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JML/aplf PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5.ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA MANDADO DE SEGURANÇA (Turma) n.º 103140/PE 0009923-83.2014.4.05.0000 IMPTTE : PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINSTRACAO E PROMOCAO DE SERVICOS LTDA E OUTROS ADV/PROC : DANIEL LIMA ARAÚJO E OUTROS IMPTDO : JUÍZO DA 4ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (RECIFE) - PRIVATIVA EM MATÉRIA PENAL ORIGEM : 4ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (PRIVATIVA EM MATéRIA PENAL) RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA E M E N T A PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CRIMES DE ORGANIZAçãO CRIMINOSA, GESTãO TEMERáRIA DE INSTITUIçãO FINANCEIRA, LAVAGEM DE DINHEIRO E APROPRIAçãO INDéBITA. MEDIDAS CAUTELARES. SEQUESTRO, ARRESTO E BLOQUEIO DE VALORES. MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. CONFIGURAÇÃO. INDISPONIBILIDADE DE TODOS OS BENS E DIREITOS. DESPROPORCIONALIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA EM PARTE. 1- Trata-se de mandado de segurança em matéria criminal, com pedido de liminar, impetrado por PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINISTRAÇÃO E PROMOÇÃO DE SERVIÇOS LTDA e outros em contrariedade à decisão da MM. Juíza Federal da 4ª Vara da Seção Judiciária de Pernambuco que decretou medidas cautelares nos autos da Representação Criminal n.º 0018538-96.2011.4.05.8300. 2- Narra a inicial que, no aludido decisum, foram decretadas medidas assecuratórias (sequestro, bloqueio de valores etc), ainda na fase investigatória, em desfavor de JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHO PASCHOAL, GUSTAVO COUTINHO PASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHA PASCHOAL e suas empresas (GRUPO PROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO E PUBLICIDADE LTDA. e SISTEMA RECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim como contra ZANONE TAVARES PEDROSA, à época, gerente da empresa PERNAMBUCO DA SORTE, pertencente ao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO. Tais medidas assecuratórias incidiram tanto sobre o patrimônio pessoal dos investigados quanto sobre o das pessoas jurídicas envolvidas. 3- Defendendo a regularidade das atividades desempenhadas pelo grupo investigado, os impetrantes alegam/requerem, em síntese: a) a inércia da autoridade coatora em adotar medidas emergenciais para sanar as graves consequências advindas do bloqueio das contas bancárias e da paralisação das atividades de todas as empresas envolvidas, a saber: dívidas trabalhistas, rescisões de contratos trabalhistas e verbas rescisórias de aproximadamente 500 (quinhentas) pessoas, débitos tributários, vencidos e/ou a vencer, contratos de prestação de serviço (advocacia e contabilidade), rescisão do contrato de locação do imóvel sede da empresa, folha de pagamento, entre outros; b) os fundamentos da decisão de sequestro/arresto são genéricos, baseados em diferentes espécies de medidas assecuratórias previstas na legislação com requisitos peculiares a cada uma delas, 1

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IMPTTE : PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINSTRACAO E PROMOCAO DESERVICOS LTDA E OUTROSADV/PROC : DANIEL LIMA ARAÚJO E OUTROSIMPTDO : JUÍZO DA 4ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (RECIFE) -PRIVATIVA EM MATÉRIA PENALORIGEM : 4ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (PRIVATIVA EM MATéRIAPENAL)RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA

E M E N T A

PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CRIMES DEORGANIZAçãO CRIMINOSA, GESTãO TEMERáRIA DE INSTITUIçãOFINANCEIRA, LAVAGEM DE DINHEIRO E APROPRIAçãO INDéBITA. MEDIDASCAUTELARES. SEQUESTRO, ARRESTO E BLOQUEIO DE VALORES.MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. CONFIGURAÇÃO.INDISPONIBILIDADE DE TODOS OS BENS E DIREITOS.DESPROPORCIONALIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA EM PARTE.1- Trata-se de mandado de segurança em matéria criminal, com pedido de liminar,impetrado por PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINISTRAÇÃO E PROMOÇÃO DESERVIÇOS LTDA e outros em contrariedade à decisão da MM. Juíza Federal da 4ªVara da Seção Judiciária de Pernambuco que decretou medidas cautelares nosautos da Representação Criminal n.º 0018538-96.2011.4.05.8300.2- Narra a inicial que, no aludido decisum, foram decretadas medidasassecuratórias (sequestro, bloqueio de valores etc), ainda na fase investigatória, emdesfavor de JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHOPASCHOAL, GUSTAVO COUTINHO PASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHAPASCHOAL e suas empresas (GRUPO PROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO EPUBLICIDADE LTDA. e SISTEMA RECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim comocontra ZANONE TAVARES PEDROSA, à época, gerente da empresaPERNAMBUCO DA SORTE, pertencente ao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO.Tais medidas assecuratórias incidiram tanto sobre o patrimônio pessoal dosinvestigados quanto sobre o das pessoas jurídicas envolvidas.3- Defendendo a regularidade das atividades desempenhadas pelo grupoinvestigado, os impetrantes alegam/requerem, em síntese: a) a inércia daautoridade coatora em adotar medidas emergenciais para sanar as gravesconsequências advindas do bloqueio das contas bancárias e da paralisação dasatividades de todas as empresas envolvidas, a saber: dívidas trabalhistas, rescisõesde contratos trabalhistas e verbas rescisórias de aproximadamente 500 (quinhentas)pessoas, débitos tributários, vencidos e/ou a vencer, contratos de prestação deserviço (advocacia e contabilidade), rescisão do contrato de locação do imóvel sededa empresa, folha de pagamento, entre outros; b) os fundamentos da decisão desequestro/arresto são genéricos, baseados em diferentes espécies de medidasassecuratórias previstas na legislação com requisitos peculiares a cada uma delas,

