Trigueirinho Caminhos Para a Cura Interior

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TRIGUEIRINHO

CAMINHOS PARA A CURA INTERIOR

PENSAMENTO

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CAMINHOS PARA A CURA INTERIOR

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Livros do mesmo autor:

NOSSA VIDA NOS SONHOS (1987) A ENERGIA DOS RAIOS EM NOSSA VIDA (1987) DO IRREAL AO REAL (1988) HORA DE CRESCER INTERIORMENTE (O Mito de Hercules Hoje) (1988) A MORTE SEM MEDO E SEM CULPA (1988) CAMINHOS PARA A CURA INTERIOR (1988) ERKS - Mundo Interno (1989) MIZ TLI TLAN - Um Mundo que Desperta (1989) AURORA - Essncia Csmica Curadora (1989) SINAIS DE CONTATO (1989) O NOVO COMEO DO MUNDO (1989) A QUINTA RAA (1989) PADRES DE CONDUTA PARA A NOVA HUMANIDADE (1989) NOVOS SINAIS DE CONTATO (1989) OS JARDINEIROS DO ESPAO (1989) A BUSCA DA SNTESE (1990) A NAVE DE NO (1990) TEMPO DE RETIRO E TEMPO DE VIGLIA (1990) ENCONTRO INTERNO

Nesta mesma Editora. Todas os livros de Trigueirinho so traduzidos para a espanhol e editadas pela EDITORIAL KIER, S.A. Avenida Santa F, 1260 (1059) Buenos Aires, Argentina

TRIGUEIRINHO

CAMINHOS PARA A CURA INTERIOR

EDITORA PENSAMENTO So Paulo

Copyright 1988 Jos Trigueirinho Netto.

Os recursos gerados pelos direitos autorais so canalizados para trabalhos espirituais que no se vinculam a instituies, organizaes, seitas, ou entidades de qualquer tipo.

Edio 4-5-6-7-8-9-10

Ano 90-91-92-93-94-95

Direitos reservados EDITORA PENSAMENTO LTDA. Rua Dr. Mrio Vicente, 374 -04270 - So Paulo, SP - Fone: 2721399 Impresso em nossas oficinas grficas Penny

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SUMRIO

Prembulo Primeira Parte As causas ocultas das doenas O sonho da flor O que a cura? De onde provm as doenas Funes profundas das doenas O relacionamento do homem com os seus corpos Segunda Parte A proteo especial A questo do sofrimento e da dor A purificao das clulas Esforo sem luta Indagaes Pontos de fora e de cura no planeta Glossrio

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PREMBULO Na poca atual, bilhes de indivduos buscam a cura. A vida interior em cada um est passando tambm por um desenvolvimento especial, dada a estimulao que, dos nveis mais sutis da conscincia, est descendo sobre o chamado "eu superior" do homem - ncleo extremamente inteligente e poderoso, que tem seu principal campo de atividade na quarta dimenso, nvel existente alm do mental pensante. Afirma-se que h poucas centenas de indivduos totalmente sadios neste planeta - embora do ponto de vista clnico, ao qual a cincia e a medicina de hoje tm acesso, esse nmero aparentemente seja bem maior. Sabe-se que um homem de hoje, de evoluo normal, tem conscincia de apenas aproximadamente dez por cento do seu ser total - portanto, o que esse homem pode examinar em suas pesquisas e diagnosticar com suas tcnicas ainda no ultrapassou essa quota. No futuro, vai abrir-se para a medicina um campo mais amplo quando, no atual globo ocular do ser humano, desabrochar a capacidade de ver a dimenso etrica e quando certas glndulas, principalmente as de sua cabea, estiverem prontas para um desenvolvimento superior. Alm desse processo, que j est em andamento, a influncia da dimenso chamada "intuitiva" comea hoje a fazer-se perceber. muito mais do que no passado. Com essa nova conjuntura, e outros fatos inditos que esto ocorrendo no planeta, sabe-se que grandes passos sero dados no campo da cura. Este livro quer ajudar a abrir portas para dimenses que em breve sero conhecidas por todos. Trigueirinho7

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PRIMEIRA PARTE AS CAUSAS OCULTAS DAS DOENAS Diz-se que o assunto da cura antigo como a Terra, o que para mim verdadeiro: enfermidade h desde que o planeta existe. A razo disso est no prprio ato das foras construtivas que, vindas atravs dos raios solares, entram em contato com a atmosfera terrestre. Essa atmosfera, por ser ainda heterognea e cheia de elementos antievolutivos, est impregnada de resqucios de tempos remotssimos, que datam da convivncia mais ntima que havia entre a substncia da Terra e a da Lua, quando esta ltima era um planeta em pleno vigor e com tarefa bem diferente da que tem hoje. Os raios solares, deslizando dentro dessa atmosfera, inserindo-se em seu espao, produzem um atrito que gera o que chamamos de "doenas". Tal fenmeno no exclusivamente fsico. Sua contraparte existe em outras dimenses do planeta, fazendo das enfermidades um fato bem concreto em trs nveis de realidade: fsico-etrico, astral ou emocional e mental pensante. Alm da dimenso mental pensante, entretanto, esse desequilbrio j foi transcendido pelas energias de planos mais sutis. As enfermidades so, portanto, um fato planetrio, e no apenas uma caracterstica dos seres humanos ou dos seres de outros remos da natureza, tais como o mineral, o vegetal e o animal. Assim, mesmo que os homens conscientemente deixassem de dar motivos para ficarem enfermos, mesmo que conseguissem modificar tantas condies desfavorveis provocadas pelos maus hbitos de vida e mesmo que os demais seres tivessem sempre ambientes adequados para um9

viver saudvel, continuariam sujeitos s doenas, por serem elas, como vimos, inerentes prpria atmosfera fsica e psquica da Terra, por enquanto. Por atmosfera psquica entendemos, neste estudo, a vibrao do plano mental pensante e do plano astral ou emocional, que est em vias de ser purificado por fatos universais, que no so assunto deste livro. As atuais foras lunares, sendo restos de um planeta que fracassou,1 evocam um passado remotssimo, marcado por lutas subjetivas e objetivas que, por fim, resultaram na situao presente: a Lua existindo como satlite da Terra e mantendo sobre esta algumas influncias diretas, concretas, alm de vrias outras, indiretas e menos evidentes. Entre as visveis, encontram-se as que produzem a oscilao das mars e o ritmo do crescimento e da vida das plantas; entre as influncias menos palpveis, pode-se citar a estimulao instintiva e emocional no homem, esse ser que j ultrapassou o estado irracional, mas que ainda no est liberto do comportar-se como aqueles que no pensam. A presena das enfermidades , portanto, uma realidade planetria que transcende o prprio homem. Essa situao ser resolvida em um futuro mais ou menos prximo, a depender da influncia benfica que outras energias possam ter sobre a rbita fsica e psquica da Terra. Tais energias, algumas das quais extraplanetrias, sempre estiveram presentes, mas intensificaro cada vez mais sua ao, dado o grau de necessidade de cura em que atualmente nos encontramos. Neste momento cclico, estrelas e planetas muito mais adiantados do que a Terra fazem incidir sobre ns sua irradiao especial e benfica; e no s esses "logos" estelares e planetrios esto fazendo tal trabalho criativo, mas tambm o esto os seres ou1

Vide Glossrio no final deste livro.

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entidades de evoluo superior que vivem e tm sua essncia nas rbitas internas desses "logos". Esses seres mantm sua energia espiritual voltada para todos os nveis de conscincia da Terra e alguns tm ao positiva sobre os prprios nveis humanos das criaturas. ***** Estamos considerando, neste estudo, o nvel fsicoetrico como a primeira dimenso, o nvel astral ou emocional como a segunda, o mental pensante como a terceira e o mental abstrato, onde temos conscincia do eu superior, como a quarta. Alm dessas, h a dimenso intuitiva, seguida da espiritual e de outras ainda mais elevadas. Essa classificao das diferentes dimenses de conscincia est sendo mencionada aqui de modo propositadamente facilitado. Certas fontes apresentam-na mais detalhada, levando em conta diversos subleveis vibratrios de cada um desses estados de ser. A energia de inclusividade que anima o eu superior tambm est sendo especialmente ativada nesta poca por uma energia semelhante a ela, oriunda do centro interno do Sol, o catalisador do sistema no qual o planeta Terra existe e tem o seu ser. Assim, com essa nova energia, os eus superiores esto produzindo nas personalidades dos homens urna revoluo nunca antes verificada: cada indivduo est se tornando capaz de manifestar conscincia de grupo, sem, entretanto, perder a prpria integridade como unidade viva. Essa faceta da Conscincia nica trar para a Terra uma nova situao, pois, como planeta, ela est tambm sendo estimulada por energias ainda mais potentes, vindas de outras reas internas (e externas) do universo. Conta-se hoje, portanto, de modo mais intenso,11

com a colaborao de outros seres espaciais, como, por exemplo, os dos planetas e das estrelas desta ou de outras galxias. Os recursos internos de alguns corpos deste sistema solar j esto se exteriorizando. Dentro de cada um h uma centelha essencial, que corresponde ao Macrocosmo inteiro, sendo dele um reflexo; todavia, essa centelha de qualidade csmica no poderia, sem o estmulo e a presena de energias maiores, manifestar-se ou atualizar-se, como comea agora a acontecer. Isso tanto verdadeiro para um indivduo de hoje como para o "logos" de. um planeta com o grau de conscincia igual ao da Terra. essa cooperao que est se tornando conhecida agora e que comea a ser exercida tambm por aqueles que encontram, dentro da rbita terrestre, homens e mulheres que aspiram a servir ao mundo. Essa cooperao reflexo da inclusividade csmica onipotente e onipresente. As palavras humanas so pobres para descrever esses estados de interrelacionamento, porque elas so fruto da atividade mental e, portanto, separatistas. Mesmo quando se usam palavras que tm conotao mais inclusiva, tais como "vida", "amor", "sntese"; e outras que possam porventura tentar exprimir estados interiores, no se consegue transmitir com clareza o que se passa alm dos nveis de percepo normalmente conhecidos. Muitas vezes, transmitir realidades subjetivas faz-se possvel atravs de imagens significativas trazidas nossa conscincia. Nessas imagens a palavra no necessria. Tentarei descrever uma experincia que tive, na qual uma imagem que expressava uma realidade curou-me e levou-me a cooperar mais conscientemente com a evoluo em geral.

