3
SEXTA-FEIRA, 11 DEZ 1981 DIÁRIO DA JUSTIÇA Tribunal de-'Recursos l!!!!!!!!!!!!!!!!!!!'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Y. Com seu saber jurídico . ' com a sua mocida- j de e com a sua disposiçAo para o trabalho, . ' o Supremo Tribunal Federal passará a con- "iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil: tar, daqui por diante, e certamente por 10Q- gos anos. com a experiência, a dedicaçAo, Plenário Sessao Extraordinária De ordem do E"mo. Sr. Ministro Presi- dente, faço público, para conhecimento dos interessados, Que no pr6ximo dia 18 de dezembro de 1981 , sexta-feira, às 13:30 ho- ras, será realizada Sessão Extraordinária do Plenário (Art. 66 §§ e da Lei Com- plementar 35/79 e Art, 73, § do Regi- mento Interno), para julgamento dos pro- cessos constantes de pauta e de outros feitos Que lhe estão afetos. . Tribunal Federal de Recursos, 07 de de- zembro de 1981 - Bel. José Alves Paulino, Secretário do Plenário. ATA DA SESSAO EXTRAORDINARIA - HOMENAGEM AO EXMO. SR, MINISTRO JOSIÕ NERI OA SILVEIRA, EM 31 DE AGo'STO DE '1981. Aos trinta e um dias do mês de aOQsto do ano de mil novecentos e oitenta e um,às dezesseis horas. na Sala de SessOes do Tribunal Federal de Recursos, presentes os Exmos. Srs, Ministros Jarb"s Nobre, Presidente do Tribunal, Armando Rolem- berg , Moacir Catunda, Peçanha Martins, AI- · dir G, Passarinho, José Dantas; Lauro Lei- tão. Carlos Madeira, Evandro Gueiros lei- te , Washington BoUvar, Torreão Braz,· Car- los Mário V Velloso , Justino Ribeiro , OUo Rocha, Wllllam Palterson, Adhemar Ray- mundo, Romildo Bueno de Souza, Sebas- tião Rais, Miguel JerOnymo Ferrante, José Cândido, Pedro ACioll, Américo Luz e Fla- Quer. Scartezzini. presentes. ainda, o Ex- mo, Sr. Doutor Geraldo Andrade Fonteles, Subproc4rador-Geral da República e o Ba- charel José Alves Paulino, Secretário do Plenário, após a composição da Mesa pelo Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal Hervandyl Fa- gundes. Diretor do Foro da Seção Judiciá- ria do Estado do Rio Grande do Sul e o Ex- mo. Sr. Dr, Celestino Goulart. Secretário da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e Representante do Exmo. Sr. Governador do Estado, foi aberta a Sesslo, convocada . em homenagem ao Exmo. Sr. Ministro Jo- Néri da Silveira , recentemente nomeado para o cargo de Ministro do Supremo Tribu- nal Federal. A seguir . o Exmo. Sr. Minlstro- Presiden- te assim se pronunciou: O Exmo. Sr. Ministro Jarbas Nobre (Pre- sidente): E com misto de alegria. e de tris- teza Que hoje este Tribunal se despede do eminente Ministro José Néri da Silveira, nomeado para exercer o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal. E de alegria o acontecimento porque ve- mos reconhecido e proclamado-, mais uma vez,. o valor que o nosso homenageado possui. _ E de tristeza porque em sua ida 'para a Suprema Corte, este Tribunal se privado da convivência amena de um de' seus mais ilustres Membros em toda a hist6rla do TFR. Examinando o seu curriculum vitas, veri- fico que nasceu em 1932. A circunstância traz a lembrança uma realidade, infelizmente dolorosa pãra mim: em verdade, eu estou velho , Em 1932 - recordo - eu me tornava re- servista de segunda categoria e, como conseqOêncla, prestava juramento à Ban- deira. No momento em Que eu me tornava um soldado, o Ministro José Néri vinha ao mundo. A juventude do nosso. Quase ex- companheiro bem nos diz o quanto poderá éle atnda ser útil á magistratura brasileira, os conhecimentos e a capacidade do seu mais recente Membro. ' O nosso ex-Presidente ocupará na Su- prema Corte a Cadeira 14, sucedendo a um seu coestaduano , o Ministro Joao Leite de Abreu . Assinale-se Que a mesma foi ocupada por outro dois gaúchos: O Ministro Plinlo casado , em. 1931 , e o Ministro Enéas Gal- vao, este no distanciado ano de 1921 , Outras figuras tiveram assento nessa Ca- deira, Assim, o Ministro Epitácio Pessoa, em 1902; o Ministro João Mendes, em 1917; o Mlnlstrp Anlbal Freire em 1941; e, em 1951, Nélson Hungria, De São Paulo, além do mencionado Joio Mendes, por lá passaram os ilustres: Mi- nistro Pedro Chaves, em 61, ainda vivo, e em 67, o saudoso Raphael de Barros Mon- teiro. O nosso Néri, O nome a ocupar tao fa- mosa cadeira, sem dúvida nenhuma dignifi- cará a tradiçAo de seus ocupantes', todos eles dnomes de excepciónal grandeza. ' Lamentando - e o faço com absoluta sinceridade - a ausência do nosso Néri no Tribunal, outra coisa nAo poderei fazer do que lhe' desejar praticamente o 6bvio: que ele seja feliz no novo posto que lhe é en- tregue. José Néri, esteja certo que aqui no seu Tribunal, pois que ele continuará a ser seu, você fàz amigos e adm' lradores , amigos e admiradores pelp que você é em verdade: um homem de bem, um estudioso, um de_ o dicado, um bom patrtota. Pr9salga na sua jornada, Néri , e adicione novas conQuitas, você bem o merece e é digno delas, sem qualquer dúvida. Com estas breves palavras; tendo como iniciada esta Sessao solene e concedo· a palavra ao Ministro Carlos Mário Velloso, Que falará em nome da Corte, O Exmo , Sr. Ministro Carlos Mário Vello- so: - Na Sessão Plenária da feira, ao cabo de um magnlfico voto proferido pe- lo MlnistrQ José Néri da Silveira, declarou o Ministro José Dantas, sem conter as lá' grimas, Que tinham os acabado de ouvir o último pronunciamento, neste Tribunal, desse eminente Colega, que vinha de ser nomeado para a Corte Suprema. E disse o Ministro Dantas Que nao Irlamos contar, da- qui para frente, nas horas dlflceis e nos momentos graves, com os conselhos e. a palavra sempre 'autorizada do.Mlnis.lro José Néri da ·SlIvelra. Isto é verdade, E é. por esta razão, Se- nhor Ministro Jpsé Néri da Silveira, que a alegria de · que somos possuidos, ao ser Vossa Excelência Investido na maisala cá- tedra do Judiciário brasileiro, é uma alegria Que chora - e aqui vale Invocar GuimarAes Rosa - porque é "uma alegria jUdiada, Que ficou triste de repente",.. 10 Que, de re- pente , v quando festejávamos a vit6ria do Colega, percebemos, Que a sua ascendo significava perdê-lo do convicio diário. Nas Gerais se diz, com sabedoria; é ainda Gui- marles Ros.a Quem no·'o diz, que chorar sério faz bem. Por isso. aqui estamos, Se- nhor Ministro José Néri, os seus irmAos reunidos em sua homenagem, em sesslo espeCial, para as despedidas e para expressar-lhe que grande foi a honra que a NaçAo conferiu \I este Tribunal e a cada um de n6s: 80 convocar Vossa Excelência para o exerclcio da suprema magistratura nacio- nal. . Vossa Excelência, Senhor José Néri da SlIvaira, é um homem Que madru- gou no trabalho e no estudo sério; por isso mesmo, · está sempr,e em véspera de vit6rla e de sucesso ' pessoal. Aos 23 anos, ei-Io Bacharel em Direito pela Pontlflcia Univer- sidade Cat61ica do Rio Grande do Sul, com a distinção universitária de Aluno Lliurea- do. No ano seguinte um novo titulo univer- sitárioé conquistado por José Néri, o de Bacharel em Filosofia, pela Universidade Federal do. Rio Grande do Sul, e, em 1957,0 de licenciatura em Filosofia, na PUC do Aio Grande .. Por concurso, Ingressou no serviço público do seu Es. tado natal. E as- sim, antes dos 30 anos, era o advogado José Néri da Silveira integrante do serviço juridlco do Rio Grande, aos 31 anos, mé- diante aprovação em novo concurso, José Néri é Consultor Juridico do Estado; aos 33 anos. ascende ao cargo de onsultor-Geral , Que correspónde ao de Procurador-Geral do Estado. Nesse periodo, · laboriosa foi a süa carreira: a partir de 1960, assim aos 28 anos de