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a saber, o sequestro propriamente dito, o arresto e as medidas citadas na Lei deLavagem de Dinheiro, o que inviabiliza o exercício do contraditório e da ampladefesa; c) a autoridade coatora determinou o arresto/sequestro sobre aintegralidade do patrimônio sem quantificar o montante a ser resguardado parajustificar tão grave constrição, presumindo-se a existência de dano; e d) odesbloqueio dos bens móveis e imóveis do impetrante ZANONI TAVARESPEDROSA, mero gerente da empresa PROMOBEM PERNAMBUCO.4- Ao final, pugnaram pela concessão de liminar para suspender o ato combatido,com a liberação de valores das contas bancárias bloqueadas para pagamento dasdespesas epigrafadas. No mérito, requereram a confirmação dos efeitos do pedidoliminar, bem como a decretação da ilegalidade da decisão constritiva pela flagrantegeneralidade (por não ter “quantificado o valor do futuro ressarcimento pelohipotético dano causado”), com a liberação de todos os bens apreendidos (móveis,imóveis e ativos financeiros). Subsidiariamente, pedem a liberação das contascorrentes (pessoas físicas e jurídicas), dos bens móveis, dos automóveis eembarcações, tendo em vista a permanência da constrição sobre os imóveis,nomeando-se os impetrantes fiéis depositários para que possam administrar opatrimônio constrito.5- O juízo a quo, deferiu o pedido de medidas assecuratórias (sequestro/arresto debens móveis, imóveis, contas bancárias e ativos financeiros de propriedade dasempresas impetrantes e de seus dirigentes), tomando por base os o artigo 125 eseguintes do Código de Processo Penal, além do art. 4º, da Lei n.º 9.613/98(lavagem de dinheiro).6- No decisório impugnado, foram decretadas medidas assecuratórias (sequestro earresto), ainda na fase investigatória, em desfavor de JÚLIO EMILIO CAVALCANTIPASCHOAL NETO, HERMES COUTINHO PASCHOAL, GUSTAVO COUTINHOPASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHA PASCHOAL e suas empresas (GRUPOPROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO E PUBLICIDADE LTDA. e SISTEMARECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim como contra ZANONE TAVARESPEDROSA, à época, gerente da empresa PERNAMBUCO DA SORTE, pertencenteao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO. Tais medidas assecuratórias incidiramtanto sobre o patrimônio pessoal dos investigados quanto sobre o das pessoasjurídicas envolvidas.7- Os autos dão conta de que os impetrantes estão sendo investigados (denúnciarecebida em 23/02/2015, no curso da presente ação) por atuação criminosa naprática do jogo do bicho e na comercialização de títulos de capitalização comsuposta apropriação indevida de valores decorrentes da cessão de cotas, por meiode desvirtuamento da operacionalização dos aludidos títulos, o que configuraria, emtese, o cometimento dos delitos capitulados no art. 2º, da Lei n.º 12.850/2013(organização criminosa), no art. 4º, parágrafo único, da Lei n.º 7.492/86 (gestãotemerária de instituição financeira), no art. 58 do Decreto-lei n.º 3.688/41(contravenção de jogo do bicho – declinada a competência para a Justiça Estadual),no art. 1º da Lei n.º 9.613/98 (lavagem de dinheiro) e no art. 168 do Código Penal(apropriação indébita).

