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TRES FORQUILHAS, RS Elio E. Müller Trabalho realizado por Elio Müller solicitação do Prefeito RUBEM BREHM JUSTO. Tres Forquilhas RS, 2004

TRÊS FORQUILHAS - RS

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TRES FORQUILHAS, RS Trabalho realizado por Elio Müller solicitação do Prefeito RUBEM BREHM JUSTO. Tres Forquilhas – RS, 2004 Dados Gerais sobre o Município de TRÊS FORQUILHAS. Na foto a Rainha e as Princesas da Festa da Cenoura Geografia, Demografia e Economia. (Com base em pesquisas pelo historiador Cláudio Leal Domingos, dados fornecidos pela Prefeitura de Três Forquilhas e nos meus dados pessoais de pesquisa). História de Três Forquilhas.

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TRES FORQUILHAS, RS Elio E. Müller

Trabalho realizado por Elio Müller solicitação do

Prefeito RUBEM BREHM JUSTO.

Tres Forquilhas – RS, 2004

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Dados Gerais sobre o Município

de TRÊS FORQUILHAS.

Na foto a Rainha e as Princesas da Festa da Cenoura

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Geografia, Demografia e Economia.

(Com base em pesquisas pelo historiador Cláudio Leal Domingos, dados fornecidos pela Prefeitura de Três Forquilhas e nos meus dados pessoais de pesquisa).

O município de Três Forquilhas possui uma área de 216,7 quilômetros

quadrados e é integrante da micro-região setentrional do Rio Grande do Sul, na

chamada região do Litoral Norte do RS, na latitude 29º32' sul e longitude 50º04'

oeste de Greenwich.

O relevo do município de Três Forquilhas apresenta duas situações distintas,

sendo formado por uma estreita e longa planície que principia ao longo das

margens do rio Três Forquilhas e se perde contra as elevações que dão início à

Serra do Mar.

O município faz limites com Três Cachoeiras e Morrinhos, a leste, com Terra de

Areia, a oeste e sul, e pelo sul e norte, com Itati. A sede do município situa-se a

aproximadamente 10 metros do nível do mar.

O ponto mais alto fica no distrito do Josafat. com uma altitude de 1059. No

Josafat encontramos belíssimos "canyons", ainda pouco conhecidos do público que

ama a natureza.

O município é margeado pelo rio Três Forquilhas, ao sul, na divisa com Itati.

Seus afluentes, no território do município são: rio do Pinto, rio da Pedra Branca, rio

do Chapéu, e diversos arroios.

Saindo da foz, chegando à terceira forquilha, é o ponto demarcado em 1826

para o estabelecimento de colonos na então chamada "Colônia Alemã Protestante

de Três Forquilhas".

O clima do município é tropical. Em documentos ocorre a citação de "única mini

zona sub tropical do Estado do Rio Grande do Sul". No passado os imigrantes

cultivavam até café e algodão uma vez que poucas vezes cae geada nesta área. No

verão a temperatura média é de 35º, no inverno pode cair abaixo dos zero graus,

apresentando uma temperatura média anual de 19º. É uma região privilegiada para

os hortifrutigranjeiros.

No tempo, quando os imigrantes alemães chegaram ao vale do rio Três Forquilhas, existiam

aqui os seguintes animais, aves e peixes (fauna e flora):

ANIMAIS: Paca, Cotia, Tatu, Tamanduá, Porco espinho (Ouriço), Porco do Mato (Javali),

Bugio, Capivara, Quati, Gambá, Lontra, Onça, Jaguatirica, entre outros.

AVES: Papagaios, Macucos, Saracuras, Nhandus, Pomba-Rolas, Aracûãns, Sabiás e João

de Barros entre outros.

PEIXES: Traíra, Cará, Pintado, Tainha, Cascudo, Muçum, Jundiá, Lambari e Bagre.

Os índios que habitaram o vale no passado, cultivavam Milho, Mandioca, Banana, Lima do Bugre, e colhiam o Pinhão e Frutas Silvestres. Como remédios os índios utilizavam Ervas, Raízes, Cascas, Higiene (o banho diário) e a Curandeiragem. (Estas informações sobre fauna e e costumes foram extraídos do meu "site" pessoal: Caingangue -clique e veja). Vestígios deixados pelos índios no vale do rio Três

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Forquilhas são encontrados na localidade da Pedra Branca e Josafat (em nosso município) e no Arroio Bonito, Três Pinheiros, Arroio do Padre e Limeira ( no vizinho município de Itati).

A população do município de Três Forquilhas, conforme o IBGE 2000, é de 3.235

habitantes. Destas, 2.968 encontram-se na zona rural e 267 na urbana, sendo os eleitores em número de 3.044. Três Forquilhas é hoje uma sociedade multiétnica reunindo descendentes de alemães, açorianos, portugueses, índios, africanos, italianos, entre outros.

A Economia, do município de Três Forquilhas tem a sustentação básica no cultivo de

hortifrutigranjeiros, em propriedades de minifúndio. São cultivados: cenoura, beterraba,

repolho, couve-flor, pimentão, tomate, pepino, abobrinha, abóbora, alface, mamão, figo,

pêssego.

A cultura tradicional, em menor escala, produz feijão, milho, mandioca, cana de açúcar,

banana. Existem em torno de 780 propriedades rurais e 560 produtores agrícolas.

Em levantamento feito pela Prefeitura Municipal constam três estabelecimentos industriais ( a CECOSFER Cerâmica, a Enlatados Três Forquilhas, e uma Olaria), 18 estabelecimentos comerciais (mercados, armazéns, lojas e bares). Existem ainda madeireiras, posto de gasolina, posto do BANRISUL e Cartório.

Já a pecuária, vem perdendo terreno, ao longo dos anos. Ainda se pode encontrar algumas fazendas, na Serra, no distrito de Josafat.

O Ecoturismo apresenta grandes pespectivas, para o vale do rio Três Forquilhas. Entretanto, que ele seja desenvolvido sempre com base no "DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL".

O Desenvolvimento Sustentável é a maior preocupação dos tempos atuais, estando ligado à

valorização do meio natural pelo homem e a sua exploração econômica com o intuito de

satisfazer suas necessidades e garantir a melhoria da qualidade de vida.

Segundo a World Comission of Environment and Development, vinculada a ONU

(Organização das Nações Unidas), o desenvolvimento sustentável do Turismo é "aquele que

atende as necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos

recursos pelas gerações futuras".

E com base nesta definição, deve-se desenvolver o Turismo buscando conciliar os

interesses dos visitantes, ávidos por explorar o local visitado; mas por outro lado, deve-se

garantir aos nativos a permanência dos elementos fundamentais que caracterizam a sua

localidade: o meio ambiente, a cultura, a história, o estilo de vida e assim possibilitar que seus

herdeiros possam usufruir dos mesmos.

O nosso município tem belíssimos atrativos como o "Canyon do Josafat", a "Cascata da

Pedra Branca", os rios e riachos, as chapadas e os morros (com destaque para a "Chapada

dos Valim" da qual se pode ver a Lagoa Itapeva e o mar).

Existem trilhas e caminhos no vale e na subida da Serra.

Merece destaque a casa mais antiga do município situada em Boa União, construída em

1853, situada em área propícia para o incremento do ecoturismo.

A foz do Três Forquilhas, junto à Lagoa Itapeva também apresenta um forte atrativo com as

antigas figueiras, verdadeiro símbolo e patrimônio natural deste vale.

