Três estudos de caso - Venezuela

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    1/70

    ISSN: 1518 263s s o c i ~ orasileira ~ _

    d u c ~ o _ u s i c l ~

    revistada

    N \ li v mus

    N18 umero Especialutubro 2 7

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    2/70

    1

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    abem

    Associao

    Brasileira de Educao

    Musical

    revista

    da

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    3/70

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    4/70

    3

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Sumrio

    Editorial ..................................................................................................................................................... 5

    Ceclia TorresSergio Figueiredo

    Conceptions, functions and act ions: teaching music musically ........................................................... 7

    Janet Mills

    Cultura e diversidade na Amrica Latina: o lugar da educao musical ......................................... 15

    Jusamara Souza

    Diversidad musical como desafo ......................................................................................................... 21

    Ana Lucia Frega

    Dilogo interreas: o papel da educao musical na atualidade ..................................................... 27

    Marisa Trench de Oliveira Fonterrada

    Msica, identidade e relaes humanas em um pas mestio: implicaes para a educao musi-

    cal na Amrica Latina ............................................................................................................................ 35

    Beatriz Ilari

    Una concepcin de la educacin musical basada en la experiencia didctica, la prctica musicaly la invest igacin de ms ica ................................................................................................................. 45

    Luis Alfonso Estrada

    Aes em formao musical no Brasil e reflexes sobre as relaes com a cultura ...................... 53

    Alda de Jesus Oliveira

    El Sistema Nacional para las Orquestas Juveniles e Infanti les.

    La nueva educacin musical de Venezuela ........................................................................................ 63

    Freddy Snchez

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    5/70

    4

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Contents

    Editorial ..................................................................................................................................................... 5

    Ceclia TorresSergio Figueiredo

    Conceptions, functions and actions: teaching music musically ........................................................... 7

    Janet Mills

    Culture and diversity in Latin America: musical education s place ................................................... 15

    Jusamara Souza

    Musical d iversi ty as a challenge ........................................................................................................... 21

    Ana Lucia Frega

    Inter-areas dialogue musical educations role in contemporary times .......................................... 27

    Marisa Trench de Oliveira Fonterrada

    Music, identity and human relations in a mixed race country:

    impl ications for musical education in Latin America.......................................................................... 35

    Beatriz Ilari

    A conception of musical education based on didactic experience, musical practiceand music investigation ......................................................................................................................... 45

    Luis Alfonso Estrada

    Actions in musical formation in Brazi l and reflect ions upon their relations with cul ture ................ 53

    Alda de Jesus Oliveira

    The National System for Juvenile Orchestras. Venezuelas new musical education ....................... 63

    Freddy Snchez

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    6/70

    5

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Editorial

    TORRES, Ceclia; FIGUEIREDO, Sergio. Editorial. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 18, 5-6, out. 2007.

    com imensa alegria que lanamos este nmero especial da Revista daABEM, no momento do XVI Encontro Nacional da ABEM e Congresso da ISME naAmrica Latina 2007. Este evento, realizado em parceria com a ISME no perodo

    de 8 a 11 de outubro de 2007, na cidade de Campo Grande-MS, apresenta comotema: Educao musical na Amrica Latina: concepes, funes e aes.

    A ABEM membro da ISME (International Society for Music Education), sendorepresentante daquela instituio nesta regio do mundo. Este evento, em parceria

    com a ISME, proporciona a aproximao de pesquisadores, professores eestudantes da rea de educao musical da Amrica Latina, oportunizando o debate

    e a reflexo sobre temas relevantes. Alm disso, esta parceria refora a posio da

    ABEM no cenrio internacional como instituio slida que a cada ano amplia suaao em favor do desenvolvimento da educao musical no Brasil, atingindo, com

    sua produo, outros pases de lngua latina.

    Esta edio especial da Revista da ABEM, que recebe o nmero 18, foipossvel graas ao patrocnio da NAMM International Music Products

    Association especialmente para a realizao deste evento ABEM - ISME. Destaforma, este nmero especial da Revista da ABEM disponibiliza para a rea de

    educao musical os textos de convidados do XVI Encontro Nacional da ABEM eCongresso da ISME na Amrica Latina 2007, tornando-se um registro importante

    para a comunidade educacional.

    Os textos desta edio foram mantidos nas lnguas originais de seus autores.

    Isto quer dizer que esta edio apresenta textos em ingls, espanhol e portugus.

    No primeiro texto, de Janet Mills (Inglaterra), nossa convidada internacionalpara a conferncia de abertura, a autora apresenta concepes, funes e aes,

    propondo uma reflexo sobre o fazer msica musicalmente. Ao longo do artigo Millschama a ateno para o fato de que educao musical fazer msica: compor,apresentar e ouvir. No aprender sobremsica: os nomes dos instrumentos da

    orquestra, ou a leitura de partituras.

    Os dois artigos que seguem so de autoria de Jusamara Souza (Brasil) e AnaLucia Frega (Argentina), debatedoras da Mesa-Redonda 1 intitulada Cultura e

    diversidade na Amrica Latina: o lugar da educao musical. O texto de Souzaanalisa os debates atuais sobre cultura e diversidade na Amrica Latina e suas

    relaes com a msica e focaliza, dentro desta diversidade, o caso Brasil,destacando que falar sobre a msica brasileira, atualmente, significa incluir vrias

    formas de pensar e fazer msica influenciadas por vrias culturas. J o artigo deFrega, intituladoDiversidad Musical como desafio traz para nossas reflexes nocampo da educao musical aspectos relacionados a temas como globalizao,pluralismo musical, msica de hoje e de antigamente, mdias, dentre outros, na

    perspectiva de pensarmos esta diversidade como um desafio, e no como um dilema.

    Os prximos textos, cujos autores so Marisa Trench de Oliveira Fonterrada(Brasil), Beatriz Ilari (Brasil) e Lus Alfonso Estrada (Mxico), fazem parte da Mesa-

    Redonda 2, cujo ttulo Concepes e funes da educao musical na AmricaLatina. O artigo de Marisa Trench de Oliveira Fonterrada intitula-se Dilogo inter-

    reas - o papel da educao musical na atualidade e apresenta uma revisohistrica da educao musical brasileira ao longo dos ltimos cinqenta anos,

    ressaltando como ela se enfraqueceu na escola, mostrou boa participao em

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    7/70

    6

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    projetos culturais e sociais e fortaleceu-se com as associaes de classe e cursos de ps-graduao. Beatriz Ilari, em seu texto Msica, identidade e relaes humanas em um pasmestio: implicaes para a educao musical na Amrica Latina, pontua que o objetivo

    possibilitar uma discusso sobre concepes e funes da educao musical na Amrica Latina,

    a partir de estudos recentes das cincias cognitivas da msica. O artigo Una concepcin de laeducacin musical basada en la experiencia didctica, la prctica musical y lainvestigacin de

    msica, de autoria de Lus Alfonso Estrada, encerra este bloco e trata de aspectos do escolar, docomunitrio e do profissional no mbito da educao musical.

    Na Mesa-Redonda 3, com o ttulo Aes educativo-musicais na Amrica Latina,apresentamos os textos de Alda Oliveira (Basil) e de Freddy Snchez (Venezuela). O artigo

    Aes em formao musical no Brasil e reflexes sobre as relaes com a cultura, de AldaOliveira, destaca algumas aes que pontuam a educao musical no Brasil, dentre elas as

    polticas, de formao, de interiorizao, de colaborao e as aes na rea de publicaesespecializadas. A seguir temos o trabalho de Freddy Snchez, intitulado El Sistema Nacional

    para las Orquestas Juveniles e Infantiles: La nueva educacin musical de Venezuela. O autor

    prope uma reflexo e anlise de diversos pontos como o papel do lder, do currculo, dofinanciamento, alm de aspectos filosficos, sociolgicos, psicolgicos que subsidiam esteprojeto educacional envolvendo Orquestras Infantis e Juvenis na Venezuela como modelo de

    educao musical na Amrica Latina e no mundo.

    Os artigos aqui publicados trazem enfoques, temticas e perspectivas no campo daeducao musical em uma diversidade de cenrios, linguagens, contextos de formao e atuao,

    mesclando prticas pedaggico-musicais e abordagens tericas e metodolgicas. Encerramos agesto do binio 2005-2007 com grande satisfao e juntamente com o lanamento deste nmero

    especial da Revista da ABEM. Assim sendo, desejamos tambm um timo trabalho e sucessopara o Conselho Editorial da ABEM da prxima gesto.

    Cecilia Torres

    Editora

    Sergio Figueiredo

    Presidente da ABEM

    AgradecimentosA Revista da ABEM agradece aos seus Conselheiros Editoriais e aos pareceristas

    ad hoccitados nesta pgina pelas importantes contribuies ao longo do binio 2005-2007.

    Ana Lcia Louro (UFSM)

    Beatriz Ilari (UFPR)Cssia Virginia Coelho de Souza (UFMT)Cristina Grossi (UnB)

    Eduardo Luedy (UEFS)Esther Beyer (UFRGS)

    Jusamara Souza (UFRGS)Leda de Albuquerque Maffioletti (UFRGS)

    Luciana Del-Ben (UFRGS)Luciane Wilke Freitas Garbosa (UFSM)

    Magali Kleber (UEL)Margarete Arroyo (UFU)Rosane Arajo (UFPR)

    Teresa Mateiro (UDESC)Sonia Albano de Lima (FMCG)

    Sonia Teresa Ribeiro (UFU)Vanda Bellard Freire (UFRJ)

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    8/70

    7

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Conceptions, functions and

    actions: teaching musicmusically

    Janet Mills

    Royal College of Music, Londres

    jmil [email protected]

    Abst ract. Clearly, the organisation of music education varies widely between countries. However,

    global values of music education include that music is taught musically. Music education is musicmaking: composing, performing and listening. It is not learning aboutmusic: the names of orchestral

    instruments, or the decoding of staff notation. In England, as in all countries, we have some examples

    of very fine musical teaching. Some of this work is idiosyncratic. Examples include a 9-13 school

    where the pupils used descant recorder as a medium for composing and performing, that culminated

    in jazz where everyone soloed. In a 13-18 mixed school, boys began using their voices as a

    medium, just as their voices began to change. We also have examples of teaching that is poor. Thecauses may include published schemes of work; bandwagons; dogma; not daring to be different;

    the difficulty of analysing ones own teaching; the difficulty of analysing ones own musical

    development; and underexpectation of students musical development. In the UK we have growing

    numbers of primary and secondary teachers who teach music musically. But we still have much tolearn from other countries.

