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OUTUBRO 2008 Francisco Rocha

Treino Físco para crianças e Jovens atletas de Rugby - curso · 3 Outubro 2008· Francisco Rocha Introdução O desporto de competição tem sofrido uma evolução muito significativa

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OUTUBRO 2008

Francisco Rocha

2 Outubro 2008· Francisco Rocha

Índice Introdução Pag. 3

Objectivos Pag. 4

Treino físico no Rugby Pag. 4

Necessidades do jogo Pag. 8

Princípios de Treino Pag. 11

Planeamento & Planificação Pag. 13

Treino de Força para crianças atletas Pag. 17

Treino da Velocidade e Destreza Pag. 22

Coordenação Pag. 27

Flexibilidade Pag. 28

3 Outubro 2008· Francisco Rocha

Introdução O desporto de competição tem sofrido uma evolução muito significativa na última década,

o nível de exigência imposto aos atletas e a todos os elementos intervenientes no proces-

so desportivo é cada vez mais elevado. Este assumiu o caminho da profissionalização e,

desta forma, o seu organigrama teve de ser alterado para conseguir dar resposta às

necessidades inerentes à sua prática.

O Rugby teve que se ajustar a esse novo caminho, outrora era uma modalidade que se

destacava pelo seu amadorismo e onde não havia espaço para a profissionalização. Con-

tudo, agora é bem diferente, o Rugby como actividade profissional viu-se necessitado de

reestruturar o seu funcionamento. Este movimento levou a um novo modelo de organiza-

ção.

A aposta que se tem verificado no Rugby nacional deriva de uma estrutura mais profissio-

nalizada e com formação específica, onde a Selecção sénior tem sido o expoente máximo

dessa mudança neste últimos anos.

Para que seja possível continuar a alcançar os resultados desejados é necessário aumen-

tar a fonte de recrutamento e apostar na formação de mais crianças e jovens praticantes

de Rugby.

A recente proeza da nossa Selecção A, apurando-se para a fase final do Campeonato do

Mundo e o desenvolvimento de acções publicitárias junto dos meios de comunicação per-

mitiram uma campanha de divulgação da modalidade e que se desencadeou por um

aumento muito significativo da procura do Rugby.

A qualidade do Rugby nacional deriva da capacidade de formar mais e melhores jovens

jogadores e proporcionar que estes possam passar por todas as etapas de formação sem

que lhes faltem as condições necessárias para o seu desenvolvimento.

4 Outubro 2008· Francisco Rocha

Objectivos A presente formação tem como principal objectivo mostrar aos treinadores e atletas a

importância do treino físico em crianças e jovens atletas de Rugby. O desenvolvimento

das suas capacidades físicas é uma condição importante para que se consiga uma melho-

ria do rugby nacional. É comummente associado ao rugby luso uma boa capacidade técni-

ca, no entanto, também é sabido das dificuldades e o deficit físico que os nossos jogado-

res apresentam comparativamente com os jogadores estrangeiros.

Através desta formação, procuramos mostrar a importância de um treino físico abrangente

que promova um equilíbrio muscular e minimize o risco de lesão que advém da prática

desportiva. Desta forma, torna-se importante:

• Perceber quais os aspectos físicos a trabalhar com crianças até aos 14 anos (períodos

sensíveis do desenvolvimento);

• Ensinar aos treinadores as técnicas base de trabalho físico, e a forma como este pode

ser integrado nos treinos de crianças e jovens de forma lúdica e divertida;

• Promover o ensino de rugby com qualidade e uniformizar os processos de treino técni-

co associado aos aspectos físicos.

Treino físico no Rugby

O treino físico em crianças deve ser sujeito a uma análise cuidada e muito específica. Este

não pode ser entendido como um prolongamento do treino dos séniores adaptando alguns

pormenores às crianças.

O futuro destas crianças enquanto jogadores de Rugby começa-se a definir nessas ida-

des, um planeamento incorrecto do treino pode causar prejuízos no seu desenvolvimento

pessoal e desportivo.

Primeiro, importa definir o que se entende por crianças e jovens atletas. Crianças são

aqueles que têm idades até aos 14 anos. A partir dos 14 anos já são considerados jovens

atletas.

5 Outubro 2008· Francisco Rocha

A maturação das crianças assume um espectro de variação muito amplo. Quando se tra-

balha com estas idades devemos ter a preocupação de balizar os objectivos a atingir. O

rendimento deve ser procurado a longo prazo e o principal objectivo é proporcionar um

desenvolvimento onde o equilíbrio muscular seja palavra-chave.

A condição física de um atleta é um conjunto estabelecido pela relação entre as diferentes

qualidades físicas. Estas podem ser gerais quando definidas por um todo ou específicas

quando associadas a determinadas acções desportivas. Cada modalidade desportiva tem

a sua especificidade e o ênfase dado a cada uma delas varia em função da mesma.