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Saúde & Bem – Estar

em TRÊS FORQUILHAS

A administração municipal de Três Forquilhas vem dedicando uma especial atenção para o bem estar e a saúde da população.

A administração entende que o grau de desenvolvimento de uma sociedade pode

ser medido pelo seu comprometimento com as questões que visem o bem-estar e a

melhoria da qualidade de vida de toda a população.

Preservar riquezas coletivas é direito e dever não apenas da administração

municipal, porém de todos e, só assim, exercendo a cidadania conquistada, todos poderão trabalhar para garanti-las para as futuras gerações.

Conforme a secretária Loraci Melo Justo, na ação básica que visa o bem-estar e

melhoria da qualidade de vida da população, é oferecida uma assistência médica

nas áreas de pediatria, ginecologia e clínica geral, (em média, 400 pacientes, por mês).

A atual equipe médica é assim constituída:

Clínicos Gerais: Dr. Moacir André da Ros, Dr. Jesus Vieira e Dra. Mercedes Maria Masgues Faccin.

Pediatria: Dr. Marcos Miguel Vogelk Jabroski.

Ginecologia: Dra. Arlete Westendorf Konradt.

O setor de odontologia presta uma média mensal de atendimento para 350 pacientes e conta com os serviços de Dr. Ricardo Maschmann e Dr. Douglas Ronitt.

A equipe de enfermagem do Posto de Saúde conta com os serviços da

enfermeira-chefe Gisele da Silva Barbosa e das auxiliares de emfermagem

Margarete Silva Rosa, Rosileia Feijó Brehm e Maria Scheffer Boff.

Está em pleno funcionamento a "Farmácia Básica", na distribuição de

medicamentos aos usuários. A administração municipal gastou, em 2002, o valor de R$ 80.000,00 na compra destes medicamentos.

Para o atendimento de casos de emergência a Prefeitura Municipal de Três

Forquilhas conta com uma ambulância e uma "Sprinter", adquiridos em 2002. A

Sprinter tem a capacidade para 12 pessoas e é utilizada normalmente para a

condução, diária, de doentes para consultas especializadas em Porto Alegre - RS.

Além disso a Prefeitura conta também com um veículo VW Gol, adquirido em 2001,

utilizado para serviços gerais do Posto de Saúde, para a remoção de doentes ao

Hospital da cidade de Torres - RS, em particular três vezes por semana, para atendimento de hemodiálise.

O atendimento básico no Posto de Saúde tem sido para os seguintes casos:

hipertensos, diabéticos, saúde mental, pré-natal,, problemas cardíacos, problemas

cardíacos e ginecologia.

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Secretaria Municipal de Educação de Três Forquilhas Endereço: RS 417, s/n - Três Forquilhas - RS

O município de Três Forquilhas atende, na rede municipal de ensino, nove (09) escolas

municipais, conforme segue:

Escola Municipal do Ensino Fundamental Inácio José Cardoso Localidade: Costa de Dentro

Diretora: Ivanete Lima de Matos Organizada no regime seriado: de 1ª à 5ª série

18 estudantes 03 professoras 01 funcionária

Escola Municipal do Ensino Fundamental Dr. Osvaldo Cruz

Localidade: Chapada dos Valim Diretora: Cristiane Edith Laux

Organizada no regime seriado de 1ª à 4ª série 12 estudantes 02 professoras 01 funcionária

Escola Municipal do Ensino Fundamental Luiz Gonzaga Capaverde

Localidade: Morro do Chapéu Diretora: Regina Roxo Hoffmann

101 estudantes Organizada no regime seriado do Pré-Escolar à 8ª série

12 professoras 03 funcionárias

Escola Municipal do Ensino Fundamental Duque de Caxias

Localidade: Fundo Do Chapéu Diretora: Mônica Rickrot Justin -

Organizada no regime seriado de 1ª à 4ª 13 estudantes 02 professoras 01 funcionária

Escola Municipal do Ensino Fundamental General Osório

Localidade: Vila Beck Diretora Pedra Maria Bobsin Ribeiro Sparremberger

Organizada no regime seriado de 1ª à 4ª série 14 estudantes - 02 professoras 01 funcionária

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Escola Municipal do Ensino Fundamental José Alberto Shütt Localidade: Boa União

Organizada no regime seriado de 1ª à 8ª série Diretora: Maria da Silva Brehm

Vice-diretora 102 estudantes de 1ª à 8ª série

11 professoras 04 funcionárias

Escola Municipal do Ensino Fundamental Professor Angelino Flores da Silva

Localidade: Retiro Organizada no regime seriado de 1ª à 4ª série

Diretor: Paulo Dimer da Silva 15 estudantes 02 professoras 01 funcionária

Escola Municipal do Ensino Fundamental Albino Blehm

Localidade: Barreiro Organizada no regime seriado de 1ª à 4ª série

Diretora: Gerci Sparremberger Germann 07 estudantes 02 professoras 01 funcionária

Alfabetização de Jovens e Adultos.

No município de Três Forquilhas até o ano de 2002 possuímos cinco (05) turmas do MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) que atende jovens e adultos não alfabetizados. Esse

trabalho educativo tem o apoio da Prefeitura Municipal de Três Forquilhas, mas é mantido pela Secretaria Estadual de Educação .

O analfabetismo, no município de Três Forquilhas, atinge aproximadamente 8% da população Número de universitários: 25 estudantes.

Principais projetos educativos desenvolvidos no currículo, em ação nas

escolas municipais:

1 - Preservação e cuidado do Meio Ambiente. Educação Ambiental em todas as escolas com

a participação da comunidade durante o ano inteiro; (lixo, água, poluição dos rios, lagoas e lagos, ar, chuva e outros fatores)

2 - Saúde - prevenção e cuidado. São realizadas palestras e visitas dos profissionais habilitado

durante o ano inteiro. (prevenção da pediculose, escabiose e doenças)

3 - Valores humanos. Vivência de valores através da busca constante dentro da escola, orientando os educandos e as famílias.

4 - Limites na família e na escola (em operacionalização).

5 - Pontos turísticos do município (em operacionalização).

6 - A dança e o teatro na escola. Um resgate a cultura local ( em operacionalização). 7-

Horta: Um Projeto que vale a pena conhecer < clique aqui.

Escola Estadual do município de Três Forquilhas. O município possui somente uma escola estadual, (situada na sede):

Escola Estadual Professor Hermenegildo. Organizada no regime seriado - atende do pré-escolar à 8ª série,

com 275 estudantes e 20 professoras.

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A preservação do Meio Ambiente ficou incluída na base ideológica para a administração

do município de Três Forquilhas.

A preservação do meio ambiente ficou incluída na base ideológica do município, enunciada no dístico do Brasão: "Povo - Fé - Ecologia". É pois um compromisso firmado, dirigido para toda a população.

O criador do brasão, pastor Elio, assim se expressou sobre o assunto:

"Os símbolos sugeridos e incluídos no brasão - o rio Três Forquilhas, o verde vale, os morros cobertos de mata, a figueira, um casal de imigrantes e a cascata da Pedra Branca - indicam para a riqueza ambiental deste município.

Por isto, grande é a nossa satisfação em poder contribuir para a formulação da ideologia e delineamento do espírito que haverão de nortear a caminhada do povo de Três Forquilhas e de suas lideranças na construção e para o desenvolvimento do município.

