27
Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0019-06/00-P Identidade do documento: Acórdão 19/2000 - Plenário Ementa: Prestação de Contas. ELETROSUL. Exercício de 1994. Realização de obras em imóvel cedido. Excesso de remuneração de dirigentes. Contratações temporárias decorrentes da inadequação do número de empregados às reais necessidades do serviço. Descumprimento de decisão do TCU. Preenchimento de cargos vagos sem realização de concurso público. Existência de pessoal cedido a outras entidades anteriormente à data de 13.09.93. Determinação. - Excessos de remuneração de dirigentes. Análise da matéria. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE IV - Plenário Processo: 650.168/1995-0 Natureza: Prestação de Contas - exercício de 1994 Entidade: Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. - ELETROSUL Interessados: Responsáveis: Cláudio Ávila da Silva, Ilário Bruno Vedolin Pasin, Luiz Zapelini, César de Barros Pinto, Delcídio do Amaral Gomez, Paulo Roberto Zibetti Jorge, Mauro Fernando Orofino Campos, Amilcar Gazaniga, Carlos Alberto Rocha Viana de Oliveira, Jésus Maria de Andrade Drumond, Zélia Vicentina Serafim Baby, Mauro Ramos Massa, João Carlos Ribeiro de Albuquerque, José Luiz Mesquita Prado, Luiz Fleury Wanderley Soares e José Cechin. Dados materiais: ATA 06/2000 DOU de 29/02/2000 INDEXAÇÃO Prestação de Contas; ELETROSUL; Contratação Temporária; Concurso Público; Pessoal; Cessão de Pessoal; Admissão de Pessoal;

Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0019 ... · Zélia Vicentina Serafim Baby, Mauro Ramos Massa, João Carlos Ribeiro de Albuquerque, José Luiz Mesquita Prado,

Embed Size (px)

Citation preview

Tribunal de Contas da União

Número do documento: AC-0019-06/00-P

Identidade do documento: Acórdão 19/2000 - Plenário

Ementa: Prestação de Contas. ELETROSUL. Exercício de 1994. Realização de obrasem imóvel cedido. Excesso de remuneração de dirigentes. Contrataçõestemporárias decorrentes da inadequação do número de empregados às reaisnecessidades do serviço. Descumprimento de decisão do TCU.Preenchimento de cargos vagos sem realização de concurso público.Existência de pessoal cedido a outras entidades anteriormente à data de13.09.93. Determinação.- Excessos de remuneração de dirigentes. Análise da matéria.

Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE IV - Plenário

Processo: 650.168/1995-0

Natureza: Prestação de Contas - exercício de 1994

Entidade: Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. - ELETROSUL

Interessados: Responsáveis: Cláudio Ávila da Silva, Ilário Bruno Vedolin Pasin, LuizZapelini, César de Barros Pinto, Delcídio do Amaral Gomez, PauloRoberto Zibetti Jorge, Mauro Fernando Orofino Campos, Amilcar Gazaniga,Carlos Alberto Rocha Viana de Oliveira, Jésus Maria de Andrade Drumond,Zélia Vicentina Serafim Baby, Mauro Ramos Massa, João Carlos Ribeiro deAlbuquerque, José Luiz Mesquita Prado, Luiz Fleury Wanderley Soares eJosé Cechin.

Dados materiais: ATA 06/2000DOU de 29/02/2000 INDEXAÇÃO Prestação de Contas; ELETROSUL; Contratação Temporária;Concurso Público; Pessoal; Cessão de Pessoal; Admissão de Pessoal;

Remuneração; Limite Constitucional de Proventos; Vigência; Legislação;Cargo Público; Remuneração; Dirigente; Limite Constitucional deProventos; c/02 volumes; anexos: TC 650.097/94-7, TC 650.101/95-2, TC650.202/95-3, TC 000.711/95-0, TC 650.316/95-7 TC 010.791/96-5 TC011.471/96-4

Sumário: Prestação de Contas. Exercício de 1994. Citação. Audiência.Jurisprudência recente deste Tribunal relativa à remuneração dedirigentes reconhece a imprecisão dos normativos disciplinadores damatéria à época e dispensa o recolhimento desde que o recebimentoesteja respaldado em pareceres jurídicos. Adoção de providênciascorretivas em relação a diversas ocorrências registradas. Situação doscargos indevidamente preenchidos já equacionada com a saída dosfuncionários. Ocorrência isolada, sem indícios de má-fé oufavorecimento. Despesas relativas a obras em imóvel cedidojustificáveis em função da urgência da situação. Necessidade deressarcimento, pela ELASE, das referidas despesas. Contas regulares,com ressalva. Determinações.

Relatório: Trata o presente processo de Prestação de Contas da Centrais Elétricasdo Sul do Brasil S.A. - ELETROSUL, relativas ao exercício de 1994. Após analisadas todas as ocorrências do presente processo, bem como asdos processos anexos, o Ministro Carlos Átila, então relator dos autos,determinou: a) a citação dos responsáveis para que apresentassem razões de defesaou recolhessem os excessos remuneratórios preliminarmente detectados; b) a audiência dos membros da Diretoria em relação à retrocitadaquestão e às demais ocorrências remanescentes. Procedidas às citações e audiências conforme determinado (fls.258/268), as respectivas defesas e razões de justificativa dosresponsáveis, às fls. 01/55 e 56/191 do vol. II, foram analisadas daseguinte forma pela Unidade Técnica: a) excessos remuneratórios percebidos por dirigentes e empregados daEletrosul no exercício de 1994, em razão da exclusão, para confrontocom o limite, da parcela equivalente ao adicional percebido peloempregado-paradigma, contrariando diretriz fixada por este Tribunal na

Sessão de 25/02/1992 (Decisão n° 117/92-TCU ¿ Plenário ¿TC-006.598/91-9), pelos valores individualmente recebidos; "..., os responsáveis apresentaram alegações de defesa conjunta (fls.01/55 do vol. II), argumentando, em resumo que: a) a orientação do TCU (Decisão n° 117/92 ¿ Plenário) não eraespecífica para a ELETROSUL, de modo que não obrigava seus dirigentes àsua observância. b) o assunto era de singular complexidade, ensejando vários pareceresque orientaram os procedimentos adotados pelo grupo ELETROBRÁS. 2.1.1. Procuram demonstrar, ademais: I) o entendimento da CISET e MARE: que a CISET/MME reconhecendo adivergência de entendimentos sobre o assunto, deixou de efetuar asrecomendações pertinentes, até que o assunto fosse devidamenteelucidado pelo MARE, o qual foi consultado pelo Ofício CAORI/CISET/MMEn° 1.170, de 10/11/94, até então sem resposta. II) o entendimento da ELETROBRÁS: no âmbito da holding, o entendimentofoi de que o assunto era 'de difícil interpretação, uma vez que osconceitos jurídicos que envolvem esses tipos de relacionamentos sãocompletamente diferenciados em sua própria origem' porém seus pareceresdavam completo amparo à metodologia utilizada pela ELETROSUL (vide item12, às fls. 04 do vol. II). Por fim, busca-se caracterizar o amparooferecido pelo § 1° do art. 16 da Lei n° 3.890-A, de 25/04/61, para oprocedimento adotado. III) o entendimento jurídico da ELETROSUL: o Departamento Jurídico daempresa ratificou o entendimento manifestado pela ELETROBRÁS. 2.1.2. Os responsáveis argumentam também que é 'Relevante notar,ademais disso, que o excesso remuneratório apurado independeu de atosde gestão dos Requerentes que, como visto, apenas obedeceu diretrizemanada pela empresa holding' (fls. 06, vol. II), acrescentando aseguir que: 'Quando os Requerentes foram empossados nos respectivos cargos da AltaAdministração da ELETROSUL a rotina de pagamento de seus vencimentos jáestava estabelecida. Não se poderia esperar que os Diretoresanalisassem itens procedimentais de pagamento de pessoal, mormentequando os diversos Departamentos Jurídicos (ELETROBRÁS e ELETROSUL)davam conta da legalidade da metodologia estabelecida. Neste caso, a