O treino físico no Rugby apresenta-se dividido em três categorias: Condição física geral;

Condição física específica; e as necessidades individuais dos atletas.

1. Condição física geral o Capacidade Cardiovascular (VO2 máximo);

o Força;

o Velocidade;

o Destreza física (Skills) – o desenvolvimento desta capacidade é muito importan-

te no treino físico de crianças;

Actualmente no Rugby moderno existem novos factores que são incluídos neste item, tal

como, a composição corporal. O Rugby deixou de ser uma modalidade para “gordos” e,

pelas exigências impostas a nível físico, passou a necessitar de atletas com estruturas

morfológicas devidamente desenvolvidas. A composição corporal assume, agora, uma

preponderância significativa. Surge a relação Peso Corporal Vs % de Massa Gorda. São

necessários atletas com estruturas físicas bem desenvolvidas contudo, com índices de

Massa Gorda reduzidos.

A composição corporal não deve ser vista como factor primordial no desenvolvimento das

crianças, visto que, dependo da sua maturação pode apresentar discrepâncias bem notó-

rias.

A condição física para o Rugby desenvolve-se pela interacção das categorias anteriormen-

te mencionadas.

6 Outubro 2008· Francisco Rocha

o Capacidade Cardiovascular (VO2 máximo);

Apesar da Resistência cardiovascular ser um parâmetro muito importante no trabalho de

base no desenvolvimento da condição física para o Rugby, esta tem o seu período sensí-

vel a partir dos 14 anos. Com idades inferiores não se torna necessário fazer um trabalho

específico para o desenvolvimento desta qualidade. Pode-se promover essa melhoria

através de um trabalho cruzado com outra actividade que permita o desenvolvimento da

resistência cardiovascular.

o Força; Um dos aspectos onde o Rugby nacional tem sentido maior deficit é, sem dúvida, na Força

e Potência Muscular. Em termos genéricos apresentamos menores índices de Força e de

Potência, nesse sentido, torna-se imperativo começar a aplicar na sessão de treino a

melhoria destas qualidades. O treino de Força em crianças traz muitos benefícios a médio

e longo prazo. Para tal, só é necessário entender algumas considerações importantes

sobre a sua aplicação e algumas limitações impostas pelo seu nível de maturação.

o Velocidade;

Esta qualidade tem um papel muito importante no desenvolvimento das crianças. Estudos

recentes demonstram que o jogo de Rugby tem cada vez mais períodos de sprint nas suas

acções e um dos objectivos principais é associar a velocidade ao ritmo de jogo. Para que

se consiga esse intento é necessário ter jogadores rápidos e capazes.

A velocidade está muito associada ao treino de crianças porque nesta fase é um dos

períodos sensíveis para o seu desenvolvimento. Então, deverá ser dado um protagonismo

grande na sessão de treino.

7 Outubro 2008· Francisco Rocha

o Destreza física (Skills);

Este parâmetro visa desenvolver um reportório motor vasto na criança. Promover diferen-

tes habilidades que permitam à criança ajustar-se às situações que advêm da prática do

jogo. Destreza manual (manuseamento da bola - Handling), equilíbrio, coordenação e dis-

ponibilidade física.

2. Condição física específica

Este parâmetro está associado às necessidades específicas de cada modalidade. O

Rugby como desporto colectivo de evasão e de combate têm exigências específicas no

seu desenvolvimento, tais como, potência e Força muscular. O desenvolvimento dessas

qualidades está relacionado com a caracterização da modalidade. Não esquecer que para

se desenvolver determinada característica devemos entender qual a sua interacção com o

jogo.

Este parâmetro assume particular destaque em escalões superiores, Sub-18, Sub-20 e

Seniores.

3. Necessidades Individuais dos jogadores

O treino em crianças deve ter a preocupação de promover a condição física geral em

detrimento de uma especialização precoce e limitativa.

O desenvolvimento da capacidade motora da criança deve ser prioridade. Esta engloba

quatro (4) elementos-chave: locomoção, equilíbrio, Handling e capacidade de decisão.

8 Outubro 2008· Francisco Rocha

o Locomoção consiste em desenvolver os seguintes comportamentos: andar,

correr, mudanças de direcção e de ritmo, deslocamentos laterais, correr de cos-

tas, “Side-setpping”, etc.

o Equilíbrio divide-se em estático e dinâmico. O equilíbrio estático é um elemento

fundamental em situações estáticas do jogo, onde existe um potencial equilíbrio

de forças que actuam (Ex: Formação Ordenada). Equilíbrio dinâmico aparece

como factor preponderante nas situações em que os atletas têm de se ajustar

ao desenrolar do jogo (Ex: atletas de elite conseguem apanhar a bola em movi-

mento em diferentes situações sem perder o controlo do movimento, mudar de

direcção e grande velocidade, formações espontâneas).

o Handling consiste na capacidade do manusear a bola;

o Capacidade de Decisão refere-se à habilidade de ajustar o comportamento

motor às necessidades impostas pela situação de jogo.