Sentimo-nos na obrigação de detalhar essas motivações que nos inspiraram, na hora de estabelecer os símbolos e o dístico:

POVO - Um pensamento que nos leva ao passado, até 1826, quando aqui foi estabelecida a Colônia de Três Forquilhas. De um momento para o outro aqui ficaram estabelecidas inúmeras famílias, em sua maioria colonos e que foram constituídos POVO da Colônia de Três Forquilhas. Estes imigrantes temperados por sofrimentos e acostumados ao trabalho árduo, fizeram surgir esta população, simples e acolhedora, fundindo raças e crenças (alemães, índios, portugueses, açorianos, africanos e tantos outros). Aprenderam a crer e a trabalhar, abraçados uns com os outros, em muitos mutirões, ao erguer casas e galpões, preparando lavouras e fazendo as colheitas ou abrindo picadas (estradas).

FÉ - Prometi ao primeiro Prefeito de Três Forquilhas, Sr. Darci Brehm, que, se a Bíblia Sagrada que acompanhara os imigrantes fosse inserida no brasão, eu haveria de doar o exemplar, único, datado de 1827, para ficar sob a guarda da municipalidade. O Prefeito não só ordenou a inclusão da mesma no brasão bem como editou uma lei, adotando aquele exemplar como um bem público e histórico do município. Assim, firmados na Bíblia Sagrada, toda a luta pelo desenvolvimento do município de Três Forquilhas poderá nortear-se, sempre, pelas características do Evangelho. Ou então, como o Papa João Paulo II diz na "Populorum Progressio": "Desenvolvimento é uma nova palavra para a paz". Sua Santidade entende o desenvolvimento, tendo por base o Evangelho (a Bíblia Sagrada) como um trabalho sempre voltado à busca do bem comum, particularmente no combate à miséria (seja ela material, cultural ou espiritual), voltado à promoção de paz com justiça, que consiste na garantia de vida digna para todos e voltado a preservação cada vez mais plena dos direitos humanos.

ECOLOGIA - Um povo que tem fé e que compartilha desta expectativa de desenvolvimento, acima enunciados, sabe-se responsável pelo mundo em que vive. Sabe-se responsável pela realidade da Criação, pelo mundo e tudo o que nele existe. Temos nós a coragem de reconhecer que, efetivamente, temos algo a ver com o futuro da Terra, do futuro da Humanidade e do futuro para toda a Criação (obra de Deus)? É a fé que nos dá a certeza de que a vida tem futuro, apesar das manifestações de morte existentes (do rio Três Forquilhas poluído e sendo destruído, dos morros e das margens do rio que estão sendo desmatados, do uso indiscriminado de agrotóxicos, mas particularmente da gente que aí vemos e que tem que viver à margem da vida, sem chance adequada para a saúde, escola, alimento ou enfim, para uma vida digna.

O brasão do município de Três Forquilhas é anúncio e chamamento para uma esperança e para uma ação dirigida em favor da vida, na expectativa que nossos filhos e netos, as futuras

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gerações, possam ter orgulho e satisfação do dia e da hora em que aqui se resolveu construir e desenvolver o município de Três Forquilhas".

(Mensagem proferida por Elio E. Müller em 20 de março de 1993, por ocasião da comemoração do 1º aniversário da emancipação político administrativa do município de Três Forquilhas)

Atrações Turísticas

O prefeito Rubem Brehm Justo e o secretário Sérgio Witt no Canyon do Josafat.

Abaixo, a casa mais antiga do município de Três Forquilhas, ainda existente, construída em 1853 por Johann Peter Jacoby Júnior, casado com Magdalena Schmitt e está localizada na Boa União. e conceder um maior

desta_______________________________________

Crianças que serviram de garotas e garoto propaganda para a "Festa da Cenoura", na Boa União, diante da casa mais antiga do município.

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As figueiras, um símbolo no vale, são um patrimônio natural para o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e que devem ser preservadas..

Bacia Hidrográfica do Rio Três Forquilhas.

Um ditado do vale do rio Três Forquilhas diz:

"Quem bebe das águas do rio Três Forquilhas" ficará, para sempre, ligado a este lugar".

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As águas antigamente límpidas e potáveis eram cantadas e declamadas em prosa e verso. Ainda hoje, apesar da contaminação com agrotóxicos, dejetos e lixo, o rio continua exercendo profundo fascínio sobre todas as pessoas que vem conhecê-lo. Está em tempo muito oportuno fazer campanhas intensas junto à população para que ao rio seja devolvida sua vida mais plena, com águas mais limpas e povoadas de peixes.

ÁGUAS DE ABASTECIMENTO

Distribuição da água na terra.

Caso toda a água do mundo coubesse em uma garrafa de dois litros a quantidade que efetivamente

teria qualidade de ser consumida equivaleria à metade do volume da tampa da garrafa. A água no

mundo em condições de ser consumida representa 0,0081% do total existente.

Conforme dados da ONU 1,2 bilhão de pessoas do planeta não tem acesso a água potável para uso

doméstico. Também estima que 1,4 bilhão de pessoas não dispõem de condições de descarga

sanitária do esgoto.

A água de Três Forquilhas.

O principal manancial de Itati, onde a água vem sendo captada: é o rio Três Forquilhas.

Verificou-se de que existem programas de proteção dos mananciais.

Mas a eficácia é colocada a prova por fatores que vem comprometer a qualidade da água.

Fatores que comprometem a qualidade da água:

- Ocupação de áreas de preservação ambiental,

- Esgotos clandestinos,

- Contaminação através de resíduos

de propriedades agrícolas e domiciliares, e

- Retirada indevida de pedras do leito do rio, pela

Prefeitura de Terra de Areia, com a conivência de

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órgãos que deveriam proteger o meio ambiente.

(Moradores queixam-se que poços estão secando,

por causa da alteração do nível das águas

em determinados lugares).

Impurezas contidas na água:

A organização Mundial de Saúde (OMC) estima que ,

no mundo, a água contaminada causa 80% das doenças

e é responsavel por 30% dos óbitos.

Conforme depoimento concedido a nós, por funcionário

da Prefeitura, nas águas do rio Três Forquilhas,

encontram-se as seguintes impurezas e,

que o povo itatiense bebe:

- Agrotóxicos,

- Coliformes fecais,

- entre outros.

Disponibilidade, Demanda e Desperdício de Água.

Verificamos que a população em geral age como se a água potável da Terra fosse

inesgotável.

Conforme pesquisas, O Brasil possui aproximadamente 15% de toda a água potável

disponível para uso humano. Mas, no Brasil, a distribuição é desigual. 75% dos mananciais

estão na Região Norte e que tem menos de 10% da população do País. O restante do Brasil

dispõe de apenas 25% de água disponível, para atender as necessidades de 90% da

população dos habitantes.

A verdade é que no Brasil ainda temos uma grande disponibilidade de água e o suficiente

para o abastecimento da população, se bem administrada. Entretanto, sinais já aparecem de

que a água poderá vir a faltar em futuro próximo.

O "Grupo Itati de Educação Ambiental", de Itati - RS verificou que as águas do rio Três

Forquilhas vem diminuindo a cada ano. O principal motivo deste problema é atribuído ao

assoreamento do rio e seus afluentes, e a diminuição de matas, nas encostas, além da

diminuição da mata ciliar.

A água do rio Três Forquilhas há muito tempo já não mais serve para o consumo humano,

por causa da contaminação através de agrotóxicos e esgotos.

Os principais rios brasileiros estão nesta mesma situação quase todos poluídos e

contaminados e não mais se prestam para servir uma rede de água tratada.