boa-fé sempre esteve presente.' (fls. 06, vol. II) 2.1.3. A partir da tentativa de caracterização da boa-fé, conformeacima exposto, os responsáveis propugnam pela não obrigatoriedade deressarcimento por parte dos dirigentes do eventual excesso apurado.Para tanto colacionam inúmeros pronunciamentos desta Corte, tais comoas dos processos TC-018.443/94-0, TC-649.056/90-6, TC-016.522/91-5 eTC-005.842/95-6. 2.1.4. A seguir, os responsáveis apresentam longa argumentação (fls.10/11 do vol. II) na qual tentam justificar o excesso remuneratório apartir das conclusões expendidas pelo Exm° Ministro Bento José Bugarin,ao relatar o TC-005.842/95-6. 2.1.4.1. De observar, neste caso, que a argumentação apresentada fogetotalmente da questão em discussão, dado que os argumentos se referem adatas bases de reajuste diferentes entre a da empresa e a dos Ministrosde Estado, quando o que está sendo discutindo são os excessosremuneratórios decorrente da exclusão, para confronto com o limite, daparcela de Adicional de Tempo de Serviço percebido pelo empregadoparadigma. 2.1.5. Por fim, argumentam os responsáveis, adicionalmente, que: 'Na improvável hipótese de superação dos fundamentos discorridos,melhor sorte não ampara a metodologia de cálculo que apurou o excessoremuneratório.' ... Destarte, os cálculos estão incorretos, porquanto não levaram emconsideração a retenção do excesso remuneratório levado a efeito pelaárea de pessoal da ELETROSUL.' (fls. 11/12, vol. II). 2.1.5.1É de se ressaltar que os responsáveis têm razão quanto a esseponto, pois como se pode verificar nos demonstrativos de fls. 222/226,os valores ali lançados como excesso e utilizados como base de cálculopara os respectivos débitos (fls. 227/256), não levaram em consideraçãoos valores já descontados pela empresa quando dos pagamentos originais,conforme demonstrado às fls. 49/53 do vol. II. 2.1.5.2Nesse sentido, os valores dos débitos originais efetivos dosreferidos responsáveis (já deduzidos os valores descontados pelaempresa) são os mostrados a seguir, mantidas as mesmas datas citadasnos respectivos demonstrativos e citações constantes às fls. 222/256 e

264/268. Data de Valor total apontado Valor descontado Valor efeito doadultoreferência pela SECEX pela ELETROSUL dos Diretores28/02/94*196.674,23 -196.674,2331/03/94 1.648,40 972,05676,3530/04/94 1.648,40 972,05676,3531/05/94 1.648,40 972,05676,3530/06/94 1.648,40 972,05676,3531/07/94 1.648,40 972,05676,3531/08/94 1.648,40 972,05676,3530/09/94 1.648,40 972,05676,3531/10/94 1.648,40 972,05676,3530/11/94 1.864,67 1.102,01762,6631/12/94 6.935,63 2.215,31 4.720,32(*) O valor de fevereiro está expresso em cruzeiros reais e os de marçoem diante em reais. 2.1.6. De todo o exposto na argumentação apresentada, afora ainterpretação produzida pelo Departamento Jurídico da ELETROBRÁS eacolhida pela ELETROSUL, em nenhum momento é justificado o procedimentoadotado pela empresa, uma vez que: a) embora o MARE não tenha se pronunciado sobre o assunto, não se podeargumentar falta de orientação sobre a matéria, haja vista a decisãoemanada do Tribunal, datada de 1992 (Decisão n° 117/92 ¿ Plenário), queera do pleno conhecimento da empresa; b) é certo que a Decisão referida acima não 'obrigava' os diretores daELETROSUL pois não era específica para a empresa, mas, como se afirmaacima, constituía-se em orientação firme sobre o assunto; c) não cabe o argumento relativo ao amparo dado pela Lei n° 3.890-A/91uma vez que o entendimento apresentado em nome da ELETROBRÁS pelos

responsáveis, não se constituía em orientação e muito menos em norma daholding, mas tão somente num estudo produzido pela área jurídica daempresa, mesmo assim contestado pela CISET/MME; d) não cabe, também, o argumento de que 'não se poderia esperar que osDiretores analisassem itens procedimentais de pagamento de pessoal'(fls. 06 do vol. II), mesmo porque verificar a regularidade e alegalidade dos procedimentos e ações administrativas é uma dasatribuições fundamentais dos diretores de uma empresa. Além disso, senão 'se pode esperar que os Diretores analisem itens procedimentais depagamento de pessoal', de quem se deve esperar tal análise? e) no que concerne à boa-fé, a jurisprudência atual do Tribunal jáconsagrou que os servidores da Administração Pública, 'estão obrigados,por força de lei, a restituir ao Erário, em valores atualizados, asimportâncias que lhes forem pagas indevidamente, mesmo que reconhecidaa boa-fé' (Súmula n° 235 da Jurisprudência predominante do TCU). 2.1.7. Assim, considerando que o questionamento foi claro, em razão deter sido contrariada diretriz fixada por esta Corte, na Sessão de25.03.92, ao apreciar o TC-006.598/91-9 (Decisão n1 117/92 - Plenário,Ata n1 13/92 - DOU de 09.04.92), que não autoriza a exclusão, paraconfronto com o limite, de parcela equivalente ao adicional por tempode serviço percebido pelo empregado-paradigma, vez que a referidaparcela, contabilizada no cálculo dos honorários dos dirigentesoptantes, não se caracteriza como 'adicional por tempo de serviço' dosmesmos, ao contrário do empregado-paradigma, que incorporou a vantagemem razão exclusiva do tempo de serviço por ele prestado, e que nãoforam apresentados argumentos que justifiquem e amparem o procedimentoadotado pala empresa, entendemos que os débitos dos responsáveisreferente aos excessos remuneratórios recebidos permanece inalterado nasua essência, embora seus valores devam ser retificados conformemostrado no quadro do item 2.1.5.2." b) pagamento indevido de custos com a reforma do Edifício-Sede daEletrosul, de propriedade da Elos, cuja responsabilidade seria daprópria Elos, por força do contrato de locação do imóvel; "42. Conforme noticiado na correspondência PRE-448/95, de 17/11/95,(por cópia às fls. 75/89) encontrava-se em curso, à época da realizaçãodos necessários reparos, a revisão do valor locatício do prédio, cujopleito original encaminhado pela Fundação ELOS importava numa diferençaacumulada em favor do locador no importe de aproximadamente R$8.000.000,00 (oito milhões de reais), que se constituiu em elementodificultador para exigir a realização da reforma.