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O SONHO DA FLOR De diferentes modos pode a cura espiritual efetuarse e, durante a minha vida, tive oportunidade de entrar em contato com alguns deles. Viajei por centros de energia para transformao planetria, a fim de fazer pesquisas, e passei tambm, enquanto dormia, por marcantes experincias, pois, como se sabe, verdadeiros processos teraputicos podem acontecer durante o nosso sono. Alm disso, pude conhecer a atividade contemplativa de um ser evoludo que, enquanto permanecia deitado em um sof, ia conscientemente, como eu superior, aos mais distantes pontos da Terra, levado que era pelo prprio ritmo interior de trabalho. Onde sua vibrao amorosa chegava, uma energia transformadora fazia-se presente, quase visvel, sem que com isso houvesse qualquer interferncia na liberdade de outros. Aqueles que estivessem abertos para a cura podiam experiment-la onde quer que se encontrassem e quaisquer que fossem as condies de seu ambiente e situao vivencial. A beleza de um processo de cura, que nada mais do que a prpria purificao da matria, est no fato de a essncia da vida encontrar-se tambm no centro de cada tomo, de cada partcula. Essa essncia, por muitos filsofos chamada de "divina", onipresente. Portanto, uma pessoa que cura no propriamente o agente responsvel pela cura: ela representa e catalisa aquilo que est em toda parte e dentro de cada um de ns. Mesmo sabendo disso teoricamente, e apesar de ter feito pesquisas e experincias, nunca havia eu vivenciado essa realidade. Participara de trabalhos de cura em um nvel pouco material, mas no tivera ainda13

o conhecimento direto do que vinha a ser isso, at que me aconteceu o "sonho da flor". Minha mente vivia indagando se a cura era possvel em qualquer ambiente e em qualquer situao; antes, porm, de eu receber esclarecimentos sobre isso, pus-me lutar em demasia para que um certo ambiente, onde eu morava junta mente com um grupo, se liberasse de todos os compromissos que ainda tinha com os hbitos da vida comum, hbitos que a maioria das pessoas tem. Pouco antes de encaminhar-me para a sala onde fazamos meditao grupal diariamente, aquietei-me e tive um sonho. Vi um pequeno vaso de plstico, muito branco, com uma plantinha que comeava a florir. Gradualmente, o fundo neutro daquele quadro foi sendo transformado em um capacho, desses em que as pessoas limpam os sapatos antes de entrarem em casa; dele, e no mais do vasinho, saa agora a pequena planta, com sua florzinha brilhante. O capacho permaneceu em meu campo visual, mostrando que pode ser o solo onde uma flor capaz de nascer. Refletindo a respeito dessa imagem, pude compreender que do exerccio da nossa prpria purificao e a partir das nossas limitaes (representadas pelo capacho que se usa para limpar os ps) que "cresce a flor" - e no a partir de uma situao externa de total pureza, pureza essa que no pode existir, ainda, sobre a face da Terra. Encontrar o equilbrio entre a realidade concreta (o capacho) e a busca incessante e persistente de autoaperfeioamento, isso o que se almeja. necessrio amar a si mesmo para poder sadiamente amar o prximo: um nico amor, verdadeiro, sem autocomiserao, que acontece dentro de uma s Unidade que a tudo inclui. Naquela mesma manh, ao chegar ao refeitrio comunitrio, diante da mesa do desjejum provida de14

tudo o que era necessrio para alimentar os corpos fsicos ali presentes, experimentei uma gratido profunda, que eu no sabia explicar por que surgira e nem a quem se dirigia. Tampouco sabia qualquer coisa sobre mim mesmo diante daquele sentimento. Ele vinha de dentro, atravs de um canal que fora aberto pela imagem sonhada. Ficara a abertura, e nada mais era necessrio. Tudo fora feito pela energia de cura. O sonho, com sua durao de poucos segundos, teve imensa repercusso interior e est presente enquanto escrevo estas linhas, tantos anos depois. A partir dessa experincia vi que no precisava mais sair em busca da cura, pois me foi mostrado que ela pode acontecer onde estamos e na situao em que nos encontramos. A tranqila expectativa na qual, se quisermos, podemos, nos colocar, a verdadeira situao que nos predispe cura. No meu caso, atravs dela ocorreu certa ampliao no trabalho que vinha sendo feito, h algum tempo, pelos meus cornos fsico-etrico, emocional e mental, que se tornaram, dai por diante, mais sintonizados com a energia proveniente de um nvel mais profundo do meu ser, e mais atentos a essa energia que deveria sempre estar disposio de todos aqueles que eu contatava. Processos como esse no so controlveis pela mente humana, e bom que assim o selam, pois nem sempre o eu consciente est preparado para saber o que se passa nos planos interiores da vida; o ritmo da energia de cura no deve ser perturbado pela curiosidade, pelo egosmo, pelo julgamento, pela crtica, nem mesmo pela admirao devocional. Na maioria dos casos, quanto mais inconsciente for o processo de cura, melhor. Quanto mais esquecido de si prprio estiver o ego humano no momento do alinhamento do ser com as energias curativas, mais livremente podem elas descer para os nveis mental, emocional e fsico-etrico do indivduo.15

Ilustrarei com um outro exemplo prtico o aspecto elevado e inconsciente da cura. Durante um certo perodo em que desenvolvamos determinado trabalho grupaI, costumvamos receber pessoas individualmente para colquios que visavam estimular o processo evolutivo daquelas que estivessem dispostas a assumi-lo. Em um domingo, surgiu para uma reunio algum que estava subjetivamente sufocado pelos ressentimentos. No conseguia falar de suas mgoas, to fortes e profundas eram; e, dado que muita dor lhe provocavam, evitava referir-se a elas. Prestes a passar por uma crise de sade fsica, que viria a ser um reflexo do que existia em seu mundo psquico, aquele individuo foi ento convidado por um de ns a comparecer ali novamente em outra data para uma conversa. Chegando o. dia marcado, ele foi recebido por um dos participantes daquele grupo de trabalho que mais estava livre de ressentimentos, cuja vibrao era, portanto, bem diversa da sua. A conversa girou sobre assuntos vrios, e no sobre os problemas que o atormentavam. Assisti a esse colquio, e notei que o processo de cura que acabou por ocorrer foi vivenciado de modo inteiramente inconsciente. Logo entrada, o indivduo encontrara um ambiente interessante, com um belo aqurio de fundo azul e peixes ornamentais de rara beleza, e fora recebido despreocupadamente, como se nada de grave estivesse acontecendo. Dali a cerca de uma hora o encontro terminava, tendo sido tratados os mais variados assuntos sem que se houvesse aprofundado nenhum deles em especial. Era todavia quase visvel a energia que fora criada, como tambm a irradiao que vinha da pessoa que no sofria de mgoas prprias. Dai por diante, o individuo, prisioneiro que fora, partilhava o fato de que, inexplicavelmente, deixara de sofrer a tortura daqueles sentimentos obscuros. Segundo percebia, ele havia se16

liberado aps aquele encontro to simples. V-se que transmitimos ao outro o que de fato somos dentro de ns mesmos. Se no temos mgoas, levamos aos outros uma energia de libertao que subjetivamente os ajuda a se purificarem. Esse processo no consciente, e, por isso, poder ser facilitado se no o contaminarmos com a mente racional. Percebi tambm, aps essa experincia, quo abrangente o movimento em um. processo de cura; ramos trs, reunidos para aquele trabalho, e o indivduo prisioneiro usufruiu do daqueles que estavam mais livres do que ele. Por uma misteriosa unio, que se d em nveis inconscientes, uns usufruem da situao interior de outros. como se, em certo sentido, a F trouxesse consigo crditos morais insondveis. Se a tenho, posso irradi-la, e o outro, sendo assim estimulado, poder v-la emergindo em si prprio. No livro A Energia dos Raios em Nossa Vida,2 partilhei algumas idias bsicas sobre a F, energia tpica do eu superior, vinda da quarta dimenso. ***** Em certos casos, para que a cura acontea, necessrio que estejam juntos aquele que vai ser o instrumento da cura e aquele que precisa ser curado. E h circunstncias em que til a presena de uma terceira pessoa, cuja energia, combinada com a de quem "cura" ou com a de quem quer ser liberto, pode ajudar. O lado imprevisto e misterioso da cura no se limita, porm, a fatos assim visveis. H exemplos nos quais o indivduo curado sem que o perceba: a alegria interior passa a estar presente em seu olhar e a carga de ansiedade deixa de existir em sua mente e em seu corao. Para que a cura interior ocorra, nem sempre so2

Editora Pensamento, So Paulo, 1988.17

necessrios intermedirios aqui na Terra, como o foram no exemplo que citamos. Essencial que construamos voluntariamente uma ponte de comunicao entre o nosso eu consciente e o ncleo de amor-sabedoria que habita dentro de ns, ncleo que formado da energia inclusiva e sinttica que predomina neste sistema solar e, portanto, no planeta em que vivemos. Essa energia, essncia de cada ser, encontra-se no vrtice das foras evolutivas da quarta dimenso e . representada em cada um de ns pelo eu superior. Tomamos conhecimento dela mais cedo ou mais tarde, em uma encarnao ou em outra, atravs, principalmente, da pura e simples aspirao por encontr-la. Desejando manifestar esse amor que a tudo e a todos inclui, acabamos por reconhec-lo dentro e fora de ns e, a partir de ento, passamos a servir ao mundo e a estar administrados pelos aspectos superiores das mesmas leis que regem o nvel humano do nosso ser. Mesmo sem a ajuda palpvel de intermedirios, um indivduo pode comear a construir essa ponte. A ajuda de que ele precisa encontra-se principalmente em nveis mais elevados de sua prpria conscincia, onde ele est unido aos demais homens, dado que o sistema solar se mantm integrado exatamente pela mesma fora de coeso que existe entre todos os seres vivos que o habitam e entre todas as energias que o movem. Nos nveis de conscincia mais sutis aos quais nos referimos; nossos eus superiores so auxiliados a perceber quais so seus caminhos csmicos, atravs de indicaes feitas por quem j os encontrou. como se percorrssemos uma rota desconhecida, porm cheia de sinais indicativos. Somos livres para segui-los ou no. Ora esto em nveis mais concretos aqui na Terra, ora em planos sutis desta mesma vida. Quem os segue caminha mais18

facilmente, e quem no lhes d importncia alcana a meta, junto com a maioria, no final de grandes ciclos evolutivos do mundo. Todos, porm, chegam onde tm de chegar. Um exemplo interessante pode ser dado como ilustrao desse assunto. Conheci certa vez um ser altrusta que mantinha uma espcie de curso filosfico para pessoas que estavam em busca de autoconhecimento. O grupo era pequeno, porm fiel sua meta interior. Seus membros estavam mais ou menos no mesmo nvel de interesse pelo Esprito, e sentiam-se perfeitamente vontade fazendo juntos suas pesquisas subjetivas. Um dia, durante uma meditao, bateu porta um indivduo que procurava algum. Como estava com o endereo errado, foi-lhe informado que aquele a quem ele procurava no morava ali - e ele ento continuou sua peregrinao pelas ruas adjacentes. Um dos presentes teve a percepo de que o indivduo que batera porta e que j se havia ido eralhe conhecido. O coordenador soube ento, interiormente, que se tratava de algum que outrora fora componente daquele mesmo grupo. H sculos atrs estavam todos juntos; alguns seguiram os sinais indicativos, mas ele no os havia seguido. Porm, ter batido porta, embora por motivo diverso, era j um indcio de que estava reencontrando o antigo caminho perdido. Mais cedo ou mais tarde todas as linhas convergem para o mesmo ponto. Ainda que at o presente momento no nos tenha sido dada a oportunidade de encontrar de novo aquele companheiro que se demorara mais em seus passos, sabemos que um dia isso acontecer. Estaremos ento todos - ele inclusive - muito mais experientes do que hoje.19

***** Contatos positivos que tivemos em encarnaes anteriores com pessoas evoludas servem, quando presentemente as reencontramos no plano fsico, como porta aberta para um sadio e elevado relacionamento. Nele, a energia de amor incondicional pode agir e um verdadeiro processo de cura pode estabelecer-se. A confiana desenvolvida em outras vidas nos predispe a abrirmo-nos ao atual curador que, irradiando sua fora interior, estimula os mais puros ncleos do nosso ser. Evidentemente, na cura sempre est presente a lei evolutiva, e a energia das dimenses superiores no tem de ficar limitada ao processo normal do carma do indivduo. Principalmente nesta poca, esto acontecendo remanejamentos, a lei vale-se ao mximo da oportunidade de agir como energia curadora. Esse um dos resultados do fluir dessa energia de sntese dos planos csmicos para os nveis terrestres, que est acontecendo nos dias de hoje.