    Keywords: music education, conceptional education, music education in England

    Resumo. Claramente, a organizao da educao musical varia amplamente entre pases. Entretanto,

    valores globais da educao musical incluem aquele de que a msica ensinada musicalmente.Educao musical fazer msica: compor, apresentar e ouvir. No aprender sobremsica: os

    nomes dos instrumentos da orquestra, ou a leitura de partituras. Na Inglaterra, assim como em todos

    os pases, temos alguns exemplos de educao musical de qualidade. Parte deste trabalho

    idiossincrtico. Os exemplos incluem uma escola para alunos de nove a 13 anos onde os alunos

    usaram a flauta doce como um meio de compor e apresentar, que culminou em um jazz no qual todos

    realizavam solos. J em uma escola mista para alunos de 13 a 18 anos, os garotos comearam acantar como mdios, bem quando suas vozes comearam a mudar. Tambm temos exemplos de

    ensino de baixa qualidade. As causas podem incluir esquemas de trabalho publicados; repetio de

    outros padres; dogma; falta de ousadia para ser diferente; a dificuldade de analisar a prpria

    capacidade de ensinar; a dificuldade de analisar o prprio desenvolvimento musical, e a subestimaodo desenvolvimento musical dos estudantes. No Reino Unido, temos um nmero crescente de

    professores primrios e secundrios que ensinam msica musicalmente. Mas ainda temos muito o

    que aprender com outros pases.

    Palavras-chave: educao musical, concepes educacionais, educao musical na Inglaterra

    Introduction

    I would like to start by thanking you, most

    sincerely, for giving me and my colleague Rosie

    Burt the opportunity to participate in this

    conference. Neither of us have visited Latin America

    before, and so we are looking forward to learning asmuch as possible about your enormous continent, in

    particular its music education, over the next few days.

    We have, of course, seen many television

    programs about aspects of Latin America: the

    cultures, the climate, the people, the history, the

    social challenges and social opportunities. But

    learning from a television programme is never quitethe same as learning first hand. When I watch

    television programmes about things in England that I

    MILLS, Janet. Conceptions, functions and actions: teaching music musically. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 18, 7-14, out. 2007.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    9/70

    8

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    think I know about, I often spend time muttering that

    they have got it wrong. I expect that you may feel

    similarly about some of the television programmes

    about aspects of Latin America. I feel that there are

    parallels here with the need to teach, and learn, music

    first hand.

    Of course, there can be many perceptions of

    even the most simple of events. Some examples of

    wrong, are just a different, and potentially interesting,

    point of view. Some of the most enraging television

    programmes are enraging because they present as

    giving an objective view often through the use of

    some spuriously collected statistics when they are

    really just offering a point of view. The same is true of

    television documentaries about music education, or

    aspects of music education, in various countries ofthe world.

    There can be no doubt that visiting a country

    is more illuminating than reading about it, or watching

    television programmes about it. A Japanese music

    education researcher who recently spent a year

    working in London, and who had only previously met

    the English at conferences when we were a long way

    from home, commented:

    I used to wonder why the English were always talkingabout the weather. Now I know. It is because the

    weather in England is always changing. In Japan, I lookat the calendar and know what clothes to put on..

    and he went on to give a truly English account

    of how he kept waiting for summer to arrive, and had

    become drenched and cold when he set off from a

    sunny London on one day the previous week, and

    the weather broke when he was on his way to

    Cambridge, which is only an hour or so drive.

    I thank you also for allowing me to speak to

    you in English, and for all the time spent by Profes-

    sor Dr Srgio Luiz Ferreira de Figueiredo in translating

    this talk into Portuguese. There would not be anypoint in me attempting to speak to you in Portuguese,

    as I simply do not have the skills! But I am conscious

    of my language deficit whenever I speak at a

    conference in a country where another language is

    spoken. I am equally impressed by the language

    skills of those, for whom English is a second (or third,

    or fourth ) language, and who attend conferences

    in England. Sadly, few concessions are made to them.

    At a conference in Norway, a delegate from

    Sweden who I did not know, and who did not know

    me, commented your English is flawless. Perhapsit is, perhaps it isnt. But I am English, and so

    speaking, and thinking, in English is easier for me.

    Are there global values for music education?

    It goes without saying that the ways in which

    music education is organised differ between our

    different countries.

    In England we have a national curriculum for

    music that must be taught to all students aged 5

    14 in state schools (I know that there is something

    strange about having a national curriculum that is

    compulsory in state schools, but optional in private

    schools, but in England we have largely got used to

    this anomaly). England did not have its first national

    curriculum until 1990 (1992 in music). It has always

    been a document that is slim in comparison to the

    national curriculum of many countries, and leaves

    much to the discretion of teachers. Provided that

    teachers teach their students to compose, perform

    on instruments, sing and listen, and teach them to

    do this in a way that helps them to make progress,

    they will probably meet the requirements of the

    national curriculum.

    However, not all teachers see it this way.

    Some secondary teachers consider that the national

    curriculum is an imposition. Many primary teachers

    think that it is too difficult for them to implement. In

    fact, it only appears too difficult because it is, in my

    view, rather badly written, and supported by some

    official documentation, including schemes of work,that do not make a great deal of sense. Because

    primary teachers tend to lack confidence in teaching

    music (see, for example, Mills 1989) they often think

    that they do not understand the national curriculum

    because of weaknesses in themselves, rather than

    weaknesses in the documentation.

    Music from 5 to 16, which was written by HM

    Inspectors in 1985, is a more friendly and musical

    book for primary and secondary teachers to read, as

    is, I hope, my book Music in the Primary School

    (1991).

    Sweden introduced a national curriculum many

    years before England, but has recently reduced its

    description of its music curriculum to a few bullet

    points. This is because it was thought that teachers

    had ceased to think sufficiently about their teaching.

    It may be many years before other countries become

    ready to dispense with any form of national music

    curriculum. Issues include the availability of training

    for teachers.

    The UK consists of four nations, England,

    Wales, Scotland, and Northern Ireland each withits own national curriculum. The curriculum for Wales

    includes Welsh music, and Welsh music making.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    10/70

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    11/70

    10

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    dentists, non-plumbers, non-gardeners or non-

    headteachers. We all have potential as musicians,

    and even the most famous musicians among us have

    potential that remains untapped. And musical training

    does not always have a comprehensively improvingeffect. Some forms of training may actually interfere

    with the realisation of our musical potential. Working

    in Japan, Hiromichi Mito (2002; 20042) has found that

    students with absolute pitch find it more difficult to

    transpose on keyboard instruments.

    No, when I used musical in this talk, other

    than when I explain further, I use it, as did John

    Paynter, simply to mean of music. Thus, musical

    experience in a classroom engages students all

    students in doing music: making it, creating it,

    responding to it. This means that classroom activitiessuch as looking at a violin, looking at a picture of a

    violin, drawing a picture of a violin, learning to spell

    the word violin, or learning that the great violin

    composer JS Bach had 12 children or that violins

    have four strings are not musical experiences.

    Neither is it musical to have music playing in the

    background rather like wallpaper as students do

    mathematics, or carry out science investigations, or

    move around the corridors or into assembly, or do

    drawing or writing that is unrelated to the music being

    played. And activities such as echoing rhythms, or

    learning about the time values of the different sorts of

    notes used in staff notation, are not musicalexperiences per se either although they can, in

    some circumstances, be educationally helpful

    interludes within them.

    My guess is that most of us would agree with

    most of this. But I look forward to a lively debate with

    you in due course!

    Some examples of good music learning in

    England

    In a later section of this talk I shall be speaking

    to you of bad practice in England. But I would notwish you to think that all of our music education in

    England is bad! So here is an insight into just three

    examples of the more successful music education

    in England. I could have brought many more than

    three examples of good music learning with me, but

    there would not be time to show them.

    All of the examples were in comprehensive (i.e.

    all ability) schools. Everyone in England goes to

    school, and so all ability really does mean all

    ability.

    The first example was at a comprehensive

    school for students aged 8-12 in the north of England.

    Thus it is a middle school with some primary, and

    some secondary, students. There was just one class

    music teacher34, who taught music throughout the

    school. He had been a jazz pianist for many years,

    and his love of music (particularly playing jazz pia-

    no!) pervaded his work at school. He had taught all

    the students to play recorder, not because he was

    particularly keen on Elizabethan music, but because

    he thought that recorder was an instrument that all

    his students could use to play their performancesand compositions.

    The example that I will play to you is a jazz

    performance by an entire class of 12 year olds. All of

    the students soloed, and one of the aspects of this

    performance that I most like is that they soloed in

    different ways. The performance was fun for the

    students, and also gave the teacher an opportunity

    to assess them individually.

    The second example was at another mixed

    comprehensive school in the north of England, this

    time for students aged 13-19. This school based allits performing and composing on singing. The (new)

    head of music was a singer who thought that it was

    important that students sang extensively, and it did

    not occur to him that this might be a problem given

    that boys (in particular) entered the school just as

    their voices were changing. As the teacher did not

    think that he had a problem, there wasnt one!

    The two short examples that I will play you

    are of singing by entire classes of students aged 14.

    This school bands students according to what is

    thought to be their ability, which is assessed mainly

    through subjects such as English and mathematics.It had not occurred to the music teacher that students

    who were less able might sing less well than their

    peers. And so they didnt, as you will hear!

    The third example was at a comprehensive

    school in the middle of England, with students aged

    2Mito, H. 2002; 2004.