43. Destarte, outra alternativa não restou à ELETROSUL senão instauraro competente processo licitatório, objetivando precipitar asnecessárias reformas e, posteriormente equacionar a transferência dasdespesas à Fundação ELOS. 44. Podemos, assim, asseverar que todas as despesas referentes àreforma do edifício sede já foram assumidas e pagas pela Fundação ELOS,dado que a ELETROSUL debitou os respectivos custos dos haveres daFundação, a teor da correspondência DF-003/98, de 27.01.98, cuja cópiaanexamos (por cópia às fls. 117 do vol. I), fazendo, ainda aplicar aosdébitos a correção monetária pela variação da UFIR, acrescidos de jurosde 12% a.a..' 2.2.2.1Nesse sentido, tendo em vista que, a teor do proposto nainstrução de fls. 195 (item 4.2.1.1), já houve o ressarcimento dosvalores a maior desembolsados pela empresa, mediante compensação noencontro de contas com a ELOS, conforme noticiado pela própriaELETROSUL, entendemos que o assunto possa ser considerado resolvido,embora deva ser mantida a determinação proposta no item 'a.5', fls. 129do TC-610.101/95-2. c) preenchimento de cargos vagos mediante mecanismos de reenquadramentoe seleção interna incompatíveis com o disposto no art. 37, inciso II,da Constituição Federal; 2.2.3. No que tange ao item 'c', registram os responsáveis que com areforma administrativa levada a efeito pela empresa em 1990, houve avacância de alguns postos chave de trabalho, que precisariam serimediatamente ocupados. E aduz: 'Os cargos vagos foram preenchidos, na sua quase totalidade, porempregados que ocupavam os mesmos cargos ou situados na mesma tabelasalarial. A progressão salarial e o teto remuneratório permaneceramidênticos aos cargos originalmente ocupados, de forma a atender aoregramento estabelecido pelo art. 37, II, da Constituição Federal. ... As exceções ocorreram com os empregados Antônio Carlos Peixoto, queocupava o cargo de mecânico de Usina e logrou aprovação em seleçãointerna para ocupar o cargo de advogado, e Hildo Nicolau Peron, queocupava o cargo de assistente jurídico e foi promovido para o cargo deadvogado. Nestes casos, em que pese não ter havido movimentaçõessalariais substantivas, o universo salarial dos empregados foi

ampliado, porque alçados à tabela salarial de nível universitário. Registre-se que o empregado Hildo Nicolau Peron já foi desligado doquadro funcional, razão pela qual fica prejudicada qualquer açãoadministrativa para o retorno ao quadro original. Quanto à seleção interna, ..., observa-se que à época não haviapronunciamento definitivo sobre a proibição de realizar seleçõesinternas (provimento derivado). Assim, foi que o Departamento Jurídico sustentou a legalidade doprocedimento (CI DJU-247/93), ao final acatado pela Direção da empresa. ... Em conclusão, se mostra que os atos administrativos praticados naspoucas alterações (09) de cargos de nível médio não estão maculadospelo dispositivo legal epigrafado e, acerca da seleção interna, oDepartamento Jurídico da empresa observou a legislação aplicável àespécie e opinou pela estreita legalidade do procedimento.' (fls. 68/69do vol. II). 2.2.3.1Conforme se verifica da defesa acima transcrita, dos casosinquinados pelo Tribunal, somente o relativo ao empregado AntônioCarlos Peixoto encontrava-se pendente, haja vista que o empregado HildoNicolau Peron já fora desligado do quadro funcional da empresa. 2.2.3.2Há que se observar, no entanto, que, conforme expedienterecebido por esta Unidade Técnica, acostados aos autos às fls. 192/193do vol. II, o empregado Antônio Carlos Peixoto também foi desligado doquadro funcional da empresa, em 16/03/98. 2.2.3.3 Assim, considerando que os dois empregados cujos casos estavampendentes de solução pela empresa já não mais pertencem aos seusquadros, entendemos que o assunto em tela pode ser considerado superadona medida em que a proposta de qualquer ação, a essa altura, não teriamais sentido, embora deva ser mantida a determinação constante do itemc.5 das fls. 205. d) realização de despesas indevidas com obras de reforma do imóvelcedido em comodato à Associação de Empregados da Eletrosul ¿ Elase, emdesacordo com o § 2° do art. 1° do Decreto n° 99.509, de 05/09/1990, eausência de providências para alienação do referido bem, face adeterminação contida no art. 8° do Decreto n° 99.209, de 16/04/1990,com a redação dada pelo Decreto n° 124, de 20/05/1991;

2.2.4. A respeito do item 'd', os responsáveis trazem à colação em suasdefesas (fls. 69/70 do vol. II) as mesmas alegações já apresentadas nasoportunidades anteriores (fls. 167 do vol. I e 163/165 deste). 2.2.4.1Nesta oportunidade, o argumento central da defesa é o de que o §2° do art. 1° do Decreto n° 99.509/90 não tem aplicabilidade ao casopois o termo 'ceder' lá constante determina 'efetiva transferência doimóvel', o que não ocorreu. 2.2.4.2O argumento ora apresentado não encontra respaldo, sequer, namais superficial análise da doutrina e da jurisprudência sobre oassunto. 2.2.4.3Por outro lado, este assunto já foi objeto de inúmeras análisespor parte desta Unidade Técnica (fls. 153 e 199/201 destes autos), nasquais os argumentos apresentados são devidamente contraditados, aexemplo do abaixo transcrito, verbis: 'Descumprimento do §2º do art. 1º do Decreto nº 99.509/90, em relaçãoao terreno e edificações cedidos em comodato à ELASE, quanto àrealização de despesas indevidas com as obras de reforma naquele imóvel- fls. 153/155 JUSTIFICATIVA: 'A aplicação do referido dispositivo, nos casos em que acontratação anterior ao Decreto já definia obrigações de manutenção econservação à conta do comodante, como no caso em exame, configurafrontal agressão ao princípio da conservação do ato jurídico perfeito,consagrado no artigo 51, inciso XXXVI da Constituição Federal.' (fls.163) ANÁLISE: Ao nosso ver, a ELETROSUL de forma alguma afrontaria oprincípio da conservação do ato jurídico perfeito ao promover aalienação do imóvel atualmente cedido à ELASE, pelas seguintes razões: a) o contrato de comodato foi firmado em 23.11.81, constando de suacláusula terceira (fls. 185 do Vol. I) a vigência pelo prazo de um ano,'prorrogável de comum acordo entre as partes, automática esucessivamente por períodos certos de um ano, até que uma das partesresolva rescindi-lo e para tal fim, deverá notificar a outra parte, comantecedência mínima de 60 (sessenta) dias, do término do prazoconvencionado (...)'; b) a ELETROSUL poderia, com a antecedência devida, notificar a entidadesobre o seu interesse em rescindir o contrato;

c) nenhum princípio constitucional seria ferido no caso, vez que,extinto o contrato na forma acordada pelos próprios contratantes, oreferido ato jurídico teria produzido os seus efeitos finais, deixandoapenas de gerar novos efeitos jurídicos, por lhe faltar objeto JUSTIFICATIVA: 'Convém ressaltar que se tratavam de reformasnecessárias à própria existência do bem. Por outro lado, os recursosdisponíveis da comodatária ELASE nem sempre possibilitavam a perfeitaconservação e manutenção do imóvel. Assim, o rateio das despesas foi omelhor meio que a ELETROSUL encontrou para conservar adequadamente oseu patrimônio, evitando sua total deterioração.' (fls. 164). ANÁLISE: O fato de serem as reformas necessárias não justifica arealização de despesas de responsabilidade da entidade privadabeneficiada pelo comodato. A situação apontada pelo responsável sójustifica, mais uma vez, a necessidade de rescisão do contrato e odesfazimento do imóvel, não vinculado às atividades operacionais daELETROSUL. Considerando que o art. 11, ' 21 do Decreto 99.509/90 vedouexpressamente a realização das despesas ora impugnadas (subitem 7.4,fls. 154), somos por que seja determinado ao responsável pela ELETROSULque promova a rescisão do contrato de comodato com a ELASE, na formaprevista no próprio instrumento contratual, com vistas a,posteriormente, adotar os atos legais e administrativos necessários àalienação do terreno e edificações cedidos, conforme previsto no art.81 Decreto nº 99.209/90, com a redação dada pelo Decreto nº 124/90 -subitem 7.5, fls. 154. ' (fls. 199/201). 2.2.4.2Além disso, o mesmo assunto foi alvo de pronunciamento doMinistério Público junto ao Tribunal (às fls. 217 destes autos) queconclui pela concordância com a posição adotada por esta SECEX, emboraproponha modificação na determinação contida na instrução acimatranscrita. 2.2.4.3Assim, considerando que as novas justificativas apresentadas nãoapresentam fatos novos que elidam a irregularidade, parece-nospertinente acolher as conclusões retro e manter a determinaçãoalvitrada, embora com a redação proposta pelo MP, no sentido de que aELETROSUL 'adote providências para o ressarcimento dos valores gastoscom a reforma da cobertura do ginásio de esportes cedido à ELASE, emdesobediência ao disposto no art. 1°, § 2°, do Decreto n° 99.509/90'. e) descumprimento das determinações constantes dos subitens 8.1 e 8.2da Decisão n° 235/94¿TCU ¿ 2ª Câmara (Ata n° 33/94, D.O.U. Seção 1 de06/10/1994), ao manter a concessão de reembolso de despesas com