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O QUE A CURA? Havendo concordncia entre a vontade profunda de um individuo e a vontade superficial do seu eu consciente, a cura pode operar-se. Ao harmonizar a personalidade com a prpria VIDA, que a sua essncia interior, a cura processada, seus efeitos tornam-se visveis nos planos fsico-etrico, emocional e mental - seja instantaneamente, seja a mdio ou a longo prazos. Portanto, no se pode dizer de maneira precisa que um indivduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si prprio na medida em que faz essa unio em si mesmo. Aquele que chamamos de curador apenas um intermedirio para que certa energia incida sobre aquele que ser curado, ajudando-o a tomar a deciso de integrar-se. Esse , na verdade, o aspecto da cura que mais diz respeito ao tema deste livro. Outros aspectos sero abordados em livros seguintes. A vida, quando no inclui a busca dessa unio entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, leva naturalmente decrepitude e s doenas. Por isso, qualquer processo teraputico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o "paciente" procurar VER em que pontos sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade dos nveis supramentais do seu ser. Se essa unio no buscada, o eu superior, logo aps a metade do tempo reservado encarnao, vai se retirando dos nveis externos da vida, para concentrar-se, preferencialmente, nas suas realidades internas. O reflexo exterior disso a personalidade passar a sentir-se incompleta, sozinha, insegura e at mesmo medrosa. Quando tal processo est em ato, caso ela no tenha condies de rever suas prprias21

atitudes e reaes sob essa luz, podemos apenas ajud-la a manter-se em paz e em contato com os valores morais, afetivos e intelectuais que tenha conseguido desenvolver at ento. Esse o caso daqueles que, fisicamente idosos, se envolvem com ressentimentos ou com situaes deprimentes antigas. Mesmo estando j entregues a esse estado, podem ser estimulados. a manterem vivos valores j conquistados, pois dessa forma no se abandonaro por inteiro a um processo degenerativo. ***** Todo terapeuta que busca ajudar algum a estabelecer o contato entre os dois aspectos opostos da energia da vontade (a vontade pessoal e a vontade do eu profundo), pode tornar-se um curador. Mas, para s-lo verdadeiramente, no sentido amplo e espiritual desse termo, precisa estar - ele prprio - com essa unio feita em si mesmo, pelo menos at certo grau. medida que realiza o trabalho de harmonia em si mesmo que se torna capaz de ajudar os outros a se harmonizarem. Cada homem irradia o que de fato , e essa irradiao, quando atinge certo grau de qualidade, torna-se benfica e curativa. Toda alma (ou eu superior) liberada de apegos transmissora natural dessa energia transformadora. Conheci algum que, buscando tornar-se um servidor do mundo, vivenciou uma cura claramente efetuada atravs da unio dos aspectos da energia da vontade. Chamava-se Binah. Era uma mulher que tinha nome de anjo. Havia mergulhado em profundas preocupaes e, concomitantemente, surgiu-lhe no corpo fsico um processo infeccioso e, no trabalho dirio, uma grande crise vivencial; Ocupava h quase trinta anos uma funo administrativa numa instituio religiosa ortodoxa e dogmtica quando esses conflitos22

interiores comearam a incomod-la. O eu superior havia terminado o seu ciclo de aprendizagem junto ao ambiente em que ela vivia e junto ao grupo humano do qual ela fizera parte at ento, e estava agora pronto para dar uma contribuio maior ao processo da cura planetria, pois os eus superiores vo gradualmente ampliando sua viso da prpria tarefa na Terra ou em outros pontos da galxia. Naquele perodo em que Binah vivia o final de importante fase da sua caminhada, surgiam no planeta ncleos de foras conflitantes, e um apelo interno era feito a todos os indivduos para que se doassem ao plano evolutivo na proporo que lhes fosse possvel. Binah percebia esse apelo interior, e comearam a surgir em sua mente aquelas preocupaes aparentemente sem causa. Teve ento um sonho, no qual enxurradas de lama corriam pelos ambientes da entidade onde morava. Tudo era levado. A sensao de Binah, no plano em que o sonho se passava, era a de que, se no fosse embora dali, tambm seria levada pela lama. Depois desse sonho, tudo ficara claro para ela. Teria em seguida de viver o processo do desapego, pois, durante muito tempo, haviam sido criados laos humanos, alguns deles fortes. Restos de dogmatismo ainda atuantes em sua personalidade tambm contribuam para que sua remoo fsica daquele local no fosse fcil. Enquanto Binah se abria cada vez mais para o centro profundo do seu ser, a infeco no corpo fsico passava a estar sob o controle dos mdicos, os mesmos que antes afirmavam ser ela irreversvel e sem cura. Mais tarde, quando ficou finalmente claro que ela deveria juntar-se a um novo trabalho grupal altrusta, suas antigas companheiras argumentaram: como iria Binah abandonar aquela instituio que lhe dava segurana e amparo, para aventurar-se a participar de um grupo idealista, mas que no apresentava garantia alguma de continuidade, de23

persistncia, ou mesmo de estar no caminho certo? No seria aquele estado infeccioso um sinal de que deveria ficar quieta e permanecer no mbito protetor do seu conhecido ambiente de trabalho e de ascese? Binah continuava se abrindo para o centro de sua prpria conscincia e, obedientemente, passava pelas crises psicolgicas do seu corpo emocional. E, tambm, como era inevitvel, prosseguia seu tratamento de sade, que, segundo os mdicos, deveria acompanh-la at o final da encarnao. A um dado momento, as crises chegaram ao auge; uma operao fazia-se necessria e o conflito interior se intensificou. Binah retirou-se da entidade e viajou para o novo habitat, que pouca ou nenhuma impresso de segurana exterior lhe oferecia. Amparada por uma certeza que no sabia de onde vinha e lembrando-se do sonho das enxurradas de lama, chegou pequena localidade. do interior onde a nova fase do seu processo espiritual e humano iria ter incio. Aos poucos, o tratamento de sade deixou de ser necessrio e, alguns meses depois, Binah atingia o apogeu de sua capacidade fsica. Fez uma nova consulta com um dos mdicos que a acompanhara anteriormente, e este no pde compreender como aquela cura havia acontecido. Binah explicou-lhe que houvera uma unificao da vontade profunda com o ritmo e a forma da vida exterior, mas esse no era assunto que pudesse perdurar muito nas conversas; dado que o verdadeiro processo era por demais secreto e inconsciente para ser tratado assim. Na realidade, nada havia a compreender, mas somente a viver, como fazem os lrios do campo e os pssaros do cu. Vrias experincias interiores e exteriores levaram Binah a treinar o desapego. Em seu novo ambiente, aprendeu, na prtica, que o trabalho feito em favor da humanidade e das criaturas em geral para ser24

ofertado Vida nica, e no diretamente aos homens ou s idias. Os comentrios crticos daqueles que no a compreendiam levaram-na a passar por provas definitivas em seu novo ciclo de vida, e sua personalidade teve a chance de crescer em silncio, quase sempre sem ter a quem recorrer para alvio. Assim, no teve outro caminho seno o da orao, o do silncio interior, o da abertura para o centro da prpria conscincia. Sua viso interior se ampliou, e ela percebeu, a partir de uma nova atitude, o quanto o planeta necessitava de cura. Via as limitaes terrenas se refletirem em todas as pessoas, das mais simples s mais evoludas, que tambm viviam ali em seu ambiente de provas. A necessidade geral de alinhamento da personalidade com nveis mais elevados de conscincia tornou-se clara, e Binah, alcanando certa maturidade psicolgica, atirou-se decididamente ao servio altrusta, a comear pela ajuda que passou a prestar queles que no podiam, ainda, compreender o seu processo mais intimo. preciso deixar explcito, neste relato, que ela mantinha um comportamento de aceitao de tudo o que se passava, sem acreditar, no entanto, que aquele estgio fosse fixo. Ela sabia que algo iria mudar, ou melhor, que algo estava em contnua mutao por todo o planeta. A prpria incompreenso daqueles que julgavam conhec-la, tendo apenas como base o seu aspecto exterior de antigo membro de uma entidade dogmtica e desatualizada, um dia iria passar por uma metamorfose. Hoje a infeco no a incomoda mais, e Binah continua no trabalho que corresponde sua vontade profunda. Aprendeu, com o tempo, que os locais fsicos em que possa estar tm importncia secundria quando a irradiao da alma flui livremente por tudo o que est em torno.25

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DE ONDE PROVM AS DOENAS Antigamente se dizia que as doenas eram enviadas por Deus para castigo dos pecadores. Sculos depois modificou-se essa idia, e o "diabo", criatura m, passou a ser quem as trazia. Depois disso, os pesquisadores descobriram os vrus e as bactrias e a estes foram ento atribudas as causas das enfermidades. Mais recentemente, quando comearam a surgir escolas de psicologia, certas doenas passaram a ser consideradas produto ou somatizao das reaes e dos estados psquicos do homem. Assim, idias e pesquisas sobre o assunto foram evoluindo e, por certo, no estacionaram a. Quando o apelo interior da humanidade por maior expanso de conscincia se tornou suficientemente for-te para atrair novos esclarecimentos sobre a sade e a doena, ela pde receber conhecimento mais amplo. Seres que trabalham nas dimenses interiores do planeta lho puderam transmitir atravs de uma espcie de telepatia que no se limita ao mbito mental. Essa telepatia superior consiste num contato consciente que a alma do homem estabelece com o ncleo interior de um ser ainda mais evoludo do que ele, de onde recebe ensinamentos. Alm disso, a aprendizagem por vias subjetivas tambm pde ser feita atravs da "leitura" daquilo que est impresso nas camadas do ter csmico, camadas sutis que envolvem a Terra e que contm toda e qualquer informao. Atravs desse acervo, percebe-se pelos sentidos interiores que o atrito provocado na atmosfera terrestre pelas foras construtivas que vm atravs dos raios solares produz as doenas no planeta e na maioria dos remos nele existentes. Isso causado no27