    3Other music teachers visited the school to give instrumental lessons to a view students, mainly on orchestral instruments. Parents

    typically have to contribute to the cost of instrumental lessons.4Much effective music teaching in primary schools in England is given by teachers who lack confidence, rather than competence,

    in their ability to teach music, e.g. Mills, J., 1997, p. 29-35; Mills, J., 1995; 1996, p. 122-126; Mills, J., 1993; Mills, J., 1989, p. 125-138.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    12/70

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    13/70

    12

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    It would be difficult to argue that any of this

    was enhancing students education.

    Dogma

    When considering the main influences on

    curriculum development in music over the last century

    or so, it is sometimes possible to spot the following

    pattern:

    Someone has a very good idea: the Kodaly

    concept, an approach to music education of the very

    highest integrity, would be a case in point.

    Disciples grow up around that person, and the

    very good idea spreads.

    The disciples attract their own disciples. These

    second-generation disciples may never meet the

    originator of the very good idea, or read anything that

    the originator has written: they copy what the first

    generation disciples do, without necessarily

    understanding why they do it.

    The very good idea recedes behind the dogma

    that is developing. Teachers put particular ingredients

    into their lessons because these are part of the

    dogma, rather than because they relate to the very

    good idea. As the content of the curriculum becomes

    disconnected from the very good idea, practices

    develop that would be anathema to the originator, butwhich are still credited to the very good idea. An

    example would be the dogma, frequently credited to

    the Kodaly method (note the change of title from

    concept to method as the approach has become

    more dogmatic) that the songs first taught to children

    in England should use only the musical interval soh-

    me. In fact, Kodaly believed that childrens first songs

    should be drawn from their culture. Hungarian folk

    songs are, I understand, frequently based on soh-

    me: English folk songs, and the music that English

    children hear as they grow up, are not.

    The dogma becomes the focus. The disciplesare replaced by gurus who train teachers to carry out

    procedures, without explaining what the procedures

    are for. Teachers feel that it is their fault that they do

    not understand what the procedures are for, and their

    confidence as teachers diminishes. They teach

    lessons that just consist of procedures, and that have

    not been planned to enable students to learn. The

    music education of many students suffers.

    In due course, the dogma falls into disuse.

    Some time later, someone has a very good idea

    Other examples of dogma include the use of

    pentatonic scales when students are composing, on

    the grounds that everything will sound alright. If

    everything sounds alright, why bother? (In practice,

    some teachers in England use only one pentatonicscale: C D E G A.)

    Sometimes teachers create their own dogma.

    An inspector recently told me of a lesson that she

    observed in a secondary school, one of the very few

    secondary schools in England that still teaches the

    descant recorder to all students. (Most secondary

    schools never did this, or gave up a long time ago,

    having observed that the descant recorder is not po-

    pular with many young people.)9The inspector looked

    up from her writing and saw that the student next to

    her was playing not a recorder, but her ruler. Sheheld the ruler like a recorder, resting it on her lip, and

    placing her left hand above her right hand, and with

    her fingers nicely curled and their tips resting on par-

    ticular centimetre marks. She sat upright so that

    she could breathe properly and fingered the notes

    of the melody that the class was playing from the

    board.

    Inspector: Why are you playing a ruler?

    Student: Because I have forgotten my recorder.

    [Inspector pauses to consider, and notices other

    students playing rulers, and one student playing a pen.]

    Inspector: Why is that student over there playing her

    pen?

    Student: Thats what we do when we forget our rulers.

    What is the point of all that?

    Not daring to be different

    Some of the most musically exciting music

    teaching that takes place in schools is idiosyncratic,

    and borne of the specific enthusiasms, expertise and

    interests of a particular teacher.

    The jazz recorder work that I played earlier is

    an example of this. There are many other schools in

    England with an idiosyncratic curriculum that works

    well. I am thinking particularly of a school where all

    the 8 year olds learn to play jazz on harmonicas,

    and a secondary school, with no links with Russia,

    where large groups of students have learnt to play,

    and improvise upon, balalaika to a very high standard.

    I would not wish to discourage any of these schools.

    But neither would I wish to encourage teachers

    who do not have jazz guitar as a fortto make it

    9The teacher who taught jazz recorder, see above, was one of those exceptions who prove the rule.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    14/70

    13

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    compulsory throughout their school. Were I to do so,

    I would be in danger of introducing the next dogma.

    The difficulty of analysing ones own

    teaching

    It is not always easy to stand outside ones

    own teaching and analyse it. Teachers in the UK often

    require help with learning to do this.

    The difficulty of analysing ones own

    musical development

    Teachers in England often learnt to read staff

    notation at such a young age that they cannot imagi-

    ne functioning without it. Consequently, they may

    want to teach it to children before they need it.

    In Music in the Primary School I wrote:

    Staff notation is simply a means of recording some

    types of western music. It is not a code that must be

    understood before any purposeful musical activity can

    take place. Some jazz musicians, and children learningthe violin according to the Suzuki method, for instance,

    cannot read music. Some 20 th century composers,

    including Luciano Berio, have occasionally found other

    forms of notation more appropriate to their purposes.

    And many musical traditions, such as [forms of ] Indian

    music and gamelan music, make little or no use of anywritten notation, let alone staff notation. Thus the study

    of written notation is not relevant to all forms of music

    making, and much worthwhile musical activity in any

    musical tradition can take place without recourse to it.Some music is not staff-notatable: other music is not

    notated.

    Consequently, children need not be taught to read music

    until they are ready to use it. And once they have learnt

    it, it need not become the only way of recording or

    accessing music. Children who have learnt to readmusic in conjunction with piano lessons, for instance,

    still benefit from opportunities to compose by ear at the

    piano, and on other instruments. There is a parallel

    here with spoken language. Children do not learn to

    read and write until they have been speaking for some

    time. And once they have learnt to read and write, they

    do not stop talking to each other.

    Since I drafted that text, in 1989, I haveobserved music being taught in many primary

    schools, and other schools, and now have even

    stronger reservations about the use of staff notation.

    Thousands of students every year are confused by

    teachers well-intentioned, but misplaced, attempts

    to teach them to read rhythms and pitches. It is like

    teaching students to read before they have learnt to

    speak.

    Teachers sometimes forget that they learnt to

    read music using an instrument, for example the

    recorder or piano, which can make a sustained sound,

    and try to teach children partial truths such as that

    a crotchet is twice as long as a quaver using

    clapping. A crotchet clap sounds exactly the same

    as a quaver clap it is only the silence after it thatchanges in length.

    John Holt, in his classic book How Children

    Fail10 first published as long ago as 1964 wrote of

    a child: What she needs is a broom to sweep out

    her mind If she could only forget nine tenths of the

    facts and rules she has all mixed up in her head, she

    might begin to learn something.

    I think that many children in England who have

    been taught to read music before they are ready,

    need a broom too.

    Underexpectation of students musical

    development

    Underexpectation of what students can achieve

    is another obstacle to teaching music musically.

    Expect students to achieve the moon, and they will

    often achieve the stars. Expect them not to be able

    to do even the most basic of musical tasks, and they

    probably wont be able to do them, particularly if a

    teacher has communicated this sense of their

    hopelessness effectively. Underexpectation can arise

    for many reasons, including the use of published

    schemes of work that expect too little, or dogmatic

    approaches to teaching. It can arise also through weak

    diagnosis of students achievement.

    Teaching music musically

    But I would not wish to end this talk by

    speaking of weak teaching and weak learning. There

    is much musical teaching of music in England and in

    the rest of the UK, and I am sure there is much mu-

    sical teaching in all the countries where you live and

    work.

    In Music in the SchoolI wrote of:

    Teachers who are teaching musically, [who] draw in

    students with their differing enthusiasms and

    backgrounds, and leave each of them at least slightly

    better for having been to a lesson. They teach through

    music (not just about music): students spend lessonsmaking music, listening to music and reflecting on music.

    The teachers understand that all forms of notation are

    only a means to an end, that many ends do not require

    notation, and that some ends would be compromised

    by it. They have high expectations of their students:

    they organise lessons so that the sky is the limit, and do

    not oversimplify their teaching material. Their lessons

    10Holt, J., 1984.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    15/70

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    16/70

    15

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Introduo

    No momento em que o mundo vive uma inten-

    sa globalizao e os conflitos tornam-se mais agu-dos, o tema da diversidade cultural vem suscitandoinmeros debates. As divises territoriais, antes tra-adas por critrios geogrficos e geopolticos, dolugar a espaos culturais que so permanentementemodificados pela migrao internacional e pela veloci-dade dos processos de informao e comunicao.

    A Amrica Latina uma regio que tem umaespecificidade significativa nesse contexto atual. Ela marcada no somente pelas diferenas geogrfi-cas, mas tambm pelas suas mltiplas manifesta-

    es culturais. A regio vivencia diversos problemase dificuldades econmicas, como a excluso socialcrescente e o enfraquecimento de seus Estados. No

    Cultura e diversidade na

    Amrica Latina: o lugar daeducao musical

    Jusamara Souza

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

    [email protected]

    Resumo.O artigo analisa os debates atuais sobre cultura e diversidade na Amrica Latina e suasrelaes com a msica. Os fenmenos musicais na contemporaneidade demandam a busca denovas perspectivas analticas capazes de explicar as mudanas nas formas de fazer msica quepor sua vez trazem novas formas de educar musicalmente. As especificidades da Amrica Latinapodem contribuir para a crtica e renovao das teorias e metodologias da educao musical.

    Palavras-chave:Educao musical, diversidade cultural, Amrica Latina

    Abst ract. The paper analyses the contemporary debates on culture and diversity in Latin Americaand their relations with music. The musical phenomena in contemporary times demand the search tonew analytic perspectives capable of explaining the changes in the ways of making music, which,on their turn, bring new ways to musically educate. Particularities of Latin America may contribute tocritics and renovation of theories and methodologies of musical education.