idade, em meio a uma intensa ati- vidade de advogado, passa a Integrar o cor- po docente da PUC-RS, como professor de Direito Civil, e da U,F,R;S., como professor de IntroduçAo à ciéncia do Direito, Juiz Fe- deral em 1967, dois anos depois, . em no- vembro de 1969. aos 37 anos, é nomeado para o cargo de Ministro do Tribunal Fede- ral de Recursos. Exigindo a ConstitUição a idade minlma de 35 anos para ingressos nos Tribunais Superiores, nAo conheço ou- tro que tivesse ingressado nesta Tribunal com menos de 37 anos, Tive a honra de saudaro nosso homenageado quando de sua posse na Presld. ência deste Tribunal, em 25 de junho de 1979. Disse eu, entAo, Que nlo Imaginava o adolescente de 16 anos, "Que em outubro de .1948, um anos ap6s instalação desta Corte , pregava, em Bajé, que "o amor é um fogo que se extin- gue quando não se comunica a outros, - repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente da ala moça · da UDN de Porto Alegre, que, em 1953, em atitude cívica - o termo é bem este, como costumava dizer o grande Milton Campos - conclamavaà unlAo de "todos os cora- çOes gaúchos, amantes do Direito e da Justiça", em favor da democracia, que, bem antes dos 40 anos, viesse a se tornar um dos maiores Juizes de sua terra, e, na dos quarenta, ascendesse à presidên- cia da Corte Judiciária do Brasil", Na li- nha desses fatos, fica fácil compreender , Senhor Ministro J. osé Néri da Silveira, a ra- zAo por que Vossa Excelência: ainda na ca- sa dos 40 anos, é chamado a exe. rcer a su- ' prema magistratura· nacional. Em verdade, a nomeaçAo do Ministro Jo- Néri da Silveira, para o Supremo Tribu- nal Federal significa que a NaçAo reconheceu-Ihe'os méritos, Observemos a sua carreira nesta Corte: Ministro do Tribu- nal Federal de Recursos, empossado em dezembro de 1969, depois de ter exercido o cargo de Juiz Federal e de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, in- tegrou o Conselho da Justiça Federal de 1971 a 1973. Em 1970 e 1975, participou, co- mo Ministro convocado, de julgamentos no Supremo Tribunal. Ainda em 1975, presidiu a ComissAo Examinadora do 11 Concurso para provimento de cargos de ' Juiz Federal Substituto, alémdeter integrado e presidi- do a ComissAo de Regimento e Jurispru- dência do Tribunal. Eleito, pelo Tribunal Federal de Recursos, Ministro Substituto do Trillunal Superior Eleitoral, em 1975, foi Ministro efetivo da mesma Corte, em 1976,· nela tomando posse em setembro de 1976, sendo reconduzido para o 2'? biênio, emse- tembro de 1978. No Tribunal Superior Elei- toral, foi eleito Corregedor-Geral Eleitoral, tendo · desempenhado as funçOes desse cargo jUl)támente com. as de Ministro T,S ,E, e do T,F,R. Eleito Presidente do Tribunal, para o biê- nio de 1979/1981, empossado no cargo de junho de 1979, realizou o Ministro José · Néri dll - Silveira pro.ficua adminlstraçAo Que há de ficar registrada noS fatos do Tribunal. Nela, não sabemos o Que aplaudir, se o ad- ministrador criterioso, Que soube prever' e prover, se o bom vario Que ex. erceu com alta dignidade e Justiça a direçllo da casa. Essa magnífica obra administrativa de José Néri da Silveira s6 nAo é maior que a sua pr6prla obra de juiz, tanto como Juiz Federal, Juiz do Tribunal Regional Eleitoral e Ministro desta Corte.. N/lsSes qtj'lse : 12 anos de Judicatura no Tribunal Federal de 12611 R Recursos, Vossa Excelência, Senhor MI- nistro · José Néri da Silveira, granjeou a ad- miração dos seus pares e o respeito dos seus jurisdicionados, Aqui, entre os seus pares , Vossa Excelência foi conselheiro e nas horas mais graves sua patavra sempre foi requestada para ser ouvida. 10 fácil compreender, de conseguinte , porque recaiu no Ministro José. Néri da Sil e veira a convOcação para o Exerclcio da Su- prema Magistratura Nacional, ao Supremo Tribunal é gujndadp um juiz experimenta- do, um juiz de verdade, um grande juiz. 10 bom Que assim seia e seria excelente Que sempre fosse assim. porque o Supremo Tribunal é a "voz viva da ti, no · dizer de Lorde Bryce, ao referir,se à Corte Suprema Americana, é ele é o Supremo Tribunal Federal tal qual tem sido, nos Es- tados Unidos, a Corte que lhe serve de mo- delo "a consciência do Pais" (Henry Abra- ham, "A Corte Suprema no Evolutivo Pro- cesso Político' " in "Ensaios sobre a Cons· tltuiçao dos Estados Unidos", Forense, p, t06, 1978), As InstituiçOes valem por si, mas a sua grandeza depende das pessoas Que as fazem funcionar. A Corte Suprema ame- ricana, modelo do Supremo Tribunal do Brasil, tem sabido ser em verdade, a cons- ciência da Naçao, demonstra-nos Henry Abraham (ob, e loc. cits . ), seja liderando o Pais, (A corte de Marshall), ou estimulando ·0 progresso social e eoonOmlco (a Corte de p6s-1937), seja colocando-se em · posi- ç&O de observadora. ou· mesmo des,stlmu- lando cer1asposiçOes . afoitas no campQ_ polltlco-soclal (A corte de Chalse-Walte li a . Corte de Fuller), seja desafiándo o senti- mento da maioria e estimulando a tomada de poslçAo no · campo das "liberdades civis no perlodo de 1956-7" , seja nas decisOes da Corte de Warren na década de 1960, . No caso Dred $colt, de 1857, em que o Tribu- nal, sob o ponto de vista legal, estava cer- to, mas Que, politicamente cometeu erro fragoroso, nAo·deixou de refletir, de certa forma , uma tendência de setores ·da vida nacional, Foi caro, todavia, o preço Que pa- . gou pelo erro, Nos casos de segregaçAo racial de 1954,1955 e 1971 , o Tribunal assu- me a posição mais alta, 56 igualável com as "memoráveis decisOes nos casos Marbury, MacCullock, Martln e Glbbons e as diver, sas declsOes da décida de 1960, sobre re- partilha e redivlsOes distrital." E Que a Corte Suprema, como cá, nAo é estuário de tranqüilidade. Ao contrário, bem disse o "justice" Holmes, "Estamos muito tranQui- los ali, mas ali é o centro de uma tempesta- de, como todos sabemos". Se é verdade Que " observadores mais severos", conforme se . noticia Baleeiro, "sublinham que o S,T,F, nAo alcançou no regime polltico-jJJridlco brasileiro, o papel eminente desempenhado pela . Corte Su" prema na hlst6ria politlco-constltucional dos Estados Unidos, pela obra da "cons- tructlon" pretoriana, ora acelerando a evo- lução do Direito e substituirido-se ao legis- lador tl mldo ou tardo, ora freiando-a, se Im- pulsivo e precipitado", (A, Baleeiro, "O Su- premo Tribunal Federal" , Revista Brasileira de Estudos Pollticos, Belo Horizonte, MG, n. 34, Julho/72, p, 35), certo é, a Suprema Corte brasileira jamais falhou, A teoria bra- sileira do Habeas corpus, que teve em Ruy e em Pedro Lessa os seus malores · lmpul- sionadores, demonstra a preocupaçlo do Supremo Tribtjnal na proteçAo dos direitos e garantias individuais , Os atritos do Su- premo com Floriano, ·com Prudente de Mo- rais e com Hermes da Fonseca. noutros tempos, e a poslçllo altaneira do Ministro Ribeiro da Costa, mais recentemente, os embates em Que se viu envolvida a Corte, em seguida 1964, suas poslçOes liberais, em momento critico, revelam um Tribunal destemido, cônscio de sua mlsdo. A obra de Edgard Costa, "Os grandes julgamen- tos do Supremo Tribunal Federal", Que Ba- leeiro chama de "benemérita Iniciativa", comprova o afirmado e os dois prJmelros volumes da "Hlst6rla do · Supremo Tribunal Federal",.de Leda Boechat Rodrigues, Que cuidam. dos perlodos 1891-1998, e 1899-1910, deixam bem o Supremo Tribunal na defesa das liberdades civis e do federalismo, 10 pena que, no Brasil, os historiadores, as universidades e ÓS juristas . de. modo geral nAo preocupam coma pesquisa e ;'5; . ·: m

