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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ACÓRDÃO N. 3 0 6 6 7 PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 Relator: Juiz Alcides Vettorazzi Requerente: João Luiz Rodrigues - PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO. - AUSÊNCIA DA ASSINATURA DO CONTADOR NO EXTRATO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXTRATO ASSINADO APENAS PELO CANDIDATO - IRREGULARIDADE RELEVADA. A ausência de assinatura do contador no extrato de prestação de contas constitui falha meramente formal. Precedentes: Acórdãos n. 30.495, de 25/03/2015, e n. 30.355, de 16/12/2014, ambos da relataria do Juiz Carlos Vicente da Rosa Góes. - NÃO APRESENTAÇÃO DOS EXTRATOS BANCÁRIOS DA CONTA DE CAMPANHA - IRREGULARIDADE GRAVE - CASO CONCRETO - ANÁLISE DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VIABILIZADA PELOS EXTRATOS ELETRÔNICOS - NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS - ANOTAÇÃO DE RESSALVA. A não apresentação dos extratos bancários da conta de campanha compromete gravemente a regularidade das contas, pois impede a verificação, pela Justiça Eleitoral, da alegada ausência de movimentação financeira do candidato. Entretanto, no caso concreto, a análise da movimentação financeira foi viabilizada pelos extratos eletrônicos, razão pela qual a irregularidade merece apenas a aposição de ressalva, pela não apresentação de documentos que, na dicção do art. 40, II, "a", da Resolução TSE n. 23.406/2014, eram obrigatórios. - NÃO APRESENTAÇÃO DO RECIBO ELEITORAL E DOS DOCUMENTOS QUE COMPROVAM A AVALIAÇÃO DE RECURSO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - SERVIÇO DE ADVOGADO - IRREGULARIDADE QUE NÃO SUBSISTE. Os serviços prestados tanto por advogado quanto por contador não necessitam ser contabilizados nas contas, porque não se destinam à promoção da candidatura. Precedentes: Acórdão n. 28.744, de 02/10/2013, Relator Juiz Ivorí da Silva Scheffer; e Acórdão n. 28.267, de 09/09/2013, Relator Juiz Hélio do Valle Pereira). - DOAÇÃO DECLARADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS, PORÉM NÃO CONTABILIZADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS

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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ACÓRDÃO N. 3 0 6 6 7

PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 Relator: Juiz Alcides Vettorazzi Requerente: João Luiz Rodrigues

- PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO.

- AUSÊNCIA DA ASSINATURA DO CONTADOR NO EXTRATO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS - EXTRATO ASSINADO APENAS PELO CANDIDATO - IRREGULARIDADE RELEVADA.

A ausência de assinatura do contador no extrato de prestação de contas constitui falha meramente formal. Precedentes: Acórdãos n. 30.495, de 25/03/2015, e n. 30.355, de 16/12/2014, ambos da relataria do Juiz Carlos Vicente da Rosa Góes.

- NÃO APRESENTAÇÃO DOS EXTRATOS BANCÁRIOS DA CONTA DE CAMPANHA - IRREGULARIDADE GRAVE - CASO CONCRETO - ANÁLISE DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA VIABILIZADA PELOS EXTRATOS ELETRÔNICOS - NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS -ANOTAÇÃO DE RESSALVA.

A não apresentação dos extratos bancários da conta de campanha compromete gravemente a regularidade das contas, pois impede a verificação, pela Justiça Eleitoral, da alegada ausência de movimentação financeira do candidato.

Entretanto, no caso concreto, a análise da movimentação financeira foi viabilizada pelos extratos eletrônicos, razão pela qual a irregularidade merece apenas a aposição de ressalva, pela não apresentação de documentos que, na dicção do art. 40, II, "a", da Resolução TSE n. 23.406/2014, eram obrigatórios.

- NÃO APRESENTAÇÃO DO RECIBO ELEITORAL E DOS DOCUMENTOS QUE COMPROVAM A AVALIAÇÃO DE RECURSO ESTIMÁVEL EM DINHEIRO - SERVIÇO DE ADVOGADO - IRREGULARIDADE QUE NÃO SUBSISTE.

Os serviços prestados tanto por advogado quanto por contador não necessitam ser contabilizados nas contas, porque não se destinam à promoção da candidatura. Precedentes: Acórdão n. 28.744, de 02/10/2013, Relator Juiz Ivorí da Silva Scheffer; e Acórdão n. 28.267, de 09/09/2013, Relator Juiz Hélio do Valle Pereira).

- DOAÇÃO DECLARADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS, PORÉM NÃO CONTABILIZADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

DO PARTIDO DOADOR - PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO - DESAPROVAÇÃO.

Não havendo registro, na prestação de contas do partido apontado como doador, da doação de serviços relativos à produção de programas para o horário eleitoral a nenhum de seus candidatos, nem do pagamento de despesa dessa natureza, configura-se irregularidade grave, que enseja a desaprovação das contas, a não apresentação, pelo candidato, de esclarecimentos relativos à contabilização de doação não assumida pelo partido doador, pois afeta a confiabilidade das contas e impede a Justiça Eleitoral de conhecer a origem de recurso utilizado em campanha.

- EXISTÊNCIA DE GASTOS DE CAMPANHA NÃO COMPROVADOS POR DOCUMENTAÇÃO FISCAL DESAPROVAÇÃO.

Desaprovam-se as contas quando não é apresentada documentação fiscal para comprovar as despesas realizadas, mormente quando o valor desses gastos for significativo em relação ao montante de recursos movimentados em campanha -33,30%, no caso concreto.

- PAGAMENTOS, EM ESPÉCIE, DE DESPESAS COM VALORES SUPERIORES A R$ 400,00 E AUSÊNCIA DE REGISTRO DA CONSTITUIÇÃO DE FUNDO DE CAIXA - DESAPROVAÇÃO.

O pagamento, em espécie, de despesas que não podem ser consideradas de pequeno valor, nos termos do disposto no § 4o

do art. 31 da Resolução TSE n. 23.406/2014, assim como o pagamento de todas as despesas mediante saques na conta bancária, sem a constituição de Fundo de Caixa, constituem irregularidades que prejudicam a confiabilidade das contas, impondo sua desaprovação.

- DIVERGÊNCIA ENTRE OS DADOS DE FORNECEDOR ANOTADOS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS E OS REGISTROS DA BASE DE DADOS DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - AUSÊNCIA DE ESCLARECIMENTO - DESAPROVAÇÃO.

