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Tribunal de Contas da União
Dados Materiais:
Decisão 506/93 - Plenário - Ata 56/93
Processo nº TC 700.442/92-8
Responsáveis: Pérsio Arida - Presidente do BNDES, André Franco
Montoro - Presidente da Comissão Diretora do Programa Nacional de
Desestatização.
Entidade: Petroquímica União S/A
Vinculação: Ministério de Minas e Energia
Relator: MINISTRO HOMERO SANTOS
Representante do Ministério Público: não atuou
Unidade Técnica: Inspetoria-Regional de Controle Externo no Estado
de São Paulo.
Assunto:
Acompanhamento do processo de desestatização da PETROQUÍMICA UNIÃO
S/A - PQU.
Ementa:
Privatização. Acompanhamento. PETROQUÍMICA União S/A. Exame
minuncioso das etapas do processo de privatização. Procedimentos
considerados em consonância com a legislação aplicável à espécie.
Determinação ao órgão competente para adoção de providências nos
futuros processos de privatização.
Data DOU:
29/11/1993
Página DOU:
18027
Data da Sessão:
17/11/1993
Relatório do Ministro Relator:
GRUPO I - CLASSE VII - Plenário; TC 700.442/92-8
Natureza: Acompanhamento, pelo TCU, do processo de
privatização da PETROQUÍMICA UNIÃO S/A, no âmbito do Programa
Nacional de Desestatização - PND, instituído pela Lei nº 8.031, de
12.04.90.
Ementa: Documentação alusiva aos 1º e 2º estágios do processo
de desestatização da PETROQUÍMICA UNIÃO S/A - PQU. Relatórios
conclusivos sobre a razoabilidade dos procedimentos, premissas e
critérios adotados. Orientação no sentido do TCU se pronunciar,
sempre que possível, antes da data marcada para o respectivo
leilão, sobre a fixação do preço mínimo da Estatal. Recomendações
aplicáveis à espécie, com vistas ao aprimoramento dos futuros
processos de privatização.
Pela Lei nº 8.031, de 12.04.90, que instituiu o Programa
Nacional de Desestatização, foi atribuída competência ao TCU para
acompanhamento e apreciação de todo o processo de privatização
brasileiro ("ex vi" do art. 21, inciso XIII):
"Art. 21. Competirá ao Gestor do Fundo Nacional de
Desestatização:
XIII - preparar a documentação de cada processo de alienação,
para apreciação pelo Tribunal de Contas da União;"
Este acompanhamento, para efeito de exame e fiscalização, é
permanente e alcança todas as etapas do processo de desestatização
(cf. Súmula 179/TCU; Portaria nº 105-GP/89, Decisão de 28.05.91 -
Anexo XIII da Ata nº 22/91 - revista pelas Decisões nºs 351/92 e
306/93), definidas, como critério de apreciação, em 3 ESTÁGIOS
distintos, a serem presentes ao TCU até o 30º (trigésimo) dia após
o encerramento do último evento, obrigatoriamente acompanhados do
pronunciamento do gestor do Fundo Nacional de Desestatização,
acerca dos seguintes pontos:
1) total das despesas administrativas e promocionais efetuadas
até o momento da remessa das informações ao Tribunal em cada um dos
estágios definidos nas decisões acima mencionadas;
2) valor de mercado das ações, no primeiro e no segundo
estágios, antes da alienação;
3) manifestação acerca do fiel cumprimento dos termos do
contrato de alienação e do valor de mercado das ações, no terceiro
estágio, após a privatização.
Em observância a esses preceitos, a IRCE/SP organizou,
competentemente, o presente processo de acompanhamento da alienação
do controle acionário da PETROQUÍMICA UNIÃO S/A (PQU), no que se
refere, até o momento, aos documentos e elementos básicos alusivos
aos 1º e 2º estágios do respectivo processo de privatização:
1º) documentação referente à contratação dos serviços de
consultoria (serviços A e B) e dos serviços de auditoria, inclusive
propostas das empresas vencedoras e respectivos contratos, e ainda,
juntamente com o Recibo do Depósito de Ações - RDA, o mandato
outorgado pelo depositante à instituição gestora do FND (BNDES),
com poderes para alienar as ações depositadas, nas condições
aprovadas pela Comissão Diretora do PND; e
2º) edital de venda, relatórios preliminares e finais dos
serviços de avaliação econômico-financeira, montagem e execução do
processo de desestatização, propostas de preço e ato de fixação do
preço mínimo.
Ainda dentro do propósito de efetuar um acompanhamento e uma
fiscalização permanente e dinâmica nos processos de privatizações,
este Tribunal, em Sessão Extraordinária de 20.04.93 (cf. Anexo I da
Ata nº 14/93), resolveu autorizar a requisição, com base no art.
101, da Lei nº 8.443/92, de serviços técnicos especializados ao
BNDES, IPEA, CVM, STN e SEPLAN.
Aliás, na mesma assentada, restou consagrada a orientação,
segundo a qual esta Corte de Contas deve se pronunciar sobre o 2º
estágio da desestatização, sempre que possível, antes da data
marcada para o respectivo leilão.
Dentro dessa conformidade e dado o extenso material, constante
dos 17 volumes que compõem os dois primeiros estágios, bem assim, o
exíguo prazo para análise e a proximidade do leilão de privatização
da Empresa (marcado para o próximo dia 19), ADOTO, como parte
integrante do presente Relatório, inclusive para fins de
publicação, os pronunciamentos emitidos nos autos, tanto pela
zelosa IRCE/SP, subscrito pelo Dr. MÁRIO FABBRIS RICCÓ, como pela
EQUIPE DE COLABORADORES, constituída dos técnicos requisitados da
CISET/MME (Dr. ALBERTO J. COTTA CARVALHO), da DNMM/MME (Dr. AURÉLIO
TONELLI), da STN/MF (Dr. PAULO CÉSAR DE FREITAS MAMEDE), da
SEPLAN/PR (Dr. PAULO CÉSAR LOPES DE SOUZA) e da CVM/MF (Dr. PAULO
DE TARSO CAMARGO), cujos trabalhos tiveram seus resultados
incorporados a este feito sob o título "Relatório de Análise dos
Laudos de Avaliação e Fixação do Preço Mínimo da PETROQUÍMICA UNIÃO
S/A".
Portanto, à vista das peças acima indicadas, que inclusive
foram previamente distribuídas aos meus Eminentes pares, pode-se
extrair as seguintes informações, nelas firmadas:
I - INCLUSÃO DA PQU NO PND
A PETROQUÍMICA UNIÃO S/A - PQU, fundada em 1966 e sediada em
Santo André, no Polo Petroquímico de São Paulo, contando com cerca
de 1200 empregados e uma capacidade de produção de ETENO (seu
produto principal) da ordem de 360 t/ano, foi incluída no Programa
Nacional de Desestatização, por força do Decreto s/nº de 05 de
março de 1991, alterado pelo Decreto s/nº de 25 de março de 1992,
dentro do contexto de prioridade estabelecida aos setores
siderúrgico, petroquímico e de fertilizante.
A PQU é abastecida de NAFTA, sua principal matéria-prima, pela
PETROBRÁS, sendo seus principais clientes: UNIPAR, SOLVAY,
POLIOLEFINAS, UNION CARBIDE, POLIBRASIL, CBE, OXITENO e outros, e,
nos últimos anos, suas vendas anuais alcançaram cerca de US$ 310,0
milhões.
A composição acionária da PQU, de acordo com a Assembléia
Geral Extraordinária de 18.03.93, é de 100 milhões de ações
ordinárias nominativas, sem valor nominal, representando o capital
social, subscrito e integralizado, de Cr$ 1.839.502.468,47,
distribuídas entre os acionistas apontados nos pareceres, sendo que
só a PETROQUISA participa com 67.788.527 ações.
II - INÍCIO DO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO
Nos termos do art. 9º da Lei nº 8.031/90, a Petrobrás Química
S/A - PETROQUISA efetuou depósito vinculado ao Fundo Nacional de
Desestatização - FND, da cautela de número 001, relativo à
titularidade dos 67,78% do Capital Social da PQU, para o qual foi
emitido o Recibo de Depósito de Ações nº 64/91.
III - CONTRATAÇÃO DE CONSULTORES INDEPENDENTES
Definido o processo de privatização, foi publicado o Edital de
Licitação nº PND/CN - 01/92, de 06.02.92, visando a contratação de
serviços especializados para a desestatização da Empresa (Serviço
"A" e Serviço "B"), sob a modalidade de concorrência, sagrando-se
vencedores:
Serviço "A": Associação Arthur D. Little/Trevisan,
compreendendo a avaliação econômico-financeira e a proposição do
preço mínimo de venda;
Serviço "B": Associação Tozzini Freire/Consemp/Natron/Plan-
consult, liderada pela primeira, tendo como sub-contratada a Arthur
Andersen S/C, incluindo, além da avaliação, nos mesmos moldes
descritos para o Serviço "A", a montagem e a execução do processo,
a proposição da sistemática para a alienação das ações, a atuação
junto ao mercado de capitais, a preparação de informações a
terceiros, o acompanhamento e assessoramento do procedimento de
venda e uma auditoria especial na empresa.
IV - EMPRESA DE AUDITORIA EXTERNA
Em atendimento aos artigos 28 e 29 do Decreto nº 99.463, de
16.08.90, vigente à época, o BNDES realizou licitação, sob a
modalidade de convite, para a contratação de empresa especializada
para prestação de serviços de auditoria externa, sendo declarada
vencedora a Boucinhas, Campos e Claro S/C, por ter apresentado o
menor preço.
V - AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
A metodologia utilizada na avaliação econômico-financeira,
pelas duas empresas contratadas, foi a do fluxo futuro de caixa
descontado.
Este método, como se sabe, implica a prospecção futura do
comportamento de todas as entidades que participam da dinâmica da
indústria e do ambiente de negócios de modo geral.
As projeções de resultados econômicos foram elaboradas para os
próximos dez anos e os preços mínimos propostos pelas empresas de
consultoria, referenciados à data base de 30.04.92; enquanto que os
fluxos de caixa futuros, para cálculo do valor da empresa, foram
calculados sem a incidência de juros e amortização de empréstimos.
A TAXA DE DESCONTO utilizada para converter o fluxo de caixa
no valor presente para o vendedor é dada pelo custo médio ponderado
das fontes de capital empregadas na empresa, dado que, para os
investidores, tal definição se dá pela consideração de sinergias e
interesses estratégicos próprios. Portanto, cada investidor
descontará o mesmo fluxo de caixa a diferentes taxas de desconto,
chegando a diferentes valores para uma mesma empresa.
O VALOR DOS EMPRÉSTIMOS que a empresa possuía na data-base da
avaliação foi recalculado em separado, a valor presente, e deduzido
do valor presente do fluxo de caixa operacional. Ao resultado
obtido são adicionados ou deduzidos os valores de ativos e passivos
não-operacionais existentes na data-base.
VI - SERVIÇO "A"
O objeto desse Serviço de consultoria é a preparação de laudo
de avaliação e indicação do valor econômico de seus ativos.
As variáveis escolhidas para verificar o comportamento do
valor da empresa foram as seguintes:
- Preço da nafta (que se constitui na variável de maior
impacto nos resultados da PQU);
- Não expansão da capacidade de produção de eteno para 460.000
t/a;
- Receita (observada a característica cíclica da indústria
petroquímica, determinando que os seus produtos passem por períodos
de crescimento e redução).
Os principais cenários traçados pelo Serviço "A" foram:
a) Economia Mundial (realizando-se projeções de crescimento
médio);
b) Petróleo e matérias-primas básicas - cenário mundial;
c) Economia brasileira (partindo-se da premissa que haverá uma
reestruturação das Contas Públicas);
d) Petróleo e matérias-primas básicas - cenário brasileiro
(historicamente o preço da nafta tem sido inferior aos preços
praticados no exterior);
e) Modelo econométrico de previsão (composto de 114 equações,
que foram divididas em 7 blocos: da produção, da demanda, da renda,
dos preços, fiscal, monetário e externo).
O preço mínimo proposto pelo Serviço "A" foi da ordem de US$
524,6 milhões, considerando-se uma taxa de desconto de 12,21% a.a.
VII - SERVIÇO "B"
Os modelos de projeção desenvolvidos a partir de consideração
dos principais fatores que deverão afetá-los, no seu futuro:
a) Cenário macroeconômico internacional;
b) Cenário macroeconômico brasileiro;
c) Modelo empresarial;
d) Preço da nafta;
e) Abertura da economia e os preços dos produtos no mercado
interno;
f) Competitividade das centrais e das empresas de segunda
geração;
g) Mercado interno - Metodologia de projeção.
Em 30.04.92, a PQU contava com dívidas financeiras de duas
naturezas:
- empréstimos e financiamentos de curto prazo para importações
em montante de US$ 5.936 mil;
- mútuos com os acionistas UNIPAR e PETROQUISA em valor
equivalente a US$ 37.203 mil.
Das projeções de resultados obtidos, derivaram-se fluxos de
caixa para cada ano, descontados o valor presente por uma taxa de
desconto de 13% a.a., não considerando-se os juros nem as
amortizações de empréstimos.
Assim, chegou-se ao valor econômico da Empresa, ou
preço-mínimo de venda, de US$ 559,3 milhões:
(+) Valor de Fluxo de Caixa Operacional US$ 594,7 milhões
(+) Valor dos Ativos Não-Operacionais US$ 7,7 milhões
(-) Valor dos Empréstimos US$ 43,1 milhões
(=) Valor Econômico da Empresa US$ 559,3 milhões
VIII - TAXA DE DESCONTO
A taxa de desconto é um fator de vital importância para a
determinação do preço mínimo de venda e, tanto o Serviço "A", como
o Serviço "B", utilizaram-se de custo médio ponderado das fontes de
capital para o cálculo da mesma.
Os estudos técnicos estrangeiros aconselham, para os projetos
do ramo petroquímico, taxa de desconto de 18% a.a., embora a
experiência internacional recomende 14% a.a.
Para se calcular a taxa de desconto adequada, levou-se em
conta a estrutura de capital de terceiros e a estrutura de capital
próprio da empresa, bem como o custo de oportunidade de ambas as
estruturas. Para isso, considera-se, também, a composição de
capital da empresa, que, no caso da PQU, foi estimada, em ambos os
Serviços, de 40% de capital de terceiros e de 60% de capital
próprio. O Serviço "A" subdividiu o capital de terceiros em curto e
longo prazo, a 30% e 10% respectivamente, enquanto o Serviço "B"
fez exatamente o inverso.