    Keywords: Musical education, cultural diversity, Latin America

    entanto, a especificidade sociocultural atual do con-

    tinente latino-americano tem uma combinao con-traditria, que, segundo o socilogo mexicano, LucioOliver Costilla, localiza-se entre uma intelectualidadeque tem um elevado nvel e a existncia de movi-mentos sociais e polticos que atuam numa situa-o social explosiva. Isso tem gerado amplas pos-sibilidades para o desenvolvimento da sociologia la-tino-americana. (Oliver Costilla, 2005, p. 244).

    Para a educao musical, como uma rea quese comunica com as chamadas cincias sociais(Kraemer, 2000), a vinculao entre cultura e diversi-

    dade entra na pauta de debates, principalmente da-queles relacionados criao de polticas pblicaspara o ensino de msica. Definir em que medida

    SOUZA, Jusamara. Cultura e diversidade na Amrica Latina: o lugar da educao musical. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 18,15-20, out. 2007.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    17/70

    16

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    esses conceitos permeiam nossa rea e refletir so-bre este tema to atual da perspectiva da educaomusical a proposta desse artigo. Para tal, o textoapresenta algumas questes em torno dos proces-

    sos culturais envolvidos na msica da Amrica Lati-na, destacando a msica brasileira.

    Diversidade e cultura na Amrica Latina

    Durante o Seminrio Internacional sobre Di-versidade Cultural, realizado pelo Ministrio da Cul-tura nos dias 27 a 29 de junho de 2007, em Braslia,o professor argentino Miguel Bartolom questionouse era possvel definir diversidade cultural ou se real-mente seria possvel trabalhar a categoria diversida-de cultural pensando na diversidade dos pasesamericanos.Uma das dificuldades estaria na plura-

    lidade de tratamentos que o conceito pode adquirir,isto , a diversidade pode ser vista atravs de diver-sos prismas. Isso permite, por exemplo, que as po-lticas pblicas possam tratar de temas como aquesto indgena ou do afro-descendente de modosextremos, podendo variar de uma abordagemintercultural at a manifestao de um neocolonia-lismo. Para evitar essa ltima posio, segundoBartolom:

    importante perceber como a apropriao e a trocaentre culturas se desenvolvem, fazendo com que noseja possvel, por vezes, afirmar um lugar social esttico

    e permanente para o tratamento de certo grupo. Asexperincias culturais so necessariamenteintercambiantes e fenmenos culturais desse tipo socomuns nos pases americanos, podendo-se citar, porexemplo, as culturas nativas do Mxico e as tradiesreligiosas dos povos andinos, que conjugam a sua raizaxiolgica com a tradio crist. (In: Debatendo oconceito de diversidade cultural.Disponvel em: Acesso em: 8 set. 2007).

    Assim, quando o apropriante e o apropriadoterminam por coexistir, no caberia apelar para umacerta pureza dos povos originrios e das tradies,uma vez que essas manifestaes culturais sotransformadas ao longo da histria. Um exemplo:

    A cultura africana produziu relevantes exemplos dessadiversidade alcanada atravs da apropriao etransformao. A chegada de navios negreiros criouum tipo especial de comunidades etnolingusticas naAmrica. Esse o caso dos Caribes Negros da Guate-mala, resultado da mescla de nativos com descenden-tes africanos. E essas transformaes no criam ape-nas novas prticas culturais, mas fazem surgir atmesmo novas aldeias e territrios, como ocorreu comos Quilombos brasileiros, definindo uma clara demar-cao geogrfica e poltica. (In: Debatendo o conceitode diversidade cultural. Disponvel em: Acesso em: 8 set. 2007).

    Um outro exemplo trazido pelo autor a diver-sidade indgena que se multiplica hoje na AmricaLatina, surgindo novos contextos sociais provoca-

    dos pelas imigraes em massa e a ocupao depovos distintos em certo territrio, como o casodos brasiguaios ou dos peruanos na Argentina.

    Nessa direo, categorias como indgenasou afrodescendentes seriam, segundo Bartolom,arbitrrias, e externas com relao sociedadeque designa e geralmente contemplam dentro desua classificao uma pluralidade de prticas cultu-rais. No caso dos guaranis, essa denominao abran-geria diversos grupos tnicos, atravessando vriosestados constitudos, o que mostraria a elasticida-de desse conceito.

    De outro lado, para compreender os mltiplossentidos que a palavra cultura pode adquirir, vale apena retomar uma breve genealogia do conceito (Sou-

    za, 2001a). A palavra, advinda do latim cultura, signi-ficava o cuidado dispensado ao campo ou gado, eno sculo XIII, na Frana, uma parcela da terra cul-tivada passando mais tarde, no sculo XVI, a signi-ficar no um estado mas uma ao, ou seja, o fatode cultivar a terra. A partir do Iluminismo, o termocultura passa a ser empregado para designar for-mao ou a educao do esprito. A cultura torna-se, assim, uma espcie de dado preexistente aqualquer forma de relao social. O indivduo nopoderia escapar sua cultura (de origem) da mes-ma forma que ela no pode escapar de seus

    caracteres genticos (Cuche, 1999, p.228). Nessaconcepo estigmatiza-se um esprito natural e semcultura, fortalecendo a oposio entre natureza ecultura.

    Contra o universalismo uniformizador doIluminismo, Herder, na Alemanha do sculo XIX, acre-ditava na diversidade de culturas. Nessa concepo,cada cultura dotada de particularidades que seexpressam atravs da lngua, das crenas, dos cos-tumes e da arte. Conforme mencionado em Souza(2001a), Herder acreditava que cada povo, atravsde sua cultura prpria, tem um destino especfico a

    realizar, pois cada cultura expressa sua maneiraum aspecto da humanidade.Sua concepo de cul-tura, caracterizada pela descontinuidade, no exclua,no entanto, uma possvel comunicao entre os po-vos. Com essa viso, Herder pode ser consideradoum precursor do relativismo cultural, ou seja, a crenadas singularidades das culturas. (Souza, 2001a, p. 23).

    Ainda sob a influncia do nacionalismo, oconceito de cultura vai se ligando cada vez mais aoconceito de nao, como escreve Cuche (1999), acultura aparece como um conjunto de conquistas

    artsticas, intelectuais e morais que constituem opatrimnio de uma nao, considerado como adquiri-do definitivamente e fundador de sua unidade (p. 73).

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    18/70

    17

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Dessa forma, o conceito foi oscilando entreuma acepo universalista e particularista. H quese considerar, portanto, que cultura, como um con-ceito mvel e multidimensional, est continuamente

    sendo revisado.

    Diversidade musical na Amrica Latina:

    o caso Brasil1

    Para explicar as dinmicas culturais contem-porneas na Amrica Latina, Garcia Canclini (2000)prope o termo culturas hbridas entendidas comoprocesos socioculturales en los que estructuras oprcticas discretas, que existin en forma separa-da, se combinam para generar nuevas estructuras,objetos y prcticas (p. 62). O autor explica:

    La latinidad siempre fue una construccin hbrida, en laque concluyeron las contribuciones de los pasesmediterrneos de Europa, lo indgena americano y lasmigraciones africanas. Actualmente, esas fusionesconstitutivas de lo latino-americano se amplan eninteraccin con lo anglo por la voluminosa presenciade migrantes y productos culturales latinos en EstadosUnidos. Ms all, lo latino interacta y se remodelatambin en dilogo con culturas de Europa y aun deAsia. (Garcia Canclini, 2000, p. 60).

    Embora o Brasil tambm tenha a diversidadecomo um elemento fundante em suas culturas, onacionalismo das dcadas de 1930 e 1940 procurouconstruir uma identidade unificadora na qual poucose percebia as diferenas dos elementos constituin-tes da nao. Isso pode explicar a cristalizao deduas vises que hoje fazem parte do imaginrio so-bre o Brasil e por conseqncia da msica brasilei-ra. Por um lado o mito da convivncia racial pacficaentre brancos, negros e amerndios, uma supostademocracia racial, baseada na percepo da mis-cigenao como processo harmnico que hoje temsido questionada por vrios tericos2. Por outro, aviso de uma intensa musicalidade de seu povo e doBrasil como um pas do som, um lugar onde maisse faz msica no mundo.

    Esses esteretipos permeiam os discursossobre a msica brasileira, tanto no Brasil como noexterior. Lucas (2000), analisando a representaoda msica brasileira na mdia norte-americana, vna mistura tnica considerada como responsvelpela intuio musical do povo, pela autenticidadefolclrica da criao musical brasileira, um discur-so que reproduz em primeiro lugar a razo do naci-onalismo de Estado, principal articulador e susten-

    tculo de uma identidade brasileira perante outrasculturas. E, em segundo, um discurso que reatualizao tema da diviso intelectual do trabalho entre o pri-meiro e terceiro mundo, entre os que pensam e os

    que sensorializam o real, o que, alis, corresponde concepo emotiva da msica na cultura ociden-tal (Lucas, 2000, p. 2).

    A representao de msica brasileira funda-mentada no s na idia da mistura tnica, mas tam-bm se assenta na hierarquia e assimetria da cultu-ra musical do colonizador europeu sobre a do africa-no e indgena, uma herana dos estudos evolucionis-tas provenientes das teorias raciais do sculo XIX.Assim, por exemplo, o suposto primitivismo dospovos africanos ou de origem afro serviria para o

    entendimento das msicas africanas calcado s nasua dimenso rtmico-percussiva e do seu apelo cor-poral imediato (Lucas, 2000, p.2).

    Atualmente falar sobre a msica brasileira sig-nifica incluir vrias formas de pensar e fazer msicainfluenciadas por vrias culturas. Por isso, seria maisadequado falar sobre msicas brasileiras que voalm do samba e bossa nova, internacionalmentedivulgados pela indstria fonogrfica.

    Com os efeitos da economia, migraes eglobalizao dos meios de comunicao, as ativida-

    des interculturais tm sido intensificadas entre asdiferentes regies do pas. Assistimos a um proces-so de fuso entre as diferentes culturas musicaiscomo, por exemplo, entre o samba e o rap. No en-tanto, apesar da internacionalizao do repertriomusical, algumas manifestaes musicais insistemem manter suas diferenas locais, como a capoeira.

