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Ano 2015, Número 118 Brasília, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Página 1 Diário da Justiça Eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.jus.br ________________________________________________________________________________________________________ Ano 2015, Número 118 Divulgação: terça-feira, 23 de junho de 2015 Publicação: quarta-feira, 24 de junho de 2015 Tribunal Superior Eleitoral Ministro José Antonio Dias Toffoli Presidente Ministro Gilmar Ferreira Mendes Vice-Presidente Ministro João Otávio de Noronha Corregedor-Geral Eleitoral Leda Marlene Bandeira Diretora-Geral Secretaria Judiciária Secretaria de Gestão da Informação Coordenadoria de Editoração e Publicações Fone/Fax: (61) 3030-9321 [email protected] Sumário PRESIDÊNCIA ...........................................................................................................................................................................1 Assessoria de Plenário .......................................................................................................................................................1 Pauta de Julgamento ..................................................................................................................................................2 SECRETARIA JUDICIÁRIA .......................................................................................................................................................2 Coordenadoria de Registros Partidários, Autuação e Distribuição ......................................................................................2 Despacho ...................................................................................................................................................................2 Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento I ........................................................................................4 Decisão monocrática ..................................................................................................................................................4 Coordenadoria de Processamento - Seção de Processamento III ....................................................................................31 Decisão monocrática ................................................................................................................................................31 Coordenadoria de Acórdãos e Resoluções .......................................................................................................................45 Acórdão ....................................................................................................................................................................45 Resolução ................................................................................................................................................................49 Despacho .................................................................................................................................................................50 CORREGEDORIA ELEITORAL ...............................................................................................................................................51 SECRETARIA DO TRIBUNAL ..................................................................................................................................................51 Atos do Diretor-Geral ........................................................................................................................................................51 Portaria .....................................................................................................................................................................51 Instrução Normativa .................................................................................................................................................52 SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO ......................................................................................................................................53 SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA .......................................................................................................53 SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .............................................................................................................53 SECRETARIA DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO ......................................................................................................................53 PRESIDÊNCIA Assessoria de Plenário

TSE-118-2015

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diario eletronico tse 118/2015

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  • Ano 2015, Nmero 118 Braslia, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Pgina 1

    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

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    Ano 2015, Nmero 118 Divulgao: tera-feira, 23 de junho de 2015Publicao: quarta-feira, 24 de junho de 2015

    Tribunal Superior Eleitoral

    Ministro Jos Antonio Dias ToffoliPresidente

    Ministro Gilmar Ferreira MendesVice-Presidente

    Ministro Joo Otvio de Noronha Corregedor-Geral Eleitoral

    Leda Marlene Bandeira Diretora-Geral

    Secretaria Judiciria

    Secretaria de Gesto da Informao

    Coordenadoria de Editorao e Publicaes

    Fone/Fax: (61) [email protected]

    SumrioPRESIDNCIA ...........................................................................................................................................................................1

    Assessoria de Plenrio .......................................................................................................................................................1Pauta de Julgamento ..................................................................................................................................................2

    SECRETARIA JUDICIRIA .......................................................................................................................................................2Coordenadoria de Registros Partidrios, Autuao e Distribuio ......................................................................................2

    Despacho ...................................................................................................................................................................2Coordenadoria de Processamento - Seo de Processamento I ........................................................................................4

    Deciso monocrtica ..................................................................................................................................................4Coordenadoria de Processamento - Seo de Processamento III ....................................................................................31

    Deciso monocrtica ................................................................................................................................................31Coordenadoria de Acrdos e Resolues .......................................................................................................................45

    Acrdo ....................................................................................................................................................................45Resoluo ................................................................................................................................................................49Despacho .................................................................................................................................................................50

    CORREGEDORIA ELEITORAL ...............................................................................................................................................51SECRETARIA DO TRIBUNAL ..................................................................................................................................................51

    Atos do Diretor-Geral ........................................................................................................................................................51Portaria .....................................................................................................................................................................51Instruo Normativa .................................................................................................................................................52

    SECRETARIA DE ADMINISTRAO ......................................................................................................................................53SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO E AUDITORIA .......................................................................................................53SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO .............................................................................................................53SECRETARIA DE GESTO DA INFORMAO ......................................................................................................................53

    PRESIDNCIA

    Assessoria de Plenrio

  • Ano 2015, Nmero 118 Braslia, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Pgina 2

    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    Pauta de Julgamento

    PAUTA DE JULGAMENTO N 53/2015

    Para julgamento do processo abaixo relacionado, a partir da prxima sesso, respeitado o prazo de 48 horas, contado desta publicao.

    RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N 185-64.2012.6.01.0007

    ORIGEM: FEIJ AC (7 ZONA ELEITORAL)

    RELATORA: MINISTRA LUCIANA LSSIO

    RECORRENTES: JOS CARLOS BEZERRA SOUSA E OUTRO

    ADVOGADOS: ERICK VENNCIO LIMA DO NASCIMENTO E OUTRO

    RECORRIDO: MINISTRIO PBLICO ELEITORAL

    Braslia, 23 de junho de 2015.

    JEAN CARLOS SILVA DE ASSUNO

    Assessor de Plenrio

    SECRETARIA JUDICIRIA

    Coordenadoria de Registros Partidrios, Autuao e Distribuio

    Despacho

    PUBLICAO DE DESPACHO N 188/2015

    REF.: PROTOCOLO: 12.833/2015 BRASLIA-DF

    INTERESSADO: PARTIDO SOCIAL CRISTO - PSC

    VITOR JORGE ABDALA NSSEIS, PRESIDENTE NACIONAL DO PSC.

    ASSUNTO: DESCREDENCIAMENTO E CREDENCIAMENTO DE DELEGADOS PARTIDRIOS.

    DESPACHO:

    PROTOCOLO N 12.833/2015

    Proposio encaminhada em desacordo com a Resoluo/TSE n 23.093/2009.

    De ordem, intime-se o requerente para, querendo, apresentar os dados observando o disposto no item 4 da Informao n 92/2015 SEDAP/CPADI/SJD.

    Encaminhe-se cpia da referida informao.

    Braslia, 19 de junho de 2015.

    Alessandro Rodrigues da Costa

    Coordenador da CPADI

    _____________________________________________

    PROTOCOLO 12.041/2014 - MINISTRO DIAS TOFFOLI - PRESIDENTE DO TSE

    Publicado em 03/06/2014 no Dirio de Justia Eletrnico, n 102, Pgina 3.

    DESPACHO

    De ordem, Secretaria, para que se proceda anotao, adotando o mesmo expediente, "ex officio", nos demais casos anlogos.

    Braslia/DF, 29 de maio de 2014.

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    Juiz CARLOS VIEIRA VON ADAMEK

    Secretrio-Geral da Presidncia

    PUBLICAO DE DESPACHO N 189/2015 - CPADI

    REGISTRO DE PARTIDO POLTICO N 172-11.2015.6.00.0000 BRASLIA-DF

    REQUERENTE: PARTIDO DO SERVIDO PBLICO E PRIVADO (PSPP) - NACIONAL

    ADVOGADO: ANDERSON BARROS LUNA DA SILVA

    MINISTRO LUIZ FUX

    PROTOCOLO: 6.238/2015

    DESPACHO

    Cuida-se de requerimento de registro de partido poltico formulado pelo Partido do Servidor Pblico e Privado (PSPP) - Nacional, perante este Tribunal Superior, com fundamento na Lei n 9.096/95 e na Resoluo-TSE n 23.282/2010.

    D-se vista Procuradoria-Geral Eleitoral para manifestar-se pela verificao do apoiamento mnimo de eleitores, no mbito dos Estados (Amazonas, Pernambuco, Paraba, Piau, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Tocantins, Roraima), nos termos do art. 7, 1, da supracitada resoluo.

    Publique-se.

    Intime-se.

    Braslia, 12 de junho de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

    Relator

    PUBLICAO DE DESPACHO N 190/2015 - CPADI

    PRESTAO DE CONTAS N 20 (35510-90.2008.6.00.0000) BRASLIA-DF

    REQUERENTE: PARTIDO SOCIAL LIBERAL (PSL) - NACIONAL, POR SEU PRESIDENTE

    ADVOGADOS: ENIO SIQUEIRA SANTOS E OUTROS

    MINISTRO GILSON DIPP

    PROTOCOLO: 9.146/2008

    DESPACHO

    O Tribunal Superior Eleitoral julgou desaprovadas as contas do Partido Social Liberal (PSL) - Nacional relativas ao exerccio financeiro de 2007 (fls. 482 a 486).

    Regularmente intimada para o ressarcimento imediato ao Fundo Partidrio do valor aplicado irregularmente, a sigla apresentou cpia do comprovante de pagamento, com o recolhimento no valor de R$ 177.045,70 (fl. 542).

    Encaminhados os autos Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidrias, o mencionado rgo Tcnico identificou uma diferena a ser restituda pelo partido no valor de R$ 20,16, consoante a Informao n 418/2014 (fl. 545).

    Novamente intimada, a agremiao apresentou cpia do comprovante de pagamento, com o respectivo recolhimento no valor da diferena supramencionada (fl. 558).

    Em 13.5.2015, determinei o envio dos autos Secretaria de Planejamento, Oramento, Finanas e Contabilidade, para confirmar o ingresso do valor recolhido pelo PSL na conta do Tesouro Nacional (fl. 566).

    Em sequncia, a Coordenadoria de Execuo Oramentria e Financeira informou que "em consulta ao Sistema Integrado de Administrao Financeira do Governo Federal - SIAFI, foi constatado o recolhimento dos valores referentes s GRUs de n 97010700010000117, conforme documentos anexos s fls. 569-570" (fl. 571).

    Ante o exposto, em virtude do efetivo ressarcimento do valor devido pelo Partido Social Liberal (PSL) - Nacional ao errio, arquive-se.

    Publique-se.

    Braslia/DF, 9 de abril de 2015.

    Ministro DIAS TOFFOLI

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    Presidente

    Coordenadoria de Processamento - Seo de Processamento I

    Deciso monocrtica

    PUBLICAO N 141/2015/SEPROC1

    AGRAVO DE INSTRUMENTO N 5-04.2013.6.05.0039 VITRIA DA CONQUISTA-BA 39 Zona Eleitoral (VITRIA DA CONQUISTA)

    AGRAVANTE: PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRTICO BRASILEIRO (PMDB) - MUNICIPAL

    ADVOGADOS: IGOR ANDRADE COSTA E OUTRO

    Ministro Luiz Fux

    Protocolo: 4.707/2014

    DECISO

    EMENTA: PRESTAO DE CONTAS. PARTIDO POLTICO. DIRETRIO MUNICIPAL. EXERCCIO FINANCEIRO DE 2012. DESAPROVAO. RECURSO ESPECIAL COM AGRAVO. FALTA DE IMPUGNAO ESPECFICA AOS FUNDAMENTOS DA DECISO AGRAVADA. INTELIGNCIA DA SMULA N 182 DO STJ. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

    1. O Agravante possui o nus de impugnar os fundamentos da deciso que obstou o regular processamento do seu apelo extremo eleitoral, sob pena de subsistirem as concluses do decisum monocrtico, nos termos do Enunciado da Smula n 182/STJ, segundo a qual: " invivel o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da deciso agravada." Precedentes: AgR-AI n 220-39/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26/8/2013 e AgR-AI n 134-63/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 3/9/2013.