assistência médica e de empréstimos para a cobertura de despesassimilares, contrariando o disposto no art. 6°, incisos IV e VI doDecreto-lei n° 2.355/87; "2.2.5. Relativamente ao item 'e', os responsáveis não acrescentamnenhum elemento novo às suas alegações que já não tenham sidoanalisadas anteriormente, particularmente na instrução de fls. 121/122do TC-650.101/95-2 (Relatório de Auditoria), verbis: 'Justificativas: 'Reiteramos as justificativas apresentadas através daCE PRE-450/94, de 04.11.94 (anexa) e salientamos que, sobre o mesmoassunto, a CISET/MME, no Relatório de Auditoria de Gestão n° 048/95,referente ao exame das contas do exercício de 1994, recomendou que sejaevitada a assinatura de Acordos Coletivos de Trabalho que contenhamconcessões/benefícios não amparados na legislação vigente. Na próximadata base tal recomendação será rigorosamente observada. Após avigência do Acordo Coletivo de Trabalho 94/95, a ELETROSUL, a partir de01.11.95, incluirá na sua Norma de Gestão Empresarial de Benefícios quea concessão de reembolso de despesas médicas aos novos empregados seráde livre opção dos mesmos junto ao Plano de Saúde da Fundação ELOS -ELOSAÚDE, auto-sustentável pelos participantes.' - fls. 97. Observações: O expediente mencionado pelo responsável (fls. 99) foiencaminhado ao Secretário de Controle Interno do Ministério de Minas eEnergia, informando que a extensão dos benefícios aos empregadosadmitidos em 1989 foi autorizada pelo CISE, em Resolução estritamenteobservada pela ELETROSUL. Entretanto, verifica-se que nenhuma medida foi adotada peloAdministrador em relação à determinação expressa deste Tribunal, querno sentido da interrupção da concessão de reembolso de despesas médicase similares, aos empregados admitidos após a vigência do DL 2.355/87, eadequação do Plano de Benefícios da Empresa às disposições do referidodiploma legal (subitem 5.2), quer no tocante a interposição de recursoque contestasse a referida Decisão. Observe-se que a providência comunicada pelo responsável - retirada dospróximos Acordos Coletivos das cláusulas incompatíveis com a legislaçãoem vigor -, não basta para justificar a manutenção, após a comunicaçãoda decisão desta Corte, das despesas impugnadas, vez que a própriaConsolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 623, estabelece que'será nula de pleno direito disposição de Convenção ou Acordo que,direta ou indiretamente, contrarie proibição ou norma disciplinadora dapolítica econômico-financeira do Governo ou concernente à políticasalarial vigente, não produzindo quaisquer efeitos perante autoridades

e repartições públicas (...)'. Mais ainda, o atual Acordo Coletivoentrou em vigor em 01.11.94, quando o ofício que comunicou à ELETROSULa Decisão n° 235/94 da 2ª Câmara foi expedido em 23.09.94 (letra'c.1.1', fls. 17), ficando demonstrado mais uma vez o total desprezo daAdministração da ELETROSUL em relação àquele julgado. Dessa forma, fica caracterizado o frontal descumprimento dedeterminações emanadas deste Tribunal, agravado pela continuidade derealização de despesas vedadas pelo mencionado DL 2.355/87, o quesujeita o responsável à multa prevista no art. 58, inciso II da LeiOrgânica (ato praticado com grave infração à norma legal ouregulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária,operacional e patrimonial), bem como àquela estabelecida no parágrafoprimeiro do mesmos artigo ('Ficará sujeito à multa prevista no caputdeste artigo aquele que deixar de dar cumprimento à decisão doTribunal, salvo motivo justificado').' 2.2.5.1No caso, concordamos inteiramente com a análise em tela, razãopela qual acolhemos a proposta de multa ao responsável e as diversasdeterminações contidas na referida instrução, com as necessáriasadaptações. f) descumprimento da determinação do subitem 8.7 da mesma Decisão n°235/94¿TCU ¿ 2ª Câmara ao não adotar providências para a obtenção doressarcimento da remuneração de servidores cedidos à Elos.' 2.2.6Sobre o item 'f', a empresa informa que a situação já foisolucionada na medida em que os valores correspondentes 'corrigidospela UFIR e remunerados à taxa de 12% a.a., já foram pagos em 30.01.98,mediante desconto da parcela do Instrumento Particular de Confissão eParcelamento de Dívidas, como se depreende da correspondência n°DF-003/98 (por cópia às fls. 117, vol. I).', e conclui: '83. Assim, tendo presente que já houve o necessário ressarcimento,inclusive com a aplicação de correção monetária e incidência de jurosde 12% a.a., sobressai que nenhum prejuízo houve ao Erário Público. Domesmo modo não restou inobservância à Decisão n° 235/94-TCU ¿ 2ªCâmara, que determinava fosse adotado 'o ressarcimento da remuneraçãode servidores cedidos a entidade de previdência privada, ELOS'. Talqual demonstrado, em que pese a decisão não ter fixado prazo para o seucumprimento, todos as gestões da ELETROSUL foram direcionadas para ofiel e imediato atendimento da determinação.' (fls. 72/73, vol. II). 2.2.6.1Nesse sentido, tendo em vista que já houve o ressarcimento dosvalores desembolsados pela empresa para os servidores cedidos, mediante

compensação no encontro de contas com a ELOS, conforme noticiado pelaprópria ELETROSUL, entendemos que o assunto possa ser consideradoencerrado, sem prejuízo, no entanto, das determinações pertinentescontidas no TC-650.101/95-2, já propostas no item 2.2.2.1, retro. 2.3. Por fim, considerando a proposta de mérito que faremos a seguir,entendemos necessário ratificar as demais determinações contidas nasinstruções precedentes destes autos (fls. 204/205). Após tecer essas considerações a Unidade Técnica apresenta a seguinteproposta de encaminhamento, incluindo questões relativas a cessão depessoal tratadas no TC 650.101/95-2, juntado a estes autos: "a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I e 16, inciso III, alínea c,da Lei nº 8.443/92, c/c os art. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei,sejam as presentes contas julgadas irregulares e condenados os Srs.Cláudio Ávila da Silva, Delcídio do Amaral Gomez, Luiz Zapelini, Cesarde Barros Pinto e Ilário Bruno Vendolin Pasin, ao pagamento dasquantias abaixo relacionadas, com a fixação do prazo de 15 (quinze)dias, a contar da notificação, para comprovar perante o Tribunal (art.165, alínea a do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aoscofres da ELETROSUL, atualizada monetariamente e acrescida dos encargoslegais calculados a partir das datas respectivas abaixo especificadas,até a data do recolhimento, convertida ao padrão monetário vigente, naforma prevista na legislação em vigor; Data de referência Valor do débito28/02/94 CR$ 196.674,2331/03/94 R$ 676,3530/04/94 R$ 676,3531/05/94 R$ 676,3530/06/94 R$ 676,3531/07/94 R$ 676,3531/08/94 R$ 676,3530/09/94 R$ 676,3531/10/94 R$ 676,3530/11/94 R$ 762,6631/12/94 R$ 4.720,32 b) com fundamento no art. 19, seja aplicada aos responsáveis, Srs.Cláudio Ávila da Silva, Delcídio do Amaral Gomez, Luiz Zapelini, Cesarde Barros Pinto e Ilário Bruno Vendolin Pasin, a multa prevista nosarts. 57 e 58, inciso II, da Lei n° 8.443/92, e ao responsável PauloRoberto Zibeti Jorge a multa prevista no art. 58, inciso II, da mesma