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8- Examinando-se o conjunto probatório carreado aos autos, mostram-se presentesindícios das condutas típicas apontadas e da proveniência ilícita, senão datotalidade, mas de grande parte dos bens constritos, o que, só por si, já se mostrasuficiente para a decretação das medidas de constrição previstas, seja no art. 125 eseguintes do CPP, seja no art. 4º, da Lei n.º 9.613/98.9- Por outro lado, os impetrantes não lograram êxito em demonstrar ter apresentadono primeiro grau provas da origem lícita do patrimônio dos envolvidos, o que, arigor, demanda dilação probatória, incabível em sede de mandado de segurança.Ora, se por um lado os impetrantes invocam a licitude da origem de seu patrimônio,não trouxeram aos autos provas que corroborassem tal alegativa.10- Da leitura da decisão de recebimento da denúncia proferida nos autos da AçãoPenal n.º 0001415-46.2015.4.05.8300, verifica-se a existência de provas damaterialidade delitiva e de indícios de autoria relativamente aos denunciados, oraimpetrantes.11- Em decorrência das supostas condutas delituosas (organização criminosa,gestão temerária de instituição financeira, lavagem de dinheiro e apropriaçãoindébita), foram elaborados os Relatórios de Fiscalização - SUSEP nº 64/2014, nº65/2014 e nº 66/2014, os quais constataram que a APLUB CAPITALIZAÇÃO S/A e aSUL AMÉRICA CAPITALIZAÇÃO - SULACAP utilizaram inadequadamente osprodutos que foram submetidos à aprovação daquela SUSEP, no caso, "GOIÁS DÁSORTE", "BAHIA DÁ SORTE" e "PERNAMBUCO DÁ SORTE". Consta, ainda,Termo Circunstanciado de Ocorrência lavrado em decorrência da apreensão de 39terminais de Jogo do Bicho, em uma das sedes da Sonho Real; informaçõesbancárias e fiscais decorrentes das quebras de sigilo bancário e fiscal devidamenteautorizadas; os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) nº 12.791 e nº 12.801;Autos Circunstanciados de Interceptação Telefônica nº 01/2014, nº 02/2014; nº03/2014; nº 04/2014 e nº 05/2014, entre outros, tudo a indicar a estrutura daorganização criminosa e seus respectivos integrantes, inferindo-se, a partir destesdocumentos, indícios de autoria delituosa relativamente aos acusados.12- Convém não deslembrar que o próprio denunciado GUSTAVO COUTINHOPASCHOAL, perante a autoridade policial, admitiu que, juntamente com seus trêsirmãos (JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHOPASCHOAL e CLÁUDIO DA ROCHA PASCHOAL), é proprietário das empresas detítulos de capitalização localizadas nos Estados do AM, PA, PI, BA, GO, ES, AL, PBe PE, e que ZANONI TAVARES PEDROSA é o principal responsável pela partecomercial destas nove empresas. Há suficientes indícios da prática delituosaimputada aos denunciados, pelo que a manutenção das medidas constritivas éprovidência que se impõe.13- Caracterizada a movimentação contábil/financeira à margem do controle daautoridade pública competente (ainda que sob o manto da legalidade), e havendofortes indícios de sua proveniência ilícita, inequivocamente devem ser mantidas asmedidas constritivas, diante da forte presunção de constituírem esses bens produtoou proventos do crime, tendo tais medidas o fito de assegurar a eficácia da futuradecisão judicial (eventual reparação do dano e pagamento das despesasprocessuais e das penas pecuniárias).

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14- A previsão de medidas cautelares em sede criminal não vulnera o princípioconstitucional da presunção de inocência, porquanto nenhum princípioconstitucional é absoluto, todos estando submetidos a uma interpretaçãosistemática da Constituição, de forma que caberá ao Juiz, na análise do casoconcreto, decidir com base na proporcionalidade, isto é, na necessidade concretade se decretar a medida ou não.15- De outro giro, a constrição do patrimônio dos envolvidos, igualmente, nãoofende o direito à propriedade, porquanto sua decretação, consistindo em medidaexcepcional, pauta-se pelo preenchimento dos pressupostos legais, quais sejam, aprova da infração e os indícios de autoria, o que restou observado no caso dosautos. As medidas assecuratórias previstas na legislação processual penal pátrianão importam em "perda do domínio, que só ocorrerá após o trânsito em julgado deeventual decreto condenatório" (TRF 4.ª Região, 8.ª Turma, ACR n.º200471000318009/RS, Rel. Des. Federal Élcio Pinheiro de Castro, DJU23.02.2005).16- Como salientado pelo próprio órgão ministerial, a indisponibilidade de todos osbens móveis e imóveis e o bloqueio de todos os ativos financeiros, viola osprincípios da proporcionalidade e da razoabilidade dispostos na Constituição daRepública, destacando ele que, nestes moldes, a medida atinge a subsistência nãosó dos impetrantes, mas também de sua família. Seria, nos dizeres do MinistérioPúblico, incabível a constrição patrimonial sobre todos os bens, especialmenteconsiderando que, até o presente momento, não foi fornecido um parâmetrolimitador da medida constritiva.17- Por outro lado, os impetrantes diligenciaram a juntada das declarações deimposto de renda 2013/2014 (pessoas físicas e jurídicas), a partir das quais seobserva a existência de imóveis, veículos e embarcações de valor expressivo, oque, a despeito das graves imputações dirigidas aos denunciados, a priori, járepresenta uma garantia considerável de eventual prejuízo a ser reparado.18- Irrazoável manter-se o bloqueio da totalidade dos bens de titularidade dosimpetrantes quando o próprio MPF reputa desproporcional tal medida.19- Manutenção das seguintes medidas constritivas: I – sequestro de todos os bensimóveis que estejam registrados em nome dos impetrantes e em nome das suasempresas; II – bloqueio, através do sistema BACEN/JUD, de 50% (cinquenta porcento) dos valores depositados em instituições financeiras do país em nome dasempresas dos impetrantes, que também figurem no polo ativo da presente açãomandamental. Com essa decisão, resta sem efeito a liminar na medida em que osvalores ora liberados farão frente às despesas tuteladas por ela. Os valoresdepositados em instituições financeiras - 50% do montante existente de titularidadedas pessoas jurídicas e 100% de titularidade das pessoas físicas - devem serliberados imediatamente.20- Quanto aos veículos e embarcações apreendidos – de titularidade dosimpetrantes (pessoas físicas e jurídicas) – fica mantido o sequestro já realizado. Noentanto, para sua preservação e conservação, devem ser entregues aos seusrespectivos proprietários, no prazo máximo de 10 (dez) dias, mediante a assinatura

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de Termo de Compromisso de Fiéis Depositários. Os leilões ficam suspensos deimediato.21- A apreciação do pedido de liberação dos valores/bens ora determinados cabeao juízo de primeiro grau mediante prévia comprovação da titularidade dos aludidosbens/direitos, com a apresentação/assinatura dos respectivos documentospertinentes.22- Prejudicado o pedido de desbloqueio de valores em favor do impetranteZANONI TAVARES PEDROSA, bem como a alegação de inércia da autoridadecoatora em adotar medidas emergenciais, porquanto já deferido/apreciado pelojuízo de primeiro grau.Segurança concedida em parte.