Tribunal Fed~al de-'Recursos · Bajé, que "o amor é um fogo que se extin gue quando não se comunica a outros, - repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Tribunal Fed~al de-'Recursos · Bajé, que "o amor é um fogo que se extin gue quando não se comunica a outros, - repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente

SEXTA-FEIRA, 11 DEZ 1981 DIÁRIO DA JUSTIÇA

Tribunal Fed~al de-'Recursos

l!!!!!!!!!!!!!!!!!!!'!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Y. Com seu saber jurídico. 'com a sua mocida-

j de e com a sua disposiçAo para o trabalho,

.

' o Supremo Tribunal Federal passará a con­"iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil: tar, daqui por diante, e certamente por 10Q-• gos anos. com a experiência, a dedicaçAo,

Plenário

Sessao Extraordinária

De ordem do E"mo. Sr. Ministro Presi­dente, faço público, para conhecimento dos interessados, Que no pr6ximo dia 18 de dezembro de 1981 , sexta-feira, às 13:30 ho­ras, será realizada Sessão Extraordinária do Plenário (Art. 66 §§ 1~ e 2~, da Lei Com­plementar n~ 35/79 e Art, 73, § 1~ , do Regi­mento Interno), para julgamento dos pro­cessos constantes de pauta e de outros feitos Que lhe estão afetos. .

Tribunal Federal de Recursos, 07 de de­zembro de 1981 - Bel. José Alves Paulino, Secretário do Plenário.

ATA DA 5~ SESSAO EXTRAORDINARIA -HOMENAGEM AO EXMO. SR, MINISTRO JOSIÕ NERI OA SILVEIRA, EM 31 DE AGo'STO DE '1981.

Aos trinta e um dias do mês de aOQsto do ano de mil novecentos e oitenta e um,às dezesseis horas. na Sala de SessOes do Tribunal Federal de Recursos, presentes os Exmos. Srs, Ministros Jarb"s Nobre, Presidente do Tribunal, Armando Rolem­berg , Moacir Catunda, Peçanha Martins, AI- · dir G, Passarinho, José Dantas; Lauro Lei­tão. Carlos Madeira, Evandro Gueiros lei­te , Washington BoUvar, Torreão Braz,· Car­los Mário V Velloso , Justino Ribeiro , OUo Rocha, Wllllam Palterson, Adhemar Ray­mundo, Romildo Bueno de Souza, Sebas­tião Rais, Miguel JerOnymo Ferrante, José Cândido, Pedro ACioll, Américo Luz e Fla­Quer. Scartezzini. presentes. ainda, o Ex­mo, Sr. Doutor Geraldo Andrade Fonteles, Subproc4rador-Geral da República e o Ba­charel José Alves Paulino, Secretário do Plenário, após a composição da Mesa pelo Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal Hervandyl Fa­gundes. Diretor do Foro da Seção Judiciá­ria do Estado do Rio Grande do Sul e o Ex­mo. Sr. Dr, Celestino Goulart. Secretário da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e Representante do Exmo. Sr. Governador do Estado, foi aberta a Sesslo, convocada . em homenagem ao Exmo. Sr. Ministro Jo­sê Néri da Silveira , recentemente nomeado para o cargo de Ministro do Supremo Tribu­nal Federal.

A seguir. o Exmo. Sr. Minlstro- Presiden­te assim se pronunciou:

O Exmo. Sr. Ministro Jarbas Nobre (Pre­sidente): E com misto de alegria. e de tris­teza Que hoje este Tribunal se despede do eminente Ministro José Néri da Silveira, nomeado para exercer o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal.

E de alegria o acontecimento porque ve­mos reconhecido e proclamado-, mais uma vez,. o valor que o nosso homenageado possui.

_ E de tristeza porque em sua ida 'para a Suprema Corte, este Tribunal se vê privado da convivência amena de um de' seus mais ilustres Membros em toda a hist6rla do TFR.

Examinando o seu curriculum vitas, veri­fico que nasceu em 1932.

A circunstância traz a lembrança uma realidade, infelizmente dolorosa pãra mim: em verdade, eu estou velho,

Em 1932 - recordo - eu me tornava re­servista de segunda categoria e, como conseqOêncla, prestava juramento à Ban­deira.

No momento em Que eu me tornava um soldado, o Ministro José Néri vinha ao mundo.

A juventude do nosso. Quase ex­companheiro bem nos diz o quanto poderá éle atnda ser útil á magistratura brasileira,

os conhecimentos e a capacidade do seu mais recente Membro. '

O nosso ex-Presidente ocupará na Su­prema Corte a Cadeira n~ 14, sucedendo a um seu coestaduano , o Ministro Joao Leite de Abreu .

Assinale-se Que a mesma já foi ocupada por outro dois gaúchos: O Ministro Plinlo casado, em. 1931 , e o Ministro Enéas Gal­vao, este no já distanciado ano de 1921 ,

Outras figuras tiveram assento nessa Ca­deira, Assim, o Ministro Epitácio Pessoa, em 1902; o Ministro João Mendes, em 1917; o Mlnlstrp Anlbal Freire em 1941; e, em 1951, Nélson Hungria,

De São Paulo, além do mencionado Joio Mendes, por lá passaram os ilustres: Mi­nistro Pedro Chaves, em 61, ainda vivo, e em 67, o saudoso Raphael de Barros Mon­teiro.

O nosso Néri, O 1~ nome a ocupar tao fa­mosa cadeira, sem dúvida nenhuma dignifi­cará a tradiçAo de seus ocupantes', todos eles dnomes de excepciónal grandeza. '

Lamentando - e o faço com absoluta sinceridade - a ausência do nosso Néri no Tribunal, outra coisa nAo poderei fazer do que lhe' desejar praticamente o 6bvio: que ele seja feliz no novo posto que lhe é en­tregue.

José Néri, esteja certo que aqui no seu Tribunal, pois que ele continuará a ser seu, você fàz amigos e adm'lradores, amigos e admiradores pelp que você é em verdade: um homem de bem, um estudioso, um de_ o dicado, um bom patrtota.

Pr9salga na sua jornada, Néri , e adicione novas conQuitas, você bem o merece e é digno delas, sem qualquer dúvida.

Com estas breves palavras; tendo como iniciada esta Sessao solene e concedo· a palavra ao Ministro Carlos Mário Velloso, Que falará em nome da Corte,

O Exmo, Sr. Ministro Carlos Mário Vello­so: - Na Sessão Plenária da última5~ feira, ao cabo de um magnlfico voto proferido pe­lo MlnistrQ José Néri da Silveira, declarou o Ministro José Dantas , sem conter as lá' grimas, Que tinham os acabado de ouvir o último pronunciamento, neste Tribunal, desse eminente Colega, que vinha de ser nomeado para a Corte Suprema. E disse o Ministro Dantas Que nao Irlamos contar, da­qui para frente, nas horas dlflceis e nos momentos graves, com os conselhos e. a palavra sempre'autorizada do.Mlnis.lro José Néri da ·SlIvelra.

Isto é verdade, E é. por esta razão, Se­nhor Ministro Jpsé Néri da Silveira, que a alegria de · que somos possuidos, ao ser Vossa Excelência Investido na maisala cá­tedra do Judiciário brasileiro, é uma alegria Que chora - e aqui vale Invocar GuimarAes Rosa - porque é "uma alegria jUdiada, Que ficou triste de repente",.. 10 Que, de re­pente , v quando festejávamos a vit6ria do Colega, percebemos, Que a sua ascendo significava perdê-lo do convicio diário. Nas Gerais se diz, com sabedoria; é ainda Gui­marles Ros.a Quem no·'o diz, que chorar sério faz bem. Por isso. aqui estamos, Se­nhor Ministro José Néri, os seus irmAos reunidos em sua homenagem, em sesslo espeCial, para as despedidas e para expressar-lhe que grande foi a honra que a NaçAo conferiu \I este Tribunal e a cada um de n6s: 80 convocar Vossa Excelência para o exerclcio da suprema magistratura nacio­nal. .

Vossa Excelência, Senhor Mi~lstro José Néri da SlIvaira, é um homem Que madru­gou no trabalho e no estudo sério; por isso mesmo, ·está sempr,e em véspera de vit6rla e de sucesso 'pessoal. Aos 23 anos, ei-Io

Bacharel em Direito pela Pontlflcia Univer­sidade Cat61ica do Rio Grande do Sul, com a distinção universitária de Aluno Lliurea­do. No ano seguinte um novo titulo univer­sitárioé conquistado por José Néri, o de Bacharel em Filosofia, pela Universidade Federal do. Rio Grande do Sul, e, em 1957,0 de licenciatura em Filosofia, na PUC do Aio Grande .. Por concurso, Ingressou no serviço público do seu Es.tado natal. E as­sim, antes dos 30 anos, já era o advogado José Néri da Silveira integrante do serviço juridlco do Rio Grande, aos 31 anos, mé­diante aprovação em novo concurso, José Néri é Consultor Juridico do Estado; aos 33 anos. ascende ao cargo de onsultor-Geral , Que correspónde ao de Procurador-Geral do Estado. Nesse periodo, · laboriosa foi a süa carreira: a partir de 1960, assim aos 28 anos de idade, em meio a uma intensa ati­vidade de advogado, passa a Integrar o cor­po docente da PUC-RS, como professor de Direito Civil, e da U,F,R;S., como professor de IntroduçAo à ciéncia do Direito, Juiz Fe­deral em 1967, dois anos depois, . em no­vembro de 1969. aos 37 anos, é nomeado para o cargo de Ministro do Tribunal Fede­ral de Recursos. Exigindo a ConstitUição a idade minlma de 35 anos para ingressos nos Tribunais Superiores, nAo conheço ou­tro que tivesse ingressado nesta Tribunal com menos de 37 anos, Tive a honra de saudaro nosso homenageado quando de sua posse na Presld.ência deste Tribunal, em 25 de junho de 1979. Disse eu, entAo, Que nlo Imaginava o adolescente de 16 anos, "Que em outubro de .1948, um anos ap6s instalação desta Corte , pregava, em Bajé, que "o amor é um fogo que se extin­gue quando não se comunica a outros, -repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente da ala moça ·da UDN de Porto Alegre, que, em 1953, em atitude cívica - o termo é bem este, como costumava dizer o grande Milton Campos - conclamavaà unlAo de "todos os cora­çOes gaúchos, amantes do Direito e da Justiça", em favor da democracia, que, bem antes dos 40 anos, viesse a se tornar um dos maiores Juizes de sua terra, e, na ca~a dos quarenta, ascendesse à presidên­cia da 2~ Corte Judiciária do Brasil", Na li­nha desses fatos, fica fácil compreender, Senhor Ministro J.osé Néri da Silveira, a ra­zAo por que Vossa Excelência: ainda na ca­sa dos 40 anos, é chamado a exe.rcer a su- ' prema magistratura· nacional.

