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Página 20 Rio Branco – Acre, DOMINGO, 27, e SEGUNDA-FEIRA, 28 de novembro de 2011 TEXTOS: JAIDESSON PERES E WHILLEY ARAúJO FOTOS: REGICLAY SAADY A menor E.O.S. (foto), de apenas 15 anos, já é mãe de outra criança com nove me- ses. Como se não bastasse, a adolescen- te também é viciada em pasta- -base de cocaína. Desesperada, a mãe da adolescente, uma em- pregada doméstica, pediu ajuda da polícia para controlar a filha, que sumia de casa por vários dias e abandonava o filho pe- queno que amamentava. Há poucos dias, E.O.S. che- gou com o bebê ao Centro de Recuperação Caminho de Luz em uma viatura da Polícia Mi- litar. Dias antes, ela tinha sido denunciada pelo padrinho pelo furto de uma bicicleta para trocar por droga. A situação deplorável dela teve início há um ano, por meio da influência de amigos de Sena- dor Guiomard (24 quilômetros de Rio Branco). Eram eles que patrocinavam os entorpecentes, já que a menor não possuía dinheiro. A menina largou os estudos cedo, estudando até a quinta série. Com origem em família sem muitas posses, diz que não “sonhava nada”, “não pensava” e que se considera viciada. Ago- ra acomodada na comunidade terapêutica, a primeira coisa, para poder sonhar e ser feliz um pouco, que realizou foi expe- rimentar o ayahuasca, a bebi- da sagrada conhecida também como chá do Santo Daime ou vegetal. Acanhada um pouco e tris- te por se lembrar do passa- do, a adolescente de Senador Guiomard diz que começa a se sentir em paz consigo mesma e já traça metas para o futu- ro: voltar a estudar e trabalhar quando a idade permitir. “Na primeira vez quando tomei Daime, já me senti bem, e hoje estou mais tranquila”, narrou. Na mesma (ou pior) situação da garota de 15 anos, várias pessoas recorrem ao Centro de Recuperação Caminho de Luz, situado no Ramal da Palheira, na capital acreana. O lo- cal abriga perto de 100 dependentes das mais diversas drogas e aplica como principal meio para a cura o Daime, tipo de terapia pionei- ro no Brasil e até polêmica, já que a bebida é considerada droga alucinógena para algumas religiões, apesar de o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) ter autorizado seu uso para fins religiosos. Mestre Muniz, como é conhecido, é o funda- dor e responsável pela casa de recuperação. Há 20 anos, ele auxilia aqueles que desejam sair do vício. Seu interesse por essas pessoas despertou quando era proprietário de uma farmácia no bairro Sobral. Lá muitas pessoas o procuravam para abandonar a dependência. “Notei que essa doença, a dependência química, não poderia ser curada com remédios, e sim com o auxílio espi- ritual, atenção e, acima de tudo, acreditando na- quele que ninguém acreditava mais”, assevera Muniz, que conta no centro com a colaboração de dois filhos e da mulher, Leoni Pitan Dil. O problema com álcool na juventude o mo- veu para realizar o trabalho social que já con- templou centenas de famílias. “A bebida alcoó- lica prejudica muito e nos atinge de uma forma ou de outra.” Novos caminhos para a reabilitação Visão de cura

Visão de cura - Novos caminhos para recuperação

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Visão de cura - Novos caminhos para recuperação - Especial Jornal Página 20

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Page 1: Visão de cura - Novos caminhos para recuperação

Página 20

Rio Branco – Acre, DOMINGO, 27, e SEGUNDA-FEIRA, 28 de novembro de 2011

�TexTos: JAidesson PeRes e Whilley ARAúJo FoTos: RegiclAy sAAdy

A menor E.O.S. (foto), de apenas 15 anos, já é mãe de outra criança com nove me-ses. Como se não bastasse, a adolescen-

te também é viciada em pasta--base de cocaína. Desesperada, a mãe da adolescente, uma em-pregada doméstica, pediu ajuda da polícia para controlar a filha, que sumia de casa por vários dias e abandonava o filho pe-queno que amamentava.