    2. Agravo a que se nega seguimento.

    Na origem, o Juzo Eleitoral desaprovou as contas apresentadas pelo Diretrio Municipal do Partido do Movimento Democrtico Brasileiro (PMDB), alusivas ao exerccio financeiro de 2012, sob o fundamento de que as falhas encontradas comprometeram a regularidade das contas, bem como determinou a suspenso, com perda das cotas do Fundo Partidrio, pelo prazo de um ano.

    Contra referida deciso foi manejado recurso eleitoral perante o TRE/BA, o qual foi desprovido, mantendo-se in totum a sentena. Eis a ementa do acrdo recorrido (fls. 141):

    Recurso. Prestao de contas. Exerccio 2012. Partido poltico. Desaprovao. Resoluo TSE n 21.841/2004. No observncia. Persistncia de irregularidade. Desprovimento.

    Nega-se provimento a recurso interposto contra sentena que desaprovou contas partidrias, em face da subsistncia de vcios que comprometem a anlise de sua regularidade.

    Os embargos de declarao a seguir opostos foram desprovidos

    (fls. 164-169).

    Sobreveio, ento, a interposio de recurso especial, com fulcro no art. 276, I, a e b, do Cdigo Eleitoral, no qual o Recorrente apontou a existncia de violao ao art. 28, IV, da Resoluo-TSE n 21.841/2004 e ao art. 49 da Resoluo-TSE n 23.376/2012, bem como afirmou haver divergncia jurisprudencial acerca da matria.

    Alegou, em sntese, que, "no caso em tela, configurou-se a existncia de divergncia jurisprudencial na interpretao da aplicao das sanes previstas no artigo 28, IV, da Resoluo TSE n 21.284/2004 [sic] (que versa acerca da hiptese de suspenso, com perda, das cotas do fundo partidrio, pelo prazo de 1 (um) ano por desaprovao das contas do rgo municipal), em face da apresentao de novel documentao em fase recursal, capaz de reverter o julgado e aprovar as contas requeridas no bojo processual" (fls. 177). Acrescentou, ainda, que "tal documentao sana as irregularidades anteriormente observadas e que ensejaram a propositura da ao de prestao de contas, evidenciando a total regularidade das movimentaes financeiras no exerccio do ano de 2012." (fls. 177).

    Apontou divergncia jurisprudencial supostamente no sentido de admitir-se a juntada de documentos novos em sede recursal e a possibilidade de aplicarem-se, ao caso, os princpios da insignificncia e da proporcionalidade, considerado o valor irrisrio das falhas encontradas na prestao de contas.

    O Presidente da Corte Regional negou seguimento ao apelo especial, consignando a ausncia de violao ao dispositivo legal apontado nas razes recursais. Assentou, ainda, a impossibilidade de reexame da matria ftico-probatria dos autos e a no demonstrao da divergncia jurisprudencial, tendo em vista a ausncia de similitude ftica entre os julgados (fls. 187-190).

    Da o presente agravo nos prprios autos (fls. 193-201), em que o Agravante reitera as razes expendidas no especial, sustentando a existncia de divergncia jurisprudencial e de violao aos dispositivos legais. Pleiteia, ao final, o provimento do

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    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    agravo, para apreciar-se o mrito do especial.

    No se abriu vista para contrarrazes, em virtude da inexistncia de parte adversa.

    Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo desprovimento do agravo (fls. 207-210).

    o relatrio. Decido.

    Ab initio, o presente agravo no merece prosperar, uma vez que no impugna os fundamentos da deciso agravada.

    No juzo de admissibilidade, a Presidente do TRE/BA, ao negar seguimento ao recurso especial, consignou a inexistncia de divergncia jurisprudencial e a ausncia de violao a qualquer preceito legal. Assentou, ainda, que, para afastar a concluso do Regional, seria necessrio o reexame do conjunto ftico-probatrio, invivel na via extraordinria.

    Verifico que, ao interpor este agravo, todavia, e diversamente do que preconizam as legislaes eleitoral4 e processual5, o Agravante no se desincumbiu de impugnar especificamente os fundamentos utilizados pelo Presidente do Tribunal a quo para obstar o regular processamento de seu apelo extremo eleitoral.

    De efeito, a petio de agravo apenas se limita a repisar os argumentos expostos no recurso especial, no apresentando razes que justifiquem a reforma do decisum monocrtico, o que atrai a incidncia in casu do Enunciado da Smula n 182/STJ6.

    Como cedio, no merece processamento o agravo que no infirma os fundamentos da deciso denegatria do recurso especial, em razo da ausncia de um dos requisitos extrnsecos de admissibilidade recursal, qual seja, a regularidade formal. Nessa esteira so os seguintes precedentes:

    [...]

    1. As concluses da deciso agravada que no foram especificamente impugnadas devem ser mantidas por seus prprios fundamentos.

    2. A Smula n 182/STJ incide no agravo de instrumento interposto pelo agravante, pois este no infirmou o fundamento da deciso regional que negou seguimento ao recurso especial, limitando-se a repetir os argumentos do especial.

    [...]

    4. Agravo regimental desprovido."

    (AgR-AI n 220-39/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26/8/2013); e

    "[...] 1. Nas razes do instrumento, os Agravantes deixaram de se voltar contra os fundamentos da deciso agravada, quais sejam, necessidade de reexame de provas e incidncia da Smula 83 do STJ, fazendo incidir a Smula 182 do mesmo Tribunal.

    [...]

    4. Agravo regimental desprovido."

    (AgR-AI n 134-63/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 3/9/2013).

    Ex positis, nego seguimento ao agravo, nos termos do art. 36, 6, do Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral7.

    Publique-se.

    Intime-se.

    Braslia, 26 de maio de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

    Relator

    Cdigo Eleitoral. Art. 276. As decises dos Tribunais Regionais so terminativas, salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal Superior:

    I - especial:

    a) quando forem proferidas contra expressa disposio de lei;

    b) quando ocorrer divergncia na interpretao de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais.

    Art. 28. Constatada a inobservncia s normas estabelecidas na Lei n 9.096/95, nesta resoluo e nas normas estatutrias, ficar sujeito o partido s seguintes sanes (Lei n 9.096/95, art. 36):

    [...]

    IV - no caso de desaprovao das contas, a suspenso, com perda, das cotas do Fundo Partidrio perdura pelo prazo de um ano, a partir da data de publicao da deciso (Lei n 9.096/95, art. 37).

    Art. 49. Erros formais e materiais corrigidos ou tidos como irrelevantes no conjunto da prestao de contas no ensejam a sua desaprovao e a aplicao de sano (Lei n 9.504/97, art. 30, 2 e 2-A).

    4 Cdigo Eleitoral. Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poder interpor, dentro em 3 (trs) dias, agravo de instrumento.

    1 O agravo de instrumento ser interposto por petio que conter:

    [...]

    II - as razes do pedido de reforma da deciso;

    5CPC. Art. 524. O agravo de instrumento ser dirigido diretamente ao tribunal competente, atravs de petio com os seguintes requisitos:

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    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    [...]

    II - as razes do pedido de reforma da deciso;

    6STJ. Smula n 182. invivel o agravo do Art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da deciso agravada.

    7RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferir despacho fundamentado, admitindo, ou no, o recurso.

    [...]

    6 O relator negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO N 292-19.2013.6.11.0000 CUIAB-MT

    AGRAVANTE: PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL (PROS) - ESTADUAL

    ADVOGADOS: LUCIEN FBIO FIEL PAVONI E OUTRA

    Ministro Luiz Fux

    Protocolo: 16.889/2014

    DECISO

    EMENTA: 2014. PROPAGANDA PARTIDRIA. INSERES. NO PREECHIMENTO DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. INDEFERIMENTO DO PEDIDO PELO REGIONAL. RECURSO ESPECIAL COM AGRAVO. ENCERRAMENTO DO PRIMEIRO SEMESTRE. EXIBIO DE PROPAGANDA PARTIDRIA NO SEGUNDO SEMESTRE. ANO ELEITORAL. VEDAO EXPRESSA. ART. 36, 2, DA LEI N 9.504/97. PREJUDICIALIDADE DO RECURSO.

    In casu, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso indeferiu o pedido de veiculao de propaganda partidria, na modalidade de inseres, formulado pelo Diretrio Estadual do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), em acrdo assim ementado (fls. 88):

    "PARTIDO POLTICO - PEDIDO DE UTILIZAO DE HORRIO GRATUITO NAS EMISSORAS DE RDIO E TELEVISO - INSERO SEMESTRAL - AUSNCIA DO REQUISITO PREVISTO NO ART. 57, INCISO I, ALNEA "A" DA LEI 9.096/95 - INDEFERIMENTO DO PEDIDO.

    No preenchidos os requisitos estabelecidos pela Lei 9.096/95 e alteraes de se negar o pedido de veiculao de inseres regionais."

    Os embargos de declarao a seguir opostos foram desprovidos (fls. 132-134).

    Sobreveio, ento, a interposio de recurso especial (fls. 140-147), no qual o Partido Recorrente apontou a existncia de divergncia jurisprudencial. O Presidente da Corte Regional negou seguimento ao recurso especial, consignando o no cabimento do recurso voltado contra deciso de natureza administrativa. (fls. 157-159).

    Da o presente agravo nos prprios autos (fls. 164-174), no qual o Agravante reitera os argumentos expendidos no especial e sustenta o cabimento do recurso. Pleiteia, ao final, o conhecimento e o provimento do agravo, para julgar o mrito do recurso especial, a fim de reformar o acrdo recorrido.

    Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo no conhecimento do agravo (fls. 181-183).

    o relatrio suficiente. Decido.

    O cerne da controvrsia travada nos autos cinge-se em saber se o Partido Agravante teria ou no direito veiculao de propaganda partidria, na modalidade de inseres estaduais, no primeiro semestre de 2014.

    Sucede que, encerrado o primeiro semestre do ano de eleio, a pretenso de exibio de propaganda partidria, do ponto de vista prtico, revela-se prejudicada, mxime porque, a teor do art. 36, 2, da Lei n 9.504/97, no segundo semestre do ano da eleio, no ser veiculada propaganda partidria gratuita. Sobre esse enfoque, sobreleva enfatizar o seguinte precedente:

    "Petio. Pretenso. Veiculao. Inseres regionais. No cabimento.