Estas componentes podem e devem ser desenvolvidas em especial em crianças e jovens,

visto que, é uma fase onde a aprendizagem e as vivências experimentadas condicionam o

seu desenvolvimento.

Necessidades do Jogo O Rugby é uma modalidade que necessita de uma preparação física, técnica, táctica e

psicológica elevada. O facto de envolver muitas situações de contacto e de confronto físi-

co na disputa de bola faz com a sua preparação tenha de ser muito abrangente.

Na formação de crianças têm de se ter o cuidado de englobar as 4 componentes anterior-

mente mencionadas. Esses 4 aspectos interagem entre eles e definem o grau de exigên-

cia do jogo.

O Rugby é uma modalidade desportiva caracterizada por multi-sprints e multi-acções. Não

é possível estabelecer uma única acção como sendo a mais importante. Há claramente

uma cumplicidade e complementaridade de acções que definem o jogo.

9 Outubro 2008· Francisco Rocha

O treino físico para o Rugby inclui o desenvolvimento de várias qualidades físicas. A resis-

tência aeróbia tem um papel importante num trabalho de base, é o alicerce de qualquer

trabalho físico, no entanto não deve assumir um papel principal durante o desenvolvimento

das crianças. O Rugby como modalidade desportiva caracteriza-se por ser uma actividade

intervalada com muitas variações de ritmo e resistência aeróbia é a base para que seja

possível desenvolver um bom trabalho cardiovascular. Esta assume maior importância

durante o período off-season.

Em crianças e jovens, a fase sensível para o seu desenvolvimento dá-se mais tarde,

depois dos 14 anos. Até esta idade pode-se treinar de forma indirecta através de jogos e

modalidades diferenciadas que potenciem a sua melhoria e tragam um carácter lúdico ao

processo de treino (muito importante quando se trabalha com crianças).

O treino intervalado, ou seja, trabalho cardiovascular com variações de ritmo e intensida-

de, o treino da força, potência e velocidade deve ser a prioridade para desenvolver atletas

de qualidade superior num futuro próximo.

Para se ser um pouco mais concreto no tipo de actividades realizadas num jogo de Rugby,

vamos analisar o tipo de acções por posição e verificar quais os comportamentos predo-

minantes:

Análise do tipo de actividades

1ª e 2ª linha

Actividade Distância total Distância média Frequência

Total distância percorrida

Caminhar

Jogging

Correr

Sprint

4400 m

1000 m

3050 m

363 m

94 m

----------------------

14 m

22 m

14 m

20 m

-------------------

73 143 26

4

Frequência de actividade

Formação ordenada

Formações espontâneas

Actividades estática intensas

Mudança de actividade

35

72

104 639

10 Outubro 2008· Francisco Rocha

Análise do tipo de actividades

3ª linha

Actividade Distância total Distância média Frequência

Total distância percorrida

Caminhar

Jogging

Correr

Sprint

4080 m

992 m

2940 m

368 m

94 m

----------------------

13 m

29 m

11 m

15 m

-------------------

76

154

33

6

Frequência de actividade

Formação ordenada

Formações espontâneas

Actividades estática intensas

Mudança de actividade

35

78

113 693

Análise do tipo de actividades

Linhas atrasadas e médios

Actividade Distância total Distância média Frequência

Total distância percorrida

Caminhar

Jogging

Correr

Sprint

5530- 5750 m

1740-2110 m

2110-2600 m

514-565 m

208-297 m

----------------------

14-22 m

16-20 m

11-13 m

19-24 m

-------------------

120-132 139-159

43-45 12-15

Frequência de actividade

Formações espontâneas

Actividades estática intensas

Mudança de actividade

9-12

9-12

542-599

Fonte:IRFU,2008

Da análise do quadros podemos verificar que o Rugby se caracteriza por uma grande

variedade de acções. A corrida contínua e de longa duração e/ou a caminhada, como se

pode analisar, representam aproximadamente 50% das actividades do jogo. Desta forma,

verificamos que as mudanças constantes de actividade são os aspectos mais relevantes.

11 Outubro 2008· Francisco Rocha

Da referida análise, também se pode constatar a especificidade de cada posição e como

se pode potenciar o seu desenvolvimento. Acções de sprint e força estática assumem par-

ticular destaque.

Princípios de Treino Quando pensamos em realizar um planeamento para qualquer actividade devemos sem-

pre ajustá-lo aos princípios de treino. Estes são as linhas orientadoras do treinador na pla-

nificação do treino físico.

Adaptação

A primeira fase do treino físico é a adaptação, nesta temos de potenciar o desenvolvimen-

to das capacidades de execução, promover a coordenação intra e inter-muscular. A apli-

cação da carga de treino deve ser encarada de forma secundária especialmente em crian-

ças.