Não apresentados esclarecimentos sobre a inconsistência entre os dados do fornecedor constantes da prestação de contas e as informações extraídas da base de dados da Secretaria da Receita Federal, impõe-se a desaprovação das contas.

- OMISSÃO, NA SEGUNDA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL, DE DESPESAS JÁ CONCRETIZADAS À ÉPOCA DO ENCAMINHAMENTO DOS RELATÓRIOS À JUSTIÇA ELEITORAL, REGISTRADAS APENAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS FINAL - ANOTAÇÃO DE RESSALVA.

A omissão, nas prestações de contas parciais, de receitas e despesas já realizadas não ocasiona a desaprovação das contas,

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

mas apenas a aposição de ressalva, desde que, como no caso concreto, não evidencie a existência de má-fé nem caracterize irregularidade mais grave. Precedente: Acórdão n. 30.438, de 25/02/2015, Relator Juiz Alcides Vettorazzi.

- INCONSISTÊNCIA NO CONFRONTO ENTRE AS INFORMAÇÕES DO CANDIDATO A RESPEITO DE DOAÇÃO INDIRETA POR ELE RECEBIDA E AS INFORMAÇÕES DO PARTIDO DOADOR DIRETO DESSE RECURSO -DIVERGÊNCIA NÃO ESCLARECIDA - DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS.

A ausência de esclarecimentos acerca do doador originário impede a aprovação das contas, pois impossibilita verificar a correção das informações prestadas quanto aos verdadeiros financiadores da campanha eleitoral, frustrando a aferição do que dispõe o art. 39, § 5o, da Lei n. 9.096/1995.

- ABERTURA EXTEMPORÂNEA DA CONTA BANCÁRIA DE CAMPANHA - ANOTAÇÃO DE RESSALVA - PRECEDENTES.

De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, a abertura extemporânea de conta bancária constitui irregularidade que não motiva a desaprovação das contas, mas apenas a anotação de ressalva. Precedentes: Acórdão n. 30.298, de 02/12/2014, Relatora Juíza Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli; Acórdão n. 30.302, de 02/12/2014, Rei. Juiz Alcides Vettorazzi.

- AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DO CPF/CNPJ DO AUTOR DE DEPÓSITOS CONSTATADOS NOS EXTRATOS BANCÁRIOS - DOAÇÕES IDENTIFICADAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DO CANDIDATO E DO PARTIDO DOADOR - ANOTAÇÃO DE RESSALVA.

Apesar da não apresentação de esclarecimentos pelo candidato, no caso concreto foi possível verificar que o autor dos depósitos -únicos nos valores destacados - foi a direção estadual do partido, que registrou a doação em suas contas, merecendo a irregularidade apenas a anotação de ressalva.

- ABERTURA DE UMA SEGUNDA CONTA BANCÁRIA DE CAMPANHA, NÃO INFORMADA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS, E NÃO APRESENTAÇÃO DOS RESPECTIVOS EXTRATOS BANCÁRIOS.

A ausência de informações acerca de uma segunda conta bancária aberta para a campanha, assim como a não apresentação dos respectivos extratos bancários, infirma a confiabilidade das contas, impondo a sua desaprovação, mormente porque pode indicar a existência de movimentação financeira não declarada à Justiça Eleitoral.

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

Vistos, etc.,

A C O R D A M os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em desaprovar as contas, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão.

Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral.

Florianópolis, 6 de maio de 2015.

Juiz ALCIDES VETTORAZZI Relator

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

R E L A T Ó R I O

O candidato a Deputado Estadual João Luiz Rodr igues prestou suas contas relativas às Eleições 2014 eletronicamente e por meio dos documentos das fls. 7-10.

Publicado o edital (fl. 14), não houve impugnação à prestação de contas em exame (fl. 23).

Após analisá-la, a Coordenadoria de Controle Interno (COCIN) emitiu o relatório preliminar das fls. 30-34, solicitando a realização de diligências. Intimado, o candidato não se manifestou (fl. 37). A unidade técnica, então, opinou pela desaprovação das contas (fls. 38-44).

A Procuradoria Regional Eleitoral também se manifestou pela desaprovação das contas (fls. 48-49).

É o relatório.

V O T O

O SENHOR JUIZ ALCIDES VETTORAZZI (Relator):

O relatório conclusivo da Coordenadoria de Controle Interno (COCIN) apontou, em relação às contas do mencionado candidato, catorze irregularidades, que justificariam a desaprovação das contas.

Passo a analisar cada uma delas.

1. Ausência da assinatura do contador no extrato da prestação de contas (item 1.1.1 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

O extrato da prestação de contas foi apresentado à fl. 27. Porém, nele, realmente, não consta a assinatura do contador, em descumprimento ao disposto no art. 33, § 4o, da Resolução TSE n. 23.406/2014, mas apenas a assinatura do candidato.

Todavia, in casu, entendo que a irregularidade não compromete a confiabilidade das contas, pois este Tribunal tem considerado meramente formal a falha, sem nenhuma aptidão para acarretar a desaprovação das contas (Precedentes: Acórdãos n. 30.495, de 25/03/2015, e n. 30.355, de 16/12/2014, ambos da relatoria do Juiz Carlos Vicente da Rosa Góes.

Dito isso, relevo a irregularidade.

2. Não apresentação dos extratos bancários referentes à conta específica da campanha do candidato (itens 1.1.1 e 5.2 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

Esta irregularidade, via de regra, leva à desaprovação das contas de campanha.

Entretanto, no caso concreto, a COCIN registrou que, apesar da não apresentação, a análise da movimentação financeira foi viabilizada pelos extratos eletrônicos, razão pela qual a irregularidade merece apenas a aposição de ressalva, pela não apresentação de documentos que, na dicção do art. 40, li, "a", da Resolução TSE n. 23.406/2014, eram obrigatórios.

3. Não apresentação do recibo eleitoral e dos documentos que comprovam a avaliação dos recursos estimáveis em dinheiro relativos à seguinte doação (item 2.1 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DATA DOADOR CPF/CNPJ NATUREZA DO RECURSO ESTIMÁVEL DOADO

VALOR (R$)

04/10/2014 ROGÉRIO DA SILVA ORTIZ 373.945.259-53 Diversas a especificar 100,00

Trata-se, no caso, de acordo com o demonstrativo de Receitas Estimáveis em Dinheiro que consta do Sistema de Prestação de Contas (SPCE), da doação de serviço de advogado.