    1. Encerrado o primeiro semestre do ano de eleio, a pretenso de exibio, por uma nica emissora que teria deixado de transmitir a propaganda partidria na modalidade de inseres, resta prejudicada.

    2. No h como relativizar a regra expressa do art. 36, 2, da Lei n 9.504/97 que veda expressamente a exibio de propaganda partidria no segundo semestre do ano da eleio.

    Agravo regimental a que se nega provimento."

    (AgR-Pet n 679-06/PR, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 15/9/2014).

    Ex positis, com espeque no art. 36, 6, do RITSE, nego seguimento ao agravo.

    Publique-se.

    Braslia, 26 de maio de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

    Relator

    RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferir despacho fundamentado, admitindo, ou no, o recurso.

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    [...]

    6 O relator negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO N 217-45.2013.6.05.0000 SALVADOR-BA

    AGRAVANTE: PARTIDO HUMANISTA DA SOLIDARIEDADE (PHS) - ESTADUAL

    ADVOGADOS: SVIO MAHMED QASEM MENIN E OUTRO

    Ministro Luiz Fux

    Protocolo: 17.262/2014

    DECISO

    EMENTA: PROPAGANDA PARTIDRIA. INSERES. NO PREECHIMENTO DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. INDEFERIMENTO DO PEDIDO PELO REGIONAL. RECURSO ESPECIAL COM AGRAVO. IRREGULARIDADE DA REPRESENTAO PROCESSUAL. RECURSO INEXISTENTE. SMULA N 115 DO STJ. DECISO AGRAVADA. FUNDAMENTOS NO INFIRMADOS NA MINUTA DO AGRAVO. INCIDNCIA DA SMULA N 182 DO STJ. AGRAVO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

    In casu, o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia indeferiu o pedido de veiculao de propaganda partidria, na modalidade de inseres, formulado pelo Diretrio Estadual do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), em acrdo assim ementado (fls. 32):

    Requerimento. Propaganda partidria. Veiculao de inseres. Emissoras de rdio e televiso. Lei n 9.096/95. Ausncia de requisitos mnimos. Indeferimento do pedido. Indefere-se o pedido de veiculao de propaganda partidria, na modalidade de inseres, quando no preenchidos todos os requisitos mnimos.

    Os embargos de declarao a seguir opostos foram parcialmente acolhidos para sanar a apontada omisso, sem, contudo, atribuir-lhes efeitos modificativos (fls. 55-61).

    Sobreveio, ento, a interposio de recurso especial (fls. 65-69), com fulcro no art. 276, I, a e b, do Cdigo Eleitoral, no qual o Partido Recorrente alegou a inconstitucionalidade do art. 57, caput e parte final da alnea b, III, e do art. 13 da Lei. 9.096/95, sustentando, em linhas gerais, que "no se pode negar aos partidos sem deputados estaduais acesso a tais meios de comunicao, pois esta medida, alm de ferir o princpio da igualdade de chances e o direito de livre concorrncia das agremiaes partidrias, no encontra eco no ordenamento jurdico ptrio" (fls. 67).

    Prosseguiu defendendo o direito propaganda partidria nos semestres de 2013 e 2014, na modalidade de inseres estaduais, sob o argumento de que "o PHS possui representao no Congresso Nacional, contando com dois deputados federais de dois diferentes Estados. Assim sendo, est em perfeita conformidade com o entendimento do TSE, que concluiu que partidos polticos habilitados na esfera nacional - como o caso dos autos -, mesmo que no possuam representantes em nvel estadual, tm o direito de acesso ao rdio e televiso estaduais para veiculao de inseres de propaganda partidria" (fls. 67).

    O Presidente da Corte Regional negou seguimento ao recurso especial, sob os seguintes fundamentos: (i) no cabimento do recurso em face de deciso de natureza administrativa; (ii) ausncia de demonstrao nas razes recursais dos dispositivos legais ou constitucionais supostamente violados e sem a comprovao de ocorrncia do alegado dissdio jurisprudencial e (iii) bice do Enunciado da Smula n 83 do STJ, uma vez que a deciso recorrida encontra-se em consonncia com a orientao jurisprudencial do TSE (fls. 71-74).

    Da o presente agravo nos prprios autos (fls. 76-80), no qual o Agravante reitera os argumentos expendidos no especial e sustenta a existncia de ofensa legislao federal e o cabimento do recurso. Pleiteia, ao final, o conhecimento e o provimento do agravo, para que, reformando-se o acrdo recorrido, seja julgado o mrito do recurso especial.

    Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo no conhecimento do agravo (fls. 87-90).

    o relatrio suficiente. Decido.

    Ab initio, compulsando os autos, verifico que o subscritor do presente agravo, Dr. Svio Mahmed, OAB/BA n 22.274, no possui poderes nos autos para representar o Agravante em juzo, estando em branco o espao reservado para assinatura do Dr. Ademir Ismerim, OAB/BA n 7829.

    Com efeito, a irregularidade da representao processual atrai a incidncia do Enunciado da Smula n 115/STJ, verbis: "Na instncia especial inexistente recurso interposto por advogado sem procurao nos autos" . Por oportuno, de se ressaltar que, a despeito de o art. 13 do Cdigo Adjetivo Civil autorizar o saneamento da deficincia na representao processual, tal prtica estranha em sede extraordinria. Nessa esteira, trago colao os julgados abaixo:

    "ELEITORAL. AUSNCIA DE PEAS DE COLAO OBRIGATRIA. NUS DO AGRAVANTE. SMULA N 115 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA. INCIDNCIA DA LEI N 12.322/2010. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

    1. inexistente o recurso subscrito por advogado sem procurao nos autos, atraindo a incidncia do enunciado 115 da Smula do Superior Tribunal de Justia.

    2. A regularidade da representao processual consubstancia pressuposto de recorribilidade e deve estar demonstrada no momento da interposio do recurso.

    [...]."

    (AgR-AI n 674-86/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 20/11/2013); e

    "Agravo em recurso especial. Representao processual. Irregularidade.

    1. Na linha da jurisprudncia deste Tribunal, inexistente o recurso de natureza extraordinria interposto sem procurao nos

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    autos ou certido do cartrio eleitoral que comprove o arquivamento do instrumento de mandato (Smula 115 do STJ), no se aplicando a regra prevista no art. 13 do Cdigo de Processo Civil.

    2. Tendo em vista eventual arquivamento da procurao em cartrio ou secretaria, cabe parte diligenciar a fim de que tal fato seja certificado nos autos, de modo a possibilitar a aferio do referido pressuposto de recorribilidade.

    3. Hiptese na qual no constava do processo, no momento da interposio do recurso, procurao outorgada aos signatrios do agravo nem certido comprovando o arquivamento do instrumento de mandato em cartrio.

    Agravo regimental no conhecido."

    (AgR-AI n 908-36/MG, Rel. Min. Henrique Neves, DJe de 18/10/2013).

    De todo modo, ainda que superado tal bice, o agravo no teria condies de xito.

    Isso porque, no juzo de admissibilidade, o Presidente do TRE/BA, ao negar seguimento ao recurso especial, assentou o no cabimento do recurso em face de deciso de natureza administrativa. Consignou, ademais, a ausncia de demonstrao nas razes recursais dos dispositivos legais ou constitucionais supostamente violados, bem como a inexistncia de divergncia jurisprudencial. Apontou, ainda, o bice do Enunciado da Smula n 83 do STJ, uma vez que a deciso recorrida estava em consonncia com a orientao jurisprudencial desta Corte (fls. 71-74).

    Contudo, verifico que, ao interpor este agravo, diversamente do que preconizam as legislaes eleitoral e processual, o Agravante no se desincumbiu de impugnar especificamente os fundamentos utilizados na deciso agravada para obstar o regular processamento de seu apelo extremo eleitoral.

    De efeito, o Agravante, na pea recursal, apenas repisa os argumentos veiculados no especial, sustentando a existncia de violao a dispositivo legal e o cabimento do recurso, no apresentando, de modo satisfatrio, razes que justifiquem a reforma do decisum monocrtico, o que atrai a incidncia, in casu, do Enunciado da Smula n 182/STJ4.

    Como cedio, no merece processamento o agravo que no infirma os fundamentos da deciso denegatria do recurso especial, em razo da ausncia de um dos requisitos extrnsecos de admissibilidade recursal, qual seja, a regularidade formal. A propsito, confiram os seguintes precedentes:

    "[...]

    1. As concluses da deciso agravada que no foram especificamente impugnadas devem ser mantidas por seus prprios fundamentos.

    2. A Smula n 182/STJ incide no agravo de instrumento interposto pelo agravante, pois este no infirmou o fundamento da deciso regional que negou seguimento ao recurso especial, limitando-se a repetir os argumentos do especial.

    [...]

    4. Agravo regimental desprovido" .

    (AgR-AI n 220-39/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 26/8/2013); e

    "[...]

    1. Nas razes do instrumento, os Agravantes deixaram de se voltar contra os fundamentos da deciso agravada, quais sejam, necessidade de reexame de provas e incidncia da Smula 83 do STJ, fazendo incidir a Smula 182 do mesmo Tribunal.

    [...]

    4. Agravo regimental desprovido" .

    (AgR-AI n 134-63/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 3/9/2013).

    Ex positis, nego seguimento a este agravo, nos termos do art. 36, 6, do RITSE5.

    Publique-se.

    Braslia, 26 de maio de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

    Relator

    CE. Art. 276. As decises dos Tribunais Regionais so terminativas, salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal Superior:

    I - especial:

    a) quando forem proferidas contra expressa disposio de lei;

    b) quando ocorrer divergncia na interpretao de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais.

    Cdigo Eleitoral. Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poder interpor, dentro em 3 (trs) dias, agravo de instrumento.

    1 O agravo de instrumento ser interposto por petio que conter:

    [...]

    II - as razes do pedido de reforma da deciso;

    CPC. Art. 524. O agravo de instrumento ser dirigido diretamente ao tribunal competente, atravs de petio com os seguintes requisitos:

    [...]

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    II - as razes do pedido de reforma da deciso;

    4STJ. Smula n 182. invivel o agravo do Art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da deciso agravada.

    5Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferir despacho fundamentado, admitindo, ou no, o recurso.

    [...]

