada amortecedora. Pode-se verificar que para alguns pontos a nova

teoria se mostra melhor, porem para outros pontos o contrario acontece.

Tabela 5.5: comparacao Spalding e a nova proposicao modificada

y+ 4.99 5.92 6.84 7.77 8.69 9.62 10.54 12.39 15.17 18.87 23.49 29.97

u+ 5.06 6.13 6.69 7.32 7.91 8.49 8.92 9.68 10.64 11.64 12.48 13.19

Spaldingu+

4.94 5.79 6.58 7.30 7.93 8.48 8.97 9.76 10.66 11.51 12.28 13.06

ErroSpalding

2.47% 5.58% 1.63% 0.3% 0.25% 0.02% 0.51% 0.81% 0.18% 1.11% 1.57% 0.95%

u+Novaproposicao

5.30 6.10 6.82 7.47 8.04 8.55 9.62 9.80 10.72 11.63 12.44 13.24

ErroNovaproposicao

4.59% 0.46% 2.01% 2.02% 1.65% 0.778% 0.99% 1.14% 0.76% 0.12% 0.3% 0.38%

5.5 Equacao do atrito

A figura 5.3 a seguir compara resultados experimentais do ANDERSEN PS [1972]

com a equacao (2.34). Como pode ser visto, existe uma boa concordancia com o

resultado.

5.6 Comparacao entre a nova formulacao para a

lei da parede com teorias de diversos diversos

autores

Essa secao tem como objetivo dar ao leitor uma demonstracao visual das teo-

rias abordadas. Abaixo, estao contidos graficos que comparam a nova proposicao

modificada e as teorias discutidas no presente trabalho. A proposicao em azul e

proveniente da primeira modelagem, a proposicao em vermelho da segunda.

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Figura 5.3: Comparacao dos resultados experimentais de ANDERSEN com a equacao(2.34)

Figura 5.4: Comparacao entres a formulacoes do presente trabalho

Figura 5.5: Comparacao com a teoria de Reichardt

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Figura 5.6: Comparacao com a teoria de Rotta

Figura 5.7: Comparacao com a teoria de Van Driest

Figura 5.8: Comparacao com a teoria de Rannie

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Figura 5.9: Comparacao com a teoria de Spalding

Figura 5.10: Comparacao com a teoria de Rasmussen

Figura 5.11: Comparacao com a teoria de Musker

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Figura 5.12: Comparacao com a teoria de Haritodinis

Figura 5.13: Comparacao com a expressao alternativa de SILVA FREIRE [2016]

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Capıtulo 6

Consideracoes Finais

6.1 Conclusao

Neste trabalho foi feito uma breve revisao sobre escoamento turbulento sobre

uma placa plana e foi mostrado teoria de diversos autores sobre o assunto. Dessa

maneira, foi elaborada uma nova forma de calcular o perfil de velocidades medio

para o caso bidimensional, sem gradiente de pressao sobre uma placa plana. Foram

elaboradas duas modelagens para descrever o fenomeno.

Cada um das formulacoes apresentadas possuem algum tipo de deficiencia. REI-

CHARDT [1940] e VAN DRIEST [1956] propuseram comprimentos de mistura que

necessitam uma integracao numerica. Porem, a teoria de REICHARDT [1940] ultra-

passa ligeiramente os dados experimentais, enquanto que a de VAN DRIEST [1956]

apresenta uma concordancia muito boa. A teoria de SPALDING [1961] tambem

apresenta uma boa concordancia, porem e na forma implıcita, assim como a teoria

de RASMUSSEN [1975], que apresentou valores ligeiramente menores que os dados

experimentais. RANNIE [1956] e HARITONIDIS [1989] propuseram perfis que sao

validos apenas para y+ < 27.5. As teorias de ROTTA [1950] e BARENBLATT [1993]

necessitam definicoes nao triviais, δ+l no caso de Rotta e o numero de Reynolds para

escoamentos em camada limite no caso de Barenblatt. Por fim, MUSKER [1979]

propos uma teoria com boa concordancia e facil utilizacao.

A teoria desenvolvida foi testada com base nos dados experimentais obtidos por

ANDERSEN PS [1972] , SIMPSON [1967] e PURTELL et al. [1981] apresentando

boa concordancia. Ela foi tambem comparada com as teorias presentes na literatura

e demonstrou resultados melhores em muitos dos casos.

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6.2 Trabalhos Futuros

Neste trabalho foi desenvolvido um tratamento analıtico para as modelagens

propostas. Esse tratamento baseia-se em expandir a modelagem em uma serie e

gerou bons resultados, mesmo com um numero pequeno de termos.

Tudo leva a crer que essa metodologia pode ser replicada para diversas outras

situacoes. Portanto, o passo a seguir seria utilizar essa forma de calcular o perfil de

velocidades para diversos outros casos, como por exemplo: quando o gradiente de

pressao nao e nulo, quando existe rugosidade ou injecao. Assim, poderia-se verificar

se essa metodologia e suficiente para outros tipos de escoamento.

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