Este Tribunal já decidiu em diversos julgados que os serviços prestados por esse profissional não necessitam ser contabilizados nas contas de campanha, porque não se destinam à promoção da candidatura. Não há, dessa forma, irregularidade porque o candidato não estava obrigado a contabilizar tais recursos.

Cito, nessa linha, os seguintes precedentes:

- RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO.

- Despesas com advogado não configuram gastos de campanha, porquanto não se destinam à promoção da candidatura, mas, sim, à defesa do candidato em processo judicial.

- Não acarreta a desaprovação das contas a formalização, após a data da realização do pleito, de doações de bens estimáveis em dinheiro provenientes do comitê financeiro que, pela natureza da despesa, permitam concluir que foram contratadas durante o período eleitoral.

- Constituem falhas meramente formais a ausência de contabilização de receita de valor ínfimo que transitou pela conta bancária de campanha e a divergência, em razão do mesmo valor, entre a arrecadação declarada no relatório parcial de prestação de contas e a contabilidade final.

- A ausência de contabilização, pelo comitê financeiro doador, não enseja a desaprovação das contas do candidato, mormente quando as doações estão comprovadas por recibos eleitorais e outros documentos fiscais que as

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FI.

TRESC

PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

(Acórdão n. 28.744, de 02/10/2013, Relator Juiz Ivorí da Silva Scheffer -original sem grifos).

RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS - COMITÊ FINANCEIRO E DIRETÓRIO MUNICIPAL DE PARTIDO - DESAPROVAÇÃO - NÃO APRESENTAÇÃO DE ALGUMAS PEÇAS, QUE FORAM TRAZIDAS EM GRAU DE RECURSO - POSSIBILIDADE - INTERPRETAÇÃO DO ART. 266 DO CÓDIGO ELEITORAL - SANEAMENTO DAS OMISSÕES.

FALTA DE REGISTRO ACERCA DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS POR ADVOGADO CONSTITUÍDO NOS AUTOS E POR CONTADOR QUE ADMINISTROU A CONTABILIDADE - GASTOS QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS DESPESAS DE CAMPANHA - PROVIMENTO DO RECURSO PARA APROVAR AS CONTAS.

(Acórdão n. 28.267, de 09/09/2013, Relator Juiz Hélio do Valle Pereira -originai sem grifos).

- RECURSO - PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2012 - COMITÊ FINANCEIRO - DESAPROVAÇÃO.

- AUSÊNCIA DE REGISTRO DE DESPESAS COM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SERVIÇO QUE NÃO SE DESTINA À PROMOÇÃO DE CAMPANHA - NÃO CONFIGURAÇÃO DE GASTO ELEITORAL -AUSÊNCIA DE REGISTRO DE DESPESAS COM A CONTRATAÇÃO DE PRESTADOR DE SERVIÇO CONTÁBIL - INEXISTÊNCIA DE IRREGULARIDADE - PRECEDENTE.

"Despesas com honorários advocatícios não são compreendidas em gasto eleitoral, pois a contratação de advogado não visa a promoção de campanha eleitoral, mas a defesa em processo judicial, motivo por que não precisam ser declaradas na prestação de contas" (TRE/PR AC. N. . 37.234, de 30.7.2009, Rei. Desa Regina Afonso Portes].

- NÃO APRESENTAÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS EM SUA FORMA DEFINITIVA - POSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DA AUSÊNCIA DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA - APRESENTAÇÃO DE FORMULÁRIOS ZERADOS - AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO A RESPEITO DE DOAÇÕES OU DE DESPESAS EFETUADAS EM NOME DO COMITÊ FINANCEIRO -PRECEDENTE - PROVIMENTO - APROVAÇÃO DAS CONTAS.

(Acórdão n. 28.537, de 26/08/2013, Relatora Juíza Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli - original sem grifos).

No mesmo sentido, o Acórdão n. 30.465, de 11/03/2015, com voto da minha relatoria.

4. Contabilização de doação recebida, que não foi registrada na prestação de contas do partido apontado como doador (item 2.2 do relatório

Pelas razões acima expostas, afasto a irregularidade.

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 conclusivo das fis. 38-44): DOADOR N° RECIBO DATA FONTE ESPECIE VALOR (RS)1

SC-SANTA CATARINA - Direção Estadual/Distrital PSC

200200700000SC000003 04/10/2014 FP Estimado 1.242,00

O candidato declarou eletronicamente no "Relatório de Receitas Estimáveis em Dinheiro" ter recebido, na forma de rateio, da Direção Estadual/Distrital do PSC, recurso estimável em dinheiro consistente na produção de programas de rádio, televisão ou vídeo de propaganda eleitoral gratuita na TV, no valor de R$ 1.242,00.

De fato, a referida doação não foi contabilizada na prestação de contas do partido informado como doador, que não registrou doação dessa natureza a nenhum de seus candidatos.

Embora seja a praxe os partidos, coligações ou candidatos ao pleito majoritário doarem esse tipo de bem estimável em dinheiro aos candidatos que disputam o pleito proporcional, no caso concreto não há como saber se isso realmente ocorreu, tendo em vista a ausência de esclarecimentos complementares pelo candidato e o que consta da prestação de contas do partido, que sequer registrou o pagamento de gasto dessa natureza.

A irregularidade, no caso concreto, afeta a confiabilidade das contas e impede a Justiça Eleitoral de conhecer a origem de recurso utilizado em campanha, impondo, dessa forma, a sua desaprovação.

5. Existência de gasto de campanha realizado junto à pessoa jurídica, sem a emissão de documento fiscal (item 3.1 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DESPESAS CONTRAÍDAS JUNTO A PESSOAS JURÍDICAS E INFORMADAS POR MEIO DE OUTROS

DOCUMENTOS DATA TIPO DE

DOCUMENTO CNPJ NOME DO FORNECEDOR VALOR (R$)

28/08/2014 Recibo C 12.570.774/0001-83 ASTROGILDO LUIS KALBUSCH DE SOUZA ME

17,00

De fato o candidato não apresentou o documento fiscal que comprovaria a despesa, o que prejudica a confiabilidade das contas.