    Pensar sobre a msica brasileira hoje signifi-ca analisar as trocas culturais que hoje atravessamo pas e que fazem com que os limites entre litoral/serto ou morro/asfalto se dissolvam. Dessa forma,a msica brasileira produzida nos ltimos anos pa-

    rece distanciar-se definitivamente das oposiesentre msica culta e msica popular. Os criadorese intrpretes da atual msica popular brasileira tor-nam-se intrpretes privilegiados do nosso cotidiano.Como cronistas, cantam as questes de seu tempo eespao.

    A msica do Brasil tambm lida com o hbridoe com o desfazimento de fronteiras que marca acultura produzida na contemporaneidade. Trs ques-

    1

    Parte das idias discutidas nesse item foi publicada no captulo Outras escutas da msica brasileira, In: Pannizzi, Wrana; MIX, Jorge.(Org.). Brasil desde Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.2Ver Soares 2002; Quintero-Rivera, 2000, entre outros.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    19/70

    18

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    tes parecem estar presentes. A primeira delas se-ria um estilo musical que partindo do local busca oglobal e vice-versa. Um exemplo seria a produomusical de Carlinhos Brown. A origem de seu traba-

    lho est no Grupo Olodum, um grupo de percussoque hoje tem uma importante projeo internacio-nal. Na gravao da msica No woman no cry comJimmy Cliff, o cantor mostra a relao que a culturalocal pode ter com a produo global. Utilizando umatecnologia de ponta, Carlinhos Brown cria um ritmo,a timbalada. So as peculiaridades locais que fa-zem dessa msica o indito e por conseqncia osucesso. Ele afirma em uma entrevista:

    Eu no fao a msica intelectual ou didtica ouliteralmente construda. O que fao msica dosexcludos. S que dentro de toda burrice, de toda

    ignorncia, existe bom gosto. Ns tambm nosinteressamos por Voltaire, Schumann, Beethoven,Jean-Michel Basquiat. (apud Resende, 2002, p. 147-148).

    O conceito de culturas hbridas, proposto porGarcia Canclini, ajuda a compreender essaheterogeneidade multitemporal de cada nao queaparece na msica da Carlinhos Brown. As novastecnologias permitem a mistura dos saberes cultose populares, quebrando a aura em torno da grandemsica. Carvalho (1999) descreve:

    hoje em dia os meios massivos permitem um aumento

    considervel do consumo musical e a distino declasse, ainda que no inteiramente eliminada, comeaa dar lugar a um clima mais cosmopolita, estimulando oconvvio de estilos musicais formalmente muito distintosentre si, mas comensurveis enquanto partes de ummesmo universo miditico que homogeneiza o impactosensorial da msica. (Carvalho, 1999, p. 56).

    A segunda questo para a atual msica brasi-leira o desmanche das fronteiras. Analisando acultura latino-americana, Garcia Canclini (2000, p.76)v a manuteno das especificidades tnicas comorecursos para resistir o modificar la globalizacin yreplantear las condiciones de hibridacin. Dessa

    forma seria possvel, por exemplo, reconhecer a cul-tura local por todo o pas atravs de sua produodiscogrfica. Essas novas configuraes, como re-sultado da produo musical global, traz uma impor-tante perspectiva para discutir as tradicionaisdicotomias. Ou seja, as culturas musicais escapari-am de esquemas binrios de classificao comopopular/erudito, centro/periferia ou escrito/oral (GarciaCanclini, 2000, p. 79).

    Como exemplo podem ser mencionados osnovos movimentos da msica nordestina, destacan-do-se Lenine, Chico Csar, Carlos Malta, Zeca Baleiro

    entre outros. Na viso de Rodrigues (2000), os sonsque eles produzem so enraizados na vastido do

    serto do Brasil, com seus cantos de feiras, cegos,sanfonas, rabequeiros, circos mambembes e bumba-meu-boi. Considerados como novos porta-vozes deum pas muito musical, eles conseguem a magia

    de rimar serto e globalizao. Assim, funcionamcomo antenas, captando sem preconceitos os sonsnovos que vm do pas e do mundo. So capazes dedefender a prosmicuidade da msica onde se per-mite misturar o samba, funk e rap.

    Um outro exemplo dessa gerao opernambucano Chico Sciense, que lana o movimen-to mangue beat. O mangue visto como uma terrafrtil pela troca incessante de matria orgnica entreo doce, da gua dos rios e o sal da gua do mar.Uma metfora, portanto, da necessidade de intensi-

    ficar as trocas culturais.Esses grupos adotam um hibridismo muito

    grande de instrumentos eletrnicos e autctones eat mesmo latino-americanos. Reinterpretam frag-mentos de ritmos tradicionais e de outros que adqui-rem por outras regies do Brasil e do mundo,distorcendo-os pelos sons da guitarra. Para Moacyrdos Anjos, so os primeiros sinais da runa da in-veno do nordeste: um discurso de mais de umsculo que formula uma percepo provincial opostaao seu outro, o sul. Este movimento configura umaidentidade cultural nordestina que legitima e repre-

    senta aquele espao no mais ligado ao regionalistaou tradicionalismo. Uma resposta, portanto, folclorizao acrtica de ritmos e melodias nordesti-nas. Para outros essa novidade musical traz talveza idia mais madura do que seria a identidade cultu-ral nordestina na contemporaneidade.

    Vrios outros grupos tm trabalhado nessadireo, misturando ritmos trazidos por escravos comrodas como, por exemplo, o congado mineiro, detradio portuguesa religiosa com percusses noconvencionais como o grupo mineiro Uakti; ou a fu-so de ritmos jamaicanos com maranhenses como

    o faz Lenine.

    A terceira e ltima questo para a atual msi-ca brasileira o entendimento das msicas da peri-feria dos grandes centros urbanos, ou seja, prticasmusicais que integram o cotidiano de crianas e jo-vens excludos do mundo institucionalizado. Comoa msica est presente? Que sentido tem a msicapara essas pessoas que vivem na periferia? Que ele-mentos musicais integram seu cotidiano, que pro-cessos utilizam informalmente para aprender msi-ca e quais os aspectos relevantes destas prticas?

    Entre as pesquisas desenvolvidas em PortoAlegre, aparecem como tema os msicos de ruas

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    20/70

    19

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    (Gomes, 1998), os rappers e hip hoppers (Fialho,2003), os DJs (Araldi, 2004), meninos e meninas emsituao de rua (Muller, 2000), as oficinas de msi-ca (Stein, 1998), a aprendizagem musical em esco-

    las de samba (Prass, 1998 e 1998;1999) jovens queem seu tempo de lazer estudam a msica sozinhos(Corra, 2000) ou em bandas (Souza et. al, 2003).

    Entre as prticas musicais de adolescentes,tem sido crescente o surgimento de bandas comobjetivo de tocar um repertrio que est disponvelnos meios de comunicao. Pelos relatos de pro-fessores em escolas e divulgao em programas deteleviso estima-se que o nmero de bandas exis-tentes somente em Porto Alegre seja superior a qui-nhentos.

    A cultura hip hop3, por sua vez, um fenme-no que se expande nas periferias dos grandes cen-tros urbanos. Marginalizados e excludos estes gru-pos constroem uma identidade marcada pelas ex-perincias vividas, tais como o desemprego, o pre-conceito social e racial, as precrias condies demoradia, sade e educao, o narcotrfico e o cri-me. Em suas letras est explicitada uma temticasocial que reflete a condio em que vivem.

    Estes fenmenos mostram que as chamadasprticas educativas no-formais e no-convencionais

    so consideradas como um aspecto importante nospases latino-americanos.

    O lugar do educador musical

    Hoje assistimos a uma proliferao de deba-tes sobre cultura e diversidade. Seja nos espaosda mdia, das polticas pblicas ou das discussescientficas de outras reas. Refinar esses concei-tos, participar das discusses contemporneas eentender os sentidos que diversidade e cultura ad-quirem no campo da msica pode ajudar-nos a iden-tificar nossos desafios. Como educadores musicais

    precisamos adequar nossas representaes e prti-cas pedaggico-musicais coerentes com o nossopapel social nesse continente.

    O continente latino-americano constitudopor diversas realidades musicais e o dilogo entre

    elas precisa ser estimulado, promovido e sustenta-do. Aqui, a diversidade a norma e no um simplesfenmeno de conjuntura. Portanto, preciso tratar odiferente com compreenso e no apenas com tole-

    rncia. A msica, por estar conectada a etnicidade,ideologia, religio, sexualidade, pode aumentar nos-sa compreenso do mundo. Ela pode ajudar a com-preender quem somos e, assim, nos comunicar comos outros.

    A educao musical, como as outras cinci-as, tem sido afetada pelas novas situaes e fen-menos sociais j mencionados como a revoluotcnico-cientfica, os processos de globalizao, arevalorizao das comunidades locais e dos grupostnicos e o papel determinante do indivduo e suas

    necessidades.A rea acompanha essas mudanas, na bus-

    ca de novas perspectivas analticas capazes de ex-plicar o ritmo de mudanas contemporneas. Doiscongressos da Associao Brasileira de EducaoMusical (Abem), realizados em Belm (PA), em20004, e em Uberlndia (MG), em 20015, mostramessa preocupao. Vimos acumulando conhecimen-to nesse mbito, visto as contribuies de pesqui-sadores nos referidos encontros. Outras contribui-es podem ser encontradas nas produes indivi-duais (Souza, 1997, 2001b; Travassos, 2001)

    Mais recentemente, outras temticas ficaramna ordem do dia como os projetos sociais relaciona-dos com a excluso social e busca de uma melhorqualidade de vida, onde a msica adquire um papelcentral (Kleber, 2006), a co-educao musical entreadultos e jovens (Ribas, 2006) e sociabilidades emeducao musical (Gonalves, 2007).