Sobrecarga Progressiva

A adaptação muscular ocorre de forma progressiva. O treino deve ser planeado e ajustado

de forma a potenciar o desenvolvimento sem induzir a uma sobrecarga excessiva nas

estruturas articulares. Um mau doseamento das sobrecargas pode levar a desequilíbrios e

prejuízos a longo prazo.

No planeamento devemos, sempre, pensar em dois factores-chave: sobrecarga e progres-

são.

Recuperação

A recuperação das cargas de treino é muito importante, é nesta fase que o corpo se adap-

ta às cargas e aos estímulos aplicados.

12 Outubro 2008· Francisco Rocha

O saber dosear e aplicar correctamente o período das carga e as respectivas recupera-

ções, permite alcançar melhores capacidade de respostas dos atletas.

Especificidade

O Rugby é uma modalidade que tem um nível de exigência muito grande, as diferentes

capacidades físicas tais como, Velocidade, Força, Potência, e Agilidade são constante-

mente solicitadas no seu expoente máximo. No geral, têm-se conseguido, e especialmente

em crianças, bons resultados quando se faz uma abordagem o mais próximo possível das

necessidades do Rugby.

Em crianças e Jovens deve-se partir do desenvolvimento geral e com o avançar da idade,

experiencia e nível de treino procurar um desenvolvimento mais específico.

Variedade

A planificação do treino físico é muito importante para alcançar as adaptações desejadas e

evitar criar patamar de estagnação. Durante o processo de formação muitas vezes não

são criadas condições para que o atleta sinta a sua evolução e desta forma sentir-se moti-

vado para as exigências do treino desportivo.

Diferenças individuais

Cada criança tem características únicas, a sua forma de adaptação pode variar significati-

vamente e o treinador deve ter a capacidade de analisar essas diferenças e ajustar o pro-

cesso de treino.

Reversibilidade

As adaptações ocorridas da mesma forma que se ganham, com o destreino perdem-se ou

diminuem.

13 Outubro 2008· Francisco Rocha

Este facto deve sem relembrado sempre que um ou mais atleta vêem de uma paragem

grande e/ou de uma lesão que inibiu de treinar. Não deve ser esquecida a necessidade de

ajustar a intensidade do treino em função de cada criança.

Interferência

Estudos recentes à análise do rendimento de jovens atletas constatou que existem mais

resultados quando se trabalha cada qualidade física em separado do que utilizada em

processos de treino onde se utiliza o cruzamento de actividades.

Planeamento & Planificação

Quando se fala de planeamento temos de ter em atenção alguns aspectos:

o Como planear um macro ciclo;

o Como planear um mesociclo;

o Como planear um microciclo;

o Como planear a sessão de treino;

Dentro de cada um dos aspectos acima mencionados deve-se ter a preocupação de dividir

a época desportiva em 3 etapas: off-season, pré-temporada e temporada.

É fundamental que o planeamento inclua quais os aspectos essenciais em cada etapa da

época desportiva.

Nas figuras estão representadas a cadeia hierárquica a aplicar no treino físico quer seja no

treino cardiovascular ou no treino da força.

14 Outubro 2008· Francisco Rocha

Objectivos a desenvolver durante a Off-season (4 a 8 semanas)

4. Procurar desenvolver outro tipo de actividades, cujas características sejam de lon-

ga duração e com o tipo de esforço o mais semelhante ao Rugby (acções intervala-

das);

5. Actividades lúdicas e/ou recreativas, utilizar actividades que potenciam o Funfitness,

6. Desenvolver a resistência aeróbia (VO2 máximo), procurar de uma forma indirecta

que as actividades escolhidas tenham uma exigência cardiovascular elevada com

alternância entre actividades contínuas e intervaladas.

Resistência Aeróbia

Potência Aeróbia

Resistência Anaeróbia

Potência Anaeróbia

Pirâmide do Treino cardiovascular

Resistência Muscular

Hipertrofia

Força Máxima

Potência muscular Pirâmide do Treino de Força

15 Outubro 2008· Francisco Rocha

Objectivos a desenvolver durante a Pré-temporada (4 a 6 semanas)

• Procurar fazer um cruzamento entre o Rugby e outras actividades;

• Desenvolver a resistência aeróbia (VO2 máximo);

• Desenvolver a potência aeróbia;

• Treino de força orientado para a Resistência Muscular;

• Agilidade e Destreza;

Objectivos a desenvolver durante Temporada

• Desenvolver a potência aeróbia;

• Treino de força orientado para a Resistência Muscular;

• Agilidade e Destreza;

• Potência Anaeróbia;

• Recuperação (1 semana) – aplicar um microciclo de Recuperação no final de cada

mesociclo. Para que sejam potenciados os resultados em crianças, procurem utilizar

uma actividade diferente neste microciclo e que simultaneamente seja divertida.