pelas foras positivas em si, mas pela prpria condio impura da atmosfera terrestre, que reage sua passagem, como vimos. A presena das enfermidades, como j foi dito, prpria dos nveis de conscincia fsico-etrico, emocional e mental - no existe alm deles. nesses trs planos vulnerveis que tambm est localizada a parte pessoal da nossa conscincia. Na verdade, o homem como um todo emanao da Mente nica, que se manifesta sob vrios aspectos, e a personalidade humana apenas um deles. Sempre que o pensamento e a energia estejam centrados nas caractersticas mais materiais do ser, enfocando de modo exclusivo assuntos da personalidade, o indivduo est mais sujeito s doenas, dado que exatamente nessa rea que elas existem. "Um homem o que ele pensa", diz certa lei. Se polariza sua ateno apenas no lado fsico, emocional e mental da prpria vida, torna-se ainda mais suscetvel condio doentia dos nveis terrestres. O nosso subconsciente (que o concentrado de nossas experincias passadas) recebe toda a impresso do que pensamos e sentimos. As camadas psquicas (planos mental e emocional) e as camadas densas (planos etrico e fsico) do planeta tambm recebem todas as nossas emanaes. Tanto o subconsciente quanto essas camadas reagem ento segundo o estimulo que lhes enviamos. Se, portanto, algum confirma em si mesmo, com sua atitude, somente a sua aparncia humana, est, sem perceber, se abrindo possibilidade de ficar enfermo. Para estar relativamente livre dessa condio de desarmonia necessrio que aprenda a permanecer estvel na idia de que a maior parte de seu ser se encontra em nveis supramentais, e que lhe cabe tomar conscincia disso de maneira cada vez mais clara. Por longos perodos de tempo em que se28

desenvolvia a civilizao terrestre atual, o homem habituou-se a identificar-se com os aspectos densos e pessoais do seu ser, sem saber que, com isso, polarizava sua ateno nos nveis em que ocorre o atrito entre as foras construtivas solares e a atmosfera terrestre contaminada pelas foras lunares. Seguindo no passado essa tendncia (que nos dias de hoje est rapidamente declinando), os eus superiores estiveram mais receptivos realidade do mundo concreto do que ativos em outras direes. Ainda esto vivos em nossa memria os ensinamentos tpicos de pocas passadas, como, por exemplo, as doutrinas emanadas de religies organizadas que enfatizavam a imperfeio e as limitaes do homem, reforando assim sua identificao com os nveis onde a doena existe. A propaganda de remdios, a descrio pormenorizada (e nem sempre necessria) dos aspectos das doenas, os costumes alimentares retrgrados, a ansiedade produzida pelo hbito da concorrncia e da competio e o desejo canalizado para coisas da matria mais densa, levaram-nos a uma identificao progressiva com as reas enfermas do planeta. Atualmente, os poderes superiores que existem dentro do homem esto sendo reconhecidos por ele, e a progressiva concentrao de sua mente nas dimenses supramentais lhe propiciar certa imunidade, desde que ele persista em seu trabalho de colocar sue personalidade em alinhamento com a vontade superior. Tal trabalho nada mais que a contnua ateno em manter-se coerente (nas aes, sentimentos e pensamentos) com a meta espiritual escolhida. Quem assume esse processo precisa saber de um ponto bsico e essencial: o antagonismo com a enfermidade refora o desequilbrio e o perpetua. Fomos educados para "combater" as molstias, e para julg-las sempre negativas, e por isso no nos damos29

conta de outros aspectos que possam ter. Na realidade, elas nos esto sempre demonstrando que h algum ponto a ser transformado em nossa vida e atitude. ***** Segundo a medicina do futuro, medicina ainda esotrica sob vrios ngulos, a enfermidade indica a existncia de uma desarmonia entre a forma exterior do indivduo (sua vontade pessoal) e a sua vida interior (sua vontade profunda>. Portanto, como j vimos, a busca da harmonia entre esses dois aspectos da vontade o caminho para que a enfermidade deixe de ser necessria, individualmente considerada; restariam, aos seres, as enfermidades "planetrias". Em todos os casos, a agresso pura e simples ao estado doentio pode contribuir para que ele persista e, mesmo removido temporariamente, ir retornar mesma rea em que antes surgiu, ou a uma outra. Para efetuar a cura, todo e qualquer uso de recursos externos ao prprio homem paliativo, pois s tm verdadeira utilidade quando o trabalho de aprimoramento e transformao do carter e da atitude paralelamente efetivado. Enfim, tcnicas teraputicas externas como as atualmente empregadas, ainda que utilssimas e positivas no trato de uma enfermidade, no passam de instrumentos e, como tal, tornam-se ineficazes quando a verdadeira causa no removida subjetiva e objetivamente. Em um prximo futuro a medicina e a psicologia trabalharo juntas. A primeira empregar tcnicas que podem agir tanto sobre o corpo fsico e etrico como sobre corpos mais sutis. Sero empregados medicamentos, cores, sons, ritmos, usados com o conhecimento sobre as energia dos Raios - e, em raros casos, a cirurgia no plano fsico. A segunda empregar30

tcnicas para o esclarecimento e dissoluo da ignorncia e ajudar o indivduo a alinhar os corpos de sua personalidade com o centro interior do seu ser, o eu superior. No s essas tcnicas sero normais, mas tambm outras, usadas nas demais dimenses em que o homem existe. Para servirem como catalisadores dos processos de cura e crescimento interior e como auxiliares na remoo da verdadeira causa da enfermidade, tanto o mdico como o psiclogo do futuro sero, mais do que tcnicos, personalidades alinhadas e potentes canais transmissores da energia superior. Pode haver, nos nveis sutis, seres ou grupos de seres trabalhando em unssono com os terapeutas do plano fsico, mas no estamos, aqui, nos referindo a esses processos, que sero objeto de um outro livro. ***** Apesar de determinadas doenas terem seu incio no decorrer da prpria encarnao em que se manifestam, muitas delas foram geradas ANTES do nascimento fsico. Ns mesmos, como almas, as escolhemos como meio de purgao de antigos desequilbrios ou como meio de fortalecimento e desenvolvimento de certas qualidades que de outro modo no emergiriam. Escolhemos nossas enfermidades com o mais profundo poder de deciso e, por esse motivo, intil querermos depois combatlas s cegas. Isso no quer dizer que as doenas sejam indispensveis evoluo do homem: pelo contrrio, elas so um mal, ainda que por enquanto necessrio. H certas correntes de pensamento que admitem que estaramos geneticamente programados para viver nesta Terra cerca de cento e cinqenta anos (isso dentro do ATUAL cdigo gentico), e podemos31

facilmente compartilhar desta idia na medida em que, refinando nossa capacidade de percepo, reconhecemos esse potencial em nosso prprio corpo fsico. Trs fatores impedem, entretanto, e h muito parecem impedir, que permaneamos em encarnao o quanto nos seria possvel: a alimentao inadequada de dezenas de geraes atravs dos sculos, os txicos absorvidos por diferentes vias (fsico-etricas, emocionais e mentais) e o estado de ansiedade ao qual a vida voltada para valores corriqueiros d permanente estimulo. Assim, muito trabalho h para ser feito em favor da sade, antes que possamos atingir nossa mxima longevidade e vigor fsico. Sabese, porm, que faz parte do Plano Evolutivo que o homem se torne completamente so num ciclo futuro da Terra, assim como ele o em outros planetas e estrelas desta ou de outras galxias (referimo-nos tanto a locais fsicos como a dimenses mais sutis de vida).

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FUNES PROFUNDAS DAS DOENAS Quando se aproxima o momento de nossa desencarnao, todos temos a oportunidade de ver, sintetizada em um s quadro, a seqncia de acontecimentos que constituram a encarnao que est findando. Explicaes detalhadas sobre isso j foram dadas em meu livro anterior, A Morte Sem Medo e Sem Culpa3. Esse quadro nos faz ver, pela primeira vez, a verdadeira qualidade de tudo o que acabamos de viver. Enquanto encarnados, circundados por envoltrios fsico-etricos, emocionais e mentais, no podemos perceber com clareza que conseqncias os nossos atos, pensamentos e sentimentos acarretam. Nesse estado derradeiro, entretanto, ltimos instantes em que estamos ligados ao crebro fsico, recapitulamos a vida de forma sinttica e com toda a preciso, sem mscaras ou atenuaes. uma grande oportunidade para o crescimento da conscincia; nesse momento o ser humano percebe que no h mais tempo, naquela encarnao, para retificaes. Passa para outra dimenso, levando consigo uma idia fortemente energizada por essa experincia. principalmente entre um nascimento e outro que o homem reflete e medita sobre seus atos, sentimentos e pensamentos pregressos, e prope-se, sendo um eu superior j de certa evoluo, a equilibrar as desarmonias que tenham sido provocadas na encarnao recm-terminada. Toma, ento, a partir da, importantes decises que, contudo, se mantm claras apenas enquanto ele est fora dos corpos terrenos. Os novos veculos (o fsico-etrico com o novo crebro, o emocional ou astral com os novos3

Editora Pensamento, So Paulo, 1988.33

sentimentos, e o mental com os novos pensamentos) no trazem a memria do que se passou em sua vida anterior nem as decises tomadas pelo indivduo nos nveis superiores de sua conscincia. Assim sendo, os propsitos firmados entre uma encarnao e outra no so, de modo natural, parte dos novos corpos. Na maioria dos casos, o indivduo, ao reencarnar, no tem mais a idia consciente do que veio realmente fazer na Terra. Impulsionado pela conscientizao feita nos ltimos instantes de sua encarnao passada, o eu superior busca, como dissemos, oportunidades para reequilibrar as aes anteriores do eu consciente. Um dos processos atravs dos quais ele pode fazer isso so as enfermidades que previamente programa. Atravs delas, o eu consciente v-se na contingncia de desenvolver certas foras que de outro modo no desenvolveria. No so, porm, foras para luta, mas sim para estar diante de situaes reequilibradoras. Um indivduo que tenha furtado, por exemplo, pode renascer com um enfermidade mais ou menos crnica nas mos, e o esforo que faz para trat-la ou para conviver pacientemente com ela pode produzir, no equilbrio geral do seu ser, uma compensao com respeito ao antiga, em que ele usara de foras contrrias s que esto sendo desenvolvidas agora. Para mitigar certas dores, para suportar certos incmodos, ele ter de apelar para energias que vm de dentro de si mesmo - e isso representa um progresso em relao ao ponto evolutivo anterior, quando nenhum esforo especial fora feito. Se, em uma encarnao anterior, o homem desenvolveu um comportamento egosta, por exemplo, que meios diretos teria o eu superior de lev-lo a equilibrar esse fato? Eventualmente, um estado de debilidade fsica ajudaria a nova personalidade a descentralizar a fora suprflua que acumulou,34

produzindo assim uma situao geral contrria quela, egosta, do passado. Se a mentira foi uma norma em certa encarnao, como poderia o eu superior levar o indivduo a desenvolver energia contrria a toda a trama gerada pela falsidade? Um dos caminhos seriam os estados de anemia, e outros desse gnero. Atravs deles a personalidade passaria a procurar modos verdadeiros de energizar-se. E, igualmente, a inconstncia e a superficialidade podem ser equilibradas atravs de rgos fsicos malformados; calnias proferidas podem ser restauradas atravs de defeitos fsicos mais ou menos dolorosos, talvez congnitos; excessiva confiana nas foras do ego humano pode ser sanada atravs da contrao da malria ou de outros tipos de doenas febris. Paixes, principalmente as sexuais, redundam quase sempre em molstias infecciosas, mais ou menos graves, segundo o grau de desejo desenvolvido, e a sensualidade sem controle pode ser corrigida por pneumonia. Tudo isso pode acontecer em encarnao futura ou na presente, dependendo do ritmo que o eu interior quer e pode imprimir sobre o processo de purificao e de harmonizao do ser. No sendo muito remoto o ato que deu origem necessidade de reequilbrio, o corpo astral-emocional do indivduo pode guardar a memria da "deciso interior" e pode fazer presso sobre o corpo fsico, propiciando, assim, o aparecimento de certas doenas. Quando se trata de transformar um passado que j caiu no esquecimento, mas que continua depositado nas mais profundas camadas do subconsciente, vm as neuroses, as neurastenias e alguns casos de histeria: formas que a Natureza encontra para dissolver no homem resqucios indefinveis daquilo que no lhe mais til nem atual. H, porm, acontecimentos que vo ficando em arquivo, pois nem sempre experincias35

