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Tsar Bomb - "A Bomba Rei" A Tsar Bomba (conhecida também como Big Ivan) foi desenvolvida durante a Guerra Fria, e seu principal propósito foi o de demonstrar ao mundo — e especialmente aos EUA — o poder bélico e tecnológico soviético. O artefato era tão absurdamente grande que, em termos práticos, seria muito difícil transportá-lo para que fosse detonado durante uma batalha, e mais complicado ainda levá- lo até os Estados Unidos. Além disso, a bomba era tão poderosa que, mesmo depois que os soviéticos reduziram a sua força pela metade, o índice de sobrevivência da tripulação responsável por transportá- la foi estimado em 50%, considerando que todos estivessem a 10 quilômetros de altura e 45 quilômetros de distância no momento da detonação, que deveria ocorrer 4 quilômetros antes de a bomba atingir o solo! Desenvolvimento e testes Originalmente, a Tsar contava com 100 megatons, que foram reduzidos para um poder explosivo entre os 50 e 57 megatons com o intuito de minimizar a dimensão da destruição. Ainda assim, só para que você tenha uma ideia, o dispositivo era 3 mil vezes mais potente do que a bomba de Hiroshima. E sabe quanto tempo a equipe responsável pela Tsar — composta por apenas cinco físicos soviéticos — demorou em construí- la? Entre 14 e 16 semanas! No final de outubro de 1961, os soviéticos decidiram realizar um teste com a Big Ivan e mostrar ao mundo inteiro o que acontece quando se explode um dispositivo de 50 megatons. Para isso, uma equipe de engenheiros teve que remodelar uma aeronave e retirar parte de sua fuselagem para que a Tsar, que pesava 25 toneladas e media mais de 8 metros, pudesse ser transportada. A "Tsar Bomba" era uma bomba de hidrogênio de três estágios com uma potência em torno de 50 megatons (Mt). Tal capacidade de destruição equivalia a todos os explosivos usados na Segunda Guerra Mundial multiplicados por dez. O design inicial trifásico apresentava um primário, que era uma bomba atômica do tipo de implosão; o secundário era o

Tsar Bomb

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Page 1: Tsar Bomb

Tsar Bomb - "A Bomba Rei"

A Tsar Bomba (conhecida também como Big Ivan) foi desenvolvida durante a Guerra Fria, e seu principal propósito foi o de demonstrar ao mundo — e especialmente aos EUA — o poder bélico e tecnológico soviético. O artefato era tão absurdamente grande que, em termos práticos, seria muito difícil transportá-lo para que fosse detonado durante uma batalha, e mais complicado ainda levá-lo até os Estados Unidos.Além disso, a bomba era tão poderosa que, mesmo depois que os soviéticos reduziram a sua força pela metade, o índice de sobrevivência da tripulação responsável por transportá-la foi estimado em 50%, considerando que todos estivessem a 10 quilômetros de altura e 45 quilômetros de distância no momento da detonação, que deveria ocorrer 4 quilômetros antes de a bomba atingir o solo!

Desenvolvimento e testes

Originalmente, a Tsar contava com 100 megatons, que foram reduzidos para um poder explosivo entre os 50 e 57 megatons com o intuito de minimizar a dimensão da destruição. Ainda assim, só para que você tenha uma ideia, o dispositivo era 3 mil vezes mais potente do que a bomba de Hiroshima. E sabe quanto tempo a equipe responsável pela Tsar — composta por apenas cinco físicos soviéticos — demorou em construí-la? Entre 14 e 16 semanas!No final de outubro de 1961, os soviéticos decidiram realizar um teste com a Big Ivan e mostrar ao mundo inteiro o que acontece quando se explode um dispositivo de 50 megatons. Para isso, uma equipe de engenheiros teve que remodelar uma aeronave e retirar parte de sua fuselagem para que a Tsar, que pesava 25 toneladas e media mais de 8 metros, pudesse ser transportada.

A "Tsar Bomba" era uma bomba de hidrogênio de três estágios com uma potência em torno de 50 megatons (Mt). Tal capacidade de destruição equivalia a todos os explosivos usados na Segunda Guerra Mundial multiplicados por dez. O design inicial trifásico apresentava um primário, que era uma bomba atômica do tipo de implosão; o secundário era o estágio termonuclear, onde a detonação do primário o implodiria, fazendo com que o seu material físsil entre em fissão, a fissão no secundário cria as condições de temperatura e pressão ideais para que o deutério e o trítio se unam pela fusão nuclear; o terciário é outro estágio termonuclear igual ao secundário que é implodido pelo secundário. Além disso a bomba apresentava uma "jaqueta" de urânio empobrecido, que só sofre fissão pelos nêutrons energéticos da fusão nuclear, nessa configuração a bomba era capaz de liberar aproximadamente 100 Mt, mas o resultado seria um excesso de resíduos e partículas radioativas liberadas na atmosfera. Para limitar os efeitos dos resíduos radioativos, a "jaqueta" de urânio (que ampliava muito a reação, fissionando átomos de urânio com nêutrons mais rápidos da reação da fusão anterior), foi trocado por uma de chumbo. Isso eliminou a rápida fissão dos nêutrons resultantes da fusão (estágio 2 e estágio 3), de forma que 97% do total da energia seria resultado apenas do estágio de fusão. Houve forte incentivo para a redução de potência, já que a maioria dos resíduos radioativos resultantes do teste da bomba acabaria chegando ao próprio território soviético.

Page 2: Tsar Bomb

Os componentes da bomba foram desenvolvidos por uma equipe de físicos, liderada por Juliï Borisovich Khariton, que incluía Andrei Sakharov, Victor Adamsky, Yuri Babayev, Yuri Smirnov, e Yuri Trutnev. Logo após a detonação da Tsar Bomba, Sakharov começou a fazer uma campanha contra as armas nucleares, o que levou à sua dissidência.

Para exemplificar seu fantástico poder, seguem algumas curiosidades sobre os efeitos do teste da TSAR Bomba:

- Todas as casas do pequeno vilarejo de Severny, localizados a 55 km do ponto de detonação foram totalmente pulverizadas (o local havia sido evacuado antes do teste).

- Um participante do teste viu um flash brilhante que o cegou momentaneamente mesmo com óculos escuros especiais, a uma distância de mais de 100 km do "ground zero"(ponto de detonação). Apesar de estar em um local protegido, o mesmo participante descreveu a passagem de um pulso de ar quente logo depois da explosão. Esta onda de calor poderia causar queimaduras de terceiro grau em uma pessoa que estivesse a 100km do "ground zero".

- A onda de choque causada pela TSAR Bomba quebrou janelas e destruiu telhados em vilarejos localizados até 700 km do "ground zero", chegando a quebrar janelas na Finlândia e Noruega.

- A energia liberada causou um abalo sísmico de 5.1 na Escala Richter, e foi muito diminuída pelo fato dos soviéticos terem decidido detonar a bomba antes de sua chegada ao solo, para minimizar os impactos sísmicos.

- O poder dos 50 Megatons da TSAR Bomba poderia ser replicado construindo-se um

cubo de TNT com 312 metros de largura e a altura aproximada da Torre Eiffel.