A C Ó R D Ã O

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,decide a Primeira Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, porunanimidade, conceder em parte a segurança, nos termos do relatório e votoconstantes dos autos que integram o presente julgado.

Recife, 19 de março de 2015 (data do julgamento).

JOSÉ MARIA LUCENA,Relator.

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R E L A T Ó R I O

O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator):

Trata-se de mandado de segurança em matéria criminal, compedido de liminar, impetrado por PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINISTRAÇÃO EPROMOÇÃO DE SERVIÇOS LTDA e outros em contrariedade à decisão da MM.Juíza Federal da 4ª Vara da Seção Judiciária de Pernambuco, Dra. ETHELFRANCISCO RIBEIRO (fls. 146/374), que decretou medidas cautelares nos autosda Representação Criminal n.º 0018538-96.2011.4.05.8300 (“Operação Trevo”).

Narra a inicial que, no aludido decisum, foram decretadas medidasassecuratórias (sequestro, bloqueio de valores etc), ainda na fase investigatória, emdesfavor de JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHOPASCHOAL, GUSTAVO COUTINHO PASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHAPASCHOAL e suas empresas (GRUPO PROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO EPUBLICIDADE LTDA. e SISTEMA RECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim comocontra ZANONE TAVARES PEDROSA, à época, gerente da empresaPERNAMBUCO DA SORTE, pertencente ao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO.Tais medidas assecuratórias incidiram tanto sobre o patrimônio pessoal dosinvestigados quanto sobre o das pessoas jurídicas envolvidas.

Defendendo a regularidade das atividades desempenhadas pelogrupo investigado, os impetrantes alegam/requerem, em síntese (fls. 02/32):

a) a inércia da autoridade coatora em adotar medidas emergenciaispara sanar as graves consequências advindas do bloqueio das contas bancárias eda paralisação das atividades de todas as empresas envolvidas, a saber: dívidastrabalhistas, rescisões de contratos trabalhistas e verbas rescisórias deaproximadamente 500 (quinhentas) pessoas, débitos tributários, vencidos e/ou avencer, contratos de prestação de serviço (advocacia e contabilidade), rescisão docontrato de locação do imóvel sede da empresa, folha de pagamento, entre outros.

b) os fundamentos da decisão de sequestro/arresto são genéricos,baseados em diferentes espécies de medidas assecuratórias previstas na legislaçãocom requisitos peculiares a cada uma delas, a saber, o sequestro propriamente dito,o arresto e as medidas citadas na Lei de Lavagem de Dinheiro, o que inviabiliza oexercício do contraditório e da ampla defesa;

c) a autoridade coatora determinou o arresto/sequestro sobre aintegralidade do patrimônio sem quantificar o montante a ser resguardado parajustificar tão grave constrição, presumindo-se a existência de dano;

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d) o desbloqueio dos bens móveis e imóveis do impetrante ZANONITAVARES PEDROSA, mero gerente da empresa PROMOBEM PERNAMBUCO.

Ao final, pugnaram pela concessão de liminar para suspender o atocombatido, com a liberação de valores das contas bancárias bloqueadas parapagamento das despesas epigrafadas. No mérito, requereu a confirmação dosefeitos do pedido liminar, bem como a decretação da ilegalidade da decisãoconstritiva pela flagrante generalidade (por não ter “quantificado o valor do futuroressarcimento pelo hipotético dano causado”), com a liberação de todos os bensapreendidos (móveis, imóveis e ativos financeiros).

Subsidiariamente, pedem a liberação das contas correntes (pessoasfísicas e jurídicas), dos bens móveis, dos automóveis e embarcações, tendo emvista a permanência da constrição sobre os imóveis, nomeando-se os impetrantesfiéis depositários para que possam administrar o patrimônio constrito.

Notificada, a autoridade apontada coatora apresentou asinformações de fls. 869/1001, complementadas às fls. 1101/1105. Nesta últimaoportunidade, o juízo impetrado requer o envio de cópias das declarações deimposto de renda dos envolvidos a fim de viabilizar o registro de indisponibilidadedos correspondentes bens imóveis perante o Cartório de Registro de Imóveis.

Decisão de deferimento parcial do pedido liminar, fls. 1002/1007.

Instado a se manifestar, o custos legis apresentou parecer (fls.1011/1020), subscrito pelo Procurador Regional da República Dr. JOAQUIM JOSÉDE BARROS DIAS, assim ementado:

MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSUAL PENAL.SEQUESTRO DE BENS E BLOQUEIO DE CONTAS BANCÁRIAS.MEDIDAS DECRETADAS SEM A OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOSDA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. CONSTRIÇÃODOS BENS IMÓVEIS. LIBERAÇÃO EM PARTE DOS VALORESDEPOSITADOS EM INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. OPINATIVOPELO CONHECIMENTO E PELA CONCESSAO PARCIAL DOMANDAMUS.

Às fls. 1023/1024 (e documentos de fls. 1026/1097), os impetrantesjuntam cópia da denúncia e correspondente aditamento oferecidos pelo MPF nosautos da ação penal n.º 0001415-46.2015.4.05.8300.