Severino do Cabrobó escreveu: "O home do sertão conhece o valor que se dá pra água

boa. Vi muito homê e mulhé, andano léguas pra buscá , de jegue ou no braço, uma água

qualqué, só pra sobrevivê"

. Severino pintou um cenário do sertão nordestino que poderá vir a acontecer em outros

lugares do Brasil. Apesar de água em abundância, em tantos lugares temos cada vez menos

água para o consumo humano.

Outros países, em particular os árabes, sempre lutaram com a falta de água. Soubemos que

atualmente eles vem buscar água mineral do Paraná. Pagam um alto preço além de um

transporte nessa distância toda.

Estamos em um ponto crítico. Ou a sociedade muda o seu comportamento ou, em futuro

bem próximo, as novas gerações padecerão por causa dos crimes ambientais cometidos

impunemente pelos seus antepassados. Afinal de contas, temos idéia dos crimes ambientais

que são cometidos diariamente em todos os lugares do território brasileiro e,até bem perto de

nós? Somos capazes de conceber que amanhã poderá vir a faltar água potável até na Bacia

Amazônica e no Pantanal Matogrossense?

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A Economia de Três Forquilhas

A economia do vale do Três Forquilhas no início da colonização. No início da colonização, depois de 1826, a produção agrícola consistia das culturas tradicionais desta região: mandioca, cana de açúcar, banana, feijão e milho.

Havia também a pecuária, na criação de gado, cavalos, muares e porcos.

Depois de 1880 passaram a surgir os "tropeiros de porcos" que conduziam manadas de suínos pela trilha da Serra do Pinto rumo a Taquara, São Leopoldo, ou mesmo para Caxias. Na Colônia de Três Forquilhas era produzida a rapadura e era feita a cachaça, produtos conduzidos em cargueiros de mulas, Serra acima. Existiram pois muitos engenhos de cana e alambiques, na Colônia de Três Forquilhas (aliás tratava-se da produção que era comum em toda a grande Comarca de Santo Antonio da Patrulha, da qual fazia parte também esta nossa região. E preciso explicar de que no começo da colonização não existiam as Comarcas de Osório e Torres, que eram vilas e distritos de Santo Antonio). A economia da Comarca de Santo Antonio da Patrulha era pois também a economia da Colônia Alemã de Três Forquilhas. A economia do atual município de Três Forquilhas. Quando foi criado o município de Três Forquilhas, depois de 1990, mais de 150 anos depois do começo da colonização, já a base principal da economia era outra. Havia sido implado o cultivo de hortifrutigranjeiros (em minifúndios = pequenas propriedades rurais). Os hortigranjeiros cultivados são os mesmos dos dias atuais: cenoura, beterraba, repolho, couve-flor, pimentão, tomate, pepino, abobrinha, abóbora, alface, mamão, figo, pêssego. Em 2001 havia 780 propriedades rurais e 560 produtores agrícolas. Em levantamento da Prefeitura Municipal constavam 03 estabelecimentos industriais (CECOSFER Cerâmica, Enlatados Três Forquilhas, e uma Olaria), 18 estabelecimentos comerciais (mercados, armazéns, lojas e bares), além de madeireiras, posto de gasolina, posto do BANRISUL e Cartório. A pecuária vem caindo, perdendo espaço. A maioria dos antigos engenhos de cana desapareceram. A novidade no município de Três Forquilhas e em todo o Litoral Norte é o Ecoturismo, a ser desenvolvido com base no "DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL". O Desenvolvimento Sustentável é a maior preocupação dos tempos atuais, ligado à valorização do meio natural pelo homem e a sua exploração econômica com o intuito de satisfazer suas necessidades e garantir a melhoria da qualidade de vida. Segundo a World Comission of Environment and Development, vinculada a ONU, o desenvolvimento sustentável do Turismo é "aquele que atende as necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas gerações futuras". Com base nesta definição, o Turismo busca conciliar os interesses, dos visitantes, ávidos por explorar o local visitado; mas garantindo aos nativos a permanência dos elementos fundamentais que caracterizam a sua localidade: o meio ambiente, a cultura, a história, o estilo de vida, possibilitando que seus herdeiros possam usufruir dos mesmos. Atrativos para a prática do Ecoturismo no município de Três Forquilhas são:: "Canyon do Josafat", "Cascata da Pedra Branca", rios e riachos, chapadas e morros (p.ex: "Chapada dos Valim". Dali pode-se ver a Lagoa Itapeva e o mar). Existem trilhas e caminhos no vale e na subida da Serra.

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Merece destaque a casa mais antiga do município situada em Boa União, construída em 1853, área propícia para o ecoturismo. A foz do Três Forquilhas, também tem fortes atrativos como as antigas figueiras, que são um símbolo e patrimônio natural local. Elio E. Müller.

Lenda ou História?

A chegada dos primeiros colonos ao vale do Três Forquilhas.

Conforme a tradição oral, os primeiros colonos chegaram ao vale do rio Três Forquilhas na semana que antecedia o Natal, em 1826. Era uma leva de 16 famílias. Possivelmente eles passaram a primeira noite dentro ou debaixo das carretas, recostados em troncos de seculares árvores ou ao redor de uma fogueira. Podemos apenas imaginar a situação pois faltam tais detalhes nos relatos que ouvimos.

A teimosia do Comandante Philipp Peter Schmitt.

Quem me contou muitos detalhes sobre esta fase inicial da instalação da Colônia Alemã Protestante de Três Forquilhas foi o Sr. Alberto Schmitt, meses antes da sua morte. Ele contou que o seu bisavô Philipp Peter Schmitt tivera um papel decisivo. Vendo os dias passando e sem uma perspectiva para uma rápida posse da terra, ele teria decidido encaminhar suas próprias providências. O fato é que o Imperador D. Pedro I viera até Torres no princípio do mês de dezembro de 1826 e convocara os imigrantes solteiros para seguirem, na condição de voluntários, para a Guerra da Cisplatina. Paula Soares, o diretor da Colonização vira assim frustrados os planos de instalar a Colônia de Três Forquilhas com o auxílio desses jovens. Philipp Peter Schmitt teria reunido diversas famílias que possuíam preciosas sementes, trazidas da Europa (sementes de cevada,, trigo, aveia e outros grãos). Não encontramos nenhum registro ou documento que falasse sobre este procedimento do Comandante Schmitt. Mesmo que a iniciativa de Schmitt não mereceu registros, Alberto Schmitt acentuou que o plano do bisavô recebera uma ajuda discreta de Paula Soares que teria fornecido carretas, alimentos, cavalos e ferramentas e alguns soldados vaqueanos conhecedores das peculiaridades do vale do rio Três Forquilhas. Estas famílias foram privilegiadas. Puderam escolher os seus respectivos lotes de terra, distribuídos em quatro núcleos, de moradores.

Alguns índios da aldeia de Aivuporã ajudam os colonos na

construção das primeiras choupanas, provisórias.

Esta leva das primeiras 16 famílias de colonos alemães não encontrou nenhum material de construção, como madeira, tijolos ou telhas. Por isto, os soldados vaqueanos teriam ido até a localidade de Três Pinheiros para requisitar a ajuda de índios que ali residiam. Os índios, correspondendo à solicitação de Paula Soares, enviaram homens e mulheres, peritos em construção de choupanas, utilizando o material disponível nas matas. Historiadores modernos não querem aceitar a hipótese de um início tão rudimentar, da

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colonização alemã no vale do rio Três Forquilhas. Imaginam que tudo deveria ter transcorrido à semelhança da Colônia Católica, próxima a Tôrres, que tiveram material de construção disponível nas proximidades. Além disso se baseiam no fato de Paula Soares nada ter mencionado sobre uma tal situação. Mesmo assim não queremos rejeitar estes relatos vindos da tradição oral. Foram fontes de informação estreitamente vinculadas aos imigrantes colonizadores e merecedoras de crédito.