Com base na manifestação da Equipe de Colaboradores, essa taxa
de desconto é uma média estimada para os próximos dez anos, sendo
que, nos dias de hoje, a taxa real está por volta de 15,5% a.a.
Porém, segundo informações prestadas pelos técnicos responsáveis
pela elaboração do Serviço "B", esta taxa é artificial, pois a PQU,
sendo uma estatal, tem uma estrutura de capital diferenciada da
indústria privada e não dispõe de certas facilidades de
financiamento.
Dessa forma, embora a taxa de desconto adotada pelo Serviço
"B" seja superior à adotada pelo Serviço "A", o preço mínimo de
venda estimado acabou se situando num patamar superior, devido às
diferenças de premissas, cenários e projeções financeiras
realizadas.
IX - AJUSTES PRÉVIOS
Considerando que a data-base da avaliação econômico-
financeira da empresa foi de 30.04.92, verifica-se que até a data
de 30.09.93 ocorreram alterações no nível de endividamento da
empresa, bem como na alienação de participações em investimentos
não-operacionais.
Dentre os fatores mais relevantes ocorridos, após 30 de abril
de 1992, destacam-se:
a) o endividamento da empresa, em 30.04.92, era da ordem de
US$ 43,2 milhões. Já em 30.09.93, esse endividamento sofreu um
acréscimo de US$ 56,0 milhões, representando, assim, um
endividamento global de US$ 99,1 milhões (Parte desse acréscimo
decorre de acidentes, incidentes e interdição da planta ocorrido em
julho/setembro de 1992, correspondente a US$ 23,6 milhões em
30.09.93. O restante, em sua maior parte, corresponde a contrato de
mútuo com os acionistas PETROQUISA e UNIPAR);
b) em 1993, a PQU alienou a sua participação minoritária na
CIQUINE, obtendo no processo de leilão, em Bolsa de Valores, a
cifra de US$ 2,2 milhões (Este investimento integrava positivamente
o valor da empresa e estava considerado com valor de US$ 1,3
milhões quando de sua avaliação);
c) liquidação de pendência jurídica do processo 455/80
(indenização por servidão de passagem de faixa de terra ocupada
pelo etilenoduto da PQU).
Como se vê, a UNIPAR e a PETROQUISA concederam diversos
empréstimos à PQU, após a sua inclusão no Programa Nacional de
Desestatização, correspondentes ao saldo de adiantamentos para
futuros aumentos de capital e dividendos distribuídos e, no
instante seguinte, retornados à empresa na forma de mútuos.
Os contratos de 19 de março e 8 de abril de 1991 foram
aditados em outubro de 1991 e janeiro de 1992 e consolidados em
contratos celebrados em 1 de abril de 1992.
Em 01.04.93, a UNIPAR e a PETROQUISA concederam novos
empréstimos à PQU, no valor de Cr$ 196.076.710.721,95 e Cr$
459.703.435.536,41, respectivamente. Nesses contratos,
estabeleceram que, em caso de as ações de propriedade de cada
mutuante (PETROQUISA e UNIPAR) serem alienadas a terceiros, em
cumprimento de disposição legal, como é o caso do PND, a PQU se
obriga a liquidar a totalidade da dívida, no prazo de 60 dias,
contados da notificação da respectiva mutuária.
Nos termos do art. 44 do Decreto nº 99.463, de 16.08.90 (então
vigente), e art. 52, do Decreto nº 724, de 19.01.93, esses
empréstimos deveriam ser submetidos à Comissão Diretora, para
aprovação prévia das condições estabelecidas.
O fato de tais empréstimos não terem sido submetidos à
aprovação prévia da Comissão Diretora ensejava, para esta, a
possibilidade de anulá-los, dado que a celebração dos mesmos foi
ilegal.
Contudo, a anulação desses contratos de mútuos, consoante
cláusula estabelecida, equivaleria, na prática, à antecipação das
datas de vencimento.
Outrossim, em Reunião Ordinária da Comissão Diretora do PND,
realizada em 18.10.93, reconheceu-se os efeitos dos mútuos
firmados, razão pela qual fez constar, com detalhes, no Edital
nº PND-A-05/93-PQU.
X - OBJETO E ESTRUTURA DAS OFERTAS
A Comissão Diretora do PND, através da Resolução CD/PND
105/93, aprovou, com base em estudos elaborados pelos consultores
independentes acima mencionados, o preço mínimo total para 100% das
ações do capital social da PQU, em CR$ 59.210.853.800,00 (cinqüenta
e nove bilhões, duzentos e dez milhões, oitocentos e cinqüenta e
três mil e oitocentos cruzeiros reais), referidos à data de 13 de
setembro de 1993, equivalentes à US$ 559,3 milhões.
O objeto do Edital nº PND-A-05.93/PQU (publ. no Diário Oficial
da União de 28.09.93) é a alienação de 58.894.264 ações ordinárias,
representativas de 58,89% do seu Capital Social.
O processo de alienação divide-se em três etapas:
1ª) OFERTA aos empregados de 8.894.263 ações, equivalentes a
8,89% do Capital Social da PQU;
2ª) LEILÃO de 50.000.001 ações, representativas de 50% mais
uma ação do capital social, previsto para 19.11.93 e a liquidação
financeira em 26.11.93;
3ª) OFERTA SUPLEMENTAR DAS SOBRAS aos empregados de 10% das
eventuais sobras do leilão, obedecido o limite de 1.105.737 ações,
suficientes para completar 10% do capital social da empresa.
A Comissão Diretora do PND fixou, inicialmente, condição de
eficácia do leilão em 100% de venda das ações ofertadas (cf.
Resolução CD/PND Nº 105/93, art. 5º, î 1º, III). Somente dias
atrás, em 08.11.93, foi decicido que essa condição será de 75% (cf.
COMUNICADO RELEVANTE - EDITAL Nº PND-A-05/93 - PQU). Também, nesta
mesma reunião de 08.11.93, a Comissão Diretora decidiu, com base na
Medida Provisória nº 362, de 25.10.93, que o capital estrangeiro
poderá adquirir até 100% do controle da PQU, correspondente a
totalidade das ações ofertadas em leilão.
A participação de entidades de previdência ou assistência
social ou dos fundos de complementação previdenciária vinculados à
Administração Pública Direta e Indireta, considerados
individualmente, nos termos do Decreto nº 786, de 24.03.93, está
limitada à aquisição de 15.000.000 ações, representando 15% do
capital votante e total da PQU, desde que cada entidade ou fundo
não comprometa mais do que 5% dos seus recursos em carteira na
aquisição do capital social da PQU.
A PETROQUISA, depois da alienação das ações, permanecerá como
acionista da PQU, detendo, pelo menos, 8.894.263 ações ordinárias,
representativas de 8,89% o capital social, podendo ser acrescidos
de 90% das eventuais sobras do leilão.
XI - OUTRAS SITUAÇÕES ESPECIAIS
Dentre as obrigações especiais dos adquirentes do controle
acionário da PQU destacam-se aquelas que:
- asseguram aos empregados e aposentados o direito de elegerem
pelo menos um membro do Conselho de Administração, independente da
participação acionária que venham a deter;
- prestar à Secretaria de Direito Econômico, no prazo de 30
dias após a liquidação financeira do leilão, as informações que
possibilitem aferir a aplicabilidade do disposto no artigo 74 da
Lei nº 4.137, de 10.09.62, com a redação dada pelo artigo 13 da Lei
nº 8.158, de 08.01.91;
- obrigam os empregados adquirentes de ações a não aliená-las,
pelo prazo de 365 dias, a contar da data da liquidação financeira
da operação, exceto se a alienação for efetivada em pregão de Bolsa
de Valores.
Outra questão diz respeito ao pleito da UNIPAR quanto a um
suposto direito de preferência em adquirir as ações que viessem a
ser alienadas.
Em 06 de julho de 1973, a UNIPAR endereçou, na qualidade de
acionista da PQU, à outra acionista, PETROQUISA, carta confirmando
sua decisão de não participar do aumento de capital autorizado pela
Assembléia Geral realizada em 09 de abril de 1973, ao mesmo tempo
em que solicitava que esta subscrevesse o aludido aumento de
capital em seu lugar.
Nesse mesmo dia, 6 de julho de 1973, a PETROQUISA comunicou
sua decisão de acolher a solicitação da UNIPAR, desde que fossem
cumpridos certos requisitos básicos. Finalizando a missiva, o então
Presidente da PETROQUISA declarava textualmente:
"(...), desejamos ressaltar, mais uma vez, que a PETROQUISA
terá sempre em vista propiciar o restabelecimento da situação
anterior, qual a de preservar para o capital particular sua posição
majoritária nesse empreendimento. Assim, é intenção da PETROQUISA,
tão logo se mostre a medida oportuna, transferir parte de suas
ações na PETROQUÍMICA UNIÃO S.A. à iniciativa particular, no
sentido de restaurar aquela participação majoritária. Nessa
ocasião, oferecerá a V.Sªs, prioritariamente, o ensejo de adquirir
as ações que venham a ser alienadas."
No dia 12 de julho de 1973, isto é, seis dias após a troca de
correspondência entre acionistas, é celebrado novo acordo de
acionistas entre PETROQUISA, UNIPAR e demais acionistas da PQU, que
não previu nenhum direito de preferência, nem a obrigatoriedade de
os adquirentes das ações de propriedade da PETROQUISA observarem
seus termos e condições.
Da mesma forma, o Estatuto da PQU também não prevê direito de
preferência na alienação de ações a terceiros.
No entanto, a UNIPAR, respaldada em pareceres de ilustres
juristas, afirma que, com tal declaração, a PETROQUISA, de forma
unilateral, outorgou à UNIPAR o direito de receber a primeira
oferta de venda das ações que a PETROQUISA detém do capital da PQU.
Por outro lado, a Comissão Diretora, igualmente respaldada em
pareceres jurídicos, entende que não houve outorga de direito de
preferência.
XII - CONCLUSÃO DA EQUIPE DE COLABORADORES
Após análise dos relatórios elaborados pelas empresas de
consultoria responsáveis pelos Serviços "A" e "B", relativos à
PETROQUÍMICA UNIÃO, e considerando que:
a) Os cenários utilizados pelos Serviços "A" e "B" contemplam,
no horizonte temporal de projeção, taxas de crescimento sustentável
do PIB adicionados à estabilização de preços da economia brasileira
e do ajuste fiscal do Governo Federal, com reflexos positivos no
fluxo de caixa da PQU;
b) Nas projeções observa-se uma plena utilização da capacidade
instalada da PQU, com coeficientes de nafta/produção total
superiores aos historicamente observados naquela empresa, gerando,
conseqüentemente, um fluxo de caixa mais favorável;
c) O Banco Nacional e o IFC recomendam taxas de retorno para
os projetos petroquímicos da ordem de 18% a.a., recusando aqueles
que apresentem taxas de retorno inferiores a 15% a.a. no setor
industrial. Na avaliação econômico-financeira prestada pelos
Serviços "A" e "B" foram adotadas taxas de desconto de 12,21% a.a.
e 13,00%, respectivamente;
d) O acréscimo do endividamento da empresa, no montante de US$
52,7 milhões (em 31.08.93), e a alienação das ações da CIQUINE, que
integravam o valor econômico-financeiro da empresa, no montante de
US$ 1,3 milhões. Fatos, esses, ocorridos após a realização da
avaliação econômico-financeira da empresa."
Conclui a equipe de colaboradores que o preço mínimo adotado
pela Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização - US$
559,3 milhões - é adequado.
XIII - PROPOSIÇÃO DA IRCE/SP SOBRE O 1º ESTÁGIO
Quanto ao primeiro estágio de desestatização da Petroquímica
União S/A, a IRCE considera que foi totalmente cumprido, sem
ocorrência de irregularidade ou infringência ao Decreto-lei nº
2.300/86 (então vigente) e que foram também atendidas as demais
normas legais e regulamentares pertinentes.
Cabe, ainda, ressaltar que não se constatou, na legislação que
ampara a proposta de privatização da Petroquímica União S/A, atos
ou fatos que conflitem com os dispositivos constitucionais
relativos à matéria.
Assim, sendo, sobreveio a conclusão no sentido de que sejam
julgados regulares os procedimentos relativos ao primeiro estágio
da desestatização da Empresa.
XIV - CONCLUSÕES DA IRCE/SP SOBRE O 2º ESTÁGIO
Pelo exame da matéria e considerando os preceitos legais
aplicáveis à espécie (Lei nº 8.031/90, Decreto nº 99.463/90 e
Decreto nº 724/93) e considerando ainda:
- que não consta dos autos ata da Assembléia Geral
Extraordinária da PETROQUISA que tenha deliberado e aprovado o
preço mínimo;
- que não consta dos autos o estabelecido na Decisão nº 306/93
- Plenário de 21 de julho de 1993;
- que não consta dos autos Decisão da Comissão Diretora
referente a condição de eficácia do leilão em 75% das ações
ofertadas e alteração do item 1.2. do Edital aumentando o limite de
participação do capital estrangeiro;
- que os contratos de mútuo celebrados pela PQU com a
PETROQUISA e UNIPAR não foram submetidos previamente à Comissão
Diretora, para aprovação das condições estabelecidas; e
- o parecer final do Grupo de Colaboradores.
A IRCE/SP manifesta-se por que subam os autos para
conhecimento e deliberação do E. Plenário com proposta de decisão
no sentido de que:
a) seja reconhecido que os procedimentos adotados pelo BNDES,
relativamente ao segundo estágio do processo de privatização da
Petroquímica União S/A, guardam consonância com a legislação
pertinente;
b) se recomende ao BNDES, com vistas ao aprimoramento dos
futuros processos de alienação que:
b.1.) mantenha um controle mais rigoroso das atividades da
empresa, junto ao Conselho de Administração e Assembléia de
Acionistas, no sentido de evitar decisões que possam repercutir
negativamente na avaliação econômico-financeira;
b.2.) prepare previamente a empresa, antes do início dos
trabalhos dos consultores contratados para elaboração dos Serviços
"A" e "B", de forma a homogeneizar e facilitar as informações
necessárias e assegurar a credibilidade dos dados fornecidos; e
b.3.) examine a possibilidade de fixar prazo para alienação da
empresa após conclusão dos trabalhos de avaliação e fixação de
preço mínimo, evitando que os próprios laudos de avaliação percam
sua representatividade. É o Relatório.