16 Outubro 2008· Francisco Rocha

Exemplo de planeamento para crianças atletas

Microciclo off-season Pré-temporada Temporada

2ª feira Natação Força/ Core Training /

Flexibilidade

Força/ Core Training /

Flexibilidade

3ª feira Jogos colectivos Skills / Velocidade /

FunFitness

Skills / Velocidade /

Rugby

4ª feira Skills e técnica ind. Força/ Core Training /

Flexibilidade

Força/ Core Training /

Flexibilidade

5 ª feira Natação ou descanso Treino Aeróbio ou

Natação / Flexibilidade

Skills /

Rugby

6ª feira Jogo de campo Skills /

Mini-jogos

Técnica individual /

Bike ou Natação

Sábado Actividade à escolha Treino Aeróbio Jogo

Domingo Descanso Descanso Recuperação

17 Outubro 2008· Francisco Rocha

Treino de Força para crianças atletas O treino de força aplicado a crianças tem sido alvo de muitos preconceitos. Este estava

rotulado como sendo prejudicial ao desenvolvimento das crianças. Actualmente, com o

desenvolver das Ciências do Desporto, é atribuída grande importância ao treino da força

desde cedo para promover determinadas qualidades físicas.

O treino de força em crianças não deve ser entendido como um prolongamento do treino

aplicado aos adultos. Este tem características e condicionalismos específicos para que

seja possível alcançar os objectivos desejados. É um treino diferente do halterofilista,

bodybuilder ou culturista, cada um tem objectivos bem diferenciados e não deve causar

dúvidas.

O treino da Força implica uma prescrição de exercício individualizado, promovendo o

desenvolvimento geral; o equilíbrio muscular e minimizar o risco de lesões.

Principais benefícios do treino da força em crianças:

o Aumento da força muscular e resistência muscular localizada;

o Redução do risco de lesão durante a actividade;

o Aumento da performance desportiva.

Condições de aplicação do treino de força em crianças:

o A primeira fase do treino é de adaptação neuro-muscular, nessa deve ser dado

ênfase à correcta execução do exercício. A aplicação da carga é um factor secun-

dário;

o Ao montar um esquema de treino deve-se ter a preocupação de utilizar predomi-

nantemente exercícios em máquinas em detrimento dos pesos livres, visto que,

estes têm menores riscos, são mais fáceis de executar e favorecem a adaptação

dos aspectos coordenativos;

18 Outubro 2008· Francisco Rocha

o Na escolha dos exercícios deve-se evitar movimentos que exerçam pressão sobre o

eixo axial da coluna. Este tipo de movimentos induz em maior pressão inter-discal.

Como construir um programa de treino:

o Este procedimento envolve duas características muito importante: técnica de exe-

cução e conhecer o material a utilizar;

o Os exercícios devem ser aplicados em toda a amplitude do movimento (excepção

ao trabalho abdominal);

o Solicitar os estabilizadores do movimento (Core stability) durante a execução;

Procedimentos a ter em conta:

1. Saber a técnica de exercício adequada;

2. Saber a técnica para dar a ajuda;

3. Assegurar a capacidade de superar a carga a vencer;

4. Saber o número de repetições a realizar;

5. Controlar todos os atletas envolvidos no treino;

6. Interromper o exercício de imediato sempre que este não esteja a ser realizado correc-

tamente;

7. Saber o plano de acção de no caso de ser necessário primeiros socorros.

8. Aumente a resistência a utilizar de forma progressiva. Não é importante em crianças

quantificar a % da carga utilizada (não determinar 1RM). Quando se inicia um treino de

força, os primeiros ganhos são muito rápidos, estes devem-se à melhoria dos factores

coordenativos e adaptações neuro-musculares. Os ganhos de força começam a surgir

no final da terceira ou quarta semana de treino regular;

9. É muito importante manter um feedback constante para assegurar a correcta execução

dos exercícios;

10. Em crianças e jovens, a palavra-chave do desenvolvimento é o equilíbrio muscular.

Quando possível utilizar exercícios unilaterais para potenciar o equilíbrio pretendido.