Há poucos dias, E.O.S. che-gou com o bebê ao Centro de Recuperação Caminho de Luz em uma viatura da Polícia Mi-litar. Dias antes, ela tinha sido denunciada pelo padrinho pelo furto de uma bicicleta para trocar por droga.

A situação deplorável dela teve início há um ano, por meio da influência de amigos de Sena-dor Guiomard (24 quilômetros de Rio Branco). Eram eles que patrocinavam os entorpecentes, já que a menor não possuía dinheiro.

A menina largou os estudos cedo, estudando até a quinta série. Com origem em família sem muitas posses, diz que não “sonhava nada”, “não pensava” e que se considera viciada. Ago-ra acomodada na comunidade terapêutica, a primeira coisa, para poder sonhar e ser feliz um

pouco, que realizou foi expe-rimentar o ayahuasca, a bebi-da sagrada conhecida também como chá do Santo Daime ou vegetal.

Acanhada um pouco e tris-te por se lembrar do passa-do, a adolescente de Senador Guiomard diz que começa a se sentir em paz consigo mesma e já traça metas para o futu-ro: voltar a estudar e trabalhar quando a idade permitir. “Na primeira vez quando tomei

Daime, já me senti bem, e hoje estou mais tranquila”, narrou.

Na mesma (ou pior) situação da garota de 15 anos, várias pessoas recorrem ao Centro de Recuperação Caminho de Luz, situado no Ramal da Palheira, na capital acreana. O lo-

cal abriga perto de 100 dependentes das mais diversas drogas e aplica como principal meio para a cura o Daime, tipo de terapia pionei-ro no Brasil e até polêmica, já que a bebida é considerada droga alucinógena para algumas religiões, apesar de o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas (Conad) ter autorizado seu uso para fins religiosos.

Mestre Muniz, como é conhecido, é o funda-dor e responsável pela casa de recuperação. Há 20 anos, ele auxilia aqueles que desejam sair do vício. Seu interesse por essas pessoas despertou quando era proprietário de uma farmácia no bairro Sobral. Lá muitas pessoas o procuravam para abandonar a dependência. “Notei que essa doença, a dependência química, não poderia ser curada com remédios, e sim com o auxílio espi-ritual, atenção e, acima de tudo, acreditando na-quele que ninguém acreditava mais”, assevera Muniz, que conta no centro com a colaboração de dois filhos e da mulher, Leoni Pitan Dil.

O problema com álcool na juventude o mo-veu para realizar o trabalho social que já con-templou centenas de famílias. “A bebida alcoó-lica prejudica muito e nos atinge de uma forma ou de outra.”

novos caminhos para a reabilitaçãoVisãode cura

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As dificuldades não desanimam Muniz e os outros coordenadores. As receitas do cen-tro se originam principalmente da horta, de onde os internos tiram verduras para vender no Mercado Elias Mansour e para preparar a comida deles próprios. A marcenaria é ou-tra fonte de renda. As pessoas que estão em tratamento fazem móveis por encomenda de clientes e para venda em lojas da capital.

Para cobrir ainda as despesas, os internos produzem doces e bombons para entregar no comércio de Rio Branco e nas ruas. To-dos os dias eles mesmos saem oferecendo em vários lugares: escolas, ruas, lojas, órgãos governamentais.

Convênio com o governo do estado, por meio da Central de Articulação das Entidades

de Saúde (Cades), também ajuda o centro. São R$ 2 mil mensais para custear a alimentação. A entidade recebe alimentos também do Pro-grama Mesa Brasil, ligado ao Serviço Social do Comércio (Sesc), e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal.

Além da Caminho de Luz, que recebe mais pessoas do sexo masculino, Mestre Muniz di-rige outras duas casas de recuperação - uma no Rio Iquiri, para onde vão os que fazem tra-tamento mais de uma vez, e uma em Bujari, reservada para as mulheres.