O Natal de 1826, na Colônia de Três Forquilhas.

Não temos relatos sobre o primeiro Natal na Colônia de Três Forquilhas. Podemos imaginar os colonos, na noite de Natal, em torno de algumas fogueiras, cantando hinos natalinos em língua alemã. Se pastor Carlos Leopoldo Voges, na época ainda solteiro, realmente esteve presente, com certeza leu um texto da Bíblia e apresentou uma mensagem natalina.

Conta o Sr. Alberto Schmitt que o seu avô costumava contar que, à noite, nas primeiras

semanas, as crianças não conseguiam dormir. Elas se assustavam com o pio lúgubre das

corujas e o rosnar de animais selvagens, que rondavam as choupanas.

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LENDAS ou HISTÓRIAS:

O ESQUADRÃO JOSAPHAT"

O Esquadrão Josaphat teve origem no pequeno efetivo reunido por Baiano Candinho durante o ano de 1892, no vale do Três Forquilhas, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Candinho atendera orientação vinda do eminente líder maragato Silveira Martins que desejava organizar a força do Partido Federalista no intuito de mudar os rumos da política castilhista que dominava o solo riograndense com muito autoritarismo. Essa pequena força inicial reunida por Baiano Candinho, na área da antiga Colônia Alemã de Três Forquilhas (mais precisamente na Serra do Pinto) seria o embrião, para a formação do Esquadrão Josaphat. O auge da atuação do revolucionário Baiano Candinho foi a invasão e tomada da cidade de Conceição do Arroio (hoje Osório - RS) humilhando, em particular, as autoridades republicanas daquela cidade.

O efetivo do Esquadrão.

O efetivo do Esquadrão Josaphat nos melhores momentos teve além do

Major Comandante BAHIANO CANDINHO, os seguintes homens:

- Pelotão Três Forquilhas:

01 Capitão, 02 Tenentes, 02 Sargentos, 02 Cabos e 37 Soldados. - Pelotão Serrano: 01 Capitão, 02 Tenentes, 02 Sargentos, 02 Cabos e 32 Soldados. - Pelotão da Escolta: 01 Capitão, 02 Tenentes, 02 Sargentos, 04 Cabos e 23 Soldados.

Ocasionalmente o Esquadrão era reforçado por adolescentes, que faziam questão de acompanhar Candinho em suas andanças talvez motivados pelo espírito de aventura, como foi, por exemplo, no caso da invasão da cidade de Conceição do Arroio (Osório).

Armamento e munição.

Baiano Candinho, pessoalmente, além de portar uma espada, usava um revólver de fabricação americana e uma carabina Winchester, também americana. Os Oficiais não possuíam espada. Usavam em geral duas pistolas e uma arma de cano longo. Os Sargentos, Cabos e Soldados também usavam armas de cano comprido e, alguns poucos possuíam pistola. Entre os serranos, a maioria portava uma lança de fabricação pessoal, feita com vara forte, tirada do mato. Difícil será de descobrir de onde vieram as primeiras armas para o efetivo do Esquadrão. As armas pessoais de Candinho teriam sido um presente do Major Azevedo, líder maragato de Conceição do Arroio. Quando da vinda dos Brigadas para o lado de Candinho, estes, por sua vez, teriam trazido boas armas e farta munição, fornecidos pela Brigada Militar.

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Subsistência da Tropa. Fato que chama a atenção é a de que nenhum dos integrantes do Esquadrão recebia qualquer tipo de pagamento. Eram todos "soldados sem soldo". Para prover a alimentação da tropa Candinho contara com a ajuda de "Coronéis Serranos", com destaque para o Coronel Baptista. Também o Major Adolpho Voges, líder maragato de Três Forquilhas, teria fornecido charque e farinha, em diversas oportunidades, para livrar esses homens da penúria e da fome. Os integrantes dos Pelotões Três Forquilhas e Serrano, na maioria, tinham as suas propriedades particulares com ranchos e lavouras. Contavam com a ajuda da família, da esposa e filhos e tantas vezes dos pais e parentes que lhes forneciam suprimentos. Apenas os Brigadas estiveram fora desta regra. Ao passarem para o lado de Candinho eles deixaram de ter soldo e alimentação garantidos. Surgia um delicado problema para o efetivo. Os Brigadas não se dispunham a adotar a parca dieta dos serranos que viviam contentes com um pouco de charque, farinha, rapadura e cachaça. Os Brigadas estranharam um tal cardápio e pediam que se lhes fornecesse sempre carne fresca, ou teriam que buscá-la entre os colonos da região.

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O HERÓI DE TRÊS FORQUILHAS

Era o dia 2 de março de 1895. O Tenente Max Tietböhl estava ali, na casa

paterna, muito feliz pelo fato de poder guarnecer a sua terra natal.

Ele ocupara a casa dos pais, por estar ainda desabitada, mas toda

mobiliada, assim como ficara quando os velhos haviam partido para a última

viagem deles. A casa se situava no lado torrense, próximo ao Sítio da Figueira,

apenas no lado oposto do rio.

Max Tietböhl passava o maior tempo possível na casa, pois a considerava

seu lar, ainda nem casara e não tinha namorada em vista. Essa residência ficava a

meio caminho entre os dois postos fixos de sua tropa, entre Boa União e o

Ancoradouro.

Quando a patrulha móvel subia ou descia, observavam para ver se o

comandante deles ali se encontrava e iam se apresentar a ele. Capitão Ignacio

Machado tomou conhecimento dessa situação e assim veio chegando com seus

homens através de uma trilha que vinha do Morro do Forno e dava para os fundões

do Morro do Chapéu. Ele contornou o Chapéu e desceu pela trilha que desemboca

na estrada principal a talvez 400 metros da casa de Max Tietböhl. A intenção agora

era muito mais de abater o comandante do Esquadrão que seria pego de surpresa e

talvez desprevenido. De fato, Tenente Max estava bem despreocupado, bem à

vontade, sem seu dólmã e trajando apenas a calça do uniforme. Decidiu fazer a

manutenção de sua arma de cano longo. Desmontou-a com a intenção de lubrificá-

la.

Ele estava entretido nessa atividade quando escutou o trotear de diversos

cavalos e imaginou, a princípio, que eram os homens da patrulha móvel retornando

da Boa União. Vestiu a jaqueta militar e foi até a porta, visando facilitar as coisas

para os homens que desejavam se apresentar e dizer que tudo estava em ordem.

Surpreso constatou que ali chegavam revolucionários federalistas, em número

elevado, talvez um pelotão completo.

Max volveu-se entrando na casa e trancando aquela porta, enquanto

buscava suas pistolas e afivelava a espada embainhada na cintura. Capitão

Machado deu ordens para que a casa fosse cercada e invadida. Ele mesmo desejava

abater o tenente e por isso rebentou a porta e foi entrando.

O primeiro tiro desferido por Max foi direto na testa do invasor que caiu,

estrebuchando. Já os demais foram entrando por janelas e pela porta dos fundos.

Max ficou de costas contra a parede da sala, esperando pelos inimigos.