RELATEI.

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V O T O

O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator):

Trata-se de mandado de segurança em matéria criminal, compedido de liminar, impetrado por PROMOBEM PERNAMBUCO ADMINISTRAÇÃO EPROMOÇÃO DE SERVIÇOS LTDA e outros em contrariedade à decisão da MM.Juíza Federal da 4ª Vara da Seção Judiciária de Pernambuco, Dra. ETHELFRANCISCO RIBEIRO, que decretou medidas cautelares nos autos daRepresentação Criminal n.º 0018538-96.2011.4.05.8300 (“Operação Trevo”).

Narra a inicial que, no aludido decisum, foram decretadas medidasassecuratórias (sequestro, bloqueio de valores etc), ainda na fase investigatória, emdesfavor de JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHOPASCHOAL, GUSTAVO COUTINHO PASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHAPASCHOAL e suas empresas (GRUPO PROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO EPUBLICIDADE LTDA. e SISTEMA RECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim comocontra ZANONE TAVARES PEDROSA, à época, gerente da empresaPERNAMBUCO DA SORTE, pertencente ao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO.Tais medidas assecuratórias incidiram tanto sobre o patrimônio pessoal dosinvestigados quanto sobre o das pessoas jurídicas envolvidas.

Pois bem.

Defendendo a regularidade das atividades desempenhadas pelogrupo investigado, os impetrantes alegam/requerem, em síntese:

a) a inércia da autoridade coatora em adotar medidas emergenciaispara sanar as graves consequências advindas do bloqueio das contas bancárias eda paralisação das atividades de todas as empresas envolvidas, a saber: dívidastrabalhistas, rescisões de contratos trabalhistas e verbas rescisórias deaproximadamente 500 (quinhentas) pessoas, débitos tributários, vencidos e/ou avencer, contratos de prestação de serviço (advocacia e contabilidade), rescisão docontrato de locação do imóvel sede da empresa, folha de pagamento, entre outros.

b) os fundamentos da decisão de sequestro/arresto são genéricos,baseados em diferentes espécies de medidas assecuratórias previstas na legislaçãocom requisitos peculiares a cada uma delas, a saber, o sequestro propriamente dito,o arresto e as medidas citadas na Lei de Lavagem de Dinheiro, o que inviabiliza oexercício do contraditório e da ampla defesa;

c) a autoridade coatora determinou o arresto/sequestro sobre aintegralidade do patrimônio sem quantificar o montante a ser resguardado parajustificar tão grave constrição, presumindo-se a existência de dano;

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MANDADO DE SEGURANÇA (Turma) n.º 103140/PE 0009923-83.2014.4.05.0000

d) o desbloqueio dos bens móveis e imóveis do impetrante ZANONITAVARES PEDROSA, mero gerente da empresa PROMOBEM PERNAMBUCO.

Ao final, pugnaram pela concessão de liminar para suspender o atocombatido, com a liberação de valores das contas bancárias bloqueadas parapagamento das despesas epigrafadas. No mérito, requereram a confirmação dosefeitos do pedido liminar, bem como a decretação da ilegalidade da decisãoconstritiva pela flagrante generalidade (por não ter “quantificado o valor do futuroressarcimento pelo hipotético dano causado”), com a liberação de todos os bensapreendidos (móveis, imóveis e ativos financeiros).

Subsidiariamente, pedem a liberação das contas correntes (pessoasfísicas e jurídicas), dos bens móveis, dos automóveis e embarcações, tendo emvista a permanência da constrição sobre os imóveis, nomeando-se os impetrantesfiéis depositários para que possam administrar o patrimônio constrito.

No presente caso, tenho que a ordem deve ser concedida em parte,por vislumbrar, no exame admitido em sede de mandado de segurança, jurídicos osfundamentos da decisão atacada. Explico.

Primeiramente, passa-se à análise dos requisitos para o deferimentoda medida acautelatória sob exame.

In casu, o juízo a quo, deferiu o pedido de medidas assecuratórias(sequestro/arresto de bens móveis, imóveis, contas bancárias e ativos financeirosde propriedade das empresas impetrantes e de seus dirigentes), tomando por baseos o artigo 125 e seguintes do Código de Processo Penal, além do art. 4º, da Lei n.º9.613/98 (lavagem de dinheiro), assim redigidos:

Código de Processo Penal:

Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos peloindiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sidotransferidos a terceiro.

Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência deindícios veementes da proveniência ilícita dos bens.

Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou doofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderáordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda antesde oferecida a denúncia ou queixa.

(...)

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Art. 131. O seqüestro será levantado:I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias,contado da data em que ficar concluída a diligência;II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestarcaução que assegure a aplicação do disposto no art. 74, II, b,segunda parte, do Código Penal;III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, porsentença transitada em julgado.

Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se,verificadas as condições previstas no art. 126, não for cabível amedida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.

Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, deofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e avenda dos bens em leilão público.Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao TesouroNacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá serrequerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde quehaja certeza da infração e indícios suficientes da autoria.

Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que aparte estimará o valor da responsabilidade civil, e designará eestimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmentehipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramento do valorda responsabilidade e à avaliação do imóvel ou imóveis.§ 1o A petição será instruída com as provas ou indicação das provasem que se fundar a estimação da responsabilidade, com a relaçãodos imóveis que o responsável possuir, se outros tiver, além dosindicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios dodomínio.§ 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dosimóveis designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde nãohouver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos doprocesso respectivo.§ 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá emcartório, poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade,se Ihe parecer excessivo ou deficiente.§ 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ouimóveis necessários à garantia da responsabilidade.§ 5o O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente apósa condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer

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das partes não se conformar com o arbitramento anterior à sentençacondenatória.§ 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos dedívida pública, pelo valor de sua cotação em Bolsa, o juiz poderádeixar de mandar proceder à inscrição da hipoteca legal.

Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início,revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não forpromovido o processo de inscrição da hipoteca legal. (Redação dadapela Lei nº 11.435, de 2006)(...).

Lei n.º 9.613/98:

Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público oumediante representação do delegado de polícia, ouvido o MinistérioPúblico em 24 (vinte e quatro) horas, havendo indícios suficientes deinfração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens,direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes emnome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ouproveito dos crimes previstos nesta Lei ou das infrações penaisantecedentes. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação dovalor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau dedeterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para suamanutenção. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)§ 2o O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitose valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-sea constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes àreparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias,multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pelaLei nº 12.683, de 2012)§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem ocomparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a quese refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática deatos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, semprejuízo do disposto no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de2012)§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens,direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infraçãopenal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento deprestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei nº12.683, de 2012)

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Os autos dão conta de que os impetrantes estão sendo investigados(denúncia recebida em 23/02/2015, no curso da presente ação) por atuaçãocriminosa na prática do jogo do bicho e na comercialização de títulos decapitalização com suposta apropriação indevida de valores decorrentes da cessãode cotas, por meio de desvirtuamento da operacionalização dos aludidos títulos, oque configuraria, em tese, o cometimento dos delitos capitulados no art. 2º, da Lein.º 12.850/2013 (organização criminosa), no art. 4º, parágrafo único, da Lei n.º7.492/86 (gestão temerária de instituição financeira), no art. 58 do Decreto-lei n.º3.688/41 (contravenção de jogo do bicho – declinada a competência para a JustiçaEstadual), no art. 1º da Lei n.º 9.613/98 (lavagem de dinheiro) e no art. 168 doCódigo Penal (apropriação indébita).

No decisório impugnado, foram decretadas medidas assecuratórias(sequestro e arresto), ainda na fase investigatória, em desfavor de JÚLIO EMILIOCAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMES COUTINHO PASCHOAL, GUSTAVOCOUTINHO PASCHOAL, CLÁUDIO DA ROCHA PASCHOAL e suas empresas(GRUPO PROMOBEM, E2 COMUNICAÇÃO E PUBLICIDADE LTDA. e SISTEMARECIFENSE DE MÁQUINAS LTDA.), assim como contra ZANONE TAVARESPEDROSA, à época, gerente da empresa PERNAMBUCO DA SORTE, pertencenteao GRUPO PROMOBEM PERNAMBUCO. Tais medidas assecuratórias incidiramtanto sobre o patrimônio pessoal dos investigados quanto sobre o das pessoasjurídicas envolvidas.

Especificamente no que toca às medidas assecuratórias impingidase, entendendo necessário o sequestro/arresto de bens (de origem lícita ou não)para assegurar o pagamento de sanção pecuniária eventualmente aplicada, alémda reparação do dano e pagamento das custas processuais (“garantia dos efeitospatrimoniais da sentença condenatória”), o Juízo de 1º grau determinou (fls.146/374):

“1. O sequestro dos bens imóveis que estejam registrados em nomedos investigados abaixo qualificados e das empresas, impedindo oscartórios de registro de imóveis de promover qualquer ato detransferência de propriedade, solicitando da Corregedoria de Justiçaque repasse a ordem judicial a todos os oficiais do registro do Estadode Pernambuco e de outros estados, para fins de inscrição;2. O sequestro das embarcações que estejam registradas em nomedos investigados abaixo qualificados e das empresas, oficiando-se àCapitania dos Portos no Estado de Pernambuco, informando arestrição judicial à alienação, a fim de que o referido órgão público seabstenha de promover qualquer transferência de propriedade;3. O sequestro e apreensão dos veículos automotores ‘nãopopulares’ (assim considerados aqueles acima de R$ 50.000,00)encontrados em buscas nos endereços abaixo;

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4. O bloqueio, através do sistema BACEN/JUD, de quaisquer valoresdepositados em instituições financeiras do país em nome dosinvestigados abaixo qualificados e das empresas mencionadas.(...)”.

Consta, ainda, que, após a revogação da prisão preventiva dosinvestigados, além do afastamento de suas atividades nas empresas envolvidas nainvestigação, o juízo a quo fixou as seguintes medidas cautelares:

“a) proibição de ausentar-se do país, devendo, para tanto, entregar opassaporte, em 24 (vinte e quatro) horas, para a Autoridade Judicial;b) comparecimento mensal obrigatório ao Juízo Federal da Subseçãode Recife – PE, a fim de que possa justificar suas atividades;c) Proibição de ausentar-se, por qualquer prazo, da referida Comarcasem autorização deste Juízo;d) monitoração através de tornozeleira eletrônica, se disponível nalocalidade; ee) proibição em frequentar quaisquer estabelecimentos ou locais quetenham relação com exploração de jogos de azar, jogo do bicho,bingos, cassinos, máquinas eletrônicas programáveis (MEPs),máquinas caça-níqueis, sorteios de qualquer natureza, ou outrossimilares”.