Voto do Ministro Relator:
Os trabalhos e estudos desenvolvidos, face a sua abrangência e
complexidade, oferecem exaustivas e profundas análises, baseadas em
preceitos técnicos e legais aplicáveis à espécie, e fazem com que,
diante dos pronunciamentos da EQUIPE DE COLABORADORES e da IRCE/SÃO
PAULO, sejam desnecessárias novas e maiores considerações por parte
deste Relator.
Entretanto, algumas questões específicas e polêmicas precisam,
explicitamente, de apreciação nesta assentada, para que possam ser
consideradas como aspectos conhecidos e examinados pelo TCU na
desestatização em apreço, cujo cronograma prevê para depois de
amanhã (dia 19) a realização do respectivo leilão de alienação,
após 4 (quatro) sucessivos adiamentos pela Comissão Diretora do
Programa Nacional de Desestatização.
I - PARADOXO DA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR PETROQUÍMICO
Com base na instrução técnica realizada pela IRCE/SP, tem-se
que o setor petroquímico envolve empresas que atuam em um dos três
estágios de processamento que são usualmente considerados na
fabricação de petroquímicos:
- PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS BÁSICOS - Indústrias de Primeira
Geração: consiste no craqueamento de hidrocarbonetos visando à
produção como o etileno, propileno e butadieno e de aromáticos como
benzeno, tolueno e xileno;
- PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS INTERMEDIÁRIOS - Indústrias de
Segunda Geração: consiste no processamento dos petroquímicos
básicos. Os polímeros incluem os termoplásticos (que englobam os
polietilenos, o policloreto de vinila e o polipropileno), os
elatômeros e as fibras sintéticas. Os petroquímicos básicos
intermediários, como óxidos de etileno e propileno, acrilonitrila,
etilbenzeno, estireno e ácido tereftálico, são os produtos que
deverão originar a fabricação de outros polímeros e produtos;
- PRODUÇÃO DE PETROQUÍMICOS FINAIS - Indústrias de Terceira
Geração: consiste no processamento de petroquímicos intermediários,
visando à fabricação de produtos para o consumidor final, cobrindo
grande variedade, desde filmes, sacos, peças automotivas, etc., até
produtos de química fina de alto valor agregado, como farmacêuticos
e aditivos.
A PQU é justamente uma central fornecedora de matérias-primas
petroquímicas, baseada no craqueamento da NAFTA de petróleo.
Ora, a implantação e consolidação da INDÚSTRIA PETROQUÍMICA no
País exigiu um volume elevado de investimentos, não só nas unidades
industriais mas também em termos de infra-estrutura de transportes,
comunicações e de preservação ambiental, sem contar os recursos
destinados ao treinamento e qualificação da mão-de-obra.
A título ilustrativo, cita a zelosa Unidade Técnica, que os
investimentos do sistema PETROQUISA (conjunto de empresas
controladas e coligadas) totalizaram US$ 10 bilhões, no período de
1968-1990, a preços de outubro de 1991, não levando em conta os
investimentos das empresas multinacionais e tampouco os recursos
utilizados na ampliação da COPENE e em novas unidades de segunda
geração no Polo Camaçari.
No caso da PQU, os quatro adiamentos e recuos, todos de
iniciativa do próprio Governo, refletem, dentre outros fatores, que
a petroquímica é um dos poucos setores industriais onde a presença
do Estado é estimulante para o desenvolvimento da empresa privada.
Daí o paradoxo das discutidas reivindicações de permanência do
Governo no setor petroquímico, quando se sabe que, além do
monopólio de produção, transporte e importação de NAFTA,
constitucionalmente, pertencer à PETROBRÁS (o que determina que no
médio prazo o preço da nafta continuará a ser definido por ela), o
PROGRAMA NACIONAL DE DESESTATIZAÇÃO deve se caracterizar como
instrumento fundamental no âmbito das reformas estruturais e da
modernização do Estado brasileiro, com vistas à própria
estabilização da Economia do País.
II - SUPOSTO DIREITO DE PREFERÊNCIA DA UNIPAR
De forma lúcida e serena, a IRCE/SP destacou, em sua
Instrução, a questão do suposto direito de preferência da UNIPAR,
que, de certa forma, se fosse juridicamente reconhecido,
inviabilizaria o leilão.
Lembra, na oportunidade, que o problema tem origem em uma
carta assinada em 1973 pelo ex-Presidente ERNESTO GEISEL (na época,
dirigente máximo da PETROQUISA). A mencionada carta dizia que a
UNIPAR, segunda maior acionista da PQU, com 28,9% do capital, teria
prioridade na compra das demais ações. Todavia, a Comissão Diretora
do PND não reconhece valor jurídico na carta.
Nesse ponto particular, a IRCE/SP, salientando que há
pareceres jurídicos contra e a favor, posiciona-se no sentido de
que, além da legislação societária que prevê tão-somente o direito
de preferência de aumento de capital por subscrição, o Estatuto da
PQU também não prevê direito de preferência na alienação de ações a
terceiros.
À vista do citado enfoque, concordo, por inteiro, com a
inexistência do reclamado direito de preferência.
O Programa Nacional de Desestatização, tal como concebido pela
Lei nº 8.031/90, busca, reduzindo a intervenção pública na
economia, investir na liberdade econômica da iniciativa privada, de
forma a deixar a cargo dos particulares o exercício de atividades
com as quais o Poder Público não quer ou não deve mais atuar.
Por se tratar de lei administrativa e, conseqüentemente, de
ORDEM PÚBLICA, seus preceitos, consoante esclarecedora Doutrina,
não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordo ou vontade
conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez que contém
verdadeiros poderes-deveres.
Ademais, se a Lei nº 8.031/90 exige a alienação por leilão das
ações representativas do controle acionário das Empresas Estatais,
por mais justificáveis que sejam os argumentos e pareceres
jurídicos, não podem os administradores e agentes públicos deixar
de exercitar os deveres e obrigações que a Lei lhes impõem, para
que haja prevalência do interesse público, aliado ao próprio
princípio da legalidade, norteador de toda ação administrativa.
Vê-se, portanto, que o princípio da legalidade da
desestatização, da privatização ou da extinção de entidades da
Administração Pública Indireta, determina a resposta ao deslinde da
matéria em pauta.
Sem aplicação da Lei nº 8.031/90 (que permite ao Poder
Executivo promover as privatizações de empresas estatais), somente
através de lei específica (e não mediante acordo,
carta-compromisso, decisão de assembléia) é que o patrimônio
público pode ser alienado, nos precisos termos do artigo 37, inciso
XIX e XX e 173 da Constituição Federal.
III - ADEQUAÇÃO DO PREÇO MÍNIMO DA PQU
Os pronunciamentos técnicos concluem ser adequado o preço
mínimo aprovado, ressaltando a elevada sensibilidade do mesmo à
chamada taxa de desconto.
Na determinação do preço mínimo de venda da PQU (US$ 559,3
milhões), a Comissão Diretora (gestor do Programa) e o BNDES
(gestor do Fundo) acolheram a avaliação da Consultoria do Serviço
"B", mais vantajosa do que a indicação oferecida pelo Serviço "A"
(na base de US$ 524,6 milhões).
Aliás, tanto pelo Decreto nº 99.463/90, então vigente, como
pelo Decreto nº 724/93, a empresa a ser privatizada será,
obrigatoriamente, avaliada por duas firmas de consultoria. Havendo
divergência quanto ao valor, igual ou superior a 20%, aí sim,
deverá ser realizada uma terceira avaliação, efetuada por outra
empresa de consultoria (cf. art. 33 c/c o art. 38, î 1º do Decreto
nº 724/93).
Na hipótese, o resultado de uma das avaliações
econômico-financeiras conduz, via de regra, à revisão da outra, e
assim sucessivamente, identificando os pontos de divergência ou
convergência, inclusive quanto às premissas adotadas, até que seja
aceito pela Comissão Diretora, já que lhe cabe aprovar o preço
mínimo e submetê-lo aos sócios da empresa a ser privatizada (arts.
6º, inciso VIII, da Lei nº 8.031/90 e 36 do Decreto nº 724/93).
Semelhante poder tem o BNDES, como Gestor do Fundo Nacional de
Desestatização, no tocante à recomendação do preço mínimo (arts.
21, V, da Lei nº 8.031/90, e 25, V, do Decreto nº 724/93).
Com efeito, o TCU não procede ou contrata avaliação, muito
menos assume a iniciativa de ajustar ou padronizar os critérios
metodológicos. O que a Corte de Contas procura exercitar é a
fiscalização e o controle da legalidade, da legitimidade e da
economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorrentes
("ex vi" do î 1º do art. 1º da Lei nº 8.443, de 16.07.92), sobre
todos os procedimentos e estágios do Programa Nacional de
Desestatização.
Dessa forma, o Tribunal não pode levar em consideração
avaliações outras, senão as que tenham sido legalmente aprovadas,
dentro das premissas desejadas e buscadas pela Comissão Diretora e
pelo BNDES.
Logo, a divulgação de outras avaliações afirmando que a PQU
valeria mais do que o preço estipulado pela Comissão Diretora, não
constitui impedimento algum para a apreciação dos laudos remetidos
ao TCU.
É bem verdade que a análise dos laudos pressupõe sempre a
possibilidade e o critério de comparação, o que não significa, em
absoluto, que tenha de se identificar as mesmas premissas adotadas
numa determinada avaliação com as outras. Ainda mais que, para tais
avaliações, o PND consagra o método de projeção do fluxo de caixa
operacional, ou seja, o valor da empresa é apurado pelo resultado
do seu fluxo de caixa projetado, considerada determinada taxa de
desconto, fazendo com que o preço de determinada empresa possa
ficar abaixo do valor de seu patrimônio líquido, nas seguintes
circunstâncias:
1º) subestimando o fluxo de caixa projetado;
2º) superestimando o patrimônio líquido;
3º) possuindo a empresa ativos que não concorram para a
produção de seus resultados operacionais; ou
4º) adotando taxa de desconto muito alta (uma taxa muito baixa
acarreta um preço mínimo muito alto e vice-versa).
Sem dúvida, toda vez que se compara o valor do patrimônio da
empresa com o seu valor de mercado (valor presente do fluxo
operacional de caixa projetado), surge o tamanho do problema de
cada privatização.
IV - IMPROPRIEDADES E FALHAS DETECTADAS
Ficou patente nos autos algumas inobservâncias por parte dos
gestores dos processos de privatização, as quais justificam
perfeitamente as sugestões propostas pela IRCE/SP.
Existe, no entanto, um aspecto muito complexo e polêmico.
Refiro-me ao ENDIVIDAMENTO da Empresa sem a prévia aprovação da
Comissão Diretora.
Dispõe o art. 52 do Decreto nº 724/93:
"Art. 52. A partir de sua inclusão no Programa Nacional de
Desestatização, a sociedade não poderá:
I - alienar elementos do seu ativo permanente ou adquirir bens
nele registrados sem prévia autorização da comissão diretora,
exceto os necessários à manutenção e operação da empresa; e
II - contrair obrigações financeiras em desacordo com as
condições estabelecidas pela comissão diretora, inclusive de limite
máximo de endividamento.
Parágrafo único. O disposto no inciso II não se aplica a
obrigações financeiras previstas em projeto de investimento da
sociedade, aprovado até o dia 13 de abril de 1990."
Dispunha, da mesma forma, o art. 44 do Decreto nº 99.463 (à
época vigente):
"Art. 44. A partir de sua inclusão no Programa Nacional de
Desestatização, a sociedade não poderá:
I - alienar elementos do seu ativo permanente ou adquirir bens
nele registráveis sem prévia autorização da Comissão Diretora,
exceto os necessários à manutenção e operação da empresa; e
II - contrair obrigações financeiras em desacordo com as
condições estabelecidas pela Comissão Diretora, inclusive de limite
máximo de endividamento.
Parágrafo único. O disposto no inciso II não se aplica a
obrigações financeiras previstas em projeto de investimento da
sociedade, aprovado até o dia 13 de abril de 1990."
As justificativas então apresentadas pelo BNDES estavam assim
redigidas:
"Na forma do art. 44, do Decreto nº 99.463, de 16 de agosto de
1990, a Comissão Diretora, no uso de suas atribuições, delegou
competência ao Gestor do Fundo Nacional de Desestatização (FND)
para acompanhar e decidir sobre: atos a serem praticados por
sociedades incluídas no PND, em especial aqueles relacionados com a
venda e/ou aquisição de elementos registráveis no ativo permanente
da sociedade, e contratação de obrigações financeiras em desacordo
com as condições estabelecidas na RESOLUÇÃO CD/PND Nº 04/91, de 21
de janeiro de 1991.
Por outro lado, a Diretoria do BNDES, pela Decisão
nº Dir. 021, de 28 de janeiro de 1991, delegou aos Diretores,
responsáveis pelos Grupos de Trabalho encarregados do
acompanhamento dos processos de desestatização das empresas
incluídas no PND, competência para prática dos atos definidos
naquele artigo, cujos valores não ultrapassem, em cada exercício,
5% de seus respectivos ativos permanentes.
............................................................
Ressalte-se que a PQU, após ter sido incluída no Programa
Nacional de Desestatização (PND) por Decreto datado de 05 de março
de 1991, assinou, em 19 de março e 08 de abril de 1991, Contratos
de Mútuo com a UNIPAR e a PETROQUISA.
Aludidos Contratos - citados no Relatório "Montagem do
Processo: Avaliação Jurídica, Pontos Críticos e Ajustes Prévios",
elaborado pelos Consultores para o Serviço "B" (Contrato PND/CN -
01/92-B), a ser, oportunamente, encaminhado a esse Tribunal -
referem-se à transformação em empréstimos: o primeiro, de saldo de
conta de Adiantamento para Futuro Aumento de Capital, decorrente de
aportes de recursos realizados anteriormente pelos acionistas
PETROQUISA e UNIPAR, e o segundo, de critérios oriundos de
dividendos distribuídos na Assembléia Geral de 07 de março de 1991.
O BNDES está estudando os efeitos dessa iniciativa sobre o
processo de desestatização, devendo submetê-la à consideração da
Comissão Diretora."
No caso concreto, segundo se depreende dos autos, a Comissão
Diretora cumpriu papel meramente homologatório quando do exame do
problema. Porquanto, em Reunião Ordinária, realizada em 18.10.93,
assim se manifestou:
"(...) tendo tomado conhecimento dos mútuos firmados entre a
Petroquímica União e seus acionistas controladores, PETROQUISA e
UNIPAR, reconhecem os seus efeitos...."