Nesse meio tempo, pelo outro lado do rio, vinha a patrulha móvel descendo

da Boa União. Tinham tomado naquele dia a estrada do outro lado do rio por

considerá-la melhor e já se encontravam na altura do Sítio da Figueira quando

escutaram aquele tiro. Eles apressaram os cavalos e a galope se movimentaram até

o passo do rio, quando foram notados. Iniciou um tiroteio e os integrantes da

patrulha se viram em número bem inferior aos atacantes e decidiram retornar, na

decisão de buscar reforços no posto fixo do Ancoradouro, para somente então

enfrentar os revolucionários. Alguém do efetivo falou: - “E o nosso Comandante,

estará ele na casa?”.

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Outro respondeu: - “Certamente que não, pois ele ficou de ir ao

Ancoradouro, nesta tarde”. E saíram todos em galope disparado, rumo ao posto do

Ancoradouro.

Tenente Max ficou em situação insustentável. Se no primeiro momento ele

respirou aliviado ao ouvir a troca de tiros, pensando que a patrulha móvel iria

conceder-lhe apoio, enganou-se. O tiroteio parou e os atacantes voltaram a se

ocupar com ele, retornando de novo pela janela e pela porta dos fundos, invadindo

a casa.

Agora eram de novo em torno de quase 30 contra um. De pistola em punho

e a espada na outra mão foi agora avançando na direção dos revolucionários mais

próximos. Com outro tiro certeiro ele abateu Agapito Ramos, o ajudante de ordens

do Capitão Machado, agora ali estirado, morto.

Max passou a espada para a mão direita e desferiu um golpe sobre a mão de

outro agressor. A espada quebrou. Mas a espada decepara alguns dedos deste que

voaram, junto com a pistola, para um canto da sala. O sangue passou a jorrar.

Agora havia somente uma saída para Max. Seria o corpo a corpo. Ele puxou da faca

que ele trazia na cintura e foi acertando agressores à sua volta, ferindo seriamente

diversos deles.

Tenente Max estava agora bastante vulnerável e logo passou a receber

disparos de tiro de pistola, quase à queima roupa. Foram inúmeros os tiros e ele

tombou sobre o soalho de sua residência, inerte.

Os inimigos cercaram o seu corpo e deram-lhe alguns chutes para se

certificaram que ele de fato morrera.

Os revolucionários, de repente, foram em busca do corpo do Capitão

Machado e se certificaram que morrera. Também Agapito estava ali sem vida e

diversos homens gravemente feridos. Olharam agora com respeito para o corpo do

Tenente Max e alguém falou: - “Este foi um valente!”.

Os atacantes amedrontados, temerosos pela possibilidade da vinda de

reforços dos castilhistas, bateram em retirada, a galope, deixando para trás os

cadáveres de Machado e de Agapito. Levaram somente os feridos e tomaram

novamente o mesmo caminho, para encetarem a fuga através da trilha do Chapéu.

Companheiros chegam tarde

Somente quarenta minutos mais tarde voltavam os cavalarianos castilhistas,

já tomados de profunda ansiedade, pois constataram que o Comandante não

estivera no posto militar do Ancoradouro.

Triste foi o quadro que eles encontraram na velha casa dos Tietböhl O

Tenente estava morto, deitado numa poça do seu próprio sangue. Mas na porta de

entrada viram e reconheceram o Capitão Ignacio Machado, morto. Num ponto da

sala viram o cadáver do Agapito Ramos e disseram: - “O nosso comandante foi um

valente, pois acabou com as duas cabeças desse bando de facínoras”.

Eles depararam com muito sangue espalhado em diversos pontos como sinal

evidente que diversos outros revolucionários saíram com graves ferimentos. Num

canto da sala viram uma pistola com um dedo no encaixe do gatilho e outros dois

dedos, caídos ao lado da arma. Alguém saíra com os principais dedos da mão

direita decepados e nunca mais voltaria a empunhar uma pistola.

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A providência imediata foi de levar ao conhecimento do Comandante de

Torres a terrível tragédia, da morte do Comandante do 3º Esquadrão do 16° RC,

tenente Frederico Maximiliano Tietböhl. Notificaram também a respeito dos dois

cadáveres, de chefes do bando revolucionário.

O herói de Três Forquilhas

Os curiosos foram chegando até a casa que fora morada do professor

Christian Tieböhl. Também os irmãos e vizinhos e moradores do outro lado do rio

vieram para buscar informações, assim que o tiroteio e o barulho da refrega

haviam terminado.

Tenente Frederico Maximiliano Tietböhl O Max Tiba, com trinta anos de idade.

Filho de Três Forquilhas e Herói Republicano. Recebeu o comando do 3° Esquadrão do 16° RC. Morto em combate no dia 2 de março de 1995.

Fonte: Gravura do Arquivo da Família Voges.

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Carlos Frederico Voges e José Jacob Tietböhl ficaram trocando impressões

sobre os possíveis procedimentos para o sepultamento do tenente Max.

De uma coisa eles tinham certeza, que o Coronel Álvaro Capaverde jamais

admitiria que o ofício fúnebre viesse a ser dirigido pelo Major Adolfo Felipe Voges,

um líder maragato. Seria temerário colocar o major Voges nessa situação, pois

poderia acontecer dele receber voz de prisão, diante da revolta da qual o

comandante militar deveria estar acometido.

Carlos Voges opinou: - “Eu não me sinto em condições de conduzir um ofício

fúnebre e não conheço ninguém além do meu pai, aqui na Colônia, em condições

de assumir essa tarefa”.

José Jacob Tietböhl respondeu: - “Eu igualmente não tenho e nunca tive

aptidão para essa esfera da atividade religiosa. Acompanhei o meu pai tantas vezes

e ficava admirado com a desenvoltura dele, para falar com o povo. Mas, afinal ele

era um mestre e dos melhores. Quanto ao que disseste a respeito do teu pai,

também acho que o Major Voges nem deveria aparecer no velório e nem ao

sepultamento. Temos que aguardar a vinda do Comandante do 16º RC. Por

enquanto ninguém poderá mexer no corpo, pois eles querem efetuar a autópsia de

praxe e sei que trarão um médico para fazer isso”.

Carlos Voges finalizou: - “Temos agora o nosso herói republicano de Três

Forquilhas!”.

Depois, colocando a mão sobre o ombro do amigo, corrigiu: - “Peço

desculpas, pois pode dar a impressão que eu fico satisfeito com essa morte do teu

querido irmão”.

José Jacob Tieböhl ficou com lágrimas nos olhos e falou: - “Não há

necessidade de me pedir desculpas, pois sei o que o amigo está pensando. Eu fico

orgulhoso por este meu irmão, tão valente e que vendeu bem caro a pele dele”...

O velório de um bravo

Grande foi mais uma vez a consternação entre a população do vale do rio

Três Forquilhas, com tantas mortes chocantes, ocorridas nos últimos tempos.

A morte do Tenente Frederico Maximiliano Tietböhl dentro de sua própria

casa, numa área nobre da Colônia despertou grande revolta e posições exacerbadas

contra os revolucionários federalistas. Os federalistas foram todos colocados sob

severa condenação, declarados como sendo meros bandidos desqualificados.

Carlos Voges procurou os oficiais do Estado Maior do 16º RC assim que eles

chegaram ao local e sugeriu: - “Considero que aqui não será um bom lugar para

velarmos esse filho da nossa terra que tombou no cumprimento de sua tarefa

militar. Por isso venho oferecer o Sítio da Figueira que fica bem ali, no outro lado

do rio. Sugiro que levantem uma tenda grande, dessas que se encontram no

ancoradouro, para ali ser colocado o ataúde do oficial e permitir que façam a

guarda solene, com velório aberto para todo o povo”.