    6 O relator negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

    RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N 4585-41.2014.6.13.0000 BELO HORIZONTE-MG

    RECORRENTE: SINDICATO NICO DOS TRABALHADORES EM EDUCAO DE MINAS GERAIS/ SIND-UTE - MG

    ADVOGADOS: LEONARDO SPENCER DE OLIVEIRA FREITAS E OUTROS

    RECORRIDA: COLIGAO TODOS POR MINAS

    ADVOGADOS: MRCIO GABRIEL DINIZ E OUTROS

    Ministro Gilmar Mendes

    Protocolo: 30.935/2014

    Protocolo/TSE n 11.203/2015

    DESPACHO

    1. Por meio do Protocolo/TSE n 11.203/2015, o Sindicato nico dos Trabalhadores em Educao de Minas Gerais (SIND-UTE/ MG) requer a desistncia do REspe n 4585-41.

    Verifico que o advogado subscritor da petio possui procurao arquivada em cartrio, conforme certido de fl. 37.

    2. Intime-se o advogado para comprovar possuir poderes para desistir da ao.

    Junte-se aos autos o Protocolo/TSE n 11.203/2015.

    Publique-se.

    Braslia, 03 de junho de 2015.

    Ministro GILMAR MENDES

    Relator

    RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N 605-53.2014.6.25.0000 ARACAJU-SE

    RECORRENTE: MINISTRIO PBLICO ELEITORAL

    RECORRIDO: JACKSON BARRETO DE LIMA

    ADVOGADOS: LUZIA SANTOS GOIS E OUTROS

    Ministro Luiz Fux

    Protocolo: 33.130/2014

    DECISO

    EMENTA: ELEIES 2014. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAO. CONDUTA VEDADA. GOVERNADOR. ART. 73, VI, B, DA LEI N 9.504/97. AUSNCIA DE AUTORIZAO OU CONHECIMENTO PRVIO DO BENEFICIADO. RESPONSABILIZAO. IMPOSSIBILIDADE INCIDNCIA DA SMULA N 83 DO STJ. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

    Na origem, o Ministrio Pblico Eleitoral ajuizou representao em face de Jackson Barreto de Lima, governador do Estado de Sergipe e candidato reeleio nas eleies de 2014, tendo como causa petendi suposta prtica da conduta vedada tipificada no art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/1997.

    Consoante a exordial (fls. 2-5), a inspeo eleitoral realizada em 18 de julho de 2014 flagrou a permanncia de placa afixada em escultura com a logomarca do governo do Estado de Sergipe, no municpio de So Francisco/SE, em clara referncia atual administrao estadual e fortemente ligada pessoa do Governador.

    No Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, o Juiz Auxiliar julgou improcedente o pedido vindicado na inicial (fls. 74-78).

    Contra essa deciso, foi interposto recurso pelo Parquet Eleitoral, ao qual o TRE/SE negou provimento, em acrdo assim ementado (fls. 103):

    "ELEIES 2014. RECURSOS. REPRESENTAO. CHEFE DO PODER EXECUTIVO. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PERODO VEDADO. CONDUTA VEDADA. RESPONSABILIDADE DO AGENTE PBLICO. NO DEMONSTRADA. JUIZ AUXILIAR DA PROPAGANDA. SENTENA. IMPROCEDNCIA. RECURSO DO REPRESENTANTE. IMPROVIMENTO.

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    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    1. Nos termos da jurisprudncia eleitoral, para a responsabilizao pela conduta prevista no artigo 73, VI, "b", da Lei n 9.504/97, deve ser comprovada a autorizao ou o prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico. Precedentes do TSE.

    2. Ausente nos autos qualquer prova de que o representado tenha autorizado, anudo ou tomado conhecimento da permanncia das placas impugnadas, impe-se a manuteno da sentena de improcedncia.

    3. Recurso conhecido e improvido" .

    Os embargos de declarao a seguir opostos pelo Ministrio Pblico Eleitoral foram desprovidos (fls. 125-127):

    Sobreveio, ento, a interposio do presente recurso especial eleitoral, com arrimo no art. 276, I, b, do Cdigo Eleitoral, no qual o Ministrio Pblico Eleitoral aduz a ocorrncia de divergncia jurisprudencial entre o acrdo do vergastado e a jurisprudncia desta Corte.

    Alega que "a punio decorrente da conduta vedada, conforme posicionamento jurisprudencial, alcana o beneficiado, independentemente de ser o autor ou no" (fls. 132).

    Prossegue sustentado que "deve ser punido o beneficirio pelo ato, independentemente da cincia, sendo irrelevante que tenha determinado, ou no, a retirada da propaganda anteriormente" (fls. 135). Cita precedentes do TSE.

    Assevera que no pretende o reexame de provas, mas a requalificao jurdica dos fatos.

    Requer, ao final, o conhecimento e provimento do recurso especial, para que o acrdo objurgado seja reformado, a fim de se aplicar a multa prevista no 4 do art. 73 da Lei n 9.504/97 a Jackson Barreto de Lima.

    As contrarrazes foram apresentadas a fls. 143-155. Em sede preliminar, o Recorrido sustenta a intempestividade do apelo nobre e no mrito pugna pelo seu desprovimento.

    Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo no conhecimento do recurso especial, em virtude da no demonstrao de divergncia jurisprudencial, tendo em conta a ausncia de similitude ftica verificada entre o paradigma e o acrdo recorrido (fls. 160-162).

    o relatrio. Decido.

    Ab initio, assento que o recurso foi interposto tempestivamente, porquanto o Ministrio Pblico teve cincia do acrdo regional em 29/9/2014 (fls. 128v), findando-se o trduo legal em 2/10/2014, data em que foi protocolado o recurso especial.

    A controvrsia travada nos autos gira em torno da possibilidade (ou no) da responsabilizao do Recorrido pela conduta vedada descrita no art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/97, em razo de publicidade institucional realizada nos trs meses anteriores ao pleito, sem sua autorizao ou conhecimento prvio.

    O Tribunal a quo, ao analisar o conjunto ftico-probatrio dos autos, confirmou a existncia de placa com logomarca do governo estadual em perodo vedado pela legislao eleitoral, mas afastou a responsabilidade do Recorrido ante a no comprovao da sua autorizao ou conhecimento prvio. Confiram-se alguns trechos do acrdo regional (fls. 107-109):

    "[...] no h como concluir que o representado, suposto autor da infrao, tenha autorizado a veiculao de publicidade institucional nos trs meses que antecedem o pleito. Nem que ele tivesse conhecimento de que a placa permanecia exposta em uma rua da cidade de So Francisco/SE. [...]

    E, para ficar caracterizada a sua responsabilidade pelo cometimento do ilcito eleitoral imputado, indispensvel a comprovao da autoria ou do conhecimento do fato. No caso, no h qualquer prova a respeito. Ao contrrio, restou evidenciada a ordem de suspenso da divulgao da propaganda institucional no perodo eleitoral.

    [...]

    Embora no se desconhea que a multa poder aplicada aos beneficirios pela conduta vedada, no caso especfico da conduta consistente em propaganda institucional, vigora no Tribunal Superior Eleitoral, de acordo com os julgados transcritos na sentena, o entendimento de que `deve ser comprovada a autorizao ou prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico".

    [...]

    No caso em exame, considerando as medidas adotadas pelo representado - documentadas nos autos -, no h como se inferir que ele tenha autorizado a divulgao da publicidade impugnada. Tambm no possvel assegurar, com mnimo de certeza, que ele tivesse conhecimento de que estava descoberta a escultura localizada em uma rua da cidade de So Francisco/SE.

    [...]

    E de acordo com a jurisprudncia do TSE, impende verificar, no caso concreto, `se o beneficirio da propaganda institucional teve ou no conhecimento da propaganda"" .

    O art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/97, com exceo da propaganda de produtos e servios que tenham concorrncia no mercado e dos casos de grave e urgente necessidade pblica reconhecida pela Justia eleitoral, veda a autorizao (e, consequentemente, a prpria veiculao) de publicidade institucional dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administrao indireta, no perodo de trs meses anteriores ao pleito. O telos da norma proibitiva inequvoco: evitar que o Administrador valha-se desse expediente (i.e., publicidade institucional), no af de reeleger-se ou de promover politicamente a campanha de seus correligionrios, criando um ambiente de assimetria no prlio eleitoral.

    Sucede que, consoante se extrai da norma inserta no prprio dispositivo legal, faz-se mister a autorizao do agente pblico para sua responsabilizao pelo ilcito eleitoral.

    Nesse sentido, a jurisprudncia desta Corte Superior firmou entendimento de que "deve ser comprovada a autorizao ou prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico" (AgR-REspe n 36.251/SP, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 10/3/2010).

    Especificamente quanto responsabilidade do candidato na condio de beneficirio admitida pelo 8 do art. 73 da Lei n

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    9.504/97, realo que a orientao jurisprudencial sedimentada por este Tribunal no sentido da indispensabilidade da comprovao de autorizao ou do prvio conhecimento dos beneficirios, quanto veiculao de propaganda institucional em perodo vedado. Nessa esteira, vejam-se os seguintes precedentes desta Corte:

    "RECURSO ESPECIAL. AO DE INVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL. ART. 73, INCISO VI, ALNEA b, DA LEI N 9.504/97. CONDUTA VEDADA. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PRVIO CONHECIMENTO. BENEFICIRIO. RECURSO PROVIDO.

    1. Para a conduta vedada prevista na alnea b do inciso VI do art. 73 da Lei n 9.504/97, h que ser comprovado o prvio conhecimento do beneficirio. Precedentes.

    2. No dado ao julgador aplicar a penalidade por presuno, j que do beneficirio no se exige, obviamente, a prova do fato negativo.

    3. Recurso especial provido" .

    (REspe n 498-05/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 16/10/2014); e

    "ELEIES 2014. REPRESENTAO POR CONDUTA VEDADA. TIPO DO ART. 73, VI, b, DA LEI N 9.504/97. PRELIMINARES. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INPCIA DA PETIO INICIAL. REJEIO. VEICULAO DE PROPAGANDA INSTITUCIONAL EM PERODO VEDADO. RESPONSABILIDADE OMISSIVA DA PRESIDENTE DA PETROBRAS. PROCEDNCIA DA REPRESENTAO. DEMAIS REPRESENTADOS. IMPROCEDNCIA. AUSNCIA DE PROVAS DE AUTORIZAO E/OU DE PRVIO CONHECIMENTO. INCOMPETNCIA PARA INTERVIR OU EXERCER CONTROLE NA PUBLICIDADE. PRECEDENTE ESPECFICO DO TSE: RP n 778-73, REL. MIN. ADMAR GONZAGA. SOLUO EQUIVALENTE. FIXAO DA MULTA, IN CASU, EM PATAMAR INTERMEDIRIO. PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE.

    1. Impe-se a rejeio das preliminares de ilegitimidade passiva e de inpcia da petio inicial, em razo, respectivamente, da Teoria da Assero e da presena dos elementos necessrios indicados na lei processual.