Em verdade, a nomeaçAo do Ministro Jo­sé Néri da Silveira, para o Supremo Tribu­nal Federal significa que a NaçAo reconheceu-Ihe'os méritos, Observemos a sua carreira nesta Corte: Ministro do Tribu­nal Federal de Recursos, empossado em dezembro de 1969, depois de ter exercido o cargo de Juiz Federal e de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, in­tegrou o Conselho da Justiça Federal de 1971 a 1973. Em 1970 e 1975, participou, co­mo Ministro convocado, de julgamentos no Supremo Tribunal. Ainda em 1975, presidiu a ComissAo Examinadora do 11 Concurso para provimento de cargos de 'Juiz Federal Substituto, alémdeter integrado e presidi­do a ComissAo de Regimento e Jurispru­dência do Tribunal. Eleito, pelo Tribunal Federal de Recursos, Ministro Substituto do Trillunal Superior Eleitoral, em 1975, foi Ministro efetivo da mesma Corte, em 1976,· nela tomando posse em setembro de 1976, sendo reconduzido para o 2'? biênio, emse­tembro de 1978. No Tribunal Superior Elei­toral, foi eleito Corregedor-Geral Eleitoral, tendo · desempenhado as funçOes desse cargo jUl)támente com. as de Ministro T,S ,E, e do T,F,R.

Eleito Presidente do Tribunal, para o biê­nio de 1979/1981, empossado no cargo de junho de 1979, realizou o Ministro José ·Néri dll -Silveira pro.ficua adminlstraçAo Que há de ficar registrada noS fatos do Tribunal. Nela, não sabemos o Que aplaudir, se o ad­ministrador criterioso, Que soube prever' e prover, ~u se o bom vario Que ex.erceu com alta dignidade e Justiça a direçllo da casa. Essa magnífica obra administrativa de José Néri da Silveira s6 nAo é maior que a sua pr6prla obra de juiz, tanto como Juiz Federal, Juiz do Tribunal Regional Eleitoral e Ministro desta Corte.. N/lsSes qtj'lse : 12 anos de Judicatura no Tribunal Federal de

12611

R Recursos, Vossa Excelência, Senhor MI­nistro ·José Néri da Silveira, granjeou a ad­miração dos seus pares e o respeito dos seus jurisdicionados, Aqui, entre os seus pares, Vossa Excelência foi conselheiro e nas horas mais graves sua patavra sempre foi requestada para ser ouvida.

10 fácil compreender, de conseguinte , porque recaiu no Ministro José. Néri da Sile veira a convOcação para o Exerclcio da Su­prema Magistratura Nacional, ao Supremo Tribunal é gujndadp um juiz experimenta­do, um juiz de verdade, um grande juiz. 10 bom Que assim seia e seria excelente Que sempre fosse assim. porque o Supremo Tribunal é a "voz viva da Constitui~o ti, no · dizer de Lorde Bryce, ao referir,se à Corte Suprema Americana, é ele é o Supremo Tribunal Federal tal qual tem sido, nos Es­tados Unidos, a Corte que lhe serve de mo­delo "a consciência do Pais" (Henry Abra­ham, "A Corte Suprema no Evolutivo Pro­cesso Político' " in "Ensaios sobre a Cons· tltuiçao dos Estados Unidos", Forense, p, t06, 1978), As InstituiçOes valem por si, mas a sua grandeza depende das pessoas Que as fazem funcionar. A Corte Suprema ame­ricana, modelo do Supremo Tribunal do Brasil, tem sabido ser em verdade, a cons­ciência da Naçao, demonstra-nos Henry Abraham (ob, e loc. cits .), seja liderando o Pais, (A corte de Marshall), ou estimulando ·0 progresso social e eoonOmlco (a Corte de p6s-1937), seja colocando-se em · posi­ç&O de observadora. ou· mesmo des,stlmu­lando cer1asposiçOes . afoitas no campQ_ polltlco-soclal (A corte de Chalse-Walte li a

. Corte de Fuller), seja desafiándo o senti­mento da maioria e estimulando a tomada de poslçAo no ·campo das "liberdades civis no perlodo de 1956-7" , seja nas decisOes da Corte de Warren na década de 1960, .No caso Dred $colt, de 1857, em que o Tribu­nal, sob o ponto de vista legal, estava cer­to, mas Que, politicamente cometeu erro fragoroso, nAo ·deixou de refletir, de certa forma, uma tendência de setores ·da vida nacional, Foi caro, todavia, o preço Que pa­

. gou pelo erro, Nos casos de segregaçAo racial de 1954,1955 e 1971 , o Tribunal assu­me a posição mais alta, 56 igualável com as "memoráveis decisOes nos casos Marbury, MacCullock, Martln e Glbbons e as diver, sas declsOes da décida de 1960, sobre re­partilha e redivlsOes distrital." E Que a Corte Suprema, lá como cá, nAo é estuário de tranqüilidade. Ao contrário, bem disse o "justice" Holmes, "Estamos muito tranQui­los ali, mas ali é o centro de uma tempesta­de, como todos sabemos".

Se é verdade Que " observadores mais severos", conforme se .dá noticia Baleeiro, "sublinham que o S,T,F, nAo alcançou no regime polltico-jJJridlco brasileiro, o papel eminente desempenhado pela .Corte Su" prema na hlst6ria politlco-constltucional dos Estados Unidos, pela obra da "cons­tructlon" pretoriana, ora acelerando a evo­lução do Direito e substituirido-se ao legis­lador tlmldo ou tardo, ora freiando-a, se Im­pulsivo e precipitado", (A, Baleeiro, "O Su­premo Tribunal Federal", Revista Brasileira de Estudos Pollticos, Belo Horizonte, MG, n. 34, Julho/72, p, 35), certo é, a Suprema Corte brasileira jamais falhou, A teoria bra­sileira do Habeas corpus, que teve em Ruy e em Pedro Lessa os seus malores·lmpul­sionadores, demonstra a preocupaçlo do Supremo Tribtjnal na proteçAo dos direitos e garantias individuais , Os atritos do Su­premo com Floriano, ·com Prudente de Mo­rais e com Hermes da Fonseca. noutros tempos, e a poslçllo altaneira do Ministro Ribeiro da Costa, mais recentemente, os embates em Que se viu envolvida a Corte, em seguida 1964, suas poslçOes liberais, em momento critico, revelam um Tribunal destemido, cônscio de sua mlsdo. A obra de Edgard Costa, "Os grandes julgamen-tos do Supremo Tribunal Federal", Que Ba­leeiro chama de "benemérita Iniciativa", comprova o afirmado e os dois prJmelros volumes da "Hlst6rla do ·Supremo Tribunal Federal",.de Leda Boechat Rodrigues, Que cuidam. dos perlodos 1891-1998, e 1899-1910, deixam bem o Supremo Tribunal na defesa das liberdades civis e do federalismo, 10 pena que, no Brasil, os historiadores, as universidades e ÓS juristas .de. modo geral nAo Sé preocupam coma pesquisa e o- es-~

;'5;. ·:m

Page 2: Tribunal Fed~al de-'Recursos · Bajé, que "o amor é um fogo que se extin gue quando não se comunica a outros, - repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente

12612

tudo da via dos Tribunais, ao cOntrario do Que acontece no·s Estados Unidos. Em dis­curso Que aqui prolerlu, na homenagem Que o T.F.R. prestou ao Supremo Tribunal Federal, pela passagem do seu sesQulcen­tenllrlo,o saudoso Ministro Amarlllo Benja­min ressaltou Que nos ac6rdao do Supre­mo, "está o direito brasileiro. As "Súmu­las". Que tanto ajudan na sOlUÇa0 das con­trov6rslas, nao dizem tudo, porquanto o Que o Supremo realiza é multo mais. Se houvesse publicidade permanente e escla-' reclda, em .torno de seus atos. o grande público retrlbuir-Ihe-Ia o eslorço com esti­mulantes entusiasmo. Se os juristas manti­vessem trabalho desinteressado de anllllse de seus ac6rdaos, sobre temas lundamen­tais , a colaboraçlo lora do pret6rlo nlo p0-

deria ser melhor, e se os editores decidis­sem organizar comentlrios dos diversos ramos do nosso direito, assunto, por as.. sunto, calcados em declsOes do Supremo Tribunal com explicativos e relerêncla cablvels. a cargo de prollsslonals compe­tentes. o repert°rlo representaria o Impor­tante digesto da cultura jurldlca nacional. Que nos lalta." ("Rev. TFR", 8112~7).