purificadoras ou harmonizantes podem, de uma s vez, ser programadas em grande nmero e na mesma encarnao. O hbito de encerrar-se em si mesmo, e de no se comunicar suficientemente com o mundo exterior e com os outros seres, pode ser equilibrado pelo sarampo, talvez contrado em idade fsica j avanada. Em geral, esta e outras doenas surgem, contudo, logo nos primeiros anos de vida, para que o indivduo se libere o quanto antes de alguns desequilbrios bsicos. Atravs delas, so retiradas da nova personalidade tendncias consideradas indesejadas e desatualizadas pelo eu interior reencarnante. Elementos hereditrios que ele no quer aceitar ou aos quais no pode adaptar-se por no servirem sua programao so expulsos do corpo fsico principalmente pela ao das febres infantis. Enquanto uma febre queima as substncias indesejveis presentes nos novos corpos, tanto nos fsicos como nos sutis, o indivduo ajudado a superar a tendncia de desejar as coisas materiais e suprfluas e a dissolver algumas iluses que normalmente tem com a forma fsica, com o sentimento e com o pensamento concreto. As "realidades" desses nveis mais conhecidos da vida nada so em vista da REALIDADE de que o eu interior comea a tornar-se lcido. No fossem tais recursos, como faria ele para efetuar, dentro da personalidade ainda inconsciente de fatos mais amplos, a remoo de inutilidades e a transformao de desarmonias? ***** Desse ponto de vista, o objetivo de uma enfermidade , em princpio, o aperfeioamento do prprio homem. Como j dissemos, antes de nascer ele consegue ver claro sua meta evolutiva e programa36

acontecimentos que proporcionaro os recursos para que certas circunstncias se dem nos planos fsico e psquico no decorrer daquela encarnao. Como esse programa traado pelo eu superior, apoiado nas foras que carmicamente estaro disponveis, sempre se leva em conta o grau de vigor do individuo. Por isso nunca acontece de uma prova, no caso uma enfermidade, ser maior do que sua capacidade de suport-la. o fato de no aceit-la e de ele reagir diante das evidncias que coloca mais peso sobre a situao, tornando-a, muitas vezes, insuportvel. Isso vlido inclusive no que se refere dor fsica, como veremos mais adiante. Ao passar por uma enfermidade, se souber trabalh-la e trabalhar-se a si mesmo atravs dela, o homem adquire foras que substituiro aquelas que anteriormente tinha e que eram insuficientes para o grau de desenvolvimento almejado pela sua supraconscincia. s vezes esse trabalho pode ser feito na mesma encarnao em que surgiu a enfermidade, e o novo potencial pode emergir a curto prazo; outras vezes, o campo preparado atravs de experincias mais ou menos dolorosas e longas, e os resultados s vo manifestar-se em uma ocasio futura. ***** O processo de nosso desenvolvimento e evoluo obedece a ritmos ordenados. Alguns deles so individuais, e outros grupais, nacionais, planetrios ou csmicos. Por isso, a libertao de um potencial aps a purificao de resqucios do passado se d quando chega, para o indivduo. o momento oportuno, mas pode acontecer tambm que um potencial j livre de obstculos permanea reservado para algum ciclo de carter mais amplo. O indivduo aguarda ento37

oportunidades de servir em um mbito maior e espera que as circunstncias para isso no estejam prontas apenas em si mesmo. Eis por que, muitas vezes, seria intil querermos prolongar nossa encarnao alm do tempo necessrio e previsto, inseridos que estamos, sempre, em ciclos que envolvem movimentos maiores ou menores, a depender da fora de nosso potencial: precisamos estar disponveis no correto momento grupal, astrolgico e planetrio em que esse potencial for de maior benefcio. Durante as provas, o sofrimento pode ser aumentado quando os pensamentos se prendem ao corpo fsico e os sentimentos aos desejos do corpo emocional. Havendo relutncia em abandonar esses desejos, ou demorando-se demais a mente sobre os assuntos tipicamente fsicos, o sofrimento recrudesce. Como veremos, o corpo fsico tem uma conscincia prpria e, na maior parte dos casos, no necessita que interfiramos nela. A conscincia do corpo fsico, quando desenvolvida, sabe melhor do que a mente humana o que fazer e como agir. Qualquer fora de pensamento que voluntariamente lhe dirijamos pode perturbar-lhe a ao, fazendo-a assim recolher-se ou acomodar-se a receber ordens mentais, em vez de passar por um processo de crescente desenvolvimento. Uma pessoa cujo corpo fsico esteja condicionado por idias mentais, mesmo que provenientes do seu ocupante, certamente o ter doente. A mente conhece apenas o que diz respeito s suas vivncias anteriores; mas a conscincia do fsico, alm de ter a experincia passada, est desenvolvendo nesta poca (entre outras coisas) a capacidade de liberar a substncia-luz presente em cada clula. A intuio que essa conscincia devera ir adquirindo precisar crescer para que ela mesma se eleve. Ter f na realizao dessa38

possibilidade e permitir que ela desabroche uma das funes do esprito humano em sua vida sobre a Terra.

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O RELACIONAMENTO DO HOMEM COM OS SEUS CORPOS O homem vive nas dimenses fsica, etrica, emocional e mental quando seu propsito exteriorizar-se e, para isso, se reveste da matria prpria de cada uma delas. E, porm, um ser essencialmente csmico, e sua existncia pode ser totalmente plena fora das dimenses referidas, desde que ele no tenha mais laos formados pelo desejo nem experincias a serem feitas na Terra. Habita outros corpos, sutis, que funcionam em nveis mais profundos (do mental abstrato ao csmico) sem que para isso necessite dos corpos mais densos acima citados. Ainda assim, estes so utilizados sempre que, em certos momentos de sua vida, o processo encarnatrio faa parte do programa de seu Esprito. Estudaremos aqui apenas o relacionamento do homem com esses corpos mais densos que utiliza (o fsico, o etrico, o emocional e o mental) e que so aperfeioados no decorrer das encarnaes, j que precisam tornar-se cada vez mais adequados aos propsitos de sua supraconscincia. Sempre que essa meta conseguida em certa proporo, o eu superior (reflexo do Homem csmico no plano mental abstrato) desencarna, e todos esses seus veculos temporrios se desintegram. A chamada "morte" , portanto, um fato no apenas natural mas tambm desejvel, quando chega o momento de o eu superior retirar-se para nveis vibratrios situados alm do mental pensante. Esse processo pormenorizadamente descrito em A Morte Sem Medo e Sem Culpa. Conscientemente estamos nos referindo ao homem e aos seus diferentes corpos, apesar de haver algumas41

tendncias modernas de pensamento que, para facilitarem a compreenso desse assunto, negam a realidade de subdivises no homem e procuram lev-lo a considerar-se uma unidade. Isso coerente, de certa forma, com um dos aspectos do signo de Aqurio, a energia de sntese, e pode ser til para alguns temperamentos, mas no para todos. Mesmo sob a influncia aquariana desta poca, necessitamos compreender o mecanismo do que trabalhado em nosso ser e em nossa realidade mental cotidiana. O que na verdade se passa que o homem vai atingindo estgios cada vez mais avanados de evoluo e, assim, seus corpos densos so atrados para estados de conscincia sutis, at que possam ser absorvidos por uma mente mais ampla, por reas mais profundas do seu ser. A partir da, no h mais razes para encarnaes sobre a Terra. Assim, no decorrer desse processo de sutilizao progressiva, o homem vai REALMENTE sintetizando em uma unidade os seus aspectos exteriores aparentes em sua Vida interior essencial. Para indivduos que atingiram estgios avanados desse processo, as subdivises de fato deixam de existir, mas, para aqueles de evoluo mdia e que ainda necessitam encarnar, a realidade de todos os seus corpos e de cada um em particular precisa estar bem presente, pois eles tm como trabalho principal a purificao desses veculos enquanto esto encarnados. Deve-se aqui entender por purificao a busca de sintonizao dos corpos da personalidade com o Infinito nico, alinhamento que se faz gradualmente, com pacincia e lucidez, sem arroubos de entusiasmo que denotariam uma deciso ainda superficial de realiz-lo. A calma, o discernimento e a quietude so sinais visveis de que o homem realmente assumiu esse processo e, a partir de ento, no mais possvel que retorne ignorncia de antes.42

***** O que nos interessa neste estudo o corpo mental do homem, corpo que parte e prolongamento da Mente Maior e que possibilita ao eu consciente do indivduo captar idias e planos mais amplos, livres dos condicionamentos grosseiros e dos sentidos comumente conhecidos. Atravs do seu corpo-mental, o homem constri "formas-pensamento" que, sendo positivas, mantm-no em estado saudvel e, sendo negativas, ligam-no ao conflito existente entre as foras evolutivas e as que se opem evoluo. Portanto, a atividade mental que situa sua conscincia dentro do vasto campo de foras que fazem parte da vida. Vai-se adquirindo, com o tempo. a habilidade de elevar os desejos para objetivos cada vez menos densos e mais evolutivos, e isso acarreta o controle da mente, controle que nada tem a ver com a paralisao do fluxo de pensamentos, mas que trata, entretanto, do aperfeioamento da sua qualidade. As formas que os pensamentos tomam no plano mental atraem situaes que, se positivas para o homem, so oportunidades de ele servir em escala cada vez mais ampla: servir primeiro s pessoas ligadas a ele atravs de antigos laos crmicos de diversas qualidades; servir em seguida a um grupo e, depois, humanidade e ao planeta. Por fim, em estgios mais adiantados, passa a servir conscientemente ao sistema solar e galxia. O eu superior, que tem sua vida no nvel mental abstrato e no no corpo mental concreto de que estvamos tratando, veste-se desse material corporal pensante a cada encarnao, para, atravs dele, criar formas positivas no oceano da Mente Maior. A personalidade humana, com o tempo, compreende a verdadeira funo da prpria mente, dando incio assim sua atuao adulta.43