O valor da despesa equivale a 0,14% do valor movimentado em campanha (R$ 11.342,00), e poderia, de acordo com os precedentes deste Tribunal, ser relevado. No entanto, para outras despesas de maior valor também não foram apresentados os documentos fiscais solicitados, como se verá a seguir no item 7, e o somatório dos valores dessas despesas leva à desaprovação das contas.

6. Pagamentos em espécie de despesas com valores superiores a R$ 400,00, conforme tabela abaixo (item 3.2 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

DATA CPF/CNPJ FORNECEDOR TIPO DE DESPESA

N°. DOC. FISCAL / RECIBO ELEITORAL

VALOR (R$)

13/08/2014 080.009.619-38 FABIO PADILHA Cessão ou locação de veículos

0001 1.000,00

18/08/2014 080.009.619-38 FÁBIO PADILHA Cessão ou locação de veículos

0001 930,23

22/08/2014 595.426.169-53 DIRCEU FREITAS DE SANTIAGO

Cessão ou locação de veículos

00001 1.000,00

28/08/2014 750.787.409-53 ALVACI ANTONIO DEJESUS

Cessão ou locação de veículos

0001 1.000,00

05/09/2014 05.889.978/0001-70 ICOM EDITORA E ARTE LTDA

Publicidade por materiais impressos

831-1 2.840,00

09/09/2014 03.509.001/0001-54 BRITO SONORIZAÇÃO LTDA ME

Publicidade por carros de som

13-I9A6GL88 1.000,00

De acordo com o § 3o do art. 31 da Resolução TSE n. 23.406/2014, "os gastos eleitorais de natureza financeira só poderão ser efetuados por meio de cheque nominal ou transferência bancária, ressalvadas as despesas de pequeno valor".

O § 4o do mesmo artigo conceitua despesas de pequeno valor aquelas que não ultrapassarem o limite de R$ 400,00.

Como se vê na tabela acima, as despesas destacadas, devido aos valores individualmente considerados, não poderiam ter sido pagas em espécie.

A irregularidade é grave, pois impede a Justiça Eleitoral de exercer o controle sobre os gastos de campanha, mormente porque sequer foi constituído o fundo de caixa para pagamento de despesas em espécie e o valor dessas despesas, somado, totaliza R$ 7.770,23, correspondendo a 68,50% do valor total movimentado em campanha (R$ 11.342,00), e, por essa razão, impõe a desaprovação das contas.

7. Não apresentação dos documentos fiscais comprobatórios das seguintes despesas (item 3.3 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

FORNECEDORES SELECIONADOS CPF/CNPJ NOME VALOR (R$)

750.787.409-53 ALVACI ANTONIO DE JESUS 1.000,00

080.009.619-38 FÁBIO PADILHA 1.930,23

81.628.513/0001-43 NELCI DIAS MACIEL 99,80 13.086.864/0001-10 LEANDRO SILVA NOVAIS 360,00 03.978.085/0001-75 NOVA GERAÇÃO 236,00 11.484.897/0001-92 AUTO POSTO MARIA EDUARDA LTDA ME 115,00 03.908.097/0001-23 SALVI E BERGMANN LTDA EPP 19,30

Essa irregularidade, por si só, impõe a desaprovação das contas, pois as despesas que não foram comprovadas pelo candidato somam R$ 3.760,33, representando 33,15% do montante de recursos arrecadados - R$ 11.342,00.

Essa irregularidade, somada a do item 5, totaliza R$ 3.777,33, o que

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014 constitui 33,30% do total de recursos movimentados.

Assim, esse é mais um motivo para a desaprovação das contas.

8. Divergência entre os dados de fornecedor anotados na prestação de contas e as informações constantes da base de dados da Secretaria da Receita Federal (item 3.4 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DATA CPF/CNPJ FORNECEDOR CONSTANTE DA PRESTAÇÃO DE

CONTAS

FORNECEDOR CONSTANTE DA BASE DE DADOS DA RFB

VALOR TOTAL(R$)

21/08/2014 83.157.842/0001-89 POSTO CELEIRO I DIRCEU FAGUNDES CIA LTDA 96,99

Como nenhum esclarecimento foi apresentado, não há como saber se trata-se da mera diferença entre o nome comercial e o nome fantasia do fornecedor, quem efetivamente forneceu o produto ou serviço e ainda se a despesa foi efetivamente realizada.

Por essa razão, é o caso de desaprovação das contas.

9. Ausência de registro de despesas na segunda prestação de contas parcial, conforme especificado abaixo (item 3.5 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DIVERGÊNCIAS ENTRE A PRESTAÇAO DE CONTAS FINAL E A SEGUNDA PRESTAÇÃO DE

CONTAS PARCIAL DATA N° DOC.

FISCAL FORNECEDOR RECIBO ELEITORAL VALOR (R$)

13/08/2014 0001 FÁBIO PADILHA 1.000,00 18/08/2014 0001 FÁBIO PADILHA 930,23 21/08/2014 86051 POSTO CELEIRO I 96,99 22/08/2014 00001 DIRCEU FREITAS DE SANTIAGO 1.000,00 22/08/2014 504300 RIOMAFRA COM. DE COMBUSTÍVEIS

LTDA 105,02

28/08/2014 0001 ALVACI ANTONIO DE JESUS 1.000,00

As despesas acima relacionadas não foram, de fato, anotadas na segunda prestação de contas parcial, embora já realizadas quando do encaminhamento dos relatórios à Justiça Eleitoral.

A Resolução TSE n. 23.406/2014 considera grave essa irregularidade, conforme se extrai da leitura dos §§ 1o e 2o do referido artigo:

Art. 36. Os candidatos e os diretórios nacional e estaduais dos partidos políticos são obrigados a entregar à Justiça Eleitoral, no período de 28 de julho a 2 de agosto e de 28 de agosto a 2 de setembro, as prestações de contas parciais, com a discriminação dos recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para financiamento da campanha eleitoral e dos gastos que realizaram, detalhando doadores e fornecedores, as quais serão divulgadas pela Justiça Eleitoral na internet nos dias 6 de agosto e 6 de ^etembro,

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Fl.

TRESC

PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES

respectivamente (Lei n° 9.504/97, art. 28, § 4o, e Lei n° 12.527/2011).

§ 1° A ausência de prestação de contas parcial caracteriza grave omissão de informação, que poderá repercutir na regularidade das contas finais.

§ 2o A prestação de contas parcial que não corresponda à efetiva movimentação de recursos ocorrida até a data da sua entrega, caracteriza infração grave, a ser apurada no momento do julgamento da prestação de contas final.