    2. Caracteriza infrao ao disposto no art. 73, inciso VI, alnea b, da Lei n 9.504/97, a realizao, em perodo crtico, de publicidade de produto no determinado, sem que se permita a clara compreenso sobre sua concorrncia em mercado.

    3. Responsabilidade da Presidente da Petrobras, porquanto, luz dos elementos constantes dos autos, teve o controle da divulgao da pea publicitria irregular.

    4. A indispensabilidade da comprovao de autorizao ou prvio conhecimento dos beneficirios, quanto veiculao de propaganda institucional em perodo vedado, afasta a procedncia da representao em relao aos representados candidatos a cargos polticos.

    [...]

    6. Precedente especfico do Tribunal Superior Eleitoral: Rp n 778-73, Rel. Min. Admar Gonzaga, julgada e publicada na Sesso de 3.9.2014.

    7. Aplicao, in casu, de multa pecuniria a Maria das Graas Silva Foster, nos termos do art. 73, 4, da Lei das Eleies, em patamar intermedirio, equivalente a 50.000 UFIRs, em ateno ao princpio da proporcionalidade.

    8. Representao parcialmente procedente" .

    (Rp n 828-02/DF, Rel. Min. Tarcsio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 1/10/2014).

    Destarte, assentada nas premissas fticas do aresto regional a inexistncia de autorizao ou prvio conhecimento do Recorrido acerca da publicidade institucional, no cabvel sua responsabilizao pela prtica do ilcito insculpido no art. 73, VI, b, da Lei das Eleies, ex vi da jurisprudncia consolidada por este Tribunal.

    O acrdo fustigado encontra-se, portanto, em perfeita consonncia com a jurisprudncia desta Corte, o que atrai a incidncia da Smula n 83 do Superior Tribunal de Justia na espcie.

    Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, com base no art. 36, 6, do RITSE.

    Publique-se.

    Braslia, 8 de maio de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

    Relator

    GOMES, Jos Jairo. Direito Eleitoral. 9 ed. Estado (Exemplo: So Paulo: Atlas): Atlas, p. 583.

    STJ. Smula n 83. No se conhece do recurso especial pela divergncia, quando a orientao do Tribunal se firmou no mesmo sentido da deciso recorrida.

    RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferir despacho fundamentado, admitindo, ou no, o recurso.

    [...]

    6 O relator negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

    RECURSO ORDINRIO N 4644-29.2014.6.13.0000 BELO HORIZONTE-MG

    RECORRENTE: COLIGAO TODOS POR MINAS

    ADVOGADOS: ELIANA GALUPPO RODRIGUES LIMA E OUTROS

    RECORRIDO: FERNANDO DAMATA PIMENTEL

    RECORRIDO: ANTNIO EUSTQUIO ANDRADE FERREIRA

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    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    Ministro Gilmar Mendes

    Protocolo: 33.453/2014

    Eleio 2014. Recurso ordinrio. Ao de Investigao Judicial Eleitoral. Governador. Vice-Governador. Abuso do poder poltico. Participao. Protagonistas. Eventos. Distribuio de bens e servios. Programas sociais. Governo federal. Inicial. Ausncia de elementos mnimos. Indeferimento. 1. A posio minimalista no autoriza o julgador a malferir o devido processo legal e a negar a efetiva prestao jurisdicional. 2. No Direito Eleitoral, as regras de proteo aos direitos individuais do cidado cedem espao atuao estatal, pois h que se avistar a natureza coletiva dos bens jurdicos tutelados pelas aes eleitorais, notadamente no caso sub examine, em que, por meio da ao de investigao judicial eleitoral, busca-se manter a igualdade da disputa eleitoral e proteger a legitimidade e normalidade das eleies. 3. Consoante a jurisprudncia deste Tribunal, o abuso do poder poltico caracteriza-se quando determinado agente pblico, valendo-se de sua condio funcional e em manifesto desvio de finalidade, compromete a igualdade da disputa eleitoral e a legitimidade do pleito em benefcio de sua candidatura ou de terceiros (AgR-REspe n 833-02/SP, rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 19.8.2014). 4. Inexiste um marco temporal definido para se atribuir aos fatos a pecha do abuso de poder poltico. Ainda que as condutas consideradas ilcitas ocorram em perodo anterior ao registro de candidatura, podem elas, em tese, configurar o abuso de poder poltico (REspe n 682-54/MG, de minha relatoria, julgado em 16.12.2014; AgR-AI n 12.099/SC, rel. Min. Arnaldo Versiani, julgado em 15.4.2010; e Rp n 929/DF, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgada em 7.12.2006). 5. Em casos assemelhados ao dos autos, juzes e tribunais eleitorais vm entendendo, ad cautelam, a necessidade de abertura de dilao probatria, admitindo-se o indeferimento da inicial com base no princpio do livre convencimento apenas em casos excepcionais. 6. Os fatos narrados na petio inicial configuram, em tese, a prtica de abuso do poder poltico, cabendo ao julgador certificar-se, por meio de ampla instruo probatria, que o plano ftico, substrato para sua deciso, o mais prximo da verdade real. 7. Recurso ordinrio parcialmente provido para anular o acrdo recorrido e determinar ao Tribunal a quo que profira, precedida de instruo probatria, nova deciso nos autos.

    DECISO

    1. A Coligao Todos por Minas (PSDB/PP/DEM/PSD/PTB/PPS/PV/PDT/PR/PMN/PSC/PSL/PTC/SD) ajuizou ao de investigao judicial eleitoral em desfavor de Fernando Damata Pimentel e Antnio Eustquio Andrade Ferreira, eleitos, respectivamente, governador e vice-governador de Minas Gerais nas eleies de 2014, por abuso de poder poltico e de autoridade, com fundamento no art. 22 da LC n 64/1990, e conduta vedada a agente pblico, nos termos do art. 73, inciso IV, da Lei n 9.504/1997.

    Segundo a inicial, os rus, ento pr-candidatos ao governo de Minas Gerais, auferiram benefcios eleitorais ao participarem ativamente de oito eventos oficiais do Governo Federal, com a participao da presidente da Repblica, em sete municpios do estado, entre os meses de fevereiro e abril do ano eleitoral, nos quais se procedeu entrega de bens e servios decorrentes de trs programas sociais federais, no valor de mais de R$200 milhes.

    O relator, em deciso monocrtica, indeferiu a inicial e julgou manifestamente improcedente o pedido da ao. Eis a ementa do decisum (fls. 144-145):

    Ao de Investigao judicial eleitoral - AIJE. Ao proposta por coligao em face dos candidatos a Governador e Vice-Governador. Arts. 22 da Lei Complementar n 64/1990 e 73, IV, da Lei n 9.504/1997. Eleies de 2014. Notcia de abuso do poder poltico e de autoridade e prtica de condutas vedadas a agentes pblicos.

    Alegao de uso da mquina pblica federal, pela Presidente da Repblica, para promoo das pr-candidaturas ao Governo do Estado de Minas Gerais de seus apadrinhados, ento desincompatibilizados dos cargos de Ministros. Sustentao de excepcional realizao, entre fevereiro e abril do ano eleitoral, de eventos em 8 (oito) Municpios mineiros para a entrega de bens e servios de volumosos programas sociais federais custeados com dinheiro pblico, mediante cerimnias protagonizadas pelos pr-candidatos, com ampla divulgao na mdia, em profundo atentado igualdade das candidaturas e lisura do pleito. Meras ilaes.

    Constatao de ocorrncia de execuo de programas regulares do Governo Federal, com a participao de ex-Ministros, embora desincompatibilizados de seus cargos, correligionrios e notrios amigos da Presidente. Inexistncia de elementos de prova da alegada correlao entre os programas de governo e pedidos de votos para os pr-candidatos. A narrao constante da petio inicial no coincide com a documentao que a instrui, que no reflete, nem mesmo na forma de indcios, os mencionados ilcitos eleitorais.

    A ao de investigao judicial eleitoral prevista no art. 22 da LC n 64/1990 no se presta a lides temerrias, sendo mais que sabido que o abuso do poder poltico a que ser refere o dispositivo legal condutas [sic] efetivamente grave, nos termos do inciso XVI do art. 22 da LC n 64/1990, capaz, ao menos em tese, de comprometer a normalidade e a legitimidade das eleies. AIJE desprovida de indcio mnimo de ocorrncia de abuso do poder poltico e econmico. Inadmisso. Art. 22, inciso I, alnea "c" , da Lei Complementar n 64/1990. Pedidos manifestamente improcedentes. Art. 69, inciso XXV, do Regimento Interno do TRE-MG. Inicial indeferida. Negativa de seguimento aos pedidos.

    Seguiu-se a interposio de agravo regimental (fls. 162-168) em que a Coligao Todos por Minas sustentou que a deciso proferida fora manifestamente equivocada, pois levara em considerao para a rejeio do pedido apenas a documentao acostada aos autos, quando deveria, antes de apreci-lo, ter instrudo os autos com as provas indicadas na inicial.

    O Tribunal Regional Eleitoral, por unanimidade, manteve a deciso agravada por seus fundamentos, asseverando inexistirem "nem mesmo indcios do noticiado abuso do poder poltico ou de autoridade previsto no art. 22, caput, da Lei Complementar n 64/1990, havendo que se manter o indeferimento da inicial" (fl. 188).

    Contra essa deciso, a Coligao Todos por Minas interpe este recurso ordinrio (fls. 193-200), no qual rememora os fatos narrados na inicial, indicando-os como suficientes para caracterizar tanto o abuso do poder poltico como a prtica da conduta vedada a agente pblico. A propsito, noticia que "em todos os encontros o objetivo central foi, sobretudo, de fazer propaganda eleitoral por vezes expressa, por vezes subliminar, e executar trs volumosos programas sociais federais com vistas ao favorecimento das candidaturas dos recorridos" (fls. 195-196).

    Destaca que nos eventos os recorridos

    [...] compuseram a mesa das autoridades, foram saudados nominalmente pela Presidente da Repblica e pelos locutores oficiais, em muitos casos fizeram o uso da palavra, entregaram chaves aos prefeitos, diplomas a alunos do PRONATEC, unidades

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    habitacionais a moradores, posaram com eles para fotos oficiais, pediram votos, estruturaram apoio eleitoral, enfim ganharam visibilidade para a disputa ao cargo [sic] de Governador e Vice-Governador do Estado [...]. (fl. 197)

    Aduz que, sob o pretexto de executar programas sociais, os fatos, na verdade, revelam uma "campanha premeditada e sistemtica, articulada com a prpria Presidncia da Repblica, com ampla divulgao na mdia (antes durante e aps os eventos) [...], em profundo atentado igualdade das candidaturas e lisura do pleito" (fl. 197).