Se é certo que todas as empresas a serem privatizadas têm
passivos, como dívidas financeiras, fornecedores a pagar e
exigíveis trabalhistas, não é menos certo que, se forem vultosos,
podem reduzir significativamente sua avaliação.
Num exemplo exagerado, uma empresa nada valeria se sua dívida
líquida ultrapassasse seu preço de venda, uma vez que seu valor
está diretamente ligado ao que poderá render, não ao montante que
tenha custado ou recebido de investimento.
Isso significa que a situação de endividamento é fator
PREPONDERANTE, capaz mesmo de exigir um acompanhamento sistemático
e rotineiro, sem prejuízo de se apurar, em toda sua extensão, os
efeitos e conseqüências dessa inobservância no processo específico
de privatização da PQU.
Por derradeiro, acredito que as falhas ora detectadas não
comprometem o curso normal da privatização em pauta. Mas nunca será
demais lembrar que o LEILÃO, em si mesmo, não encerra a ação
fiscalizadora do Tribunal.
Para se ter uma idéia, mesmo depois de concluída toda a
transferência do controle acionário da empresa, incluída no PND,
haverá ainda a respectiva PRESTAÇÃO DE CONTAS (cf. art. 21, inciso
XIV, da Lei nº 8.031/90) e em todas essas oportunidades, apreciadas
pelo TCU, estará permanentemente aberta a possibilidade de
incidência do disposto previsto no art. 27 do citado diploma legal
("Será nula de pleno direito a venda, a subscrição ou a
transferência de ações que importe infringência desta Lei"), razão
pela qual cabe perfeitamente, ainda que superada a fase própria, a
requisição dos elementos apontados pela IRCE/SP, que deixaram de
ser presentes ao TCU, notadamente aqueles referidos no Item 8.5 da
recente Decisão nº 306/93, desta Corte.
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes de encerrar, por dever de justiça e consciência, não
posso deixar de registrar a excelência e a celeridade dos trabalhos
técnicos produzidos, apesar da urgência, responsabilidade e
extensão das análises.
Louvo o zelo e a dedicação dos colaboradores requisitados e do
AFCE Dr. MÁRIO FABBRIS RICCÓ, os quais não pouparam esforços para
bem desincumbirem-se das árduas tarefas que lhes foram cometidas,
de forma a oferecer os pronunciamentos em tempo adequado para que
este Tribunal se manifestasse antes do leilão marcado para o dia 19
vindouro.
Louvo, igualmente, os servidores de meu Gabinete, que, em
curto prazo, depois de ter recebido o processo na última
sexta-feira (dia 12) tornaram possível que trouxesse hoje a minha
proposta de deliberação.
Dentro desse espírito de colaboração e empenho, destaco, da
mesma maneira, a eficiente e prestimosa atuação dos nobres
dirigentes da SAUDI, Dr. LUIZ CARLOS BRAGA DE FIGUEIREDO e da
IRCE/SP, Dr. AFFONSO HENRIQUE DA GAMA SAMPAIO.
Diante de todo o exposto, VOTO por que este Tribunal adote a
DECISÃO que ora submeto à apreciação deste Plenário.
RELATÓRIO DA IRCE/SP
TC 700.442-92
Segundo Estágio do Processo de Desestatização da Petroquímica
União S/A
Interessado: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social - BNDES
Tratam os autos do acompanhamento do processo de
desestatização da Petroquímica União S/A - PQU, na forma
estabelecida em Decisão Plenária de 28.05.91 (TC 009.831/91-6) e
revista pelas Decisões nº 351/92 e 306/93, Plenário, em Sessão de
01.07.92 e 21.07.93, respectivamente.
2. Examina-se, nesta Instrução, o segundo estágio do processo,
compreendendo o edital de venda, relatórios finais dos serviços de
avaliação econômico-financeira, montagem e execução do processo de
desestatização, propostas de preço e ato de fixação do preço mínimo.
3. A Instrução desta IRCE/SP, relativa ao primeiro estágio,
envolvendo a contratação dos serviços de consultoria (serviços "A"
e "B") e de auditoria externa, encontra-se às fls.
4. Dada a proximidade da data fixada para o leilão da empresa
e a interação entre as informações necessárias à análise das
documentações pertinentes ao primeiro e segundo estágios do
processo, o Ministro-Relator, Dr. Homero Santos, considerou
conveniente reuni-los para análise em conjunto (fls.).
5. A Comissão Diretora do Programa Nacional de Desestatização,
através da Resolução CD/PND nº 105/93, de 27.09.93, confirmou o
preço mínimo e aprovou as condições para alienação das ações do
capital social da PQU, de propriedade da Petrobrás Química S/A -
PETROQUISA, depositadas no Fundo Nacional de Desestatização - FND
(fls.).
6. O Edital nº PND-A-05/93/PQU - Alienação de Ações do Capital
Social da Petroquímica União S/A foi publicado no Diário Oficial da
União em 28.09.93 (fls.)
I - A PETROQUÍMICA UNIÃO NO PROGRAMA NACIONAL DE DESESTATIZAÇÃO
7. A PQU foi incluída no Programa Nacional de Desestatização
pelo Decreto s/nº de 05 de março de 1991, alterado pelo Decreto
s/nº de 25 de março de 1992, dentro do contexto de prioridade
estabelecida aos setores siderúrgico, petroquímico e de
fertilizantes, no art. 1º do Decreto nº 99.464/90.
8. As justificativas apresentadas pelo governo para a inclusão
do setor petroquímico no PND são de que este setor não apresenta
nenhum impedimento legal previsto na Constituição à sua
desestatização, ao contrário de outros setores e, ao mesmo tempo,
representa um setor de ponta e dinâmico, reunindo condições
favoráveis e atraentes de rentabilidade.
9. A PQU tem sede na cidade de Santo André na Avenida
Presidente Costa e Silva, 1178, Estado de São Paulo, onde estão
localizadas suas instalações industriais.
10. Conforme seu Estatuto Social, consolidado em Assembléia
Geral Ordinária e Extraordinária realizadas em 09 de março de 1992
(fls.), o objeto social é o seguinte:
a) a construção e operação, em Capuava, Município de Santo
André, Estado de São Paulo, de um conjunto industrial para
processar nafta, outros derivados de petróleo e outras
matérias-primas afins, para fabricar produtos petroquímicos,
químicos ou similares;
b) a construção, aquisição ou operação de outros conjuntos,
inclusive com finalidades correlatas, conexas e afins, ou de
quaisquer estabelecimentos que utilizem ou processem produtos
químicos a petroquímicos;
c)o beneficiamento, industrialização, transporte, exportação,
importação e comércio de produtos químicos, petroquímicos ou seus
derivados; e
d) a participação, como acionista ou quotista, em outras
sociedades que tenham quaisquer dos objetivos referidos, observadas
as restrições legais.
11. O capital social, subscrito e integralizado, de acordo com
a Assembléia Geral Extraordinária de 18 de março de 1993 (fls.), é
de Cr$ 1.839.502.782.468,47, dividido em 100.000.000 de ações
ordinárias nominativas, sem valor nominal, assim distribuídas entre
os acionistas:
Ì Ì ´
¦ ACIONISTA ¦ QUANTIDADE DE AÇÕES ¦ PERCENTUAL ¦
Ø
¦ PETROQUISA ¦ 67.788.527 ¦ 67,788 ¦
¦ UNIPAR ¦ 28.913.753 ¦ 28,914 ¦
¦ BANCO IND.E COMÉRCIO S/A ¦ 1.268.549 ¦ 1,268 ¦
¦ BANCO BRADESCO ¦ 749.805 ¦ 0,750 ¦
¦ ODEBRECHT QUÍMICA ¦ 724.393 ¦ 0,724 ¦
¦ EDN-ESTIRENO DO NORDESTE ¦ 554.744 ¦ 0,555 ¦
¦ OUTROS ¦ 218 ¦ -- ¦
Î Ï Ï
12. O capital autorizado, de acordo com a Assembléia Geral
Extraordinária de 18 de março de 1993, é de Cr$
2.002.382.571.537,90. O Estatuto Social da PQU permite o aumento do
capital autorizado por deliberação da Assembléia Geral (fls.).
II - CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO SETOR
13. Os Relatórios dos Consultores permitem identificar as
características estruturais do setor como apresentado a seguir.
14. O desenvolvimento da indústria petroquímica a nível
mundial, ocorreu a partir da identificação de duas características
básicas deste setor industrial: a) a necessidade de um vínculo
empresarial muito estreito com as companhias produtoras de
matérias-primas, visando ao suprimento dessas em quantidade,
qualidade e condições de preços que possam tornar econômica a
produção petroquímica; e b) o elevado risco inerente às centrais de
matéria-prima geradoras de produtos básicos petroquímicos (olefinos
e aromáticos), cujo retorno de investimento exige a colocação de
parte expressiva dos produtos e derivados (fls.).
15. As grandes empresas, nos países altamente capitalizados,
conseguiram contornar esses problemas atuando de forma
completamente integrada desde a produção de petróleo até a
petroquímica. Essa tendência à integração vertical da indústria
petrolífera com as atividades de jusante - química, petroquímica e
química fina, é decorrente não só do estreito vínculo
insumo-produto, característica marcante dessa indústria, onde as
dimensões adquiridas pelas centrais petroquímicas justificam a
integração com o propósito de reduzir os custos petroquímicos
básicos, mas também das agressivas estratégias de expansão via
conquista de novos mercados, implementados pelos grupos
internacionais (fls.).
16. Já a petroquímica brasileira é singular em vários
aspectos. Seu modelo permitiu a rápida implantação do setor e
garantiu sua rentabilidade e expansão pelo apoio político do setor
privado que, em contra-partida, exigia padrão elevado de
rentabilidade, ao contrário de setores totalmente estatais como o
de aços planos, fertilizantes básicos, transporte ferroviário e
outros (fls.).
17. Dois desses aspectos merecem destaque:
- pulverização empresarial, onde formalmente o controle das
centrais de matérias-primas e dos produtos de segunda geração são
diferentes e fragmentados pelo modelo tripartite (Estado-Empresa
Nacional-Empresa Estrangeira); e
- característica técnica de privilegiar o aproveitamento
máximo das frações obtidas a partir da central de matérias-primas.
Só o Pólo Petroquímico do Sul é menos diversificado,
concentrando-se nos produtos olefínicos.
18. Essas duas características têm origem na ação do
planejamento do Estado, que mantinha o controle estratégico do
setor pelo monopólio do fornecimento da matéria-prima (nafta), pelo
controle das centrais de matérias-primas e por participação
minoritária na grande maioria das demais empresas. A fragmentação
do segmento privado e o poder de definição dos investimentos pelo
Estado, exigindo alto nível de investimento, são as principais
conseqüências do controle estratégico estatal (fls.).
19. O modelo de intervenção estatal teve, também, as seguintes
conseqüências:
-A localização e o dimensionamento das centrais de
matérias-primas não correspondem à distribuição geográfica dos
mercados consumidores, nem à disponibilidade física das
matérias-primas.
-O perfil estratégico das empresas de segunda geração é
predominantemente monoprodutor, constituído por empresas de porte
relativamente pequeno e com unidades de produção freqüentemente
distribuídas em dois ou mais pólos regionais.
-Nas empresas de segunda geração, a tecnologia reflete
geralmente a cronologia da implantação dos pólos; os regimes
fiscais são geograficamente diferenciados e há legislação ambiental
específica de cada Estado da Federação (fls.).
20. Segundo estudo efetuado pela Associação Brasileira da
Indústria Química e de Produtos Derivados - ABIQUIM (Estudo da
Competitividade da Indústria Petroquímica Brasileira, 1992),
"pode-se afirmar que, na atualidade, a petroquímica brasileira, do
ponto de vista de sua organização empresarial, está de 'cabeça para
baixo'. Enquanto na petroquímica internacional líder o sistema
empresarial revela 'empresas com várias plantas', no Brasil 'cada
planta se confunde com uma empresa'. Essa organização justificável
quando da implantação do setor e enquanto vigia a reserva de
mercado, hoje constitui entrave ao seu desenvolvimento."
21. A privatização do Setor Petroquímico e o esvaziamento da
PETROQUISA, cujo destino ainda não está definido, marcam um momento
de ruptura e mudança nas relações estratégicas, patrimoniais e
jurídicas criadas ao longo da implantação deste setor no país
(fls.).
22. A implantação e consolidação da Indústria Petroquímica no
país exigiu um volume elevado de investimentos, não só nas unidades
industriais mas também em termos de infra-estrutura de transportes,
comunicações e de preservação ambiental, sem contar os recursos
destinados ao treinamento e qualificação da mão-de-obra.
23. A título ilustrativo, os investimentos do sistema
PETROQUISA (conjunto de empresas controladas e coligadas)
totalizaram US$ 10 bilhões, no período 1968-1990, a preços de
outubro de 1991, não levando em conta os investimentos das empresas
multinacionais e tampouco os recursos utilizados na ampliação da
COPENE e em novas unidades de segunda geração no Pólo Camaçari,
conforme tabela a seguir:
Investimento Acumulado (US$ milhões)
´
¦ PERÍODO 68-70 70-73 73-76 76-79 79-82 82-86 86-90 ¦
Ø
¦US$ Correntes 61 452 1.389 2.922 4.055 4.485 5.917 ¦
¦US$ OUT/91 205 1.452 3.564 6.386 7.967 8.741 10.324 ¦
Î
24. O comportamento característico da rentabilidade do setor
alterna momentos de alta e de baixa rentabilidade. Em períodos nos
quais ocorre aproximação entre consumo e capacidade produtiva
disponível, os preços e margens do setor crescem rapidamente. Como
conseqüência do crescimento de rentabilidade, são programados novos
investimentos de expansão das capacidades. Tais investimentos, por
sua vez, provocam um crescimento abrupto de oferta, gerando baixos
níveis operacionais e conseqüentemente baixos preços e margens. A
queda de rentabilidade inibe a ocorrência de novos investimentos e
estimula processos de reestruturação da indústria, permitindo a
lenta reaproximação das curvas de oferta e demanda, ao longo do
tempo, com o que preços e margens voltam a crescer (ABIQUIM).
25. No momento o setor apresenta baixa rentabilidade e está em
processo de reestruturação. A abertura da economia deprimiu as
margem de todas as indústrias voltadas para o mercado doméstico,
pois o único modo de impedir a entrada de importação é reduzir
preços. A capacidade de redução de custos, dada a posição
competitiva relativa, é menor que a de corte nos preços. Isto é
particularmente agravado pela depressão dos preços internacionais
provocado pela recessão mundial. A expectativa é deste fenômeno ser
eliminado no médio prazo pela retomada da economia do país e a
nível internacional, a partir de 1994 (fls.).