Natural de um seringal de Tarauacá, Mestre Muniz conheceu os bene-fícios do Daime por meio de um vizinho alcoólatra que se curara tomando a bebida sagrada. Muito antes, quando era criança, chegou a ver índios do município preparan-

do-a ao som de cantigas. Procurado na farmácia, ele come-

çou a dar o chá aos dependentes. Como eram muitos os que lá chegavam em

busca de cura, ele construiu um chapéu--de-palha atrás do estabelecimento. “Che-

guei a ter problemas com a polícia porque diziam que eu estava vendendo drogas, pois

muitos drogados estavam indo à farmácia.” Após prestar esclarecimento ao delegado e

provar que não era traficante, Mestre Muniz passou a ser bem visto pelos policiais do bair-ro e era até indicado por eles para quem que-

ria sair do mundo das drogas. “Muitas pessoas viram que o Daime tinha uma força espiritual que as curava”, lembra.

Tempo depois, ele formou no bairro Boa União - do qual se diz fundador com seus dis-cípulos - uma comunidade religiosa com base no Daime. O grupo que ele criou, todavia, não aceitou o emprego do chá para tratamento da dependência. Irrequieto, Mestre Muniz saiu do lugar e foi em 1994 para uma proprieda-de de sete hectares que comprara no Ramal da Palheira, onde funciona hoje o Centro de Recuperação Caminho de Luz, em que está também o Centro Espírita Beneficente Tem-plo da Ordem Universal de Salomão, similar às comunidades da Barquinha e ao Alto Santo, do Mestre Irineu.

continuar trabalhando, ainda que com dificuldades

inTeRnos passam geralmente doze meses em recuperação

MesTRe Muniz (e) conta com a ajuda de voluntários e da família

cUlTiVo de hortaliças serve para venda em mercado e para o preparo

de comidas dos internos

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ex-traficante do Papouco

eficiência no tratamento com o daime

nova vida Carlos da Costa Lima, 27 anos, nasceu em Boca do Acre (AM) e

estudou até a quinta série. Aos 17, chegou a Rio Branco e trabalhou na limpeza de órgãos públicos, na construção de prédios e em um mata-douro.

Apesar de levar uma vida social, era viciado desde os 11 anos em várias drogas: cocaína, maconha e bebida alcóolica. Preso por um mês sob acusação de roubo de uma garrafa de cachaça, ele refletiu sobre a vida que levava e quis dar um novo rumo à existência.

O rapaz foi ao centro há quatro anos por referências dos amigos que já haviam se internado no local. Lá experimentou o Daime e até hoje mora na comunidade religiosa. Sua função é cuidar da marcenaria.

“Terminei meu tratamento, mas quero continuar aqui porque me sinto bem”, comentou ele, que garante nunca ter tido mais recaídas.

Carlos dirige vários homens na marcenaria e sobrevive de sua cria-tividade com a madeira. Há um ano se casou e nos fins de semana não deixa de visitar a mãe e a filha de cinco anos. “Minha meta é ajudar mais pessoas com meu trabalho.”

Segundo Mestre Muniz, 50% das pessoas que pas-sam pelo centro são curadas da dependência química, enquanto nas outras casas de recuperação que não uti-lizam o Daime o percentual chega a 20%. “O ayahuasca serve para despertar uma nova consciência na pes-soa”, comentou.

Afora a dependência, Muniz diz que a bebida cura outras doenças pre-sentes no organismo. O religioso cita o exemplo de um portador do HIV que recorreu ao centro há três anos para se curar da Aids e do alcoolismo. “Ele che-gou desenganado, sem ca-belo, e hoje vive bem aqui.

Está morando na comuni-dade e tem uma vida nor-mal”, disse.

Outro exemplo foi um homem tuberculoso que to-mava remédios e usava co-caína ao mesmo tempo. Ele tomou o Daime e agora vive bem de saúde. “Hoje ele está ‘bombado’, forte, em Porto Velho [RO]”, destaca Muniz.

O goiano Igor Muniz, 25 anos, jogava futebol em seu Esta-do. Se não fosse um contratempo, estaria praticando o esporte profissionalmente hoje. Ele já estava na categoria de juniores do Goiás. Teve, entretanto, uma lesão no joelho e aos 18 anos recebeu dos médicos a triste notícia de que estaria impedido a partir daquele momento de jogar bola. “Aquilo foi a pior coisa para mim”, admitiu.