    Argumenta que a deciso de indeferimento da inicial foi proferida somente com fundamento nas provas acostadas aos autos e que a ausncia de dilao probatria impediu a demonstrao da veracidade do alegado. Segundo afirma, foi desconsiderado "um extenso rol de provas requeridas, todas voltadas comprovao dos fatos, tais como depoimento pessoal dos investigados, notificao de autoridades para apresentao de novos documentos, a fim de estabelecer as dimenses dos eventos indicados na pea vestibular" (fl. 199).

    Pleiteia o provimento do recurso, a fim de viabilizar o regular processamento do feito e o julgamento do mrito da ao.

    O presidente do TRE/MG no intimou os recorridos para apresentao de contrarrazes ao recurso ordinrio, por considerar, ante o indeferimento da inicial, no formada a relao processual.

    A Procuradoria-Geral Eleitoral opina pelo desprovimento do recurso (fls. 206-210).

    Decido.

    2. Conforme venho sustentando desde a minha primeira passagem por este Tribunal, adoto posio restritiva em relao ao sistema judicial de impugnaes de diplomas, tendo em vista a possibilidade de se verificar uma judicializao extremada do processo poltico eleitoral, levando-se, mediante vias tecnocrticas ou advocatcias, subverso do processo democrtico de escolha de detentores de mandatos eletivos e ao desrespeito, no limite, da prpria soberania popular traduzida no voto.

    Essa posio minimalista, contudo, no autoriza a malferir o devido processo legal e a negar a efetiva prestao jurisdicional, assegurados, h tempos, no plano constitucional. H que se rememorar que a ordem constitucional brasileira garante, de forma expressa, desde a Constituio de 1946 (art. 141, 4), que "a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito" (art. 5, inciso XXXV, da CF/1988).

    Conforme entendimento o Ministro Celso de Mello no STF,

    Como se sabe, a Constituio da Repblica, em clusula destinada a assegurar o amparo jurisdicional a quaisquer direitos e garantias, proclamou que "a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito" (CF, art. 5, XXXV).

    O legislador constituinte, ao enaltecer o postulado assegurador do ingresso em juzo, fez uma clara opo de natureza poltica, pois teve a percepo - fundamental sob todos os aspectos - de que, onde inexista a possibilidade do amparo judicial, haver, sempre, a realidade opressiva e intolervel do arbtrio do Estado ou, at mesmo, dos excessos de particulares, quando transgridam, injustamente, os direitos de qualquer pessoa.

    por essa razo que a norma constitucional garantidora do direito ao processo tem sido definida por eminentes autores como o pargrafo rgio do Estado Democrtico de Direito, pois, sem o reconhecimento dessa essencial prerrogativa de carter poltico-jurdico, restaro descaracterizados os aspectos que tipificam as organizaes estatais fundadas no princpio da liberdade.

    (Rcl n 6.534-AgR/MA, rel. Min. Celso de Mello, julgada em 25.9.2008)

    Na perspectiva do Direito Eleitoral, a Constituio Federal expressa ao afirmar a proteo "normalidade e legitimidade das eleies contra a influncia do poder econmico ou o abuso do exerccio de funo, cargo ou emprego na administrao direta ou indireta" (art. 14, 9).

    No plano infraconstitucional, o art. 23 da Lei Complementar n 64/1990 estabelece:

    Art. 23. O Tribunal formar sua convico pela livre apreciao dos fatos pblicos e notrios, dos indcios e presunes e prova produzida, atentando para circunstncias ou fatos, ainda que no indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse pblico de lisura eleitoral. (Grifos nossos)

    Sobre a matria, o Ministro Carlos Ayres Britto consignou que

    [...] levando em considerao o que foi decidido no RCEd n 694/AP, penso que avanamos bem. E avanamos para permitir s partes a produo de todos os meios lcitos de provas, em homenagem autenticidade do regime representativo, traduzido na idia de: a) prevalncia da autonomia de vontade do eleitor soberano; b) normalidade e legitimidade do pleito eleitoral contra qualquer forma de abuso de poder, seja ele econmico, poltico ou de autoridade; c) observncia do princpio isonmico ou de paridade de armas na disputa eleitoral.

    9. No por outra razo que o arcabouo normativo infraconstitucional, em especial a Lei Complementar n 64/90, dispe que na apurao de suposto "uso indevido, desvio ou abuso de poder econmico ou poder de autoridade, ou utilizao indevida de veculos ou meios de comunicao social, em benefcio de candidato ou partido" (art 22 da LC 64/90), o julgador poder determinar todas as diligncias que julgar necessrias para o seu livre convencimento (incisos VI, VII e VIII do art. 22 da LC n 64/90). Sem falar que o "Tribunal formar sua convico pela livre apreciao dos fatos pblicos e notrios, dos indcios e presunes e prova produzida, atentando para circunstncias ou fatos, ainda que no indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse pblico de lisura eleitoral" (art. 23 da Lei Complementar n 64/90). A salvaguardar, sobretudo, a vontade do eleitor soberano, que exerce tal soberania pelo voto direto e secreto (caput do art. 14 da Constituio Federal).

    (QORCEd n 671/MA, rel. Min. Carlos Ayres Britto, julgado em 25.9.2007 - grifos nossos)

    Muito embora reconhea nos autos ter havido a prestao jurisdicional, na medida em que o Regional deu uma resposta ao jurisdicionado, indeferindo a inicial com base nos fatos nela narrados, no posso deixar de reconhec-la prestada na sua forma mitigada.

    Ressalto que, na seara penal, as regras que regulam e limitam a obteno, a produo e a valorao das provas so direcionadas ao Estado, no intuito de proteger os direitos fundamentais do indivduo atingido pela persecuo penal.

    Na seara eleitoral, contudo, essas regras protetivas cedem espao atuao estatal, pois h que se avistar a natureza coletiva dos bens jurdicos tutelados pelas aes eleitorais, notadamente no caso sub examine, em que, por meio da ao de investigao

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    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    judicial eleitoral, busca-se manter a igualdade da disputa eleitoral e proteger a legitimidade e normalidade das eleies.

    Assume relevo mpar, nesse contexto, a aplicao do princpio da proporcionalidade, pelo menos como regra de ponderao para superao de eventuais colises entre interesses em conflito.

    De um lado, o interesse da coletividade - revelado no desejo de eleies legtimas - supostamente violado pela prtica de abuso do poder poltico decorrente da atuao do agente pblico, que, valendo-se de sua condio funcional e em manifesto desvio de finalidade, compromete a igualdade da disputa eleitoral e a legitimidade do pleito em benefcio de sua candidatura ou de terceiros. Do outro, o direito individual do candidato eleito de exercer o mandato obtido nas urnas.

    Nem se argumente aqui que a incurso jurdica visa a subverter a vontade do eleitor, na medida em que, uma vez comprovada significativa mcula no processo eleitoral - abuso do poder poltico -, contaminado tambm estar o desejo manifestado.

    Com essas premissas, passo a analisar o caso sub examine.

    Conforme relatado, a Coligao Todos por Minas ajuizou ao de investigao judicial eleitoral em desfavor de Fernando Damata Pimentel e Antnio Eustquio Andrade Ferreira, eleitos, respectivamente, governador e vice-governador de Minas Gerais nas eleies de 2014, por abuso de poder poltico e de autoridade, com fundamento no art. 22 da LC n 64/1990, e conduta vedada a agente pblico, nos termos do art. 73, inciso IV, da Lei n 9.504/1997.

    O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais indeferiu a petio inicial por entender no existirem indcios mnimos dos ilcitos atribudos aos investigados. Asseverou, ainda, que a ao de investigao judicial eleitoral

    [...] no se presta a lides temerrias, sendo mais que sabido que o abuso do poder econmico ou poltico a que se refere o dispositivo legal da Lei das Inelegibilidades so condutas efetivamente graves [sic], nos termos do inciso XVI do art. 22 da LC n 64/1990, capazes [sic], ao menos em tese, de comprometer a normalidade e a legitimidade das eleies. (fl. 152)

    Sustenta a investigante que, de fevereiro a maio do ano das eleies, colocou-se em prtica uma impressionante estratgia de uso ilegal da mquina pblica federal para impulsionar a candidatura dos investigados. Com o apoio direto da presidente da Repblica, o ento pr-candidato ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel, protagonizou oito eventos oficiais em sete cidades mineiras com o objetivo de auferir benefcios eleitorais pela execuo de programas sociais do Governo Federal.

    Noticia que nesses eventos houve distribuio de bens e servios, custeados com recursos federais, a prefeitos, milhares de alunos do ensino tcnico, centenas de famlias, beneficiando mais de 2 milhes de pessoas em todo o estado.

    Assinala que a figura de protagonista do investigado ficou evidenciada pelo tratamento que lhe fora concedido. Nas ocasies festivas, foi-lhe dado tratamento no s como pr-candidato, mas como responsvel pela concesso dos bens e servios advindos do programa social. Em muitos casos, alm de compor a mesa de autoridades, disps da palavra, entregou chaves a prefeitos, diplomas a alunos, unidades habitacionais a moradores e pediu voto.

    Afirma que as solenidades proporcionaram aos investigados massiva divulgao de suas candidaturas porquanto transmitidas em diversos canais estatais brasileiros de mdia, tais como TV NBR e Voz do Brasil.

    Sem me comprometer com o mrito da questo - at mesmo pela ausncia de elementos probatrios a confirmar o que narrado na exordial -, observo que, ao menos em tese, as condutas narradas no se distanciam da configurao do abuso de poder poltico.

    Consoante a jurisprudncia deste Tribunal, o abuso do poder poltico caracteriza-se quando determinado agente pblico, valendo-se de sua condio funcional e em manifesto desvio de finalidade, compromete a igualdade da disputa eleitoral e a legitimidade do pleito em benefcio de sua candidatura ou de terceiros (AgR-REspe n 833-02/SP, rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 19.8.2014).

    Registro inexistir um marco temporal definido para se atribuir aos fatos a pecha do abuso de poder poltico. Ainda que as condutas consideradas ilcitas ocorram em perodo anterior ao registro de candidatura, podem elas, em tese, configurar o abuso de poder poltico (REspe n 682-54/MG, de minha relatoria, julgado em 16.12.2014; AgR-AI n 12.099/SC, rel. Min. Arnaldo Versiani, julgado em 15.4.2010; e Rp n 929/DF, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, julgada em 7.12.2006).

    Anoto que esse plano ftico - em que se descreve suposta prtica de abuso do poder poltico em meio a inauguraes ou eventos pblicos - tem recebido, ordinariamente, ateno especial da Justia Eleitoral. Constato, com base na jurisprudncia deste Tribunal, que juzes e tribunais eleitorais, ao se depararem com demandas cujas causas de pedir se baseiam em fatos idnticos ou assemelhados aos destes autos, optam, ad cautelam, pela abertura da fase de instruo probatria, antes de se pronunciarem sobre o mrito da demanda (AgR-REspe n 833-02/SP, rel. Min. Joo Otvio de Noronha, julgado em 19.8.2014; RCED n 743/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27.10.2009; e RCED n 661/SE, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 21.9.2010).