Guarda· maior da Constltulçlo, tem o Su­premo Tribunal bem por Isso, lunçlo polltl­ca Que decorre· da pr6prla Lei Fundamen­taI. Allomer Baleeiro Que 101 um dos malo­res·julzes do Supremo e.loi homem do nos­so tempo, lecionou Que esse Tribunal "car­rega por preclpua mlssaO a de lazer preva­lecer a fIIosolla polltlca da Constltulçlo Fe­deral sobre todos os desvios em Que o Congresso e o Presidente da República, Estados, Munlclplos e particulares setres­malhem, q\le por leis sancionadas, ou pro­mulgadsas, Quer pela execuçlo delas ou pelos autos naquela área Indellnlda do dls-

· crlclonarlsmo laculrado, dentro de certos limites, a ambos aqueles Poderes. O traça-

· do desses limites, Quer Quanto ao legisla­dor Quer Quanto ao executor, nunca 101, nao é, nem sera nunca uma linha Ilrme, clara e Inconlundlvel . HiI uma terra de nln­gúem nesta lalxa dlrontelrlça." ("O Supre­mo Tribunal Federal, .esse outro desconhe­cido", Forense, 1968) p. t03).

Nessa atividade, que 6 polltlca, polltlca no sentido grego. assim na suaverdadeira acepÇao, reside a mlssto mais nobre dos Tribunais, mlsSSo que é ainda maior e mui­to mais significativa quando exercida pelO Supremo, seja porque ele a exerce comu­mente como revisor de decido tomada por outro Tribunal. seja porque quando a exer­ce o laz em termos definitivos. Alexander Hamilton. no número 78 dá The Federal/st, escrito em lavor da Constltulçao; p6eem relevo essa atividade dos tribunais, no ca­so de uma Constltulçlo resrltlra, vale dizer, a Constltulçao que ImpOe determinadas restrlçOes • autoridade legislativa. Por e~emplo, acentua Hamilton, a Constltulçao

· q·ue nlo aprove leis de conllsco, ou leis ex post facto, etc. "RestrlçOes como essas nlo podem ser preservadas, na pràtlca, a nlo ser mediante os tribunais de Justiça, cujo dever será declarar qualquer ato con­trário ao manifesto teor da ConstltulçAo, nulo. Sem Isto, todas as delesas cios direi­tos ou privilégios Individuais nada valem." (Ap. Chares A. Beard, "A Suprema Corte e a ConslltulçAo", Forense, Traduçlo de Paulo Moreira da Silva, 1~ Ed .. pago 58).

Por Isso mesmo, só os grandes juristas - e dai a sabedoria do Constituinte em exi­gir o requisito do notável saber jurldlco -pOdem ser juizes "do Supremo Tribunal Fe­deral. Mas nao 6 somente Isto que basta. .Ao lado do notavel saber jurldlco, reclama a Constlulçio a reputaçlo ilibada. Na repu­taçlo ilibada compreende-se, em verdade, a coragem moral e o cariler Independente do homem, já queé da mais baixa reputa­çlo o cldadlo de coluna dorsal verg.avel. , Um·Trlbunal de Homens assim séblos e Independentes, ·h' de ser, evidentemente, um tribunal Ilustre, Que rellete uma Naçlo ·lIustre, realizando-se, com ele, o Ideal que Milton Campos pregava: "Onde haja li cer­teza de reta dlstrlbulçlo da justiça, ai os cl­dadOêsrepousam e conliam. A estabilidade social se Implanta. A paz pública se IIrma. "

Vossa Excelência, Senhor Ministro José Néri da Silveira, que madrugou no trabalho e no estudo sério , comprovadamente testa­do como juiz, assim juiz de verdade, sábio,

DIÁRIO DA JUSTI~A

justo e Independente, homem de idéias e de esplrlto aberto, haverá de honrar, ilus­trar, engranJlecer e .dignlflcar a Corte. Su· prema do Br8$II , do modo como a·vlsualiza­mos e · como· deve ser: a consciência do Pais, desta forma representativa. na con­cepçao de Rousseau, da volont' g'n'ra/e da Naçlo.

Vossa Excelência agora vai partir. A sua cadeira vai ficar vaga e nos nossos cora­çOes IIcarll a saudade do companheiro, do orientador, do conselheiro, do Irmlo. Mas quando compreendermos que li Corte Su­premado Brasil será dlgnillcada por Vossa Excelência, Isso nos laz contentes. E nos honra sobremaneira o lato de que Vossa Excelência saiu daqUi, deste Tribunal Fe­deral de Recursos, Que Vossa Excelência multo amou e por ele tanto lez. Vossa Ex­cel6ncla ser. um de n6s, sempre e sem­pre .

Os gaúchos, esses homens altivos, dos quais Vossa Excelência é IIdlmo represen­tante,devem estar neste momento, jubilo­sos.

No C6u, o Sr. Severino Silveira, seu pai, e D. Maria Rosa Machado Silveira. sua mie. estio sorrindo. ...

D. IIse Maria Dresch da Silveira, sua es­posa e companheira de todas as horas, ea­ti lellz, é lacll perceber: E orgulhosos do pai estio os seus filhos, a Thêmls Maria, o Domingos Sãvlo, que ja estuda o Direito, a Maria Teresa, o Paulo de Tarso, a Maria Cecilia, o Felipe ·N6rl.e o pequeno Francis­co de Sales. O Sr. Alexandre Silveira, seu Irmaomals velho, que aos def"\lals Irmaos representa, nAo · cabe em si de contenta­mento.

Receba, Senhor Ministro Jos6 N6rl da Silveira, com D. IIse Maria e com os seus 11-lhos, os cumprimentos. dos juizes e servi­dores do seu Tribunal Federal de Recur­sos. Seja lellz, Ministro José Néri. Que Deus o Guarde, Inspire e proteja, por toda a vida.

O Exmo. Sr. Doutor Mauricio Corrêa (Pre­sidente do Conselho da Ordem dos Advo­gados - Seçlo do Distrito Federal): - Por nosso intermédio a Ordem dos Advogados do . Brasil - Seçlo do Distrito Federal se Associa às justas homenagens Que sao prestadas ao eminente Ministro José Néri da Silveira. .

Durante o último biênio em que sua Ex­celência pontificou como Presidente desta Corte, a ·classe dos advogados sentiu-se sempre prestigiada por repetidos gestos de cortesia e cavalheirismo.

A admlraçlo e respeito que nutrimos pe­lO insigne Juiz decorrem da seriedade com que dirigiu este Tribunal, com a marca de sua personalidade de homem que soube li­gar os pesados Onus da judicatura a um ad­mlr'vel tlroclnlo admlnls.tratlvo Que deu 11 Casa um semblante diferente, imprimindo em todos os seus setores uma nova estru­tura de trabalho e açao.

Os juizes no seu ali dl.irlo, érduo e In­grato, estudando, pesqulsllndo e meditan­do, de um modo geral nao têm O reconhe­cimento da sociedade, que desconhecen­do a mlsalo do maqlstrado, Ignoram o seu alto e relevante pepel dentro da organlza­çlo polltlca do Estado, na tarela que de­senvolvem par. a prestaçlo jurisdicional.

Esse snonlmato a que estio relegados, no entanto, nao passa desapercebido aos advogedos, sócios deste . mesmo. con­domlnlo· dlllcll de ser entendido; que 6 o Poder Judlcl.irlo, e por Isso ·mesmo ren­dem, como juizes dos juizes, o seu preito de gratld.o Aqueles qUe, como o Ministro Jos6 Néri da Silveira, entregaram-se e se doaram 6 causa da Justiça; com O sacrlllclo constante de seus Interesses particulares, da lamllla e do pr6prlo lazer.

Vossa excelêncla ao se desligar desta Corte, e por merecido ·prêmlo galga as cu­miadas do Judlcl.irio, ocupandO uma cadei­ra no Supremo Tribunal Federal, deixa-nos um exemplo digno de ImltaçAo. que 101 aquele Imposto pela consciência de sua dedlcaçao e trabalho no aprimoramento da causa da Justiça.

Estao certos os advogados de que a con­trlbulçao que dará V. Exa. li Suprema Corte

nlo se circunscreverá a08. alazlltes es­peclflcos da judicatura mas ainda Mais lon­ge, no vislumbre das altas QuestOes rele­vêntas ao aperfeiçoamento do SIstema Ju­dlclérlo Nacional, . Com a nomeaçlo do :Minlstro Leltlo de

Abreu para a chella da Casa Civil da Presi­dência da República, Reacende-se o deba­te em torno do Intrincado problema perti­nente 11. relorma do Poder Judlcl6rlo.

E hora de aproveitar-se da particlpaçlo . no poder de que conhecem a nossa justiça para uma nova tentativa de sua reestrutura­Çao, a 11m de que ele possa ser cada vez mais respeitado e admirado por todos.