lei; c) seja autorizada, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, daLei n° 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, acrescida dos encargoslegais contados a partir do dia seguinte ao término do prazo oraestabelecido, caso não atendida a notificação, na forma da legislaçãoem vigor; e d) seja determinado a ELETROSUL que: d.1) na eventualidade da necessidade de contratação de trabalhotemporário, observe, rigorosamente, o determinado na Lei n° 6.019/74,c/c o inciso IV do art. 24 da Lei n° 8.666/93 (TC-650.316/95-7 ¿ fls.22 e item 1.5.4 desta Instrução); d.2) abstenha-se de efetuar quaisquer despesas referentes à operação efuncionamento da ELOS, inclusive com a remuneração dos Membros de suaDiretoria, providenciando as alterações necessárias no Estatuto e nosPlanos de Benefícios e Custeio da entidade para adequá-lo às normascontidas na Lei n° 8.020/90 (TC-650.101/95-2 ¿ item 9.1.3, fls. 07,letra 'a.5', fls.129 e item 2.2.2.1 desta Instrução); d.3) promova, na forma da lei, o necessário concurso público para opreenchimento dos cargos/empregos vagos, ressalvadas as nomeações paracargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração,conforme preceitua o art. 37, inciso II, da Constituição Federal (item4.2.8, fls. 198/199 e item 2.2.3.3 desta Instrução); d.4) adote providências para o ressarcimento dos valores gastos com areforma da cobertura do ginásio de esportes cedido à ELASE, emdesobediência ao disposto no art. 1°, § 2°, do Decreto n° 99.509/90 (item 4.2.9, fls. 199/200 e item 2.2.4.2 desta Instrução); d.5) regularize a situação do empregado José Brognoli Martins,providenciando seu retorno à Empresa ou comprovando estarem osprocedimentos para a cessão do mesmo em conformidade com o previsto noDecreto nº 492/92, vigente à época do seu afastamento (TC-650.101/95-2¿ item 7.1.2, fls. 04 e letra 'a.1', fls.128 e item 2.2.5.1 destaInstrução); d.6) proceda ao levantamento caso a caso da situação dos empregadoscedidos a outros órgãos e entidades antes de 13/09/93 (data da ediçãodo Decreto n° 925/93), que ainda estejam afastados, informando a esteTribunal os cargos em comissão ou funções de confiança por elesexercidos, ou indicando a lei específica que tenha autorizado a cessão,

nos termos do mencionado Decreto n° 492/92 (TC-650.101/95-2 ¿ item7.2.2, fls. 04 e letra 'a.2', fls.128 e item 2.2.5.1 desta Instrução); d.7) cesse a concessão aos empregados admitidos após a vigência doDecreto-Lei n° 2.355/87 de reembolso de despesas médicas e similares,bem como de empréstimos sob qualquer modalidade e adiantamentos dequalquer tipo, vedados pelo art. 61, incisos IV e VI daqueledispositivo legal (TC-650.101/95-2 ¿ itens 5.3.2 e 8.1.2, fls. 03 e 06e letra 'a.3', fls.128 e item 2.2.5.1 desta Instrução); d.8) passe a efetuar a concessão de assistência médica aos seusempregados mediante convênio ou contrato com a Fundação ELOS,observando as formas de implementação, modalidades e limitesautorizados na legislação vigente ¿Constituição Federal, Decreto-lei n°2.355/87, Lei n° 8.020/90 e outras normas pertinentes (TC-650.101/95-2¿ item 11.7, fls. 10 e letra 'a.6', fls.129 e item 2.2.5.1 destaInstrução); d.9) promova, na forma da lei, o imediato ressarcimento dos valorespagos a maior aos empregados/dirigentes no exercício de 1994, em funçãoda exclusão da parcela referente ao adicional por tempo de serviço doempregado-paradigma, para fins de comparação da remuneração com o tetoremuneratório (item 4.1.1, fls. 194 e item 2.3 desta Instrução); d.10) reveja os critérios de descentralização das atividadesadministrativas da empresa e de lotação de pessoal, adequando o númerode empregados lotados nas unidades regionais às reais necessidades doserviço, de forma a eliminar a necessidade de contratações temporáriasnos ramos de atividades para as quais a empresa possui pessoalhabilitado ( item 4.2.2, fls. 195/196, 'c.3', fls. 205 e item 2.3 destaInstrução); e) seja determinado ao CCE que, quando da apreciação das propostas deacordos coletivos sujeitas à sua aprovação, abstenha-se de autorizar aassinatura dos acordos que contemplem cláusulas prevendo a concessão ouextensão indiscriminada de benefícios e vantagens que não estejamcompatíveis com a legislação em vigor, ainda que provenientes deacordos anteriores, atentando especialmente para as vedações contidasno art. 61 do Decreto-lei n° 2.355/87 (TC-650.101/95-2 ¿ letra 'b',fls.129 e item 2.2.2.1 desta Instrução); f) seja alertado o referido Conselho de que só se caracteriza o direitoadquirido à manutenção de tais benefícios e vantagens que contrariem alegislação vigente para aqueles empregados que os recebiamhabitualmente antes da entrada em vigor da respectiva norma proibitiva

(TC-650.101/95-2 ¿ letra 'c', fls.129 e item 2.2.2.1 desta Instrução); g) seja determinado à CISET/MME que faça constar do próximo Relatóriode Auditoria concernente às contas da ELETROSUL a situação dos débitosprovenientes da cessão de pessoal para outros órgãos e entidades(TC-650.101/95-2 ¿ letra 'd', fls.129 e item 2.2.2.1 desta Instrução),bem como o cumprimento das determinações constantes dos itens 8.2.1 e8.2.2 da Decisão n1 154/95 - 10 Câmara, de 27/06/95 (TC-650.097/94-7 eitem 1.5.1 desta Instrução)." PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público, manifestou-se nos autos por intermédio doseguinte parecer: '...... Como bem observado pela instrução de fls. 291 a 306, o Tribunal jáfirmou entendimento no sentido de ser incorreta a exclusão do adicionalpor tempo de serviço para fins de comparação com o teto ministerial,visto que não se trata de uma vantagem pessoal (Acórdão nº 98/93 -Plenário - TC nº 016.522/91-5 e Decisão 233/95 - 2ª Câmara - TC nº005.772/95-8). Assim, consideramos indevida a exclusão do adicional por tempo deserviço praticada pela ELETROSUL. Os argumentos de defesa para as despesas com obras em edifíciopertencente a ELOS merecem prosperar, visto que houve ressarcimento porparte dessa Fundação. Quanto à seleção interna promovida pela Entidade, convém destacar queos dois empregados beneficiados já não fazem parte de seus quadros, oque dispensa determinações de caráter corretivo. Não obstante, airregularidade existiu e os responsáveis ouvidos em audiência devem serresponsabilizados por sua ocorrência. Segundo informações dos responsáveis, Antonio Carlos Peixoto 'logrouaprovação em seleção interna para ocupar o cargo de advogado, e HildoNicolau Peron, que ocupava o cargo de Assistente Jurídico e foipromovido para o cargo de advogado.' Nesse sentido, convém destacar excerto do Voto Condutor da Decisãosigilosa 27/97 - Plenário (Ata 03/97, TC nº 525.237/95-0 - Sigiloso):