De outro giro, nos autos do HC n.º 5694/PE, na sessão realizada nodia 19/12/2014, esta e. Primeira Turma, à unanimidade, proferiu acórdãoestabelecendo as seguintes medidas cautelares:

“A. proibição de ausentar-se do país, devendo, para tanto, entregaros passaportes à Autoridade Judicial em 24 (vinte e quatro) horas;B. proibição de ausentar-se, por qualquer prazo, do Estado dePernambuco, sem autorização do Juízo Federal;C. proibição de frequentar quaisquer locais que tenham relação comexploração de jogos de azar, jogo do bicho e similares;D. obrigatoriedade de comparecimento mensal ao Juízo Federal daSubseção de Recife/PE para justificar suas atividades; eE. afastamento de suas atividades (atividades-fim, como se verá aseguir) nas empresas envolvidas na investigação.”

Na mesma oportunidade, foi reconhecida a possibilidade de osimpetrantes realizarem atos de gestão necessários à implementação da própriadeterminação judicial de suspensão das atividades-fim das empresas investigadas,nestes termos:

“No entanto, no que se refere à suspensão das atividades dasempresas investigadas, oportuno ressaltar que, para o próprio

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cumprimento de tal determinação judicial, faz-se necessária arealização de atos de gestão (p. ex. demissão/pagamento defuncionários, rescisão de contratos etc.).

Desta forma, pertinente e complementar à medida cautelar desuspensão das atividades das empresas investigadas fixada pelojuízo a quo, necessária a definição, ainda que de ofício, da questãorelativa à qual área de atuação deve se dirigir a proibição judicial.

In casu, coerente que tal proibição restrinja-se à atividade-fim dasempresas envolvidas, não englobando, por conseguinte, atosburocráticos necessários à implementação da própria determinaçãode suspensão das atividades, como dito, demissão/pagamento defuncionários, rescisão de contratos etc, presumidamenteimplementados no escritório sede da empresa”.

Na cadência, como forma de viabilizar o cumprimento da própriadeterminação judicial de suspensão das atividades-fim das empresas investigadas,nos autos da presente ação mandamental, esta Relatoria deferiu em parte o pedidode medida liminar, determinando o imediato desbloqueio das contas bancárias daspessoas jurídicas envolvidas tão somente para o fim de pagamento de:

I – dívidas trabalhistas, rescisões de contratos de trabalho e folha depagamento (esta última, sujeita à comprovação mês a mês dasrespectivas despesas);II – débitos tributários vencidos ou a vencer;III – honorários advocatícios e de serviços de contabilidade(mediante a juntada do respectivo contrato de prestação deserviços); eIV – fornecedores.

No presente caso, examinando-se o conjunto probatório carreadoaos autos, tenho que se mostram presentes indícios das condutas típicas apontadase da proveniência ilícita, senão da totalidade, mas de grande parte dos bensconstritos, o que, só por si, já se mostra suficiente para a decretação das medidasde constrição previstas, seja no art. 125 e seguintes do CPP, seja no art. 4º, da Lein.º 9.613/98.

Por outro lado, os impetrantes não lograram êxito em demonstrar terapresentado no primeiro grau provas da origem lícita do patrimônio dos envolvidos,o que, a rigor, demanda dilação probatória, incabível em sede de mandado desegurança. Ora, se por um lado os impetrantes invocam a licitude da origem de seupatrimônio, não trouxeram aos autos provas que corroborassem tal alegativa.

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Em contraponto, da leitura da decisão de recebimento da denúnciaproferida nos autos da Ação Penal n.º 0001415-46.2015.4.05.8300 (ora anexada),verifica-se a existência de provas da materialidade delitiva e de indícios de autoriarelativamente aos denunciados, ora impetrantes.

De fato, em decorrência das supostas condutas delituosas(organização criminosa, gestão temerária de instituição financeira, lavagem dedinheiro e apropriação indébita), foram elaborados os Relatórios de Fiscalização -SUSEP nº 64/2014, nº 65/2014 e nº 66/2014, os quais constataram que a APLUBCAPITALIZAÇÃO S/A e a SUL AMÉRICA CAPITALIZAÇÃO - SULACAP utilizaraminadequadamente os produtos que foram submetidos à aprovação daquela SUSEP,no caso, "GOIÁS DÁ SORTE", "BAHIA DÁ SORTE" e "PERNAMBUCO DÁ SORTE".Consta, ainda, Termo Circunstanciado de Ocorrência lavrado em decorrência daapreensão de 39 terminais de Jogo do Bicho, em uma das sedes da Sonho Real;informações bancárias e fiscais decorrentes das quebras de sigilo bancário e fiscaldevidamente autorizadas; os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) nº 12.791 enº 12.801; Autos Circunstanciados de Interceptação Telefônica nº 01/2014, nº02/2014; nº 03/2014; nº 04/2014 e nº 05/2014, entre outros, tudo a indicar aestrutura da organização criminosa e seus respectivos integrantes, inferindo-se, apartir destes documentos, indícios de autoria delituosa relativamente aos acusados.