19 Outubro 2008· Francisco Rocha

Formas de Aplicação:

• Treino com o peso do próprio corpo e/ou com resistência de um colega (aplicar a qual-

quer criança);

• Treino de força no ginásio (a partir dos 12 até aos 14 anos);

o Aquecimento de intensidade moderada com a duração de 10 a15 minutos;

o Aplicar 2 a 3 x por semana com, pelo menos, um dia de descanso;

Treino com o peso do próprio corpo e/ou com resistência de um colega (esquema

tipo)

1. Flexão de braços com acção dos músculos estabilizadores (core Stability) – Progres-

são pode ser feita através de um apoio elevado ou Fitball);

2. Agachamento sem sobrecarga ou com a Fitball;

3. Movimento de remada em decúbito dorsal ou em pé, com apoio dos pés com uma toa-

lha/ o barra;

4. Afundos estáticos (splits);

5. Abdução de braços contra-resistido ou com elástico;

6. Flexão plantar unilateral em apoio elevado;

7. Bíceps com toalha ou elástico;

8. Lombar – Elevação alternada de segmentos em 2 apoios ou extensão do tronco com

bola;

9. Abdominal – Flexão parcial e Prancha em isometria;

• Procurar alterar o treino após 4 a 6 semanas, em função do número de vezes realizado

e da evolução verificada;

• Numa 2ª fase incluir: Técnica de corrida, Remadas, saltos e exercícios multidisciplina-

res com a Fitball e os Elásticos;

20 Outubro 2008· Francisco Rocha

Forma de aplicação:

• Utilizar 12 a 15 repetições por série;

• Utilizar em circuito ou por sequência de exercícios;

• No caso do circuito utilizar uma a três voltas;

• No caso da sequência de exercícios uma a três séries por exercício;

• Nos exercícios em que for aplicado a contra-resistência, esta deve ser utilizada de for-

ma a conseguir realizar o exercício;

• O trabalho de Abdominal dinâmico deve ser realizado com 20 a 30 repetições e o iso-

métrico com a duração de 20 a 30 segundos;

Treino de força no ginásio (esquema tipo – 12 a 14 anos)

1. Supino na máquina ou supino horizontal com halteres;

2. Agachamento na Fitball ou Prensa Horizontal (evitar a Prensa a 45º);

3. Remada na máquina ou remada no banco inclinado a 15º com halteres;

4. Afundos estáticos ou Cadeira extensora unilateral;

5. Press de ombros com halteres ou elevação para posteriores do ombro;

6. Cadeira Flexora unilateral;

7. Remada alta ou Encolhimentos com rotação à retaguarda;

8. Gémeos na prensa;

9. Bíceps com halteres

10. Lombar – Banco de Extensão

11. Abdominal – Flexão parcial e Prancha em isometria;

• As sessões de treino devem ter a duração entre 30 a 60 minutos;

21 Outubro 2008· Francisco Rocha

• Exercícios alternativos e/ou substitutos;

o Exercícios com bolas Medicinais;

o Exercícios com elásticos;

o Puxadas com inclinação;

o Triceps;

o Rotadores externos da cintura escapular (muito importante para o equilíbrio do

ombro);

o Core Training – em crianças é fundamental desenvolver a acção doa músculos

estabilizadores do tronco;

• Exercícios avançados:

o Arranques sem carga;

o Arremesso sem carga;

o Diferente tipo de puxadas;

Formas de Aplicação;

• Trabalho realizado por séries ou em circuito;

• O esquema de treino deve incluir 7 a 12 exercícios;

• Utilizar entre 12 a 15 repetições;

• Tempo de descanso entre séries – 1 minuto;

• O trabalho de Abdominal dinâmico deve ser realizado com 20 a 30 repetições e o iso-

métrico com a duração de 20 a 30 segundos;

NOTA: Todo o trabalho muscular desenvolvido com crianças deve promover o desenvol-

vimento do equilíbrio muscular. Deve-se dar ênfase ao trabalho no corpo todo e detrimento

de uma acção por grupos musculares. Trabalhar predominantemente a Resistência Mus-

cular.

22 Outubro 2008· Francisco Rocha

Treino da Velocidade e Destreza Tal como foi anteriormente demonstrado, num jogo de Rugby existe um grande número de

acções realizado em velocidade e associadas a inúmeras mudanças de acção.

Também é sabido que uma das fases sensíveis para o desenvolvimento da velocidade em

crianças é até aos 14 anos, logo o treino tem de potenciar esse desenvolvimento.

Não interessa ter, apenas, atletas muito rápidos, temos de desenvolver a capacidade de

executar acções ligadas ao jogo em velocidade e com a bola na mão. Essa capacidade a

médio / longo prazo vai permitir melhores resultados ao Rugby nacional.

É comum pensar que a velocidade é uma qualidade física inata, determinada pelo seu

potencial genético e que o seu treino está condicionado pelo facto de ser rápido ou não. A

verdade é que a evolução verificada no treino da velocidade é menos visível do que o trei-

no de Resistência. Pequenas melhorias no treino da velocidade representam grandes

ganhos.

As acções em velocidade estão compreendidas entre 15 a 50 metros, logo para desenvol-

vimento desta capacidade não temos a necessidade de aplicar distâncias iguais ou supe-

riores a 100 metros

Formas de Velocidade

• Aceleração (até 30m);

• Velocidade pura (até 60m)

• Resistência de Velocidade (sistema de repetições);

A capacidade de aceleração é extremamente importante para o jogador de rugby, pelo

facto da maioria das acções desenvolverem-se através dessa capacidade. Contudo, não

quer dizer que não treinemos distâncias superiores a 30m, até pelo contrário. O treino com

distâncias superiores habilita os jogadores a maior capacidade na aceleração.