Algumas disciplinas desatualizadas insistem ainda em tcnicas que levam a condicionar o pensamento, com o objetivo de conseguir o aquietamento da mente e seu conseqente alinhamento com o eu superior. Tais processos artificiais levam-nos hoje, no entanto, a uma espcie de auto-hipnose que faz com que creiamos que nossa mente j est tranqila. Na realidade, todo o processo imposto a partir do exterior pode impelir para o subconsciente os conflitos que o homem porventura tenha em sua vida exterior. Em vez dessas tcnicas, prope-se queles que desejam disciplinar-se uma concentrao generalizada que os leve a ficar atentos ao momento presente. Se tal ateno mantida sem tenses, e se todo pensamento que passa notado sem ser objeto de criticas, sem julgamentos nem autopunies, a mente acaba por acalmar-se. A elevao do pensamento corriqueiro tambm necessria, pois atravs dela a mente concreta se sutiliza, permitindo que um campo mais receptivo para idias superiores seja cultivado. Toda essa prtica ocupa o tempo integral da vida cotidiana do homem, e no apenas perodos especialmente reservados para exerccios. Qualquer um que em sua presente etapa evolutiva j tenha desenvolvido o prprio corpo mental sabe desses fatos, mas maioria falta ainda pr em prtica esse modo de viver. Para efeito deste estudo, as indicaes acima sao suficientes. ***** O corpo emocional (ou astral), por sua vez, tambm instrumento para o trabalho do eu superior nos nveis terrestres. como um refletor que toma a forma e a colorao que lhe so impressas pela qualidade dos desejos do homem e pelo ambiente psquico em que ele esteja. Cada desejo do emocional44

coletivo influencia esse corpo, e todo som o faz vibrar, podendo tornar seus estados mais ou menos positivos. No futuro, o som ser usado com finalidade teraputica. Sua utilizao visar no propriamente a cura de males do corpo fsico, mas principalmente a transformao do corpo astral. Algumas experincias j podem ser feitas nesse sentido. H trechos de compositores clssicos, por exemplo, que so bem adequados, enquanto no surge a nova msica. Por outro lado, quando o tratamento do corpo emocional feito em nveis subjetivos, ou em outras dimenses, o processo usado varia com as energias presentes, levando-se em conta as necessidades. Trata-se a de processos na antimatria. O emocional pode tambm receber impresso es que vm dos nveis superiores a ele, podendo at manifestar sentimentos do eu superior, que so impessoais. Assim, da mesma forma como capaz de refletir o ambiente, pode tambm conseguir espelhar a vibrao espiritual. Para chegar a isso, no entanto, precisa ser treinado, reeducado e harmonizado, o que se faz atravs da elevao dos desejos. Essa elevao pode ser habilmente conduzida pelo homem partindo dos motivos mais densos para alcanar os mais sutis e universais; e tambm pode ser feita atravs dos momentos de quietude cultivados mesmo em circunstncias pouco propcias e a despeito da opinio desfavorvel que as pessoas que o circundam possam vir a ter. Outra forma de transformar o corpo emocional entreg-lo conscientemente, antes de adormecer, ao eu superior. Poder assim ser conduzido a viver processos de restaurao e de aperfeioamento enquanto o corpo fsico estiver dormindo. Hoje, esse um processo de cura muito usado na maioria dos casos, pois o ambiente e o agitado ritmo da vida desperta dos indivduos no se prestam cura45

espiritual. Reeducados os desejos e dissolvidas as iluses humanas, pelo menos parcialmente, o corpo emocional pode liberar-se das vibraes mais densas e, por fim, deixar-se elevar atravs dos subnveis prprios da sua matria fluida. Impulsionado pela aspirao do eu consciente, pode ser levado at dimenses consideravelmente sutis, onde a cura se faz com mais facilidade do que nos planos menos rarefeitos. Pode ser conduzido at a aura de um eu superior de grau de conscincia mais avanado e, ali, passar por uma estimulao que o recoloque em equilbrio com a prpria "linha de luz" - isto , em sintonia com o seu prprio eu interior espiritual e com os que se relacionam com ele. Conheci um indivduo que, por mais que tentasse, no conseguia equilibrar-se emocionalmente. Chegou ao ponto de suas reaes no mais permitirem que permanecesse no ambiente em que estava, ambiente que era perfeitamente adequado para que sua cura interior se efetuasse. Sugeri-lhe que se dispusesse a ser elevado a um nvel de conscincia que no costumava atingir e que relaxasse antes de adormecer, entregando-se vontade do seu prprio eu interior e profundo. Ele o fez e, no dia seguinte, encontrou-se em situao muito diferente, sem saber explicar por qu. ***** Ao retornar ao estado de viglia, nem sempre temos conscincia das experincias curativas pelas quais passamos durante o sono. Mas processos de cura desse mesmo tipo podem tambm ocorrer enquanto estamos acordados, sem que deles nos demos conta. Tive uma experincia curiosa que posso partilhar aqui a ttulo de colaborao.46

Certa vez, depois de algum tempo em que estivera vivendo no exterior, aproximava-se o momento de retornar ao pas onde eu havia encarnado - mas minha mente humana se recusava a aceitar esse fato. A idia de no voltar era to potente que chegou a emitir fortes condicionamentos ao corpo emocional. Como se sabe, este corpo sensvel tambm s estimulaes mentais. Um dia decidi entregar aos nveis superiores do meu ser esse estado de conflito e abri-me de forma especial cura interior, sem levar em conta o que pudesse ocorrer minha personalidade de ento. Passaram-se alguns dias e, quando chegou o momento cclico de aquela situao ser esclarecida, encontrava-me em um caf suo conversando com uma amiga. Nesse instante, nem mesmo estava presente em minha memria o pedido de cura que fizera. Depois de termos comentado alguns fatos recentes, ela tomou um jornal e ps-se a l-lo. Enquanto isso, percebi que um alinhamento especial fazia-se em meu ser, como se todo ele estivesse sendo elevado em conscincia. No houve tempo para raciocinar sobre o que estava ocorrendo, mas aconteceu alguma coisa, da qual tive ntida impresso. Ao sairmos do caf, que j estava ficando movimentado e barulhento, era como se minha antiga idia de separatividade jamais tivesse existido. Quando me lembro desse fato, com grande custo localizo em mim mesmo aquele velho sentimento. Parece-me hoje ter sido vivido por outro, e no por mim. como se eu, nesta encarnao, nunca tivesse rejeitado o pas para o qual deveria voltar e onde certo trabalho me aguardava. A cura era, portanto, muito necessria; e, como sempre, a "graa" no faltou. *****47

Sobre a verdadeira cura no se tem explicao: no se sabe como vem. Se a racionalizamos, porque no estamos totalmente livres dos obstculos sua manifestao, e ainda h o que remover e o que transformar em ns mesmos. Como a energia que a promove vem de nveis alm de toda e qualquer possibilidade de anlise, explicaes a seu respeito apenas deturpam a verdadeira essncia de seu movimento. Por isso diz-se que sem F no pode haver cura. A F a percepo profunda de que somos VIVOS e de que, portanto, nada realmente nos pode abalar em nossa integridade ltima; o reflexo, na nossa personalidade, do estado do eu superior presente no mental abstrato do nosso ser. A dvida, por outro lado, expresso humana e pessoal ainda no permeada pela energia da quarta dimenso. Perguntas, sejam quais forem, rio existem nos terrenos da F. Apenas fazem parte do desenvolvimento do corpo mental pensante do homem, processo vlido e fundamental no treinamento que o preparar para mais tarde estar receptivo a realidades maiores. A F, porm, permeia o eu consciente quando a mente humana, depois de pensar nela, se aquieta. O exerccio que podemos fazer para contat-la mantermo-nos tranqilos, na mais calma vigilncia. ***** O corpo etrico, que em alguns sistemas tericos considerado parte do corpo fsico por ser o que o mantm integrado e cheio de energia, abriga os vrtices de fora que recebem e transmitem a vida universal e a redistribuem nesse corpo fsico. , portanto, o veculo atravs do qual a energia vital permeia o corpo fsico e do qual dependem em grande parte a sade e o bem-estar deste ltimo. tambm48

por intermdio do etrico que feita a ligao entre o corpo denso e os nveis mais sutis do ser e, por isso, se. rio est limpo e harmonioso, esse corpo mantm o consciente alienado da vibrao e do conhecimento superiores. Uma congesto ou uma disperso de energia no corpo etrico ocasionam males fsicos. O equilbrio mantido pela qualidade dos pensamentos que o homem tem, e pode-se mesmo dizer que pelo continuo cultivo de idias corretas que o corpo etrico levado a uma intensa atividade construtiva. A harmonia etrica conseguida, portanto, principalmente pela presena de pensamentos positivos na mente do homem, e rio s pela prtica de exerccios respiratrios que levianamente lhe costumam ser prescritos sem conhecimento intuitivo e clarividente. De nada valem os exerccios e as tcnicas, se no houver um decisivo trabalho sobre o carter. atravs do etrico que circula, como se disse, a energia emitida pela alma, mas ele tambm transmissor de outras energias, emitidas por ncleos ainda mais potentes: um planeta, uma estrela e at mesmo o Sol, com o qual temos profunda ligao por intermdio do eu superior. Evidentemente, referimonos aqui vida interior desses astros, e no sua aparncia exterior. Referimo-nos nossa unio com a essncia do Sol (amor-sabedoria em movimento de doao e de abertura para realidades mais elevadas), e rio mera exposio do nosso corpo aos raios solares fsicos, o que poderia produzir distrbios, dadas as circunstncias planetrias atuais de poluio atmosfrica. Seres que nos auxiliam na escalada evolutiva, conscientes do seu prprio trabalho subjetivo, esto atuando intensamente nesta poca para que o corpo etrico co-letivo da humanidade seja estimulado. O49

etrico o meio em que toda e qualquer energia pode circular e, portanto, atravs dele, fortes correntes podem chegar at o corpo fsico do homem. Tornar-se consciente no nvel etrico o prximo passo da raa humana e, como se sabe, at mesmo experincias cientficas j esto sendo feitas no sentido de penetrar e conhecer esse dimenso. A contaminao progressiva do plano fsico planetrio com venenos e poluio, contaminao que est inclusive transformando o contato da pele com os raios solares em motivo de degenerao dos tecidos, demonstra que temos mesmo de sair do confinamento do fsico. Precisamos chegar ao conhecimento de como atuar no plano etrico (e em outras dimenses), para que, atravs disso, consigamos ampliar nossa ao consciente neste mundo e em outros mais sutis. Atitudes, aspiraes, impulsos e desejos so realidades e formam a vida e o trabalho na matria dos teres. Portanto, da qualidade do nosso viver depende a fluncia das energias no etrico, assim como o desenvolvimento dos seus centros de fora. Cuidados bsicos com o corpo fsico, bem como a correta vida emocional e mental, so positivos e se refletem diretamente no corpo etrico. Alm disso, o contato com a natureza, no plano fsico, revitaliza-o e harmoniza o homem com mundos que o circundam e dos quais ele faz parte em outras dimenses onde tambm poder viver conscientemente. Sendo hoje quase impraticvel, para alguns, o contato com o ar puro e com as plantas, em especial com aquelas em seu estado natural nas florestas e nos bosques, o trabalho de elevao do pensamento precisa ser particularmente intensificado. Um homem o que ele pensa, conforme j se disse tantas vezes. Nunca essa lei foi to essencial como hoje em dia. Assim, sabendo que contamos com nosso pensamento como instrumento bsico de alinhamento e de50

purificao, rio precisamos esperar que condies externas nos permitam executar o que seria desejvel para a sade do nosso corpo de teres. ***** Diz-se que o corpo fsico se aperfeioa quando se torna capaz de responder conscincia mais elevada do ser, vibrao superior. Quando isso acontece com certa intensidade, a substncia-luz que existe no centro de cada clula liberada, constituindo esse fato a realizao mxima do nvel mais denso e material do homem. O destino da espcie humana rio continuar encarnando em corpos fsicos, mas sim transcender os estados mais densos, encaminhando-se para os mais sutis. No seu ciclo final sobre este planeta, a humanidade j ter ultrapassado muitas limitaes hoje tpicas do plano terrestre e estar convivendo mais abertamente com outros nveis de conscincia, onde as leis so diferentes. Nesses nveis, pode-se dizer que a reproduo assexuada - o que influi, desde j, no comportamento do homem mais lcido, embora as condies atuais de densidade fsica no permitam ainda a realizao desse fato. No livro Hora de Crescer Interiormente (O Mito de Hrcules Hoje),4 h uma proposital estimulao nesse sentido, para ajudar o homem em evoluo a preparar, em si, as etapas futuras que dever viver. Quanto ao crebro, s tem ativas aproximadamente dez por cento de suas clulas; para que possa refletir um pensamento superior, para que sua parte adormecida possa despertar, precisamos mudar a qualidade e as intenes de nossa vida cotidiana. O pensamento comum e as preocupaes corriqueiras so capazes de manter apenas pequeno4