Após a notícia, ele tentou fugir da frustração fumando e be-bendo. Nesse período, o jovem conheceu nas rodadas de ami-gos a maconha e a cocaína. Pouco depois, entrou no comércio ilegal do crack, quando tomou gosto pela substância forte e perigosa. “Não tinha mais como sair”, revelou Igor, que traba-lhava ainda como segurança em uma boate de Goiânia.

Como a avó morava no Acre, ele se mudou. Aqui, soube que o tráfico tinha facilidades por causa das fragilidades na fiscalização das fronteiras. Assim, partiu para o Peru com o dinheiro de direitos trabalhistas que recebera da boate onde trabalhou. “Comprei três quilos de pasta-base de cocaína com nove mil reais”, recorda.

Em Rio Branco, o goiano foi ao bairro Dom Giocondo, (antigo Papouco), comercializar os entorpecentes, causando ciúme nos outros traficantes do local. “Em 25 dias, recuperei os nove mil reais”, diz Igor. “Ganhei televisão, celular e cordão de ouro dos viciados.”

Certo dia, depois de ter usado muito crack e bebido demais, a mando dos outros traficantes do bairro, teve a casa invadida por bandidos que estavam armados com facões. Ao revidar, matou um deles com seis tiros e baleou outro. “A COE [Co-mando de Operações Especiais] entrou na casa e me levou para a penal”, relatou.

Decorridos alguns meses na prisão, onde travou diversas lutas corporais com outros presidiários, Igor teve a liberdade devolvida, já que alegou, sobretudo, que era réu primário, estava sob efeito de entorpecentes e agira em legí-

tima defesa. A Justiça, no entanto, condicionou sua liberdade ao tratamento em uma casa de recuperação para dependentes químicos.

Em virtude da influência da mãe, que já tinha ouvido falar do local, Igor chegou ao Centro de Recuperação Caminho de Luz. Seu maior objetivo no início, de acordo com ele, era se livrar da prisão. “Nunca tinha experimentado Daime”, conta. “Na pri-meira vez em que experimentei achei esquisito e pensava que era outra droga.”

Atualmente ele completa oito me-ses de recuperação na casa Caminho de Luz e diz que a vontade de usar droga já passou. Realizado com a mulher grávida, que mora com ele na comunidade religiosa, já abriu uma pequena loja de roupas no centro de Rio Branco e tem planos para o futuro: “Quero expandir a loja e comprar um carro”.

MesTRe Muniz (e) conta com a ajuda de voluntários e da família

igoR Muniz, 25, foi preso e cumpre

pena no centro de Recuperação

caminho da luz

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Ministério Público presente

estudo e reconhecimento

mundo afora

cansado? Procure ajuda Apesar de pouco conhecido pela população, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviço

de ajuda para aqueles que querem começar a largar o vício. O Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) dispõe desde 2004 do Serviço Hospitalar de Referência Álcool e Outras Drogas (SHRad). Por causa da reforma do hospital, o SHrad está funcionando por enquanto no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac).

O objetivo do serviço é oferecer desintoxicação aos usuários de várias drogas, contribuir para a reflexão dos pacientes e dos membros da família sobre autoestima e informar acerca dos riscos, doenças e devidos procedimentos em relação à dependência.

De acordo com a coordenadora do SHRad, Maria Stella Cordovil, após a internação no hos-pital o paciente é orientado a procurar tratamento mais intenso e a família também é assistida. “Encaminhamos os dependentes com familiares para tratamento em grupos de ajuda”, afirmou.

Stella diz que os casos mais comuns que chegam a ela e à equipe multiprofissional que coor-dena são de bebida alcoólica e cocaína. “Nossa situação geográfica favorece isso, já que vivemos na fronteira e a droga é mais barata.”

O emprego do ayahuasca na América do Sul para tratamento da dependência química foi tema de um seminário na Universidade de São Paulo (USP) durante três dias no mês de se-tembro deste ano. Mestre Muniz foi um dos convidados para falar dos poderes medicinais da bebida diante de autoridades, professores e estudantes.

O religioso mostrou o trabalho pioneiro que desenvolve no Acre e foi indagado pelos pre-sentes após falar dos resultados da terapia. O evento faz parte de uma série de estudos que pesquisadores realizam na área para entender o uso do Daime para fins medicinais.