23 Outubro 2008· Francisco Rocha

Métodos para treinar a velocidade

Formas de velocidade Desenvolvimento directo Desenvolvimento indirecto

Aceleração 1. Sprints em plano inclinado

(30 a 50m)

2. Sprints partindo da posição

de parado (20 a 30m)

3. Exercícios em velocidade

(30m)

• Multi-saltos;

• Treino de Musculação;

Velocidade pura 1. Exercícios em velocidade

(40 a 60m)

2. Corrida entre 90 a 100%

da velocidade máxima (60

a 100m)

• Multi-saltos;

• Treino de Musculação;

Resistência de veloci-dade

1. Exercícios em velocidade

(60 a 80m)

2. Corrida entre 90 a 100%

da velocidade máxima (60

a 100m)

• Multi-saltos;

• Treino de Musculação;

• Treino em circuito

Mudanças de veloci-dade

1. Acelerações entre 90 a

100%

2. Exercícios em velocidade

3. Sprints com mudança de

direcção;

4. Corrida com diferentes

velocidades.

24 Outubro 2008· Francisco Rocha

Objectivos:

• Desenvolver a velocidade máxima entre 30 a 50 metros;

Forma de aplicação:

• Aquecimento corporal de intensidade moderada com duração entre 10 a 15 minutos.

Sugestão: jogos de complexidade técnica baixa ou corrida continua);

• 5 a 10 minutos de alongamentos aplicado de forma estática e passiva;

• Realizar 4 a 8 acelerações a intensidades sub-máximas em distância compreendidas

entre 50 a 80 metros. Sugestão: aplicar em exercícios com bola;

• Saltar à corda: tentar fazer períodos de 3 a 5 minutos;

• Utilizando sacos de placagem e/ou sacos de contacto: Murros no saco durante períodos

entre 30 segundos a 1 minuto;

• Utilizando sacos de contacto: empurrar o colega o mais rapidamente numa distância de

5 a 10 metros (possibilidade de realizar progressão metodológica);

• Exercícios de técnica de corrida:

É importante quando aplicamos este tipo de exercício em crianças o façamos em percur-

sos definidos e que permitam controlar correctamente a forma de execução. Sugestão:

aplicar em circuito marcado.

o Skippings: baixo, médio e alto;

o Multi-saltos: saltos a pés juntos, triplo salto; corrida saltada, splits saltados, Aga-

chamento com salto;

o Saltos laterais sobre um cone;

o Saltos laterais em ziguezague;

• Criar períodos de luta: períodos compreendidos entre 2 a 3 minutos. Sugestão: numa

área de 4 a 5 m2 tentar manter (imobilizar) o colega com as costas no chão. Aplicar em

regime de competição por pontos;

• Lançamento da bola medicinal por cima da cabeça;

• Lançamento da bola medicinal para a frente, partindo do meio das pernas;

25 Outubro 2008· Francisco Rocha

• Passe de peito com a bola de medicinal;

• Rotação do tronco com passando a bola medicinal;

• Criar situações de equilíbrio, manter 30 a 60 segundos num só pé ou num apoio eleva-

do;

• Criar percursos definidos para realizar mudanças de direcção;

• Criar percursos definidos onde a mudança de ritmo seja o principal objectivo;

• Para desenvolver a capacidade de arranque procurar utilizar distâncias compreendidas

entre 5 a 20 metros, de preferência integrado em sistemas de competição;

• Para desenvolver a capacidade de aceleração procurar utilizar distâncias compreendi-

das entre 20 a 30 metros, de preferência integrado em sistemas de competição;

• O treino da velocidade torna-se mais efectivo quando aplicado em situações multidisci-

plinares, ou seja, inserir conjuntamente com exercícios de técnica individual, destreza e

coordenação.

• No treino com crianças deve-se evitar aplicar o treino pliométrico sistematicamente. O

treino reactivo acarreta maior risco.

26 Outubro 2008· Francisco Rocha

Como Planear o treino da velocidade:

Para melhorar a velocidade Como:

Melhore o tempo de reacção,

arranque e de aceleração • Treino adaptado às necessidades do jogo;

• Desenvolvimento muscular;

• Treino Funcional: força e potência;

• Treinar acelerações.

Melhore a sua técnica • Desenvolvimento muscular;

• Treino Funcional: força e potência;

• Exercícios de coordenação e técnica de corrida;

• Treino da flexibilidade.

Melhore a sua reacção e

explosão • Movimentos de reacção rápida, pés e mãos;

• Desenvolvimento muscular.