'10. Ora, se a própria ascensão, que exige concurso interno, colidiucom a Lei Maior, parece-me então muito mais aceitável ainconstitucionalidade da progressão, pois essa nem sequer impõe ocertame como condição para preenchimento do cargo, bastando tão-somenteuma decisão discricionário-avaliatória do Administrador, paraconsecução do aludido provimento. 11. Importante, nesse ponto, enfatizar que o entendimento do SupremoTribunal Federal é no sentido da impossibilidade de ingresso em cargopúblico sem concurso público, seja qual for a outra designação para oato de admissão'. O argumento de que não havia, à época, pronunciamento definitivo sobrea proibição de realizar seleções internas, aduzido pelos responsáveis,é absolutamente inaceitável, tendo em vista, inclusive, a Decisão doSupremo Tribunal Federal publicada no D.J. de 13/8/92, Seção I (Decisãonº 243/93, 2ª Câmara, 29/07/93, Ata nº 26). A partir da manifestação do Egrégio Supremo Tribunal Federal na ADIN nº231-7, em 05/08/92 (D.J. de 13/11/92, Ementário nº 1684-6), pelainconstitucionalidade de processos seletivos internos para ascensãofuncional, afastou-se esta modalidade de investidura das formas aceitaspela Constituição Federal. Não obstante ter sido vedada a utilização do instituto da ascensãofuncional, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988,este Tribunal tem convenientemente entendido não caber a impugnação dosatos efetivados em data anterior aos pronunciamentos do E. STF, uma vezque foram praticados consoantes orientação predominante de que talinstituto não conflitava com a Lei Maior (Decisão nº 050/97, Ata nº05/97 - 1ª Câmara; Acórdão nº 195/97, Ata nº 32/97 - Plenário). De se destacar, ainda, a Decisão nº 760/97, de 05/11/1997 (Ata nº44/97), em que o Plenário assentou o entendimento de não caberimpugnação de atos efetivados em data anterior à manifestação doSupremo Tribunal Federal na ADIN nº 837-4/DF (D.J. de 23/04/1993), poisprevalecia a orientação de que o instituto da ascensão não conflitavacom a nova Carta Magna, conforme pareceres emitidos pelaConsultoria-Geral da República a respeito do assunto (CGR-SA-9, de29/08/1989 - D.O.U. de 04/09/1989 e SR-89/89, de 11/05/1989 - D.O.U. de12/05/1989). Seja como for, a ocupação de cargos sem a precedência de concursopúblico, in casu, ocorreu em data bem posterior às retrocitadasdecisões do STF, o que torna inaceitável o argumento dos responsáveis

de que 'à época não havia pronunciamento definitivo sobre a proibiçãode realizar seleções internas (provimento derivado)' Se indevido foi o procedimento que beneficiou o empregado AntonioCarlos Peixoto, mais gravemente incorreto foi o ocorrido com o Sr.Hildo Nicolau Peron, que nem mesmo foi aprovado em concurso interno. Assim sendo, entendemos que tal irregularidade deve ensejar aplicaçãode multa aos responsáveis. Os responsáveis, em suas alegações de defesa, não apresentam novosargumentos para a realização de despesas com obras de reforma em imóvelcedido em comodato para a Associação de Empregados da Eletrosul -ELASE. Desse modo, acompanhamos posicionamento deste MinistérioPúblico, revelado em Parecer de fls. 217 e 218, no sentido de que oDecreto nº 99.509/90 veda a realização dessa espécie de despesa. Pelas razões expendidas na instrução de fls. 291 a 306, bem como nainstrução contida no TC nº 650.101/95-2 (apenso, fls. 121 e 122), nãoprocedem os argumentos de defesa para irregularidade consubstanciada no'descumprimento das determinações constantes dos subitens 8.1 e 8.2 daDecisão nº 235/94-TCU - 2ª Câmara (Ata nº 33/94, D.O.U. Seção I de06/10/1994), ao manter a concessão de reembolso de despesas comassistência médica e de empréstimos para a cobertura de despesassimilares, contrariando o disposto no art. 6º, incisos IV e VI dDecreto-lei nº 2.355/87'. Os responsáveis informam que já houve o ressarcimento da remuneração deservidores cedidos à ELOS, o que tornam aceitáveis as alegações dedefesa quanto a este ponto. Entendemos adequadas as demais determinações propostas pela instrução,eis que visam à correção das falhas detectadas ou a evitar novasocorrências de falhas da espécie. Concordamos com aplicação de multa aos responsáveis proposta pelainstrução (fl. 304), mas, em razão da existência de débito, entendemosque deva tal penalidade estar fundamentada exclusivamente no art. 57 daLei nº 8.443/92. Opinamos, ainda, por que seja alterado o item a da proposta da UnidadeTécnica, de modo a ficar consignado que apenas as contas dosindigitados responsáveis devem ser julgadas irregulares, bem como porque sejam incluído item que indique o julgamento pela regularidade comressalva dos demais responsáveis.

Convém lembrar que, em conformidade com art. 10 da IN nº 12/96-TCU,devem ser arrolados como responsáveis não apenas os diretores daEntidade, mas também os membros de órgãos colegiados responsáveis poratos de gestão, membros de conselhos de administração, deliberativo,curador e fiscal. Os demais responsáveis não contribuíram para aocorrência da irregularidade comentada e nem mesmo foram ouvidos quantoao assunto, não cabendo o julgamento pela irregularidade de suascontas. Pelo exposto, este representante do Ministério Público manifestaanuência à proposta de fls. 303 a 306, exceto quanto ao item a ,quedeve indicar o julgamento pela irregularidade apenas das contas dosSrs. Cláudio Ávila da Silva, Delcídio do Amaral Gomez, Luiz Zapelini,Cesar de Barros Pinto e Ilário Bruno Vendolin Pasin. Outrossim,opinamos pela inclusão, na proposta, de item com a seguinte redação:'com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, II, 18 e 23, inciso II,da Lei nº 8.443/92, sejam julgadas regulares com ressalva as contas dosdemais responsáveis, concedendo-lhes quitação, por conseguinte.' É o Relatório.

Voto: Preliminarmente, é importante esclarecer que a Centrais Elétricas doSul do Brasil - ELETROSUL, foi parcialmente cindida em 30.12.97,oportunidade em que foi criada a Centrais Geradoras do Sul do BrasilS.A. ¿ Gerasul, conforme deliberação da 101ª Assembléia GeralExtraordinária. A Gerasul foi privatizada por intermédio do leilão realizado em15.09.98, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, instituídopela Lei nº 8.031/90. A ELETROSUL, por sua vez, já com a denominação de Empresa Transmissorade Energia Elétrica do Sul do Brasil S.A., continua na esfera estatale, portanto, sob a jurisdição desta Corte de Contas. Passando à análise do mérito do processo, a primeira questão a seranalisada refere-se aos excessos remuneratórios de dirigentes eempregados, especificamente relacionados à exclusão, no cálculo dolimite, da parcela de Adicional de Tempo de Serviço relativa aoempregado paradigma. Em relação à questão, o Tribunal, reconhecendo a imprecisão e acomplexidade dos normativos legais disciplinadores dos honorários de