(...) (original sem grifos)

De fato, com o aperfeiçoamento dos métodos adotados pela Justiça Eleitoral para fiscalizar a arrecadação e a aplicação de recursos em campanha, que, de acordo com o disposto no art. 66 da Resolução TSE n. 23.406/2014, pode ser exercida durante todo o processo eleitoral, as prestações de contas parciais ganham maior relevo, para além do objetivo inicial da exigência desses relatórios, que era dar transparência às contas de campanha, principalmente revelando seus doadores, a fim de munir os eleitores de mais um instrumento de informação para auxiliar na escolha dos seus representantes.

No entanto, em eleições anteriores, este Tribunal não considerava grave a omissão ou mesmo a divergência entre as informações prestadas nas parciais e os registros da prestação de contas final, tratando-as como mera questão formal. Transcrevo ementas de dois julgados que exemplificam esse entendimento:

- RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CANDIDATO.

- Despesas com advogado não configuram gastos de campanha, porquanto não se destinam à promoção da candidatura, mas, sim, à defesa do candidato em processo judicial.

- Não acarreta a desaprovação das contas a formalização, após a data da realização do pleito, de doações de bens estimáveis em dinheiro provenientes do comitê financeiro que, pela natureza da despesa, permitam concluir que foram contratadas durante o período eleitoral.

- Constituem falhas meramente formais a ausência de contabilização de receita de valor ínfimo que transitou pela conta bancária de campanha e a divergência, em razão do mesmo valor, entre a arrecadação declarada no relatório parcial de prestação de contas e a contabilidade final.

- A ausência de contabilização, pelo comitê financeiro doador, não enseja a desaprovação das contas do candidato, mormente quando as doações estão comprovadas por recibos eleitorais e outros documentos fiscais que as legitimem.

(Acórdão n. 28.744, de 02/10/2013, Relator Juiz Ivorí Luis i Scheffer -original sem grifos).

2014

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FI.

TRESC

PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

- ELEIÇÕES 2010 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - CANDIDATO AO CARGO DE DEPUTADO FEDERAL - ATRASO NA ENTREGA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS - IMPROPRIEDADE DE NATUREZA FORMAL - RECEBIMENTO DE DOAÇÃO DE BEM ESTIMÁVEL NÃO PROVENIENTE DA ATIVIDADE ECONÔMICA DO DOADOR - EXCESSO DO PODER REGULAMENTAR -DESNECESSIDADE DE TRÂNSITO BANCÁRIO POR NAO SE TRATAR DE ARRECADAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS - DIVERGÊNCIA DE INFORMAÇÕES ENTRE PRESTAÇÕES DE CONTAS PARCIAL E FINAL -MERO EQUÍVOCO NA CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL DAS DESPESAS -OMISSÃO DE DESPESA DETECTADA EM PROCEDIMENTO DE CIRCULARIZAÇÃO - CHEQUES UTILIZADOS PARA PAGAMENTO DE DESPESAS DEVOLVIDOS POR AUSÊNCIA DE FUNDOS - GASTOS PAGOS COM A EMISSÃO DE OUTROS CHEQUES, DEVIDAMENTE COMPENSADOS - EXISTÊNCIA DE CHEQUE DEVOLVIDO SEM SUBSTITUIÇÃO - VALORES INEXPRESSIVOS - FALHAS SEM CAPACIDADE DE COMPROMETER A REGULARIDADE DAS CONTAS -APROVAÇÃO COM RESSALVAS.

(Acórdão n. 26.112, de 20/06/2011, Relator Juiz Irineu João da Silva - original sem grifos).

Diante da posição reiteradamente externada por este Tribunal, sem descuidar da nova função atribuída pela norma regulamentar às prestações de contas parciais, a Corte entendeu, em diversos processos recentemente julgados, que essa omissão, quando não evidenciada a má-fé ou quando não demonstrada irregularidade mais grave dela decorrente, não é suficiente para ensejar a desaprovação das contas, merecendo apenas a anotação da ressalva. Transcrevo a ementa do julgado citado:

- ELEIÇÕES 2014 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - CANDIDATO ELEITO AO CARGO DE DEPUTADO ESTADUAL - AUSÊNCIA DE DESPESAS E GASTOS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL - REGISTRO DE TODA A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE CAMPANHA NAS INFORMAÇÕES FINAIS PRESTADAS A JUSTIÇA ELEITORAL - IMPROPRIEDADE DE NATUREZA MERAMENTE FORMAL, SEM GRAVIDADE PARA JUSTIFICAR A REJEIÇÃO - IDENTIFICAÇÃO DE DESPESAS SEM REGISTRO A PARTIR DO CONFRONTO DE INFORMAÇÕES COM A BASE DE DADOS DA FAZENDA PÚBLICA - NOTAS FISCAIS POSTERIORMENTE CANCELADAS - PROCEDIMENTO AUTORIZADO PELA LEGISLAÇÃO - OMISSÃO DEVIDAMENTE REGULARIZADA - SUPOSTOS DEPÓSITOS EM DINHEIRO SEM INDICAÇÃO DO CPF DO DOADOR - DOAÇÕES REALIZADAS MEDIANTE CHEQUES NOMINAIS E CRUZADOS - ORIGEM DA RECEITA IDENTIFICADA CONFORME EXIGE A LEGISLAÇÃO - IRREGULARIDADE INEXISTENTE - APROVAÇÃO COM RESSALVA.

A ausência ou imperfeição da prestação de contas parcial constitui irregularidade meramente formal, especialmente quando todas as receitas arrecadadas e as despesas realizadas são devidamente registradas na contabilidade final apresentada à Justiça Eleitoral, inexistindo, assim, a demonstração de efetivo prejuízo ao exercício da fiscalização contábil sobre a movimentação financeira de campar

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

(Acórdão n. 30.273, de 26/11/2014, Relator Juiz Sérgio Roberto Baasch Luz -original sem grifos).

Cito, a respeito dessa irregularidade, trecho do voto proferido no Tribunal Superior Eleitoral, em 10/12/2014, pelo Ministro Gilmar Mendes, Relator da Prestação de Contas n. 976-13.2014.6.00.0000, referente às contas da candidata reeleita à Presidência da República:

Todavia, conquanto a resolução do Tribunal Superior Eleitoral tenha qualificado como grave a circunstância de a prestação de contas parcial não refletir a efetiva movimentação de campanha, entendo que, em um juízo de ponderação, essa postura mais rigorosa e correta da Justiça Eleitoral deve ser aplicada nos pleitos futuros, permitindo amplo debate pelos atores do processo eleitoral durante as audiências públicas para as eleições de 2016, pois o Tribunal Superior Eleitoral tem aprovado com ressalvas quando as irregularidades são formais.