A experiência que um honrado Juiz ad­qUiriu no trato diário dos problemas admi­nistrativos da Justiça, Indlca-o como um grande baloarte, Que haverá de batalhar pa­ra que a relorma do Poder Judlclérlo seja repensada, compallblllzando-B com as rea­lidades modernas do · Brasil, de tal sorte, Igualmente, que se mexa em suas base·s, na Primeira InstAncla·, em um novo ritmo se Imprima, para que o povo creia na InstituI­çlo atual que Integramos.

Que V. Exa. tenha uma judicatura ventu­rosa e seja lértll o seu trabalho, em be­nllllclo de um Júdlclárlo menos obsoleto e mais c6lere.

O Exmo. Sr. Doutor Geraldo Andrade Fonteles (Subprocurador-Geral da RepúblI­ca): -Em nome do Ministério Público Fe-. deral, ao qual nos honramos em pertencer, aqui estamos, presentes ao evento de des­pedida .desse . EgrégiO Tribunal ·Federal de Recursos, do insigne Ministro José Néri da Silveira.

Rendemos ao eminente Integrante da Superior Magistratura Brasileira o trlburo caloroso de nosso elevado apreço, respei­to e reconhl!Clmento · ao trabalho, ao sa­crlflcio e, at6, li obstlnaçao com que a "ua tarela 101 até aqui cumprida plena de equlllbrlo, cl6ncla, sensatez e êxito,· Ainda, como representante do Ministério Público, devo acrescentar. qual mlsslon6rlo da abraaAo: S. Exa. cumpriu duas etapas na Justiça Fe.deral, uma jornada gradual · lol vencida, mas missão nAo terminou. V. Exa. Sr. Ministro José N6rl da Silveira, esta yol­vendo à outra e · última escalonada, que se coloca no topo da colina, onde se sedla o Are6pago d'a Justiça. Aqui, como em Ate­nas, o Supremo Colegiado se celebrlza pe­la retidlo, sabedoria e a quase onisciência na proclam«Çao do Direito, tanto que o .su­mula como normatlvl<!ade deste.

Que o venlo seja recebido como um ho­sana nesta alvorada de transmutaçAo da vI­da pétrla.

Sim, Ilustre Ministro José. Néri da Silvei­ra. temos a IntuiçAo de que a sua imagem 101 talhada .. lelçao para Ingressar na Su­prema Corte, precisamente no momento

• hlst6rlco. qulçé traçada pela predestlnaçlo de aua- vlda. Qualquer colSIl me diz, como já lhe dissera hé algum tempo antecipando o alvissareiro acontecimento, que V. Exa. esti dotado de habilidade e persplc6cla na captaçlo e percepçlo dos problemas jurldlcos-soclals e apto à adequaçlo de suas soluçOes.

Para o Mlnlstérlei Público; se'" uma es­perança a mais,. a sua valiosa contrlbulçlo junto a outros Integrantes da Suprema Cor­te, a conhecer as nosaas carências, a '!xemplo dos Ministros O6clo Miranda, Mo­reira Alves, Firmino Paz e o próprio Presi­dente Xavier de Albuquerque, que os che­lia.

Estamos certos, repltoi em que se torna­r' um valor pertinaz na luta para colocar o Mlnlstêrto Público lora do desterro, a que lhe destinou a contum'cla burocr'tlca. tratando-o como · um mero 6rglo da adml­nlstraçlo pública e nao como uma Instltul­çlo que serve Igualmente aos três Poderes da Repúbllcs. como IIscal da. lei e guardllo dos prlnclplos constitucionais. Todos reco­nhecem que o desempenho do Ministério Público sltua-se na marcha cadenciada com os 6rglos da Justiça, mormente quan­do aliciam junto à Justiça Federal. O mo­mento, pois, é oportuno, para exame apro­lundado de seu posicionamento, por oca­slao da relorma do Judlclério, dando-se-Ihe o. provimento de condlçOes materiais, hle-

SEXTA~FEIRA. 1l .DEZ 1981

ràrQulcas e ad8Quadas ao seu cabal de­sempenhO.

Conc<ida-me, Sr. Ministro José Néri da Silveira, a prerrogativa de prOClamar que V. Exa. exerceu sobre o meu esplrlto, em re­laçlo ao mlllgar as dlllculdades de acelera­mento dos pronunciamentos da Subprocu­radoria Geral da República e daspr6prlas declS6es deste Egr6gio Tribunal Federal de Recursos, uma Inlluêncla marcante e SI­lenciosa, a tal ponto, creia-me, que me Im­pus grande sacrlllclo, quase que alimenta­do unicamente pela mlstica da fé, na cren­ça de dias melhores para aquela instituI­çlo.

Eis o por quê do exulto de minha satlsla­çao pela oportunidade deste ensejo, nao para conllrmar a minha admlraçlo pessoal, mas para dela exaltar o Que se avolume e cresce aos meus olhos na análise de sua personalidade, na qual vislumbro uma lor­ça Imbatlvel na trajet6rla, que vai da res­ponsabilidade assumida at6 a ultlmaçlo das determlnaçOes concebidas em rumo do Ideal.

Sente-se e constata-se que V. Exa. amoldou-se em cadela de virtudes tais que, embora dela reaultem pesados lardos, en­contra sempre lorças para exigir de seu . pr6prlo eu o máxlmQ de trabalho, a subll­maçlo do empenho e do desvelo, a obstl­naçao de cuidado em busca do certo. Esplrito escnlpuloso, mente sadia e crlstl, sempre pertustrou a laboriosa e prollcua carreira de magistrado. O respeito à lei, aem Ignorar a realidade, para encontrar a . verdade ou para lazer a justiça mais perfei­ta sempre 101 uma caracterlstlca em sua vi­da. E de por-se em destaque, tamb6m, a humildade de seus gestos, lator convin­cente quando parte de quem 110 ascendra­dos valores revela. Eu mesmo o testemu­nho: quando consultado por V. Exa. sobre a IIxaçio de provIdências a serem adota­das, e o foram, na elaboraçlo do atual Re­gimento Interno desta Corte de Justiça, na Presidência de V. Exa. no Que se relaciona­va com a tramltaçlo de processos, IIxaçlo de alçada pelo valor da questlo e natureza do leito, a IIndar-se em Primeira Instlncla, ou a exclulrem-se do duplo grau de jurlsdl­çlo. Providências que aplaudi, conquanto, uma ponderaçao que lhe liz. de ·que ressal­vasse em todos os casos a prerrogativa do Ministério Público de obter vista dos. autos pera manifestar-se, se assim o entendes­se, 101 Inclulda na normallvldade regimen-tal. .

Regozljo-me em ter atendido as pondera­çOes de V. Exa. para liberar com aliciamen­tos sumários processos de 6rglos paraes­tatais, descongestionando o armazena­mento de processos na Subprocuradorta Geral da República. Por outro lado. curvo­me ao dever de gratldlo pelo estimulo de olerecer ao Mlnlst6rlo Público relaçOes de processos de mat6r1a Idêntica para lacllltar e abreviar os pareceres da Subprocurado­ria Geral da República.

Por tudo Isso e multas outras atitudes deste já ez minha admlraç,o se justifica, nlo como ato de mera adedo aos encO­mlos Que lhe alo trtbutados, porém, como algo prolundo, QUIO verdadeiramente no­bre. Permltl-me, ainda, allrmar-Ihe com as palavras do meu ex~hele, Prolessor Henri­que Fonseca de AraújO, seu . Ilustre co­·estaduano, ao profiunclar discurso na des­pedida do eminente Ministro EI61 da Ro­cha: "Aqui, ao seu tadO, como represen­tante do Mlnlst6r1o Público, pude testemu­nhar suas raras virtudes de magistrado cul­to, justo e exegeta sem Igual e - acres­cento eu - slntetlzador preciso, conciso e claro das deelsOes proleridas, constltulndo-se Ilgura exponencial entre os seus Pares, merecedor de respeito e aca­tamento de todos os riograndenses", a que adito: de todos os brasileiros.