    Pelas particularidades da Amrica Latina aeducao musical pode ir mais longe. Pode-seaprofundar a reflexo sobre as diferentes questesque se apresentam como objeto de estudo como o

    papel das etnias e dos movimentos regionais, entreoutros. Estabelecer a relao dos estudos particula-res com a dinmica da totalidade social poder con-tribuir para o avano na elaborao de uma teoriasocial da educao musical.

    3Essa cultura engloba a expresso plstica do grafitti, os movimentos corporais do break, as rimas do Mcing - poeta cronista daperiferia, e as composies sonoras dos DJs.4Trata-se do IX Encontro Anual da Abem, que teve como o tema Currculos de msica e cultura brasileira.5O tema do X Encontro Anual da Abem foi Educao musical hoje: mltiplos espaos, novas demandas profissionais.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    21/70

    20

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Referncias

    ARALDI, Juciane. Formao e prtica musical de DJs: um estudo multicaso em Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 2004.Dissertao (Mestrado em Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.

    CARVALHO, Jos Jorge de. Transformaes da sensibilidade musical contempornea. Horizontes Antropolgicos: msica esociedade, Porto Alegre, ano 1, n.1, p. 53-91, 1999.

    CORRA, Marcos. K. Violo sem professor: um estudo sobre processos de auto-aprendizagem musical com adolescentes. PortoAlegre: UFRGS, 2000. Dissertao (Mestrado em Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000.

    CUCHE, Denys.A noo de cultura nas Cincias Sociais.Traduzido por Viviane Ribeiro. Bauru: Edusc, 1999.

    DEBATENDO O CONCEITO DE DIVERSIDADE CULTURAL. Disponvel em: Acesso em: 8 set. 2007.

    FIALHO, Vnia. Hip Hop Sul:um espao de formao e atuao musical. Porto Alegre: UFRGS, 2003. Dissertao (Mestrado emMsica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.

    GARCIA CANCLINI,. Nestor. Notcias recientes sobre la hibridacin. In: BUARQUE DE HOLANDA, H.; RESENDE, B. (Org.):Artelatina:cultura, globalizao e identidades.Rio de Janeiro: Aeroplano/Mam-RJ, 2000. p. 60-82.

    GOMES, Celson Henrique Sousa. Formao e atuao de msicos das ruas de Porto Alegre:um estudo a partir dos relatos devida. Porto Alegre: UFRGS, 1998. Dissertao (Mestrado em Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande doSul, 1998.

    GONALVES, Lilia Neves. Educao musical e sociabilidade:um estudo em espaos de ensinar/aprender msica em Uberlndia-

    MG nas dcadas de 1940 a 1960. Porto Alegre: UFRGS, 2007. Tese (Doutorado em Msica), Instituto de Artes, UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, 2007.

    KLEBER, Magali.A prtica de educao musical em ONGs: dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro. Tese (Doutoradoem Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.

    KRAEMER, Rudolf Dieter. Dimenses e funes do conhecimento pedaggico-musical. Traduzido por Jusamara Souza. Em Pauta,Porto Alegre, n. 16/17, p. 50-73, 2000.

    LUCAS, Maria Elizabeth. Wonderland musical: notas sobre as representaes da msica brasileira na mdia americana, 2000.Disponvel em: Acesso em: 01 jun. 2001.

    MLLER, Vnia.A msica , bem diz, a vida da gente: um estudo com crianas e adolescentes em situao de rua na EscolaMunicipal de Porto Alegre - EPA.Porto Alegre: UFRGS, 2000. Dissertao (Mestrado em Msica), Instituto de Artes, UniversidadeFederal do Rio Grande do Sul, 2000.

    OLIVER COSTILLA, Lucio. O novo na sociologia latino-americana. Sociologias, Porto Alegre, ano 7, n.14, p. 244-273, jul.-dez.2005.

    QUINTERO-RIVERA, Mareia Q.A cor e o som da nao:a idia de mestiagem na crtica musical do Caribe Hispnico e do Brasil

    (1928-1948). So Paulo:Annablume/Fapesp, 2000.PRASS, Luciana. Saberes musicais em uma bateria de escola de samba:uma etnografia entre os Bambas da Orgia. PortoAlegre: UFRGS, 1998. Dissertao (Mestrado em Msica), Inst ituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, 1998.

    PRASS, Luciana. Saberes musicais em uma escola de samba (ou por que ningum aprende samba no colgio). Em Pauta, PortoAlegre, n. 14-15, p. 5-18, 1998;1999.

    RESENDE, Beatriz. Rudos da msica popular. Apontamentos de Crtica Cultural, p. 121-169, 2002.

    RIBAS, Maria Guiomar. Msica na educao de jovens e adultos: um estudo sobre prticas musicais entre geraes. Tese(Doutorado em Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.

    RODRIGUES, Lia Imanishi. A nova msica popular brasileira. Reportagem. ano II, n.14, p.27-50, nov. 2000.

    SOARES, Astria. Outras conversas sobre os jeitos do Brasil:o nacionalismo na msica popular. So Paulo: Annablume/Fumec,2002.

    STEIN, Marlia A. Oficinas de msica:uma etnografia dos processos de ensino e aprendizagem musical em bairros populares de

    Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 1998. Dissertao (Mestrado em Msica), Instituto de Artes, Universidade Federal do RioGrande do Sul, Porto Alegre, 1998.

    SOUZA, Jusamara. Transformaes globais e respostas de Educao Musical. In: SIMPSIO PARANAENSE DE EDUCAOMUSICAL, 6., 1997, Londrina, Anais... 1997, p. 68-84.

    SOUZA, Jusamara. Currculos de msica e cultura brasileira: mas, que concepes de cultura brasileira? Revista da Fundarte,Montenegro,v. 1, n.1., p. 22-25, jan. 2001a.

    SOUZA, Jusamara. Mltiplos espaos e novas demandas profissionais: re-configuramdo o campo da educao Musical. In:ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 10., 2001b, Uberlndia, Anais..., Uberlndia: Abem, 2001b, p. 85-92.

    SOUZA, Jusamara et al. Prticas de aprendizagem musical em trs bandas de rock. Per Musi, Belo Horizonte, v. 7, p. 68-75, 2003.

    SOUZA, Jusamara (Org.). Msica, cotidiano e educao. Porto Alegre: Programa de Ps- Graduao em Msica, 2000.

    TRAVASSOS, Elizabeth. Etnomusicologia, educao musical e o desafio do relativismo esttico. In: ENCONTRO ANUAL DA ABEM,10., Uberlndia, Anais..., Uberlndia: Abem, 2001.

    Recebido em 08/09/2007

    Aprovado em 28/09/2007

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    22/70

    21

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Hemos logrado una integracin significativa en lo tecno-

    lgico y econmico, pero estamos atrasados en lo ticoy en el valor de la diferencia. Necesitamos que la

    globalizacin est orientada a una sensibilidad mucho

    ms planetaria, abierta a una conciencia clara de lainterdependencia entre partes de un mundo que tiene

    su riqueza en la diferencia y no en la homogeneidad.

    (Dr. Santiago Kovadloff, Diario La Nacin, Buenos Aires,

    6 ago. 2007, p. 12).

    Introduccin

    Globalizacin como desafo, no como dilema

    Deseo enfocar as el tema de la diversidad.

    En el epgrafe elegido, la clara definicin del filsofoubica fuerte y sintticamente el verdadero nudo del

    tema que nos ocupa en esta mesa redonda.

    Diversidad musical como

    desafo

    Ana Lucia Frega

    Universidad CAECE, Buenos Aires, Argentina

    [email protected]

    Resumen. El proceso conocido como globalizacin genera situaciones de hecho que merecenuna reflexin profunda desde el punto de vista de las enseanzas musicales. En efecto, parecera

    que la constitucin de un mitorespecto de esta realidad de la contemporaneidad ya fuera aqul de

    carcter favorable o desfavorable para los procesos educativos que lo constituya en la causa

    total de todos los problemas socio-culturales actuales puede ser visto como un reduccionismo

    sobre-simplificador. En este trabajo, se reflexionar sobre el tema, postulndose que, posiblemente,un retorno conceptual a las nociones de universales a la luz de la antropologa de la msica ms

    actualizada, podra ser un camino para hacer que la educacin en la diversidad pueda ser recorrida

    didcticamente como un desafo, en lugar de presentarse como un dilema.

    Palabras-clave: cultura, diversidad, msica

    Resumo. O processo conhecido como globalizao gera situaes que merecem uma reflexo

    profunda do ponto de vista do ensino musical. De fato, pareceria que a constituio de um mito arespeito desta realidadeda contemporaneidade e fora aquela de carter favorvel ou desfavorvelpara os processos educativos que se constitua na causa total de todos os problemas scio-

    culturais atuais, poderia ser visto como um reducionismo super-simplificador. Neste trabalho, se

    refletir sobre o tema, postulando-se que, possivelmente, um retorno conceitual s noes de

    universais luz da antropologia da msica mais atualizada, poderia ser um caminho para fazer que

    a educao na diversidade possa ser recorrida didaticamente como um desafio, em lugar deapresentar-se como um dilema.

    Palavras-chave: cultura, diversidade, msica

    Sabemos todos que mucho se habla, casi

    hasta el hartazgo, de los temas de la globalizacin,

    casi como si fuera tema nuevo. Los muchas veces

    livianos anlisis de los llamados estudios culturaleshacen pensar que es ste un nuevo proceso en el

    devenir de la Humanidad, olvidando que:

    FREGA, Ana Lucia. Diversidad musical como desafo. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 18, 21-26, out. 2007.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    23/70

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    24/70

    23

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    No ser fcil. No significa el abandono de la

    lenta y profunda tarea del aprendizaje. No elimina

    las diferencias: solo se constituye en el desafo que

    significa, por ejemplo,

    - poder realizar on line la visita a un museo

    ubicado... muy lejos de nuestro lugar de

    residencia, por medio de alguno de los sitios

    disponibles en internet.

    - O ver, por televisin, la transmisin de un

    concierto, especialmente interesante cuando

    vivimos en una poblacin pequea, con

    ninguna posibilidad o poca de hacerlo en

    vivo.