III - CARACTERÍSTICAS DO PÓLO PETROQUÍMICO DE SÃO PAULO
26. De acordo com os consultores, a desestatização do setor e
a liberalização da economia são favoráveis ao Pólo Petroquímico de
São Paulo, que apresenta as seguintes características diferenciadas:
- sua origem privada privilegiou a proximidade com o mercado e
com o maior parque de refino da PETROBRÁS, abundante em nafta;
-sua formação com capitais privados terminou por
consolidar-se com expressiva participação minoritária da UNIPAR na
PQU e numa presença maior das grandes companhias petroquímicas
internacionais na segunda geração, muitas delas sem associação com
o capital nacional;
- por ter sido o primeiro pólo petroquímico brasileiro, possui
as unidades mais antigas, entretanto, o estágio tecnológico da
central e das unidades de segunda geração apresenta-se
satisfatório, quando comparado com as plantas dos demais pólos;
- a capacidade de produção das unidades do Pólo de São Paulo
teve pequena expansão durante os seus 20 anos devido a decisões
políticas, fazendo com que o seu mercado regional demandasse mais
que sua capacidade de produção permitia, na maior parte dos casos,
apesar do crescimento da última década ter sido o menor que o
esperado.
27. O conjunto desses fatores faz com que este Pólo tenha uma
posição privilegiada no contexto petroquímico brasileiro.
IV - DESEMPENHO ECONÔMICO - FINANCEIRO DA PQU
28. O desempenho financeiro da PQU tem sido afetado pelo fato
de ser uma empresa estatal o que, nos últimos anos, tem restringido
a política de investimentos, a prática de preços condizentes com
sua capacidade competitiva e de políticas de recursos humanos. Os
resultados mais recentes, 1991 e 1992, além de refletirem essas
restrições, foram afetados pela conjuntura econômica recessiva do
mercado brasileiro, que atingiu todas as empresas do setor (fls.).
29. A empresa tem apresentado volumes elevados de produção em
todos os períodos analisado, 1988-1992, operando em plena
capacidade. As exceções foram 1989 e 1992. Em 1989, a menor
produção se deveu à prolongada parada para manutenção (30 dias) e
outras paradas parciais, que resultaram em 40 dias parados naquele
ano. Em 1992, além da parada para manutenção programada, ocorreram
diversas outras paralisações não previstas, causadas por acidentes
e interdições legais. (fls.).
30. No período 1988-1992 foram realizados investimentos em
montante de US$ 196,5 milhões, dos quais US$ 191,0 milhões
corresponderam a investimentos em imobilizado e US$ 5,5 milhões em
outros investimentos que incluem outras empresas (Polibutenos e
PetroRio). Apesar do valor investido em imobilizado, a empresa não
conseguiu completar seu projeto de aumento de capacidade, formulado
desde 1987. As razões alegadas foram de restrições de recursos pela
necessidade de distribuir dividendos e restrição de endividamento,
por ser empresa estatal. Os relatórios de Diretoria de 1990 e 1991
apontam para restrições na execução de investimentos necessários
para a PQU (fls.).
31. Os investimentos foram feitos sempre com recursos
próprios. O valor investido no período corresponde basicamente à
depreciação (US$ 213,4 milhões nos cinco anos). Os programas de
investimentos em curso visam o aumento da capacidade de produção de
eteno de 360.000 ton/ano para 460.000 ton/ano e o reaparelhamento
da empresa, inclusive em meio ambiente. Esses programas prevêem
investimentos de US$ 380 milhões até o ano 2002 com total ainda a
realizar em 30.04.92 de US$ 230 milhões (fls.).
32. Ao longo do período analisado, a empresa praticamente não
se utilizou de empréstimos de terceiros para financiar suas
operações e investimentos. Os empréstimos, até 1991, data em que a
empresa foi incluída no Programa Nacional de Desestatização,
destinavam-se basicamente a importações. Em 1992, o incremento no
volume de empréstimos se deveu a necessidade de financiamento de
capital de giro decorrente da parada de produção devido a acidentes
e interdição legal da fábrica. A partir de 1991, a empresa aumentou
sua dívida, através de mútuos com os acionistas PETROQUISA e
UNIPAR. Esta dívida, que era de US$ 7,8 milhões em dezembro de
1990, chegou a US$ 69 milhões em 30 de setembro de 1993 (fls.)
(US$ milhões)
Ì ´
¦ ANO ¦ 1988 1989 1990 1991 ABR/92 1992 SET/93 ¦
Ø
¦Empréstimos ¦ 1,6 1,0 4,8 14,9 5,9 40,9 30,1 ¦
¦Mútuos ¦ - - 7,8 22,8 37,2 40,0 69,0 ¦
Ø
¦TOTAL ¦ 1,6 1,0 12,6 37,7 43,1 80,9 99,1 ¦
Î Ï
33. O valor da dívida em 30.04.92 de US$ 43,1 milhões foi o
valor considerado pelos consultores para efeito da avaliação da
empresa. Os contratos de mútuos são tratados no item VII desta
Instrução.
34. De acordo com o Relatório de Auditoria Especial (fls.), a
PQU é uma das patrocinadoras do plano de benefícios definidos da
PETROS - Fundação Petrobrás de Seguridade Social, que é uma
entidade fechada de previdência, sem fins lucrativos, custeada em
sistema de solidariedade contributiva entre todos os
patrocinadores. O Parecer dos Auditores Independentes (30.04.92),
em seu item 3, constata que "a avaliação atuarial do fundo de
pensão do qual a Sociedade é uma das patrocinadoras demonstra
passivo atuarial (déficit) de Cr$ 90.858.595 mil, para o qual a
sociedade não tem constituída qualquer provisão". Este valor
corresponde a US$ 37,9 milhões na data da avaliação da empresa.
35. Historicamente a empresa distribuiu dividendos elevados,
contribuindo para que seus acionistas realizassem outros
investimentos (Pólo de Camaçari e Pólo de Triunfo). No período
1988-1992 a PQU distribuiu dividendos em valor total de US$ 53
milhões, valor este superior ao lucro acumulado no mesmo período
(US$ 38 milhões) (fls.).
36. O Edital nº PND-A-05/93/PQU apresenta o aporte de recursos
indiretos da União, sob a forma de capital social, realizado pela
PETROQUISA na PQU, conforme identificado a seguir:
(US$ 1.000)
Ì ´
¦ ANO ¦ INVESTIMENTOS DIVIDENDOS ¦
Ø
¦ 1968-1974 ¦ 49.601 -- ¦
¦ 1975-1993 ¦ -- 370.098 ¦
Î Ï
37. Os valores acima estão expressos em dólares correntes. Em
valores atualizados para 1991, com base na aplicação do deflator
implícito do Produto Interno Norte-Americano, o aporte de recursos
totaliza US$ 140,6 milhões e os dividendos somam US$ 547,6 milhões.
38. Assim, o valor líquido, antes do imposto de renda, apurado
pela PETROQUISA na participação da PQU, equivale a US$ 407 milhões
expressos em dólares de 1991.
V - AVALIAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
39. De acordo com a Lei nº 8.031/90 e Decreto nº 99.463/90,
vigente à época, foram contratadas duas empresas de consultoria
para realizar serviços de avaliação econômico-financeira da PQU.
40. O desenvolvimento dos trabalhos teve como princípio gerar
informações para que fossem avaliadas as empresas com base no fluxo
futuro de caixa descontado, metodologia universalmente aceita e
eleita pelo gestor do Programa Nacional de Desestatização como base
de análise. Este método implica a prospecção futura do
comportamento de todas as entidades que participam da dinâmica da
indústria e do ambiente de negócios de modo geral. As projeções de
resultados econômicos foram elaboradas para os próximos dez anos e
os preços mínimos propostos pelas empresas de consultoria,
referenciados à data base de 30.04.92.
41. Estas projeções de resultados, resultaram de um complexo
trabalho de desenvolvimento de modelos para a empresa e o mercado
envolvendo:
- cenários macroeconômicos;
- cenário internacional;
- estudos de mercado;
- modelo empresarial;
- preço da nafta;
-abertura da economia e preços de produtos no mercado interno;
-competitividade das centrais e empresas de segunda geração.
42. Na metodologia empregada, os fluxos de caixa futuros para
cálculo do valor da empresa são calculados sem a incidência de
juros e amortização de empréstimos. A taxa de desconto utilizada
para converter o fluxo de caixa no valor presente para o vendedor é
dada pelo custo médio ponderado das fontes de capital empregadas na
empresa, dado que para os investidores tal definição se dá pela
consideração de sinergias e interesses estratégicos próprios e,
portanto, cada investidor descontará o mesmo fluxo de caixa a
diferentes taxas de desconto chegando a diferentes valores para uma
mesma empresa.
43. O valor dos empréstimos que a empresa possuía na data-base
da avaliação foi recalculado em separado, a valor presente, e
deduzido do valor presente do fluxo de caixa operacional. Ao
resultado obtido são adicionados ou deduzidos os valores de ativos
e passivos não - operacionais existentes na data-base.
V.1 - SERVIÇO A
44. O Serviço "A" foi executado pelo consórcio Arthur D.
Little e Trevisan, cujos relatórios encontram-se anexos a este
processo.
45. Na introdução ao Relatório Final de Avaliação
Econômico-Financeira, afirmam os consultores:
"Embora fosse este processo de avaliação bastante divulgado e
conhecido, de modo geral as empresas não estavam preparadas para
fornecer as informações mínimas necessárias para o início do
desenvolvimento dos trabalhos. Além disto, houve uma retração
natural das empresas de segunda e terceira gerações para suprir
dados quanto aos seus custos e rendimentos industriais e mercados
servidos, o que fez aumentar o volume e o peso das hipóteses
assumidas pelo Consórcio ADL - Trevisan.
..............................................................
Outrossim, todas as conclusões apresentadas neste relatório
estão baseadas, parcialmente, em dados e documentos apresentados
pelas empresas analisadas, cuja precisão e veracidade não podem ser
atestadas pelo consórcio. Este se responsabiliza pelas projeções de
comportamento de mercado e preços e sobre as hipóteses
econômico-financeiras adotadas".
46. Em termos das previsões gerais, o Consórcio desenvolveu
uma breve análise do comportamento da economia mundial e projeções
do PIB por região geográfica do globo. Para o Brasil foi
desenvolvido um modelo econométrico com projeções para o PIB
brasileiro para os próximos dez anos.
47. Para a indústria petroquímica mundial e suas principais
matérias-primas, foi desenvolvido um estudo completo de projeções
de preço de petróleo, nafta e derivados como eteno e propeno. Para
o ambiente brasileiro, adotou-se o mix de importação da Petrobrás e
em cima deste derivou-se o comportamento dos preços das
matérias-primas básicas.
48. Dentro deste critério, a formação de preços para a nafta
é, neste modelo, o preço do petróleo tipo Arab Dubai (que
representa o mix da Petrobrás), multiplicado pelo fator 1,2. Para
os preços dos demais derivados tomou-se como base aqueles
praticados na Costa do Golfo do México, à exceção do eteno, que foi
uma média ponderada entre o Golfo e a Europa.
49. Para as projeções de volumes e preços foram adotados os
critérios a seguir: PQU tem seu mercado determinado pela sua
capacidade instalada e demanda de seus clientes. As cotas de cada
um deles não foram alteradas. Para as empresas de segunda geração,
a hipótese de formação de preços no mercado interno prendeu-se à
paridade de custos com os produtos importados. Os preços de
exportação foram formados de acordo com a região receptora dos
produtos, em função de peculiaridades locais de oferta/demanda
previstas e do custo do frete. Os volumes do mercado interno foram
estimados com base em análise de demanda correlacionada ao
crescimento do PIB projetado. Na determinação da participação de
mercado da empresa, considerou-se sua condição competitiva em
relação a sua localização geográfica e segmentos de consumo
servidos.
50. O suporte destas projeções está montado em um modelo
formulado a partir das demonstrações financeiras dos últimos cinco
anos (1987-1991) de cada empresa. Ao analisar os comportamentos dos
principais índices econômico-financeiros nos vários exercícios, com
base nesta avaliação retrospectiva, buscou-se indicadores de
continuidade operacional e diagnóstico de seu passado recente. As
demonstrações contábil-financeiras foram ajustadas à paridade do
dólar norte-americano.
51. A estrutura de capital da empresa foi especificada como
igual à 40% para capital de terceiros e 60% de capital próprio.
52. O custo do capital de terceiros de curto prazo depois dos
impostos foi estimado em 7,40% a.a. e o de longo prazo em 7,93
a.a., com participação de 30% e 10%, respectivamente.
53. O custo do capital próprio, 15,33% a.a., foi estimado a
partir do modelo CAPM (capital asset pricing model), que pressupõe
estimativas para a taxa de juros com risco zero, o prêmio de risco
e o risco sistemático. A taxa de juros com risco zero foi estimada
em 3,85% a.a. para Títulos da Dívida do Tesouro Americano, que de
acordo com os consultores é o investimento reconhecido
internacionalmente como o de menor risco possível hoje disponível
no mundo. A estimativa do prêmio de risco foi determinada em 5%
a.a. mais um prêmio de risco Brasil, suposto igual a 6% a.a.. O
risco Brasil foi apurado pela diferença de retorno esperado pelos
recursos externos aplicados no Brasil em relação aos aplicados nos
Estados Unidos. O risco sistemático foi estimado em 1,1, de forma a
refletir o grau de risco da empresa em relação ao risco de mercado
(1,0).
54. A título comparativo, deve-se mencionar que nos
empréstimos de longo prazo efetuados pelo BNDES às empresas do
Setor Petroquímico são cobradas taxas de juros de até 12% a.a.,
situando-se em média ao nível de 11% a.a. (fls.).
55. De acordo com os consultores não foram adotados os
retornos de investimentos e aplicações do Brasil, visto que desde
1980, em função das políticas de combate à inflação, as taxas de
juros e de retornos estão excessivamente altas, chegando a atingir
até 4% reais ao mês em determinados momentos de 1991 e 1992. Além
disso, o mercado brasileiro apresenta bruscas variações em função
de planos econômicos, alternando longos períodos de altíssimas
taxas de juros e de retorno, com períodos de juros reais negativos
(fls.).
56. Em função disso, se fosse usado o retorno do Brasil, a
taxa de desconto seria significativamente elevada, depreciando
equivocadamente o valor da Petroquímica União. Desta forma, o custo
médio ponderado do capital da empresa foi estimado como igual a
12,21% a.a. (fls.).