De fato, o Tribunal Superior Eleitoral tem entendido que "a existência de irregularidade formal enseja a aprovação das contas com ressalvas" (AgRREspe n° 394-40/RO, rei. Min. Henrique Neves da Silva, julgado em 2.10.2013).

Da mesma forma a Pet n° 1.612/DF, rei. Min. Felix Fischer, julgada em 30.3.2010:

[...] é assente nesta c. Corte que a existência de irregularidades formais enseja a aprovação das contas com ressalvas (PET n°s 1.465/DF, Rei. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 21.5.2009; 1.009/DF, Rei. Min. Gilmar Mendes, DJ de 13.3.2006; 1.006/SP, Rei. Min. Caputo Bastos, DJ de 22.9.2004; 812/RJ, Rei. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ de 4.10.2004). Na espécie, o partido requerente incorreu em impropriedade de natureza formal, de cunho técnico, que examinada em conjunto não compromete a integridade e a transparência da prestação de contas, à inteligência do art. 27, II, da Resolução-TSE n° 21.841/2004.

Portanto, conforme venho sustentando no Supremo Tribunal Federal, especificamente no julgamento do RE n° 637.485/RJ, de minha relatoria, que envolvia a questão do prefeito itinerante, as mudanças radicais na interpretação da Constituição e da legislação eleitoral devem ser acompanhadas da devida e cuidadosa reflexão sobre suas consequências, tendo em vista o postulado da segurança jurídica. Não só a Corte Constitucional, mas também o Tribunal que exerce o papel de órgão de cúpula da Justiça Eleitoral devem adotar tais cautelas por ocasião das chamadas viragens jurisprudenciais na interpretação dos preceitos constitucionais que dizem respeito aos direitos políticos e ao processo eleitoral.

Não se pode desconsiderar o peculiar caráter normativo dos atos judiciais emanados do Tribunal Superior Eleitoral que regem todo o processo eleitoral. Mudanças na jurisprudência eleitoral têm efeitos normativos diretos sobre os pleitos eleitorais, com sérias repercussões, portanto, sobre os direitos fundamentais de cidadãos (eleitores e candidatos) e partidos políticos. No âmbito eleitoral, a segurança

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

jurídica assume a face de princípio da confiança para proteger a estabilização das expectativas de todos aqueles que de alguma forma participam dos prélios eleitorais.

A importância fundamental do princípio da segurança jurídica, para o regular transcurso dos processos eleitorais, está plasmada no princípio da anterioridade eleitoral, positivado no art. 16 da Constituição, evitando que mudanças jurisprudenciais ocorridas após a eleição, como no caso dos autos, possam ter imediata aplicação, sob pena de criar uma situação absolutamente casuística, pois o novo entendimento é formulado pela Justiça Eleitoral em momento em que está ciente do resultado das urnas.

Nessa linha, em recente julgado sobre a necessária compreensão da segurança jurídica, o Tribunal Superior Eleitoral assentou que "o entendimento do TSE firmado nas eleições de 2010 no sentido de que fato superveniente que afaste a inelegibilidade, como uma medida liminar, poderia ser apreciado a qualquer tempo, desde que não exaurida a jurisdição, não pode sofrer alteração jurisprudencial após o resultado de eleição seguinte, sugerindo indevido casuísmo" (ED-AgR-REspe n° 458-86/GO, de minha relatoria, julgados em 20.5.2014).

(original sem grifos)

O Tribunal Superior Eleitoral entendeu, nos estritos termos do voto do Relator, que a irregularidade merecia, nestas eleições, apenas a aposição de ressalva, igual posicionamento adotado por esta Corte no precedente antes citado e em diversos julgamentos que a ele se seguiram.

Assim sendo, no caso concreto, a irregularidade em questão impõe somente a anotação de ressalva nas contas de campanha do candidato.

10. Inconsistência em relação à doação indireta recebida pelo prestador de contas (item 4.1 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DOADOR ID DIVERG PRESTADOR DE DATA VALOR CPF/CNPJ DO NOME DO RECIBO

ENTE CONTAS (RS) DOADOR DOADOR ELEITORA L ORIGINÁRIO ORIGINÁRIO

1 SIM 09.321.676/0001-51 -20 - SC - Direção Estadual/Distrital

01/09/14 5.000,00 08.505.736/0001-23

FLORA PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA SA

2002007000 OOSCOOOOO 2

BENEFICIÁRIO (PRESTADOR DE CONTAS EM EXAME) ID DIVERG

ENTE DATA VALOR

(R$) CPF/CNPJ DO

DOADOR ORIGINÁRIO

NOME DO DOADOR ORIGINÁRIO

RECIBO ELEITORAL

1 SIM 01/09/14 5.000,00 02.916.265/0001-60 JBS S/A 200200700000SC000 002

Como se vê, o candidato recebeu doação da direção estaduaf,do seu

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partido, o PSC, no valor de R$ 5.000,00, e registrou como doador originário a JBS S/A. No entanto, em sua prestação de contas o partido contabilizou o recurso como sendo proveniente da empresa Flora Produtos de Higiene e Limpeza SA.

A ausência de esclarecimentos acerca dessa irregularidade impede a aprovação das contas, pois, como registrou a COCIN, "não é possível atestar a correção das informações prestadas quanto aos verdadeiros financiadores da campanha eleitoral, pessoas físicas e/ou jurídicas que fizeram efetivamente as doações à grei partidária, que as repassou ao candidato cujas contas ora se examina, frustrando-se a aferição do que dispõe o art. 39, § 5o, da Lei n. 9.096/1995".

Portanto, esta irregularidades também enseja a desaprovação das contas.

11. Abertura extemporânea da conta bancária de campanha (item 5.1 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

De acordo com o disposto no art. 12, § 1o, "a", da Resolução TSE n. 23.406/2014, a conta bancária de campanha deve ser aberta "no prazo de 10 dias a contar da concessão do CNPJ pela Receita Federal do Brasil".