    - Sobre todo, en esas circunstancias, que son

    muchas, en las que la nica posibilidad desaber de la existencia de algo por remoto o

    poco frecuente es la escuela.

    Esa escuela que, desde su establecimiento

    como acceso posible para todos y todas, es el lugar

    propio para la conservacin, transmisin y generacin

    de valores culturales.

    Si la escuela no abdicara de su funcin, si el

    maestro ejerciera con determinacin su funcin de

    orientador/educador no solamente instructor

    proponiendo experiencias expresivas que revitalicen

    el ciclo de sentir-expresar-gustar-valorar-comprender,

    superando las pequeas ofertas de lo solo comerci-

    almente interesante y rescatando lo que, en esos

    circuitos, tiene valores de forma y contenido, estar

    formando sujetos maduros, capacitados para ese

    cambio permanente de velocidades (como al ma-

    nejar un auto) que la cultura contempornea nos est

    exigiendo da a da.

    Apunto a continuacin algunas antinomias

    que suelen confundir al docente de msica, especi-

    almente en el marco de las enseanzas generales:

    -msicapopular versus acad-mica,

    - o msicade hoy versus msicade ayer,

    - o msicadivertida o jovenversus msica

    obsoleta.... o de viejos... o aburrida.

    Por razones de orden metodolgico, corres-

    ponde compartir algunas definiciones respecto de

    estos temas ya que el mbito de la cultura y por

    ende el del pluralismo cultural en su dimensin de

    diversidad exige pureza de enfoques y acuerdos

    como punto de partida de cualquier intento sistem-tico de carcter pedaggico-didctico.

    Se asume como definicin de cultura,

    siguiendo las tenden-cias antropolgicas

    contemporneas: Total o suma de los saberes del

    hombre

    Este total o suma abarca e incluye desde las

    creencias, principios e ideas que ms o menos

    explcitamente cohesionan a una sociedad/ grupo

    de pertenencia venimos diciendo en este contexto

    , hasta los hbitos, costumbres, tcnicas y conoci-

    mientos que facilitan la supervivencia de los seres

    humanos y su intercomunicacin.

    Las artes son parte significativa de la cultura,

    en tanto expresan sentimientos, ideas y/o creencias,

    adems de constituir situaciones socializantes de

    diverso tipo.

    Hoy, se vive inmerso en un mundo notablemen-

    te pluricultural al menos en potencia, incluso globali-

    zado como se seal ms arriba, con las ventajas y

    las desventajas que esto supone lo que est

    generando dudas al docente de msica de la educa-

    cin general, con respecto a qu debe y puede

    ensear, es decir, utilizar en sus intervenciones

    didcticas en la escuela. A veces las formulaciones

    se expresan como sigue:

    folklore o msica acadmica?

    tradicin local o importada?

    msica de hoy o de ayer?

    Corresponde aqu preguntarse: es, el de hoy,

    un mundo pluricultural autntico?

    El slo hecho de enunciar la primera pregunta:

    folklore o msica acadmica?

    Debe ser contestada neutralizandola opcin

    por qu O..O..?

    Porque hoy se piensa que, debido al

    convencimiento de que todos los seres humanos

    merecen, por el hecho slo de ser, equivalentes

    posibilidades de crecimiento y ampliacin de sus

    campos vitales, es importante que quien viva el folklore

    musical en su entorno inmediato, pueda prepararse

    adems para la frecuentacin de la msica aca-

    dmica: sus posibilidades de expansin comprensiva

    nodeberan ser limitadas a priori.

    Los medios: radio, TV, video, disco, casete,

    celulares, DVD... estn al alcance de casi todos a

    bajos costos y facilitan que, prcticamente, todos

    los seres humanos tengan acceso posible a lasmsicasms diferentes. Ahora bien: lo acadmico y

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    25/70

    24

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    lo folklrico constituyen cdigos simblicos diferen-

    tes, aunque no excluyentes.

    Se necesita una preparacin diferente en la

    apreciacin de cada una de estas msicas. Uno delos mbitos ideales y apropiados para esta clase de

    preparacin en la clase de msica en el sistema

    general de educacin de nuestros pases de la regin.

    La segunda de las preguntas: tradicin local

    o importada?

    Marca otra aparente disyuntiva que no debera

    ser tal, como venimos comentando: el disco, MP3 y

    4, la radio, la TV y el casete, el celular, estn casi

    omnipresentemente en todos los rincones del plane-

    ta, casi ya, se acaba de recordar.

    Con el avance de la tecnologa de la

    comunicacin las autopistas informticas las

    fronteras de acceso a los bienes as catalogados

    prcticamente no existirn. Por ello, todas las

    manifestaciones musicales pueden, y de hecho lo

    hacen, llegar a los lugares ms distantes de sus

    puntos de origen.

    Pero hay que saber que las diferencias deben

    ser preservadas, porque el riesgo de las homoge-

    neizaciones a ultranza siempre est presente.

    El tercer interrogante:msica de hoy o deayer? es decir, sincronismo o diacronismo?, tambin

    tiene respuestas que pasan por la tecnologa:

    Gregoriano o Ligeti?... Villa Lobos o Nobre?...

    Bach o Stockhausen?. Otra disyuntiva falsa, que

    las intervenciones educativas de desarrollo de las

    capacidades perceptivas y simblicas sabe como ir

    orientando.

    Toda esta msicaest hoy aqu como posi-

    bilidad. La tecnologa mencionada pone a la dispo-

    sicin del oyente de hoy una magnitud enorme de

    msicas, cuya diversidad implica la necesidad del

    cultivo de habilidades auditivas y apreciativasflexibles e informadas. Es sta claramente una posi-

    bilidad que debe ser contemplada nel sistema gene-

    ral de educacin musical.

    Superado hoy, al menos en el plano terico,

    el antiguo prejuicio centroeuropeo de la supremaca

    de la msicaoccidental /acadmica, religiosa, in-

    cluso popular (como mejor o ms evolucionada) so-

    bre todas las otras del mundo se ampla entonces

    el espectro de los saberes y haceres que las

    propuestas educativas deberan satisfacer, sobre todo

    en el terreno de la educacin general.- Por ejemplo: la audicin analtica de una obra

    de los Beatles permite ubicar tcnicas

    armnicas y formales propias de J. S. Bach;

    entonces, la interrelacin msica popular-

    acadmica se hace evidente: hay contrapunto,

    tonalidad, forma en las obras populares

    contemporneas. Referencias diacrnicas delos Beatles son Palestrina y Bach. Mas,

    tambin diacrnicas, las polifonas tibetanas

    o las del noroeste argentino.

    - Otro ejemplo: Curlew River, obra de

    Benjamin Britten, es una creacin cuya

    audicin permite enfocar los criterios y las

    tcnicas eclcticos que caracterizan la

    expresin del artista contemporneo: los

    rgidos moldes formales, tonales y tmbricos,

    vigentes muchas veces a lo largo de siglos,

    hoy se yuxtaponen, se convalidan recproca-mente cuando la sabidura de la creacin les

    da sentido.

    Sigue otro aporte. Me referir al tema de los

    universales de la msica, considerndolos herra-

    mienta conceptual de aplicacin didctica.

    En un trabajo de mi autora para plenario, en

    1988, ante la XVIII Conferencia Internacional de la

    Isme (International Society for Music Education),

    llam la atencin de los colegas sobre el concepto

    de rasgos comunesentre las msicasdel mundo.

    Medit, mientras escuchbamos ejemplos quetambin cantamos, sobre la exis-tencia homognea

    de rasgos de-finitorios del material musical, sea cual

    fuera el lugar y/o la cultura de pertenencia: el sonido,

    materia prima, es frecuencias, duraciones , timbres

    intersectados.

    El hecho sonoro se define en el espacio/

    tiempo perceptivo por rasgos que se reiteran. Lo

    afectivo-social, que define el cmo expresivo y signi-

    ficativo del hacer musical, vara. Cambia la incidencia

    afectiva y social. Hay pluralismo.

    El tema central de dicho encuentro de la Ismefue A world view of music education, es decir una

    mirada de la educacin musical desde el mundo o el

    globo.

    Es significativo, para ir culminando estas

    ideas, recordar que el nombre de mi ponencia fue:

    The universals of Music: an approach from

    Latin america, es decir Los universales de la msi-

    ca, una aproximacin desde Latinoamrica. (insis-

    to, en 1988, hace casi veinte ao).

    Esta nocin por algunos momentos descar-

    tada por la etnomusicologa demasiado localista,

    siempre a la defensiva ante tanto acendrado centro-

    europeismo, est siendo sabiamente retomada por

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    26/70

    25

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    antroplogos y estudiosos de la talla de Wallin,

    Merker y Brown (en Reynoso, 2006a), cuando

    reflexionan:

    La idea de los universales no hace sino poner a toda lahumanidad en el mismo plano, actuando como una

    salvaguardia biolgica contra las nociones

    etnocntricas de superioridad musical. En este acto de

    equilibrio entre las constricciones biolgicas y las

    fuerzas histricas, la nocin de universales musicales

    meramente proporciona un foco en la unidad que

    subyace a la gran diversidad presente en los sistemas

    musicales de todo el mundo, y atribuye esa unidad a

    constricciones neuronales... Es lisa y llanamente

    errneo decir que una demostracin de universalesmusicales niega en alguna medida el carcter nico o

    la riqueza de las formas particulares de expresin de

    cualquier cultura. Si hace algo, ello es proteger este

    carcter nico contra las afirmaciones etnocntricas

    que afirman que ciertas msicas de algunas culturas

    son ms evolucionadas que las de otras culturas,afirmaciones escuchadas con frecuencia an en

    tiempos contemporneos.

    Hago notar la objecin explicitada en la nocin

    de evolucin, que no se refiere a nuestra postura ini-

    cial sobre complejidad. Evolucin implica progreso

    en dicho contexto, y esto es lo que se discute. Ms

    complejidad no significa nivel superior evolutivo /cul-

    tural propio de algunas culturas hacindolas mejores,

    lo que fue la vieja nocin centro europea que sostuvo,

    por ejemplo, el desprecio por la maneras locales,

    muchas veces ingenuas pero potentes de significa-

    do, de las gentes que, en su poca (siglos XV al XX)fueron colonia de distintas naciones europeas.