Convém não deslembrar que o próprio denunciado GUSTAVOCOUTINHO PASCHOAL, perante a autoridade policial, admitiu que, juntamente comseus três irmãos (JÚLIO EMILIO CAVALCANTI PASCHOAL NETO, HERMESCOUTINHO PASCHOAL e CLÁUDIO DA ROCHA PASCHOAL), é proprietário dasempresas de títulos de capitalização localizadas nos Estados do AM, PA, PI, BA,GO, ES, AL, PB e PE, e que ZANONI TAVARES PEDROSA é o principalresponsável pela parte comercial destas nove empresas (v. cópia da denúncia fls.1026/1095).

Há, portanto, suficientes indícios da prática delituosa imputada aosdenunciados, pelo que a manutenção das medidas constritivas é providência que seimpõe.

Caracterizada a movimentação contábil/financeira à margem docontrole da autoridade pública competente (ainda que sob o manto da legalidade), ehavendo fortes indícios de sua proveniência ilícita, inequivocamente devem sermantidas as medidas constritivas, diante da forte presunção de constituírem essesbens produto ou proventos do crime, tendo tais medidas o fito de assegurar aeficácia da futura decisão judicial (eventual reparação do dano e pagamento dasdespesas processuais e das penas pecuniárias).

Ademais, é sabido que a previsão de medidas cautelares em sedecriminal não vulnera o princípio constitucional da presunção de inocência,porquanto nenhum princípio constitucional é absoluto, todos estando submetidos a

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uma interpretação sistemática da Constituição, de forma que caberá ao Juiz, naanálise do caso concreto, decidir com base na proporcionalidade, isto é, nanecessidade concreta de se decretar a medida ou não.

De outro giro, a constrição do patrimônio dos envolvidos,igualmente, não ofende o direito à propriedade, porquanto sua decretação,consistindo em medida excepcional, pauta-se pelo preenchimento dos pressupostoslegais, quais sejam, a prova da infração e os indícios de autoria, o que restouobservado no caso dos autos.

Não se pode olvidar, ainda, que as medidas assecuratóriasprevistas na legislação processual penal pátria não importam em "perda do domínio,que só ocorrerá após o trânsito em julgado de eventual decreto condenatório" (TRF4.ª Região, 8.ª Turma, ACR n.º 200471000318009/RS, Rel. Des. Federal ÉlcioPinheiro de Castro, DJU 23.02.2005).

No entanto, como salientado pelo próprio órgão ministerial, aindisponibilidade de todos os bens móveis e imóveis e o bloqueio de todos os ativosfinanceiros, viola os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade dispostos naConstituição da República, destacando ele que, nestes moldes, a medida atinge asubsistência não só dos impetrantes, mas também de sua família.

Seria, nos dizeres do Ministério Público, incabível a constriçãopatrimonial sobre todos os bens, especialmente considerando que, até o presentemomento, não foi fornecido um parâmetro limitador da medida constritiva.

Por outro lado, os impetrantes diligenciaram a juntada dasdeclarações de imposto de renda 2013/2014 (pessoas físicas e jurídicas), a partirdas quais se observa a existência de imóveis, veículos e embarcações de valorexpressivo (fls. 515/812), o que, a despeito das graves imputações dirigidas aosdenunciados, a priori, já representa uma garantia considerável de eventual prejuízoa ser reparado.

Desta forma, reputo irrazoável manter o bloqueio da totalidade dosbens de titularidade dos impetrantes quando o próprio MPF reputa desproporcionaltal medida.

Assim, voto pela manutenção das seguintes medidas constritivas:

I – sequestro de todos os bens imóveis que estejam registrados emnome dos impetrantes e em nome das suas empresas; eII – bloqueio, através do sistema BACEN/JUD, de 50% (cinquentapor cento) dos valores depositados em instituições financeiras dopaís em nome das empresas dos impetrantes, que também figuremno polo ativo da presente ação mandamental.

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Com essa decisão, resta sem efeito a liminar na medida em que osvalores ora liberados farão frente às despesas tuteladas por ela.

Os valores depositados em instituições financeiras - 50% domontante existente de titularidade das pessoas jurídicas e 100% de titularidade daspessoas físicas - devem ser liberados imediatamente.

Ainda, quanto aos veículos e embarcações apreendidos – detitularidade dos impetrantes (pessoas físicas e jurídicas) – fica mantido o sequestrojá realizado. No entanto, para sua preservação e conservação, devem ser entreguesaos seus respectivos proprietários, no prazo máximo de 10 (dez) dias, mediante aassinatura de Termo de Compromisso de Fiéis Depositários. Os leilões ficandosuspensos de imediato.

Ressalte-se que a apreciação do pedido de liberação de taisvalores/bens cabe ao juízo de primeiro grau mediante prévia comprovação datitularidade dos aludidos bens/direitos, com a apresentação/assinatura dosrespectivos documentos pertinentes.

Por fim, fica prejudicado o pedido de desbloqueio de valores emfavor do impetrante ZANONI TAVARES PEDROSA, bem como a alegação deinércia da autoridade coatora em adotar medidas emergenciais para sanar asconsequências advindas do bloqueio das contas bancárias e da paralisação dasatividades das empresas envolvidas, porquanto já deferido/apreciado pelo juízo deprimeiro grau, como se infere das decisões de fls. 887/969.

Diante do exposto, concedo em parte a segurança requerida.

ASSIM VOTO.

Encaminhem-se, com urgência, cópia dos documentos de fls.515/812 (doc. 7 da petição inicial de fls. 02/32), na forma requerida pela autoridadeimpetrada às fls. 1101/1103.

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