Deste mesmo autor, Editora Pensamento, So Paulo, 1988.51

nmero de clulas em atividade, e sempre as mesmas. Sem que a maior parte do conjunto celular cerebral dos homens desperte, no ser possvel uma vida diferente sobre este planeta. Sabe-se que est acontecendo intenso trabalho sobre os crebros humanos por parte das energias superiores e de seres que agem e trabalham nos planos sutis da existncia, em beneficio do homem. Mas isso rio assunto deste livro, que visa despertarnos para a cura interior e dar-nos algumas indicaes bsicas. O crebro e o corpo de carne e osso tanto podem tornar-se cada vez mais autoconscientes como transformar-se em autmatos comandados por foras cegas existentes na prpria matria fsica, emocional e mental. Contribuiremos para que siga o primeiro caminho e se liberte da rede de influncias que o mantm acorrentado, se lhe transmitirmos a idia de que ele de fato receptculo do eu superior. O corpo pode expressar livremente a alma que o habita, desde que atinja certa clareza de vibrao. quase impossvel para o pensamento superior introduzir-se num crebro fsico pouco evoludo ou impregnado de substncias txicas, sejam elas fsicas, tais como o fumo, o lcool e as drogas, ou sutis, tais como os pensamentos negativos ou os pouco harmoniosos. Portanto, o refinamento do corpo fsico meta bsica e essencial para todos aqueles que aspiram a conhecer a Realidade. A entrada da humanidade em estados de conscincia superiores depende em parte desse trabalho de elevao da matria fsica. A dieta vegetariana e frugvora de grande ajuda no processo de elevao do nvel vibratrio do corpo fsico, embora o processo alimentar correto tenha que ser continuamente reformulado. Regras fixas e conceitos cristalizados podem prejudicar uma correta52

alimentao. Alimentos pesados e gordurosos mantm o corpo em um estado de inrcia que dificulta contatos superiores. Carnes de qualquer espcie levam-no a ter vibrao animal, impedindo-o de tornar-se mais sensvel espiritual. Atravs do consumo de carne, o homem retorna ao que ciclos atrs comeou a abandonar, quando sua essncia viva transmigrou-se para o reino humano. Apesar de isso ser hoje evidente para qualquer mente reflexiva, gostaria de acrescentar que alimentar-se de carnes no s um comportamento retrgrado, mas tambm um dos fatores que esto impedindo que o sofrimento humano sobre esta Terra seja aliviado. Levando os animais dor e morte, engendramos situaes semelhantes para ns mesmos a curto, mdio ou longo prazo, dentro da Lei de Causa e Efeito. A higiene tambm necessria para que o corpo se torne apto a captar e assimilar rapidamente a vibrao do seu morador espiritual, o eu superior. O mesmo se pode dizer do sono adequado. O homem deveria, se possvel, seguir os ritmos da natureza, estando desperto de dia e adormecido durante a noite. O perodo da noite profunda, isto , das vinte e duas horas e trinta s duas horas e trinta, considerado propcio para o sono restaurador. Devem-se adicionar outras horas a essas quatro, pois h quem necessite de at oito horas de sono em cada perodo de vinte e quatro. Embora existam reas do planeta tomadas pelas radiaes nucleares, em locais onde elas no existem o contato com o ar livre fundamental para que a energia circule corretamente pelo corpo fsico. Esse corpo mantido tambm por correntes universais que podem deixar de atingi-lo devido a elementos isolantes hoje usados nas paredes que dividem os aposentos das habitaes. De igual importncia a movimentao adequada: caminhar equilibrador e,53

quando feito de maneira rtmica, ajuda os rgos fsicos a cumprirem suas funes e a usufrurem de uma boa circulao sangunea. Sendo observados esses pontos, a eliminao de impurezas acontece gradualmente, e a matria atmica do corpo se aperfeioa, passando a ser permevel prpria luz que h em seu interior. A necessidade de equilbrio deve ser aqui ressaltada. Se se torna objeto de excessivo cuidado, o corpo fsico em geral regride em seu processo de elevao. Um dos pontos que o homem que busca evoluir conscientemente deve aprender "viver como se o corpo fsico no existisse", segundo diz a obra Discipleship in the New Age,5 escrita por Alice Bailey sob inspirao teleptica de Djwhal Khul. Por outro lado, essa mesma fonte nos diz que, se ao corpo no se der o correto tratamento, as conseqncias de tal descuido podem manter o homem aprisionado no nvel fsico, reencarnando sem cessar. Assim, entre uma afirmao e outra, ambas verdadeiras, cada um de ns encontrar o caminho adequado. ***** Apesar de tudo o que foi dito sobre a necessidade de purificao j ter sido comprovado pela experincia de muitos, no nosso propsito dar ao leitor um receiturio e tampouco um conjunto de regras fixas. Isso poderia reprimir a pesquisa individual a ser feita no mago do seu prprio ser, com a participao ativa da sua vontade consciente. Enquanto no decide ainda assumir a prpria evoluo, o homem necessita de muita orientao externa; mas, para aquele que j entendeu qual o caminho mais curto rumo meta escolhida, conselhos em demasia podem criar obstculos criatividade e legtima experincia que a5

Lucis Trust, New York-Londres-Genebra.

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personalidade precisa fazer. As indicaes dadas aqui so, portanto, apenas pontos de referncia que o leitor poder utilizar, dentro de seu prprio equilbrio e discernimento, em sua busca de auto-aperfeioamento e realizao interior. Alm disso, leve-se em conta que o planeta Terra entrar brevemente numa situao de emergncia. Nessas condies, cada vez mais os indivduos estaro recebendo preciosas indicaes em suas prprias experincias subjetivas; portanto, este trabalho escrito um mero estmulo para a prpria pesquisa silenciosa de cada um.

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SEGUNDA PARTE A PROTEO ESPECIAL Aqueles que evoluem de maneira natural, sem assumirem um trabalho especfico de colaborao consciente com o prprio progresso e com o progresso da humanidade em geral, permanecem sob as leis comuns que regem os planos mais materiais da vida. Assim, se, por exemplo, quiserem estar presentes em determinado local, precisaro se transportar para l fisicamente; se sentirem afeto ou quiserem receb-lo, tero de demonstrar isso tanto provando que o esto dando como expressando que o esto desejando; e, se tiverem um pensamento a transmitir, devero manifest-lo transformando-o em palavras escritas ou faladas. Vivem, enfim, situaes elementares, situaes que acontecem sob as leis dos nveis fsico, emocional e mental da vida. Ao assumir o processo evolutivo e ao aspirar tornar-se consciente em todos os nveis em que tem o seu prprio ser, a certa altura poder acontecer de o homem no precisar locomover-se fisicamente e apenas deixar-se transportar em conscincia, pela ao do eu superior, para os locais onde deve estar. Atravs de leis que no costumam ser conhecidas nos planos terrestres, e s quais passa a se submeter ao aprofundar o seu contato com reas sutis de sua vida, ele PODE deixar o seu corpo denso e ir a qualquer ponto do universo. Isso pode acontecer mesmo durante o perodo em que est encarnando e vivendo sobre a Terra. A mesma liberdade poder acontecer no nvel emocional. Tambm nele o homem pode livrar-se do condicionamento s leis naturais. Se est unido 57

essncia divina de algum, e se isso um fato interno j reconhecido e vivido por ele, no h certamente necessidade de nenhuma demonstrao palpvel ou visvel do amor que sente, e tampouco de que outros o percebam ou o retribuam. Do mesmo modo, estando submetido s leis dos nveis superiores, ele ser, por exemplo, capaz de, na encarnao atual, reconhecer algum com quem pode no ter tido contato por sculos, aqui, no plano fsico. O plano mental tambm pode passar por uma ampliao. Como vimos, na vida comum, regida pelas leis naturais, o homem precisa exteriorizar seus pensamentos e, s vezes, esforar-se para fazer-se claramente entender. Quando a mente do seu interlocutor feita de energia diferente da dele, ou at oposta, a compreenso mtua, nesse nvel natural, pode ser impossvel. Entretanto, se ele est empenhado especificamente na sua prpria evoluo, e se est pronto a cooperar com a de todos os seres, pode ver emergir uma compreenso profunda e inabalvel em seu relacionamento com o outro. que o "pensamento" interior, o pensamento do eu superior, no necessita do plano mental concreto nem do crebro fsico para ser transmitido. De eu superior para eu superior uma idia sinttica comunicada, recebida e absorvida, quaisquer que sejam as caractersticas dos corpos mentais das pessoas envolvidas. O relacionamento entre dois seres, ao acontecer assim, em nvel sobrenatural e interior, independente de diferenas externas circunstanciais. mais estvel e rio esta sujeito as caractersticas diversas que os indivduos apresentam a cada nova encarnao. A qualidade do que nos acontece depende, portanto, da profundidade em que estamos conscientemente vivendo. Assim sendo, quem colabora com as leis evolutivas e no limita sua prpria existncia aos nveis fsico-etrico, emocional e mental58

entra numa esfera de proteo especial, j que passa a estar sob a jurisdio de leis universais mais vastas. Quando uma lei abrange apenas esferas naturais de existncia, tudo o que ela leva em conta, em seus corolrios, est confinado aos limites terrestres - assim, o indivduo permanece circunscrito a possibilidades estreitas. Quando, porm, a vida e a conscincia comeam a crescer, tomando rumos mais abrangentes, o ser passa a estar regido pelos aspectos da lei que tm caractersticas dos espaos mais amplos, ou seja, por leis mais vastas. Ocorre ento o que comumente chamado de "milagre". Milagre uma palavra inadequada com que costumamos denominar um acontecimento para ns extraordinrio e que, no entanto, normal e comum para a conscincia supramental. Torna-se possvel quando esto em vigor os aspectos mais imateriais das leis, aspectos em geral desconhecidos e raramente experimentados se nos limitamos vida humana natural. Enquanto, por exemplo, no nvel da personalidade, real que um indivduo precise trabalhar para comer e para manter-se, essa necessidade no existe nos nveis supramentais. Quando atingimos uma conscincia superior, o alimento para o nosso corpo fsico deixa de vir dos nossos esforos materiais para adquiri-lo, passando a ser to-somente o resultado de nosso contato com a realidade suprafsica e impondervel que prov os meios concretos para que ele chegue at ns. A ddiva dessa realizao est disponvel para todos os homens, bastando que cada um passe a ser regido por leis espirituais superiores, como, por exemplo, a lei do Servio Altrusta. Tudo o que necessrio est, em princpio, disponvel para todos. Trazer os nveis da realidade superior para dentro dos nveis da realidade que chamamos de natural e humana uma obra criativa de59