    Nesse sentido, destaco o RO n 85, rel. Min. Eduardo Ribeiro, julgado em 17.12.1998, o qual, embora distante no tempo, no perdeu sua contemporaneidade. Na ocasio, o TRE/AL indeferiu de plano a inicial de uma ao de impugnao de mandato eletivo, sem abertura da fase probatria, por entender ausente na pea inaugural prova dos fatos nela alegados. No julgamento do recurso por este Plenrio, o eminente relator - no que foi acompanhado unanimidade pelos demais membros - consignou:

    No caso em exame, embora certamente no se possa afirmar que as assertivas da inicial se achem provadas apenas com a documentao trazida com a inicial, o certo que lhes propiciam alguma base, no se podendo reputar o pedido de instaurao do processo como decorrente de simples leviandade ou de propsito malicioso. As publicaes em jornal apontam fatos e citam pessoas, dando alguma razo a justificar se procure averiguar o que efetivamente ocorreu. (Grifo nosso)

    Assim, no difcil concluir que o indeferimento da inicial, sem abertura da fase probatria, uma excepcionalidade, na qual o julgador se nega a instruir o feito com elementos probatrios porquanto j absolutamente convencido do seu insucesso. Observo que esse cenrio to raro na seara eleitoral que o TRE/MG, ao justificar o indeferimento da inicial, menciona quatro julgados deste Tribunal Superior - RO n 11.169, AgR-REspe n 256860-37, RCED n 661 e RCED n 723 -, nos quais, contraditoriamente, houve a abertura da fase de instruo do feito.

    Ressalto que no desconheo a relevncia do princpio do livre convencimento motivado do juiz, consubstanciado no art. 130 do Cdigo de Processo Civil, que autoriza o magistrado a indeferir a produo de provas que considere inteis instruo processual e formao de sua convico, mas tenho, tambm, como de capital importncia para a atividade jurisdicional, seja a deciso proferida com base no plano ftico que mais revela a autenticidade dos fatos.

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    Sobre a importncia de buscar a verdade substancial, Luiz Guilherme Marinoni e Srgio Cruz Arenhart afirmam:

    [...] Como dizem Taruffo e Micheli, no processo, a verdade no constitui um fim em si mesma, contudo insta busc-la enquanto condio para que se d qualidade justia ofertada pelo Estado. Assim nota-se que a ideia (ou o ideal) de verdade no processo exerce verdadeiro papel de controle da atividade do magistrado; a busca incessante da verdade absoluta que legitima a funo judicial e tambm serve de vlvula regulatria de sua atividade, na medida em que a atuao do magistrado somente ser legtima dentro dos parmetros fixados pela verdade por ele reconstruda no processo. (Grifo nosso)

    Ao justificar o indeferimento da inicial, o TRE/MG consignou (fl. 152):

    Entretanto, no obstante os superlativos utilizados na inicial da ao, os documentos que a acompanham demonstram tratar-se de meras ilaes, constatando-se, ao contrrio, a ocorrncia de execuo de programas regulares do Governo Federal, com a participao de ex-Ministros que, embora desincompatibilizados de seus cargos, so correligionrios e notrios amigos da Presidente.

    Pode-se afirmar, com certeza, inexistirem quaisquer elementos de prova da alegada correlao entre os programas de governo e pedidos de votos para os pr-candidatos, no coincidindo a narrao constante da petio inicial com a documentao que a instruiu, que no reflete, nem mesmo na forma de indcios, os mencionados ilcitos eleitorais. (Grifo nosso)

    Com todas as vnias aos que pensam em contrrio, , no mnimo, precipitada a afirmao de que "com certeza" no houve nenhum ilcito eleitoral. Na prtica, a Corte Regional no cuidou em reconstruir a verdade, como propugna a doutrina mais abalizada, mas sim em simplesmente presumi-la.

    Em suma, o que se tem, consoante a pea inaugural, um conjunto probatrio formado com base em fotos e manchetes de jornais, revistas e outros meios de comunicao, por meio do qual a investigante expe a participao dos investigados, poca declarados pr-candidatos, como protagonistas de inauguraes e eventos ocorridos em importantes municpios do Estado de Minas Gerais, em que se realizou a distribuio de bens e servios de programas sociais federais da ordem de R$200 milhes em troca de votos.

    A ttulo de esclarecimento, extraio da inicial a descrio dos programas sociais federais que, supostamente, serviram aos recorridos para alavancar suas candidaturas (fl. 5):

    a) Programa de Doao de Mquinas para Recuperao de Estradas Vicinais, inserto no PAC 2 (Programa de Acelerao do Crescimento 2 fase), no Eixo Transportes, de responsabilidade do MAD - Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, com oramento aproximado de UM BILHO E QUATROCENTOS MILHES DE REAIS nos ltimos dois anos e meio (dados obtidos no site Portal da Transparncia da Unio, item Gastos Diretos do Governo, pesquisa por ano e pela ao 12 NR);

    b) PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tcnico e Emprego, de responsabilidade do MEC - Ministrio da Educao, com oramento aproximado de SEISCENTOS E QUARENTA MILHES DE REAIS nos ltimos dois anos e meio (dados obtidos no site Portal da Transparncia da Unio, item Gastos Diretos do Governo, pesquisa por ano e pela ao 20RW);

    c) Programa Minha Casa, Minha Vida, inserto no PAC 2 (Programa de Acelerao do Crescimento 2 fase), no Eixo Minha Casa, Minha Vida, de responsabilidade do Ministrio das Cidades, com oramento aproximado de SETE BILHES DE REAIS nos ltimos trs anos e meio s em Minas Gerais (Site oficial do PAC, doc. 06).

    Neste cenrio, h que se responder ao seguinte questionamento, que, diga-se de passagem, emerge quase que automaticamente dos autos: Qual a inteno dos recorridos em participar, no ano eleitoral, como protagonistas de eventos e comemoraes ocorridos em importantes cidades do Estado de Minas Gerais, em que eram declarados pr-candidatos ao governo do Estado e nos quais houve macia distribuio de bens e servios populao advindos de programas sociais do Governo Federal?

    Nem se diga que o governador eleito, Fernando Pimentel, na qualidade de ex-ministro das Cidades e correligionrio do partido da presidente da Repblica, seria figura natural no palanque, pois, conforme se pode observar, apenas um dos programas sociais - Minha Casa, Minha Vida - era de responsabilidade do ministrio que ocupara, os demais em nada com ele se relacionavam.

    Ademais, eventualmente outras indagaes podero surgir com a apresentao de novos elementos probatrios, sendo que, indubitavelmente, a abertura da fase de instruo pode, em muito, contribuir para esclarecer o que efetivamente ocorreu.

    A meu ver, portanto, existem elementos suficientes a exigir a abertura da fase de instruo do feito, medida esta que se mostra consentnea com a natureza grave dos fatos, e que, ao cabo, serve no ao investigante ou aos investigados, mas sim ao processo, como meio de viabilizar a efetiva prestao da jurisdio.

    3. Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso ordinrio para anular o acrdo recorrido e determinar ao Tribunal a quo que profira, precedida de instruo probatria, nova deciso nos autos (art. 36, 7, do RITSE).

    Publique-se.

    Braslia, 8 de junho de 2015.

    Ministro GILMAR MENDES

    Relator

    RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N 583-92.2014.6.25.0000 ARACAJU-SE

    RECORRENTE: MINISTRIO PBLICO ELEITORAL

    RECORRIDO: JACKSON BARRETO DE LIMA

    ADVOGADOS: JAIRO HENRIQUE CORDEIRO DE MENEZES E OUTROS

    Ministro Luiz Fux

    Protocolo: 34.824/2014

  • Ano 2015, Nmero 118 Braslia, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Pgina 16

    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    DECISO

    EMENTA: ELEIES 2014. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REPRESENTAO. CONDUTA VEDADA. GOVERNADOR. ART. 73, VI, B, DA LEI N 9.504/97. AUSNCIA DE AUTORIZAO OU CONHECIMENTO PRVIO DO BENEFICIADO. RESPONSABILIZAO. IMPOSSIBILIDADE INCIDNCIA DA SMULA N 83 DO STJ. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

    Na origem, o Ministrio Pblico Eleitoral ajuizou representao em face de Jackson Barreto de Lima, governador do Estado de Sergipe e candidato reeleio nas eleies de 2014, tendo como causa petendi suposta prtica da conduta vedada tipificada no art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/1997.

    Consoante a exordial (fls. 2-8), a inspeo eleitoral realizada em 18 de julho de 2014 flagrou a existncia de placa localizada em empresa privada, com logomarca do governo do Estado de Sergipe, situada na avenida Tancredo Neves, em clara referncia atual administrao estadual e fortemente ligada pessoa do Governador.

    No Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, o Juzo Auxiliar julgou procedentes os pedidos vindicados na inicial (fls. 66-69).

    Contra essa deciso, Jackson Barreto de Lima interps recurso eleitoral perante o TRE/SE, ao qual foi dado parcial provimento, em acrdo assim ementado (fls. 103):

    "ELEIES 2014. RECURSO. REPRESENTAO. CHEFE DO PODER EXECUTIVO. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PERODO VEDADO. CONDUTA VEDADA. RESPONSABILIDADE DO AGENTE PBLICO. NO DEMONSTRADA. JUIZ AUXILIAR DA PROPAGANDA. SENTENA. PROCEDNCIA. RECURSO DO REPRESENTADO. PARCIAL PROVIMENTO.

    1. Nos termos da jurisprudncia eleitoral, para a responsabilizao pela conduta prevista no artigo 73, VI, "b", da Lei n 9.504/97, deve ser comprovada a autorizao ou o prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico. Precedentes do TSE.

    2. Ausente nos autos qualquer prova de que o representado tenha autorizado, anudo ou tomado conhecimento da permanncia das placas impugnadas, impe-se a manuteno da sentena de improcedncia.

    3. Recurso conhecido e parcialmente provido" .

    Os embargos de declarao a seguir opostos pelo Ministrio Pblico Eleitoral foram parcialmente acolhidos, sem atribuio de efeitos modificativos, apenas com a finalidade de prestar esclarecimentos (fls. 123-125).

    Sobreveio, ento, a interposio do presente recurso especial eleitoral, com arrimo no art. 276, I, b, do Cdigo Eleitoral, no qual o Ministrio Pblico Eleitoral aduz a ocorrncia de divergncia jurisprudencial entre o acrdo do vergastado e a jurisprudncia desta Corte Superior.