57. O valor estimado para a PQU é da ordem de US$ 524.621 mil.
A participação da Petroquisa, em função do número de ações
possuídas nesta empresa, fica calculada em US$ 355.693 mil. A
tabela abaixo detalha estes valores:
US$ mil
´
¦ Descrição/taxa de desconto 12,21% ¦
Ø
¦ Valor presente do fluxo de caixa 347.285 ¦
¦ (+) Valor presente da perpetuidade 208.268 ¦
¦ (=) Valor presente total do fluxo de caixa 555.553 ¦
¦ (+) Valor das aplicações em 30 de abril/92 459 ¦
¦ (+) Investimentos não operacionais 11.857 ¦
¦ Polibutenos 3.147 ¦
¦ Nitrofértil 3.712 ¦
¦ CQR 166 ¦
¦ Ciquine 1.326 ¦
¦ Nitroclor 1.413 ¦
¦ Alcoolquímica 1.575 ¦
¦ Cinal 311 ¦
¦ Parks Informática 80 ¦
¦ LZ Equipamentos Eletronic. 6 ¦
¦ Comsip Eletrônica 50 ¦
¦ Novadata Sist. Comput. 71 ¦
¦ (-) Valor do endividamento em 30 de abril/92 43.248 ¦
¦ de curto prazo 43.248 ¦
¦ de longo prazo 0 ¦
¦ Valor da empresa 524.621 ¦
Î
58. As variáveis escolhidas para verificar o comportamento do
valor da empresa foram as seguintes:
Preço de Nafta
59. O preço da nafta se constitui na variável de maior impacto
nos resultados da Petroquímica União.
60. O preço da nafta fornecida pelas refinarias da Petrobrás
ao mercado interno foi sempre fixado pelo governo federal,
juntamente com os diversos derivados de petróleo e gás natural,
refletindo estratégias da Petrobrás. Historicamente esse preço se
situou abaixo daquele vigente no mercado internacional.
61. O monopólio de produção, transporte e importação de nafta
constitucionalmente pertence à Petrobrás, o que determina que no
médio prazo o preço da nafta continuará a ser definido por ela.
62. Por outro lado, a produção de nafta no Brasil é
deficitária e não existem a médio prazo planos de expansão da
capacidade de produção de nafta no país, sendo necessárias
importações.
63. Nestas condições foram realizadas sensibilidades em
relação ao caso base, considerando o preço da nafta como 10%
superior ao preço do mix de petróleo importado pelo Brasil,
conforme proposta da Abiquim, bem como adotando o preço de nafta
20% superior ao petróleo importado tipo Brent, relação aprovada
pelo governo federal.
64. Cabe ressaltar que no cálculo dessa última sensibilidade
não houve repasse de preços para as empresas de segunda geração.
Não expansão da Capacidade de Produção de Eteno para 460.000
t/a
65. A expansão da Petroquímica União encontra-se cerca de 75%
em termos de desembolso de recursos já implantada, e o final da
implantação física do projeto ainda não está definido. Assim sendo,
foi avaliado o impacto da não expansão no valor da empresa.
Receita
66. Em termos de quantidade de produto, a Petroquímica União
já opera à capacidade máxima e pelas vantagens logísticas tem
capacidade de colocar toda sua produção no mercado.
67. No que concerne a preços, conforme discutido
anteriormente, a característica cíclica da indústria petroquímica
determina que os preços de produtos petroquímicos passem por
períodos de crescimento e redução. Desse modo, foi verificado o
impacto de uma variação de receita 5% a maior e a menor.
68. O quadro seguinte apresenta o resultado da análise de
sensibilidade.
"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"
V.2 - SERVIÇO B
69. O Serviço "B" foi executado pela Associação liderada pela
Tozzini, Freire, Teixeira e Silva Advogados e integrada por Consemp
Consultoria e Empreendimentos Industriais e Comércio LTDA.,
Planconsult Planejamento e Consultoria S/C LTDA., Natrontec Estudos
e Engenharia de Processos S/C LTDA., e Natron Consultoria e
Projetos S.A., tendo como sub-contratada Arthur Andersen S/C.
70. Os modelos de projeção foram desenvolvidos pelos
consultores a partir da consideração dos principais fatores que
deverão afetar a empresa no seu futuro, como apresentado a seguir.
a-Cenários Macroeconômicos Brasileiros
71. Foram considerados dois cenários alternativos (PRÓ-ATIVO E
REATIVO). Desenvolvidos com a participação de especialistas,
representam configurações alternativas para a evolução da economia
brasileira e não simplesmente diferentes premissas de evoluções
lineares das variáveis.
72. Os dois cenários partem de três premissas básicas:
1-tendência clara para um modelo mais liberal;
2-reduzido grau de liberdade de política econômica onde a
prioridade é a estabilização;
3-a atual crise política terá desdobramentos importantes a
longo prazo, mas a médio prazo - 1992-1994 - as características
serão de um governo de poder circunscrito, em qualquer alternativa.
73. A postura pró-ativa do governo e da sociedade em favor da
adequação do país ao novo modelo de desenvolvimento, ou a postura
reativa em torno de interesses contrariados, definem os cenários
alternativos.
74. O cenário PRÓ-ATIVO é o cenário de promoção do novo modelo
de desenvolvimento, acompanhado do apoio político crescente à
estratégia econômica. Isto permite mais velocidade e eficiência na
concretização da estabilização e das relações internacionais,
propiciando taxas de crescimento maiores e sustentadas para a
segunda metade da década. Foi considerado pelos especialistas como
o mais provável.
75. O cenário REATIVO mantém como premissa a continuidade das
transformações estruturais iniciadas pelo Governo Collor.
Contrariamente ao que ocorre no PRÓ-ATIVO, as forças políticas com
responsabilidade de governo são mais reativas aos preceitos
liberais do novo modelo de desenvolvimento. Em virtude disto, a
política econômica acomodaria compromissos políticos contraditórios
e teria, em comparação com o cenário alternativo, resultados
medíocres.
76. A probabilidade de ocorrência de cada cenário foi avaliada
como de 70% para o PRÓ-ATIVO e 30% para o REATIVO. Em função disto,
a avaliação econômica da empresa foi efetuada a partir das
premissas do cenário PRÓ-ATIVO.
b - Cenários Internacionais
77. As projeções de evolução de preços dos produtos
petroquímicos foram desenvolvidas a partir de estudo, abrangendo o
período de 1991-2000, realizado pela De WITT & COMPANY INC.,
empresa norte-americana especializada na análise de mercado destes
produtos. Os preços foram desenvolvidos para a América do Norte,
Europa Ocidental, Ásia e Argentina. Como premissa geral foi
considerado que os países da OECD ainda enfrentarão dificuldades no
ano de 1992, situação que se estende até 1993. A partir de então, é
esperada uma fase de crescimento sustentado, com taxa média de 3,2%
a.a.
c - Modelo Empresarial
78. As considerações de modelo empresarial levaram à
formulação de uma "lei" de formação do preço do eteno e do propeno,
a ser utilizada nas projeções da receita da Petroquímica União,
baseada no questionamento de onde se maximiza a margem de lucro, se
na central ou na segunda geração. O método desenvolvido consistiu
em idealizar uma "Central de Matérias-Primas" integrada como
produtora de polietileno e polipropileno, que converte toda sua
capacidade de produção de eteno e propeno naqueles produtos. Da
receita global, são deduzidos os custos e despesas da Central e
todos os custos e despesas necessárias à produção do polietileno e
polipropileno. A margem bruta resultante é distribuída entre a
Central de Matérias Primas e as unidades produtoras de polietileno
e polipropileno. No caso da Central, definem-se os preços de
transferência para o eteno e o propeno. Este preço de
transferência, então é tomado como preço de venda no mercado
interno para estes produtos. Realizou-se simulações com a margem
sendo atribuída na proporção 35/65, isto é, 35% para a Central e
65% para a Segunda Geração, na proporção 65/35 e na proporção 50/50.
79. Por fim, considerou-se que, como base para o preço mínimo
da empresa deveria ser adotada a mesma distribuição de margens, ou
seja, 50% para a central e 50% para as unidades de segunda geração.
d-Preço da Nafta
80. Foi adotada para a elaboração do trabalho como preço da
nafta a relação de 1,2 com o petróleo Brent estabelecida em
Exposição de Motivos Interministerial.
81. Os parâmetros relevantes para a discussão do preço da
nafta no âmbito dos cenários alternativos foram:
1-o preço internacional da nafta para contratos de longo
prazo internado no Brasil;
2-o preço fixado pelo governo por ocasião da privatização,
com relação ao petróleo tipo Brent;
3-o preço da nafta exportada.
e - Abertura da Economia e os Preços dos Produtos no Mercado
Interno
82. A expectativa de internacionalização dos preços da maior
parte dos produtos petroquímicos foi adotada como premissa
integrante do cenário de avaliação das empresas, tendo em vista a
perspectiva de abertura do mercado brasileiro.
83. Foram considerados como referência os preços FOB-USA para
o tolueno, xilenos mistos, gasolina de pirólise e orto-xilenos e os
produtos de segunda geração, tendo em vista que este país poderia
colocar seus produtos de forma mais competitiva no mercado
brasileiro.
f-Competitividade das Centrais e das Empresas de Segunda
Geração
84. A concorrência foi analisada através da comparação do
desempenho das unidades de segunda geração dos três pólos
petroquímicos. O critério principal foi calcular os custos
comparativos (passíveis de serem alcançados por unidades instaladas
em cada um dos Pólos) de colocação dos produtos nos mercados
regionais. A partir daí, avaliou-se suas capacidades de competir em
preços e, dessa forma, ocuparem os mercados mais rentáveis entre os
diversos itens de custo associados às condições de competitividade
do setor.
85. Os estudos realizados concluíram pela colocação
preferencial dos produtos de segunda geração fabricados em São
Paulo no mercado interno, tendo em vista a proximidade do mercado
consumidor e seu reflexo na competitividade das empresas. As
unidades de segunda geração dos demais Pólos serão obrigadas a
colocar parcela significativa de suas produções no mercado externo.
g - Mercado Interno - Metodologia de Projeção
86. O estudo visou a demanda futura dos petroquímicos básicos
produzidos pela Petroquímica União e dos produtos das empresas de
segunda geração, utilizando como base os cenários projetados para o
desenvolvimento da economia do país no período 1992/2002. A
metodologia consiste na projeção de demanda dos produtos de segunda
geração a partir da determinação das suas elasticidades em relação
ao PIB que, pela aplicação dos respectivos coeficientes técnicos,
permitiram a determinação da demanda dos produtos petroquímicos
básicos.
87. Na elaboração da proposta de preço mínimo, a taxa de
desconto adotada para refletir o valor econômico da PQU foi
composta a partir de uma estrutura de capital com:
- 60% de recursos próprios remunerados a 16% a.a.;
- 40% de empréstimos (10% de curto prazo e 30% de longo prazo)
à taxa média de 15,5% a.a., com alíquota de impostos de 45%
refletindo um custo médio de 8,5% a.a..
88. Esta estrutura de capital resulta em um custo médio
ponderado de capital de 13% a.a., tomado como base para o cálculo
do valor da empresa.
89. Em 30.04.92 a PQU contava com dívidas financeiras de duas
naturezas:
-empréstimos e financiamentos de curto prazo para importações
em montante de US$ 5.936 mil;
-mútuos com os acionistas UNIPAR e PETROQUISA com valor de
30.04.92 equivalente a US$ 37.203 mil.
90. Para efeito da avaliação da empresa considerou-se o valor
presente destas dívidas equivalentes ao seu valor de face naquela
data, resultando, portanto, em valor global de empréstimos de US$
43.139 mil em 30.04.92.
91. Era a seguinte a composição dos Ativos e Passivos
Não-Operacionais da PQU em 30.04.92:
US$ 1,000
´
¦ ATIVOS NÃO-OPERACIONAIS ¦
Ø
¦ Empréstimo Compulsório (depósitos Eletrobrás) 66 ¦
¦ Incentivos Fiscais 286 ¦
¦ Investimentos 816 ¦
¦ TOTAL 8,468 ¦
Ø
¦ PASSIVOS NÃO-OPERACIONAIS ¦
Ø
¦ Outras Obrigações 768 ¦
¦ TOTAL 768 ¦
Ø
¦ SALDO DE ATIVOS E PASSIVOS NÃO-OPERACIONAIS 7,700 ¦
Î
92. O valor econômico da PQU, calculado pelo fluxo de caixa
descontado à taxa e 13% a.a., resultou:
´
¦ (+) Valor do Fluxo de Caixa Operacional US$ 594,7 milhões ¦
¦ (+) Valor dos Ativos Não-Operacionais US$ 7,7 milhões ¦
¦ (-) Valor dos Empréstimos US$ 43,1 milhões ¦
¦ (=) Valor Econômico da Empresa US$ 559,3 milhões ¦
Î
93. O valor da empresa demonstrou grande sensibilidade a
variações em preços de venda de produtos. Variações de 5% nos
preços resultaram em variações de 18% no valor econômico fixado da
PQU.
94. Com relação ao preço da matéria-prima (nafta), variações
de 10% nos preços correspondem a alterações de 12% no valor
estabelecido da empresa.
95. Verifica-se também que variações de 1% na taxa de desconto
do fluxo de caixa operacional resultam em variações da ordem de 11%
no valor final da empresa.
US$ milhões
"VIDE QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL"
96. Deve-se registrar também, que as taxas de retorno exigidas
pelos organismos internacionais de financiamento, Banco Mundial e
IFC, mencionadas no Relatório de Avaliação como sendo de 15% a.a.
em projetos do Setor Industrial e de até 18% a.a. para projetos do
Setor Petroquímico, no nosso entender, podem estar refletindo a
super-oferta de produtos petroquímicos a nível mundial e desse
modo, seria então uma taxa de desestímulo a investimentos em
projetos novos neste setor. Esta taxa não se aplicaria a PQU por
ser um projeto já implantado e consolidado e pela particularidade
de possuir um mercado cativo junto às indústrias de segunda
geração. Como o próprio consultor afirma em seu relatório, no Pólo
de São Paulo a demanda é maior que a oferta. Motivos similares,
entre outros, levaram os consultores responsáveis pela avaliação
econômico-financeira da COPESUL (Central de Matérias-Primas do Pólo
Petroquímico do Sul), a utilizar taxas de desconto de 10% a.a.
(Serviço "B") e 11% a.a. (Serviço "A").