Os oficiais confabularam por alguns instantes e em seguida confirmaram o

procedimento como adequado para a finalidade prevista.

Os militares buscaram a tenda ou uma espécie de barraca grande e a

levantaram sob a figueira maior. Foi constituída uma guarda de honra fúnebre.

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Jovens soldados trajando suas fardas de gala e munidos de arma, se revezavam na

vigília noturna, ao lado do caixão.

Carlos Voges colocou o seu grande galpão ao dispor onde estavam armados

estrados que normalmente serviam de catre para os peões, que ali pernoitavam e

mostrou o lugar onde se encontravam cuias, bombas, chaleiras e erva mate.

Grande foi o movimento de integrantes do 16° RC que vieram de Torres

para o último adeus. Também muitos moradores de diferentes pontos do vale iam e

vinham, trazendo palavras de conforto para a numerosa família Tietböhl, muito

benquista na localidade.

Na grande sala de visitas da casa de Voges foi armada uma enorme mesa

onde era servido café, acompanhado de rosca de polvilho e charque cozido, em

pequenas fatias. Ali se reuniram os oficias do efetivo.

Durante a noite chegou o comandante do 16º RC, coronel Álvaro Capaverde

que se uniu ao seu Estado-Maior. A sua primeira orientação foi para com o dono do

Sítio da Figueira, dizendo: - “Em primeiro lugar agradeço pela acolhida em sua

propriedade para realizarmos o velório do nosso bravo Tenente Frederico

Maximiliano Tietböhl. Em segundo lugar quero solicitar que não se faça nenhuma

cerimônia fúnebre em língua alemã devido ao fato de nós estarmos em época de

revolução e é importante que possamos saber e entender tudo o que for feito e

falado. Para evitar problemas neste sentido sugiro que seja feita uma cerimônia

militar que, é evidente, meus oficiais haverão de conduzir. Como é de praxe em

nosso meio militar nós sempre optamos pelas cerimônias simples e rápidas. Espero

que isto seja compreendido pela sua congregação protestante, cujos adeptos

também aqui estão em grande número, para prestar suas homenagens”,

Carlos Voges tranquilizou o Coronel Capaverde, explicando: - “Os dirigentes

gerais da minha igreja protestante, em São Leopoldo, enviaram um novo pastor

para nós, porém ele deve estar, nesta hora, na Capital da Província de onde irá

despachar o seu baú de livros que chegou da Alemanha e mais suas malas e

pertences. Sei que esse nosso novo pastor nada entende da nossa língua nacional,

e teria dificuldade de atender a sua exigência. Portanto, nesta hora não teremos

nenhum clérigo presente, em condições de realizar o ofício fúnebre. Concordo de

bom grado que se faça um sepultamento simples com a presença da nossa Banda

de Música da nossa Colônia que estava sob a regência do saudoso maestro e

regente professor Christian Tietböhl, aliás, que era pai do jovem tenente morto.

Também nós integrantes da Sociedade dos Cavaleiros do Vale pretendemos fazer

uma singela homenagem. Falarei com os dirigentes da minha Comunidade de Fé na

qual o meu pai atua como principal condutor desde a morte do meu avô. Tenho

certeza que a minha gente haverá de entender muito bem esta situação

extraordinária que acontece nestes tempos tumultuados da Revolução”.

Cerimônia fúnebre sob a figueira

No dia seguinte, bem cedo, os integrantes do 16º RC organizaram uma

singela cerimônia fúnebre, momento em que o Coronel Capaverde usou a palavra,

dizendo: - “Estamos todos chocados com este ato covarde praticado contra um dos

mais bravos oficiais do efetivo sob o meu comando. Um jovem promissor,

inteligente e dedicado aos estudos e ao cumprimento da missão militar. Filho de

uma família ilustre deste vale, aqui nasceu em 1865. Ele deve ser visto por nós

como um verdadeiro herói, pois sozinho enfrentou 30 bandidos federalistas e soube

mostrar para eles o valor do nosso soldado republicano. Para encerrar ordeno que o

oficial encarregado leia a Ordem do Dia contendo o meu elogio que escrevi para o

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Tenente Frederico Maximiliano Tietböhl que serviu no 3º Esquadrão do 16º

Regimento de Cavalaria, de Torres, sob o meu comando”.

Depois da leitura do elogio foi também lido um telegrama enviado pelo

Comando Militar do Rio Grande do Sul, recebido no quartel de Torres, através do

serviço de telégrafo.

Aproximou-se um grupamento de militares que sob voz de comando

perfilaram diante do caixão e depois fizeram uma salva com tiro de festim.

Foi trazida uma carroça militar, enfeitada com flores e puxada por quatro

cavalos brancos, para nela ser colocado o caixão, coberto pela Bandeira do Brasil.

O féretro saiu rumo ao Cemitério do Passo. Logo atrás da carroça ia o

Comandante do 16° RC e seu Estado Maior seguidos de diversos esquadrões, de

cavalarianos. Em seguida juntaram-se cavaleiros do vale, em particular o

Ritterverein, tendo a testa Carlos Voges e ao seu lado o cunhado Christovam

Schmitt.

Um sepultamento singelo

Conforme já foi dito, a Comunidade Evangélica de Três Forquilhas estava

ainda sem pastor e nenhum líder da Comunidade teria condições de tomar alguma

iniciativa para um momento de fé. O único líder com a desenvoltura adequada

teria sido o major Adolfo Felipe Voges, mas o nome dele nem podia ser

pronunciado nesta ocasião, pois era tido como um adversário dos republicanos e

castilhistas, conhecido como o chefe liberal e maragato de Três Forquilhas a mais

de três dezenas de anos. Deste modo o sepultamento do Tenente Maximiliano

Tietböhl foi muito singelo.

Felizmente a Banda de Música de Três Forquilhas compareceu ao local,

mesmo sem seu maestro que morrera afogado fazia nove meses, no naufrágio da

Lagoa Pinguela. Esse maestro que fora o pai do Tenente Max Tietböhl e que

certamente teria passado enorme dificuldade para reger os músicos se vivo ainda

estivesse. A Banda de música aproximou-se e passaram a executar uma marcha

militar prussiana.

Chegando diante da cova, o comandante Álvaro Capaverde ordenou: - “Eu

gostaria muito que alguém rezasse um Padre Nosso em favor do nosso Tenente

morto. Peço que um dos oficiais aqui presentes que tenha afinidade com as coisas

da fé e da religião venha até aqui e nos conduza nessa prece”.

Certamente muitos moradores de Três Forquilhas lembraram-se dos serviços

prestados nos últimos tempos pelo Major Voges e antes contando com a ajuda do

professor Christian Tietböhl. Este último estava morto, porém Voges estava no

refúgio sagrado de seu lar, ao lado de Bina Rosina, sem poder aparecer em público.

Ele recebera de seu filho Carlos e do genro Christovam Schmitt a recomendação

rigorosa, com a proibição de sair de casa, para não se deixar ver.

O filho do major Voges dissera: - “Pai, quem não é visto, não é lembrado. E

eu temo pela sua integridade física e pela sua vida, pois neste momento todos os

republicanos estão por demais revoltados com os revolucionários federalistas que

estão sendo tachados de bandidos e de covardes. Sei que você, pai, não é

federalista, porém foi por dezenas de anos o chefe liberal e maragato em nosso

lugar. Todos sabem disso, o Coronel Capaverde e seus oficiais. Por favor, fique no

refúgio do seu lar, que isso é pela sua segurança”.