considervel valor nos dias de hoje. Tendo chegado o momento cclico de a humanidade reconhecer valores supra-humanos para que possa transcender os nveis em que presentemente funciona, as limitaes da vida terrestre de cada homem crescero se ele rio perceber o novo caminho que tem a tomar. Tais dificuldades se apresentaro justamente como meio de for-lo a despertar e seguir direes mais atuais para si e para o planeta em geral. ***** Muitas mudanas ocorrem na vida do indivduo que assume o seu processo evolutivo. Tendo ampliado seu estado de conscincia, ele entra em um carma mais geral e passa a ser regido por um destino que a interao de vrios destinos: o do planeta, o do pas, o de grupos e, por fim, o seu prprio. Sua vida torna-se mais universalizada e, portanto, ligada a foras de maior potncia e de mais amplo alcance. Assim, ele se liberta do crculo limitado de acontecimentos puramente pessoais, para participar, de forma ativa, da infinita obra da criao universal. Eleva-se a outro nvel de existncia e, atravs de si, a energia criativa pode fluir com liberdade. Com freqncia, acontece de pessoas que se empenham em evoluir continuarem monotonamente a seguir em sua vida ritmos exteriores quase inalterados. Por falta de uma compreenso maior, elas pensam que no esto progredindo ou que nada lhes est acontecendo. Entretanto, no bem isso o que se passa. Pelo fato de se terem decidido a trabalhar com seriedade pela prpria evoluo, e de estarem por isso sendo intensamente transformadas, muitos eventos DEIXAM de lhes acontecer. Assim, desencarnaes podem ser adiadas, enfermidades, transferidas e situaes dolorosas, abrandadas, em funo do60

desenvolvimento especial de determinadas qualidades. Isso acontece porque, logo que passamos a ser mais teis, novos elementos e condies que incluem o suprimento de necessidades mais amplas que as individuais se tornam parte de nossa vida. ***** Dentro da proteo especial que passamos a ter quando vivemos sob os aspectos superiores das leis que regem os acontecimentos antes considerados apenas "naturais", a realidade dos acidentes, dos malestares e das bactrias e vrus apresenta-se bem diferente para ns nosso relacionamento com esses fatos no mais o mesmo. Que , por exemplo, um acidente? De nosso novo ponto de vista, o resultado de desequilbrio acarretado pelas vibraes de desarmonia em algum nvel da conscincia. Onde a ordem e a harmonia so normalmente cultivados, os acidentes no existem ou so raros. Os poucos que acontecem so a conseqncia de alguma desordem interior, s vezes remota, que o indivduo ou o grupo de que faz parte possam ter provocado. Na natureza existem sempre foras opostas em confronto, e onde o conflito se acentua, os acidentes se manifestam. Segundo uma grande ocultista, a partir do conflito entre as foras do progresso e as da destruio que os desastres aparecem nos planos fsico, emocional e mental, mas h tambm aqueles que so provocados pela desordem temporria trazida pelo predomnio das foras involutivas e caticas. Campo h para acidentes em muitos momentos e lugares na vida de um homem. Porm, se no houver da parte dele sintonia com o desequilbrio, a luta e a desarmonia, no h como sofrer com a manifestao disso, a menos que se trate de um momento favorvel61

para o retorno crmico de aes praticadas anteriormente, como j dissemos. Os estados de pessimismo e de depresso, que so resultado de o homem se ter distanciado teleptica ou afetivamente do centro de sua prpria conscincia, abrem a possibilidade de lhe acontecer um acidente, ou mesmo de ser envolvido em algum. O medo de sofr-los tambm caminho certo para que passe por eles. Quando, contudo, a mente est direcionada para o aspecto positivo da vida, rio se detendo em elementos destrutivos e caticos, quando o olhar no se demora em situaes, fatos ou idias negativas, So remotas as possibilidades de se viver a experincia de um acidente no plano fsico ou em outros. Outra realidade que podemos ver de modo bem diferente So os mal-estares, tambm resultado do distanciamento entre o eu consciente e a regio mais interior e profunda do ser. Quando o indivduo ou uma parte dele recusa, mesmo que inconscientemente, a proteo qual tem direito, sofre de alguma indisposio mais ou menos prolongada e profunda. Ms vibraes e foras externas no tm poder sobre aquele que est sintonizado com o ncleo interior de perfeito equilbrio que tem dentro de si. Se perdermos a conscincia de que estamos permanentemente sob uma proteo imensa, atravs desse descuido abriremos uma fresta para que entrem em ns foras dispersivas e destruidoras do nosso equilbrio. Ter presente na conscincia que ESTAMOS EM UMA ESFERA BENIGNA impede que o caos se estabelea. Quanto s bactrias e aos vrus, no passam de materializaes da vibrao catica do etrico, do emocional e do mental individuais ou coletivos. Tampouco tero poder sobre um homem que no se vincule com as formas-pensamento que os criam nesses nveis terrestres. a sua falta de fora vital e62

interna que possibilita a instalao e o desenvolvimento desses microorganismos em si prprio. Muitas podem ser as causas que, do mundo exterior, parecem levar o homem a desvitalizar-se; mas, na verdade, nenhuma delas atuaria sem a presena de uma causa primordial: a falta de conexo do eu consciente com a parte mais interior do ser. ***** No subconsciente, h muitos medos atvicos e, quando um deles se manifesta, aberta a porta para todo tipo de enfermidades. O medo, como se sabe, pode at mesmo criar sintomas, ainda que a enfermidade concreta no esteja presente. Quanto mais nos concentrarmos no fantasma que esse sentimento, tanto mais os males crescero, no apenas no nosso corpo fsico e etrico, mas tambm no emocional e mental. Para dissolv-lo, o homem, usando sua imaginao criativa, deve reconhecer-se como um ser inserido numa Vida nica e Infinita, pois exatamente por ter perdido a memria da condio de filiado a essa Onipresena e Onipotncia que ele se torna medroso e vacilante. Enquanto a conscincia rio dedicar suficiente amor a essa Vida que a tudo e todos compreende, e que, portanto, no inclui limitaes de espcie alguma, a segurana no pode instalar-se. Unir-se a Ela unirse totalidade da qual nada est excludo, e ver, assim, o medo desaparecer. Os indivduos que esto buscando conscientemente evoluir necessitam saber que cuidados e concentrao excessivos no plano fsico (e nas suas solicitaes de defesa) os levam para o terreno das leis naturais, deixando-os abertos desarmonia que possa estar acontecendo no campo das foras em luta. Assim, no deveriam estar63

prevenindo-se em demasia contra as possveis enfermidades. Na vida daqueles que esto sob a esfera de proteo infinita no mais cabvel muito cuidado com o que diz respeito segurana, de modo geral. H quem mantenha suas casas quase blindadas e passe pela experincia de ser assaltado, enquanto outros, vinculados com os mundos interiores, nunca tm suas casas invadidas. A atitude positiva diante das leis superiores determinante. ***** H, para os que aderiram conscientemente ao trabalho evolutivo, uma proteo sempre presente e a possibilidade de no se envolverem com o desequilbrio. Quando se esquecem disso por um momento, ou quando vacilam em contatar as leis superiores de convivncia pacfica com tudo o que existe no universo, caem ento nas esferas puramente fsicas, etricas, emocionais e mentais desse mesmo universo. O choque entre duas correntes antagnicas faz parte do desenvolvimento de ambas. O desafio apresentado pela parte considerada negativa serve muitas vezes para desenvolver a positiva ou a oposta, naquele setor do universo onde o conflito surgiu, seja esse setor um grupo, um acontecimento ou um ser. Assim, podemos ver, por exemplo, uma criana encarnar num ambiente considerado por ns desfavorvel para um crescimento sadio e constatar, mais tarde, serem aquelas mesmas circunstncias os elementos ideais para ajud-la a desenvolver foras positivas, opostas ao caos circundante. Quantas vezes o ambiente no qual grandes personagens da histria da humanidade encarnaram esteve longe de lhes ser favorvel. Entretanto, isso rio as impediu de fazer o64

que vieram fazer, pois a energia da vontade e do poder nelas emergiu no momento oportuno, tornando-as aptas a dominar a desordem. Nem sempre, porm, o processo de desenvolvimento se d assim, e alguns seres tendem a sucumbir ao lado negativo da situao apresentada. Mas a esses casos rio nos referimos aqui, pois ressaltamos, neste estudo, o que acontece com aqueles que, por opo, se entregam a um trabalho consciente em si mesmos. Para eles, como vimos, a encarnao sobre a Terra passa a ser determinada por uma outra ordem de leis. As leis dos nveis superiores no negam as demais formas de sua atuao nos planos mais densos e psicolgicos: no s as incluem como, conforme j dissemos, as ampliam. Quanto mais trabalhado o ser, voluntria ou compulsoriamente, mais imune ele capaz de ficar dentro de toda e qualquer situao desequilibrada. Passando por esse amadurecimento, e tornando-se livre de influncias, fatos ou situaes externas, o homem se transforma em colaborador das foras positivas, da construo e do progresso. Mas, enquanto estiver sujeito a sucumbir a essa ou quela corrente de foras negativas, ele precisa ainda de ajuda e pouca utilidade tem como doador de energia. Deixar de usufruir, para dar em abundncia, o que se prope aos homens nesta nova era da Terra. Descobriremos em nossa prpria vida, e atravs da prpria evoluo, que existe em cada ser uma fonte inesgotvel de pura energia, que brota e flui medida que doada. Guard-la s para si seria como obstruir uma nascente de gua viva.

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A QUESTO DO SOFRIMENTO E DA DOR O sofrimento, embora rio faa parte da natureza do eu superior, inerente personalidade do homem por causa de suas ligaes com o passado e do exerccio da fora do desejo ainda rio elevado para objetivos superiores. A energia prpria da sua alma, porm, a Alegria, um estado de ser totalmente unificado com o propsito da Criao. desse estado, que no vem da personalidade, mas sim de regies mais profundas, que emerge a beatitude onde a paz vai alm de toda e qualquer compreenso, e onde h a entrega completa do ser interior ao caminho csmico aberto sua frente. Circunstancialmente, entretanto, enquanto o indivduo est encarnado, o sofrimento e a dor, em seus vrios aspectos, fazem parte de sua vida. Compreender suas causas at onde possvel, e remover ou transmutar os elementos que as vitalizam e mantm, deveria ser uma das metas por ele visualizada. Quando a humanidade c