97. Além disso, no presente momento, títulos emitidos por
empresas brasileiras e colocados no mercado internacional
(Eurobônus), estão custando para essas empresas taxas inferiores às
consideradas nos Relatórios. Operações contratadas na época da
elaboração dos laudos de avaliação por 15% a.a., podem ser
negociadas, hoje, por 9% a 11% a.a. ou menos. Ajustando esses
valores ao custo de capital e considerando os meios de pagamento
(créditos e títulos) aceitos no âmbito do PND, haveria tendência a
uma redução na taxa de desconto utilizada e conseqüente aumento do
valor econômico da empresa.
98. Esses aspectos não podem ser considerados isoladamente e
devem ser analisados em conjunto com outras mudanças ocorridas na
economia, no setor e principalmente na empresa.
V.3 - AJUSTES PRÉVIOS
99. Considerando que a data-base da avaliação
econômico-financeira da empresa foi de 30.04.92, verifica-se que
até a data de 30.09.93 ocorreram alterações no nível de
endividamento da empresa bem como na alienação de participações em
investimentos não-operacionais.
100. O endividamento considerado em 30.04.92 foi de US$ 43,1
milhões e este valor em 30.09.93 corresponde a US$ 99,1 milhões,
conforme apresentado às fls. desta instrução. Isto significa um
acréscimo de US$ 56,0 milhões no nível de endividamento,
correspondente a cerca de 10% do valor econômico determinado para a
empresa.
101. Parte desse acréscimo decorre de acidentes, incidentes e
interdição judicial da planta ocorrido em julho/setembro de 1992,
correspondente a US$ 23,6 milhões em 30.09.93 (fls.). O restante,
em sua maior parte, corresponde a contrato de mútuo com os
acionistas PETROQUISA e UNIPAR (fls.).
102. Além desses fatos, a PQU alienou sua participação
minoritária na CIQUINE, em Bolsa de Valores, pelo valor de US$ 2,2
milhões. Este investimento integrava positivamente o valor da
empresa e estava considerado com valor de US$ 1,3 milhão quando de
sua avaliação (fls.).
103. Os acréscimos no endividamento associados às outras
mudanças ocorridas na economia e no setor, como anteriormente
mencionado, propiciam um equilíbrio em torno do valor mínimo de US$
559,3 milhões fixado para a empresa pela Comissão Diretora.
104. Também, a PQU efetuou liquidação de pendência judicial,
constante do Processo nº 455/80, referente à indenização por
servidão de passagem de faixa de terra ocupado pelo etilenoduto.
Esta pendência judicial não foi considerada para efeito de
avaliação econômico-financeira da empresa (fls.).
105. Quando dos ajustes para a determinação do Patrimônio
Líquido Real (US$ 507,4 milhões), o déficit atuarial de US$ 37,9
milhões do plano de benefícios da PETROS foi considerado como
redutor do valor do Patrimônio Líquido Contábil (US$ 636,4 milhões)
(fls.).
VI - PLEITO DA UNIPAR QUANTO A DIREITO DE PREFERÊNCIA
106. Em 06 de julho de 1973, UNIPAR endereçou na qualidade de
acionista da PQU, à outra acionista, PETROQUISA, carta confirmando
sua decisão de não participar do aumento de capital autorizado pela
Assembléia Geral realizada em 9 de abril de 1973, ao mesmo tempo em
que solicitava à PETROQUISA que esta subscrevesse aludido aumento
de capital em lugar da UNIPAR (fls.).
107. Nesse mesmo dia, 6 de julho de 1973, PETROQUISA comunica
sua decisão de acolher a solicitação da UNIPAR, desde que cumpridos
certos requisitos básicos. Finalizando a missiva, o então
Presidente da PETROQUISA declarava textualmente: "Finalizando,
desejamos ressaltar, mais uma vez, que a PETROQUISA terá sempre em
vista propiciar o restabelecimento da situação anterior, qual a de
preservar para o capital particular sua posição majoritária nesse
empreendimento. Assim, é intenção da PETROQUISA, tão logo se mostre
a medida oportuna, transferir parte de suas ações na PETROQUÍMICA
UNIÃO S.A. à iniciativa particular, no sentido de restaurar aquela
participação majoritária. Nessa ocasião, oferecerá a V.Sas.
prioritariamente, o ensejo de adquirir as ações que venham a ser
alienadas" (fls.).
108. No dia 12 de julho de 1973, isto é, seis dias após a
troca de correspondência entre acionistas, é celebrado novo acordo
de acionistas entre a PETROQUISA, UNIPAR e demais acionistas da
PQU, com a devida interveniência da PQU. Trata-se de um acordo de
acionistas simples, que não prevê direito de preferência ou a
obrigatoriedade de os adquirentes das ações de propriedade da
PETROQUISA observarem seus termos e condições (fls.).
109. O Estatuto da PQU também não prevê direito de preferência
na alienação de ações a terceiros. O Estatuto, em consonância com a
legislação societária, prevê tão-somente o direito de preferência
de aumento de capital por subscrição (fls.).
110. A UNIPAR, respaldada em pareceres de ilustres juristas,
afirma que, com tal declaração, a PETROQUISA, de forma unilateral,
outorgou à UNIPAR o direito de receber a primeira oferta de venda
das ações que a PETROQUISA detém do capital da PQU (fls.).
111. A Comissão Diretora, igualmente respaldada em pareceres
de ilustres juristas, entende que não houve outorga de direito de
preferência, permanecendo como único instrumento regulador da
relação entre acionistas o ACORDO.
112. Em síntese, o Acordo de Acionistas de 12 de julho de
1973, foro adequado para o estabelecimento de direitos e obrigações
de acionistas na alienação de ações, teria revogado o direito de
prioridade concedido pela carta de 06 de julho de 1973 (fls.).
113. Segundo informações obtidas pelos consultores durante o
levantamento efetuado por ocasião da elaboração dos laudos de
avaliação (setembro/92), o acordo de acionistas celebrado em 12 de
julho de 1973 não havia ainda sido arquivado na sede da PQU e
tampouco averbado nos livros de registro e nos certificados de
ações. O registro nos livros sociais da PQU foi efetuado somente em
19 de outubro de 1993 (fls.).
VII - CONTRATOS DE MÚTUO DE PETROQUISA E UNIPAR
114. A UNIPAR e a PETROQUISA concederam diversos empréstimos à
Petroquímica União, após a sua inclusão no Programa Nacional de
Desestatização, correspondentes ao saldo de adiantamento para
futuros aumentos de capital (contrato de 19.03.91) e dividendos
distribuídos e, no instante seguinte, retornados à empresa na forma
de mútuos (contratos de 08.04.91, 01.04.92 e 01.04.93), sem prévia
aprovação da Comissão Diretora.
115. Os contratos de 19 de março e 8 de abril de 1991 foram
ambos aditados em outubro de 1991 e janeiro de 1992 e consolidados
em contratos celebrados em 1 de abril de 1992. Como a PQU foi
incluída no PND por Decreto Presidencial de 05 de março de 1991, os
contratos foram celebrados posteriormente à sua inclusão no PND.
116. Conforme tais consolidações, o valor do principal deve
ser corrigido de acordo com a variação da IGP-M, incidindo juros à
taxa de 12% a.a.. A PQU vem pagando o valor dos juros mês a mês. O
inadimplemento acarreta multa de 20% sobre o valor do débito. Os
valores dos mútuos estão apresentados em tabela no item IV desta
Instrução.
117. Ambos os contratos estabelecem que, em caso de as ações
de propriedade de cada mutuante (PETROQUISA e UNIPAR) vierem a ser
alienadas a terceiros em cumprimento de disposição legal, como é o
caso do Programa Nacional de Desestatização, a PQU se obriga a
liquidar a totalidade da dívida no prazo de 60 dias contados da
notificação da respectiva mutuária (fls.).
118. Os contratos de 01.04.92 foram objeto de sucessivos
aditamentos que prorrogaram as datas de vencimento. Os contratos
estão vencidos e a PQU propôs a UNIPAR e a PETROQUISA um novo
aditamento para a prorrogação do vencimento para 12 de novembro
próximo. A PETROQUISA concordou com essa nova prorrogação estando
em vias de formalizá-la. A UNIPAR ainda não se manifestou sobre a
prorrogação proposta pela PQU.
119. Em 01.04.93 a UNIPAR e a PETROQUISA concederam novos
empréstimos à PQU no valor de Cr$ 196.076.710.721,95 e Cr$
459.703.435.536,41, respectivamente. Esses empréstimos foram
contratados com vencimento previsto para 01.04.96 e carência de 12
meses para início de pagamento dos juros (15% a.a.). O contrato com
a PETROQUISA já foi formalizado, restando a assinatura do contrato
com a UNIPAR. Também, neste caso, o contrato prevê a obrigação para
a PQU, de pagamento da totalidade das dívidas na hipótese de
alienação das ações da PETROQUISA no âmbito do PND (fls.).
120. Nos termos do artigo 44 do Decreto nº 99.463, de 16 de
agosto de 1990, e artigo 52, do Decreto nº 724, de 19 de janeiro de
1993, todos os empréstimos mencionados deveriam ter sido submetidos
à Comissão Diretora, para aprovação prévia das condições
estabelecidas. O fato de tais empréstimos não terem sido submetidos
à aprovação prévia da Comissão Diretora enseja, para esta a
possibilidade de anulá-los, dado que a celebração dos mesmos foi
ilegal (fls.).
121. Contudo, a anulação desses contratos de mútuo
equivaleria, na prática, à antecipação das datas de vencimento, uma
vez que a Petroquímica União efetivamente recebeu os valores
pertencentes aos seus acionistas e, portanto, com a anulação dos
contratos, teria que devolvê-los (fls.).
122. Em Reunião Ordinária da Comissão Diretora do PND,
realizada em 18 de outubro de 1993, esta assim se manifestou:
"Em prosseguimento, a Comissão Diretora reiterou o
entendimento que, tendo tomado conhecimento dos mútuos firmados
entre a Petroquímica União e seus acionistas controladores,
PETROQUISA e UNIPAR, reconhecem os seus efeitos, razão pela qual
fez com que constassem, com detalhes, no Edital nº PND-A-05/93-PQU,
publicado no Diário Oficial da União em 28 de setembro de 1993, e
no Prospecto de Alienação" (fls.).
VIII - FORNECIMENTO E CONSUMO DE NAFTA
123. A PQU é uma central de matérias-primas baseada
integralmente na transformação química da nafta do petróleo,
fornecida através de dutos pela PETROBRÁS, de suas refinarias
REPLAN, REVAP e RPBC (fls.).
124. Em 1969, a PQU celebrou com a PETROBRÁS um contrato para
compra e venda de nafta, com prazo de vigência de 10 anos a partir
do início das operações comerciais da PQU (1972), prorrogável
mediante manifestação por escrito até 12 (doze) meses antes de seu
vencimento. Em 16 de setembro de 1982 as partes trocaram
correspondência visando à prorrogação do contrato, além de outras
manifestações posteriores que evidenciam de forma inequívoca a
prorrogação contratual (fls.).
125. Durante todos os anos que vem vigorando esse contrato, as
partes vêm negociando um novo contrato de fornecimento, e conforme
informação do Departamento Jurídico da PQU, em 6 de maio de 1986, a
PQU recebeu da PETROBRÁS uma minuta do novo contrato (DECOM -
30.555/86), sem que até hoje tenham conseguido concluir as
negociações (fls.).
126. O preço da nafta é fixado periodicamente pelo
Departamento Nacional de Combustíveis, sendo o prazo e as condições
de pagamento estabelecidos pela PETROBRÁS (fls.).
127. Em dezembro de 1991, o Ministério da Economia em conjunto
com o da Infra-Estrutura, através da Exposição de Motivos nº 649,
aprovada pelo Presidente da República e publicada no D.O.U. de 19
de dezembro de 1991, estabeleceu que o preço doméstico da nafta
passasse a sofrer reajustes progressivos, de forma que, no máximo,
até o quarto trimestre de 1992, ele fosse equivalente a 20% acima
do preço do petróleo BRENT, no Mar do Norte (Inglaterra), cotado na
modalidade DATED FOR SULLOM-VOE (fls.).
128. Considerando que a relação nafta/petróleo (1,2)
estabelecida pelo Governo é muito elevada e em nenhum momento nos
últimos cinco anos se aproximou do preço pago pelo Brasil por suas
importações (a PETROBRÁS forma a sua "cesta" de tipos de petróleo
através da importação e do produto local), levou os produtores
químicos do país a proporem uma alternativa baseada na cesta de
tipos de petróleo utilizados pela PETROBRÁS e pleiteiam o índice de
1,1 em relação ao mercado local como sendo um parâmetro adequado
(fls.).
129. Em 23 de dezembro de 1987, por meio do Certificado nº
7475/87, o Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI),
posteriormente sucedido pelo Departamento de Indústria e Comércio
- DIC, e atualmente extinto com o advento do Plano Collor, concedeu
à PQU autorização para ampliação da capacidade de produção da
central de matérias-primas, com consumo autorizado de 1.731.000
ton/ano de nafta. Para tanto, foi necessária a assinatura de termo
de responsabilidade que, se não cumprido, importa na revogação dos
incentivos concedidos (isenção de IPI, apoio financeiro, etc.) e
demais penalidades impostas por lei (fls.).
130. Tal termo de responsabilidade prevê, entre suas
cláusulas, a impossibilidade de firmar contrato de transferência de
tecnologia, sem prévia e expressa manifestação favorável do CDI bem
como de alterar o controle acionário da PQU sem anuência expressa
do CDI (fls.).
131. A PQU informou ao Ministério da Indústria e do Comércio
que só terá recursos para a conclusão do projeto após a sua
desestatização (fls.).
132. Entende o BNDES que, uma vez que a desestatização da PQU
decorre de imposição legal, não há necessidade de aprovação do
Ministério da Indústria e do Comércio para a modificação que
ocorrerá em seu quadro acionário (fls.).
133. Em complementação ao projeto acima referido, em 24 de
maio de 1989, foi celebrado Termo de Compromisso entre a PQU e a
Secretaria Especial de Desenvolvimento Industrial do Ministério da
Indústria e do Comércio, para ampliação da capacidade instalada da
unidade para produção de resinas de petróleo de 10.000 para 20.000
ton/ano, no prazo de 26 meses a contar de 1º de maio de 1990. A
autorização prevê eventos a serem cumpridos pela PQU, sob pena de
revogação da aprovação (fls.).