    Alega que "a punio decorrente da conduta vedada, conforme posicionamento jurisprudencial, alcana o beneficiado, independentemente de ser o autor ou no" (fls. 130).

    Prossegue sustentado que "deve ser punido o beneficirio pelo ato, independentemente da cincia, sendo irrelevante que tenha determinado, ou no, a retirada da propaganda anteriormente" (fls. 133). Cita precedentes do TSE.

    Assevera que no pretende o reexame de provas, mas a requalificao jurdica dos fatos.

    Requer, ao final, o conhecimento e provimento do recurso especial, para que o acrdo objurgado seja reformado, a fim de se aplicar a multa prevista no 4 do art. 73 da Lei n 9.504/97 a Jackson Barreto de Lima.

    As contrarrazes foram apresentadas a fls. 142-157. Em sede preliminar, o Recorrido sustenta a intempestividade do apelo nobre e no mrito pugna pelo seu desprovimento.

    Em seu parecer, a Procuradoria-Geral Eleitoral manifestou-se pelo no conhecimento do recurso especial, em virtude da no demonstrao de divergncia jurisprudencial, tendo em conta que a deciso recorrida encontra-se harmnica com a jurisprudncia pacfica desta Corte, incidindo, na espcie, o Enunciado da Smula n 83 do STJ (fls. 162-164).

    o relatrio. Decido.

    Ab initio, assento que o recurso especial foi interposto tempestivamente, porquanto o Ministrio Pblico teve cincia do acrdo regional em 13/10/2014 (fls. 126v) e a pea recursal foi protocolada no dia 15/10/2014, dentro, portanto, do trduo legal.

    A controvrsia travada nos autos gira em torno da possibilidade (ou no) da responsabilizao do Recorrido pela conduta vedada descrita no art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/97, em razo de publicidade institucional realizada nos trs meses anteriores ao pleito, sem sua autorizao ou conhecimento prvio.

    O Tribunal a quo, ao analisar o conjunto ftico-probatrio dos autos, confirmou a existncia de placa com logomarca do governo estadual em perodo vedado pela legislao eleitoral, mas afastou a responsabilidade do Recorrido ante a no comprovao da sua autorizao ou conhecimento prvio. Confiram-se alguns trechos do voto condutor do julgamento (fls. 108-110):

    "[...] no h como concluir que o representado, suposto autor da infrao, tenha autorizado a veiculao de publicidade institucional nos trs meses que antecedem o pleito. [...]

    E, para ficar caracterizada a sua responsabilidade pelo cometimento do ilcito eleitoral imputado, indispensvel a comprovao da autoria ou do conhecimento do fato. No caso, no h qualquer prova a respeito. Ao contrrio, restou evidenciada a ordem de suspenso da divulgao da propaganda institucional no perodo eleitoral.

    [...]

    Embora no se desconhea que a multa poder aplicada aos beneficirios pela conduta vedada, no caso especfico da conduta consistente em propaganda institucional, vigora no Tribunal Superior Eleitoral, de acordo com os julgados transcritos na sentena, o entendimento de que `deve ser comprovada a autorizao ou prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico".

    [...]

  • Ano 2015, Nmero 118 Braslia, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Pgina 17

    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    No caso em exame, considerando as medidas adotadas pelo representado - documentadas nos autos -, no h como se inferir que ele tenha autorizado a divulgao da publicidade impugnada.

    [...]

    E de acordo com a jurisprudncia do TSE, impende verificar, no caso concreto, `se o beneficirio da propaganda institucional teve ou no conhecimento da propaganda"" .

    O art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/97, com exceo da propaganda de produtos e servios que tenham concorrncia no mercado e dos casos de grave e urgente necessidade pblica reconhecida pela Justia eleitoral, veda a autorizao (e, consequentemente, a prpria veiculao) de publicidade institucional dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administrao indireta, no perodo de trs meses anteriores ao pleito. O telos da norma proibitiva inequvoco: evitar que o Administrador valha-se desse expediente (i.e., publicidade institucional), no af de reeleger-se ou de promover politicamente a campanha de seus correligionrios, criando um ambiente de assimetria no prlio eleitoral.

    Sucede que, consoante se extrai da norma inserta no prprio dispositivo legal, faz-se mister a autorizao do agente pblico para sua responsabilizao pelo ilcito eleitoral.

    Nesse sentido, a jurisprudncia desta Corte Superior firmou entendimento de que "deve ser comprovada a autorizao ou prvio conhecimento da veiculao de propaganda institucional, no podendo ser presumida a responsabilidade do agente pblico" (AgR-REspe n 36.251/SP, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 10/3/2010).

    Especificamente quanto responsabilidade do candidato na condio de beneficirio admitida pelo 8 do art. 73 da Lei n 9.504/97, realo que a orientao jurisprudencial sedimentada por este Tribunal no sentido da indispensabilidade da comprovao de autorizao ou do prvio conhecimento dos beneficirios, quanto veiculao de propaganda institucional em perodo vedado. Nessa esteira, vejam-se os seguintes precedentes desta Corte:

    "RECURSO ESPECIAL. AO DE INVESTIGAO JUDICIAL ELEITORAL. ART. 73, INCISO VI, ALNEA b, DA LEI N 9.504/97. CONDUTA VEDADA. PROPAGANDA INSTITUCIONAL. PRVIO CONHECIMENTO. BENEFICIRIO. RECURSO PROVIDO.

    1. Para a conduta vedada prevista na alnea b do inciso VI do art. 73 da Lei n 9.504/97, h que ser comprovado o prvio conhecimento do beneficirio. Precedentes.

    2. No dado ao julgador aplicar a penalidade por presuno, j que do beneficirio no se exige, obviamente, a prova do fato negativo.

    3. Recurso especial provido" .

    (REspe n 498-05/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 16/10/2014); e

    "ELEIES 2014. REPRESENTAO POR CONDUTA VEDADA. TIPO DO ART. 73, VI, b, DA LEI N 9.504/97. PRELIMINARES. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INPCIA DA PETIO INICIAL. REJEIO. VEICULAO DE PROPAGANDA INSTITUCIONAL EM PERODO VEDADO. RESPONSABILIDADE OMISSIVA DA PRESIDENTE DA PETROBRAS. PROCEDNCIA DA REPRESENTAO. DEMAIS REPRESENTADOS. IMPROCEDNCIA. AUSNCIA DE PROVAS DE AUTORIZAO E/OU DE PRVIO CONHECIMENTO. INCOMPETNCIA PARA INTERVIR OU EXERCER CONTROLE NA PUBLICIDADE. PRECEDENTE ESPECFICO DO TSE: RP n 778-73, REL. MIN. ADMAR GONZAGA. SOLUO EQUIVALENTE. FIXAO DA MULTA, IN CASU, EM PATAMAR INTERMEDIRIO. PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE.

    1. Impe-se a rejeio das preliminares de ilegitimidade passiva e de inpcia da petio inicial, em razo, respectivamente, da Teoria da Assero e da presena dos elementos necessrios indicados na lei processual.

    2. Caracteriza infrao ao disposto no art. 73, inciso VI, alnea b, da Lei n 9.504/97, a realizao, em perodo crtico, de publicidade de produto no determinado, sem que se permita a clara compreenso sobre sua concorrncia em mercado.

    3. Responsabilidade da Presidente da Petrobras, porquanto, luz dos elementos constantes dos autos, teve o controle da divulgao da pea publicitria irregular.

    4. A indispensabilidade da comprovao de autorizao ou prvio conhecimento dos beneficirios, quanto veiculao de propaganda institucional em perodo vedado, afasta a procedncia da representao em relao aos representados candidatos a cargos polticos.

    [...]

    6. Precedente especfico do Tribunal Superior Eleitoral: Rp n 778-73, Rel. Min. Admar Gonzaga, julgada e publicada na Sesso de 3.9.2014.

    7. Aplicao, in casu, de multa pecuniria a Maria das Graas Silva Foster, nos termos do art. 73, 4, da Lei das Eleies, em patamar intermedirio, equivalente a 50.000 UFIRs, em ateno ao princpio da proporcionalidade.

    8. Representao parcialmente procedente" .

    (Rp n 828-02/DF, Rel. Min. Tarcsio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 1/10/2014).

    Destarte, assentada nas premissas fticas do aresto regional a inexistncia de autorizao ou prvio conhecimento do Recorrido acerca da publicidade institucional, no cabvel sua responsabilizao pela prtica do ilcito insculpido no art. 73, VI, b, da Lei das Eleies, ex vi da jurisprudncia consolidada por este Tribunal.

    O acrdo fustigado encontra-se, portanto, em perfeita consonncia com a jurisprudncia desta Corte, o que atrai a incidncia da Smula n 83 do Superior Tribunal de Justia na espcie.

    Ex positis, nego seguimento ao recurso especial, com base no art. 36, 6, do RITSE.

    Publique-se.

    Braslia, 8 de maio de 2015.

    MINISTRO LUIZ FUX

  • Ano 2015, Nmero 118 Braslia, quarta-feira, 24 de junho de 2015 Pgina 18

    Dirio da Justia Eletrnico do Tribunal Superior Eleitoral. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001, de 24.8.2001, que institui a Infra estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereo eletrnico http://www.tse.jus.br

    Relator

    GOMES, Jos Jairo. Direito Eleitoral. 9 ed. Estado (Exemplo: So Paulo: Atlas): Atlas, p. 583.

    STJ. Smula n 83. No se conhece do recurso especial pela divergncia, quando a orientao do Tribunal se firmou no mesmo sentido da deciso recorrida.

    RITSE. Art. 36. O presidente do Tribunal Regional proferir despacho fundamentado, admitindo, ou no, o recurso.

    [...]

    6 O relator negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior.

    AGRAVO DE INSTRUMENTO N 196-13.2014.6.13.0000 BELO HORIZONTE-MG

    AGRAVANTE: PARTIDOS DOS TRABALHADORES (PT) - ESTADUAL

    ADVOGADOS: EDILENE LBO E OUTROS

    AGRAVADOS: DINIS ANTNIO PINHEIRO E OUTRO

    ADVOGADOS: RODRIGO ROCHA DA SILVA E OUTROS

    Ministro Gilmar Mendes

    Protocolo: 1.318/2015

    Eleies 2014. Agravo de instrumento. Representao por propaganda eleitoral antecipada. No configurao. 1. No h que falar em violao ao art. 275 do Cdigo Eleitoral quando o Tribunal de origem enfrenta todas as questes jurdicas relevantes para a soluo do caso concreto. 2. Na linha da recente jurisprudncia do TSE, "para a caracterizao da propaganda eleitoral extempornea necessrio que haja referncia ao cargo, candidatura e pedido explcito de v