    Quizs algunos ejemplos de universales

    puedan ayudar a comprender el sentido del concepto:

    Para Maslow, por ejemplo, la msica en si,

    como experiencia, es junto con el sexo- una

    experiencia pico de la vida como tal.

    Para el experto Simha Arom, son universales

    comunes a todas las msicas, los siguientes as-

    pectos:

    - la intencionalidad de una obra musical sea

    cual fuere su envergadura;

    - el hecho de que cualquier msica ocupa un

    mbito determinado de tiempo en el que se

    define como tal;

    - el hecho de que cada sociedad selecciona

    un grupo determinado de alturas como mbito

    sonoro;

    - los seres humanos clasifican la msica

    respecto a su funcin y su contexto, por lo

    que se generan categoras o repertorios.

    En mi trabajo de Plenario en la Isme 1988,

    me refer a las simples nociones de:

    - alturas diversas... por lo que sera percepcin

    universalizable la capacidad perceptoauditiva de identificarlas;

    - idem para duraciones;

    - idem para timbres;

    - tener una funcin;

    - ser apreendibles si se atiende a dichos

    rasgos identitarios de cualquier hecho

    sonoro;

    - la existencia de espacios de silencio.

    Conclusiones

    Una educacin musical escolar que desarrolle

    las capacidades percepto-auditivas con estmulos

    varios; que desarrolle las competencias para encon-

    trar distintos ordenamientos sonoros en el tiempo;

    que estimule la valoracin de las diferencias como

    sinnimo de enriquecimiento; que genere actitudes

    de respeto humano en las diferencias de la expresin;

    un tipo de educacin as concebida puede, o podra

    ser, una respuesta a aquellas preguntas aparente-

    mente disyuntivas, que generaban posibles dilemas:

    Qu se convalida se convalida entonces en

    el aula en los mbitos de la llamada educacin for-

    mal?

    la msica, amplio espectro de idiomas de

    un mismo lenguaje

    cmo? con flexibilidad didctica a la luz de

    lo que la investigacin especializada informa, sin

    someterse a modas pedaggicassino buscando en

    cada uno maestro y alumno la manera de decir

    como msico y como entorno, como una cultura, tal

    como sugieren las reflexiones que vengo proponiendo.

    La nueva nocin de Pluralismo Cultural en

    educacin musical significa una visin de apertura

    sobre el mundo todo. En su desafo, pide al educa-

    dor ampliar constantemente el caudal cultural musi-

    cal propio y exige un crecimiento en la comprensin

    esttica y funcional de la msicaen su unicidad como

    lenguajey en su diversidad como idiomas.

    As, la se constituye en desafo posible,

    alcanzable. Nunca un dilema de casi imposible

    resolucin.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    27/70

    26

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Referencias

    ALTAMIRANO, Carlos. Trminos crticos de sociologa de la cultura. Buenos Aires: Editorial Paids, 2002.

    ELLIOT; DAVID. Music, education and musical values. In: Musical connections: traditions and change. Tampa: Isme, 1994.

    FREGA, Ana Luca. Didctica de la msica.Buenos Aires: Editorial Bonum, 2005.FREGA, Ana Luca. Educar en creatividad.Buenos Aires: Academia Nacional de Educacin, 2007. Coleccin Estudios.

    FREGA, Ana Luca. Interdisciplinariedad. Buenos Aires:Editorial Bonum, 2007.

    FREGA, Ana Luca. La globalizacin como desafo. Buenos Aires: Consudec, 2002.

    FREGA, Ana Luca. Pedagoga del arte. Buenos Aires:Editorial Bonum, 2006.

    FREGA, Ana Luca. The universals of music: an approach from Latin America en A World view of music education. Isme: Year

    Book XV, 1988.

    GARDNER; HOWARD. Estructura de la mente: la teora de las inteligencias mltiples.Mxico:Fondo de Cultura Econmica, 1994.

    LUNDQUIST, Barbara et al. Musics of the worlds cultures. Isme; CIRCME, 1998.

    MASON, Rachel. Por uma arte-educao multicultural. Campinas: Mercado Letras, 2001.

    REYNOSO, Carlos.Antropologa de la msica: de los gneros tribales a la globalizacin. Tomo uno: teoras de la simplicidad .

    Buenos Aires: Editorial SB, 2006a.

    REYNOSO, Carlos.Antropologa de la msica: de los gneros tribales a la globalizacin. Tomo dos: teoras de la complejidad.

    Buenos Aires:Editorial SB, 2006b.

    SHEHAN CAMPBELL, P.; FREGA, A.L. Songs of Latina America: from the field to the class room.Isme; Editorial Warner Brothers,

    2001.

    Recebido em 12/08/2007

    Aprovado em 22/09/2007

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    28/70

    27

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    Neste incio de sculo importante refletir arespeito do papel que a educao musical vem as-sumindo na sociedade brasileira e da situao pe-culiar pela qual vem passando atualmente, a partirde seu afastamento da escola. Tal situao, consi-derada o ponto nevrlgico desta questo, foiprovocada pelo que determinava a Lei de Diretrizes eBases da Educao Nacional n. 5692/71. Recorde-

    se que, por essa Lei, a Msica e as outras lingua-gens Artes Plsticas, Artes Cnicas e Desenho

    Dilogo interreas: o papel da

    educao musical na atualidade

    Marisa Trench de Oliveira Fonterrada

    Universidade Estadual Paulista (Unesp)[email protected]

    Resumo.Neste trabalho, faz-se uma reviso histrica da educao musical brasileira nos ltimoscinqenta anos, apontando como ela se enfraqueceu na escola, mostrou boa participao emprojetos culturais e sociais e fortaleceu-se com as associaes de classe e cursos de ps-graduao. Aponta-se que os mtodos clssicos de educao musical do incio do sculo XX foramrespostas s necessidades do seu tempo. Sugere-se que, como resposta s necessidades atuais,a educao musical dialogue com outras reas do saber, para que a educao musical no se limiteaos que freqentam escolas de msica ou participem de projetos culturais e sociais, mas seestendam a outras populaes, portadoras de necessidades especiais. Esses agrupamentos podemser atingidos pelo dilogo com outras reas do conhecimento, como a psicologia, a medicina, aantropologia e a educao ambiental. Resultados parciais desse dilogo interreas so mostrados,com projetos concludos e em andamento, desenvolvidos nos cursos de graduao e ps-graduao

    em msica do IA/Unesp.

    Palavras-chave:educao musical, sociedade complexa, interdisciplinaridade

    Abst ract.In this study we review the musical education in Brazil during the last 50 years. We pointout that musical education has become weakened in schools, flourished in cultural and socialprojects and gained strength through Graduate Studies Programs and Associations of professionals.Classical methods in music education in the beginning of 20thcentury answered to specific necessitiesof that time. We suggest that as a response to current needs, musical education will connect to otherprofessional areas so that music education will not be limited to music students or people whoparticipate in cultural or social projects, but reach other kind of people who present special demands.We intend that by sharing experiences with Psychology, Medicine, Anthropology and EnvironmentalStudies we will be able to connect this people, giving them new opportunities. Partial results of thisinterdisciplinary approach are shown in projects conducted in Graduated and Undergraduate Studies

    in Music of IA/Unesp.

    Keywords: music education, complex society, interdisciplinary studies

    Geomtrico foram incorporadas numa nica disci-plina, Educao Artstica, cujo professor deveria provirdos cursos de Licenciatura.

    Estes tinham carter polivalente e os alunos,a partir do terceiro ano, podiam escolher uma daslinguagens expressivas como habilitao. Essa mo-dalidade denominava-se Licenciatura Plena em Edu-

    cao Artstica. Quem no desejasse fazer a habili-tao em uma das linguagens, conclua seu curso

    FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. Dilogo interreas: o papel da educao musical na atualidade. Revista da ABEM, PortoAlegre, V. 18, 27-33, out. 2007.

  • 8/13/2019 Trs estudos de caso - Venezuela

    29/70

    28

    nmero 18

    outubro de 2007

    revista da

    abem

    como Licenciatura Curta que, em geral, tinha doisanos de durao. Considera-se que esse tenha sidoum dos grandes problemas que afetaram o fortaleci-mento da disciplina, pois a prpria organizao dos

    cursos no permitia o aprofundamento do estudo emnenhuma das linguagens.

    Mesmo que essa situao tenha se modifica-do com a extino da Licenciatura Curta, o carterdos cursos no mudou, prevalecendo um tipo de for-mao generalista, que contemplava todas as reasexpressivas, ficando as disciplinas especficas dalinguagem escolhida relegadas segunda metadedo curso. Devido a esse carter polivalente, poucoou nenhum espao era destinado formao domsico, pois a msica requer o desenvolvimento de

    habilidades e competncias, bem como o domniode cdigos especficos, impossveis de serem con-seguidos em um curso com tais caractersticas.

    Essa situao provocou a drstica reduodo nmero de arte-educadores com habilitao emmsica no pas, o que contribuiu para o enfraqueci-mento ou, mesmo, a extino da atividade musicalnas escolas. Outro fator a ser destacado que, deacordo com a orientao emanada da LDB de 1971,a Educao Artstica passou a ser considerada ativi-dade, no merecendo mais o statusde disciplina nagrade curricular dos cursos de primeiro e segundo

    graus como, ento, eram chamados os nveis fun-damental e mdio. Isso queria dizer que ela era ofe-recida de maneira marginal ao currculo e organiza-da em razo das convenincias da prpria escola;os alunos participavam das atividades em arte semcumprirem um plano definido e sem serem submeti-dos avaliao.

    Embora essa situao tenha afetado o desen-volvimento das propostas em Educao Artstica mais tarde renomeada arte-educao cada lingua-gem criou um percurso prprio para lidar com ela,enfrentando, cada qual sua man