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Major Voges com toda a certeza devia estar desconsolado e triste, por ser

impedido de livremente ir ao velório e ao enterro de pessoa falecida que era

integrante da comunidade. Era muito triste estar impedido de levar uma palavra de

conforto espiritual, em nome da Comunidade, para a família enlutada.

Um jovem oficial do 16° RC que não era filho desse vale e era do credo

católico, adiantou-se e falou: - “Fui coroinha e sei rezar bem um Padre Nosso!”. Em

seguida passou a realizar a prece.

No momento em que o caixão foi baixado à sepultura Carlos Frederico Voges

Sobrinho aproximou-se com a bandeira do Ritterverein e procedeu como de praxe

quando algum dos cavaleiros da sociedade era sepultado.

Na verdade, o jovem Maximiliano sempre participara das atividades e

torneios da Sociedade, desde jovem, em companhia de seu pai e de seus irmãos.

Portanto ele fazia jus à homenagem.

Carlos Voges inclinou três vezes a bandeira sobre o caixão e exclamou: -

“Que a vitória seja da lealdade de todos nós!”.

Os cavaleiros perfilados na lateral do cemitério agitaram as lanças que eles

portavam e responderam: - “À vitória da lealdade, vivaaa!”.

Coronel Álvaro Capaverde veio e estendeu a mão para cumprimentar Carlos

Voges e o escrivão Christovam Schmitt, líderes republicanos que ele já conhecia e

os elogiou, dizendo: - “Apreciei muito este vosso cerimonial de homenagem e de

despedida, ao cavaleiro que morre fiel ao seu ideal. Agradeço, pois por esta justa

homenagem que acabaram de fazer para este nosso herói de Três Forquilhas, que

foi um oficial valoroso do nosso 16º Regimento de Cavalaria, de Torres”.

Os esquadrões do 16º RC saíram um após o outro, rumo ao aquartelamento

de Torres. Ficaram para trás apenas dez homens, designados para fazer a

segurança do ancoradouro do rio Três Forquilhas.

A tristeza de Baiano Candinho

A notícia da morte de Max Tietböhl chegou bem depressa as Charnecas de

Labatut, em Cima da Serra, onde Baiano Candinho estava acampado com dois

pelotões do Esquadrão Josaphat. Apenas o capitão Luna com os Brigadas teimava

ficar em outro ponto da Serra, fora das vistas de Candinho.

Candinho lamentou a morte de Max, dizendo: - “Essa morte é uma grande

desgraça para nós, pois que esse filho do mestre Cristiano da Banda de Música,

cresceu em nosso meio. Eu vi esse menino tornar-se homem e mostrar suas

qualidades de cavaleiro, em nossos torneios de tiro de laço e campeiradas. O finado

Capitão Machado não podia ter tomado pior decisão do que essa, de atacar e matar

um homem solito, que estava no aconchego da casa que havia sido de seus pais.

Não havia necessidade para esse absurdo, pois que é certo que apenas trouxe

morte e dor para uma família que todos aprendemos a querer bem. E o pior de

tudo que nada de bom acrescentou para o movimento revolucionário. Ainda bem

que Max Tietböhl deu um tiro na testa do Capitão Machado, pois senão eu teria que

ir lá tomar-lhe satisfações e dar-lhe a lição que passara a merecer”.

E Candinho finalizou, declarando: - “O finado Capitão Machado se meteu em

meu território, sem ser convidado. Comprometeu a nossa justa causa que é contra

a ditadura castilhista e teve o justo castigo que ele passou a merecer”.

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A maioria dos integrantes dos Pelotões Três Forquilhas e dos Serranos

haviam convivido com a família Tietböhl em festas, casamentos e enterros onde o

velho mestre da banda sempre deixara seu toque musical e de alegria para todo o

povo. Todos compartilharam da tristeza de Candinho e bem sabiam da severa

ordem que o chefe lhes concedera, pois volta e meia dizia: - “Jamais atacaremos o

povo da Colônia de Três Forquilhas porque nós somos parte desse povo. Fiz a

minha promessa para o Santo Padre Voges e para o filho dele, de que seríamos

sempre uma defesa e um amparo para a população de Três Forquilhas”.

A morte de Max Tietboehl trouxe grandes prejuízos para Baiano

Candinho.

Dali para frente apenas utilizavam o termo bandidos para se referir aos

revolucionários federalistas. Todos sabiam muito bem que Capitão Machado viera

dos fundões de Morro do Forno apenas para infligir danos físicos aos castilhistas

torrienses. Ele escolheu uma força torriense para se vingar de derrotas que sofrera

em embates anteriores, onde integrantes do 16º RC haviam abatido revolucionários

federalistas seus. Ódio gera ódio e vingança amplia sentimentos de vingança e,

uma revolução sempre é um ambiente propício para que aflorem e se projetem tais

sentimentos que levam à destruição de vidas.

Quem ficou no caminho dessa sanha de vingança logo teve que ser o

tenente Max Tietböhl, um filho querido da Colônia de Três Forquilhas. Ele na

verdade não foi nenhuma vítima inocente e se encontrava nesta revolução de farda

e de arma em punho, consciente do que lhe poderia acontecer, de ter que dar a

vida pela causa que ele defendia.

Tenente Max teve uma percepção muito clara da situação, pois procurou

cortar a cabeça pensante desses atacantes, ou seja, eliminar o chefe deles. Max

escolheu muito bem os seus alvos, pois o seu primeiro tiro foi na testa do Capitão

Machado e o segundo no peito do ajudante de ordens deste, o Agapito.

Mesmo morrendo no combate de um homem contra mais de trinta ele fez

um verdadeiro justiçamento contra seus atacantes. Ele deixou esse grupamento de

revolucionários sem chefe e sem subchefe de tal forma que depois eles nem

souberam ao certo para onde ir e onde se esconder.

Certamente tentaram se juntar com outros focos federalistas da região sul

de Santa Catarina e dos fundões de Torres. Entretanto, não apareceram na

presença de Baiano Candinho e certamente nem teriam sido recebidos, nem

acolhidos.

Entre os castilhistas a morte de Max Tietböhl foi qualificada como tendo sido

apenas um vil e infame assassinato e não foi visto como um ato em meio ao

confronto revolucionário.

Nada pior poderia ter acontecido a Baiano Candinho do que o falatório que

se espalhou em seguida. Surgiram aqueles que procuravam responsabilizar

Candinho pelo ocorrido.

Era um modo de tentar colocar a população contra ele e seu efetivo. Todos

sabiam muito bem que Candinho contava com a estima e a admiração de muitos e

a quase totalidade dos integrantes do Pelotão Três Forquilhas eram filhos de

pioneiros imigrantes que colonizaram o vale.

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Tenente MAX TIETBÖHL FOI UM BRAVO.

De maneira merecida deve ser lembrado

como o HERÓI DE TRES FORQUILHAS.

O Tenente Maximiliano Frederico Tietböhl foi um bravo. Ele revelou a

coragem do soldado que não foge da luta mesmo diante do risco iminente para a

própria vida. Ele não ensaiou nenhuma fuga, pois que isto não era de seu feitio. Ele

também não se acovardou para pedir piedade ou qualquer coisa destas.

A morte de Max ficou dali em diante como um exemplo de bravura para todo

o efetivo do 16º RC e, enquanto existiu esse efetivo militar, o seu quadro estava na

parede do Comandante, em destaque, contendo o seu nome e a data de sua morte

em combate e em letras douradas, constava: < Ele deu a vida pela causa

republicana >.

Produção:

ELIO EUGENIO MÜLLER

[email protected]