. Já que estou penetrando na convlvênclà dos gaúchos, trato a baila mais uma apre­claçlo de velho autor de cabeçelra, o escri­tor Humberto de Campos, ao traçar em seus "Perfis" a silhueta· de outro nolével riograndense, James Darci, a' quem dedi­cou este arremate, que se casa com meu modo de sentir, sobre o desempenho de V. Exa. na área.jurldlca: "Por toda parte, vai o grande magistrado, deixando, como os na-

Page 3: Tribunal Fed~al de-'Recursos · Bajé, que "o amor é um fogo que se extin gue quando não se comunica a outros, - repito as palavras do menino - ou jovem polltico de 20 anos, presidente

·_ .. ; ,

SEXTA-FEIRA, 11 DEZ 1981 DIÁRIO DA JUSTiÇA '

oabos indianos, punhados de pedrarias, ar- conflitos com o poder. preteçllo e justa sal­rancados do teso'uro do seu talento, da sua , v.guarda. culTUra. da suaimaglnaçllo." Conpletando NAo posso deixar. neste momento. de a apologIa do eSCritor Maranhense, áQuele , evocar amem6rla do Ministro Amarlllo seu conterrAneo~ para mim, V. Exa .• como Benjamin. Que me recebei. com toda a ele .·era o c~valelro medieval, de armas po- imensidlo ·de sua bondosa alma baiana, no lidas, manelando a espadada e a lança com Tribunal. a 9 de dezembro de 1969. e quiS o galhardIa. m,:,s , ao mesmc t"''!IPo. com a Senhor; no insondável de seus designlos. elegânCIa classlca . dos paladInos , assIm me ·coubesse , a 20 de agosto de 1979, como. V. Exa. maneia a caneta, os C6dlgos acompanhá-lo. entlo Presidente da Corte. e o Direito. Juntamente com .outros colegas e sua

Por fim, eminente Ministro José Néri da famllia. à última moradia, na Bahia. Que ele Silveira. aflora-se-me uma indagaçlio apa- amava. 'inexcedlvelmente. Também à figura rentemente paradoxal . emergente da hist6- de meu fraternal amigo Hermillo Galant ria bibllca. Que nlo reluto em fazê-Ia; "Quo rendo preito de saudade. neste momento vadls Domine?" E como no famoso roman· . de coração. Fol~Mtnlstro do Tribunal, Que ce de Slekienvicz , escuto do vulto indaga- por aqui passou. em 1980, como um mete0-do. de sua mansidão serena, e com pene· ro; deixando o vivíssimo rastro luminoso da trada: " Vou à colina do Are6pago. para Que bondade. que é a s6 linguagem universal; se complete o cumprimento da missAo.on- Intellglvel a todas as Idades e a todas as de oferecerei. como neste Tribunal, nova- criaturas humanas. mente. o melh.or dos meus. ~acrlfic!os .e. Porque nao me despeço do Tribunal Fe­ali, tal ~omo Cristo. para glOrifIcar a fe Crls: deral de Recursos. nao deixarei. também. til , motIvando seu dlsclPulo. Pedro. estareI de ~iver a Justiça Federal de Primeira Ins­a fortalecer o exemplo fortlflcador Quep~s- tAncia, a Que dediquei as primicias de ml­sa re~taurar os 6rglos do·POder JUdICIáriO, nha judicatura e aprendi a admirar ainda do MIOIst,éno PublICO. para a grandeza do mais, ao visitar, nli Pais Inteiro, as SeçOes Ideal de Justlça'"tllo acal\!ntado pelo povo Judiciárias. ao longo de meu perlOdo de de nossa Pátria. . Presidente do Conselho da Justiça Fede-

Obrigado. ral, testemunhando oespirlto que consoli­O Exmo. Senhor Ministro José Néri da

Silveira: - Bem podeis avaliar quão pleno de emoçOes a, para mim, este instante. To­

,do o passado de mais de onze anos de mi· nha vida nesta Corte marca, aqui, sua pre· senca. neste ato de bondade. Á dádiva nin­guém poderá previamente arrogar-se direi­to. Severa é; porém , a palavra evangélica: àquele, a Quem muito foi dado, muito se lhe exigirá (Lc, 12,48).

E, em realidade, esta sessão espedal convocada pelo ilustre Preside te do Tribu­nal, Ministro Jarbas Nobre, um' instante de dádiva. Que. por si só. entretanto. significa , para mim, reflexo de eternidade a Que con­duz. porque, sendo obra. do amor e da ami­zade, permanece, para sempre (1. Co·r. 13,8). Assim reencontrados. cria-se-me a oportunidade de passar a limpo esses anos, numa meditação acerca de suas defl· ciências, para reconstltul-Ios segundO a vo­çaçAo ínsita no ser humano, Que é o aperfeiçoar-se. para dar em maior plenitu­de, para servir à causa dos Irmlos, com mais amor, para compreendê-lo~ na sua grandeza e julgá-los nas suas franquezas também com mlseric6rdla, porque é pela misericOridia somente Que se pode com­pletar a justiça. e. por ela. apenas. podem os homens da lei responder à objurgaçlo evangélica: "ai de vOs, doutores da Lei , porque onerais os homens com ônus Que nAo podem suportar" (Lc. 11 ,46).

Que poderei eu , de outraparte. dizer. nu­ma hora Que tem formalmente o caráter de uma despedida?

Por primeiro. afirmo: nlo me despedirei do Tribunal Federal de Recursos. Quem ama nAo se despede do ente Querido. ain· da Quando deva partir. Despedida impli,ca separaçlo. E: este Tribunal. hoje. parte de meu ser. dele indissociável. Meucoraçllo há de guardá-lo com o mesmo amor e ad­miraç!o com Que o servi , até Quase os ex­tremos limites de·mlnhas forças. e estou convicto de que o Senhor me permitirá continuar, de outra forma, a seu serviço, acompanhando-o na sua grandez, que sei e lhe desejo sempre maior, e nas vicissitu­des, também possíveis, porque obra huma­na.

A todos os eminentes colegas . sem ex­cluir a nenhum, e aos .hoje aposentados , minhas palavras silo de profunda gratidllo pelo Que recebi de seu ,saber jurldico, de sua exemplar conduta de magistrados. de sua fidalguia. disso resultando o privilégio de uma convivência que me enriqueceu o espírito e suaviza o diuturno trabalho fati­gante de quem exerce o duro oficio de jul­gar nesla Corte Superior da Naçlo. ' Afloram-me reminiscências de gestos de nobreza, de dedicaçlio e amor à causa da Justiça, que, dia-a-dia, tive a ventura de lestemunhar 'nesta Casa e compOem suas tradiçOes, proclamadas pelo Pais inteiro, da Tribunal ilustre . austero , independente e operoso. onde os direitos dos cidadaos e :l liberdade encontram, nas suas tensões e

dou. em tao curto lapso de tempo. a "nsll­tutçlo restauradora e cujo aperfeiçoamen· to de sua estrutura, como a ampliação do Quadro de Juí.zes e funcionários, há de torná-Ia modelar entre os Orglos de primei­ro grau do Poder Judiciário brasileiro.

Aos funcionários do Tribunal. desde os mais graduados até os mais modestos na hierarquia funcionai . todos zelosos e abne-' gados, muito agradeço a constante colabo­'raçlo. reaflrmando·lhe~ minha amizade.

Senhores Ministros. Ao afastar-me da concebraçlo ' diária que, nesta Corte, se realiza, do ofício de administrar a Justiça, no EfXercício do poder, parto coma minha convlcçlo fortalecida. nestes Quase doze anos de judicatura. no Tribunal Federal de Reçursos. de que o mistério do poder é slmplesmerite o 'mistério do amor. Se a Justiça concerne ao exercício do poder. a essência deste há de ser o amor, o serviço aos outros. Meu propOslto nAo sera diver­so, no Supremo Tribunal Federal, daquele Que me inspirou, cada dia. nesta casa, a prática de jUlgar os atos dos semelhantes e dos exercentes do poder. O Insaciável de­sejo de conhecer a verdade. notadamente. quandO ela respeita aos supremos interes­ses da pessoa humana e de seu convlvio. li segurança das relaçOes jurldicas e à paz social. ha de continuar. espero em Deus, animando-me ,os atos, de forma especial, pela inexcedlvel responsabilidade de deci­dir. Irrecorrivelmente. em julgados definiti­vos .

E: certo Que a preocupaçao com a unifor­midade da Interpretaçlo do direito federal. a partir da jurisprudência do Supremo Tri­bunal Federal. tem sido uma constante na f"se repUblicana. cabendo ao Alto Tribunal , outrossim. a guarda da Constituiçlo. dando a palavra final e conclusiva sobre o Que se­ja ou nao seja constitucional. Cresce de ponto. a meu pensar. a responsabilidade de seus Juizes, entretanto. Quando, a esse Tribunal. como último reduto de garantias dOS direitos e das liberdades. incumbe co­nhecer das súplicas dos desprotegidos Ou perseguidOS por todas as formás de poder. Neste mundo de Incertezas e de sede de Justiça. cada vez mals a preocupacao com o homem e a sua felicidade deve estar no centro de indagaçAo dos Que recebem o encargo de exercer o poder e tio mais In· tensa Quanto mais elevada e definitiva for á. autoridade da decislo.

Agradeço ao emlna'nte Ministro Carlos Mário da Silva Velloso as palavras cheias de amizade, Que me comoveram.

Ao Ilustre Subprocurador-Geral da Repú­blica, Or. Geraldo Andrade Fonteles , sou reconhecido por sua ge'nerosa oJaçAo, sau· dando, em S. Exa., outrossim, neste Ins­tante. o Ministério Público Federal. probo e ze1080, junto a ,esta Corte. Ao Oro Mauricio Corrêa, ilustre Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. Seçao do Distrito Fe­deral , dirijo, também , sensibilizado , meu cordial. agradecimento. reafirmando-lhe o

Que já disse. alhures. sobre a minha adml­raçlo ánobr'l classe ' dos advogados. de que me honro tle aer egresso, apOs um dec cênio de exerclclo da advocacia limitante.