O CNPJ do candidato foi concedido no dia 04/07/2014. Já a conta bancária de campanha foi aberta no dia 17/07/2014. Como se vê, a conta foi aberta extemporaneamente, três dias após o término do prazo acima referido.

A irregularidade não impõe a desaprovação das contas, porém merece a anotação de ressalva, conforme os seguintes julgados deste Tribunal:

- PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO.

- AUSÊNCIA DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DAS DOAÇÕES ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO APRESENTAÇÃO DE ESCLARECIMENTOS PLAUSÍVEIS E DE DOCUMENTOS QUE COMPROVAM A AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À CONFIABILIDADE DAS CONTAS - FALHAS FORMAIS -IRREGULARIDADES RELEVADAS.

- OMISSÃO DE DESPESA CONSTATADA EM NOTA FISCAL ELETRÔNICA ENCAMINHADA A JUSTIÇA ELEITORAL PELA FAZENDA PÚBLICA -APRESENTAÇAO DE DECLARAÇÃO DA EMPRESA EMITENTE

INFORMANDO O CANCELAMENTO DA NOTA FISCAL - AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE MÁ-FÉ DO CANDIDATO E PEQUENO VALOR DA SUPOSTA DESPESA OMITIDA EM RELAÇÃO AO MONTANTE FINANCEIRO MOVIMENTADO NA CAMPANHA - IRREGULARIDADE RELEVADA.

- ABERTURA EXTEMPORÂNEA DA CONTA BANCÁRIA DE CAMPANHA -APOSIÇÃO DE RESSALVA.

(Acórdão n. 30.302, de 02/12/2014, Relator Juiz Alcides Vettorazzi - original

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sem grifos).

- ELEIÇÕES 2014 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - CANDIDATO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE RECURSOS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO - OMISSÃO DE DOAÇÕES E DESPESAS NA SEGUNDA PRESTAÇÃO DE CONTAS PARCIAL - RECEITAS E DESPESAS DEVIDAMENTE DECLARADAS E COMPROVADAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS FINAL - ABERTURA EXTEMPORÂNEA DA CONTA BANCÁRIA -IMPROPRIEDADE FORMAL - EXTRATO BANCÁRIO QUE NÃO REGISTRA O CNPJ DE EMPRESA DOADORA - DOADOR DEVIDAMENTE IDENTIFICADO POR MEIO DE RECIBO ELEITORAL CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS LANÇAMENTOS BANCÁRIOS E A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DECLARADA PELO CANDIDATO -INEXISTÊNCIA DE FALHAS CAPAZES DE COMPROMETER A REGULARIDADE DAS CONTAS - AFASTAMENTO DAS IMPROPRIEDADES - APROVAÇÃO COM RESSALVAS.

(Acórdão n. 30.298 de 02/12/2014, Relatora Juíza Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli, original sem grifos)

Deve, portanto, ser anotada uma ressalva para a irregularidade.

12. Receitas sem a identificação do CPF/CNPJ nos extratos bancários (item 5.3 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

104 - CAIXA ECONOMICA FEDERAL - 4728 - 3000004123 06/08/2014 DEPCH 24H 205 - LANÇAMENTO

AVISADO 5.000,00

01/09/2014 DEP CH 24H 205 - LANÇAMENTO AVISADO

5.000,00

Também não trouxe o candidato nenhum esclarecimento acerca da irregularidade. Entretanto, compulsando sua prestação de contas no SPCE, verifica-se que ele registrou que recebeu apenas essas duas doações em dinheiro, provenientes da Direção Estadual do PSC, em datas e valores coincidentes com os depósitos. Essas doações também podem ser confirmadas na prestação de contas do PSC, na qual os valores e as datas também coincidem.

Portanto, no caso concreto, a irregularidade não motivaria a desaprovação das contas, devendo ser anotada apenas como uma ressalva, devido à falta dos esclarecimentos solicitados.

13. Não há registro, na prestação de contas, da constituição de Fundo de Caixa, mas foram pagas em espécie as seguintes despesas (item 5.3 do relatório conclusivo das fls. 38-44):

DATA FORNECEDOR TIPO DOCUMENTO

N°DOCUMENTO VALOR (R$)

08/08/2014 LANCHONETE E RESTAURANTE TIMBOENSE LTDA ME

Cupom Fiscal 012017 32,00

08/08/2014 POSTO ALEXANDRE LTDA Cupom Fiscal 961690 f \ 50,00

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

10/08/2014 AUTO POSTO PIRABEIRADA LTDA Cupom Fiscal 124287 23,00 11/08/2014 POSTO GRACIOSA LTDA Cupom Fiscal 367935 99,99 12/08/2014 AUTO SINUELO LTDA Cupom Fiscal 091558 51,26 13/08/2014 FABIO PADILHA Recibo 0001 1.000,00 15/08/2014 AUTO POSTO MARIA EDUARDA LTDA

ME Cupom Fiscal 503537 115,00

15/08/2014 NELCI DIAS MACIEL Cupom Fiscal 33113 25,80 18/08/2014 AUTO SINUELO LTDA Cupom Fiscal 93655 86,40 18/08/2014 FABIO PADILHA Recibo 0001 930,23 19/08/2014 POSTO AGRICOPEL LTDA Cupom Fiscal 243942 14,98 21/08/2014 HOTEL E RESTAURANTE BOM

GOSTO LTDA ME Nota Fiscal 4863 - D1 16,00

21/08/2014 POSTO CELEIRO I Cupom Fiscal 86051 96,99 22/08/2014 DIRCEU FREITAS DE SANTIAGO Recibo 00001 1.000,00 22/08/2014 EMPORIO DO SABOR LTDA Nota Fiscal 55536 - D1 18,50 22/08/2014 RIOMAFRA COM. DE COMBUSTÍVEIS

LTDA Cupom Fiscal 504300 105,02

22/08/2014 SALVI E BERGMANN LTDA EPP Nota Fiscal 316414 -D1 19,30 27/08/2014 AUTO SINUELO LTDA Cupom Fiscal 43250 100,00 28/08/2014 ALVACI ANTONIO DE JESUS Recibo 0001 1.000,00 28/08/2014 ASTROGILDO LUIS KALBUSCH DE