O antropólogo Marcelo Mercante, que passou por vários países onde há comunidades tera-pêuticas semelhantes, visitou o Acre para estudar o Centro de Recuperação Caminho de Luz.

Cumprindo suas atribui-ções constitucionais, o Mi-nistério Público Estadual acompanhou recentemente o Conselho Regional de Psico-logia em várias diligências nas casas de recuperação, entre elas a Caminho de Luz.

O promotor Gláucio Oshiro, de Defesa dos Direi-tos Humanos, reconheceu a importância dessas entidades filantrópicas e disse que o ob-jetivo das inspeções é realizar algumas adequações para ga-rantir a continuidade do tra-balho das casas. “No Acre, não encontramos nenhuma irregularidade que impedisse o funcionamento desses lo-cais”, declarou.

Quando instado, segun-do o promotor, o Ministério Público vai até as comuni-dades terapêuticas verificar denúncias e procura sempre conversar com os dirigentes.

“Muitas vezes o Estado não pode gerir esse problema da dependência, e essas casas trabalham muito bem nisso”, ressaltou. “Essas entidades são socialmente importantes, pois significativa parte dos crimes é praticada sob efeito de drogas e muitos infratores são usuários.”

Em relação à utilização do ayahuasca no tratamen-to da dependência, Oshiro informou que não tem po-sicionamento a respeito do assunto e prefere respeitar a liberdade religiosa, ga-rantida pela Constituição. “A mistura de religião com tratamento torna difícil se posicionar.”

Conforme o Relatório Brasileiro sobre Dro-gas de 2009, com exceção de álcool e tabaco, as drogas com maior uso em 2001 no Brasil são: maco-nha (6,9%), solventes (5,8%), orexígenos (4,3%), benzodia-zepínicos (3,3%) e cocaína (2,3%). Em 2005, são: maconha (8,8%), solventes (6,1%), benzodiazepínicos (5,6%), orexígenos (4,1%) e estimulantes (3,2%).

De 2001 para 2005, houve aumento nas estimativas de uso na vida de álcool, tabaco, maconha, solventes, benzodiazepínicos, cocaína, estimulantes, barbitúricos, esteroides, alucinógenos e crack e diminuição nas de orexígenos, xaropes, opiáceos e an-ticolinérgicos.

Já o Relatório Mundial sobre Drogas 2010 das Nações Unidas informa que a cocaína traficada pelo Brasil provavelmente é origi-nária do Peru ou da Bolívia - países com que o Acre apresenta fron-teiras -, refletindo a crescente importância desses produtores para a Europa. O Brasil e a Argentina constituem, segundo os dados, os maiores mercados de cocaína na América do Sul em termos abso-lutos (mais de 900 mil e 600 mil usuários, respectivamente).

Prevalência de uso na vida de drogas entre os entrevistados das cidades com mais de 200 mil habitantes da Região norte.

drogaPrevalência de uso na vida (%)

2001 2005Álcool............................................................................ 53,0 .............................53,9Tabaco .......................................................................... 33,8 .............................37,1Maconha ..................................................................... 5,0.................................. 4,8solventes ..................................................................... 3,3.................................. 2,3Benzodiazepínicos .................................................. 0,5.................................. 0,3orexígenos ................................................................. 5,5.................................. 5,0cocaína ........................................................................ 1,0.................................. 1,3xaropes (codeína) ................................................... 1,3.................................. 1,3estimulantes .............................................................. 0,9.................................. 0,7Barbitúricos ................................................................ 1,0.................................. 0,2esteroides ................................................................... 0,3.................................. 0,5opiáceos ..................................................................... 1,2.................................. 0,7Anticolinérgicos ....................................................... 0,8.................................. 0,5Alucinógenos ............................................................ 0,3.................................. 1,0crack ............................................................................. 0,2.................................. 0,0Merla ............................................................................. 1,0.................................. 0,8heroína ........................................................................ 0,2.................................. 0,2Qualquer droga exceto álcool e tabaco ......... 15,9 .............................14,4

Fonte: senad/cebrid/ ii levantamento domiciliar sobre o Uso de drogas Psicotrópicas no Brasil, 2005.

PRoMoToR glaucio oshiro: preferência pela liberdade religiosa