Nlo posso encerrar estas palavras. Que nAo têm o sentido de um discurso. mas apenas o caráter de um enunciado do cora­Çao , sem voltar o pensamento ao meu Rio Grande do Sul, hoje. aqui , representado, por seu Secretário da Justiça. Or. Celesti­no Goulart; por seu Juiz Federal. culto e honrado. Oro HervaRdll Fagundes; pelo Pre­sidente da suaSeçAo da Ordem dos Advo­gados do Brasil , Oro José Mariano de Frei­tas Beck. e outros ilustres ad,vogados. e tantos amigos. O filho do Rio Grande do Sul, que ora se afasta, nos termos em Que disse. do Tribunal Federal de Recursos. sentiu a emoçlo' profunda de receber das autoridades de sua terra e de um Incontá­vel número de coealaduanos à manlfesta­çAo de confiança e, regozijo pela nOva In­vestidura e reafirma seu compromisso de honra de envldar tOdos os esforços para nAo deslustrar as tradiçOes do Juiz e dos homens públicos de seu Estado. preocupa­dos sempre 'com os interesses maiores do bem comum e da Jusiiça. A toga. Que o Governo do Rio Grande do Sul teve a genti­leza de me oferecer I para a posse e atos de meu ministério no Supremo Tribunal Fe­deral. hei de guardá-Ia e usá-Ia. nio s6 co­mo veste talar, mas também Qual autêntico slmbolo desse compromisso de bem servir ao Brasil. . . ,

Ao agradecer a Deus a felicidade de ter oficiado por Quase doze anos do Tribunal Federal de Recursos e pedir faça fellzés os Que aqui permanecem e suas 'amillas. ro­go a meus queridos e cada vez mais saudo­sos pais. Que, estou certo, têm um lugar no Reino do Senhor, me assistam tambée com sua súplica, para Que. no Supremo Tribunal Federal. seja digno representante das tra­dlçOes deste Colégio Judiciário e de meu Estado. contribuindo no sentido de o Alto Tribunal prosseguir fazendo Justiça. com amor.

O Exmo. Sr. Ministro Jarbas Nobre (Pre­sidente): - Minhas Senhoras, Meus Se­nhores. Externo minha gratldlo pela pre­sença. Relativamente ao Sr. Ministro José Néri da Silveira. ele disse uma verdade: o Tribunal Federal de Recursos continuará a ser sua Casa. Porque Isto é certo. faça dela o Que Quiser, volte sempre que puder e Qulzer.

Este Tribunal. por meu intermédio, a to­dos - autoridades. advogadOS, Magistra­dos, Membros do Ministério Público. Se­nhoras Senhores - agradece de coraçAo a presença de aqui estarem. Aviso Que. aproveitando a oportunidade. faremos Inaugurar na Galeria dos , Ex-presidentes. no salAo Nobre. o retrato de Sua Excelên­cia. o Senhor .Mlnlstro' José Néri da Silvei­ra. EstAo todos convidados para esta sole­nidade.

Declaro encerrada a Sessao!

Além das Que compuseram a Mesa, esti­veram presentes as seguintes autoridades: ilustríssimo Senhor Doutor José Mariano de' Freitas Bechr. Presidente da Seçllo Gaucha da Ordem dos AdvogadOS do Bra­sil; lIustrlsslmo Senho~ Doutor Mauricio Corrêa. Presidente da Ordem dos Advoga­dOS do Brasil . SeçAo do Distrito Federal; lIustrissimo Senhor Doutor Luiz Carlos Bet­tiol; Excelenllsslmos Senhores Ministros' aposentadOS do Tribunal; Juizes Federais ; Subproçuradores-Gerals da República; Juiz Representante do Primeiro Tribunal de Al­çada Civil de Slo SAo Paulo; Advogados ; Serventuarios da Justiça e familiares.

Encerrou-se a sessao às 18:00 horas.

Tribunal Federal , de Recursos, 30 de agosto de 191. - Ministro Jarbas Nobre. Presidente- Bel. ,%HJosé Alves Paullno. 6ecretário do Plenário. .

ATA DA 35~ SESSAo OROINARIA, EM 26 DE NOVEMBRO DE 1981

Presidência do Exmo. Sr. Ministro Jarbas Nobre. SubprocuradorGeral da República, O Exmo. Sr. Oro AntAo Gomes Vallm Teixei­ra: Secretário do Plenário, Bel. José Alves Paulino.

' 12613

As treze horas e trinta minutos. presen­tes os Exmos. Srs. Ministros Armando Ro­lemberg, Moacir Catunda, Peçanha Mar­tins. Aldlr G. Passarinho. José Dantas. lau­ro Leltao. Carlos Madeira. Gueiros Leite. Washington Bollvar. Torrelo Braz. Carlos Mário Velloso. JustinoRibeiro. 0110 Rocha. Wilson Gonçalves. Wllliam Patterson. Ad­hemar Raymundo. Romlldo Bueno de Sou­za. Pereira de Paiva. SebastlAo Reis. Mi­guel JerOnymo Ferrante. .José Cândido. Pedro Acloll. Amérlco Luz. AntOnio de Pá­dua Ribeiro e FlaQuer Scartezzlnl. foi aber­ta aSesslo.

Lida e nAo impugnada foi aprovada a ata da SessAo anterior.

JU.I.GAMENTOS

HC 5188-0F (3335291) - ReI.: Sr. Ministro . Moacir Catunda. Paciente: Chan Chln Chih. Autoridade Coatora: Exmo. Sr. Ministro de Estado da Justiça. Impetrante: Hélio de Oli­veira Machado. Rejeitada a preliminar de conheclmento •. o Tribunal, por unanimida­de de votos, deferiu o pedido de h.eas corpus, para anular a prislo administrativa e determinar a devoluçAo do "Ialssez­passer" do paciente. sem prejulzo do In­Quérito administrativo visando a sua expul­Sa0. O Tribunal, ainda por unanimidade, deferiu o pedido de expedlçAo de alvará de soltura por telex.

Inc. Unll. Jur. AC 48.308 - RJ (3040364)­ReI.: Sr. Ministro Peçanha Martins. Apelan­te: Joslas Cunha e Outros. Apelada: UnlAo Federal. Ado .: Sinval Palmeira, O Tribunal, por maioria. vencidos os Srs. Ministros Re­lator, Washington BoUvar. JusUno Ribeiro, Miguel JerOnymo Ferrilnte, José Cindido. Pedro Acloll e AntOnio de Pádua 'Ribeiro, decidiu pela competência da 1~ Seçlo para apreciar o incidente de unilormlzaçlo, In­dependentemente de acOrdlo.

Inc. Unll. Jur. AC 59.413 - 'RJ, (3020118)­ReI.: Sr: Ministro Peçanha MarUns. Apelan­te: Vlrmano Vieira e Outros. Apelada: Unlao Federal. Adv.: Victor Frederico Kas­trup. O Tribunal, por mairia, vencidos os Srs. Ministros Relator, Washington Sollvar, Justino Ribeiro, Miguel Jerõnymo Ferran­te. JO~ Cindido, Pedro Acloll e AntOnio

' de Pádlia Ribeiro, decidiu pela competên­cia da 1 ~ SeçAo para apreciar o incidente de unilorrnlzaçAo Independentemente de acOrdA0.

Arg. de Inconst. AC 60.789 - MG (3126145) - ReI.: Sr. Ministro Carlos Mário Velloso. Apelante: Instituto Nacional de ColonlzaçAo e Reforma Agrária - INCRA. Apelada: Prefeitura Municipal de Ouro Pre­to. Advs. : Adeson Celestino de SantO Ana e AntOnio M. Cartaxo Esmerafdo (Apte) Oro Vor Queroz Júnior (Apdo). O Tribunal, por unanimidade, julgou prejudicada a argOI­çAo de inconstitucionalidade dos arts. 85, ~ 3~. do CTN e 4~ do Decreto-lei 57/66. tendo em vista a decislo do Plenário proferida nos autos á Turma para apreciar a matéria residual.

MS 92.988-0F (3302300)- ReI. : Sr. Minis­tro AntOnio de Pádua Ribeiro. Requerente: Francisco Pereira do Nascimento. Requeri­do: Exmo. Sr. Ministro de Estado do Exér­cito. Adv.: Maria Vllany Lucas. O Tribunal. por unanimidade. denegou o mandado de segurança.

MS 93.743-0F (3316626) - ReI.: Sr. Minis­tro Amérlco Luz, Requerente: Ana Tereza Silva de Alencar e Outros . Requerido: Ex­mo. Sr. Ministro de ,Estado do Trabalho. Adv.: Josevaldo cardoso de Lima. Após o voto do Sr. Ministro Relator. julgando os impetrantes carecedores da açAo e decla­rando extinto o processo. pediu vista dos autos o Sr. Ministro AntOnio de Padua Ri-beifo. '

MS 94.49B-OF (3327779) - ReI. : Sr. Minis­tro Jusllno Ribeiro. Requerente: Leonildo Rampanl e Outro. Requerido: Exmo. Sr. Mi­nistro de Estado da Fazenda. Adv.: Mariul­za ·Franco e Outros. O Tribunal, por unani­midade. concedeu o mandado de seguran­ça. Sustentaçllo oral Ora. Mariulza Franco.

Sumula da , Jurisprudência do Tribunal Federal de Recursos

O Tribunal , por unanimidade de votos. aprovou os enunciados das Súmulas 102 e 103