dirigentes e empregados da Administração Indireta à época, temdispensado os responsáveis de devolverem as quantias recebidas a maior,em situações idênticas a que se discute nos presentes autos,principalmente se amparadas em pareceres jurídicos (Acórdãos 87/98 -Plenário, 141/98 - Plenário, 110/99 ¿ Plenário, 111/99 ¿ Plenário,143/99 ¿Plenário, 569/99 - Plenário e Decisão nº 277/98 ¿ Plenário,entre outras) Importa considerar também que, em 1998, a Emenda Constitucional nº 19,ao introduzir o § 9º no art. 37 da Constituição Federal, consignou queapenas as empresas públicas, sociedades de economia mista esubsidiárias na esfera federal que recebem recursos da União parapagamento de pessoal e custeio, devem observar o limite previsto noinciso XI do mesmo artigo 37, tornando, desta forma, sem efeitoqualquer determinação relacionada à questão, uma vez que a ELETROSULnão recebe recursos orçamentários para pagamento de pessoal. Mesmo que mantivesse meu entendimento de votar com ressalva em relaçãoa esta matéria, não posso desconhecer a importância da jurisprudênciapacífica desta Corte, principalmente após as alterações introduzidas noart. 37 da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 19. No que se refere ao pagamento de despesas com obras em edifício depropriedade da ELOS, estou de acordo com os posicionamentos uniformesda Unidade Técnica e do Ministério Público, no sentido de que devam seraceitas as justificativas, uma vez que já se registrou o ressarcimentodos valores. Outro ponto questionado, é a realização de obras de reforma em umimóvel cedido em comodato à Associação dos Empregados da ELETROSUL ¿ELASE, custeadas pela ELETROSUL. Definitivamente, no presente caso, está demonstrada nos autos umasituação de urgência que justificou, na ausência de recursos da ELASEpara a realização de reparos no telhado do referido imóvel, aintervenção promovida pela ELETROSUL, tanto para resguardar o seupatrimônio, quanto para não pôr em risco seus funcionários. Entretanto, por força do parágrafo 2° do art. 1° do Decreto n°99.509/90, abaixo reproduzido, a ELETROSUL tem a obrigação de obter, daELASE, o ressarcimento dos recursos financeiros empregados na reformaem questão. "Art. 1° ....

...... § 2° No caso de bens móveis e imóveis cedidos anteriormente à data depublicação deste decreto, caberá à entidade cessionária, à sua conta,mantê-los e conservá-los, bem assim realizar ou concluir obras oureparos que se façam necessários." Assim, entendo que deva ser exarada determinação à ELETROSUL no sentidode que a mesma adote providências com vistas à obtenção do referidoressarcimento. As duas ocorrências que configurariam, por parte da ELETROSUL,descumprimento da Decisão n° 235/94 deste Tribunal merecem seranalisadas em conjunto. A questão relativa ao ressarcimento da remuneração de servidorescedidos à ELOS pode ser considerada pacificada, nos termos propostospela Unidade Técnica e pelo Ministério Público, em virtude do pagamentopela referida entidade de previdência, em 30.01.98, do montante devidoà ELETROSUL a esse título, demonstrando que foram adotadas providênciaspara que a determinação desta Corte de Contas fosse obedecida, aindaque em outro exercício. Seguindo o mesmo raciocínio, entendo não ter ficado configuradadesobediência a determinação deste Tribunal, no que se refere à questãodo reembolso de despesas com assistência médica e de empréstimos para acobertura de despesas similares, considerando que, da data da provávelciência da referida Decisão pela Empresa e a assinatura do AcordoColetivo de Trabalho, foi decorrido apenas cerca de um mês, período detempo insuficiente para que possíveis providências tivessem o efeitodesejado, principalmente se levarmos em conta que um Acordo Coletivoresulta de meses de negociação entre as partes. Com efeito, asjustificativas apresentadas pela Empresa sinalizam o cumprimento dadeterminação deste Tribunal no exercício seguinte, quando da celebraçãode novo Acordo Coletivo. Assim, a verificação do cumprimento da referida determinação, nopresente caso, somente poderia ser levada a efeito nas contas doexercício seguinte, ocasião em que uma situação de negligência para coma Decisão deste Tribunal poderia ser diagnosticada com segurança. Com respeito ao caso do preenchimento dos dois cargos de advogado, mealinho com a manifestação da Unidade Técnica, considerando a questãoequacionada com a saída dos empregados dos quadros da empresa. Pensoque, diante da inexistência de indícios de má-fé, favorecimento ou

locupletamento, a materialidade relativa da ocorrência, em relação aovolume de recursos geridos pelos responsáveis, deve ser levada emconta, sob pena de julgarmos irregular toda a gestão de um exercício emfunção de uma ocorrência ao que tudo indica isolada. Diante de todo o exposto, já com as correções pertinentes àsdeterminações propostas, Voto por que o Tribunal adote o Acórdão queora submeto à consideração deste Egrégio Plenário. T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 16de fevereiro de 2000. HUMBERTO GUIMARÃES SOUTO Ministro-Relator

Assunto: IV - Prestação de Contas - exercício 1994

Relator: HUMBERTO SOUTO

Representante do Ministério Público: UBALDO CALDAS

Unidade técnica: SECEX-SC

Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos de prestação decontas das Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. ¿ ELETROSUL,relativas ao exercício de 1994; Considerando que o Controle Interno emitiu certificado no sentido daregularidade, com ressalvas, das presentes contas; Considerando a jurisprudência recente deste Tribunal no que se refere àquestão da remuneração de dirigentes de empresas estatais; Considerando que diversas ocorrências verificadas nos autos já foramequacionadas mediante a adoção de providências corretivas; Considerando não ter ficado configurada desobediência à determinaçãodesta Corte de Contas no presente exercício;

Considerando a inexistência de indícios de favorecimento, má-fé oulocupletamento nos presentes autos; Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em SessãoPlenária, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e23, inciso II da Lei nº 8.443/92, em: 8.1. julgar as presentes contas regulares, com ressalva, dando-sequitação aos responsáveis; 8.2. determinar a Empresa Transmissora de Energia Elétrica do Sul doBrasil S.A ¿ ELETROSUL que: 8.2.1. adote providências para o ressarcimento dos valores gastos com areforma da cobertura do ginásio de esportes cedido à ELASE, nos termosdo art. 1°, § 2°, do Decreto n° 99.509/90; 8.2.2. reveja os critérios de descentralização das atividadesadministrativas da empresa e de lotação de pessoal, adequando o númerode empregados lotados nas unidades regionais às reais necessidades doserviço, de forma a eliminar a necessidade de contratações temporáriasnos ramos de atividades para as quais a empresa possui pessoalhabilitado; 8.2.3. observe o necessário concurso público para o preenchimento doscargos vagos, ressalvadas as nomeações para cargos em comissãodeclarados em lei de livre nomeação e exoneração, nos termos do art.37, II da Constituição Federal; 8.2.4. analise, caso a caso, a situação dos empregados cedidos a outrasentidades antes de 13.09.93, que ainda estejam afastados, informando ofundamento legal para cada cessão na sua próxima prestação de contas; 8.3. determinar à CISET/MME que nas próximas contas da ELETROSULinforme a situação dos débitos provenientes da cessão de pessoal paraoutros órgãos e entidades;

Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi,Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Humberto Guimarães Souto (Relator),Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira e oMinistro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha.

Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 16 de fevereiro de 2000

Parecer do Ministério Público: Proc. TC-650.168/95-0 Prestação de Contas PARECER Trata-se de Prestação de Contas das Centrais Elétricas do Sul do BrasilS.A., relativa ao exercício de 1994. Examina-se alegações de defesa apresentadas em razão de audiências ecitações promovidas pela SECEX/SC, em cumprimento ao Despacho do Exmo.Ministro-Relator Carlos Átila Álvares da Silva (fls. 219 e 220). Como bem observado pela instrução de fls. 291 a 306, o Tribunal jáfirmou entendimento no sentido de ser incorreta a exclusão do adicionalpor tempo de serviço para fins de comparação com o teto ministerial,visto que não se trata de uma vantagem pessoal (Acórdão nº 98/93 -Plenário - TC nº 016.522/91-5 e Decisão nº 233/95 - 2ª Câmara - TC nº005.772/95-8). Assim, consideramos indevida a exclusão do adicional por tempo deserviço praticada pela ELETROSUL. Os argumentos de defesa para as despesas com obras em edifíciopertencente a ELOS merecem prosperar, visto que houve ressarcimento porparte dessa Fundação. Quanto à seleção interna promovida pela Entidade, convém destacar queos dois empregados beneficiados já não fazem parte de seus quadros, oque dispensa determinações de caráter corretivo. Não obstante, airregularidade existiu e os responsáveis ouvidos em audiência devem serresponsabilizados por sua ocorrência. Segundo informações dos responsáveis, Antonio Carlos Peixoto "logrouaprovação em seleção interna para ocupar o cargo de advogado, e HildoNicolau Peron, que ocupava o cargo de Assistente Jurídico e foipromovido para o cargo de advogado." Nesse sentido, convém destacar excerto do Voto Condutor da DecisãoSigilosa 27/97 - Plenário (Ata 03/97, TC nº 525.237/95-0-Sigiloso):

"10. Ora, se a própria ascensão, que exige concurso interno, colidiucom a Lei Maior, parece-me então muito mais aceitável ainconstitucionalidade da progressão, pois essa nem sequer impõe ocertame como condição para preenchimento do cargo, bastando tão-somenteuma decisão discricionário-avaliatória do Administrador, paraconsecução do aludido provimento. 11. Importante, nesse ponto, enfatizar que o entendimento do SupremoTribunal Federal é no sentido da impossibilidade de ingresso em cargopúblico sem concurso público, seja qual for a denominação que seempregue, ascensão funcional, progressão funcional, essa por aquela ouqualquer outra designação para o ato de admissão". O argumento de que não havia, à época, pronunciamento definitivo sobrea proibição de realizar seleções internas, aduzido pelos responsáveis,é absolutamente inaceitável, tendo em vista, inclusive, a Decisão doSupremo Tribunal Federal publicada no D.J. de 13/8/92, Seção I (Decisãonº 243/93, 2ª Câmara, 29/07/93, Ata nº 26). A partir da manifestação do Egrégio Supremo Tribunal Federal na ADIN nº231-7, em 05/08/92 (D.J. de 13/11/92, Ementário nº 1684-6), pelainconstitucionalidade de processos seletivos internos para ascensãofuncional, afastou-se esta modalidade de investidura das formas aceitaspela Constituição Federal. Não obstante ter sido vedada a utilização do instituto da ascensãofuncional, a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988,este Tribunal tem convenientemente entendido não caber a impugnação dosatos efetivados em data anterior aos pronunciamentos do E. STF, uma vezque foram praticados consoantes orientação predominante de que talinstituto não conflitava com a Lei Maior (Decisão nº 050/97, Ata nº05/97 - 1ª Câmara; Acórdão nº 195/97, Ata nº 32/97 - Plenário). De se destacar, ainda, a Decisão nº 760/97, de 05/11/1997 (Ata nº44/97), em que o Plenário assentou o entendimento de não caberimpugnação de atos efetivados em data anterior à manifestação doSupremo Tribunal Federal na ADIn nº 837-4/DF (D.J. de 23/04/1993), poisprevalecia a orientação de que o instituto da ascensão não conflitavacom a nova Carta Magna, conforme pareceres emitidos pelaConsultoria-Geral da República a respeito do assunto (CGR-SA-9, de29/08/1989 - D.O.U. de 04/09/1989 e SR-89/89, de 11/05/1989 - D.O.U. de12/05/1989). Seja como for, a ocupação de cargos sem a precedência de concursopúblico, in casu, ocorreu em data bem posterior às retrocitadas

decisões do STF, o que torna inaceitável o argumento dos responsáveisde que "à época não havia pronunciamento definitivo sobre a proibiçãode realizar seleções internas (provimento derivado)". Se indevido foi o procedimento que beneficiou o empregado AntonioCarlos Peixoto, mais gravemente incorreto foi o ocorrido com o Sr.Hildo Nicolau Peron, que nem mesmo foi aprovado em concurso interno. Assim sendo, entendemos que tal irregularidade deve ensejar aplicaçãode multa aos responsáveis. Os responsáveis, em suas alegações de defesa, não apresentam novosargumentos para a realização de despesas com obras de reforma em imóvelcedido em comodato para a Associação de Empregados da Eletrosul -ELASE. Desse modo, acompanhamos posicionamento deste MinistérioPúblico, revelado em Parecer de fls. 217 e 218, no sentido de que oDecreto nº 99.509/90 veda a realização dessa espécie de despesa. Pelas razões expendidas na instrução de fls. 291 a 306, bem como nainstrução contida no TC nº 650.101/95-2 (apenso, fls. 121 e 122), nãoprocedem os argumentos de defesa para irregularidade consubstanciada no"descumprimento das determinações constantes dos subitens 8.1 e 8.2 daDecisão nº 235/94-TCU - 2ª Câmara (Ata nº 33/94, D.O.U. Seção I de06/10/1994), ao manter a concessão de reembolso de despesas comassistência médica e de empréstimos para a cobertura de despesassimilares, contrariando o disposto no art. 6º, incisos IV e VI doDecreto-lei nº 2.355/87". Os responsáveis informam que já houve o ressarcimento da remuneração deservidores cedidos à ELOS, o que tornam aceitáveis as alegações dedefesa quanto a este ponto. Entendemos adequadas as demais determinações propostas pela instrução,eis que visam à correção das falhas detectadas ou a evitar novasocorrências de falhas da espécie. Concordamos com a aplicação de multa aos responsáveis proposta pelainstrução (fl. 304), mas, em razão da existência de débito, entendemosque deva tal penalidade estar fundamentada exclusivamente no art. 57 daLei nº 8.443/92. Opinamos, ainda, por que seja alterado o item "a" da proposta daUnidade Técnica, de modo a ficar consignado que apenas as contas dosindigitados responsáveis devem ser julgadas irregulares, bem como porque sejam incluído item que indique o julgamento pela regularidade com

ressalva dos demais responsáveis. Convém lembrar que, em conformidade com art. 10 da IN nº 12/96-TCU,devem ser arrolados como responsáveis não apenas os diretores daEntidade, mas também os membros de órgãos colegiados responsáveis poratos de gestão, membros de conselhos de administração, deliberativo,curador e fiscal. Os demais responsáveis não contribuíram para aocorrência da irregularidade comentada e nem mesmo foram ouvidos quantoao assunto, não cabendo o julgamento pela irregularidade de suascontas. Pelo exposto, este representante do Ministério Público manifestaanuência à proposta de fls. 303 a 306, exceto quanto ao item "a", quedeve indicar o julgamento pela irregularidade com ressalva apenas dascontas dos Srs. Cláudio Ávila da Silva, Delcídio do Amaral Gomez, LuizZapelini, Cesar de Barros Pinto e Ilário Bruno Vendolin Pasin.Outrossim, opinamos pela inclusão, na proposta, de item com a seguinteredação: "com fundamento nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e23, inciso II, da Lei nº 8.443/92, sejam julgadas regulares comressalva as contas dos demais responsáveis, concedendo-lhes quitação,por conseguinte". Ministério Público, em 19 de Agosto de 1998. Ubaldo Alves Caldas Procurador