SOUZA ME Recibo 9508 17,00

03/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Cupom Fiscal 99576 80,00 05/09/2014 ICOM EDITORA E ARTE LTDA Nota Fiscal 831 - 1 2.840,00 05/09/2014 LEANDRO SILVA NOVAIS Nota Fiscal 286 - D1 160,00 09/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 8800 - 1 100,02 09/09/2014 BRITO SONORIZAÇAO LTDA ME Nota Fiscal 13 - I9A6GL88 1.000,00 10/09/2014 NOVA GERAÇAO Nota Fiscal 32911 -3 236,00 11/09/2014 RUDNICK E CIA LTDA Cupom Fiscal 414776 50,04 12/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 8879 - 1 23,25 13/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 8898 - 1 100,00 17/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 8984 - 1 100,00 18/09/2014 NELCI DIAS MACIEL Cupom Fiscal 34427 74,00 20/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 9049 - 1 129,02 25/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 9161 - 1 50,00 29/09/2014 AUTO SINUELO LTDA Nota Fiscal 9230 - 1 56,20 29/09/2014 LEANDRO SILVA NOVAIS Nota Fiscal 285 -D1 200,00

Essas despesas, conforme registrou a COCIN, correspondem à totalidade dos gastos eleitorais do candidato (R$ 11.342,00)

Os gastos financeiros de campanha devem ser pagos, de acordo com o § 3o do art. 31 da Resolução TSE n. 23.406/2014, por meio de cheque nominal ou de transferência bancária, exceto quando se tratar de despesas de pequeno valor, assim consideradas, no § 4o do mesmo artigo, como as despesas individuais que não ultrapassem o limite de R$ 400,00.

Ainda, para o pagamento dessas despesas, o § 5o do mesmo art. 31 determina a constituição de Fundo de Caixa, uma reserva individual em dinheiro, com prévio trânsito em conta bancária de campanha. Esse valor, segundo o § 6o, não poderia ser superior a 2% do total das despesas ou a R$ 100.000,00, o que for menor (no caso concreto, R$ 226,84). O

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

Nestes autos, como se vê, todos os gastos de campanha foram pagos em espécie, inclusive despesas que ultrapassavam o limite de R$ 400,00, irregularidade tratada no item 6 supra.

Como não houve a constituição do Fundo de Caixa, conforme registrou a COCIN, "o pagamento de despesas em espécie não se mostra apto a viabilizar a prestação legal das contas e o adequado controle de sua regularidade, visto que não constará, quer na conta bancária , quer na prestação de contas, o efetivo fornecedor do bem ou serviço, frustrando-se tanto o cruzamento de informações junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil, quando o cotejamento dos extratos eletrônicos fornecidos pelas instituições financeiras", impondo-se, também por essa razão, a desaprovação das contas.

14. Abertura de uma segunda conta bancária de campanha, constatada pela unidade técnica mediante informação do Banco Central do Brasil em consulta ao Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (Banco do Brasil, agência 1462, número 205796), sobre a qual não se manifestou o candidato, nem apresentou os extratos (item 6 do relatório conclusivo das fis. 38-44):

A ausência de informações acerca desta segunda conta bancária aberta para a campanha, assim como a não apresentação dos respectivos extratos bancários, infirma a confiabilidade das contas, impondo a sua desaprovação, mormente porque pode indicar a existência de movimentação financeira não declarada à Justiça Eleitoral.

Em conclusão, as contas devem ser desaprovadas em razão das irregularidades descritas nos itens 4, 5, 6, 7, 8, 10, 13 e 14 desta decisão.

De acordo com precedentes deste Tribunal, deixo, todavia, de aplicar a penalidade prevista no art. 54, § 4o, da Resolução TSE n. 23.406/2014 - qual seja, a suspensão do repasse de novas cotas do Fundo Partidário ao partido ao qual a candidata é filiada, pois a agremiação (no caso, o Partido Socialista Cristão - PSC) não é parte nestes autos e, dessa maneira, não teve oportunidade de se manifestar sobre as irregularidades apontadas pela unidade técnica.

Em caso bastante semelhante, este Tribunal assim entendeu:

- PRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2014 - CANDIDATO - DEPUTADO FEDERAL.

- MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE TÉCNICA PELA DESAPROVAÇÃO DAS CONTAS E PELA APLICAÇÃO AO PARTIDO AO QUAL É FILIADO O CANDIDATO DA SANÇÃO DE SUSPENSÃO DE RECEBIMENTO DE QUOTAS DO FUNDO PARTIDÁRIO - ART. 54, § 4o, DA RES. TSE 23.406/2014 - IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE PE )ADE

Assim, é mais um motivo para a desaprovação das contas.

(. . .)

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PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 1095-05.2014.6.24.0000 - CLASSE 25 - ELEIÇÕES 2014

Rodrigues.

ÀQUELE QUE NÃO FOI PARTE NO PROCESSO - AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE QUE A AGREMIAÇÃO TENHA TIDO PARTICIPAÇÃO NAS INCONSISTÊNCIAS E OMISSÕES DETECTADAS.

- DESAPROVAÇÃO.

(Acórdão n. 30.441, de 02/03/2014, Relator Juiz Hélio do Valle Pereira -original sem grifos).

Ante o exposto, voto pela desaprovação das contas de João Luiz

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Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina

TRESC

Fl.

EXTRATO DE ATA

PRESTAÇÃO DE CONTAS N° 1095-05.2014.6.24.0000 - PRESTAÇÃO DE CONTAS - DE CANDIDATO - DEPUTADO ESTADUAL - ELEIÇÕES - (2014) - 1a PARCIAL - 2a PARCIAL - FINAL RELATOR: JUIZ ALCIDES VETTORAZZI

REQUERENTE(S): JOÃO LUIZ RODRIGUES ADVOGADO(S): ROGÉRIO DA SILVA ORTIZ

PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ VANDERLEI ROMER

PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANDRÉ STEFANI BERTUOL

Decisão: à unanimidade, desaprovar as contas de campanha do requerente, nos termos do voto do Relator. Foi assinado o Acórdão n. 30667. Presentes os Juízes Vanderlei Romer, Antonio do Rêgo Monteiro Rocha, Carlos Vicente da Rosa Góes, Hélio do Valle Pereira, Vilson Fontana, Rodrigo Brisighelli Salles e Alcides Vettorazzi.

SESSÃO DE 06.05.2015.

R E M E S S A

Aos dias do mès de de 2015 faço a remessa destes autos para a Coordenadoria de Registro e Informações e Processuais - CRIP. Eu,

, Coordenador de Sessões, lavrei o presente termo.