134. A PQU, para o cumprimento de ambos os projetos acima
mencionados, precisaria de financiamentos, que não podem ser
contratados no momento, em razão da restrição ao endividamento de
empresas incluídas no PND. A PQU encaminhou correspondência ao
Departamento de Indústria e Comércio - DIC para retomar a discussão
após a sua desestatização (fls.).
IX - FORNECIMENTO A TERCEIROS
135. Em novembro de 1991, a fim de uniformizar e atualizar os
contratos de fornecimento, compra e venda, entre PQU e seus
clientes, a PQU denunciou todos os contratos, inclusive aqueles com:
- Poliolefinas S.A. - Indústria e Comércio;
- Oxiteno S.A. - Indústria e Comércio;
- CBE - Cia. Brasileira de Estireno;
- UNIPAR - União de Ind. Petroquímicas S.A.;
- Polibrasil S.A. Indústria e Comércio;
- Bayer do Brasil S.A.;
- Petroflex Indústria e Comércio;
- Oxipar In. Químicas S.A.;
- Rhodia S.A.;
- Copebrás S.A.;
- CCI - Capuava Carbonos Industriais S.A.;
- Dow Química;
- Solvay; e
- Union Carbide do Brasil LTDA.
136. Decorridos dois anos, a PQU ainda está em negociação com
seus clientes para a formalização de novos contratos (fls.).
137. O relatório de consultores informa também que, nos
contratos em negociação ficam garantidas as mesmas quantidades de
matérias-primas que vinham sendo autorizadas pelo extinto DIC às
empresas, que fizeram todo o seu investimento baseadas na obtenção
de matérias-primas (fls.).
X - AÇÕES JUDICIAIS
138. Em julho de 1992, o Ministério Público do Estado de São
Paulo propôs uma ação civil pública, com pedido de liminar, para
obter a paralisação das atividades da PQU, em razão do acidente
ocorrido naquele mês em suas instalações (fls.).
139. Essa ação foi distribuída a 7ª Vara Cível de Santo André,
processo nº 1065/92, tendo sido deferida a concessão da medida
liminar, posteriormente suspensa, com interdição da PQU por duas
semanas, causando prejuízo estimado de US$ 1,5 milhão por dia
(fls.).
140. A questão será resolvida após laudo definitivo dos
peritos judiciais, que podem sugerir reformas e modificações nos
equipamentos e instalações, além da contratação de um número maior
de empregados nas áreas de segurança e manutenção (fls.).
141. As demais ações judiciais de interesse da PQU, inclusive
de natureza fiscal e trabalhista encontram-se discriminadas às fls.
XI - EDITAL DE VENDA
142. Publicado no Diário Oficial da União em 28 de setembro de
1993, o Edital nº PND-A-05.93/PQU Alienação de Ações do Capital
Social de PETROQUÍMICA UNIÃO S.A. divide-se em 9 (nove) capítulos
(fls.):
- Capítulo 1: Esclarecimentos Preliminares;
- Capítulo 2: Objeto;
- Capítulo 3: Princípios Gerais da Alienação;
- Capítulo 4: Oferta aos Empregados;
- Capítulo 5: Caraterísticas do LEILÃO;
- Capítulo 6: Oferta Suplementar das Sobras;
- Capítulo 7: Informações sobre a PQU;
-Capítulo 8: Cálculo do Valor Econômico e Justificativa do
Preço; e
- Capítulo 9: Disposições Finais.
XI.1 - OBJETO E ESTRUTURA DAS OFERTAS
143. O objeto do Edital é a alienação de 58.894.264 ações
ordinárias, representativas de 58,89% do seu capital social.
144. O processo de alienação divide-se em três etapas:
-Primeira Etapa: Oferta aos empregados de 8.894.263 ações,
equivalentes a 8,89% do capital social da PQU, de 25.10 a 10.12.93,
e liquidação financeira em 17.12.93. Cada empregado ou empregado
aposentado da PQU poderá adquirir, no mínimo 521 ações e, no
máximo, tantas ações quantas forem obtidas pela divisão do número
total de ações ofertadas pelo número de empregados e empregados
aposentados interessados.
-Segunda Etapa: Leilão de 50.000.001 ações, representativas
de 50% mais uma ação do capital social, previsto para 19.11.93 e
liquidação financeira em 26.11.93.
-Terceira Etapa: Oferta suplementar das sobras aos empregados
e aposentados de 10% das eventuais sobras do leilão, obedecido o
limite de 1.105.737 ações suficiente para completar 10% do capital
social da empresa, ao mesmo preço fixado para a primeira etapa.
145. A Comissão Diretora do PND fixou condição de eficácia do
leilão em 75% de venda das ações ofertadas. Também, em reunião de
08.11.93, a Comissão Diretora decidiu, com base na Medida
Provisória nº 362, de 25.10.93, que o capital estrangeiro poderá
adquirir até 100% do controle da PQU, correspondente a totalidade
das ações ofertadas em leilão. A Comissão Diretora divulgou
comunicado corrigindo o item 1.2 do Edital que fixava em 40% do
capital votante o limite de participação do capital estrangeiro
(fls.).
146. A participação de entidades de previdência ou assistência
social ou dos fundos de complementação previdenciária vinculados à
Administração Pública Direta ou Indireta, considerados
individualmente, nos termos do Decreto nº 786, de 24.03.93, está
limitada à aquisição de 15.000.000 ações, representando 15% do
capital votante e total da PQU, e desde que cada entidade ou fundo
não comprometa mais do que 5% dos seus recursos em carteira na
aquisição do capital social da PQU.
147. A PETROQUISA, depois da alienação das ações permanecerá
como acionista da PQU, detendo, pelo menos, 8.894.263 ações
ordinárias, representativas de 8,89% do capital social, podendo ser
acrescida de 90% das eventuais sobras do leilão.
148. O montante da oferta suplementar das sobras que não vier
a ser adquirido pelos empregados e aposentados será
compulsoriamente adquirido pelos compradores de ações
representativas de 2% ou mais do capital social, pelo preço mínimo
do leilão.
XI.2 - PREÇOS
149. A Resolução nº CD/PND 105/93 da Comissão Diretora, de
27.09.93, fixou o preço mínimo para a totalidade das ações objeto
das ofertas do Edital em Cr$ 34.871.796.553,63, referido à data de
13.09.93.
150. O preço mínimo das ações para a oferta aos empregados é
de C$ 177,63 por ação, e o preço mínimo das ações para o leilão é
de Cr$ 702,64 por ação, ambos referidos à data de 13.09.93.
151. Os preços mínimos, bem como os preços alcançados no
leilão, serão atualizados monetariamente, até a data das
respectivas liquidações financeiras, pelo índice de variação da
Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, de
acordo com a sistemática estabelecida na Circular nº 2309, do
BACEM, de 19.05.93 e baseada na Lei nº 8.660, de 28.05.93,
Resolução nº 1.979, do BACEM, de 30.04.93, ou por outro índice que
eventualmente venha a substituir a TR.
152. Os preços fixados pela Comissão Diretora serão submetidos
à Assembléia Geral Extraordinária da PETROQUISA, cuja decisão ainda
não foi encaminhada a esta IRCE/SP.
153. Cada adquirente deverá, obrigatoriamente, pagar em moeda
corrente nacional, o percentual mínimo de 30% fixado pelo Exmo. Sr.
Presidente da República. O saldo restante poderá ser pago em moeda
corrente nacional ou mediante a utilização de créditos e títulos.
154. A PETROQUISA e/ou o gestor e/ou a Comissão Diretora não
responderão por qualquer insubsistência ativa, superveniência
passiva, passivo oculto ou contingência da PQU.
XI.3 - OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS ADQUIRENTES
155. Dentre as obrigações especiais dos adquirentes do
controle acionário da PQU destacamos:
-assegurar aos empregados da PQU os direitos e benefícios
sociais existentes;
-promover a abertura do capital da PQU, de modo a assegurar
que as ações possam ser negociadas em bolsas de valores até 180
dias após a liquidação financeira do leilão;
-atender à requisição de documentos ou quaisquer informações
que venham a ser solicitadas pelos órgãos federais de controle e
auditoria, bem como permitir que funcionários da União ou pessoas
por ela devidamente autorizadas tenham acesso a livros e documentos
relativos às administrações anteriores à desestatização;
-substituir, no prazo de 90 dias a contar da data do
requerimento por escrito da PETROQUISA, por outras garantias, as
garantias eventualmente dadas pela PETROQUISA ou pelos
administradores da PQU indicados pela PETROQUISA, conforme venha a
ser acordado com os credores, ou quaisquer obrigações financeiras
ou comerciais e, havendo discordância dos credores, oferecer
contra-garantias;
-assegurar aos empregados e aposentados, o direito de
elegerem pelo menos um membro do Conselho de Administração,
independente da participação acionária que venham a deter;
-prestar à Secretaria de Direito Econômico, no prazo de 30
dias após a liquidação financeira do leilão, as informações que
possibilitem aferir a aplicabilidade do disposto no artigo 74 da
Lei nº 4.137, de 10.09.62, com a redação dada pelo artigo 13 da Lei
nº 8.158, de 08.01.91;
-os empregados adquirentes de ações obrigam-se a não alienar
as ações, pelo prazo de 365 dias, a contar da data da liquidação
financeira da operação, exceto se a alienação for efetivada em
pregão de Bolsa de Valores.
XII - CONCLUSÃO
156. Por todo o exposto e considerando os preceitos legais
aplicáveis à espécie (Lei nº 8.031/90, Decreto nº 99.463/90 e
Decreto nº 724/93) e considerando ainda:
-que não consta dos autos ata da Assembléia Geral
Extraordinária da PETROQUISA que tenha deliberado e aprovado o
preço mínimo;
- que não consta dos autos o estabelecido na Decisão nº
306/93-Plenário, de 21 de julho de 1993;
- que não consta dos autos Decisão da Comissão Diretora
referente à condição de eficácia do leilão em 75% das ações
ofertadas e alteração do item 1.2 do Edital aumentando o limite de
participação do capital estrangeiro;
-que os contratos de mútuo celebrados pela PQU com a
PETROQUISA e UNIPAR não foram submetidos previamente à Comissão
Diretora, para aprovação das condições estabelecidas; e
-o parecer final do Grupo de Colaboradores.
157. Propomos que subam os autos para conhecimento e
deliberação do E. Plenário com proposta de decisão no sentido de
que:
a)seja reconhecido que os procedimentos adotados pelo BNDES
relativamente ao segundo estágio do processo de privatização da
Petroquímica União S.A. guardam consonância com a legislação
pertinente;
b)recomende ao BNDES, com vistas ao aprimoramento dos futuros
processos de alienação que:
b.1)mantenha um controle mais rigoroso das empresas incluídas
no Programa Nacional de Desestatização, através de representantes
junto aos Conselhos de Administração e Fiscal e Assembléia de
Acionistas, no sentido de se evitar decisões que possam repercutir
negativamente na avaliação econômico-financeira;
b.2)prepare previamente as empresas, antes do início dos
trabalhos dos consultores contratados para elaboração dos Serviços
"A" e "B", de forma a homogeneizar e facilitar as informações
necessárias e assegurar a credibilidade dos dados fornecidos; e
b.3)examine a possibilidade de fixar prazo para alienação da
empresa após conclusão dos trabalhos de avaliação e fixação do
preço mínimo, evitando que os próprios laudos de avaliação percam
sua representatividade.
Decisão:
O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:
1. reconhecer que os procedimentos adotados pelo
BNDES/Comissão Diretora do PND, relativamente aos 1º e 2º estágios
do processo de desestatização da PETROQUÍMICA UNIÃO S/A, ora
examinados, guardam consonância com a legislação aplicável à
espécie;
2. determinar ao órgão competente a adoção de providências,
para que, nos futuros processos de desestatização:
2.1. mantenha um controle mais rigoroso das atividades da
empresa, junto ao Conselho de Administração e Assembléia de
Acionistas, no sentido de se evitar decisões que possam repercutir
negativamente na avaliação econômico-financeira;
2.2. prepare previamente a empresa, antes do início dos
trabalhos dos Consultores contratados para os Serviços "A" e "B",
de forma a homogeneizar e facilitar as informações necessárias e
assegurar a credibilidade dos dados fornecidos;
2.3. examine a possibilidade de fixar prazo para alienação da
empresa após conclusão dos trabalhos de avaliação e fixação de
preço mínimo, evitando que os próprios laudos de avaliação percam
sua representatividade.
3. autorizar a constituição de processo apartado, para se
apurar, em toda extensão, os efeitos e as conseqüências da
celebração de contratos de mútuo com a UNIPAR e PETROQUISA,
transformado em empréstimos, sem a aprovação prévia da Comissão
Diretora, depois da PQU estar incluída no PND;
4. reiterar a determinação deste Tribunal contida da DECISÃO
Nº 306/93 (ITEM 8.5.), que acrescentou à relação de elementos
básicos, dentre outros, a obrigatoriedade de pronunciamento do
gestor do Fundo Nacional de Desestatização (BNDES);
5. fixar o prazo de 10 (dez) dias para que o BNDES (gestor do
FND) e a Comissão Diretora do PND (gestor do Programa) apresente ao
Tribunal os elementos apontados pela Unidade Técnica, que deixaram
e ser encaminhados em tempo oportuno:
5.1. Ata da Assembléia Geral Extraordinária da PETROQUISA que
tenha deliberado e aprovado o preço mínimo;
5.2. Resolução da Comissão que tenha autorizado a mudança da
condição de eficácia do leilão de 100% para 75% das ações ofertadas
e do limite de participação do capital estrangeiro;
5.3. pronunciamento do gestor do Fundo Nacional de
Desestatização, acerca dos seguintes pontos:
5.3.1. total das despesas administrativas e promocionais
efetuadas até o momento da remessa das informações ao Tribunal em
cada um dos estágios;
5.3.2. valor de mercado das ações, no primeiro e no segundo
estágios, antes da alienação.
6. fazer retornar os autos à IRCE/SP, para que prossiga no
acompanhamento da privatização, em seu 3º e último estágio, além de
proceder a competente instrução, com vistas ao exame e apuração de
responsabilidade pela inobservância e falta dos elementos referidos
no item anterior; e
7. enviar cópia do Relatório e Voto apresentados pelo Relator,
bem como desta Decisão, aos Senhores Ministro de Minas e Energia,
Presidentes do BNDES e da Comissão Diretora do PND, enviando-se, da
mesma forma, para conhecimento, à Subcomissão de Desestatização da
Câmara dos Deputados.
Indexação:
Privatização; Acompanhamento; Processo; PETROQUÍMICA União SA;
BNDES; Programa Nacional de Desestatização;