27 Outubro 2008· Francisco Rocha

Coordenação A coordenação é uma das capacidades coordenativas que mais interage na área de

desenvolvimento desportivo da criança. Entre as quais destacamos a Habilidade, Destre-

za, Capacidade e Coordenação.

• Habilidade – é a capacidade, em primeiro lugar, de efectuar acções completas de

movimento (coordenar o movimento) e, em segundo lugar, conseguir aprender rapida-

mente movimentos desportivos e aperfeiçoá-los de forma a aplicar na actividade des-

portiva;

• Destreza – é a faculdade de dominar, controlar e ajustar as acções motoras ao nível de

exigência do momento;

• Capacidade – condição física, motora e/ou psíquica inata, aprendida ou relacionada

com uma disposição natural requerida para a realização de uma determinada activida-

de desportiva;

• Coordenação – esta contempla duas vertentes: acção de coordenar e qualidade da

acção.

É o contemplar diversas situações e torná-las compatíveis, no sentido de criar o resul-

tado pretendido.

Esta qualidade estuda a coordenação motora desde a sua perspectiva fisiológica, onde

se distingue a coordenação intramuscular e intermuscular. A primeira refere-se à inte-

racção do nervo e do músculo dentro da própria fibra muscular e está identificada

como a técnica, específica de cada modalidade desportiva e pode-se identificar como a

sincronização das unidades motoras (factores nervosos). A segunda diz respeito à

acção sincronizada dos diferentes músculos (ex: relação agonista/antagonista).

A coordenação assume particular importância na precisão e economia do movimento.

Desta forma, realçamos a estreita relação entre a: coordenação – habilidade – destre-

za – capacidade.

Em termos desportivos para que haja um bom nível destas qualidade verifica-se a

necessidade de.

28 Outubro 2008· Francisco Rocha

o Bom desenvolvimento da capacidade de observação e percepção.

o Uma memória muito desenvolvida e uma notável fantasia para criar novas situações

com base nos conhecimentos presentes

o Pensamento criativo, lógico, independente e critico. Dado que as exigências intelec-

tuais propostas aos atletas crescem continuamente e que as suas capacidades

intelectuais determinam cada vez mais a sua prestação desportiva, deve-se consi-

derar o desenvolvimento intelectual parte integrante do treino pois as faculdades

intelectuais são determinantes na aprendizagem do treino, na competição e no

resultado.

Flexibilidade Importância da Flexibilidade

Por desempenhar um papel preponderante na capacidade motora do Homem, a flexibili-

dade influência diversos factores da motricidade humana destacando-se:

Aperfeiçoamento motor - Uma boa flexibilidade permite realizar arcos articulares mais

amplos, possibilitando a execução de movimentos e gestos desportivos que de outra for-

ma não seriam possíveis.

Eficiência mecânica – Os últimos 10 a 20% do arco articular são caracterizados por

terem uma resistência muito forte ao movimento provocado pela proximidade do limite da

distensibilidade dos músculos, ligamentos e tecido conjuntivo envolvidos.

Assim, sempre que estiver nestes últimos graus do arco articular do movimento, têm de se

realizar um esforço superior para conseguir a execução completa.

Prevenção de lesões – Este aspecto é, ainda, muito controverso e refere-se à diminuição

do risco de lesões. Apesar de se afirmar que o aumento da flexibilidade reduz o risco de

lesões músculo-esqueléticas, este dado ainda não foi comprovado experimentalmente.

Expressividade e consciência corporal – Uma boa flexibilidade permite realizar os

movimentos com maior elegância, harmonia, menor consumo energético e com amplitu-

des superiores.

29 Outubro 2008· Francisco Rocha

Além disso, permite ao praticante ter consciência dos seus segmentos corporais. Outra

forma de expressão motora também o permite, no entanto, a flexibilidade desenvolve essa

consciência de forma mais apurada.

Em crianças devemos potenciar a aplicação da:

Flexibilidade Estática – É o tipo de flexibilidade que mais facilmente se pode quantificar.

A sua quantificação pode ser realizada através do relaxamento de todos os músculos em

torno da articulação e a mobilização dos segmentos de forma lenta e gradual por agentes

externos, tentando alcançar o limite máximo. Procure manter cada posição durante 20

segundos e repita-a 2 a 3 vezes.

Exemplo de alguns alongamentos a utilizar:

Abdominal Isquiotibiais e gémeos

Adutores e erectores da coluna Parte posterior da perna

30 Outubro 2008· Francisco Rocha

Glúteo e Isquiotibiais Isquiotibiais e lombar

Glúteo e Isquiotibiais Glúteo e lombar

Quadriceps, Isquiotibiais e flexores da anca Isquiotibiais e Dorsal

Dorsal e Triceps Trapézio Ombro Quadriceps

31 Outubro 2008· Francisco Rocha

Gémeos Gémeos Peitoral e ombros